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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciência


Instituto de Fı́sica Armando Dias Tavares

Eliza Melo da Costa


Estudo dos processos de dijatos exclusivos a s = 7 T eV no
CMS/LHC

Rio de Janeiro
2013
Eliza Melo da Costa


Estudo dos processos de dijatos exclusivos a s = 7 T eV no CMS/LHC

Tese apresentada como requisito parcial para


obtenção do tı́tulo de Doutor, ao Programa
de Pós-Graduação em Fı́sica, da Universi-
dade do Estado do Rio de Janeiro.

Orientador: Prof. Dr. Alberto Franco de Sá Santoro


Coorientador: Prof. Dr. Luiz Martins Mundim Filho

Rio de Janeiro
2013
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/D

C837 Costa, Eliza Melo da. √


Estudo dos processos de dijatos exclusivos a s = 7 T eV no CMS/LHC
/ Eliza Melo da Costa. - 2013.
141 f.: il.

Orientador: Alberto Franco de Sá Santoro.


Coorientador: Luiz Martins Mundim Filho.
Tese (Doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto
de Fı́sica Armando Dias Tavares.

1. Aceleradores de colisão - Teses. 2. Partı́culas (Fı́sica Nuclear) -


Teses. 3. Difração - Teses. I. Santoro, Alberto Franco de Sá . II. Mundim
Filho, Luiz Martins. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Instituto de Fı́sica Armando Dias Tavares. IV. Tı́tulo

CDU 539.1.076

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e cientı́ficos, a reprodução total ou parcial desta
tese, desde que citada a fonte.

Assinatura Data
Eliza Melo da Costa

Estudo dos processos de dijatos exclusivos a s = 7 T eV no CMS/LHC

Tese apresentada como requisito parcial para


obtenção do tı́tulo de Doutor, ao Programa
de Pós-Graduação em Fı́sica, da Universi-
dade do Estado do Rio de Janeiro.
Aprovada em 24 de Maio de 2013.
Banca Examinadora:

Prof. Dr. Alberto Franco de Sá Santoro (Orientador)


Instituto de Fı́sica Armando Dias Tavares – UERJ

Prof. Dr. Luiz Martins Mundim Filho (Coorientador)


Instituto de Fı́sica Armando Dias Tavares – UERJ

Prof. Dr. Hélio da Motta Filho


Centro Brasileiro de Pesquisas Fı́sicas

Prof. Dr. Vitor Oguri


Instituto de Fı́sica Armando Dias Tavares - UERJ

Prof. Dr. Gilvan Augusto Alves


Centro Brasileiro de Pesquisas Fı́sicas

Prof. Dr. Antonio Vilela Pereira


Instituto de Fı́sica Armando Dias Tavares - UERJ

Rio de Janeiro
2013
DEDICATÓRIA

Aos meus pais.


AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meu pais Almira Melo e Antônio Costa por me tornarem o que
sou hoje. Meus irmãos: Wellington, Priscila, Diego, Ramon, Ester e Marco Costa pelo
apoio e encorajamento. Minhas tias em especial a tia Raimunda Melo por todo cuidado e
carinho. Aos meus sobrinhos que tornaram minha vida mais animada apesar da distância:
Maximus, Damaris e Ana Lı́dia.
Meus sinceros agradecimentos ao meu Orientador Alberto Santoro sem o imenso
suporte, motivação e ensinamentos que recebi dele esse trabalho não teria terminado.
Gostaria de agradecer ao professor Luiz Mundim por ter aceitado ser meu co-orientador,
pelo acompanhamento, ensinamentos e conselhos no decorrer deste trabalho.
Dedico um forte agradecimento ao Antônio Vilela pelo encorajamento, motivações,
ensinamentos, sugestões e acompanhamento no decorrer deste trabalho. Agradeço aos
meus supervisores durante minha estadia no CERN Hannes Jung e Michele Arneodo pelo
grande auxı́lio que recebi para a conclusão dessa análise.
Forte agradecimento aos amigos Diego Figueireido , Sandro Fonseca pela parceria
e ajuda nesta análise.
Agradeço ao Programa de Pós Graduação em Fı́sica (PPGF) da UERJ pela opor-
tunidade de realizar esse trabalho. À CAPES pelo apoio financeiro. Eu gostaria de
agradecer a todos os professores e secretários do Departamento de Fı́sica Nuclear e Altas
Energias (DFNAE) e (PPGF) pelo suporte.
Especial agradecimento ao Laboratório de Computação T2 HEPGrid-Brazil onde
as amostras de dados foram analisadas. Agradeço ao empenho e ao trabalho de Eduardo
Revoredo, José Afonso Sanches e aos técnicos do suporte.
Ao longo desses anos de doutorado encontrei grandes amigos, agradeço a eles o
carinho, os conselhos, as crı́ticas, o suporte, sem a ajuda deles também eu não teria
completado mais esse ciclo. Walter Aldá, Luana Jorge, Isabel Dinóla, Magdalena, Lucia
Bittencourt, Anita Oguri, Dilson, Lina Huertas, Querem, Luciana, Edilanê, Felipe, Cata,
Helena, Monica e Samir.
Por fim agradeço a todos que de alguma forma participaram nesse trabalho.
RESUMO


COSTA, Eliza Melo da. Estudo dos processos de dijatos exclusivos a s = 7 T eV no
CMS/LHC. 2013. 141 f. Tese (Doutorado em Fı́sica) – Instituto de Fı́sica Armando
Dias Tavares, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

Este trabalho apresenta um estudo sobre a produção de dijatos exclusivos em in-


terações pp, do tipo pp → p ⊕ dijatos ⊕ p, onde os prótons desta interação permanecem
intactos, e o sı́mbolo ⊕ indica uma lacuna na pseudorapidez, uma região com ausência
de atividade hadrônica entre os prótons espalhados e o sistema central de dijatos; este
processo é conhecido como produção central exclusiva. A análise utiliza uma amostra
de dados que corresponde a uma luminosidade efetiva de 24,48 pb−1 coletados pelo ex-
perimento Compact Muon Solenoid (CMS) √ no Large Hadron Collider (LHC), no ano de
2010, com energia de centro de massa s = 7 T eV . Este canal possui uma assinatura
experimental única, caracterizada pelos prótons espalhados na região frontal, ou a baixos
ângulos e duas grandes lacunas opostas. O processo da produção central exclusiva é útil
para o entendimento das interações no contexto da QCD.
Palavras-chave: LHC. CMS. Difração. Dijatos..
ABSTRACT


COSTA, Eliza Melo da. Exclusivity dijets production at s = 7 T eV on CMS/LHC.
2013. 141 f. Tese (Doutorado em Fı́sica) – Instituto de Fı́sica Armando Dias Tavares,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

This work presents a study about the exclusive dijets production in pp interactions of
type pp → p ⊕ dijets ⊕ p, where the protons this interaction remain intact, and the
symbol ⊕ denotes a gap in pseudorapidity, a region with no hadronic activity between the
scattered protons and the central dijets system, this process is known as central exclusive
production. The analysis uses a data sample corresponding to effective luminosity of
24.48 pb−1 collected by the experiment Compact Muon Solenoid
√ (CMS) at Large Hadron
Collider (LHC), in 2010, with center of mass energy of s = 7 T eV . This channel has
a experimental signature unique, characterized by scattered protons in the frontal region
or low angles and two large gaps opposite. The central exclusive production process is
useful for understanding the interactions in the context of QCD.
Keywords: LHC. CMS. Diffaction. Dijets.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Espalhamento elástico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18


Figura 2 - Difração simples. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 3 - Dupla difração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 4 - Dupla troca de Pomeron. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 5 - O esquema da troca do Reggeon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 6 - As trajetórias mesônicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 7 - Os tipos de diagramas difrativos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 8 - DIS ep → eXp. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 9 - DPDFs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 10 - A seção de choque reduzida diferencial em processos de DIS. . . . . . . 33
Figura 11 - Diagramas CEP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 12 - O LHC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 13 - CMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 14 - Coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 15 - Pixel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 16 - Vista longitudinal de um quarto do Sistema de Traços. . . . . . . . . . 44
Figura 17 - Calorı́metro eletromagnético(ECAL). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 18 - Vista longitudinal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 19 - Setores do HB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 20 - Esquema de numeração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 21 - Esquema de numeração para o HE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 22 - Segmentação angular e longitudinal do HE. . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 23 - Vista da seção do HF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Figura 24 - Luminosidade integrada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 25 - Múons. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 26 - Detectores frontais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Figura 27 - CASTOR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Figura 28 - Localização do CASTOR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Figura 29 - Sistema de trigger e DAQ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Figura 30 - Estrutura Grid. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 31 - Esquema da coleta de dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Figura 32 - Esquemas do DQM GUI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 33 - Esquema do trigger do CMS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 34 - Esquema do L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 35 - Vista da segmentação do HF e layout das torres. . . . . . . . . . . . . 68
Figura 36 - Ilustração da aplicação da exclusividade. . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 37 - Distribuição da fração de eventos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Figura 38 - Distribuição da eficiência vs soma da energia. . . . . . . . . . . . . . . 72
Figura 39 - Distribuição da eficiência vs o veto na soma da energia. . . . . . . . . . 73
Figura 40 - Distribuição da taxa de eventos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 41 - Distribuição da eficiência do trigger para 2012. . . . . . . . . . . . . . . 75
Figura 42 - Distribuições de energia do HF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Figura 43 - Distribuições de energia do HF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Figura 44 - Distribuições de energia dos hádrons na projeção frontal. . . . . . . . . 82
Figura 45 - Distribuições de energia dos hádrons na projeção de transição. . . . . . 82
Figura 46 - Distribuições de energia das partı́culas eγ. . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Figura 47 - Distribuições de energia das partı́culas eγ. . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Figura 48 - Distribuição da eficiência da pré-seleção. . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Figura 49 - Distribuição da eficiência de no máximo um vértice. . . . . . . . . . . . 85
Figura 50 - Distribuição da eficiência do corte difrativo, ηmax < 4 (ηmin > −4). . . 86
Figura 51 - Distribuição da eficiência do corte difrativo, ηmax < 3 (ηmin > −3). . . 86
Figura 52 - Eficiências do trigger diretamente para ηmax < 3 e ηmax < 4. . . . . . . 88
Figura 53 - Convolução das eficiências do trigger para ηmax < 3 e ηmax < 4. . . . . 89
Figura 54 - Eficiências do trigger diretamente com (pT > 60 GeV ) para ηmax < 3 e
ηmax < 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Figura 55 - Convolução das eficiências do trigger com (pT > 60 GeV ) para ηmax < 3
e ηmax < 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Figura 56 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos.(pT > 60 GeV ). . 95
Figura 57 - Distribuições da pseudorapidez dos dois jatos.(pT > 60 GeV ). . . . . . 96
Figura 58 - Distribuições dos ângulos azimutais dos dois jatos (pT > 60 GeV ). . . . 97
Figura 59 - Distribuições dos ηmax (ηmin ) (pT > 60 GeV ). . . . . . . . . . . . . . . . 98
Figura 60 - Distribuições das somas da energia nos HFs (pT > 60 GeV ). . . . . . . 99
Figura 61 - Distribuições do ∆ηmax , ηmin e Mjj (pT > 60 GeV ). . . . . . . . . . . . 100
Figura 62 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos (pT > 30 GeV ). . 101
Figura 63 - Distribuições da pseudorapidez dos dois jatos (pT > 30 GeV ). . . . . . 102
Figura 64 - Distribuições dos ângulos azimutais dos dois jatos (pT > 30 GeV ). . . . 102
Figura 65 - Distribuições dos ηmax (ηmin ) (pT > 30 GeV ). . . . . . . . . . . . . . . . 103
Figura 66 - Distribuições das somas da energia nos HFs (pT > 30 GeV ). . . . . . . 103
Figura 67 - Distribuições do ∆ηmax ,ηmin e Mjj (pT > 30 GeV ). . . . . . . . . . . . 104
Figura 68 - Espectros de energia do hadron nos HFs . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Figura 69 - Espectro da energia do (eγ) nos HFs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Figura 70 - Distribuição das eficiências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Figura 71 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos. . . . . . . . . . . 108
Figura 72 - Distribuições do ∆φ e ∆η. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Figura 73 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos. . . . . . . . . . . 111
Figura 74 - A incerteza total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Figura 75 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos com as incertezas. 113
Figura 76 - Distribuições do ∆φ e ∆η com as incertezas. . . . . . . . . . . . . . . . 114
Figura 77 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos com as incertezas. 115
Figura 78 - Distribuições dos ηmax (ηmin ) com as incertezas. . . . . . . . . . . . . . 116
Figura 79 - Distribuições do ∆η = ( ηmax − ηmin ) com as incertezas. . . . . . . . . 117
Figura 80 - Distribuição do Rjj com as incertezas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Figura 81 - O algoritmo anti-kT forma circular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Figura 82 - Fluxo de partı́culas no CMS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Figura 83 - Correções dos jatos no CMS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Figura 84 - Distribuição do pile-up nos dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Figura 85 - Distrinuição do pile-upno MC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Figura 86 - Distrinuição da razão das distribuições de pile-upnos dados e MC. . . . 140
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Tabela 2 - Nomes dos trigger s. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Tabela 3 - Tabela com o nome do trigger. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Tabela 4 - Detalhes sobre o seletor de evento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Tabela 5 - Detalhes sobre o conjunto de dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Tabela 6 - Detalhes sobre o conjunto de dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Tabela 7 - Regiões em pseudorapidez do HCAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Tabela 8 - Tabela com os limiares de energia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Tabela 9 - Pesos das amostras de Monte Carlo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Tabela 10 - Pesos das amostras de Monte Carlo com PU. . . . . . . . . . . . . . . . 93
Tabela 11 - Pesos das amostras inclusivas de Monte Carlo com PU. . . . . . . . . . 93
Tabela 12 - Detalhes sobre o conjunto de dados inclusivos. . . . . . . . . . . . . . . 94
Tabela 13 - Pesos das amostras de Monte Carlo com NPU=0). . . . . . . . . . . . 101
Tabela 14 - Número de eventos observados e esperados. . . . . . . . . . . . . . . . 118
Tabela 15 - Cenários difrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Tabela 16 - Número médio de interações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Tabela 17 - Número médio de interações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1 REGIÃO DIFRATIVA DAS INTERAÕES P P NO CMS . . . . . 15
1.1 Difração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2 Topologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3 Teoria de Regge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.4 O espalhamento difrativo e a necessidade de um novo Reggeon:
o Pomeron . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.5 Do Pomeron suave ao duro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.6 A densidade dos pártons difrativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.7 A probabilidade de sobrevivência da lacuna de rapidez . . . . . . 34
1.8 Produção central exclusiva (CEP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2 O EXPERIMENTO CMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.1 O LHC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2 O detector CMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2.1 O sistema de coordenadas do CMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.2.2 Sistema de trajetografia das partı́culas carregadas . . . . . . . . . . . . . . 41
2.2.2.1 O detector de pixel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2.2.2 O detector de microtiras de silı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2.3 Calorı́metro eletromagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2.4 Calorı́metro hadrônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2.4.1 O calorı́metro HB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2.4.2 O calorı́metro externo HO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.2.4.3 As tampas HE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.2.4.4 Calorı́metro Frontal HF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.2.4.5 Monitor de luminosidade do HF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.2.5 Sistema de múons . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.2.6 Detectores frontais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.2.6.1 Calorı́metro CASTOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.2.7 Seletor de eventos online (Trigger ) e aquisição de dados(DAQ) . . . . . . 56
2.3 Computação distribuı́da para os experimentos do LHC . . . . . . 57
2.3.1 Utilização da rede . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.3.2 Conceitos de Software no CMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.3.3 CMSSW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.3.4 O modelo de dados dos eventos (EDM) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
2.4 O monitoramento da qualidade dos dados (DQM) . . . . . . . . . . 61
2.4.1 Processamento de dados e DQM offline . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.4.1.1 Ferramentas do DQM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.4.1.2 DQM GUI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.4.1.3 Tarefas do Plantonista DQM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3 ANÁLISE DOS DADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.1 Seletor de eventos de dijatos exclusivos no CMS . . . . . . . . . . 66
3.1.1 Trigger no calorı́metro hadrônico frontal (HF) . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3.1.2 Implementação e estudo da eficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.2 Amostras de Monte Carlo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.3 Eventos de fundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.4 Reconstrução e seleção dos eventos de dijatos . . . . . . . . . . . . 77
3.5 Limiar da energia das torres do calorı́metro hadrônico frontal (HF) 78
3.6 Correção da eficiência dos cortes exclusivos . . . . . . . . . . . . . . 81
3.7 Correção da eficiência da seleção online . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.8 Estudos com dijatos inclusivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
3.8.1 Normalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
3.8.2 Seleção de produção de dijatos inclusivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
3.8.3 Variáveis de controle com o seletor HLT Jets15U . . . . . . . . . . . . . . 94
3.9 Estudos sobre a evidência de dijatos exclusivos . . . . . . . . . . . 107
3.10 Incertezas sistemáticas e Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
APÊNDICE A – Uma breve introdução sobre jatos . . . . . . . . . . . 125
APÊNDICE B – O efeito do pile-up . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
13

INTRODUÇÃO

A Cromodinâmica Quântica (QCD) é uma teoria das quatro forças fundamentais


presente no Universo, a interação forte, essa teoria descreve as interações dos quarks
através da troca de mediadores de estados de cor chamados glúons. A magnitude da
interação é governada pela constante de aclopamento forte αs , que é um parâmetro livre
e tem uma caracterı́stica interessante, pois ela evolui em função do momentum envolvido
na interação.
Para altos valores de momentum, os pártons (quarks e glúons) dentro dos hádrons
se comportam quase como partı́culas livres, pois a interação forte tem magnitude reduzida
pela evolução da constante de aclopamento. Já para pequeno valor de momentum ou o
equivalente a uma distância grande, a constante de aclopamento é grande e a interação
forte limita o movimento dos pártons firmemente.
Portanto, os pártons coloridos não são observados isolados, mas são confinados em
hádrons sem cores. A estrutura partônica de hádrons é descrita em termos da chamada
função de densidade dos pártons.
A estrutura dos hádrons é sondada em experimentos de colisão. Quando uma
sonda atinge um párton dentro do próton, por exemplo, o párton é espalhado com um
grande momentum transverso em um evento inelástico e faz com que o resto da cor do
sistema de hádrons fique desigual.
O sistema tem de reorganizar seu campo de cor, uma vez que apenas os estados
sem cores são observados devido ao confinamento. Conseqüentemente, um grande número
de partı́culas com momenta transversal baixo, chamado de partı́culas remanescentes dos
prótons deixam a interação, e populam o detetor central.
Observou-se nos experimentos pp anteriores e depois nos colisores ep no HERA
(1), uma fração de eventos com momentum transverso alto exibindo uma caracterı́stica
interessante, a lacuna de rapidez, região do detetor com ausência de partı́culas entre o
objeto central e os remanescentes dos prótons. Estes eventos são definidos como eventos
de difração dura.
Esta lacuna se deve à troca de glúons, sem que haja fluxo de cor entre o próton e
o sistema central. Portanto, sabendo que a escala dura está envolvida nestes processos,
a estrutura do próton é ainda descrita em termos das funções de distribuição difrativas
de pártons (DPDFs) cuja evolução é prevista pela QCD perturbativa da mesma maneira
como no caso inelástico. O HERA foi o percursor na observação da estrutura partônica
do próton, medindo, assim, as funções de distribuição de pártons (PDFs).
Em colisores hádron-hádron a fração de eventos difrativos é pequena devido às
interações adicionais que devem ocorrer entre os prótons que permanecem intactos, antes
e depois da colisão dura. O fluxo de cor provocado por essas interações suaves dá origem
14

a partı́culas que suprimem a assinatura da lacuna de rapidez do evento difrativo. No


Tevatron, observou-se cerca de 1% de eventos de difração, enquanto que para LHC espara-
se cerca de 0,3%, devido à energia de centro de massa maior nessas colisões.
O acelerador LHC (Large Hadron Collider ) colidiu prótons com uma luminosi-
dade instantânea sem precedentes de até 1034 cm−2 s−1 e um espaço entre os pacotes de
partı́culas de 50 ns, o que representa um enorme avanço tecnológico em aceleradores de
partı́culas.
Os processos difrativos oferecem um importante meio de descoberta de nova fı́sica
no LHC, como exemplo pode-se citar a busca pelo bóson de Higgs em uma reação exclusiva,
do tipo pp → p⊕H ⊕p, onde o sinal positivo ⊕, indica a presença de uma grande lacuna de
rapidez entre o próton e o Higgs produzido. Entende-se por lacuna, a região no detector
com ausência de atividade, ou seja, ausência de produção de partı́culas. Este tipo de
processo em que há produção central de partı́culas no estado final, contendo lacunas de
rapidez, é chamado de produção central exclusiva, com a sigla CEP do inglês (Central
Exclusive Production).
Esse canal é útil para a procura do bóson de Higgs pois sua assinatura é muito
bem definida em termos experimentais (ver (2)), porém a seção de choque deste processo
é muito baixa, o que indica uma produção rara. Por esta razão, outros processos não
difrativos que possuem seções de choque maiores são usados na procura pelo Higgs. Estes
canais dependem da identificação das partı́culas no estado final, enquanto que o canal
CEP tem a vantagem da identificação com o uso da cinemática do espaço de fase, como
a presença das lacunas de rapidez ou a detecção direta dos prótons espalhados.
Neste trabalho, estuda-se o processo de dijatos exclusivos, um tipo único de eventos
com grandes lacunas de rapidez. No capı́tulo 1 tem-se uma revisão da fenomenologia
difrativa. No capı́tulo 2, o acelerador de partı́culas LHC e o detetor CMS são descritos.
Em grandes colaborações como a do experimento CMS tem-se como prática os membros
contribuı́rem realizando plantões no experimento, nesse capı́tulo aborda-se também o tipo
de serviço prestado.
No capı́tulo 3 trata da implementação do filtro de eventos de dijatos exclusivos
para o desenvolvimento dessa análise, bem como a análise fı́sica a qual constitui a parte
principal deste estudo e por fim as conclusões e perspectivas futuras.
15

1 REGIÃO DIFRATIVA DAS INTERAÕES P P NO CMS

Este estudo tem seu foco principal na região fı́sica frontal e principalmente na
componente difrativa do espectro de eventos produzidos nas interações pp a altas energias.
Por esta razão vamos descrever suscintamente a região difrativa e as principais variáveis
cinemáticas.
Em uma colisãohádron-hádron, a regiãodifrativa é caracterizada por lacuna (gap)
na distribuiçãode rapidez causada pela ausência da dinâmica de cor. Supõe-se portanto
que seja devida à troca de um objeto sem cor, pelo canal t, onde t é o quadrimomentum
transferido, uma das variáveis de Maldestam, esse objeto é chamado Pomeron e possui
os números quânticos do vácuo C = P = +1, sendo ele o que explica a presença de uma
lacuna.
O colisor pp ISR(Intersecting Storage Ring)(3) no CERN, nos anos 70 e 80 trouxe
importantes descobertas no campo da difraçãohadrônica. Os resultados deste experimento
levaram a importantes avanços na compreensão dos fenômenos inerentes à interações for-
tes, entre os quais pode-se destacar a possibilidade de se classificá-las em duas compo-
nentes, chamadas de componentes “suave” e “dura”. A primeira pode ser descrita pela
teoria de Regge(4), enquanto a segunda pela QCD, empregando-se técnicas da teoria per-
turbativa e a dinâmica dos processos é explicado em termos de quarks e glúons. Graças
ao estudo dos processos difrativos duros foi possı́vel construir uma ligaçãoentre a teoria
de Regge e a QCD(5), que combina alto momentum transverso, pT , ou produçãode quark
pesado com as caracterı́sticas tı́picas de processos difrativos suaves. Essa formulação,
realizada por Balitsky, Fandin, Kuraev e Lipatov (6) é chamada simplesmente de modelo
BFKL.

1.1 Difração

O termo “difração” é usado em analogia ao fenômeno óptico que ocorre quando um


feixe de luz encontra um obstáculo ou atravessa uma fenda com dimensões comparáveis ao
comprimento de onda λ, em especial pela presença de um mı́nimo caracterı́stico seguido
de um máximo secundário. A intensidade da difração da luz em funçãodo ângulo de
espalhamento, θ, é dada por 1:

R02
I (θ) ∼ 1 − (kθ)2 , (1)
4

onde R0 é o raio de um disco que serve de obstáculo para a luz incidente e k = 2π λ


. A
distribuição da intensidade I é semelhante à distribuição da seção de choque diferencial
16


dt
para o espalhamento elástico pp → pp para pequenos valores de |t|, dada por:


(t)

dt
∼ e−b|t| ∼ 2
= 1 − b (P θ) , (2)
dt
(t = 0)

onde t ∼ = (P θ) é o quadrimomentum transferido ao quadrado, P é o momentum inicial do


próton incidente e θ, o ângulo de espalhamento.
Os primeiros a proporem uma definiçãopara difraçãohadrônica, em Fı́sica de partı́culas,
foram Good e Walker (7):
“Um fenômeno é previsto em que um feixe de partı́culas de alta energia, sofrendo
espalhamento difrativo de um núcleo adquirirá componentes correspondentes a vários pro-
dutos das dissociaçõesvirtuais da partı́cula incidente... Estes sistemas produzidos via
difraçãoterão uma distribuiçãoextremamente estreita em momentum transverso carac-
terı́stico e teriam os mesmos números quânticos da partı́cula inicial, ou seja, o mesmo
spin, spin isotópico e paridade...”
As caracterı́sticas evidenciadas no texto de Good e Walker citado acima são: con-
servaçãodos números quânticos entre as partı́culas espalhadas, ou ainda troca dos números
quânticos do vácuo, bem como as partı́culas produzidas estãoconcentradas em uma de-
terminada regiãoespacial, nãohavendo produçãode partı́culas na regiãocomplementar a
esta, ou seja, a troca dos números quânticos do vácuo implica na existência de lacunas na
distribuiçãoespacial.
Experimentalmente observa-se lacunas, ou grandes intervalos de rapidez, y, produ-
tos do espalhamento em altas energias e a presença de partı́culas do feixe que permanecem
intactas no estado final, apenas com uma pequena perda em energia. A variável cinemática
denominada de rapidez y é dependente da energia da partı́cula E e da componente do
momentum longitudinal da partı́cula, pz de acordo com a equação:

1 E + pz
y = ln . (3)
2 E − pz

No limite em que a massa da partı́cula é muito menor que sua energia (m << E), a
rapidez torna-se a pseudorapidez η dada pela equação:
 
θ
η = − ln tg , (4)
2

onde θ é o ângulo polar do espalhamento. Outras variáveis cinemáticas relevantes para


processos difrativos são:

• fraçãode momentum perdida pelo próton, ou fraçãode momentum do Pomeron (ξ):

pf inal
ξ =1− = 1 − xp , (5)
pinicial
17

sendo pinicial e pf inal , respectivamente o momentum do próton antes e depois da interaçãoe


xp = pf∆p
inal
é a fração de momentum inicial do próton carregada pelo próton espalhado.

