Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SERTÃO DE PERNAMBUCO
Publicado em 17 de maio de 2010 por Djalmira Sá Almeida
Para tratar das famílias que colonizaram o nordeste do Brasil é preciso que
se reporte às ações anteriores ao descobrimento: expedições exploradoras,
expedições aventureiras, expedições colonizadoras, capitanias hereditárias
e implantação de governos gerais, bandeirantismo, sertanismo, período
joanino, impérios e momentos em que, casualmente, algumas famílias
portuguesas e de outras nações amigas já aportavam no Novo Mundo.
Todos esses planos, de alguma forma vão repercutir na permanência das
famílias e na formação de uma cultura mestiça, tendo em vista que os
portugueses já encontraram muitos moradores, remanescentes de outras
tentativas de ocupação com os quais tiveram que se relacionar. Nas
expedições, o interesse era o reconhecimento da terra para posterior
posse, ocasião em que os possíveis donos verificavam as possibilidades de
enriquecer aqui, faziam levantamento do que existiam em termos de
recursos naturais e marcaram territórios. Com o fracasso das capitanias
hereditárias no Brasil, em que apenas as de Pernambuco e de São Paulo
prosperaram, os portugueses começaram outros planos estratégicos para
ocupar a terra "achada", e é aí que começa o processo concreto de
ocupação: a colonização com os governos gerais, a partir da Bahia:
Aos bandeirantes do ciclo baiano deve-se à exploração e colonização do
Nordeste. O São Francisco e grande parte dos territórios de Pernambuco,
Piauí, Maranhão e Ceará, foram devassados pelos nossos intrépidos
sertanistas. E, quase sempre, a iniciativa e êxito de tão grandes empresas
levou-os a Casa da Torre, a mais audaz e poderosa do Brasil colonial. Os
Avilas, além de se afoitarem, pessoalmente, ao mais longínquo sertão,
ordenaram, sob a direção de subordinados seus, entradas de que
resultariam excelentes descobertas. Muitos dos melhores bandeirantes do
Sul, e outros do Norte, estiveram, ora sob o controle direto dos senhores da
Torre, ora associados às expedições que estes organizaram. Acresce, para
seu elogio, que os Avilas foram, antes do mais, criadores de gado, isto é,
colonizadores e civilizadores por excelência. Abriram as melhores estradas
do Norte. E é justo dizer-se que os seus currais tornaram-se, muitos deles,
centros de capital importância econômica, sobretudo os que se
disseminaram pelo S. Francisco, o rio que Capistrano chamou
"condensador da população. ...". (Godofredo Filho)
Pode-se afirmar que foi esse o projeto português mais viável e bem
sucedido que se conhece, em termos de organização, uma extensão
descentralizada da corte, porém, totalmente vinculada aos seus interesses,
por intermédio das bandeiras com apoio dos próprios brasileiros. E essa
história de desbravamento do sertão começa com Francisco Garcia D? Ávila
da Casa da Torre, que atuava na Bahia como um poderoso gerente
imediato do Governo Geral de Tomé de Sousa. O Brasão da família,
utilizado como passaporte revela a importância desse cavalheiro,
mostrando na sua simbologia, seus objetivos, metas, motivos e finalidades
do empreendimento em terras onde tudo estava por fazer. Em síntese, a
figura do vigilante principal de uma fortaleza e de outros em plano inferior
que indicavam existir algo precioso para cuidar; árvores, florestas e
ramificações direcionam para o sem limite de abrangência de sua atuação
no sertão, além das cores que se impõem representadas pelo preto, azul,
verde e amarelo, significando a missão de administrar exércitos para
desbravar o campo e descobrir os rios, em busca de riquezas que
enobreçam a coroa.