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1.

INTRODUÇÃO

A Anatomia é a ciência básica para a compreensão do corpo dos animais,

ramo da morfologia, que tem por escopo descrever as estruturas macroscópicas que
compõem estes organismos quanto a sua posição, quanto a sua forma, quanto ao seu
tamanho, quanto a sua coloração, quanto a sua origem, quanto ao seu padrão de
vascularização, quanto ao seu padrão de inervação e quanto a sua função, tendo em vista
que “a forma é a imagem plástica da função”.
O vocábulo Anatomia deriva do verbo Grego anatémnein, que significa cortar de
cima a baixo, afinal o principal método de estudo da Anatomia é a dissecação de cadáveres
e este vocábulo já aparecia nas descrições feitas por Aristóteles.

1.1. NOMENCLATURA ANATÔMICA

Imaginem os primeiros congressos aonde se discutiram temas sobre a Morfologia,


aonde trabalhos foram apresentados e discutidos, aonde novas descobertas e novos
horizontes destas ciências despertavam para a humanidade. Encontravam-se então, grandes
nomes da época, para debater e chegar a uma decisão sobre diversos tópicos. Oriundos de
vários países, principalmente, os europeus. Neste ambiente fértil de homens pensantes,
faltava apenas uma coisa...coerência.
Ninguém queria ficar abaixo de ninguém, os orgulhos cintilavam de brilhantismo, e
nenhum povo admitia aceitar a língua de outro como a universal. Cada país adotava a um
critério, sendo assim, uma estrutura apresentava em diversos trabalhos nomes diferentes,
isto quando cientistas não brigavam para receber as glórias de uma descoberta, onde seu
nome seria eternizado.

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Foram os anatomistas alemães que idealizaram uma nomenclatura anatômica
humana, com base científica, de caráter internacional, única e constituída por termos em
latim.
Então, uma comissão coordenada por Wilhelm His apresentou em Basel uma
sugestão de nomes, aprovada em 1895, contendo mais de 5.550 termos, com as devidas
explicações, que passou a ser denominada de "Basel Nomina Anatomica" (BNA).
Porém, uma organização das normas, apenas foi estabelecida na reunião do
International Anatomical Nomenclature Committee (IANC), realizada em 1952. Nesta
ocasião decidiu-se fazer uma revisão das nomenclaturas propostas até o momento e
padronizá-las.
Os seguintes princípios foram estabelecidos:
a) cada estrutura deve ser designada por um nome, salvo poucas exceções;
b) cada nome deve ser em latim, mas os países possuem liberdade de tradução;
c) cada nome deve ser, dentro do possível, curto e simples;
d) os nomes devem ser, em primeiro lugar, de fácil memorização, mas com valor
informativo;
e) estruturas relacionadas topograficamente pela proximidade, dentro do possível, devem
ter o mesmo nome;
f) adjetivos qualificativos diferenciais devem ser opostos;
g) epônimos não devem ser usados, ou seja, o nome dos autores.
Então, seguindo estes critérios, foi apresentada uma lista contendo 5.640 termos,
em julho de 1955, em Paris. Destes termos, mais de 4.250 já tinham sido utilizados na
BNA. Assim, foi publicada a primeira edição da Nomina e conhecida como "Paris
Nomina Anatomica" (PNA).
O próximo grande passo foi a criação dos subcomitês, em 1961, relacionados às
disciplinas de Histologia e de Embriologia, porém estes são pouco seguidos, mesmo neste
novo século!
Em 1968, foi publicada a primeira Nomina Anatomica Veterinaria (NAV), desde
então, várias revisões foram realizadas (1972, 1983 e 1993). A atual NAV é fruto de uma
comissão de especialistas, foi definida em 1993, e podemos destacar dentre seus membros:

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Oskar Schaller, Wolfgang O. Sack, Robert E. Habel, Nestor R. De Vos, Paul J. Simoens e
George Constantinescu.
Atualmente, a NAV está dividida nas seguintes subcomissões: Partes e regiões do
corpo, Osteologia, Artrologia, Miologia, Esplancnologia, Angiologia, Sistema Nervoso,
Órgãos dos Sentidos e Tegumento Comum.
Vale a pena ressaltar que, a NAV é aplicada para as estruturas anatômicas dos
animais domésticos, que são: Canis familiaris (canino), Felis catus (gato), Sus scrofa
domestica (suíno), Bos taurus (bovino), Ovis aries (ovino), capra hircus (caprino) e Equus
caballus (eqüino).

1.2. POSIÇÃO ANATÔMICA

Para podermos evitar erros de interpretação, uso de diversos termos descritivos e


para que os pontos de referência se mantenham constantes, adotou-se uma posição
anatômica dos animais domésticos. O animal doméstico em posição anatômica encontra-se
com os quatro membros estendidos e apoiados no solo, com a região cervical inclinada
(cerca de 40 graus em relação a uma linha imaginária, paralela ao solo) e a cabeça firme,
tendo os olhos voltados para o horizonte.
Agora, podemos idealizar este animal dentro de um aquário e, deste modo, cada
vidro (incluindo a tampa) seria um plano que delimitaria o corpo deste vertebrado. O chão
do aquário seria o plano ventral, o teto seria o plano dorsal, a cauda do animal tocaria o
plano caudal, o animal estaria olhando para o plano cranial e em suas laterais, os planos
laterais: direito e esquerdo. Estes são os planos de delimitação do corpo dos animais
domésticos, sendo alguns importantes para o conhecimento dos termos de direção.