• Massa difrativa
Denomina-se massa difrativa, MX , como a massa invariante do “vértice” difrativo.
No limite de altas energias e nos processos onde há apenas uma troca de Pomeron,
a massa difrativa é calculada usando a seguinte equação:

p
MX = sξ, (6)


onde s é a energia do centro de massa da interação.

1.2 Topologias

Processos onde nãohá troca de números quânticos, ou em outras palavras, quando


há troca de números quânticos do vácuo, são explicados como devidos à troca de um
Pomeron 1 , objeto este descrito pela teoria de Regge (trajetória de Regge dominante em
altas energias). A difraçãohadrônica em escalas de grandes valores de pT é descrita pela
QCD (BFKL2 ). Diz-se troca de um Pomeron como sendo a troca dos números quânticos
do vácuo no canal t, sendo eles: P = +1, C = +1, G = +1 e I = 0, relativos aos
operadores de paridade, conjugaçãode carga, G-paridade e isospin, respectivamente. A
grosso modo, podemos fazer estimativas considerando a seção de choque próton-próton
para energia de centro de massa de 14 T eV do LHC como,

σpp = {σinel = 60 mb; σsdf = 15 mb; σel = 25 mb}

onde σpp é a seção de choque próton-próton, o σinel refere-se a seção de choque inelástica,
σsdf representa a seção de choque da produção de difração simples e σel a seção de cho-
que elástica, mas sabemos que σsdf + σel = 40% σtotal , portanto estes valores nos dão
a informação de que há muita “fı́sica” na região frontal e difrativa, bem como informa
que não se pode desprezar estudos realizados com o objetivo de tornar mais clara a fı́sica
difrativa. Para que possamos entender melhor fenômenos fı́sicos difrativos, separa-se em
topologias como veremos abaixo:

1
O Pomeron agora é entendido em termos de pártons do próton como um estado formado dominante-
mente de glúons.
2
Balitski-Fandin-Kuraev-Lipatov(equações de evolução na fração de momentum do párton, xBj ).
18

• Espalhamento elástico: ocorre quando as partı́culas incidentes permanecem in-


tactas no estado final e com o módulo do momentum inalterado.

p + p −→ p + p

Figura 1 - Espalhamento elástico.

Legenda: Espalhamento elástico. Os pontos nos cantos superior esquerdo e inferior direito
representam os prótons espalhados no estado final.
Fonte: A autora, 2009.

• Difração simples: quando uma das partı́culas se mantém intacta perdendo apenas
uma pequena fraçãode seu momentum longitudinal, sendo espalhada próxima à
linha do feixe, enquanto a outra fragmenta-se, produzindo do lado oposto jatos de
partı́culas com uma lacuna de rapidez entre os jatos e o próton espalhado, isto no
caso do espalhamento duro. Para o espalhamento suave é produzido um bloco de
partı́culas.

p + p −→ p + X

• Dupla difração: de forma análoga à difração simples, há a troca de um Pomeron,


entretanto os dois prótons fragmentam-se preservando os números quânticos das
partı́culas incidentes.

p + p −→ X + gap + Y

• Dupla troca de Pomeron: os dois prótons incidentes sãoespalhados próximos à


linha do feixe, eles trocam dois Pomerons, havendo a presença de um sistema X na
19

Figura 2 - Difração simples.

p p’

IP gap <−− gap −−>


p

Legenda: Difração simples. O X representa um sistema de partı́culas no caso da interação


suave e jatos no caso da interação dura.
Fonte: A autora, 2009.

Figura 3 - Dupla difração.

p X

p
IP
} gap
<−− gap −−>
Y

Legenda: Dupla difração. Observa-se uma lacuna entre jatos, no caso da interação dura e no
caso da interação suave X e Y são sistemas de partı́culas.
Fonte: A autora, 2009.

regiãocentral do detector em torno de (η = 0), levando a uma regiãode ausência de


partı́culas entre os prótons espalhados e o sistema central X.

p + p → p0 + gap + X + gap + p0

Os processos difrativos sãoclassificados em dois regimes: regime suave e regime


duro:

• Difração suave: é caracterizada por uma forte concentraçãode eventos com baixos
valores de |t| ≤ 0,5 GeV 2 , onde t é o quadrimomentum transferido no processo. A
seçãode choque diferencial é dependente de t na forma dσ/dt ∼ exp(−R2 t), onde
20

Figura 4 - Dupla troca de Pomeron.

p’
p } gap
IP X
p IP gap gap
} gap
p’

Legenda: Dupla troca de Pomeron. O X representa um sistema de partı́culas, no caso da


interação suave e jatos no caso da interação dura.
Fonte: A outora, 2009.

R corresponde ao tamanho do hádron (∼ 1f m)(8). O processo hadrônico suave é


descrito pela teoria de Regge e será tratado na próxima seção.

• Difração dura: é caracterizada por altos valores de |t| ≥ 2 GeV 2 e a presença de ja-
tos. A cromodinâmica quântica investiga o comportamento do Pomeron através da
aproximação perturbativa descrevendo o Pomeron como um aglomerado de glúons
que interagem entre si. O Pomeron aqui é então chamado de uma escada(ladder ) de
glúons. Como exemplos de processo difrativo duro tem-se: o espalhamento profun-
damente inelástico (Deep Inelastic Scattering - DIS), onde há uma grande lacuna
de rapidez entre o próton e o produto da hadronização do párton atingido.

1.3 Teoria de Regge

Para apresentar os principais resultados da teoria de Regge é necessário lembrar de


algumas definições básicas relacionadas a espalhamento de partı́culas. Em teoria quântica
relativistica, o operador espalhamento (ou matriz S), a transição descrita entre um estado
inicial |ii e um estado final |f i é |f i = S|ii. As partı́culas de entrada e saı́da de estados
|ii e |f i são definidas no tempo −∞ e ∞, respectivamente, e formam o conjunto completo
dos estados. O operador de transição T definido como S = 1 − iT , expressa a dinâmica da
evolução quando o estado inicial não permanece inalterado e sofre interação. Os elementos
da matriz-S podem ser decompostos da seguinte forma:

S ≡ hf |S|ii = δf i iTf i = δf i + i(2π)4 δ 4 (pf − pi )A(i → f ) (7)


21

onde, na última expressão, a conservação do quadrimomentum é explicitamente escrita


pela distribuição delta e A(i → f ) é a amplitude de probabilidade de que o estado i
evoluirá para o estado f . No caso do processo de dois corpos 12 → 34, a amplitude de
probabilidade é uma função de duas variáveis do modelo de Mandelstam s,t,u; A(s,t), com
s expressando a energia ao quadrado no sistema do centro de massa da colisão e t refletindo
o quadrimomentum transferido conectado ao ângulo polar θ da primeira partı́cula.

Figura 5 - O esquema da troca do Reggeon

Legenda: Esquema da troca do Reggeon na reação 12 → 34 com as variáveis de Mandelstam


s = (p1 + p2 )2 e t = (p1 − p3 )2 .
Fonte: A autora, 2013.

A partir da analiticidade e simetrias da amplitude (9), (10), os estados da teoria


de Regge em que a amplitude de espalhamento A12→34 (s,t) mostrada na Figura 5 pode
ser relacionada à sua correspondente pela propriedade de cruzamento A13̄→2̄4 0,t0 ), onde
s0 = t, t0 = s e 2̄, 3̄ são antipartı́culas de 2,3. A expansão parcial da onda para esta
amplitude cruzada é dada por:

X
A13̄→2̄4 (s0 ,t0 ) = al (s0 )Pl (cos θ) (8)
l=0

onde θ é o ângulo de espalhamento do centro-de-massa ligado a s0 ,t0 e as massas das


partı́culas, e Pl correspondem aos polinômios de Legendre. al (s0 ) são amplitudes parciais
da onda associada com a troca do momentum orbital l.
A construção de duas funções complexas aη (l,t) com η = +l e η = −l, bem como
a continuação analı́tica para l complexo das seguintes seqüências {al (t),l = 0,2,4,...} e
{al (t),l = 1,3,5,...}, respectivamente. As funções aη (l,t) interpolam os pontos al (t) das
amplitudes parciais da onda. Tomando um caso simples, para mostrar a idéia principal,
há somente uma singularidade de aη (l,t) com um pólo simples dependente de t (pólo
de Regge) com l = α(t). Esse pólo corresponde a ressonâncias ou estados ligados de
momentum angular crescente trocado no canal t. A trajetória de Regge, ou Reggeon,
22

interpola tais ressonâncias ou estados ligados no plano l × |t|.


Pode-se mostrar que no limite de altas energias, onde a amplitude do canal s é:

 α(t)
s
A12→34 (s,t) = β13 β24 ζη (α(t)) (9)
s0

onde s0 é um fator de escala arbitrário, β13 e β24 são funções não conhecidas de t associadas
com os vértices na Figura 5 e

1 + ηeiπα(t)
ζη (α(t)) = (10)
senπα(t)

é o fator assinatura dependente de η da trajetória de Regge α(t) (10). A caracterı́stica


importante da equação 9 é que o comportamento assintótico no canal s é determinado
pelas propriedades das amplitudes das ondas parciais no canal cruzado onde a famı́lia de
ressonâncias ou de estados ligados são trocadas. Um ponto importante é o fato de que
uma fatorização da amplitude para as funções não conhecidas β13 , β24 associadas com os
vértices apropriados na Figura 5 é importante se a mesma trajetória aparece em diferentes
processos, isso pode ser medido em um processo e usado para predições em outros.
A equação 9 tem um impacto imediato na seção de choque total e elástica, já que a
seção de choque está diretamente relacionada à amplitude de espalhamento pelo teorema
óptico. Usando a equação referida 9 obtem-se, para a seção de choque total:

1
σtot ' ImA(s,t = 0) ∼ sα(0)−1 ,s → ∞ (11)
s

enquanto que para a seção de choque elástica no limite de altas energias, tem-se:

dσel 1
= |A(s,t)|2 ∼ s2α(t)−2 ,s → ∞ (12)
dt 16πs2

Portanto, no limite de altas energias, a seção de choque total e elástica são deter-
minadas somente pela trajetória de Regge α(t), que pode ser obtida a partir da análise da
amplitude do processo no canal cruzado estudando a sua dependência em t. Note que no
limite de altas energias a seção de choque total é completamente determinada pelo valor
da trajetória de Regge somente para t = 0.
Por convenção somente as propriedades da trajetória de Regge até o termo linear
são consideradas, como por exemplo:
23

α(t) = α(0) + α0 t (13)

onde α(0) e α0 são denotados como a interceptação e a inclinação da trajetória, respecti-


vamente. Como exemplo tem-se as trajetórias mesônicas, ou seja, aquelas com alto α(0),
que foram ajustadas aos dados experimentais e resultaram na intercepção do Reggeon em
α(0) ≈ 0.5, como mostra a Figura 6. Observa-se que a trajetória do Reggeon interpola
trajetórias mesônicas de diferentes números quânticos, como por exemplo: o f2 tem pa-
ridades P = +1, C = +1, enquanto que ρ tem P = −1, C = −1, e ocorre similarmente
com as outras trajetórias. Tem-se que de acordo com a equação 11, uma interceptação do
Reggeon menor do que 1, significando que a seção de choque hadrônica total é decrescente
em função de s.

Figura 6 - As trajetórias mesônicas.

Legenda: As trajetórias mesônicas ρ, f2 , a2 , w, etc..., sobrepostas e intercaladas por uma


trajetória de Reggeon αR (t) = 0.5 + 0.9|t| .
Fonte: BARONE, 2002,p.98.(8)

1.4 O espalhamento difrativo e a necessidade de um novo Reggeon: o


Pomeron

Do ponto de vista experimental, o espalhamento difrativo corresponde a ∼ 30% da


seção de choque total em processos representados das seguintes formas:
• as partı́culas colidentes permanecem intactas ou dissociam-se em um ou dois siste-
24

Figura 7 - Os tipos de diagramas difrativos.

Legenda: Espalhamento elástico, dissociação difrativa simples e dissociação difrativa dupla em


colisão de dois hádrons a e b. Os dois hádrons de estado final estão separados por
uma grande lacuna de rapidez (GLR). O P significa a troca do Pomeron no canal t.
Fonte: Reprodução da figura 1 de (ARNEODO, 2005, p. 1) (11)

2
mas X e Y, de acordo com a Figura 7, com massa MX,Y menor que a energia do
centro de massa s;

• a interação é mediada por uma troca de singleto de cor;

• os sistemas X e Y hadronizam independentemente produzindo uma grande lacuna


de rapidez na distribuição das partı́culas no estado final; caso a energia de centro de
massa seja grande o suficiente para a dissociação das partı́culas colidentes, tem-se
y ≈ 21 ln( Ms 2 ) e ∆y = ln( Ms 2 ), em que ∆y é o tamanho da lacuna de rapidez.

Todas as observações citadas acima podem ser descritas dentro da estrutura da


teoria de Regge. Em resumo essa é uma teoria de espalhamento no plano do momentum
angular em que o espalhamento hadrônico é descrito pela troca dos estados coletivos
de partı́culas, denominados trajetórias. Essas trajetórias são determinadas através da
ordenação das partı́culas com base em seus spins em uma relação linear com o quadrado
de suas massas em pequenos valores de |t|. As trajetórias são parametrizadas como:

αj (t) = αj (0) + αj0 .t (14)

onde j pode ser um Reggeon(R) ou um Pomeron( P).


Nos primeiros colisores próton-próton a altas energias, lembrando que alta energia

na época era s ≈ 10 − 20 GeV 2 , a experiência com os dados mostrou que:

1. não há partı́culas ou ressonâncias numa trajetória de Reggeon com uma inter-
ceptação próxima à unidade (α(0) → 1). Considerando que o maior valor tem uma
1
interceptação de α(0) ∼ 0,5 que resulta numa seção de choque total σtot ∝ s− 2 . Os
Reggeons foram introduzidos para resolver esta questão e por fim descobriu-se que
25

com esses Reggeons tem-se uma seção de choque total que diminui rapidamente em
altas energias;

2. a seção de choque total passou a se comportar como constante em altas energias, isso
levou para o problema de descrever o fato experimental de que a seção de choque
hádron-hádron não diminue com a energia.
A solução desse problema foi assumir que um Reggeon com interceptação próxima
de 1 existe. Com isso pode-se dizer que o novo Reggeon é uma simples tentativa para
entender a seção de choque total constante a altas energias.
O primeiro a introduzir um novo Reggeon foi V. N. Gribov, na tentativa de explicar
dois fatos: a seção de choque constante e a redução do pico difrativo em colisões próton-
próton a altas energias. A primeira definição do Pomeron:
- O Pomeron é o Reggeon com α(0) − 1 ≡ ∆ << 1.
O nome Pomeron foi introduzido em honra ao fı́sico russo Pomeranchuk e o nome de
Reggeon foi dado em homenagem ao fı́sico italiano Regge, deu um argumento teórico do
porquê tal objeto pode existir em mecânica quântica.
Sumarizando o que se sabe sobre o Pomeron a partir de dados experimentais:
1. ∆ ' 0,08;

2. α0 (0) ' 0,25 GeV −2


Apesar do grande sucessso da teoria de Regge, não há um entendimento conclusivo
sobre do que é constituido o Pomeron em termos de QCD até agora. Com respeito aos
seus números quânticos, a troca do Pomeron pode ser vista em baixa ordem de QCD como
uma troca de dois glúons. O Pomeron não corresponde a nenhuma ressonância, mas seus
estados J P C = 0++ , 2++ ,... correspondem a uma troca de glúon suave complexa, eles são
chamados de glueballs.
A teoria de Regge pode dar uma predição para reações hadrônicas mais compli-
cadas. Considere um processo inclusivo simples 1 + 2 → 3 + X onde X é um sistema
hadrônico de massa M 2 . Quando a partı́cula 3 tem o mesmo número quântico da partı́cula
1 esta reação corresponde a dissociação difrativa simples. O cálculo da seção de choque
pode ser feito com limite triplo de Regge com o triplo vértice de Pomeron (negligenciando
o aclopamento PPR, verdadeiro em s assintótico) (8) . No limite em que a massa do
objeto criado X é relativamente menor que a energia do processo, porém maior que o
momentum transferido t (s  M 2  t ), a seção de choque diferencial é dada por

d2 σ SD 1 2
 s 2αP(t) −1
s = |g P (t)| σP (M 2 ) (15)
dM 2 dt 16π 2 M2

onde gP (t) é a função que inclui os termos associados com um vértice triplo de Pomeron e
σP (M 2 ) é a seção de choque da interação entre o Pomeron e a partı́cula 2, caracterizada
26

pela energia M 2 no sistema do centro de massa. Comparando-se as fórmulas (15) e (12) é


interessante notar que a expectativa da teoria de Regge para a razão da seção de choque
difrativa simples e a seção de choque total para altas energias é dada por

σ SD
∼ sα(0)−1 (16)
σtot

considerando que α(0) > 1, a razão cresce em função de s.

1.5 Do Pomeron suave ao duro

O experimento UA8(12), com a observação da produção de jatos com alto momen-


tum transverso em espalhamento difrativo pp̄, abriu um leque de possibilidades para o
entendimento dos processos difrativos em termos de pártons. Este experimento observou
a produção de depósitos localizados de energia transversa em eventos com um próton
no estado final com mais do que 90% do momentum do próton do feixe, além disso as
distribuições dos jatos eram similares aos espalhamentos inelásticos párton-párton, sendo
que os prótons espalhados eram detectados em espectômetros frontais.
Em 1985, Ingelman e Schlein atribuı́ram funções de densidades de pártons para o
Pomeron, para descrever o processo com jatos duros, como o espalhamento das compo-
nentes partônicas dos prótons a partir dos pártons do Pomeron (13). A probabilidade
de emitir um Pomeron nestes eventos difrativos duros é governada pelo mesmo tipo de
fórmula de Regge como na difração suave, porém a trajetória α(t) pode ser diferente. Eles
foram os primeiros a proporem a idéia de difração dura, prevendo em especial a produção
de dijatos em interações pp̄. A idéia básica consiste na fatorização do processo difrativo
duro em:

• emissão do pómeron do vértice quase-elástico, que ocorre essencialmente em uma


escala suave e é universal para processos difrativos;

• interação dura entre pártons do (anti-)próton e do próprio Pomeron que deve ser
descrito a partir de uma função de estrutura.

A expressão proposta para produção de dijatos em eventos difrativos é dada por:

dσjj d2 σsd σp̄P→jj


= (17)
dtdξ dtdξ σ p̄P → X
2 2
onde ddtdξ
σsd 1
é a seção de choque para a difração simples, o termo ( σp̄P→X )( ddtdξ
σsd
) que inde-
pende do subprocesso duro, é denominado fator de fluxo do Pomeron, ξ é definido como
a fração do momentum do Pomeron (ξ ∼ = 1 − xp ∼ = MX2 /s), onde xp é a fração de mo-
27

mentum carregada pelo próton difratado e MX é a massa invariante do sistema X. A


seção de choque σp̄P→jj é calculada diretamente a partir do modelo a pártons na QCD,
considerando para o Pomeron uma estrutura exclusivamente gluônica, dada por:

Z X dσi
σp̄P→jj = dx1 dx2 dt̂ fi (xi ,Q2 )G(x2 ) (18)
i
dt̂

onde G(x2 ) é a função de estrutura do Pomeron e fi (xi ,Q2 ) as densidades partônicas do


anti-próton em uma escala de energia Q2 .
Com isto a proposta tornou-se um marco pois o Pomeron começou a ser explicado
de forma diferente em eventos suaves e duros. Nos eventos difrativos suaves, o Pomeron
é descrito pela sua única trajetória, enquanto que nos eventos difrativos duros, trata-se
de um objeto composto com um teor partônico.
Uma compreensão mais profunda da difração dura veio com os experimentos H1(14)
e ZEUS(15) no colisor elétron-próton no HERA, que investigaram colisões entre elétrons
de 27,5 GeV com prótons de 820 GeV ou 920 GeV . Os eventos difrativos no HERA cons-
tituem um subconjunto significativo de dados Deep Inelastic Scattering (DIS) decorrentes
de processos do tipo e± p → e± X 0 e e± p → ν¯e (νe )X 0 . O elétron / pósitron de quadrimo-
mentum k se aclopa aos bósons eletrofracos (γ,W ± ,Z) de quadrimomentum q ≡ k − k 0 ,
os quais interagem com o próton oriundo na direção oposta com um momentum P .
A observação de uma fração, em torno de 10% de eventos difrativos veio como uma
surpresa, pois nestes eventos foram observados uma grande lacuna de rapidez na direção
do próton difratado e jatos duros nos detetores centrais correspondendo a troca de um
objeto sem cor.
O principal resultado do programa difrativo do HERA foi a descrição, em termos
de densidades de pártons universal em eventos de difração com a lacuna de rapidez ou com
um próton detectado na região frontal. Para se obter as densidades difrativas é necessário
introduzir as variáveis cinemáticas que são usadas para descrever os processos DIS. As
variáveis padrões são: a virtualidade Q2 , a fração do momentum longitudinal do próton
xL e a inelasticidade do processo y, que são definidas como:

Q2 ≡ −q 2
Q2
xL ≡
2P.q
P.q Q2
y ≡ = (19)
P.k sxL

As massas do sistema elétron(posı́tron)-próton e o sistema de bóson de gauge -


próton são respectivamente s = (k + P )2 e W 2 = (q + P )2 . O estado hadrônico difrativo
28

final em DIS (DDIS) é composto de dois sistemas: X que compreende o sistema no centro
do detetor e o sistema Y do próton ou o produto dissociado (que possui o mesmo número
quântico do próton incidente exceto o spin, pois o momentum angular pode ser trocado na
interação). O DIS difrativo em que os prótons são dissociados é retratado na Figura 8. Se
as massas MX e MY são pequenas quando comparadas à massa do sistema W γ-próton,
há uma grande lacuna de rapidez observada entre os dois sistemas.

Figura 8 - DIS ep → eXp.

Legenda: Diagrama de um processo DIS ep → eXp através da troca de um fóton virtual. A


massa do sistema central X é dada por MX , enquanto que a massa do próton
dissociado, sistema Y corresponde a MY .
Fonte: A autora, 2013.

O processo difrativo então é definido como uma troca de um objeto sem cor de
quadrimomentum bem definido. A fração do momentum longitudinal xP do próton car-
regada pelo objeto sem cor e β a fração do momentum do quark atingido em relação ao
objeto sem cor, assumindo que seja feito de pártons, são definidos como

q.(P − pY )
xP = (20)
q.P
Q2 Q2
β = = 2 (21)
2q.(P − py ) Q + MX

onde pY é o quadrimomentum do sistema Y , a variável β está relacionada a variável de


escala de Bjorken x através de x = xP β e β é interpretado como a fração de momentum
tomada pelo quark do objeto sem cor se este tem uma estrutura partônica. O quadrado do
quadrimomentum transferido, t, é definido por t = (P − pY )2 e é frequentemente pequeno
29

em processos difrativos |t| < 1 GeV 2 .


