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A Teoria de Tudo,
de Stephen Hawking
História da vida de um teórico sem limites da Física, que tinha o seu físico limitado
Trabalho realizado por Íris Bona Pereira, número 11 da turma 11ºH, no âmbito
da disciplina de Filosofia, lecionada pelo professor Rui Brejo
Aspetos que serão abordados durante a recensão crítica, tendo como base o
filme “A Teoria de Tudo”, dirigido por James Marsh:
- A questão da Genialidade
- Uma visão abstrata do Tempo
- A Vida Humana, numa metáfora entre a mente e a matéria
- O confronto da Ciência com a Religião
- Teoria de Tudo ou Teoria da Vida?
Génio, palavra derivada do latim Genius, é, de acordo com a defesa de Kant, uma
redução linguística para o conceito de espírito humano, a luz que cada ser possui, que
lhe permite construir as suas ideias. Diversos significados iremos encontrar para a
mesma palavra, mas, curiosamente, a palavra Criatividade simpatiza com esta.
Qualquer pensamento de génio provém da criatividade do mesmo. Porém, de onde
virá a criatividade? O nosso pensamento criativo provém da ignorância e incapacidade
de aceitarmos e adaptarmo-nos ao que nos é apresentado. O fogo foi criado devido à
necessidade, do humano primitivo, de se abrigar dos climas gelados do inverno. Mais
tarde, utilizaram a mesma invenção para dinamizar a sua alimentação, que
anteriormente se reduzia ao que provinha da Natureza, sem alteração. Com a
evolução da Humanidade, a criatividade levou ao estudo dos mais diversificados
campos científicos, pois o Homem não aceitava as teorias que lhe eram propostas.
Assim, grandes génios cientistas deixaram a sua marca nesta nossa evolução, que
continuam a ser avaliadas e questionadas até aos tempos de hoje.
No filme "A Teoria de Tudo", a vida do grande estudante e aperfeiçoador da ciência,
Stephen Hawking, é retratada ao longo de sábios cento e trinta e três minutos. O
astrofísico apenas tem um objetivo: descobrir a equação que explica, por si só, a teoria
do Universo. Este aspeto é transportado para segundo plano, sendo a principal
história, o seu romance com Jane Hawking, o amor de sua vida. Ainda jovem, é
diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), onde todos os seus músculos
paralisariam, menos o cérebro. Diagnosticado com apenas dois anos de vida, vive o
tempo que pensa restar-lhe, à procura da resposta de como tudo surgiu, como tudo
realmente aconteceu, nunca se contentando com as ideias já apresentadas por
investigadores passados.
Poderemos, então, considerar o teórico físico Stephen Hawking um génio?
Hawking tinha um dom: olhava para algo simples e tornava-o complexo. Durante a sua
convivência com a doença, o ato de vestir uma camisola era um desafio. Foi numa
noite, no quarto onde dormia, que, ao tentar colocar a parte de cima da roupa, fica
preso, apenas conseguindo observar o que o buraco, por onde passaria a cabeça, lhe
mostra. Ali, sem movimentação e barulho, parou. Num espaço reduzido, apenas via o
fogo da lareira que tinha em frente, abrindo-lhe a mente para a ausência do tempo.
Tempo, algo que era o seu inimigo.
Com a reduzida esperança de vida, mas uma visão de uma esperança de vida longa,
o físico questionou o Tempo. O que me suscitou a dúvida do verdadeiro significado de
Tempo. Sem termos técnicos ou palavras que enfeitam o texto, o que é o Tempo?
Como ele é? Numa perspetiva de História, o tempo parece-nos algo longo, que não
tem fim. Falamos em séculos, períodos, que um simples minuto parece insignificante.
Mas um minuto será assim tão curto?
O Tempo é um "foi" que já não "é", um "será" que ainda não "é", pelas palavras de
Aristóteles.
O Tempo é infinito ao recuar para o passado, mas incontável ao olhar para o futuro.
Platão pintou delicadamente o seu conceito de tempo, ao descrevê-lo como "A
imagem móvel da Eternidade", onde as estações do ano, o dia, a noite, permitiam-nos
visualizar os movimentos cíclicos, idealizados como eternos, do Tempo.