1.3. EIXOS e PLANOS DE CONSTRUÇÃO

Quando seguimos os passos da Anatomia do Desenvolvimento, de cada espécie


animal, observamos que há um padrão de formação do corpo e que muitas vezes é mantido
no animal adulto. Este padrão de formação constitui as Unidades Morfológicas de
Construção do Corpo dos Vertebrados.

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Cada unidade morfológica pode ser conhecida se compreendermos os planos de
construção destes indivíduos. E, para estabelecermos os planos, precisamos começar
determinando os eixos de construção.
Deste modo, cada um dos eixos (são três) é formado com a utilização de dois planos
de delimitação, como apresentado a seguir:
a) eixo crânio-caudal: passamos as diagonais nos planos cranial e caudal, encontramos um
ponto central de intersecção destas diagonais em cada um, e unimos os pontos de
intersecção. Esta linha imaginária é o eixo crânio-caudal.
b) eixo dorso-ventral: com as diagonais dos planos dorsal e ventral, encontramos os
pontos centrais de intersecção e façamos a união dos opostos. Esta linha imaginária é o
eixo dorso-ventral.
c) eixo látero-lateral: procedemos da mesma maneira utilizando os planos laterais:
esquerdo e direito. Esta linha imaginária é o eixo látero-lateral.
O encontro de dois eixos e o deslizamento entre eles produz os planos de
construção, os quais são os formadores das unidades morfológicas. Para idealizarmos a
construção destes planos, voltaremos à idéia de um aquário, e imaginaremos a colocação de
vidros centrais entre os planos de delimitação. Estes seriam os planos: mediano (imaginado
entre os planos laterais), horizontal (imaginado entre o dorsal e o ventral) e transversal
(imaginado entre o cranial e o caudal).
Assim, deslocando-se o eixo crânio-caudal ao longo do eixo dorso-ventral,
encontramos o plano mediano, que divide o animal em duas metades semelhantes,
denominadas de antímeros (direito e esquerdo).
Da mesma maneira, deslocando-se o eixo látero-lateral pelo eixo dorso-ventral,
encontramos o plano transversal, que divide o animal em segmentos desiguais, os quais
de modo sucessivo crânio-caudalmente passam a ser chamados de metâmeros.
Por último, com os eixos látero-lateral e crânio-caudal encontramos um plano
dorsal (NAV), que preferimos chamar de horizontal, para evitarmos confusões com o
plano dorsal de delimitação, e divide o animal em partes distintas, os paquímeros.

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1.4. TERMOS INDICATIVOS DE POSIÇÃO E DE DIREÇÃO

Os termos de direção são aqueles que auxiliam na descrição de uma estrutura em


relação ao corpo como um todo, ou quando estabelecemos uma relação e comparação entre
estruturas. Lembrando que os termos utilizados devem ser opostos.
Desta feita, descrevemos uma estrutura mais próxima da cabeça como cranial, em
oposição àquelas caudais. Ressaltando que, quando nos retratamos a estruturas da cabeça,
devemos utilizar o termo rostral ao invés do cranial.
Do mesmo modo, quando uma estrutura está mais próxima ao plano dorsal, é
referenciada como dorsal em detrimento de outra ventral. Considerando que, o termo
dorsal pode ser usado para o dorso da mão (abaixo dos ossos do carpo) e dorso do pé
(abaixo dos ossos do tarso).
Outros termos utilizados são medial, mais próximo do centro; lateral, distante do
centro; médio ou intermédio, entre outras estruturas, sendo o termo intermédio
relacionado à posição central entre os termos lateral e medial somente;superior e inferior;
anterior e posterior; externo e interno; direito e esquerdo.
Alguns termos são relativos aos membros, como podemos citar: proximal, que está
próximo ao tronco; distal, que está distanciando-se para as extremidades; axial, próximo
ao eixo funcional dos dígitos; abaxial, afastando-se do eixo; palmar, na parte de trás da
mão (a partir dos ossos do carpo); plantar, na parte de trás do pé (a partir dos ossos do
tarso).

Uma nova reunião de anatomistas foi feita em 2003, em Knoxville nos Estados
Unidos da América, estabelecendo a 5A.N.A.V. editada em 2005, em homenagem aos
Professores: Joseph Frewein e Robert E. Habel. E foi incluído o coelho na nomenclatura
anatômica.

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Exercícios de orientação para a aprendizagem e para a avaliação

01) Qual a importância do estudo da Anatomia Macroscópica?

02) Descreva os planos de delimitação.

03) Como encontramos o plano de construção “longitudinal” mediano e o


que ele separa nos animais?

04) Como encontramos o plano de construção transversal e o que ele


separa nos animais?

05) Como encontramos o plano de construção horizontal e o que ele


separa nos animais?

06) Qual a finalidade da aula sobre planos de construção e o objetivo de


termos uma nomenclatura anatômica veterinária?

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