A descrição bem sucedida dos dados difrativos depende de dois tipos de fatorização
que permitiram descrever os processos da mesma maneira que os não difrativos. Primeiro,
ficou provado que a fatorização colinear não vale só para DIS inelástica, mas também
para a DIS difrativa (16). Tem-se que a seção de choque é dada por uma convolução
e(i)
dos sub-processos partônicos que é o mesmo da DIS inelástica σsub (x,Q2 ) e da função de
distribuição dos pártons (DPDF) do próton fiD (x,Q2 ,xP ),

dσ ep→eXY = fiD (x,Q2 ,xP ,t) ⊗ dσsub


ei
(x,Q2 ) (22)

As DPDFs fiD (x,Q2 ,xP ,t) são interpretadas como a probabilidade de encontrar
um párton i carregando o momentum longitudinal x, tendo uma virtualidade Q2 , sob a
condição de que o próton que perde uma fração do momentum xP permaneça intacto ou
dissociado em um sistema com os mesmos número quânticos do próton.
Como os pártons resultantes carregam uma cor devido ao próton, o sistema do
próton precisa reorganizar sua estrutura e a chance que isto resultará em exatamente um
estado de próton de cor neutra é limitada. Portanto processos difrativos duros possuem
seção de choque menor que a dos processos não difrativos. Lembrando que uma das mais
importantes caracterı́sticas da QCD é que em muitos casos, a seção de choque pode ser
fatorizada, ou seja, ela pode ser expressada como uma convolução das distribuições dos
pártons em colisões hádron-hádron, temos que (omitindo a dependência explicita de Q2 ):

XZ
σk,l = dx1 dx2 σ̂i,j→k,l (x1 ,x2 ,αs ) ⊗ fi (x1 ) ⊗ fj (x2 ) (23)
i,j

o termo σ̂i,j→k,l é a seção de choque do sub-processo de dois pártons i,j interagindo e


dando os pártons k,l. Os fi (x) são as funções de densidade dos pártons dos hádrons
iniciais em função da fração do momentum x e αs é a constante de aclopamento forte.
O segundo tipo de fatorização é baseado na análise de dados difrativos do HERA,
chamada de fatorização próton-vértice a qual sugere que a DPDF pode ser adicionalmente
decomposta em um fluxo dependente somente de xP e t e um termo dependente de β e
Q2

fiD (x,Q2 ,xP ,t) = fPp (xP ,t)· fi (β = x/xP ,Q2 ) (24)

Nos termos desta parametrização o processo difrativo é visto como uma troca de um
Pomeron sem cor, cuja estrutura do partônica é descrita pela distribuição dos pártons
30

fi (β,Q2 ), onde β é a fração do momentum do Pomeron levado pelo párton interagente


e Q2 é a virtualidade do quark. A forma do fluxo do Pomeron, motivada pela teoria de
Regge para difração simples (compare com (15) substituindo M 2 /s = ξ) pode ser dada
por

eβPt
fPp (xP ,t) = AP . 2αP(t) −1 (25)
xP

onde αP (t) = αP (0) + αP0 t é a trajetória do Pomeron.


Os dados do HERA são bem descritos usando a fatorização próton-vértice em uma
grande amplitude de valores de xP e β. Então assumindo que o Reggeon obedece a mesma
fatorização que o Pomeron (24), as DPDFs são fatorizadas da seguinte forma

fiD (x,Q2 ,xP ,t) = fPp (xP ,t).fiP (β = x /xP ,Q2 )


+ nR fRp (xR ,t).fiR (β = x /xR ,Q2 ) (26)

1.6 A densidade dos pártons difrativo

As colaborações H1 e ZEUS mediram as DPDFs, para selecionar eventos difrativos


eles usaram um espectrômetro para medir o momentum perdido xP e o momentum trans-
ferido t do próton, dessa maneira, a dissociação do próton é removida porque o próton é
inequivocamente identificado.
O método usado é chamado de subtração da massa MX , onde a amostra difra-
tiva é definida como a contribuição excedente no espectro em ln(M 2 ) acima da queda
exponencial do pico não difrativo, o qual pode ser precisamente ajustado. Geralmente,
a densidade de pártons obtidas do Pomeron concorda após as correções devidas à disso-
ciação do próton, que é o fator de normalização e devido a aceptância do detetor, embora
haja diferenças que ainda precisam ser entendidas.
Descrevendo agora o procedimento realizado pela colaboração H1, as DPDFs são
extraı́das em termos de uma distribuição de singleto de sabor leve Σ(z) consistindo de
quarks u, d e s, anti-quarks u = d = s = ū = d¯ = s̄ e a distribuição do glúon g(z).
A variável z é a fração do momentum longitudinal do próton carregada pelo párton
participante no subprocesso, isto é, z = β para ordem dominante e β < z para as séries
perturbativas de altas ordens. A forma geral das distribuições de singletos e de glúons do
Pomeron usado no ajuste(17) é

zfiP (z,Q2 ) = Ai z Bi (1 − z)Ci , (27)


31

onde Ai , Bi , Ci são parâmetros não conhecidos ajustados para os dados. Por outro lado,
a estrutura da troca do Reggeon na equação 26 é a mesma estrutura do pion(18) que
concorda bem com os dados.
Os coeficientes linear e angular da trajetória Reggeon e o coeficiente angular da
trajetória do Pomeron são parâmetros fixos já que eles são obtidos a partir de diferentes
medidas usando o espectrômetro frontal(19), no entanto, originalmente a estrutura do
Reggeon e do Pomeron foram ajustadas em conjunto, utilizando o detetor central H1
apenas para identificar eventos de difração com o método da lacuna de rapidez.
As trajetórias extraı́das para o Reggeon e para o Pomeron são αP (0) = 1,118,
αP = 0,06, αR (0) = 0,5, αR0 = 0,3. Nota-se que o Pomeron duro tem um coeficiente
0

linear maior que o suave (αP (0) = 1,0808). Os ajustes das DPDFs determinam o quark
e o glúon da estrutra partônica do Pomeron na equação (27), com a interceptação do
Pomeron regendo sua dependência energética na equação (25).
As densidades dos pártons são ajustadas para uma escala inicial Q20 = 2 − 3GeV 2 ,
e evoluı́das para o Q2 do processo usando as equações de evolução DGLAP. Os resultados
do H1 são dados na Figura 9 para a distribuição singleto quark e a do glúon. Os dados
restrigem muito bem a distribuição do quark para toda a escala de β acessı́vel pela medida
0,0043 < β < 0,8 e para uma escala de Q2 até aproximadamente 1000 GeV 2 .
A densidade de glúons para baixo valor de Q2 é bem determinada apenas até
β ∼ 0,3. Já para altos valores de β, próximo à unidade, a incerteza na densidade de glúon
é grande. Isso é ilustrado pelos dois ajustes diferentes na figura, ajuste A e ajuste B, o
que dá uma boa descrição geral dos dados, porém as suas componentes gluônicas em alto
z são muito diferentes. Os dois ajustes têm diferentes hipóteses sobre a parametrização
da densidade de glúons, em escala inicial que leva a predições não compatı́veis sobre esta
densidade para alto β, mesmo que produza uma descrição correta dos dados.
Nota-se que adicionando os dados de dijatos nos ajustes de QCD, isto permite
reduzir a incerteza na densidade de glúons para o alto valor de β. Como mostra a Figura
9, o Pomeron é predominantemente composto de glúons. A fração de glúons no Pomeron
cresce com Q2 como um resultado da evolução DGLAP. Isso também é demonstrado na
Figura 10, onde é mostrada a derivada em lnQ2 da seção de choque difrativa reduzida.
(3)
A seção de choque reduzida σrD está em função de xP com valores fixos de b e
(3) (3)
Q2 , relacionada à função de estrutura difrativa F2D e longitudinal FLD do próton na
(3) (3) 2 (3)
aproximação da troca de um fóton, segundo a equação σrD = F2D − Yy+ FLD . A seção
de choque total em termos da seção de choque reduzida toma a forma de:

d3 σ ep→eXY 2πα2 D(3)


= .Y+ .σ r (xP ,x,Q2 ) (28)
dxP dxdQ2 xQ4

onde Y+ relacionado com a inelasticidade y como Y+ = 1 + (1 − y)2 . A dependência


32

Figura 9 - DPDFs.

Legenda: Comparação da função de distribuição total do singleto de quark e de glúon, obtidos


para dois ajustes. O primeiro corresponde a “H1 2006 DPDF FitA” e o segundo
ajuste “H1 2006 DPDF FitB”, mostrando também suas incertezas totais. Os ajustes
fornecem os mesmos resultados para a distribuição de quarks, mas difere no caso de
glúons para alto z = β. O resultado atual do H1 indica que a DPDF é compatı́vel
com “FitB” quando a medida do dijato difrativo é incluı́da no ajuste.
Fonte: ANTHONIS, 2006, p. 715. (20)

logarı́tmica da seção de choque reduzida é predita pela evolução de DGLAP e é um teste


direto do mecanismo de evolução das DPDFs. Vê-se que a evolução é guiada principal-
mente pelos glúons em uma grande região de valores de β. Para β ∼ 1 a evolução da
33

componente de quark e de glúon são similares. Nesta região a incerteza da DPDF do


glúon é grande.
As densidades dos pártons no H1 foram extraı́das em interações de corrente neutra
detectando o próton que permanece intacto após a interação e reconstruindo a cinemática
DDIS do elétron espalhado, independentemente se o objeto tenha sido produzido na região
central do detetor. O ponto importante é que elas provaram ser universais dentro dos
dados DDIS, descrevendo com sucesso dados da corrente neutra, bem como outras medidas
difrativas com estados finais como os dijatos, produção de charme, etc.

Figura 10 - A seção de choque reduzida diferencial em processos de DIS.

Legenda: A seção de choque reduzida diferencial em processos de DIS, predita pela evolução
DGLAP, comparando com uma evolução dominada por glúons e por quarks, bem
como a contribuição total.
Fonte: ANTHONIS, 2006, p. 716.(20)

Os estudos mostrados anterioremente mostraram que a compreensão da estrutura


do próton em processos difrativos desenvolveu-se a partir da interpretação de Regge dos
Pomerons e Reggeons suaves e chegou-se à estrutura partônica perturbartiva do Pomeron
em processos semi-inclusivos medidos no HERA.
34

1.7 A probabilidade de sobrevivência da lacuna de rapidez

Os processos que envolvem lacunas de rapidez devem ser corrigidos levando-se em


considerações interações de estado final e interações adicionais entre pártons espectadores,
pois a interação dura ocorre em distâncias curtas e não altera os números quânticos dos
prótons, isto não influência o reespalhamento. Por outro lado, a interação mole muda os
momenta dos prótons e o espalhamento duro estaria convoluto com as trocas da interação
suave.
A probabilidade do processo é o produto da seção de choque do espalhamento duro
multiplicado pela probabilidade dos dois prótons passarem um pelo outro. A amplitude
do espalhamento suave governa também a seção de choque total e a elástica podendo ser
extraı́da dos dados. A probabilidade de sobrevivência está relacionada à amplitude de
espalhamento a(s,b) no espaço do parâmetro de impacto como:

S(a,b) = 1 + ia(s,b) (29)

onde b é o parâmetro de impacto. Em geral, a probabilidade da sobrevivência da lacuna


de rapidez será aproximadamente 1 quando b é grande, onde a sobreposição entre os feixes
de hádrons é pequena. Por outro lado, acredita-se geralmente que a amplitude elástica
no Tevatron se aproxima do limite do “disco negro ” a(s,b) = i/2 para b pequeno onde
a probabilidade de sobrevivência torna-se nula.
Qualquer ajuste da seção de choque elástica diferencial pode ser usado para estimar
a probabilidade de sobrevivência da lacuna de rapidez. Uma aproximação simples assume
que a interação dura ocorre realmente em distâncias curtas onde a amplitude elástica é
puramente imaginária. Utilizando o ajuste da seção de choque elástica dσdtel ∼ exp(2βel t)
no Tevatron, chega-se ao fator da probabilidade de sobrevivência menor que 1% (21), que
é um tanto pessimista.
Quando o problema é tratado corretamente, por exemplo, levando-se em conta a
dependência em t que não é exatamente uma exponencial, uma contribuição diferente de
zero da parte real da amplitude do espalhamento elástico, a predição teórica concorda
com os dados, os quais exibem um fator de probabilidade de sobrevivência no Tevatron
da ordem de ∼ 0,1. Para a energia do LHC, a probabilidade de sobrevivência no LHC
h|S|2 i foi predita para ser ∼ 0,03 (22).
35

1.8 Produção central exclusiva (CEP)

O processo central exclusivo (CEP), representado por p + p → p ⊕ X ⊕ p é uma


importante ferramenta para a pesquisa de nova fı́sica no LHC devido à luminosidade que
atingirá dezenas de f b−1 . O processo CEP é um tipo especial de evento com dois prótons
intactos,em que toda a energia da troca sem cor é usada para produzir o sistema central
de interesse. Outra caracterı́stica é a presença de grandes lacunas de rapidez entre os
objetos produzidos centralmente, tal como o sistema de dijatos, e os prótons intactos.
Uma conseqüência interessante da exclusividade do processo é que a massa do
sistema central corresponde à energia perdida pelos dois prótons intactos no estado final,
permitindo uma reconstrução precisa da massa do sistema central final criado se os dois
prótons forem detectados. Como exemplo de processo central exclusivo temos pp →
p ⊕ φ ⊕ p, este contém grandes lacunas de rapidez entre os prótons difratados e o produto
do sistema central φ.
Algumas das razões de se estudar este processo são:
• a massa do sistema central pode ser determinada com precisão a partir da medida
das componentes do momentum longitudinal e transverso do próton espalhado;

• se o próton do feixe permanece intacto e é espalhado a baixo ângulo, então assumi-


mos que o sistema central X é produzido com JZ = 0, C e P par;

• o processo possui uma excelente relação sinal/ruı́do, apresentando uma topologia


de baixa complexidade no detector central devido à combinação da regra de seleção
JZ = 0, o efeito de cor e fatores de spin, permitindo assim uma boa resolução na
massa.
Os eventos de produção central são sensı́veis à violação de CP entre o aclopamento
dos objetos X e os glúons; esses efeitos podem ser medidos diretamente via distribuição
do ângulo azimutal dos momenta dos prótons espalhados.
Os diagramas de Feynman da produção de dijatos CEP (11a) e Higgs CEP (11b)
são mostrados na Figura 11. Em primeira ordem na QCD perturbativa, a interação sem
fluxo de cor entre os prótons é representada pela troca de dois glúons. O aclopamento
dos glúons aos prótons é descrito pelas densidades de pártons não integradas do próton.
Estas densidades não integradas dos pártons são funções de densidades de probabilidades
bidimensionais que dependem da fração de momentum dos dois glúons x1 e x2 .
Acredita-se geralmente que um dos dois glúons aclopados a cada prótons é duro
enquanto que o outro é macio e proporciona uma blindagem de cores para o glúon duro
de modo que não há fluxo de cor total entre os prótons espalhados.
A exclusividade do evento é assegurada pela aplicação do fator de forma de Sudakov
que proı́be a radiação de glúons adicionais em ordens superiores da QCD perturbativa no
evento e reduz a seção de choque de forma significativa.
36

Figura 11 - Diagramas CEP.

p p p p
Jet
g g
g g H
g Jet g
p p p p
(a) Produção de dijatos exclusivos. (b) Produção do bóson de Higgs exclusivo.

Legenda: Diagramas de primeira ordem para (a) produção de dijatos exclusivos e (b) produção
do bóson de Higgs exclusivo em colisões próton-próton.
Fonte: A autora, 2013.

Como os dois prótons permanecem intactos e perdem apenas uma pequena fração
do momentum, não há tranferência do momentum orbital na direção z do feixe, Jz = 0. A
m2
consequência é que a produção de jatos de quarks é suprimida por um fator M 2q e diminui
jj
à medida que a massa do sistema de dijatos Mjj cresce. O fator mq representa a massa
do quark, implicando que a produção dijatos CEP é grande para quarks pesados.
Conforme a troca dos números quânticos do vácuo dos dois glúons, o sistema pro-
duzido tem paridades C e P positivas. Isto proporciona uma determinação experimental
útil das propriedades (números quânticos) do objeto central.
Observando os processos CEP, os números quânticos dos objetos produzidos são
inequivocamente conhecidos, representando uma grande motivação para se estudar a
produção exclusiva central no LHC, pois nesse mecanismo, a informação sobre as pa-
ridades C e P são automaticamente obtidas (contanto que o fundo não seja muito grande)
contrário a métodos convencionais, que dependem de medidas das distribuições angulares
e demandam uma aquisição de grande quantidade de dados coletados.
A colaboração CDF/Tevatron mediu a seção de choque de dijatos exclusivos usando
o método da fraçao de massa Rjj (23), definida como a razão da massa invariante dos
dijatos pela massa total produzida pelo estado final exceto as do prótons MX , tal como
M
Rjj = Mjj X
. Como a energia total perdida pelos prótons colidentes é usada para produzir
o sistema central, espera-se que essa razão seja próxima de 1, Rjj ∼ 1.
O CEP é uma importante parte do programa de Fı́sica Frontal nas energias do
LHC. Além de fornecer informações sobre a troca dos números quânticos do vácuo no
âmbito da QCD, há também interesse em usar a medida da seção de choque da produção
de dijatos exclusivos para calibrar as previsões teóricas para a produção do bóson de
Higgs. No entanto estas previsões são difı́ceis devido às incertezas e efeitos de supressão
não perturbativos associados à grande lacuna de rapidez, esses efeitos são comuns a ambos
37

os processos.
A amplitude para este processo CEP (pp → p ⊕ φ ⊕ p) é dada por (24)(25):

d2 Qt 4 4
Z
3 0 2 M 0 2 M
M = Aπ f g (x ,x
1 1 ,Qt , )f g (x ,x
2 2 ,Qt , ). (30)
Q4t 4 4

As densidades de pártons fg , representa a densidade dos glúons não integrada e


não diagonal do proton inicial, ela não depende somente do momentum transverso (Qt )
trocado, mas também da fração do momentum carregado pelos glúons.
Na região de interesse, a fração de momentum longitudinal carregada pelos glúons
Qt
satisfaz (x0 ∼ √ s
) << (x ∼ √ M
s
) << 1. Nesta região a densidade não integrada pode ser
aproximada pela densidade integrada g(x,Q2 ) (24):
r
M4 ∂ M
fg (x1 ,x01 ,Q2t , ) = Rg ( T (Qt , )xg(x,Q2 )). (31)
4 ∂lnQ2t 2

A densidade fg inclui cada fator de Sudakov, T (Qt ,µ), que fornece a probabilidade dos
glúons não irradiarem na evolução da sua escala Qt até a escala dura µ = M/2, sendo que
isto é relevante apenas para o glúon duro, o que inicia o sub-processo duro, dado por:

µ2 µ(µ+kt )
α(kt2 ) kt2
Z Z X
T (Qt ,µ) = exp(− d (zPgg (z) + Pqg (z))), (32)
Q2T 2π k 2 0 q

onde Pgg (z) e Pqg (z) são as funções splitting do glúon. As expressões para a seção de
choque devem ser corrigidas pela probabilidade de sobrevivência da lacuna de rapidez
< S 2 >.
38

2 O EXPERIMENTO CMS

Este trabalho foi desenvolvido no experimento CMS (Compact Muon Solenoid ),


um dos quatro detectores do LHC (Large Hadron Collider ) no CERN. Apresenta-se a
seguir, primeiramente, um resumo sobre o acelerador LHC e mais adiante o CMS como
um todo.

2.1 O LHC

O LHC, o maior instrumento cientı́fico do mundo, é um colisor de prótons cons-


truı́do no CERN. Previsto para funcionar com uma energia no centro de massa de 14 TeV
e uma luminosidade de até 1034 cm−2 s−1 é uma máquina de potenciais e complexidades
sem precedentes, atualmente atingiu a máxima energia de centro de massa de 8 TeV em
2012. Está instalado no mesmo túnel de 27 km onde encontrava-se o LEP (Large Electron
Positron).
A seção de choque determina a taxa de ocorrência R de um determinado processo
de acordo com a fórmula R = L σ. O fator L é chamado de Luminosidade que representa
o número de colisões por unidade de tempo e área de seção de choque efetiva . Em
um colisor de raio R, a energia perdida por revolução , devida à radiação sincronton é
4
proporcional a mE4 R , onde E e m são respectivamente a energia e a massa das partı́culas
aceleradas. A luminosidade não é constante no tempo mas diminui à medida que as
colisões ocorrem e a emitância3 diminui ao longo do tempo. A luminosidade instantânea
do feixe é dada por:

γf kB Np2
L= F, (33)
4πn β ∗

onde γ é o fator de Lorentz, f é a frequência de revolução , Np é o número de prótons


por pacote, kB é o número de pacotes, n é a emitância transversa (valor nominal de
3,75 µm), β ∗ é o parâmetro que determina o tamanho do feixe no ponto de interação e
F é o fator de redução devido ao ângulo entre os feixes no cruzamento dos pacotes. O
LHC acelera e colide tanto prótons como ı́ons pesados como Pb. Nos pontos de colisões
foram construı́dos quatro detectores: ALICE (A Large Ion Collider Experiment) dedicado
à fı́sica dos ı́ons pesados, LHC-b (LHC beauty experiment) dedicado à fı́sica do quark b,

3
A emitância é um parâmetro importante da máquina que especifica o tamanho do espaço de fase do
momentum e espacial do feixe de partı́culas.
39

ATLAS (A Toroidal LHC Apparatus) e CMS (Compact Muon Solenoid ) para propósitos
gerais. A Figura 12 mostra um esquema dos quatro detectores no LHC. Os parâmetros
do LHC estão organizados na tabela 1 .

Figura 12 - O LHC.

Legenda: Os quatro detectores localizados nos pontos de colisões do LHC.


Fonte: TIMMER, 2010. (26)

Graças à sua alta energia de centro de massa e alta luminosidade, o LHC possui
caracterı́sticas importantes não só para a descoberta do Higgs mas também em muitos
outros campos como medidas de precisão eletrofraca, pesquisas em fı́sica do b, etc.

2.2 O detector CMS

O detector CMS é um dos detectores de propósito geral do LHC e possui 21,6 m


de comprimento, 14 m de diâmetro e pesa 12,500 toneladas. Um dos seus aspectos
fundamentais é a presença de um solenóide supercondutor com 12 m de comprimento e
um diâmetro interno de aproximadamene 6 m, produzindo um campo magnético de 3,8T ,
cerca de 100,000 vezes mais intenso do que o campo magnético da Terra, fundamental
para a determinação precisa dos momenta das partı́culas carregadas. A Figura 13 mostra
o esquema geral do detector.
40

Tabela 1 - Parâmetros.

Parâmetro Variável Valor


Energia do próton E 7TeV
Campo do dipolo magnético B 8,33T
No. de partı́culas/pacote Np 1,15 × 1011
Valor betatron no ponto de interação β∗ 0.55m
No. de pacotes kB 2808
Luminosidade L 2 × 10 − 1034 cm−2 s−1
33

Raio do feixe no ponto de interação σ 16µ m
Tempo entre as colisões τb 25ns
Duração tı́pica do feixe τL 15hrs
No. de colisões /cruzamento nc ' 20 (L = 1034 cm−2 s−1 )

Legenda: Parâmetros do LHC para colisões próton-próton.


Fonte: A autora, 2009.

As suas principais caracterı́sticas são:

• boa capacidade de identificação de múons, com boa resolução na medida do mo-


mentum em uma grande faixa de valores e com grande cobertura em η (|η| < 2,5);
boa resolução na massa de di-múons (∼ 1%, para 100 GeV/c2 ); capacidade para
distinguir a carga dos múons para p < 1 TeV/c;

• boa resolução em momentum e alta eficiência de reconstrução do sistema de traje-


tografia, para partı́culas carregadas. Boa identificação e trigger de τ ’s e jatos de b,
com a instalação de detectores de silı́cio do tipo pixel ;

• boa resolução em energia eletromagnética e massa para difótons e dieléctrons (∼ 1%


para 100 GeV/c2 ), medição da direção de fótons e localização do vértice primário
de interação, rejeição de π 0 ’s e isolamento de fótons e léptons em alta luminosidade;

• boa resolução em energia transversa perdida E/T e na medida da massa de dijatos,


devido à grande segmentação do seu calorı́metro hadrônico (∆η × ∆φ < 0,1 × 0,1).

2.2.1 O sistema de coordenadas do CMS

O sistema de coordenadas do CMS tem como origem o ponto de colisão, com o eixo
y apontando para cima e o eixo x radialmente para o centro do LHC. O eixo z aponta na
direçãodo feixe no sentido anti-horário como mostra a Figura 14. O ângulo azimutal φ é
medido a partir do eixo x no plano x − y, enquanto o ângulo polar θ é medido a partir
do eixo z.
41

Figura 13 - CMS

Legenda: Vista em perspectiva do detector CMS.


Fonte: CMS Collaboration, 2006. p8. (27)

A pseudorapidez foi definida na seção 1.1, na equação (4). O momentum e energia


transversos, pT e ET , sãomedidos a partir das suas componentes x e y respectivamente.
Tem-se que E/T “energia transversa perdida”(missing transverse energy) denota o desba-
lanço de energia neste mesmo plano transverso.

2.2.2 Sistema de trajetografia das partı́culas carregadas

Na parte mais interna do CMS encontra-se o sistema de trajetografia das


partı́culas carregadas (o tracking system, cujo volume é dado por um cilindro de 5,8 m de
comprimento 2,6 m de diâmetro e uma regiãoem pseudorapidez de |η| < 2,5. Ele possui
10 camadas de detectores de silı́cio, que fornecem a granularidade e eficiência necessárias
para se obter a resolução na determinação de momentum requerida tendo em vista as
altas multiplicidades de partı́culas carregadas previstas.
Além dos detectores de microtiras de silı́cio, o sistema de trajetografia possui
também 3 camadas de detectores de silı́cio do tipo pixel, situadas mais próximas da região
42

Figura 14 - Coordenadas

Legenda: Sistema de referência do CMS.


Fonte: Damião, 2005, p. 28. (28)

de interação para melhor medir o parâmetro de impacto das trajetórias das partı́culas car-
regadas e dos vértices secundários.
O sistema de trajetografia é subdividido em 3 regiões de R com caracterı́sticas
diferentes. A região mais próxima do ponto de interação (r ∼ 10 cm), onde há um
alto fluxo de partı́culas, é um ponto crucial para a medida do parâmetro de impacto.
Nessa região foram instalados detectores baseados em pixels, finamente segmentados em
dimensões de 100 × 150 µm2 . Em uma região intermediária, entre 20 < r < 50 cm, foram
instalados detectores de silı́cio do tipo microstrips e na região mais externa, 55 < r <
110 cm, detectores do tipo microstrips em células maiores, de 25 cm × 180 µm. Esses
detectores são descritos em detalhes nas seções a seguir.