Já Stephen, por sua vez, desafiou o Tempo, ao transformar dois anos estimáveis de
vida, em longos cinquenta e cinco.
1. A Vida Humana, numa metáfora entre a mente e a matéria
Já incontáveis décadas passaram, desde o momento em que o primeiro Homem
estudou sobre as massivas matérias escuras que tanto intrigam a Humanidade até à
Atualidade: os Buracos Negros.
Podendo ser o âmbito científico mais misterioso, estes levam ao extremo as leis da
Física, permanecendo sem qualquer resposta comprovada. Diversos cientistas
apresentaram as suas ideias, tentando solucionar o problema em volta da sua origem
e composição, e Hawking garantiu o seu nome no assunto.
Ao longo do século XX, Stephen Hawking interiorizou-se na área da Cosmologia, ramo
da ciência que estuda a origem e composição do Universo, ganhando destaque ao
revolucionar toda a teoria relacionada com Buracos Negros.
Até então, os buracos negros eram considerados espaços vazios, sem qualquer
atividade atômica, onde a gravidade atuava de tal forma, que nada saia de dentro
deles. Com Hawking, nasce a teoria de que estes são capazes de produzir partículas e
antipartículas, em eventos minúsculos. Assim, a radiação por meio da irradiação de
calor também seria possível, levando à sua diminuição e, posteriormente, ao seu
desaparecimento. Por outro lado, o físico afirma, contrapondo teorias de outros
colegas de investigação, que a desordem de todo o universo gera um crescimento
drástico, denominado de entropia. Logo, a ideia de que o aumento desta massa deve-
se à atração de tudo para dentro de si, não é aceite por ele.
No entanto, em "A Teoria de Tudo", não é aprofundada nenhuma teoria desenvolvida
por Hawking, sendo o filme centrado na demonstração da vida quotidiana, do Stephen
humano que precisou conviver com o mundo à sua volta. Serão os estudos científicos
possíveis representações da abstrata vida humana? Analisemos, então, nessa
perspetiva.
Da mesma forma que os buracos negros eram considerados vazios e sem importância
ou atividade, Camões, na sua gloriosa obra Os Lusíadas, enfatiza o quão pequenos
somos, enquanto humanos, perante todas as capacidades e prolongações da
Natureza e Ciência. Considera-nos, assim, seres vazios e isentos de qualquer poder
de ação e decisão, sendo irrelevantes, incapazes de criar, apenas propensos a
descobrir ("Nada sairia de dentro deles"). Porém, avaliando o Ser dentro da sociedade,
"não somos tão negros assim", pois possuímos a capacidade de produzir, adquirir e
replicar conhecimento. Capacidade esta que, em algum momento da vida, vai-se
reduzindo, até ter um fim. Como Hawking proferiu, "Primeiro, uma estrela desaparece
no buraco negro; depois, o buraco negro desaparece". Contudo, o conhecimento
humano não evapora, sendo espalhado como uma aspirina na água. Todo o estudo,
reflexão e construção é deixado aos restantes, incorporando-se nos puros oxigénio e
hidrogénio, desejando não se deparar com dióxido de carbono pelo caminho.
Por último, debatemos a questão do crescimento dos buracos negros: estes crescem
com a desordem. A sociedade humana não estará repleta de desordem? Será esse
caos, dificuldades e obstáculos da vida que, em certa parte, nos fazem evoluir como
seres racionais? Questionarmo-nos sobre o bem e o mal, o certo e errado, justo e
injusto, dever e poder, é essencial para sermos pessoas em crescimento,
abandonando o corpo mudo e desmembrado característico dos ignorantes.
A vida humana continua, tal como os buracos negros, sem uma resposta certificada
para a sua existência e composição.
As três teorias com que Stephen Hawking mudou a nossa visão do mundo – Observador
Crítica do filme A Teoria de Tudo | Buracos Negros (ou a Falta de Humanidade) - Café com
Filme (cafecomfilme.com.br)