2.2.2.1 O detector de pixel

O Sistema de trajetografia consiste de 66 milhões de pixels, a Figura 15 mostra


a representaçãotridimensional do detector de pixel. Na regiãodo barril foram instaladas
3 camadas de detectores de pixel às distâncias de 4,4 cm, 7,3 cm a 10,2 cm da linha
do feixe; nas tampas estãoinstalados dois discos de cada lado com raio de 6 a 15 cm
em |z| = 34,5 cm e 46,5 cm, com as lâminas rotacionadas em 20o axialmente. A re-
soluçãoespacial é de 10 µm no plano r − φ e ∼ 20 µm na direçãoz.
43

O detector de pixel propicia uma excelente resoluçãopara a reconstruçãodos vértices se-


cundários de quarks b e decaimentos de τ .

Figura 15 - Pixel.

Legenda: Uma visãotridimensional do detector de pixel.


Fonte: NICOLA, 2003,p.26. (29)

2.2.2.2 O detector de microtiras de silı́cio

O Sistema de trajetografia consiste de 9,6 milhões de tiras de silı́cio divididas no


barril e nas tampas. A regiãodo barril é dividida em 2 partes: TIB(Tracker Inner Barrel )
e TOB(Tracker Outer Barrel ). O TIB consiste de 4 camadas que cobrem uma região
até |z| = 65 cm e o TOB, 6 camadas cobrindo até |z| = 110 cm. As tampas sãodivididas
em TEC (Tracker End Cap), consistindo de 9 discos na região120 < |z| < 280 cm, e o
TID (Tracker Inner Disks), com 3 discos no espaço entre o TIB e o TEC. A Figura 16
ilustra algumas das camadas de tiras de silı́cio.

2.2.3 Calorı́metro eletromagnético

O calorı́metro eletromagnético do CMS (30), ou ECAL, mede a energia


e a posiçãode elétrons e fótons. Ele é um calorı́metro homogêneo, composto de 61200
cristais de tungstato de chumbo (PbWO4 ) na regiãodo barril, complementados com mais
7324 cristais em cada uma das 2 tampas (endcaps). Os cristais de PbWO4 possuem um
44

Figura 16 - Vista longitudinal de um quarto do Sistema de Traços.

Legenda: Vista longitudinal de um quarto do Sistema de Traços incluindo as tiras de silı́cio e o


detector de pixel .
Fonte: Nicola, 2003, p.27. (29)

comprimento de radiação4 de X0 = 0,89 cm e um raio de Molière5 de RM = 2,2 cm, que


sãoconsideravelmente pequenos, possibilitando a absorçãodo chuveiro eletromagnético em
uma quantidade de material reduzida, importante para garantir a hermeticidade do de-
tector. Eles são ainda de resposta rápida e resistentes à radiação e também garantem um
detector compacto. O fato de produzirem pouca luz no processo de cintilação(30 γ/MeV)
faz com que seja necessário utilizar foto-detectores especiais, com ganho intrı́nseco e que
possam operar em um campo magnético elevado. No barril foram utilizados APD’s (Si-
licon Avalanche PhotoDiodes) e nas tampas VPT’s (Vacuum PhotoTriodes). Tanto os
cristais quanto os fotodetectores requerem uma baixa variaçãode temperatura.
O calorı́metro é dividido em duas seções: o EB é a seçãodo barril cuja cobertura
em pseudorapidez é de 0 < |η| < 1,479 e o EE é a seçãodas tampas, cobrindo uma
região1,479 < |η| < 3,0. A Figura 17 mostra a vista longitudinal de um quarto do ECAL.

4 287
O comprimento da radiação é dada pela expressão: X0 = 716,4A /Z(Z + 1) ln √ Z
gcm−2
5
O raio de Molière é uma constante caracterı́stica de um material que fornece a escala de dimensão
transversa dos chuveiros eletromagnéticos iniciados por um elétron ou um fóton incidente a alta energia.
Ele está relacionado com o comprimento de radiação X0 pela seguinte relação aproximada: RM =
0,0265X0 (Z + 1.2).
45

Em frente às tampas está instalado um detector para conversão de fótons, chamado de
preshower, constituı́do por dois planos de detectores de tiras silı́cio, com um comprimento
total de radiaçãode 3X0 . Este detector permite rejeição de pares de fótons do decaı́mento
de π 0 s e melhora a estimativa da direçãodos fótons oriundos da colisão, importante para
a medida da massa invariante dos difótons.

Figura 17 - Calorı́metro eletromagnético(ECAL).

Legenda: Calorı́metro eletromagnético(ECAL). As regiões na pseudorapidez são representadas


pelas linhas tracejadas.
Fonte: LHCC, 2002, p.9.(30).

2.2.4 Calorı́metro hadrônico

O calorı́metro hadrônico (31), ou HCAL, tem como objetivo medir a energia e a


direçãode jatos hadrônicos e a energia transversa perdida. A sua cobertura em pseudora-
pidez e de |η| < 5,0. As suas subseções são: a seção do barril (HB), a seção mais externa
(HO), as tampas (HE) e a seção frontal (HF). A Figura 18 mostra as localizaçõesdas
subseçõesdo calorı́metro hadrônico.

2.2.4.1 O calorı́metro HB

A seção do barril consiste de 2304 torres com segmentação∆η × ∆φ = 0,087 ×


0,087 e está dividida em duas partes, cada parte inserida em uma extremidade do barril
do criostato no solenóide supercondutor. Quanto à geometria do absorvedor, o HB é
46

Figura 18 - Vista longitudinal.

Legenda: Vista longitudinal do detector CMS mostrando as localizaçõesdas seçõesdo


HCAL,HB,HE,HO e HF.
Fonte: CMS COLLABORATION, 2008, p.123. (32)

composto por 36 cunhas azimutalmente idênticas que formam as duas partes da seção do
barril (HB+ e HB-)
O esquema de numeração das cunhas é mostrado na Figura 19. Cada cunha é
segmentada em quatro setores no ângulo azimutal (não mostradas na Figura).

2.2.4.2 O calorı́metro externo HO

O HCAL possui uma seçãoexterna ao solenóide, o HO, cobrindo a regiãode 0 <


|η| < 1,26 e que possui cintiladores de 10mm de espessura, em setores de 30 ◦ em φ, assim
como as câmaras DT. O HO aumenta a espessura em comprimentos de interaçãoefetiva do
HCAL para mais de 10 λI , detectando chuveiros hadrônicos extremamente penetrantes.

2.2.4.3 As tampas HE

As seções das tampas do calorı́metro hadrônico (HE) cobrem uma região substan-
cial do intervalo de pseudorapidez 1,3 < |η| < 3,0, uma região com cerca de 43% das
partı́culas produzidas no estado final. A alta luminosidade do LHC (1034 cm−2 s−1 ) exige
47

Figura 19 - Setores do HB.

Legenda: Esquema de numeração das cunhas do HB. A cunha 1 está situada na direção (x +)
do anel do LHC.
Fonte: CMS COLLABORATION, p.125. 2008. (32)

que o sistema de aquisição de dados do HE lide com altas taxas (da ordem de MHz) e
também alta tolerância de radiação (10 MRad após 10 anos de funcionamento). O dese-
nho do absorvedor foi baseado na necessidade de minimizar os espaços vazios entre HB e
HE, em vez da resolução de energia de uma partı́cula única, já que a resolução de jatos
do HE é limitada pelo empilhamento de eventos (pile-up), efeitos do campo magnético e
fragmentação dos pártons.
Os dois elementos do calorı́metro HE são formados por um total de 20916 telhas
cintiladoras, embaladas em Tyvek6 e intercaladas com folhas de alumı́nio dispostas em
1368 bandejas. As Figuras 21 e 20 mostram o esquema de numeração das telhas e das
bandejas, respetivamente.

6
Tyvek é uma fibra de polietileno de alta densidade, um material sintético. O material é muito forte, é
difı́cil de rasgar, mas pode facilmente ser cortado com uma tesoura ou qualquer outro objeto pontia-
gudo.
48

Figura 20 - Esquema de numeração.

Legenda: Esquema de numeração para as telhas nas bandejas cintiladoras adjacentes.


Fonte: CMS COLLABORATION, 2008, p.136. (32)

O desenho das bandejas é bastante robusto e confiável, apresentando uma certa ri-
gidez, importante para sua inserção nas lacunas do absorvedor. Para controlar a qualidade
da bandeja cintiladora, um laser UV de nitrogênio foi usado para excitar os cintiladores.
A luz do laser é conduzida aos conectores ópticos dos cintiladores por fibras de quartzo
terminadas com um refletor de alumı́nio que distribui a luz a todas telhas. A luz pro-
duzida por um sinal luminoso UV no cintilador é semelhante ao sinal induzido por uma
partı́cula carregada. Esse aparato permite uma verificação do desempenho da rota óptica
do cintilador à eletrônica bem como um monitoramento contı́nuo de possı́veis degradações
da transparência do cintilador devido à radiação. Além desse sistema de calibração e mo-
nitoramento, uma fonte radioativa movendo-se em um tubo de aço inoxidável é utilizada
para estudar a dependência temporal dos coeficientes de calibração.
Os fotodetectores e a eletrônica associada são localizadas na parte de trás do ca-
lorı́metro, sendo que os sinais provenientes dos cintiladores são transportados por meio
de cabos ópticos, conforme mostrado na Figura 22.
49

Figura 21 - Esquema de numeração para o HE.

Legenda: Esquema de numeração para as cunhas do HE visto do ponto de interação. A


direção x+ aponta para o centro do anel do LHC.
Fonte: CMS COLLABORATION, 2008. p.136. (32)

Figura 22 - Segmentação angular e longitudinal do HE.

Legenda: Segmentação angular e longitudinal do calorimetro HE. O ponto na linha tracejada


está relacionado ao ponto de interação.
Fonte: CMS COLLABORATION, 2008. p.137.(32)
50

2.2.4.4 Calorı́metro Frontal HF

O HCAL é complementado por um calorı́metro frontal, o HF que é baseado na


detecçãode luz Čerenkov produzida em fibras de quartzo. Ele é essencialmente uma
estrutura cilı́ndrica de aço com o raio externo de 130,0 cm, cuja face frontal está situada
a 11,2 m do ponto de interação e possui 1,65 m de comprimento.
O cilindro é segmentado em 18 setores do ângulo azimutal, formando cunhas, e
em 13 anéis ao longo do eixo Z. Essas cunhas são feitas em ferro e latão como material
absorvedor com as fibras de quartzo (de 0,6 mm de diâmetro), onde a luz Čerenkov
será produzida) inseridas paralelamente à direção do feixe, separadas em uma grade com
espaçamento de 5 mm, agrupadas para formar torres com 0,175 × 0,175 (∆η × ∆φ). A
Figura 23 mostra uma vista de seção do HF.
O calorı́metro frontal HF recebe um fluxo de partı́culas sem precedentes. Em
média, 760GeV por interação próton-próton é depositado nos dois calorı́metros HF, em
comparação com apenas 100GeV para o resto do detector. Além disso, essa energia
não está distribuı́da uniformemente, mas tem um máximo acentuado na região de alta
rapidez. Para η = 5, após uma luminosidade integrada de 5 × 105 pb−1 (≈ 10 anos de
funcionamento LHC), o HF experimentará uma dose radiotiva de cerca de 10 M Gy 7 . As
taxas de hádrons carregados serão extremamente elevadas. O sucesso da operação do HF
depende criticamente da resistência do material ativo à radiação. Esta foi a principal
razão para a escolha de fibras de quartzo como material ativo.

2.2.4.5 Monitor de luminosidade do HF

A medida da luminosidade no CMS é utilizada para monitorar o desempenho do


LHC pacote por pacote com base no tempo real e fornece uma normalização global para
análises fı́sicas. As especificações para a medida em tempo real é a de determinar a
luminosidade média com uma precisão estatı́stica de 1% com uma taxa de atualização de
1Hz.
Para análises offline, o objetivo é conceber um sistema com 5% de precisão, embora
todos os esforços são feitos para produzir um resultado mais acurado. Ambos os requisitos
devem ser cumpridos ao longo de um grande leque de luminosidades, estendendo-se desde
1028 cm−2 s−1 a 1034 cm−2 s−1 .
Para a extração da luminosidade instantânea em tempo real com o HF foram
estudados dois métodos. O primeiro método é baseado no número de contagens nulas na

7
10 M Gy = 1 Grad = 10 J/kg = 6,2 × 1018 eV /kg
51

Figura 23 - Vista da seção do HF.

Legenda: A vista da seção do HF mostra que a área sensı́vel se estende de 125 a 1300 mm na
direção radial.
Fonte: CMS COLLABORATION, 2008.p.147.(32)

qual a fração média de torres vazias (sem depósito de energia ou depósito abaixo do nı́vel
considerado ruı́do) é usado para inferir o número médio de interações por cruzamento de
pacotes do feixe. O segundo método explora a relação linear entre a energia transversa
média por torre e a luminosidade.
A Figura 24 mostra a luminosidade fornecida em função do tempo para 2010, 2011,
2012 para os dados, para os feixes em condições estáveis em colisões próton-próton.

2.2.5 Sistema de múons

O Sistema de múons é de grande importância para o experimento CMS, ele


é baseado em diferentes tecnologias, cobrindo uma região|η| < 2,4 e é dividido em duas
regões: a do barril e as tampas. conforme a Figura 25, onde está ilustrado um quarto do
detector CMS. Suas principais funções são: identificação do múon, medida do momentum
e triggering.
A parte do barril é dividida em 5 discos; cada um é dividido em 12 setores, co-
brindo 30o em ângulo azimutal. Nessa regiãodo barril MB com |η| < 1,2, estãoinstaladas
52

Figura 24 - Luminosidade integrada.

CMS Integrated Luminosity, pp


Data included from 2010-03-30 11:21 to 2012-12-16 20:49 UTC
25 25
Total Integrated Luminosity (fb−1 ) 2010, 7 TeV, 44.2 pb−1
2011, 7 TeV, 6.1 fb−1
20 2012, 8 TeV, 23.3 fb−1 20

15 15

10 10

5 × 100 5

0 0
A pr May 1 Jun 1 Jul Aug Sep Oct Nov Dec
1 1 1 1 1 1 1
Date (UTC)

Legenda: A luminosidade fornecida pelo acelerador em função do tempo para os dados


coletados em 2010 (linha verde), 2011 (linha vermelho) e 2012 (em azul), para os
feixes em condições estáveis em colisões próton-próton.
Fonte: HEGEMAN, 2012. (33)

as câmaras de tubo de arrasto (Drift Tubes, DT), arranjadas em quatro camadas MB1 a
MB4, situados em regiões com raio de 4,0 m, 4,9 m, 5,9 m e 7,0 m do centro do detector,
respectivamente. Intercaladas em cada câmara há ainda antes e/ou depois detectores
Câmaras de Placas Resistivas (RPC), eles consistem de 4 camadas de detectores inter-
caladas por placas de ferro; um múon pode cruzar até 6 RPC’s e 4 camadas de câmaras
DT, produzindo 44 medidas de posição no sistema de múons. A resoluçãopor ponto é da
ordem de 200 µm, com uma precisãoem φ melhor que 100 µm em posiçãoe 1 mrad no
ângulo.
Nas tampas, existem 4 discos, cada um com 2 anéis, exceto o primeiro com3 anéis;
cada anel possui 36 câmaras , com exceção do mais interno (M1), onde há apenas 18
câmaras. Nessa regiãoda tampa (ME), estão468 Cathode Strip Chambers (CSC)’s. Elas
tem forma trapezoidal e consiste de 6 sub-câmaras prenchidas com gás, com um plano com
tiras catódicas radiais e um plano de fios de ânodo perpendiculares às tiras. Elas medem
coordenadas espaciais com resolução de 200 µm, sendo em φ de 10 mrad no ângulo.
Enquanto os subdetectores DT e CSC provém uma medida precisa da posição ou
do momentum dos múons, a RPC é responsável por ratificar informações sobre a passagem
de múons pelo detector.
53

Figura 25 - Múons.

Legenda: Vista de um quarto da seção transversal do Sistema de Múons.


Fonte: CMS COLLABORATION, 2006. p. 31.(27)

2.2.6 Detectores frontais

O CMS é um complexo de detectores do qual faz parte um conjunto de subde-


tectores para estudos na regiãofrontal do espalhamento próton-próton, tornando-se assim
um dos mais completos espectrômetros da Fı́sica de Partı́culas. O CMS é o experimento
que possui o maior número de detectores para a fı́sica na regiãocentral.
Há uma série de detectores que são especificamente aqueles que serão usados para
a fı́sica da região frontal. Na Figura 26 pode ser visto a possı́vel posição em estudo do
Espectrômetro de Alta Precisão (HPS), o Zero Degree Calorimeter (ZDC), telescópios T1
e T2, Roman Pots do experimento TOTEM, e o Castor. O Castor é um detector de
grande interesse para o grupo da UERJ que desenvolve análises na região frontal. O HPS
ainda está em fase de aprovação.
54

Figura 26 - Detectores frontais.

Legenda: Esquema dos detectores frontais no CMS.


Fonte: CMS COLLABORATION, 2006.p.296.(27).

2.2.6.1 Calorı́metro CASTOR

Projetado com o propósito de estudar a fı́sica na região frontal em colisões de ı́ons


pesados e próton-próton no LHC, o Centauro And Strange Object Research, ou CASTOR,
é um calorı́metro de simetria azimutal em torno do feixe dividido em 16 setores em φ.
Ele foi instalado a 14,38 m do ponto de interaçãocobrindo a região5,2 < |η| < 6,6.
Esse calorı́metro foi construı́do em apenas uma parte, situada no hemisfério negativo,
relacionado à coordenada z ao redor do feixe quando fechado como mostra a Figura (27).
Ele é também dividido longitudinalmente em 2 partes, uma eletromagnética com 2 seções
e outra hadrônica com 12 seções em z. A Figura 28 mostra a localizaçãodo CASTOR
no CMS. O CASTOR é um detector de luz Čerenkov, similar ao HF, constituı́do por
camadas sucessivas de chapas de tungstênio como absorvedor na seção hadrônica, e placas
de sı́lica fundida (quartzo) como agente ativo. As placas estão inclinadas a 450 em relação
ao feixe a fim de maximizar a luz Čerenkov detectada. A luz que chega ao topo das placas
de quartzo por reflexão interna é coletada nas unidades de leitura (RU- Reading Units))
ao longo da profundidade do calorı́metro e transmitida por guias de luz para os tubos
55

Figura 27 - CASTOR.

Legenda: O calorı́metro CASTOR e suas divisões .


Fonte: COSTA, 2009. p.40.(34)

Figura 28 - Localização do CASTOR.

Legenda: Localizaçãodo CASTOR na regiãofrontal do CMS.


Fonte: CMS COLLABORATION, 2008.p.157.(32)

fotomultiplicadores (PMTs)-photomultiplier tubes.


56

2.2.7 Seletor de eventos online (Trigger ) e aquisição de dados(DAQ)

No experimento CMS os pacotes de prótons colidiram a cada 50 ns em 2010 e


colidirá em 2015 a cada 25 ns dependendo da luminosidade, isto corresponde a 109 colisões
por segundo. Não é possı́vel gravar ou processar toda esta taxa de eventos, portanto
com o objetivo de solucionar este problema utiliza-se dois sistemas de seleção de eventos
divididos em dois nı́veis: o seletor nı́vel-1 (L1) baseado em hardware e a seleção de alto
nı́vel (HLT) que reconstrói informações básicas dos eventos que passam pelo L1.
O sistema de seleção L1 tem por objetivo baixar a taxa de aquisição de 40M Hz
para 1M Hz. É baseado em componentes eletrônicos programáveis situados dentro do
detector, integrados ao sistema de leitura dos canais eletrônicos dos calorı́metros e do
sistema de múons. Portanto, somente medidas de depósitos de energia em algumas áreas
dos calorı́metros e posições nas câmaras de múons contribuem para este nı́vel de seleção.
A informação dos calorı́metros é avaliada localmente e devidamente classificada
pelo Global Calorimetric Trigger (GCT), que recontrói as quantidades básicas dos candi-
datos a jatos, fótons e elétrons. No caso das câmaras de múons, o responsável é o Global
Muon Trigger (GMT), que processa informações de todos as três tipos de câmaras em
que os traços já foram reconstruı́dos. Essa informação coletada é então passada para o
Global Trigger (GT), que as combina com informações dos objetos como por exemplo da
multiplicidade dos jatos e energia transversa perdida que possa acionar o L1.
A cadeia de decisão do L1 necessita de cerca de 3.2 µs para ser concluı́da, portanto
as informações dos diferentes subdetectores têm que ser armazenadas durante este tempo
para que possam estar disponı́veis para o sistema de aquisição caso o evento seja aceito.
Circuitos do tipo “bucket-brigade” (brigada de baldes, em tradução livre) são utilizados
para este fim enquanto outras colisões ocorrem.
Após os eventos passarem pelo L1 eles são transferidos para um sistema de filtra-
gem que trabalha com algoritmos de reconstrução de objetos fı́sicos de mais alto nı́vel que
são executados na saı́da do detector e são classificados dependendo do número de obje-
tos reconstruı́dos e dos momenta transversos. Ele é inteiramente baseado em software,
tonando possı́vel ajustá-lo dinamicamente a diferentes condições de operação do detec-
tor, incluindo fatores de redução (chamados prescale) na taxa de aceitação de diferentes
algoritmos de seleção na situação em que estes apresentem uma taxa acima da desejável.
O HLT baixa a taxa de aquisição de eventos, ou seja, o número de eventos efe-
tivamente gravados em disco para futuras análises, para algumas centenas por segundo.
Cada evento possui um tamanho tı́pico de no máximo 2 M B, sendo em seguida transferi-
dos para o centro de computação principal do CERN, onde são distribuı́dos para outros
centros ao redor do mundo. O fluxo de dados entre o sistema de seleção e o de aquisição
de dados é mostrado na Figura 29.
57

Figura 29 - Sistema de trigger e DAQ.

Legenda: Arquitetura geral do sistema de seleção online e o DAQ.


Fonte: CMS COLLABORATION, 2008.p.261.(35)

2.3 Computação distribuı́da para os experimentos do LHC

A análise de dados do LHC, com dezenas de institutos e milhares de cientistas


localizados ao redor do mundo, exige um armazenamento descentralizado e um conceito de
computação que possa lidar com a alta taxa de transferência. O princı́pio da computação
distribuı́da para os experimentos do LHC está intimamente ligada à idéia de computação
em grid (36) e é regida pela organização Worldwide LHC Computing Grid (WLCG). Uma
rede de centros de informática que fornece uma estrutura em diferentes camadas, Tiers
de serviços tanto para as instituições centrais do CMS quanto para usuários individuais,
com milhares de CPUs para executar simulação de eventos de Monte Carlo, análise de
eventos do usuário e na forma de espaço em disco.
O centro de computação Tier-0 no CERN recebe todos os dados armazenados
diretamente do sistema de aquisição de dados dos experimentos do LHC. Sistemas de
armazenamento em grande escala estão no local para garantir que uma cópia-prima de
cada evento já registrado por um dos experimentos esteja disponı́vel até que ele seja
distribuı́dos para as Tiers-1, locais onde a maior parte das reconstruções dos eventos são
realizados. Portanto, os centros Tier-1 tem um grande número de nós de computação e
um espaço enorme de armazenamento estão disponı́veis para manter cópias dos eventos
reconstruı́dos.
O conceito de computação do CMS exclui usuários de executar suas análises usando
recursos da Tier-1. Por isso, cada Tier-1 tem um número de unidades associados, as Tiers-
2, que oferecem áreas de armazenamento privadas para grupos de trabalho e indivı́duos
que são baseadas geograficamente perto do centro especı́fico.
Cópias de conjuntos de dados de eventos reconstruı́dos podem ser solicitados para
os centros das Tiers-2, que são então transferidos das Tiers-1. Além disto, grupos em
58

universidades podem ter e operar uma Tier-3 que consiste de um cluster local em um
departamento universitário ou até mesmo computadores individuais e fornecem recursos
em baixa escala para os membros de institutos e não são obrigados a ter uma confiabilidade
24/7, como nas Tier-0, Tier-1 e Tier-2. Um exemplo do fluxo de dados nos centros de
computação é ilustrado na Figura 30

Figura 30 - Estrutura Grid.

Legenda: Diagramação do fluxo de dados na estrutura da computação em grid do LHC.


Fonte: CMS COLLABORATION, 2008.p.301.(35).

2.3.1 Utilização da rede

A segurança é sempre uma questão importante quando se trata de uma infra-


estrutura de grande escala de computação, como o WLCG, portanto todos os usuários
devem registrar-se em uma ou diversas Organizações Virtuais (Virtual Organizations,
VO). Após este registro o usuário precisa criar um certificado digital autenticados pela
VO, antes de submeter seu programa a ser executado (normalmente chamado de job) em
uma unidade grid site.
Este certificado digital é enviado como parte grid job e identifica o usuário e, em
alguns casos pode dar-lhe privilégios especiais, como por exemplo, acesso prioritário aos
recursos de uma determinada grid. Quando o certificado é criado, o usuário é autorizado
a submeter seus jobs para o Workload Management System (WMS). Ele tem que fornecer
informações sobre os requisitos necessários tais como as versões de software, hardware
e o conjunto de dados disponı́veis em uma linguagem especı́fica que é job description
language (JDL). Além disso, o código que o usuário pretende executar é enviado para
o WMS usando uma entrada sandbox, baseado nisto o job é encaminhado pelo WMS
para um elemento de computação mais adequado. Para a execução do job leva-se em
59

conta o tamanho da fila de execução e a proximidade com o conjunto de dados escolhido


pelo usuário para a escolha do local. Quando os job são executados nos worker nodes
(WN), eles têm direitos de acesso a bases de dados em sistemas de armazenamento em
massa, bem como permissões de gravação em ambos os discos locais e outros elementos
de armazenamento (SE), através das credenciais do certificado digital.
Uma vez que a execução é concluı́da com sucesso, os grid jobs enviam uma saı́da
sandbox novamente para o WMS onde permanece ali até que o usuário recolha. Há diver-
sos pacotes de software que funcionam como camadas intermediadoras entre a infraestru-
tura da grid e o usuário para fornecer um acesso mais facilitado e intuitivo aos recursos
da grid. Uma dessas camadas intermediadoras chama-se Grid-Control. Há também ou-
tras centrais de serviços além da WMS que conduzem a operação da WLCG. Eles variam
de gerenciamento dos conjuntos de dados a ferramentas sofisticadas de monitoramento
que funcionam como sistemas de controle para possı́veis problemas na operação da grid.
Podemos observar um resumo dessas aplicações em (36).

2.3.2 Conceitos de Software no CMS

Em uma grande colaboração, como no caso daquelas da fı́sica de partı́culas que


reúne milhares de cientistas trabalhando em um experimento simultaneamente é vital
desenvolver um software modular e sustentável. No caso do experimento CMS, a maior
parte do software mantido centralmente é escrita em C++, que utiliza a concepção de
orientação a objeto onde os usuários podem conectar os seus código de análise individual,
quando necessário.
A base de dados está localizada em lugar que fornece informações detalhadas para
reconstrução do evento que mudará com o tempo. Juntamente com os dados coletados do
detetor, eventos simulados por Monte Carlo são constantemente produzidos para efeito
de comparação com as quantidades medidas com as predições teóricas. Como os eventos
são completamente independentes uns dos outros, todas as tarefas relativas ao tratamento
do evento são facilmente paralelizáveis e beneficiadas pelas constantes melhorias na infra-
estrutura disponı́vel na computação no WLCG.

2.3.3 CMSSW

O ambiente do software da colaboração do CMS é chamada CMSSW (37). A ferra-


menta SCRAM (Software ConFiguration, Release and Management) permite ao usuário
obter uma copia particular de trabalho de uma versão do CMSSW e então construir apenas
bibliotecas a partir de módulos que o usuário modificou ou adicionou, permitindo um de-
60

senvolvimento distribuı́do mais eficiente. O CMSSW é baseado na estrutura core FWCore


e tem um executável cmsRun para diferentes tipos de processamento tais como geração
de eventos de Monte-Carlo, simulação, reconstrução, análises fı́sicas e visualizações de
eventos.
O executável cmsRun é configurado através de um arquivo escrito em linguagem
python, onde os dados que se deseja processar, o tipo de processamento, quais módulos
e em que ordem eles devem ser executados, bem como o formato do arquivo de saı́da são
especificados. O CMSSW baseia-se em um conceito de evento chamado EDM (ver seção
2.3.4), que especifica o formato em que as informações de um módulo são transmitidas ao
módulo seguinte até o saı́da final.
O fluxo de trabalho de análise de um evento começa a partir de uma fonte, a
qual pode ser um arquivo com dados gravados do CMS ou Monte-Carlo. Os geradores,
normalmente a modulo inicial, escrevem no evento as informações sobre os objetos fı́sicos
produzidos na colisão. Em seguida, o CMSSW pode acessar um banco de dados relacional
(Oracle)8 para obter informações necessárias ao correto processamento do evento. No caso
de simulação, o evento é então processado pelo pacote externo GEANT4(38), que simula
a passagem de partı́culas através da matéria com técnicas de Monte-Carlo, uma parte
essencial da simulação de eventos. Quanto aos módulos de filtros, eles são capazes de
ler o conteúdo do evento como informações do seletor de eventos online e decide se quer
descartar o evento ou não. Os objetos do evento podem ser salvos individualmente ou
coletivamente em arquivos ROOT (39).
Os usuários desenvolvem módulos de análises e em seguida, escrevem o resumo das
informações sobre os objetos fı́sicos na forma de n-tuplas (39) ou histogramas. A saı́da
definida pode conter informações sobre o evento em EDM ou outros formatos e finalmente
é escrito no disco.

2.3.4 O modelo de dados dos eventos (EDM)

Um conceito fundamental em Fı́sica de Partı́culas Experimental é o ”evento”, que


corresponde a um cruzamento de pacotes do feixe com uma ou mais interações. Esse
conceito é replicado no software, onde o evento funciona como um espaço que pode man-
ter tanto a informação de saı́da na sua forma pura como objetos fı́sicos reconstruı́dos

8
O CMS possui, entre outros, 2 banco de dados principais, o online, que armazena informações ne-
cessárias à operação do detector durante a tomada de dados, e o offline, que possui cópia de parte das
informações do banco de dados online e outras adiconais, contendo dados de calibração, alinhamento,
etc, necessários ao processamenteo offline, tais como a reconstrução e as análises dos dados para extrair
as informações finais.
61

e informações gerais tais como o número de interações. Além disto, outras condições
como mal funcionamento dos componentes do detetor ou constantes de alinhamento, ne-
cessitam de armazenamento em um intervalo de validade conhecido pela sigla em inglês
Interval-of-Validity(IOV), que corresponde a um perı́odo de tomada de dados (run).
Devido à diminuição da luminosidade em uma execução completa, um perı́odo de
execução é dividido em seções de luminosidade, geralmente de intervalos de 1 a 5. As
informações são armazenadas em uma base de dados e verificadas diversas vezes durante
a reconstrução. Para melhorar a transparência, existem diversas configurações bem de-
finidas chamadas tipos de dados que contém informações após determinados passos do
processo, tais como:

• o tipo de dados pura (RAW ) contém todas as informações de saı́da do detetor,


incluindo bits de seletores de eventos online e conjunto de dados que descrevem e
fornecem informações sobre outros dados. Geralmente, uma arquivo puro tem o
tamanho de cerca de 2M B por evento gravado;

• a tipo de dados (RECO) contém objetos fı́sicos que são obtidos através de algoritmos
tais como os identificadores de jatos por exemplo. Isto também disponibiliza a in-
formação do detetor que foi usado para reconstruir estes objetos de alto nı́vel. Como
os arquivos RECO omitem algumas informações do arquivo puro, seu tamanho é
cerca de um terço do tamanho do RAW.

• Finalmente a torre AOD do inglês (Analysis Object Data), incluem somente o


mı́nimo exigido para algumas análises particulares, este arquivo é obtido aplicando
filtros do RECO. Isto resulta em arquivos menores, com cerca de 0,1M B por evento.

2.4 O monitoramento da qualidade dos dados (DQM)

Cada instituição envolvida com a colaboração do experimento CMS contribui


também realizando plantões em um determinado setor de interesse do participante e/ou do
grupo. Prestar serviço no monitoramento de qualidade de dados reconstruı́dos é bastante
interessante para se ter noção de todo o processo de certificação dos dados que envolvem
diversas partes do detector e de fı́sica. Veremos nesta seção a importância e a tarefa do
plantonista noData Quality Monitoring(DQM) offline para o bom resultado das análises
dos dados coletados pelo detetor em questão. Essa tarefa foi realizada durante o perı́odo
do doutoramento sanduı́che no CERN.
62

2.4.1 Processamento de dados e DQM offline

Os sinais do detetor são coletados através de sistemas (cabos e placas eletrônicas)


de aquisição de dados de forma individual que terminam nos multiplos FEDs (FrontEnd
Boards Detector ): no primeiro elemento do sistema DAQ (Global Data Acquisition), os
FEDs coletam fragmentos de eventos que são enviados para o centro de armazenamento
online, esses fragmentos coletados de todos os FEDs são armazenados nas unidades cons-
trutoras para produzir a informação completa do evento. Há também outros centros de
suma importância a ressaltar tais como a unidade de filtragem onde o seletor de eventos
online(HLT) é executado para filtrar eventos interessantes e o gerenciador de armazena-
mento que salva eventos selecionados pelo HLT para os discos locais. A figura 31 ilustra
esse esquema de coleta de dados.
O trabalho do plantonista offline é dependente do plantonista online do DQM, este
tem como objetivo identificar rapidamente problemas com a performance do detetor ou
com a integridade dos dados durante a execução da tomada de daos. Após a certificação
online, a reconstrução imediata dos dados é realizada nas Tiers 0 e CERN Analysis Fa-
cility(CAF) esse processo pode levar de uma até 48 horas após o dado ser transferido do
ponto de interação à T0 e CAF(CERN). As interações subsequentes de re-recontrução nas
Tier 1’s sucedem periodicamente a reconstrução imediata com alinhamentos e constantes
de calibrações melhoradas, bem como, com os erros corrigidos.
O plantonista offline do DQM terá então que, além da análise dos dados dos
subdetetores que são Castor, câmaras de tiras de cátodos, câmaras de deriva, ECAL,
HCAL, HLT, L1, detetor pixel e tiras do sistema de traços, inclui também os objetos
de alto nı́vel de reconstrução chamados Physics Objects(POG‘s) que são eγ, JetMET,
Muon e sistema de traços. Na seção seguinte veremos as ferramentas necessárias para a
certificação dos dados coletados.

2.4.1.1 Ferramentas do DQM

• A primeira ferramenta utilizada para o processo de certificação é o DQM GUI(Graphical


User Interface)(41), para visualização dos histogramas recebidos das aplicações Live
DQM, bem como, os arquivos armazenados da T0(offline express ou prompt ) e da
T1(ReReco);

• A segunda ferramenta é uma interface Web chamada DQM RunRegistry, que registra
as informações dos runs certificados, bem como os parâmetros obtidos no processo
de certificação;

• Como terceira ferramenta tem-se o Elog que nada mais é um diário eletrônico, usado
63

Figura 31 - Esquema da coleta de dados.

Legenda: Esquema da coleta de dados.


Fonte: ANDREAS, 2008.(40)

para reportar os problemas no final do plantão para que o próximo plantonista fique
ciente de eventuais problemas, de onde o próximo plantonista pode prosseguir o
processo de certificação;

• Por último, mas não menos importante que as demais, são as páginas com as ins-
truções necessárias para o plantonista DQM, chamadas Twiki pages. Na próxima
seção veremos o DQM GUI e as atividades executadas pelo plantonista DQM.

2.4.1.2 DQM GUI

O DQM GUI é uma interface na web para a visualização de dados e de moni-


toramento da qualidade dos dados. Ele é um aplicativo customizável, capaz de prover
visualizações para todos subsistemas e para dados online e do offline.
O conteúdo é exposto nas áreas de trabalhos a partir de sumários (ver a Figura 32a)
para os plantonistas visualizarem áreas especı́ficas, incluindo um editor de estilo básico
de histogramas e a configuração do servidor especı́fica às áreas de trabalhos disponı́veis,
64

ver a Figura 32b. O GUI também fornece imagens de exibição instantânea dos eventos,
como pode ser observado na Figura 32c.
Dentro desta área de trabalho, os histogramas são organizados em esquemas para
agrupar informações. Estes esquemas definem não apenas a composição, mas podem
apresentar também: a documentação, alterar as configurações de visualização e atualizar
o histograma de referência. Os visualizadores dos plantonistas são definidos como coleções
de layouts.
O CMS central opera com algumas instâncias do DQM GUI, uma para online, outra
para offline e uma instância para os dados, com por exemplo, Tier-0, CAF, validação da
versão do CMSSW, e assim por diante. Além disso, pelo menos quatro casos são operados
por subsistemas de deteção online para atividades privadas do detetor. A maioria dos
desenvolvedores do DQM executam também uma instância privada do GUI durante os
testes.

2.4.1.3 Tarefas do Plantonista DQM

Antes de iniciar as certificações dos runs, o plantonista deve verificar se todas as


aplicações do DQM e as funções dos servidores web estão funcionando devidamente e
inspecionar os histogramas usando o DQM GUI seguindo as instruções documentadas e
em caso de problemas, contatar os responsáveis pelos subdetectores e o supervisor.
Outra atividade é analisar os runs que foram previamente registrados pelo plan-
tonista online, verificar todos os histogramas um por um para cada run e verificar se o
detector inspecionado está “BOM” ou “RUIM”, em caso de “RUIM”, deve-se explicar
o motivo para tal classificação e especificar o histograma onde se encontrou o problema
usando o Run Registry. No final do plantão deve-se fazer um sumário e reportar o eventual
problema no ELOG.
Este serviço é importantı́ssimo pois responsabiliza-se pelos dados enviados à lista
oficial de bons runs a serem utilizados nas análises.
65

Figura 32 - Esquemas do DQM GUI.

(a) Área dos sumários gerais.

(b) Histogramas em formatos reduzidos.

(c) A central do DQM e o terminal de


exibição instantânea da imagem do evento.

Legenda: Esquemas do DQM GUI, com a área de sumários, os histogramas utilizados para a
certificação dos dados e a central com os terminais para o monitoramento do DQM.
Fonte: BATINKOV, 20013.(42)
66

3 ANÁLISE DOS DADOS

Este capı́tulo apresenta um estudo sobre a viabilidade de observar a produção


de dijatos exclusivos no CMS com os dados coletados em 2010, com uma luminosidade
integrada de L ∼ 24 pb−1 .

3.1 Seletor de eventos de dijatos exclusivos no CMS

O ano de 2010 foi o primeiro ano ininterrupto de operação do LHC. Durante esta
operação o CMS obteve uma alta taxa de eficiência de tomada de dados de 92%. No
segundo semestre de 2010 foram propostos filtros especiais de dijatos exclusivos para
o sistema de seleção de eventos do CMS, visando o desenvolvimento desta análise. A
evolução da fração de eventos versus a luminosidade instantânea será apresentada e as ta-
xas esperadas desses trigger s são estimadas com os dados obtidos para diferentes amostras
de dados correspondente aos perı́odos de 2010 e 2011.
No cenário de luminosidade do LHC de 1034 cm−2 s−1 , com um cruzamento do feixe
a cada 25 ns tem-se em média 17,3 eventos empilhados por cruzamento dos pacotes. Estes
parâmetros de luminosidade instantânea e do intervalo entre cada cruzamento do feixe
corresponde à 109 interações por segundo, que são reduzidas por um fator de 107 a 100
Hz, a taxa máxima que pode ser armazenada pelo sistema de aquisição nas condições do
design. O HLT para o perı́odo de tomada de dados correspondente à 2010-2012 suportou
em geral uma taxa acima de 100 Hz (200-300 Hz).
O esquema do sistema de trigger do CMS está ilustrado nas Figuras 33 e 34. O
L1 entrega uma rápida decisão baseada na informação dos elementos do hardware. Já
na segunda fase, HLT, todos os eventos são analisados para então decidir se deverão ser
aceitos para armazenamento em disco.
O código do HLT é executado num grande centro de processamento que reduz
ainda mais a taxa de eventos para ∼ 100 Hz antes de armazenar os dados, lembrando
que a taxa do HLT em geral foi maior em 2010-2012. A seleção no HLT é implementada
como uma sequência de reconstrução e etapas de seleção de crescente complexidade e
sofisticação fı́sica. Este ambiente de processadores totalmente programáveis permite a
implementação de algoritmos muito complexos, utilizando toda informação no evento.
Todos os algoritmos do HLT são implementados usando a versão em simulação
mais recente do software do CMS, o CMSSW, e os eventos usados para os estudos de
HLT passam através de um emulador do trigger em que essencialmente se replica o com-
portamento do L1 a nı́vel de simulação.
67

Figura 33 - Esquema do trigger do CMS.

Legenda: O esquema geral da arquitetura do trigger do CMS. O L1 recebe informações dos


sistemas dos calorı́metros e dos múons e envia a decisão para todos os detetores e o
HLT faz a filtragem dos eventos selecionados e armazena esses dados.
Fonte: VARELA, 2000.p.6.(43)

Figura 34 - Esquema do L1.

Legenda: O esquema do L1 é baseado na identificação de múons, elétrons, fótons, jatos e ET . A


decisão é enviada via Trigger Timing e sistema de controle para todos os detectores.
Fonte: VARELA, 2000.p.7.(43)

3.1.1 Trigger no calorı́metro hadrônico frontal (HF)

Os detectores frontais do CMS incluem o calorı́metro hadrônico frontal (HF), que


possui uma cobertura em pseudorapidez de 3 < |η| < 5. Há dois calorı́metros HF, cada
68

um localizado numa extremidade do detector CMS, completando a cobertura do HCAL.


O HF está situado em uma região sujeita a altas taxas de radiação, ele é constituı́do de
placas absorvedoras de aço e fibras de quartzo resistentes à radiação.
Os requisitos do HLT do calorı́metro exigem valores digitalizados de todas as torres
do HCAL a cada 25 ns do ciclo do LHC. O Trigger Primitive Generator (TPG) faz a
leitura de cada torre do HF para obter o valor da energia transversa associado a cada
torre e então associa ao exato cruzamento do pacote.
A segmentação (η,φ) da torre no HF usada nos filtros de jatos e energia transversa
perdida corresponde a 4 torres em η e 18 torres em φ (4η × 18φ) e são organizadas em
regiões do calorı́metro. A Figura 35 mostra a vista da segmentação do HF e o layout das
torres.
A energia transversa nas regiões do calorı́metro é dada em 8 bits de escala linear,
onde os valores que excedem essa sequência são colocados no valor máximo da escala. O
valor do bit menos significante Least Significant Bit (LSB) igual a 1 GeV.

Figura 35 - Vista da segmentação do HF e layout das torres.

Legenda: Vista da segmentação do HF e layout das torres na projeção r-z. Podemos observar
as 18 cunhas em φ para um lado do HF e os 4 anéis do HF em η.
Fonte: VARELA, 2000.p.39.(43)
69

3.1.2 Implementação e estudo da eficiência

Um sinal de dijatos exclusivos centrais (Central Exclusive Production- CEP) requer


a seleção de dois jatos com relativamente baixo valor de energia transversa. Em geral os
triggers de jatos, dominados por eventos de QCD inclusivos, possuem taxas elevadas.
A taxa de aceitação do trigger é muitas vezes reduzida artificialmente, para se
adequar à largura de banda(taxa de aceitação máxima) disponı́vel no sistema. Sendo
assim, tal fator de redução dos eventos (prescale) de QCD são consideráveis. Portanto,
somente uma fração dos eventos que passam por estes trigger s são salvos de acordo com
a luminosidade tomada no perı́odo, reduzindo assim o sinal dos eventos esperados (ver
seção 3.9).
O objetivo principal deste estudo é mostrar a alternativa tomada para a definição
do trigger que permite selecionar eventos exclusivos com eficiência considerável enquanto
isso, mantendo as taxas a um nı́vel que possa ser administrado tranqüilamente, usando
ou não fatores de redução.
A Figura 11a na seção (1.8) ilustra o diagrama da produção CEP, onde os prótons
espalhados possuem praticamente o mesmo valor absoluto de momenta dos prótons inci-
dentes. Enquanto na região central, há produção dura representada por dois jatos. Entre
cada um dos jatos e os prótons espalhados há grandes lacunas de rapidez que caracterizam
processos difrativos. Esta assinatura pode ser explorada já no L1 pois este tem acesso à
soma da energia transversa nos anéis predefinidos do calorı́metro hadrônico frontal (HF),
que estão divididos em faixas de pseudorapidez. Para cada lado do HF dois anéis são de-
finidos: 4,0 < |η| < 4,5 e 4,5 < |η| < 5,0. Requerendo atividade zero em cada um desses

Figura 36 - Ilustração da aplicação da exclusividade.

Legenda: Ilustração da aplicação da exclusividade no detetor, quando aplicamos a condição de


atividade zero nos HFs.
Fonte: VILELA, 2011.(44)

anéis do HF pode-se suprimir a taxa do trigger em valores consideráveis, mantendo assim


em sua maioria sinais de dijatos exclusivos. A Figura ?? ilustra a condição de atividade
zero nos HFs.
As condições aplicadas para restringir a taxa final do trigger no HLT foram: baixa
70

atividade na energia detectada na região do HF utilizando a informação da reconstrução


das torres que estão disponı́veis neste nı́vel; exige-se também a condição de dois jatos na
região central com limiares nos momenta transversos de 30 GeV, e também que a diferença
do ângulo azimutal entre os dois jatos seja maior que π2 .
Apenas eventos que passaram na seleção no L1, com veto no número de contagem
de torres nos anéis menor que cinco, são considerados, isso para o perı́odo de tomada de
dados correspondente a 2011.
A Figura 37 mostra a evolução da taxa de eventos que sobrevivem após o veto na
contagem das torres do calorı́metro HF no L1 em bins de luminosidade por cruzamento
do feixe que variam de 0,0 ≥ LumiBX ≤ 3,5(µb−1 s−1 ). Este corte foi aplicado simul-
taneamente nos quatro anéis. Com isso podemos observar o comportamento deste veto
com aumento do número de pile-up relacionado à luminosidade. A taxa diminui com

Figura 37 - Distribuição da fração de eventos.

Legenda: Distribuição da fração de eventos em função do limiar aplicado na contagem das


torres nos quatro anéis do calorı́metro HF.
Fonte: A autora, 2013.

o aumento da luminosidade, já que este veto elimina eventos com pile-up. A tabela 2,
mostra os nomes dos trigger s implementados no CMS para a análise de dijatos exclusivos
bem como as condições no L1 usadas nesses sistemas de seleção online. Os nomes em azul
referem-se ao triggers implementados no perı́odo de execução correspondente a 2010, onde
71

o corte no momentum transverso foi menor (pT > 30GeV ) e a condição do L1 exige pelo
menos um jato com pT > 20GeV , enquanto que os nomes em vermelho indicam os triggers
implementados em 2011, com o corte no momentum transverso maior (pT > 60GeV ) e o
L1 possuindo uma condição adicional além do corte em pT , que corresponde a um veto
no número de contagem de torres nos anéis menor que 5.

Tabela 2 - Nomes dos trigger s.

Nome condição-L1 L1 Pre- HLT HLT- L


escala Pre- Taxa [cm−2 s−1 ]
escala [Hz]
HLT ExclDijet30U HFAND L1 SingleJet20 1 1 0,54 1032
HLT ExclDijet30U HFOR L1 SingleJet20 1 10 1,39 1032
HLT ExclDijet60 HFAND L1 SingleJet36 FwdVeto5 1 1 0,413 1033
HLT ExclDijet60 HFOR L1 SingleJet36 400 1 0,022 1033

Legenda: Nomes dos trigger s de dijatos exclusivos.


Fonte: A autora, 2013.

Na Figura 38, os pontos em vermelho ilustram a eficiência do trigger em nı́vel


HLT definido acima (2011), o qual exige baixa atividade em ambos hemisférios positivo
(HF+) e negativo (HF-) do detector - chamado HLT ExclDijet HFAND, em função da
soma da energia do HF no hemisfério positivo. A eficiência foi calculada usando eventos
que passaram um trigger de referência chamado HLT ExclDijet HFOR (ver tabela 2),
definido de forma análoga, onde houve o requerimento de baixa atividade em apenas um
dos hemisférios do detector (HF+ ou HF-). Na mesma Figura, a distribuição em azul
mostra a taxa de eventos em função dos limiares na soma de energia no HF em ambos
lados, simulando a condição aplicada no HLT ExclDijet HFAND.
Com isto podemos observar que com estas condições aplicadas no L1(veto na con-
tagem de torres menor que 5) + HLT(veto no total da soma da energia nos HFs menor
que 200 GeV) podemos utilizar fatores de redução menores e suprimir os eventos de
background mantendo uma considerável eficiência do sinal esperado.
A Figura 39 compara a eficiência do trigger exclusivo para os dados coletados
no perı́odo de 2010 e 2011, tem-se alta eficiência para valores na soma de energia no
calorı́metro HF + menores que 30 GeV para o caso dos dados em 2010 onde o veto no
total da soma da energia no HF foi de 50 GeV , enquanto que para os dados coletados em
2011 o veto foi de 200 GeV . Lembrando que obteve-se baixa estatı́stica para esse tipo de
eventos em ambos os perı́odos devido ao pile-up.
Foram realizados estudos para a tabela de trigger s para o perı́odo de 2012 onde a
energia de centro de massa corresponde a 8 TeV e a luminosidade L = 1033 cm−2 s−1 . Para
essa nova tabela utilizou-se os dados de 2011 com alto empilhamento de eventos, onde
verificou-se a taxa de eventos em função do veto no terceiro jato como observado na Figura
P
40, com o veto na soma da energia no HF ( EHF < 200 GeV). Ao invés da condição de
72

Figura 38 - Distribuição da eficiência vs soma da energia.

Legenda: Distribuição da eficiência do trigger HLT ExclDijet HFAND e da taxa de eventos


em função do veto na soma de energia no calorı́metro HF + .
Fonte: A autora, 2013.

um jato com momentum transverso maior que 36 GeV no nı́vel L1 (L1 SingleJet36), foi
utilizado um trigger neste nı́vel requerendo dois jatos na região central do detector com
momentum transverso maior que 56 GeV ( L1 DoubleJet56 Central), com um fator
de prescale menor que o L1 SingleJet36. A taxa foi estimada para o número médio de
empilhamento de eventos < NP U >= 31 e luminosidade esperada de L = 5×1033 cm−2 s−1 .
Para essa nova tabela requereu-se no nı́vel HLT: dois jatos com momenta transversos
maior que 80 GeV , diferença do ângulo azimutal entre os dois jatos maior que π/2 e o veto
P
na soma da energia no HF correspondente a EHF < 200 GeV . A tabela 3 apresenta a
seleção de eventos online para a tomada de dados de 2012. Fez-se também um estudo do
tempo de processamento do CPU para cada módulo dos triggers.
Propôs-se a tabela de triggers de dijatos exclusivos para o CMS, esta tabela inclui
valores de limiares na condição L1 que já foram e são usados por outros grupos dentro da
colaboração, o limiar nas contagens das torres neste nı́vel não foi utilizado devido ao alto
valor de empilhamento de eventos esperado para o perı́odo atual, quanto ao alto nı́vel de
seleção outros estudos são necessários tais como monitoramento, aprofundar o estudo do
73

Figura 39 - Distribuição da eficiência vs o veto na soma da energia.


Efficiency

0.85 2011 DATA


0.8 2010 DATA
0.75

0.7

0.65

0.6

0.55

0.5
0 20 40 60 80 100
∑ Energy onHF Plus [GeV]

Legenda: Distribuição da eficiência do trigger HLT ExclDijet HFAND para os dados


coletados em 2010 em vermelho e para os dados coletados em 2011 em função do
veto na soma de energia no calorı́metro HF + .
Fonte: A autora, 2013.

algoritmo de jatos e estudos das eficiências.


A Figura 41 ilustra a eficiência do trigger em nı́vel HLT definido acima chamado
HLT ExclDijet60 HFAND em função da soma da energia no hemisfério positivo. A
eficiência foi calculada usando eventos que passaram um trigger de referência chamado
HLT ExclDijet60 HFOR e pela seguinte seleção: dois jatos com pT > 80 GeV e soma
de energia no hemisfério negativo menor que 5GeV . Pode-se observar uma estatı́stica
limitada, necessitando de mais estudos de modo que se possa aumentar a fração de eventos.

3.2 Amostras de Monte Carlo

Uma descrição realı́stica das colisões das partı́culas requer incluir uma grande es-
cala de efeitos. A seção de choque do processo é geralmente obtida por integrais multi-
dimensionais sobre as densidades dos pártons, elementos de sub-matrix, funções de frag-
mentação, etc. Desenvolver estas integrais analiticamente ou usando métodos numéricos
74

Figura 40 - Distribuição da taxa de eventos.

Legenda: Distribuição da taxa de eventos em função do limiar aplicado no momentum do


terceiro jato, valor estimado para L = 5 × 1033 cm−2 s−1 e valor médio do número de
empilhamento de eventos < NP U >= 31 .
Fonte: A autora, 2013.

determinı́sticos é difı́cil devido à multidimensionalidade. Chega a ser impossı́vel calcular


a estimativa exata da produção do evento quando a aceptância e resposta do detector
devem ser consideradas, o que requer a implementação de uma complexa restrição da
cinemática e a simulação do transporte da partı́cula dentro do material do detector. As
integrais multidimensionais com limites complicados podem ser evoluı́das utilizando-se a
técnica de amostragem, o método de Monte Carlo (MC).
Com os métodos de MC pode-se calcular os processos de interesse evento por
evento, o que é muito importante para entender o sinal fı́sico dentro do detetor real.
Existe um grande número de geradores de Monte Carlo que lidam com a simulação
do espalhamento de partı́culas. Alguns deles, como o PYTHIA(45) ou HERWIG(46) são
geradores polivalentes, sendo capazes de gerar um conjunto grande de trocas, levando em
conta muitos detalhes de um determinado processo, como chuveiro de partons, hadro-
nização, etc.
Existem geradores que simulam processos difrativos duros e exclusivos. A primeira
tentativa de acomodar a troca do Pomeron com base no modelo Igelman-Schlein em
PYTHIA foi feita no gerador de Monte Carlo POMPYT(47). A implementação deste
modelo dentro do HERWIG é o gerador POMWIG(48), que pode ser usado para simular
eventos difrativos em espalhamentos hádron-hádron ou hádron-elétron.
75

Tabela 3 - Tabela com o nome do trigger.

Nome condição-L1 L1 Pre- HLT L


escala Pre- [cm−2 s−1 ]
escala
HLT ExclDijet80 HFAND L1 DoubleJetC56 1,1 8 1033

Legenda: Tabela com o nome do trigger de dijatos exclusivos, as condições no L1, os fatores de
pre-escala, a taxa de eventos e a luminosidade correspondente.
Fonte: A autora, 2013.

Figura 41 - Distribuição da eficiência do trigger para 2012.

Legenda: Distribuição da eficiência do trigger HLT ExclDijet60 HFAND versus o veto na soma
de energia no calorı́metro HF + .
Fonte: A autora, 2013.

Com o crescente interesse na dupla troca de Pomeron (DPE) e na produção exclu-


siva central (ou, alternativamente), o gerador DPEMC (49) não só implementou modelos
para difração inclusiva já presentes no POMWIG, mas também outros modelos de di-
fração exclusivos e inclusivos. O modelo KMR(Khoze, Martin e Ryskin) da produção
exclusiva central está implementado no gerador ExHuME(50) que é ligado ao PYTHIA
para a hadronização.
Para a produção de dijatos exclusivos centrais utilizamos o Monte Carlo ExHuME,
que é uma implementação do cálculo perturbativo KMR. Ele implementa um cálculo de
76

elemento de matriz de ordem dominante LO para o sub-processo duro e usa o PYTHIA


para simular o chuveiro de pártons e a hadronização.
A extrapolação para a energia do LHC considera a incerteza da probabilidade de
sobrevivência da lacuna de rapidez (hS 2 i), então para o qual assumiu-se o valor hS 2 i =
0,03. Isto leva a uma seção de choque da produção de dijatos exclusivos de 250 pb,
após exigi-se um corte na massa invariante do sistema de dijatos a nı́vel de gerador de
Mjj > 100GeV .
Eventos de difração simples (SD) foram simulados com o gerador POMPYT(47), o
modelo de eventos difrativos deste gerador é inspirado na aproximação de Ingelman e Sch-
lein. Esta aproximação considera as reações difrativas como um processo de duas etapas:
segundo estes autores o próton “emitiria” um pomeron com uma fração do momentum ξ
e na segunda etapa o Pomeron interagiria com a outra partı́cula incidente.
O que se assume aqui é a chamada fatorização de Regge, para descrever a função
de estrutura em eventos difrativos. O fluxo do Pomeron e as funções de estrutura foram
medidas no HERA. O POMPYT usa as distribuições difrativas dos pártons medidas
pela colaboração H1 com o ajuste B(51). Eventos foram simulados de acordo com as
distribuições partônicas correspondentes à troca de Pomeron apenas.
O gerador POMWIG foi utilizado para simular o processo de dupla troca de Pome-
ron (DPE). Para eventos não-difrativos, eventos de QCD, a simulação foi realizada com
o PYTHIA versão 6.4(45) e o HERWIG tune 23 (52). As interações de multipartons e
eventos adjacentes (underlying events) foram geradas com o tune Z2 para o PYTHIA.

3.3 Eventos de fundo

Na observação da produção de dijatos exclusivos os principais eventos de fundo


(backgrounds) são:

• Dissociação difrativa simples (SD): produção análoga à que foi vista na seção (1.2),
onde temos a produção de eventos de dijatos na reação do tipo pp → pX, onde
o sistema X inclui um sistema de dois jatos e um dos prótons permanece intacto,
perdendo uma pequena fração do seu momentum. Nesta reação há uma grande
lacuna de rapidez entre o sistema X e o próton espalhado.
Acontece quando os remanescentes do sistema do estado final X, além do sistema
de dois jatos, não são detectados. A produção de difração simples de dijatos repre-
senta um importante backgound aos eventos exclusivos, especialmente quando não
é possı́vel detectar os prótons espalhados.

• Dupla troca de pomeron (DPE): nesta reação, pp → pXp, ambos os prótons emer-
gem intactos após a interação, onde X inclui o sistema de dijatos, bem como, outras
77

partı́culas fora dos jatos. O sistema X e cada um dos prótons espalhados são se-
parados por uma lacuna de rapidez, estes eventos possuem a mesma topologia dos
eventos exclusivos centrais.
Um evento de dijatos DPE com uma flutuação descendente dos remanescentes no
sistema X, torna-se um fundo irredutı́vel à produção de dijatos exclusivos.

• Dijatos não difrativos: eventos do tipo, pp → jjX. Dada a sua alta seção de choque,
eventos deste tipo constituem um dos principais backgounds a eventos de produção
exclusiva de dijatos.

3.4 Reconstrução e seleção dos eventos de dijatos

Como visto nos capı́tulos anteriores a produção exclusiva de dijatos é caracterizada


por dois jatos no estado final e por dois prótons espalhados em sentidos opostos na região
frontal e a exclusividade significa a ausência de partı́culas no estado final além dos jatos.
Os eventos foram selecionados pelo seletor de evento online, o HLT, que exige
pelo menos dois jatos com o monentum transverso acima de 30 GeV , baixa atividade
na soma da energia nos dois HFs, abaixo de 50 GeV e exige também que a diferença
do ângulo azimutal entre os dois jatos seja maior que π/2 (ver a tabela 4). Este seletor,
HLT ExclDijets30U HFAND, foi coletado a partir do seletor nı́vel 1 pelo L1 SingleJet20U,
que exige um jato com energia transversa, ET , maior que 20 GeV , no perı́odo de execução
correspondente a 2010. A tabela 5 mostra o conjunto de dados utilizado. Estes dados

Tabela 4 - Detalhes sobre o seletor de evento.

HLT ExclDijets30U HFAND


L1 L1 SingleJet20U que requer um jato com ET > 20GeV
pelo
P menos 2 jatos com pT > 30GeV
HLT
EHF ± < 50GeV
∆φ > π/2

Legenda: Detalhes sobre o seletor de evento HLT ExclDijets30U HFAND.


Fonte: A autora, 2013.

passaram pelo processo de validação detalhado (DQM), correspondente ao perı́odo de


tomada de dados de 2010. Esse perı́odo foi escolhido pois houve baixa luminosidade
instantânea e consequentemente baixo número de eventos de pile-up. A nı́vel de trigger,
os jatos foram reconstruı́dos com o algoritmo Interative Cone com o parâmetro referente
ao tamanho do cone de R = 0,5. Os jatos foram reconstruı́dos para uso offline por meio
do algoritmo anti-kT (53) com o parâmetro do tamanho do raio do cone de 0,5 e com os
constituintes dos objetos reconstruı́dos com o algoritmo Particle Flow (54). O identificador
78

Tabela 5 - Detalhes sobre o conjunto de dados.

Dados - 2010
Dados processados faixa de runs Lef etiva [pb−1 ]
MultiJatos 146240 − 149711 24,48

Legenda: Detalhes sobre o conjunto de dados utilizado nesta análise.


Fonte: A autora, 2013.

de jatos foi usado para reconstruir jatos a partir do algoritmo do Particle-Flow (PF), bem
como a partir da informação do calorı́metro (CaloTowers) (55).
Os jatos reconstruı́dos foram corrigidos a nı́vel hadrônico (56). Este procedimento
baseado em MC, inclui a correção relativa (L2) que remove a dependência na pseudora-
pidez e a correção (L3), ver seção (A.2). Os jatos foram selecionados offline, aplicando
os seguintes requerimentos: no mı́nimo dois jatos com momentum transverso corrigido
maior que 60 GeV, na região de pseudorapidez −2,5 < η j1,j2 < 2,5.
Além destas seleções, os seguintes cortes foram impostos:

• exigiu-se um vértice primário com |z| < 24 cm e pelo menos 4 graus de liberdade;

• a fração de traços de alta qualidade também foi exigida a ser maior que 25% para
eventos com no mı́nimo 10 traços reconstruı́dos. Este corte rejeita beam-scraping,
em que longa seções horizontais do sistema de pixels do sistema de trajetografia são
atingidas.

• eventos consistentes com ruı́do no calorı́metro hadrônico (HCAL) foram rejeitados.

Como as amostras de MC não passaram pela emulação do trigger, foi necessário


aplicar uma pré-seleção tanto nos eventos de MC quanto nos dados, para isto exige-se
baixa energia nos dois HFs, menores que 30 GeV , este valor foi escolhido com base no
cálculo de eficiência do seletor de eventos online exclusivo.
Exigiu-se que cada evento tenha exatamente um vértice válido reconstruı́do de
boa qualidade. Para aumentar a contribuição difrativa na amostra selecionada, aplicamos
cortes em ηmax < 3(ηmin > −3). Temos que o ηmax (ηmin ) é a pseudorapidez do objeto
do PF mais frontal ou (mais posterior). Os cortes em ηmax (ηmin ) correspondem a impor
uma lacuna de rapidez de no mı́nimo duas unidades no detector.

3.5 Limiar da energia das torres do calorı́metro hadrônico frontal (HF)

Como esta análise é muito sensı́vel ao ruı́do por selecionar eventos com baixa
energia nos calorı́metros hadrônicos frontais, se for aplicado um corte na soma da energia
79

no HF muito baixa corre-se o risco de selecionar eventos de ruı́do. Porém, se o limiar é


muito alto, perdem-se eventos de sinal reduzindo-se assim a estatı́stica de detecção deste
tipo de assinatura.
Para determinar o limiar para este sub-detetor, utilizam-se três amostras de even-
tos, a tabela (6) mostra o conjunto de dados utilizado neste estudo. A amostra com

Tabela 6 - Detalhes sobre o conjunto de dados.

Dados-2010 L = 26,3[pb−1 ]
Dados processados faixa de runs
MinimumBias 147146 − 149711
Amostras
Eventos Seleção
Colisão HLT ZeroBias
HLT ZeroBias
Não-Colisão
Sem traços
HLT BPTX MinusOnly ou
Não-emparelhado
HLT BPTX PlusOnly

Legenda: Detalhes sobre o conjunto de dados utilizado nesta análise sobre o limiar de energia
no HF.
Fonte: A autora, 2013.

eventos selecionados pelo HLT BPTX PlusOnly ou HLT BPTX MinusOnly, chamamos
de eventos não-emparelhados, do inglês “unpaired ”, (ver tabela 6). Lembrando que os
dois BPTX (Beam Pick-up Timing eXperiment) estão localizados em torno do feixe a
±175 m do ponto de interação, em cada lado, eles fornecem informações da estrutura do
pacote de prótons e o tempo de chegada do feixe com uma resolução de 0,2 ns.
Cada um desses triggers acionaram somente quando um pacote de um dos feixe em
um dos lados +Z ou −Z estava presente, ou seja, nesse caso não houve colisão. Quando
há sinal simultâneo nos dois BPTXs, isto indica que houve no mı́nimo um cruzamento
dos pacotes.
As outras duas contribuições para o espectro de energia do HF do ruı́do foram
estudadas com a amostra de zerobias, compostas por eventos registrados com o requeri-
mento único do cruzamento de dois pacotes no detector CMS. Nesta amostra, a taxa de
eventos de colisão é pequena e o sinal do calorı́metro é dominado por ruı́do.
A amostra de eventos de “colisão” foram usados eventos com número de traços
maior que um para confirmar a existência de colisão em eventos de zerobias e no caso da
amostra de eventos “sem-colisão”, eventos sem traços foram colocados dentro da amostra
para quantificar a quantidade de feixe de ruı́do nos eventos sem colisão.
As Figuras 42 mostram a distribuição de energia das torres do calorı́metro na
região do HF para eventos não-emparelhados(em vermelho), de colisões(em preto) e sem-
colisões(em azul), para o lado negativo (42a) e positivo (42b), os quais parecem similares.
80

A Figura 43 mostra a distribuição de energia total no detetor hadrônico fron-


tal para o perı́odo dos dados considerados. Com objetivo de excluir eventos de fundo,
considerou-se a partir dos eventos não-emparelhados da distribuição de energia das torres
do calorı́metro que 99% desses eventos eram ruı́dos. Este limiar é mostrado nos histogra-
mas correspondentes. Para o perı́odo de dados considerado, tem-se que nos detectores

Figura 42 - Distribuições de energia do HF.

(a) Distribuição de energia no HF no lado (b) Distribuição de energia no HF no lado


negativo. positivo.

Legenda: Distribuições de energia do HF no hemisfério negativo (à esquerda) (42a) e positivo


(à direita) (42b). As Figuras mostram os eventos de colisões em preto, eventos onde
não houve colisões em azul e em vermelho os eventos não-emparelhados.
Fonte: A autora, 2013.

Figura 43 - Distribuições de energia do HF.

Legenda: A Figura mostra os eventos de colisões em preto, eventos em que não houve colisão
em azul e em vermelho os eventos não-emparelhados.
Fonte: A autora, 2013.

HF, usando o limiar definido anteriormente para os eventos não-emparelhados, o limiar


corresponde a ∼ 7 GeV .
O mesmo estudo foi feito para determinar o limiar para os objetos reconstruı́dos
com o algoritmo de Particle Flow (PF) na região do calorı́metro hadrônico frontal como
mostram as Figuras (44, 45, 46 e 47). A tabela (7) mostra as regiões em pseudorapidez
81

do calorı́metro hadrônico. Usou-se também uma amostra em que apenas um feixe está

Tabela 7 - Regiões em pseudorapidez do HCAL.

Região |η|
Barril 0,0 < |η| < 1,4
Tampas 1,4 < |η| < 2,6
Transição 2,6 < |η| < 3,2
Frontal 3,2 < |η| < 5,2

Legenda: Regiões em pseudorapidez do calorı́metro hadrônico.


Fonte: A autora, 2013.

cruzando o detetor(eventos não-emparelhados) e outras duas onde há o cruzamento de dois


feixes, eventos de zerobias, chamados eventos de colisão e eventos de sem-colisão(eventos
sem traços). Para este estudo usou-se o limiar definido como contendo 95% de eventos de
ruı́do a partir dos eventos não-emparelhados. A tabela (8) mostra os limiares encontrados
para cada partı́cula na região do HF. Foi escolhido o valor do limiar de 7,0 GeV para a
energia das torres, ou objetos reconstruı́dos na região do calorı́metro frontal.

Tabela 8 - Tabela com os limiares de energia.

Tipo de Partı́cula Região Limiar (GeV )


HF+ Hádrons (Transição) 7,425
HF- Hádrons (Transição) 7,875
HF+ Hadróns (Frontal) 8,425
HF- Hadróns (Frontal) 9,825
HF+ eγ (Transição) 7,125
HF- eγ (Transição) 7,225
HF+ eγ (Frontal) 8,275
HF- eγ (Frontal) 8,675

Legenda: Limiares de energia usando 95% de rejeição para eventos não-emparelhados, isto
para cada tipo de partı́cula identificadas pelo algoritmo de fluxo de partı́culas na
região do HF.
Fonte: A autora, 2013.

3.6 Correção da eficiência dos cortes exclusivos

O perı́odo de dados que foi utilizado neste estudo contém pile-up, então quando
se compara estes com MC sem pile-up faz-se necessário aplicar um fator de correção nos
dados. Para isto foi realizado um estudo da eficiência de cada corte exclusivo sensı́vel ao
82

Figura 44 - Distribuições de energia dos hádrons na projeção frontal.

(a) Distribuição de energia na projeção (b) Distribuição de energia na projeção


frontal do HF no lado positivo. frontal no lado negativo.

Legenda: Distribuições de energia dos objetos hádrons na projeção frontal do HF. As Figuras
mostram os eventos de colisões em preto, eventos onde não houve colisões em azul e
em vermelho os eventos não-emparelhados.
Fonte: A autora, 2013.

Figura 45 - Distribuições de energia dos hádrons na projeção de transição.

(a) Distribuição de energia na projeção de (b) Distribuição de energia na projeção de


transição do HF no lado positivo. transição do HF no lado negativo.

Legenda: Distribuições de energia dos hádrons na projeção de transição do HF. As Figuras


mostram os eventos de colisões em preto, eventos onde não houve colisões em azul e
em vermelho os eventos não-emparelhados.
Fonte: A autora, 2013.

pile-up. Para este estudo foram usados eventos de zerobias(ver tabela 5), para não haver
influência do filtro exclusivo.
Os cortes exclusivos são sensı́veis ao pile-up, então calculamos a eficiência de cada
corte exclusivo como a fração em que um evento exclusivo é observável, que é dependente
da luminosidade instantânea por cruzamento dos pacotes. Para o cálculo da eficiência
dividiu-se o número de eventos de zerobias que passaram pelo corte exclusivo pelo número
83

Figura 46 - Distribuições de energia das partı́culas eγ.

(a) Distribuição de energia na projeção (b) Distribuição de energia na projeção


frontal do HF no lado positivo. frontal do HF no lado negativo.

Legenda: Distribuições de energia das partı́culas eγ na projeção frontal do HF. As Figuras


mostram os eventos de colisões em preto, eventos onde não houve colisões em azul e
em vermelho os eventos não-emparelhados.
Fonte: A autora, 2013.

Figura 47 - Distribuições de energia das partı́culas eγ.

(a) Distribuição de energia na projeção de (b) Distribuição de energia na projeção de


transição do HF no lado positivo. transição do HF no lado negativo.

Legenda: Distribuições de energia das partı́culas eγ na projeção de transição do HF. As


Figuras mostram os eventos de colisões em preto, eventos onde não houve colisões
em azul e em vermelho os eventos não-emparelhados.
Fonte: A autora, 2013.

total de eventos de zerobias, como mostra a equação abaixo:


cortes
Nzerobias
εexcl = total
(34)
Nzerobias

cortes total
onde Nzerobias , é o número de eventos que satisfazem todos os cortes exclusivos e Nzerobias
é o número total de eventos de zerobias.
As Figuras de 48 a 51 mostram a eficiência dos cortes exclusivos calculada em
84

função da luminosidade instantânea para cada cruzamento do pacote dos feixes, quando
se aplicam em seqüência os seguintes critérios de seleção:

• pré-seleção - corresponde ao corte na energia total em ambos HF+ e HF- menor que
30 GeV, como mostra a Figura 48;

• número de vértices primários - que exige no máximo um vértice primário, além do


corte da pré-seleção, como mostra a Figura 49;

• seleção difrativa - refere-se ao corte em ηmax (ηmin ) menor que 4 ou menor que 3,
além dos cortes no número de vértice menor igual a 1 e do corte da pré-seleção,
como mostram as Figuras (50) e (51).

Figura 48 - Distribuição da eficiência da pré-seleção.

Legenda: Distribuição da eficiência da seleção exclusiva utilizando eventos de zerobias, em


função da luminosidade instantânea por cruzamento dos feixes. Os eventos foram
selecionados com a energia total em ambos HF+ e HF- menor que 30GeV
( EHF + < 30 GeV e EHF − < 30 GeV ).
P P

Fonte: A autora, 2013.

Pode-se observar que a fração de eventos exclusiva é dependente da luminosidade ins-


tantânea por cruzamento dos feixes, e ao número médio de interações adicionais (pile-
up). Os valores das eficiências dos cortes exclusivos nas Figuras 48 a 51 foram utilizados
como um fator de correção aplicado aos dados para cada evento, em função do valor da
luminosidade instantânea.
85

Figura 49 - Distribuição da eficiência de no máximo um vértice.

Legenda: Distribuição da eficiência da seleção exclusiva utilizando eventos de zerobias, em


função da luminosidade instantânea por cruzamento dos feixes. Os eventos foram
selecionados com a energia total em ambos HF+ e HF- menor que 30GeV e no
máximo um vértice primário.
Fonte: A autora, 2013.

3.7 Correção da eficiência da seleção online

A eficiência da seleção online (trigger ) utilizada para a análise de eventos com as-
sinatura de produção central exclusiva (HLT ExclDijets30U HFAND; ver seção 3.1)
foi calculada a partir de eventos coletados com diferentes triggers de referência. Even-
tos foram selecionados com um trigger definido de forma análoga à seleção de trigger
exclusiva, onde se exigiu baixa atividade em apenas um dos hemisférios do detector
(HLT ExclDijets30U HFOR).
Foram utilizados também triggers selecionando um jato de momentum transverso
maior que 15, 30, e 50 GeV (HLT Jet15U, HLT Jet30U e HLT Jet50U), ou dois jatos
com o momentum transverso médio maior que 15, 30, e 50 GeV (HLT DiJetAve15U,
HLT DiJetAve30U e HLT DiJetAve50U). A energia dos jatos reconstruı́da no nı́vel
HLT não é corrigida devido aos efeitos de resposta do detector.
A eficiência é calculada a partir da fração dos eventos selecionados com o trigger
de referência que passaram os cortes de seleção (ver seção 3.4), que também passaram o
trigger da seleção exclusiva:
Y
Npass,cortes
εY ←X = X
(35)
Npass,cortes
86

Figura 50 - Distribuição da eficiência do corte difrativo, ηmax < 4 (ηmin > −4).

Legenda: Distribuição da eficiência da seleção exclusiva utilizando eventos de zerobias, em


função da luminosidade instantânea por cruzamento dos feixes. Os eventos foram
selecionados com a energia total em ambos HF+ e HF- menor que 30GeV , no
máximo um vértice primário e ηmax < 4 ( ηmin > −4).
Fonte: A autora, 2013.

Figura 51 - Distribuição da eficiência do corte difrativo, ηmax < 3 (ηmin > −3).

Legenda: Distribuição da eficiência da seleção exclusiva utilizando eventos de zerobias, em


função da luminosidade instantânea por cruzamento dos feixes. Os eventos foram
selecionados com a energia total em ambos HF+ e HF- menor que 30GeV , no
máximo um vértice primário e ηmax < 3 ( ηmin > −3).
Fonte: A autora, 2013.
87

onde o ı́ndice Y refere-se ao trigger HLT ExclDijets30U HFAND e o X representa o trigger


de referência.
Devido ao fator de redução de 20 no nı́vel HLT e 1200 no nı́vel L1 dos triggers
de jatos inclusivos (HLT Jet15U e HLT DiJetAve15U) obteve-se baixa estatı́stica após
a seleção exclusiva offline. Por isto calculou-se a eficiência fazendo a convolução das
efficiências, isto é, computou-se a eficiência do HLT ExclDijets30U HFAND (Y ) usando
como trigger de referência o HLT ExclDijets30U HFOR(Z) e multiplicou-se pela eficiência
do trigger HLT ExclDijets 30U HFOR em relação a um dado trigger inclusivo (X), da
seguinte maneira:

εY ←X = εY ←Z · εZ←X (36)

onde Z representa o trigger HLT ExclDijets30U HFOR.


Então, no caso do cálculo da eficiência usando a convolução, multiplicaram-se as
duas distribuições em função da luminosidade instantânea por pacote.
As Figuras 52 e 53 mostram as eficiências deste trigger exclusivo utilizando os
métodos de computação da eficiência direta e da convolução das eficiências, respectiva-
mente. A seleção offline aplicada foi: dois jatos com momentum transverso de pT > 50
GeV, energia total em ambos HF+ e HF- menor que 30 GeV, no máximo um vértice
primário além dos cortes em ηmax /ηmin . Nas Figuras (52a) e (53a) com corte em (ηmax < 3
(ηmin > −3) e as Figuras (52b) e (53b) com corte em (ηmax < 4 (ηmin > −4).
As Figuras 54 e 55 também mostram as eficiências deste trigger exclusivo utili-
zando os métodos de computação da eficiência direta e da convolução das eficiências,
respectivamente. A seleção offline aplicada foi a mesma, porém com o corte maior nos
momenta transversos, pT > 60 GeV. Nas Figuras (54a) e (55a) com corte em ( ηmax < 3
(ηmin > −3)) e as Figuras (54b) e (55b) com corte em (ηmax < 4 (ηmin > −4)).
Nessa análise utilizamos o trigger de referência HLT DiJetAve50U que faz uma
seleção na média dos momenta transversos dos dois jatos mais energéticos, este trigger foi
escolhido pois possui maior estatı́stica.
Para o cálculo da eficiência do trigger exclusivo HLT ExclDijets30U HFAND utilizou-
se o método da convolução, nesse caso os cálculos foram da eficiência do filtro HLT ExclDijets-
30U HFOR em relação ao HLT DiJetAve50U multiplicada pela eficiência do HLT ExclDijets-
30U HFAND em relação ao HLT ExclDijets-30U HFOR, dessa forma se a eficiência é fa-
torizada considera-se mais um fator da parte exclusiva que não estava incluı́do quando
calculava-se só o HLT ExclDijets30U HFAND em relação ao HLT ExclDijets30U HFOR.
A seleção offline aplicada foi a mesma em todos os eventos, com o corte nos momenta
transversos dos dois jatos de pT > 60 GeV.
88

Figura 52 - Eficiências do trigger diretamente para ηmax < 3 e ηmax < 4.

(a) Eficiência direta do trigger exclusivo (pT > 50 GeV ) para ηmax < 3.

(b) Eficiência direta do trigger exclusivo,(pT > 50 GeV ) para ηmax < 4.

Legenda: Eficiência direta do trigger exclusivo em função da luminosidade instantânea por


cruzamento dos feixes. Eventos foram selecionados com dois jatos com pT > 50 GeV ,
energia total em ambos HF+ e HF- menor que 30 GeV, e no máximo um vértice
primário. Utilizou-se o cálculo direto, ou seja, a eficiência foi computada de acordo
com a equação (35).
Fonte: A autora, 2013.
89

Figura 53 - Convolução das eficiências do trigger para ηmax < 3 e ηmax < 4.

(a) Eficiência do trigger exclusivo (pT > 50 GeV ) para ηmax < 3.

(b) Eficiência do trigger exclusivo,(pT > 50 GeV ) para ηmax < 4.

Legenda: Eficiência do trigger exclusivo usando a convolução em função da luminosidade


instantânea por cruzamento dos feixes. Eventos foram selecionados com dois jatos
com pT > 50 GeV , energia total em ambos HF+ e HF- menor que 30 GeV, e no
máximo um vértice primário. Utilizou-se a convolução das eficiências, ou seja, a
eficiência foi computada de acordo com a equação (36).
Fonte: A autora, 2013.
90

Figura 54 - Eficiências do trigger diretamente com (pT > 60 GeV ) para ηmax < 3 e ηmax < 4.

(a) Eficiência do trigger exclusivo (pT > 60 GeV ) para ηmax < 3.

(b) Eficiência do trigger exclusivo,(pT > 60 GeV ) para ηmax < 4.

Legenda: Eficiência direta do trigger exclusivo em função da luminosidade instantânea por


cruzamento dos feixes. Eventos foram selecionados com dois jatos com pT > 60 GeV ,
energia total em ambos HF+ e HF- menor que 30 GeV, e no máximo um vértice
primário. Utilizou-se o cálculo direto, ou seja, a eficiência foi computada de acordo
com a equação (35).
Fonte: A autora, 2013.
91

Figura 55 - Convolução das eficiências do trigger com (pT > 60 GeV ) para ηmax < 3 e
ηmax < 4.

(a) Eficiência do trigger exclusivo (pT > 60 GeV ) para ηmax < 3.

(b) Eficiência do trigger exclusivo,(pT > 60 GeV ) para ηmax < 4.

Legenda: Eficiência do trigger exclusivo usando a convolução em função da luminosidade


instantânea por cruzamento dos feixes. Eventos foram selecionados com dois jatos
com pT > 60 GeV , energia total em ambos HF+ e HF- menor que 30 GeV, e no
máximo um vértice primário. Utilizou-se a convolução das eficiências, ou seja, a
eficiência foi computada de acordo com a equação (36).
Fonte: A autora, 2013.
92

3.8 Estudos com dijatos inclusivos

Inicialmente estudou-se como se comportam os dijatos inclusivos, para observar


o comportamento das distribuições de controle como, por exemplo, momentum trans-
verso (pT ), pseudorapidez (η), ângulo azimutal (φ), etc. Nesta primeira parte da análise,
observou-se também como se comporta o efeito do empilhamento de eventos e a simulação
do calorı́metro hadrônico frontal (HF).

3.8.1 Normalização

Para a normalização de amostras de Monte Carlo aplicamos um fator de escala,


conhecido como peso (P) que será multiplicado a cada um dos valores das distribuições.
O peso é calculado da seguinte maneira:

L
P = N
(37)
σM C

onde L é a luminosidade integrada do perı́odo dos dados coletados, N é o número de


eventos gerados pelo Monte Carlo e σM C é a seção de choque de um determinado processo
fı́sico gerado pelo Monte Carlo. As tabelas 9, 10 e 11 mostram os pesos aplicados nas
amostras de Monte Carlo com e sem a simulação do pile-up.
A luminosidade efetiva (Lef ), que é usada para este estudo é menor que a lumino-
sidade gravada devido aos fatores de escala aplicados nos respectivos triggers que variam
em função do tempo.

Tabela 9 - Pesos das amostras de Monte Carlo.

Amostra Nr. de Even- σM C [pb] Peso(Lef = 24,5[pb−1 ])


tos [k]
ExHuME CEPDijetsGG 300,0 289,0 0,02358721667
PYTHIA6 QCD Pt 15to3000 492,5 22,1 × 109 1100209,24
POMPYT SD Minus 965,0 4,1 × 106 104,03
POMPYT SD Plus 921,5 4,1 × 106 108,94
POMWIG DPE 393,4 153,0 × 103 9,52

Legenda: Amostras de Monte Carlo, sem empilhamento de eventos, normalizadas de acordo


com o perı́odo de aquisição de dados correspondente à luminosidade efetiva do
trigger exclusivo, HLT ExclDijets30U HFAND, Lef = 24,5 pb−1 .
Fonte: A autora, 2013.
93

Tabela 10 - Pesos das amostras de Monte Carlo com PU.

Amostra com PU Nr. de Even- σM C [pb] Peso(Lef = 24,5[pb−1 ])


tos [M]
PYTHIA6 QCD Pt 15to3000 9,77 22,1 × 109 55439,76
HERWIGpp QCD Pt 15to3000 9,47 23,1 × 109 59705,32

Legenda: Amostras de Monte Carlo, com empilhamento de eventos, normalizadas de acordo


com o perı́odo de aquisição de dados correspondente à luminosidade efetiva do
trigger exclusivo, HLT ExclDijets30U HFAND, Lef = 24,5 pb−1 .
Fonte: A autora, 2013.

Tabela 11 - Pesos das amostras inclusivas de Monte Carlo com PU.

Amostra com PU Nr. de Even- σM C [pb] Peso(Lef = 0,0207[pb−1 ])


tos [M]
PYTHIA6 QCD Pt 15to3000 9,77 22,1 × 109 46,83
HERWIGpp QCD Pt 15to3000 9,47 23,1 × 109 50,43

Legenda: Amostras de Monte Carlo, com empilhamento de eventos, normalizadas de acordo


com o perı́odo de aquisição de dados correspondente à luminosidade efetiva do
trigger inclusivo HLT Jet30U, Lef = 0,0207[pb−1 ].
Fonte: A autora, 2013.

3.8.2 Seleção de produção de dijatos inclusivos

Os eventos foram selecionados pelo seletor de evento online HLT Jets30U, que
exige pelo menos um jato com o momentum transverso acima de 30 GeV . Este seletor foi
definido a partir do seletor nı́vel 1 L1 SingleJet20U, que exige um jato com ET maior que
20 GeV. O perı́odo de execução corresponde aos runs 146240 − 149711. A luminosidade
total integrada efetiva corresponde a 20,7 nb−1 . Os jatos reconstruı́dos foram corrigidos
pela correção relativa L2 e a correção absoluta L3, (ver apêndice A.3). A tabela 12 mostra
os detalhes sobre o conjunto de dados utilizados no estudo de dijatos inclusivos. Como
as amostras de MC não passaram pela emulação do trigger, foi necessário aplicar uma
pré-seleção tanto nos eventos de MC quanto nos dados. Exigiu-se pelo menos um jato
com pT > 30 GeV . Aplicou-se também uma seleção offline que exige dois jatos com
pT > 60 GeV , |η| < 2,0 e exigiu-se que cada evento tenha exatamente um vértice válido
reconstruı́do de boa qualidade.
A Figura 56 mostra a distribuição do momentum transverso pT , para o jato com
maior valor de momentum transverso (pT ) (56a) e o segundo jato com maior valor de
94

Tabela 12 - Detalhes sobre o conjunto de dados inclusivos.

Dados - 2010
Dados processados faixa de runs
JetRun2010B 146240 − 149711

Legenda: Detalhes sobre o conjunto de dados utilizado no estudo de dijatos inclusivos.


Fonte: A autora, 2013.

momentum transverso (pT ) (56b), a linha vermelha corresponde à distribuição relativa ao


Monte Carlo simulado com empilhamento de eventos, este MC está normalizado de acordo
com o peso calculado na tabela (11), além do peso aplicado a cada evento relacionado
ao empilhamento de eventos (ver apêndice B). Observa-se uma boa concordância entre as
distribuições de MC e dados.
Na Figura 57, mostra-se as distribuições de η para o primeiro jato (57a) e o segundo
jato (57b) mais energéticos, na região central do CMS (|η| < 2.0). Aqui também pode-se
observar um bom acordo entre os dados e o Monte Carlo.
Em seguida, na Figura 58, observa-se a mesma concordância entre os dados e
Monte Carlo nas distribuições em φ, para o primeiro jato (58a) e o segundo jato (58b)
mais energéticos.
As Figuras 59 e 60, mostram as comparações entre MC e os dados para as variáveis
ηmax (ηmin ) e total da soma da energia para ambos HF+ e HF-. Pode-se observar uma
concordância razoável entre os dados e o MC com uma diferença na região de baixo valores
de energia do calorı́metro HF. As distribuições da diferença entre ηmax e ηmin (Figura 61a)
e da massa dos dijatos, Mjj (Figura 61b) encontram-se na Figura (61). Verifica-se uma
boa concordância entre dados e Monte Carlo nas distribuições da diferença entre ηmax e
ηmin e da massa dos dijatos.

3.8.3 Variáveis de controle com o seletor HLT Jets15U

Além dos dados coletados com o trigger HLT Jets30U, estudou-se o comporta-
mento das mesmas variáveis de controle tratadas na seção anterior, porém com o seletor
de eventos HLT Jets15U nas Figuras 62 a 67.
Para isto foram utilizadas amostras de Monte Carlo PYTHIA6 e HERWIG com a
simulação do pile-up, onde filtrou-se eventos com o número de empilhamento de eventos
igual zero (NPU=0), estes portanto foram normalizados com o peso que se encontra na
tabela 13, enquanto que os dados foram corrigidos pela eficiência dos cortes (ver seção
3.6) de exclusividade.
Aplicou-se uma pré-seleção tanto nos eventos de MC quanto nos dados, exigiu-se
95

Figura 56 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos.(pT > 60 GeV ).

104
N Events

CMS - Work in progress


2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1
103 pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5

102

10

1
MC/Data

0 50 100 150 200 250 300 350 400


1.2 Data (HLT_Jet30U)
PT [GeV.c-1]
1.1 Pythia 6 LowPU

1 Herwig++ LowPU

0.9
0.8
0.7
0 50 100 150 200 250 300 350 400
PT [GeV.c-1]

(a) Distribuição do momentum transverso do primeiro jato.(pT > 60 GeV ).


104
N Events

CMS - Work in progress


2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1
103 pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5

102

10

1
MC/Data

0 50 100 150 200 250 300 350 400


1.2 Data (HLT_Jet30U)
PT [GeV.c-1]
1.1 Pythia 6 LowPU

1 Herwig++ LowPU

0.9
0.8
0.7
0 50 100 150 200 250 300 350 400
PT [GeV.c-1]

(b) Distribuição do momentum transverso do segundo jato.(pT > 60 GeV )

Legenda: Momenta transversos dos dois jatos mais energéticos nos eventos de Monte Carlo
PYTHIA e HERWIG e dados reais.
Fonte: A autora, 2013.

pelo menos um jato com pT > 15 GeV . Aplicou-se também uma seleção offline que exige
dois jatos com pT > 30 GeV , |η| < 2,0 e exigiu-se que cada evento tenha exatamente um
vértice válido reconstruı́do de boa qualidade.
96

Figura 57 - Distribuições da pseudorapidez dos dois jatos.(pT > 60 GeV ).


N Events

CMS - Work in progress


500
2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1
pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5
400

300

200

100
MC/Data

1.4 -2 -1 0 1
Data (HLT_Jet30U)
2
Pythia 6 LowPU η
1.2 Herwig++ LowPU

0.8

0.6

-2 -1 0 1 2
η

(a) Distribuição da pseudorapidez do primeiro jato.(pT > 60 GeV ).


N Events

CMS - Work in progress


500
2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1
pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5
400

300

200

100
MC/Data

1.4 -2 -1 0 1
Data (HLT_Jet30U)
2
Pythia 6 LowPU η
1.2 Herwig++ LowPU

0.8

0.6

-2 -1 0 1 2
η

(b) Distribuição da pseudorapidez do segundo jato.(pT > 60 GeV ).

Legenda: Pseudorapidez dos dois jatos inclusivos mais energéticos nos eventos de Monte Carlo
PYTHIA e HERWIG e dados reais.
Fonte: A autora, 2013.

Observa-se nas Figuras abaixo uma boa concordância entre dados e Monte Carlos,
exceto pela distribuição da soma de energia no calorı́metro HF na Figura 66, onde há
uma discrepância entre dados e MC (PYTHIA) para baixos valores de energia, o que
97

Figura 58 - Distribuições dos ângulos azimutais dos dois jatos (pT > 60 GeV ).

300
N Events

CMS - Work in progress


2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1
250 pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5

200

150

100
MC/Data

1.4 -3 -2 -1 0 1
Data (HLT_Jet30U)
2 3
Pythia 6 LowPU φ [rad]
1.3
Herwig++ LowPU
1.2
1.1
1
0.9
0.8
0.7
0.6
-3 -2 -1 0 1 2 3
φ [rad]

(a) Distribuição do ângulo azimutal do primeiro jato (pT > 60 GeV ).


300
N Events

CMS - Work in progress


2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1
250 pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5

200

150

100
MC/Data

1.4 -3 -2 -1 0 1
Data (HLT_Jet30U) 2 3
Pythia 6 LowPU φ [rad]
1.3 Herwig++ LowPU
1.2
1.1
1
0.9
0.8
0.7
0.6
-3 -2 -1 0 1 2 3
φ [rad]

(b) Distribuição do ângulo azimutal do segundo jato (pT > 60 GeV ).

Legenda: Ângulos azimutais dos dois jatos inclusivos mais energéticos nos eventos de Monte
Carlo PYTHIA e HERWIG e dados reais.
Fonte: A autora, 2013.

pode prejudicar na análise do estudo de dijatos exclusivos, já que para tal estudo exige-se
baixa atividade no HF. Com o objetivo de investigar esta discrepância observada na
distribuição da soma da energia no HF, observou-se o comportamento da distribuição de
98

Figura 59 - Distribuições dos ηmax (ηmin ) (pT > 60 GeV ).

104
N Events

103 CMS - Work in progress


2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1
pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5
102

10

1
MC/Data

-5 -4 -3 -2 -1 0
1.8 Data (HLT_Jet30U)
Pythia 6 LowPU η
1.6 Herwig++ LowPU
1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
-5 -4 -3 -2 -1 0
η

(a) Distribuição do ηmin (pT > 60 GeV ).


104
N Events

103 CMS - Work in progress


2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1
pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5
102

10

1
MC/Data

1.80 1
Data (HLT_Jet30U)
2 3 4 5
η
1.6 Pythia 6 LowPU
1.4 Herwig++ LowPU

1.2
1
0.8
0.6
0 1 2 3 4 5
η

(b) Distribuição do ηmax (pT > 60 GeV ).

Legenda: Pseudorapidez do objeto do PF mais frontal(59b) ou mais para trás (59a) nos
eventos de Monte Carlo PYTHIA e HERWIG e dados reais.
Fonte: A autora, 2013.

energia no HF utilizando os objetos (hádrons e eγ) do fluxo de partı́cula (PF), ou seja,


a contribuição hadrônica e eletromagnética. Primeiramente comparou-se dados e Monte
Carlo sem os limiares dos objetos do PF e na seleção offline exigiu-se no mı́nimo dois
99

Figura 60 - Distribuições das somas da energia nos HFs (pT > 60 GeV ).

104
N Events

CMS - Work in progress

2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1

pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5


103

102
MC/Data

1.40 20 40 60 80 100 120


1.3 Data (HLT_Jet30U) ∑E HF +
[GeV]

1.2
Pythia 6 LowPU
1.1
1
Herwig++ LowPU
0.9
0.8
0.7
0.6
0 20 40 60 80 100 120
∑E HF +
[GeV]

(a) Distribuição da soma de energia no HF+ (pT > 60 GeV ).


104
N Events

CMS - Work in progress

2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1

pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5


103

102
MC/Data

1.40 20 40 60 80 100 120


∑E
Data (HLT_Jet30U)
[GeV]
1.3 HF
-

1.2 Pythia 6 LowPU


1.1
1 Herwig++ LowPU
0.9
0.8
0.7
0.6
0 20 40 60 80 100 120
∑E HF
-
[GeV]

(b) Distribuição da soma da energia no HF- (pT > 60 GeV ).

Legenda: Total da soma das energias nos dois hemisférios de coordenada z positiva (60a) e
negativa (60b) do CMS, nos eventos de Monte Carlo PYTHIA e HERWIG
normalizadas pela área e nos dados reais.
Fonte: A autora, 2013.

jatos centrais e com momenta transversos pT > 60 GeV e as regiões das bordas do HF
foram excluı́das (|η| ≥ 2,86, |η| < 3,15, |η| ≥ 4,73). As Figuras 68 e 69 mostram os
100

Figura 61 - Distribuições do ∆ηmax , ηmin e Mjj (pT > 60 GeV ).

104
N Events

103 CMS - Work in progress


2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1
pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5
102

10

1
MC/Data

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1.8 Data (HLT_Jet30U) ηmax-η
Pythia 6 LowPU min
1.6
Herwig++ LowPU
1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ηmax-η
min

(a) Distribuição do ∆ηmax ,ηmin = ηmax − ηmin (pT > 60 GeV ).


104
N Events

CMS - Work in progress


2010 Data- s = 7 Tev, L = 20.7 nb-1
103 pT ≥ 60, |η| ≤ 2.5

102

10

1
MC/Data

100 200 300


Data (HLT_Jet30U) 400 500 600 700 800
1.6 Pythia 6 LowPU Mjj [GeV]
1.4 Herwig++ LowPU

1.2
1
0.8
0.6
0.4
100 200 300 400 500 600 700 800
Mjj [GeV]

(b) Distribuição da massa sos dijatos inclusivos (pT > 60 GeV ).

Legenda: Distribuição da diferença entre o ηmax e ηmin , ∆ηmax ,ηmin = ηmax − ηmin , da massa
dos sistema de dijatos, Mjj nos eventos de Monte Carlo PYTHIA e HERWIG e
dados reais.
Fonte: A autora, 2013.

espectros de energia na região frontal dos objetos hádrons e eγ do PF, comparando dados
inclusivos com as amostras de QCD com os Monte Carlos PYTHIA6 e HERWIG. Nestes
101

Tabela 13 - Pesos das amostras de Monte Carlo com NPU=0).

Amostra com PU Nr. de Even- σM C [pb−1 ] Peso(Lef = 0,00144[pb−1 ])


tos [M]
PYTHIA6 QCD Pt 15to3000 1,40 22,1 × 109 22,68
HERWIGpp QCD Pt 15to3000 1,43 23,1 × 109 23,22

Legenda: Amostras de Monte Carlo, com empilhamento de eventos igual zero (PU[0]),
normalizadas de acordo com o perı́odo de aquisição de dados correspondente à
luminosidade efetiva do trigger inclusivo, HLT Jet15U, Lef = 1,44 nb−1 .
Fonte: A autora, 2013.

Figura 62 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos (pT > 30 GeV ).

105 105
N Events

N Events
104 104
CMS - Work in progress CMS - Work in progress
2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1 2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1
103 p ≥ 30, |η| ≤ 2.5 103 p ≥ 30, |η| ≤ 2.5
T T

102 102

10 10

1 1
MC/Data

MC/Data

1.40 50 100 150 200 250 300 350 400 1.40 50 100 150 200 250 300 350 400
1.3 P [GeV.c-1]
Data (HLT_Jet15U)
T 1.3 P [GeV.c-1]
Data (HLT_Jet15U)
T

1.2 1.2
Pythia 6 PU[0] Pythia 6 PU[0]
1.1 1.1
1 Herwig++ PU[0]
1 Herwig++ PU[0]
0.9 0.9
0.8 0.8
0.7 0.7
0.6 0.6
0 50 100 150 200 250 300 350 400 0 50 100 150 200 250 300 350 400
PT [GeV.c-1] PT [GeV.c-1]

(a) Distribuição do momentum transverso do (b) Distribuição do momentum transverso do


primeiro jato (pT > 30 GeV ). segundo jato (pT > 30 GeV ).

Legenda: Momenta transversos dos dois jatos inclusivos mais energéticos nos eventos de Monte
Carlo PYTHIA e HERWIG e dados reais.
Fonte: A autora, 2013.

espectros observa-se uma discrepância entre o MC PYTHIA e os dados como observado


anteriormente, enquanto que o MC HERWIG parece descrever melhor os dados nesta
região. Tendo em vista esta situação, adotou-se nesta análise o Monte Carlo HERWIG,
como modelo de eventos de QCD.
102

Figura 63 - Distribuições da pseudorapidez dos dois jatos (pT > 30 GeV ).

N Events 1800 1800

N Events
1600 1600
1400 1400
1200 1200
1000 1000
800 800
CMS - Work in progress CMS - Work in progress
600 2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1
600 2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1
pT ≥ 30, |η| ≤ 2.5 pT ≥ 30, |η| ≤ 2.5
400 400
200 200
MC/Data

MC/Data
-2 -1 0 1 2
Data (HLT_Jet15U) -2 -1 0 1 2
Data (HLT_Jet15U)
1.4 1.4
Pythia 6 PU[0] η Pythia 6 PU[0] η
1.3 Herwig++ PU[0] 1.3 Herwig++ PU[0]
1.2
1.2
1.1
1.1
1
0.9 1
0.8 0.9
0.7 0.8
-2 -1 0 1 2 -2 -1 0 1 2
η η

(a) Distribuição da pseudorapidez do (b) Distribuição da pseudorapidez do


primeiro jato (pT > 30 GeV ). segundo jato (pT > 30 GeV ).

Legenda: Pseudorapidez dos dois jatos inclusivos mais energéticos nos eventos de Monte Carlo
PYTHIA e HERWIG e dados reais.
Fonte: A autora, 2013.

Figura 64 - Distribuições dos ângulos azimutais dos dois jatos (pT > 30 GeV ).
N Events

800
N Events

800
750 750
700 700
650 650
600 600
CMS - Work in progress CMS - Work in progress
550 550
2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1 2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1
500 500
pT ≥ 30, |η| ≤ 2.5 pT ≥ 30, |η| ≤ 2.5
450 450
MC/Data

MC/Data

-3 -2 -1 0 Data 1 2
(HLT_Jet15U) 3 -3 -2 -1 0 Data 1 2
(HLT_Jet15U) 3
1.4 Pythia 6 PU[0] φ [rad]
1.4 Pythia 6 PU[0] φ [rad]
1.3 Herwig++ PU[0] 1.3 Herwig++ PU[0]

1.2 1.2
1.1 1.1
1 1
0.9 0.9
0.8 0.8
-3 -2 -1 0 1 2 3 -3 -2 -1 0 1 2 3
φ [rad] φ [rad]

(a) Distribuição do ângulo azimutal do (b) Distribuição do ângulo azimutal do


primeiro jato (pT > 30 GeV ). segundo jato (pT > 30 GeV ).

Legenda: Ângulos azimutais dos dois jatos inclusivos mais energéticos nos eventos de Monte
Carlo PYTHIA e HERWIG e dados reais.
Fonte: A autora, 2013.
103

Figura 65 - Distribuições dos ηmax (ηmin ) (pT > 30 GeV ).

N Events 105 105

N Events
104 CMS - Work in progress
2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1
104 CMS - Work in progress
2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1
p ≥ 30, |η| ≤ 2.5 p ≥ 30, |η| ≤ 2.5
T T
3 3
10 10

102 102

10 10

1 1
MC/Data

MC/Data
-5 -4 -3 -2 -1 0 0 1 2 3 Data (HLT_Jet15U)
4 5
1.8 1.8
η Pythia 6 PU[0] η
1.6 1.6 Herwig++ PU[0]
Data (HLT_Jet15U)
1.4 Pythia 6 PU[0] 1.4
Herwig++ PU[0]
1.2 1.2
1 1
0.8 0.8
0.6 0.6
0.4 0.4
0.2 0.2
-5 -4 -3 -2 -1 0 0 1 2 3 4 5
η η

(a) Distribuição do ηmin (pT > 30 GeV ). (b) Distribuição do ηmax (pT > 30 GeV ).

Legenda: Pseudorapidez do objeto do PF mais frontal(65b) ou mais para trás (65a) nos
eventos de Monte Carlo PYTHIA e HERWIG e dados reais.
Fonte: A autora, 2013.

Figura 66 - Distribuições das somas da energia nos HFs (pT > 30 GeV ).

104 104
N Events

N Events

CMS - Work in progress CMS - Work in progress

2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1 2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1
p ≥ 30, |η| ≤ 2.5 p ≥ 30, |η| ≤ 2.5
T T

103 103
MC/Data

MC/Data

0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120


∑ ∑
Data (HLT_Jet15U) Data (HLT_Jet15U)
1.6 Pythia 6 PU[0]
E [GeV] 1.6 Pythia 6 PU[0] E - [GeV]
HF+ HF
Herwig++ PU[0] Herwig++ PU[0]
1.4 1.4
1.2 1.2
1 1
0.8 0.8
0.6 0.6
0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120
∑ E
HF+
[GeV] ∑E HF
-
[GeV]

(a) Distribuição da soma de energia no (b) Distribuição da soma da energia no


HF (pT > 30 GeV ). HF (pT > 30 GeV ).

Legenda: Total da soma das energias nos dois hemisférios de coordenada z positiva (66b) e
negativa (60b) do CMS, nos eventos de Monte Carlo PYTHIA e HERWIG
normalizadas pela área e nos dados reais.
Fonte: A autora, 2013.
104

Figura 67 - Distribuições do ∆ηmax ,ηmin e Mjj (pT > 30 GeV ).

105
N Events

104

103 CMS - Work in progress


2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1
pT ≥ 30, |η| ≤ 2.5
102

10

1
MC/Data

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1.8 ηmax-η
Data (HLT_Jet15U) min
1.6 Pythia 6 PU[0]
1.4 Herwig++ PU[0]
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ηmax-η
min

(a) Distribuição do ∆ηmax ,ηmin = ηmax − ηmin (pT > 30 GeV ).


104
N Events

CMS - Work in progress


3 2010 Data- s = 7 Tev, L = 1.4 nb-1
10 pT ≥ 30, |η| ≤ 2.5

102

10

1
MC/Data

100 200 300 400


Data (HLT_Jet15U) 500 600 700 800
1.6 Pythia 6 PU[0] Mjj [GeV]
1.4 Herwig++ PU[0]

1.2
1
0.8
0.6
0.4
100 200 300 400 500 600 700 800
Mjj [GeV]

(b) Distribuição da massa sos dijatos inclusivos


(pT > 30 GeV ).

Legenda: Diferença entre o ηmax e ηmin , ∆ηmax ,ηmin = ηmax − ηmin e da massa dos sistema de
dijatos, Mjj nos eventos de Monte Carlo PYTHIA e HERWIG e dados reais.
Fonte: A autora, 2013.
105

Figura 68 - Espectros de energia do hadron nos HFs .

(a) Espectros de energia do hadron no HF + .

(b) Espectros de energia do hadron no HF − .

Legenda: Espectros da contribuição das energias hadrônicas, nos lados positivo (68b) e
negativo (68a) do HF, utilizando os objetos hadrons carregados do PF.
Fonte: A autora, 2013.
106

Figura 69 - Espectro da energia do (eγ) nos HFs.

(a) Espectro de energia do eγ no HF + .

(b) Espectro de energia do eγ no HF − .

Legenda: Espectros de energia da contribuição eletromagnética no calorı́metro HF, utilizando


os objetos eγ do PF.
Fonte: A autora, 2013.
107

3.9 Estudos sobre a evidência de dijatos exclusivos

Nesta seção é apresentado o estudo da observação de dijatos exclusivos com os


dados coletados no perı́odo de 2010.
O critério de seleção dos eventos exclusivos desenvolvido nesta análise, foram: o
explicado na seção 3.4, bem como uma técnica de seleção de eventos utilizando-se algumas
M
variáveis reconstruı́das, tais como Rjj = Mjj X
que é a fração da massa do sistema de dijatos
que é uma técnica similar à que foi utilizada nos experimentos do Tevatron, o CDF e o D/
0 e a variável ∆η que é a diferença entre os valores ηmax e ηmin das partı́culas espalhadas
por evento.
Adotou-se um critério de seleção baseado nas lacunas de pseudorapidez, para isto
aplicou-se um corte nos valores de ηmax e ηmin que requerem atividade na região central
do detetor. Após estes critérios de seleção que requerem atividade central, no caso da
variável Rjj , esta variável não se mostrou eficiente, pois ela depende sensivelmente da
modelagem da simulação de Monte Carlo.
Dado o fato citado acima, a técnica de seleção utilizada, a do ∆η, que é baseada
nas lacunas de pseudorapidez, parece diferenciar bem eventos difrativos de CEP e eventos
não difrativos.
A seleção destes eventos foi abordada na seção 3.4, então serão apresentados ini-
cialmente os resultados desta seleção com e sem as correções da eficiência dos cortes e da
eficiência do trigger nos dados, de forma a verificar a importância destas na normalização.
A Figura 70 mostra as eficiências dos cortes e do trigger, pode-se verificar o quão sensı́veis
são as variáveis de corte ao empilhamento de eventos.

Figura 70 - Distribuição das eficiências.

Legenda: Distribuição das eficiências dos cortes difrativo e do trigger em função da


luminosidade por pacote.
Fonte: A autora, 2013.

A Figura 71 mostra a distribuição do momentum transverso pT para o primeiro 71a


108

e o segundo jato 71b com maior valor de momentum transverso, nos eventos simulados
de dijatos exclusivos, eventos de difração simples, eventos de QCD, eventos de dijatos
de dupla troca de pomeron, assim como os dados sem a correção da eficiência do trigger
e da exclusividade dos cortes (triângulo verde), apenas com a correção da eficiência da
exclusividade dos cortes (triângulo vermelho), apenas com a correção da eficiência do
trigger (quadrado azul) e com ambas as correções (ponto preto). Pode-se observar nessas
Figuras a boa concordância entre dados e Monte Carlo. As Figuras 72 e 73, mostram

Figura 71 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos.


N Events

5 Data 2010 Corrected


10 CMS - Work in progress Data 2010 Corrected (Trigger)
2010 Data - p+p s = 7 Tev, L = 24.4 nb-1
pT ≥ 60 GeV Data 2010 Corrected (Cuts)
104 Data 2010
Pompyt*0.5 SD
ExHuMe*0.5 CEP
103 POMWIG*0.5 DPE
Pythia 6 PU[0]
Herwig++ PU[0]
102

10

1
MC/Data

0 50 100 150 200 250 300 350 400


PT [GeV.c-1]
1.8
1.6
1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0 50 100 150 200 250 300 350 400
PT [GeV.c-1]

(a) Distribuição do momentum transverso do primeiro jato.


N Events

5
10 Data 2010 Corrected
CMS - Work in progress
2010 Data - p+p s = 7 Tev, L = 24.4 nb-1 Data 2010 Corrected (Trigger)
pT ≥ 60 GeV Data 2010 Corrected (Cuts)
4
10 Data 2010
Pompyt*0.5 SD
ExHuMe*0.5 CEP
103 POMWIG*0.5 DPE
Pythia 6 PU[0]
Herwig++ PU[0]
102

10

1
MC/Data

0 50 100 150 200 250 300 350 400


PT [GeV.c-1]
1.8
1.6
1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0 50 100 150 200 250 300 350 400
PT [GeV.c-1]

(b) Distribuição do momentum transverso do segundo jato.

Legenda: Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos mais energéticos nos eventos de
dijatos exclusivos (ExHuMe), eventos de difração simples (POMWIG), eventos DPE
(POMWIG), assim como os eventos de QCD (HERWIG e PYTHIA).
Fonte: A autora, 2013.
109

para os mesmos eventos, as distribuições da diferença do ângulo azimutal ∆φ e ∆η entre os


dois jatos mais energéticos, bem como a diferença entre os momenta transversos dos jatos
73a e a massa do sistema de dijatos 73b. Observa-se nessas Figuras uma boa concordância
entre dados e Monte Carlo.
A seleção destes eventos é baseada na identificação da grande lacuna de rapidez
a nı́vel de detector, para isto utiliza-se o calorı́metro HF, os dados coletados com este
trigger exclusivo são estudados usando a variável reconstruı́da com os objetos do fluxo de
partı́cula PF, ∆η, definida como a diferença absoluta entre os valores da pseudorapidez
máxima (ηmax ) e mı́nima (ηmin ) das partı́culas por evento.
Nas Figuras de 71 a 73 observa-se que o Monte Carlo HERWIG (linha vermelha)
descreve melhor os dados que o Monte Carlo PYTHIA (linha magenta), devido à dis-
crepância na descrição da soma de energia no HF entre PYTHIA e HERWIG, com isso
usou-se o HERWIG para descrever os eventos de MC não difrativos. Há também uma
estatı́stica limitada para as amostras de Monte Carlos não difrativas.

3.10 Incertezas sistemáticas e Resultados

Incertezas sistemáticas

Neste estudo algumas fontes de incertezas sistemáticas foram estudadas. Para os


efeitos sistemáticos a análise completa foi repetida para os desvios em relação ao resultado
nominal, para obter o total da incerteza sistemática. As seguintes fontes de erros foram
consideradas:

• A incerteza da correção da energia dos jatos (57);

• A incerteza da escala de energia das partı́culas do PF foi determinada variando em


10% a energia de todos os objetos do PF;

• A incerteza estatı́sticas na determinação da eficiência do trigger foi calculada em


função da luminosidade instantânea por cruzamento de pacotes dos feixes;

A incerteza total obtida é dada pela soma em quadratura das incertezas relativas, a Figura
74 mostra a incerteza total e as incertezas relativas correspondentes à correção da energia
dos jatos, escala de energia das partı́culas do PF e à incerteza da eficiência do trigger.
110

Figura 72 - Distribuições do ∆φ e ∆η.

5
N Events
10 Data 2010 Corrected
Data 2010 Corrected (Trigger) CMS - Work in progress
Data 2010 Corrected (Cuts) 2010 Data - p+p s = 7 Tev, L = 24.4 nb-1
104
Data 2010 pT ≥ 60 GeV
Pompyt*0.5 SD
103 ExHuMe*0.5 CEP
POMWIG*0.5 DPE
102 Pythia 6 PU[0]
Herwig++ PU[0]

10

10-1
MC/Data

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3


∆φ
1.8 jj

1.6
1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
∆φ
jj

(a) Distribuição do ∆φ.


5
N Events

10 CMS - Work in progress Data 2010 Corrected


Data 2010 Corrected (Trigger)
2010 Data - p+p s = 7 Tev, L = 24.4 nb-1 Data 2010 Corrected (Cuts)
p ≥ 60 GeV Data 2010
104 T Pompyt*0.5 SD
ExHuMe*0.5 CEP
POMWIG*0.5 DPE
Pythia 6 PU[0]
103 Herwig++ PU[0]

102

10

1
MC/Data

0 1 2 3 4 5
∆η
1.8 jj

1.6
1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0 1 2 3 4 5
∆η
jj

(b) Distribuição do ∆η.

Legenda: Distribuição da diferença do ângulo azimutal (72a) entre os dois jatos mais
energéticos e o ∆η (72b) nos eventos de dijatos exclusivos (ExHuMe), eventos de
difração simples (POMWIG), eventos DPE (POMWIG), assim como os eventos de
QCD (HERWIG).
Fonte: A autora, 2013.
111

Figura 73 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos.

N Events
CMS - Work in progress
Data 2010 Corrected
2010 Data - p+p s = 7 Tev, L = 24.4 nb-1 Data 2010 Corrected (Trigger)
104 pT ≥ 60 GeV Data 2010 Corrected (Cuts)
Data 2010
Pompyt*0.5 SD
103 ExHuMe*0.5 CEP
POMWIG*0.5 DPE
Pythia 6 PU[0]
102 Herwig++ PU[0]

10

1
MC/Data

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200


∆ PT [GeV.c-1]
1.8
1.6
1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
∆ PT [GeV.c-1]

(a) Distribuição do ∆pT dos jatos.


5
10
N Events

Data 2010 Corrected


CMS - Work in progress Data 2010 Corrected (Trigger)
2010 Data - p+p s = 7 Tev, L = 24.4 nb-1 Data 2010 Corrected (Cuts)
104 Data 2010
pT ≥ 60 GeV Pompyt*0.5 SD
ExHuMe*0.5 CEP
POMWIG*0.5 DPE
103 Pythia 6 PU[0]
Herwig++ PU[0]

102

10

1
MC/Data

100 200 300 400 500 600 700 800


Mjj [GeV]
1.8
1.6
1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
100 200 300 400 500 600 700 800
Mjj [GeV]

(b) Distribuição da massa invariante dos dijatos, Mjj .

Legenda: Distribuição do ∆pT (73a) dos dois jatos mais energéticos e a distribuição da massa
invariante dos dijatos (73b), Mjj , nos eventos de dijatos exclusivos, eventos de
difração simples, eventos DPE, assim como os eventos de QCD.
Fonte: A autora, 2013.
112

Figura 74 - A incerteza total.

Incerteza Total
JEC
1.8 PF Energy 10%
Trigger
1.6
Total
1.4

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6

ηmax - η
min
Legenda: A incerteza total obtida pela soma em quadratura das incertezas relativas que
corresponde à correção da energia dos jatos, os limiares das partı́culas do PF e a
incerteza da eficiência do trigger.
Fonte: A autora, 2013.

Resultados

As Figuras 75, 76, 77, mostram as distribuições do momentum transverso pT , para


o primeiro (75a) e o segundo jato (75b) com maior valor de momento transverso. As
distribuições da diferença do ângulo azimutal ∆φ e ∆η entre os dois jatos mais energéticos,
bem como a diferença entre os momenta transversos dos jatos (77a), a massa dos dijatos
(77b) e a distribuição da pseudorapidez do objeto do PF mais frontal(78b) ou mais para
trás (78a) nos eventos simulados de dijatos exclusivos, eventos de difração simples, eventos
de QCD, eventos de dijatos de dupla troca de pomeron, assim como os dados com a
correção da eficiência do trigger e da exclusividade dos cortes. Pode-se observar nessas
Figuras a boa concordância entre dados e Monte Carlo.
A variável ∆η = ( ηmax − ηmin ) é sensı́vel para a seleção de eventos CEP quando
a diferença dos valores absolutos desta é muito baixa. Um dos critérios de seleção de
eventos CEP é aplicar cortes em ηmax e ηmin , restringindo a atividade apenas à região
central (ηmax < 3 e ηmin > −3) e certificando-se da ausência de atividade nos calorı́metros
frontais HF, o que caracteriza o espalhamento oposto dos prótons ou eventos com duas
GLR na região frontal.
As Figuras 79 e 80 mostram as distribuições ∆η = ( ηmax − ηmin ) e da fração
M
da massa de dijatos Rjj = Mjj X
, comparado com as previsões dos modelos não difrativos
(HERWIG) e difrativos (POMPYT SD, POMWIG DPE e ExHuMe CEP). Como discutido
no parágrafo anterior, baixos valores da variável ∆η = ( ηmax − ηmin ) indicam a produção
113

Figura 75 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos com as incertezas.

(a) Distribuição do momentum transverso do primeiro jato com as incertezas.

(b) Distribuição do momentum transverso do segundo jato com as incertezas.

Legenda: Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos inclusivos mais energéticos nos
eventos de dijatos exclusivos, eventos de difração simples, eventos DPE, assim como
os eventos de QCD.
Fonte: A autora, 2013.

de dijatos na região central do detetor. Na Figura 79 observa-se um excesso na região de


baixo valor de ∆η, que porém ainda não é bem descrita. Todas as variáveis estão com os
erros sistemáticos representados pela banda amarela.
114

Figura 76 - Distribuições do ∆φ e ∆η com as incertezas.

(a) Distribuição do ∆φ com as incertezas.

(b) Distribuição do ∆ηcom as incertezas.

Legenda: Distribuição da diferença do ângulo azimutal (76a), entre os dois jatos mais
energéticos e o ∆η (76b), dois jatos, nos eventos de dijatos exclusivos (ExHuMe),
eventos de difração simples (POMWIG), eventos DPE (POMWIG), assim como os
eventos de QCD (HERWIG). Lembrando que há baixa estatı́stica no MC.
Fonte: A autora, 2013.
115

Figura 77 - Distribuições dos momenta transversos dos dois jatos com as incertezas.

(a) Distribuição do ∆pT dos jatos com as incertezas.

(b) Distribuição da massa invariante dos dijatos, Mjj com as incertezas.

Legenda: Distribuição do ∆pT (77a) dos dois jatos mais energéticos e a distribuição da massa
invariante dos dijatos (77b), Mjj , nos eventos de dijatos exclusivos, eventos de
difração simples, eventos DPE, assim como os eventos de QCD.
Fonte: A autora, 2013.
116

Figura 78 - Distribuições dos ηmax (ηmin ) com as incertezas.

(a) Distribuição do ηmin com as incertezas.

(b) Distribuição do ηmax com as incertezas.

Legenda: Distribuição da pseudorapidez do objeto do PF mais frontal(78b) ou mais para trás


(78a) nos eventos de dijatos exclusivos, eventos de difração simples, eventos DPE,
assim como os eventos de QCD.
Fonte: A autora, 2013.
117

Figura 79 - Distribuições do ∆η = ( ηmax − ηmin ) com as incertezas.

N Events
105 Work in Progress Data Corrected

24.48 pb-1 at s = 7 TeV


Pompyt*0.05 SD

4
10
ExHuMe*0.05 CEP

POMWIG*0.05 DPE
103

Herwig ND, PU[0]

102
HerwigPU[0]+Pomwig+ExHume+Pompyt

10

0 2 4 6 8 10
ηmax-η
min

Legenda: Distribuição de ∆η = ( ηmax − ηmin ) comparando os dados com os Monte Carlos não
difrativo (HERWIG) e difrativos (POMPYT SD, POMWIG DPE e ExHuMe CEP).
Os erros sistemáticos representados pela banda amarela e o estatı́stico pela barra.
Fonte: A autora, 2013.

Figura 80 - Distribuição do Rjj com as incertezas.

Mjj
Legenda: Distribuição da fração da massa de dijatos, Rjj = MX comparando os dados com os
Monte Carlos não difrativo (HERWIG) e difrativos (POMPYT SD, POMWIG DPE
e ExHuMe CEP). Os erros sistemáticos representados pela banda amarela e o
estatı́stico pela barra.
Fonte: A autora, 2013.
118

A tabela 14 mostra para diferentes bins da variável ηmax − ηmin o número de


eventos observados com os erros estatı́sticos e sistemáticos, bem como o número de eventos
esperados para todas as contribuições difrativas (SD-POMPYT, DPE-POMWIG e CEP-
EXHUME) e não-difrativas (HERWIG) e todas as contribuições exceto o MC EXHUME
(CEP).

Tabela 14 - Número de eventos observados e esperados.

(ηmax − ηmin ) Dados Erro Es- Erro Todos Todos MC ex-


tat. Sist. MC ceto ExHuMe
(CEP)
[0,0;0,5] - - - - -
[0,5;1,0] - - - 1.0 0.5
[1,0;1,5] - - - 6.0 0.5
+54.0
[1,5;2,0] 59.0 ± 8.0 −23.0 20.0 6.0
+113.0
[2,0;2,5] 291.0 ± 17.0 −126.0 201.0 187.0
+303.0
[2,5;3,0] 417.0 ± 20.0 −84.0 570.0 560.0
+502.0
[3,0;3,5] 1374.0 ± 37.0 −563.0 438.0 432.0
+1310.0
[3,5;4,0] 2181.0 ± 47.0 −925.0 1861.0 1859.0
+3323.0
[4,0;4,5] 4519.0 ± 67.0 −1776.0 3098.0 3097.0
+5505.0
[4,0,5;5] 10032.0 ± 100.0 −3276.0 8696.0 8696.0
+5212.0
[5,0;5,5] 9459.0 ± 97.0 −2984.0 7386.0 7386.0
+1584.0
[5,5;6,0] 4469.0 ± 67.0 −1360.0 3383.0 3383.0

Legenda: Número de eventos observados (dados) e esperados para todas as contribuições


(POMPYT-SD, POMWIG-DPE, EXHUME-CEP e HERWIG-ND) e todas as
contribuições exceto o EXHUME.
Fonte: A autora, 2013.
119

CONCLUSÕES

O foco desse trabalho foi o estudo da produção de dijatos exclusivos no CMS.


Para obter os resultados apresentados fez-se necessário estudos sobre o desempenho e
eficiência do trigger de dijatos exclusivos para o sistema de seleção online do experimento
CMS. Foram abordados nessa tese as definições dos triggers, bem como a taxa de eventos
resultantes nas fases de L1 e HLT e a sua evolução em função do aumento de luminosidade,
considerando os cenários de luminosidades correspondentes a L = 1032 cm−2 s−1 e L =
1033 cm−2 s−1 .
Dado o fato de exigir eventos com baixa atividade nos calorı́metros hadrônicos
frontais, fez-se necessário um estudo sobre os limiares no espectro de energia para estabe-
lecer um limiar de energia que não fosse muito baixo, pois poderia selecionar eventos de
ruı́do e nem tão alto porque correria o risco de perder eventos do sinal desejado.
Observou-se durante esse estudo que os dados produzidos pelo Monte Carlo PYTHIA
não estão descrevendo bem a região de baixos valores de energia quando comparado com
os dados coletados no perı́odo de 2010, enquanto que os dados produzidos pelo HERWIG
parecem descrever melhor essa região, sendo necessário um estudo mais aprofundado com
relação a essa discrepância encontrada entre os dados reais coletados em 2010 e os dados
produzidos pelo PYTHIA. Para esta análise de dijatos exclusivos centrais utilizou-se os
dados de QCD produzidos pelo HERWIG como contribuição não difrativa.
Por fim estudou-se a produção de dijatos exclusivos centrais associados a alto

momentum transverso dos jatos em colisões próton-próton a s = 7 T eV .
Observando os dados de 2010 utilizando um filtro de eventos especial, verificou-se
que as variáveis exclusivas são muito sensı́veis ao pile-up, apesar do baixo efeito deste
neste perı́odo de tomada de dados. Utilizando a variável ∆η = ηmax − ηmin para observar
os eventos de sinal, detectou-se um excesso na região de baixo valor desta variável que
compreende a região de (ηmax − ηmin ) entre 1,5 e 2,0, este excesso por sua vez não é bem
descrito. Não foi encontrado sinal significativo nessa região de baixo valor de ηmax − ηmin .
É muito importante dar prosseguimento ao estudo da topologia da região central
exclusiva para que seja possı́vel observar novos resultados e com o uso de novas tecnologias
em desenvolvimento como a do HPS em novas condições do LHC.
120

REFERÊNCIAS

1 DESY. HERA - A Proposal for a Large Electron Proton Colliding Beam Facility at
DESY. Wiik. Hamburgo, 1981, 292 p. Relatório Técnico.

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125

APÊNDICE A – Uma breve introdução sobre jatos

O conceito de jato surgiu em vários contextos desta tese, por isso nesse apêndice
aborda-se algumas idéias relacionadas ao jato. A construção de um jato envolve diferentes
considerações:

• O algoritmo de definição de jato, ele possui parâmetros que regem o comportamento


do jato. Um parâmetro comum é o R, que determina o alcance angular do algoritmo
de jato;

• Para combinar os momenta das partı́culas dentro do jato é preciso especificar


um regime de recombinação, que é simplesmente adicionar os quadri-vetores das
partı́culas.

Considerando em conjunto o algoritmo, seus parâmetros e o esquema de recombinação


obtém-se uma definição de jato.

A.1 Tipos de algoritmos de identificação de jatos

Existem muitos tipos de algoritmos de identificação de jatos, a idéia básica é reduzir


o tempo de processamento e reconstrução, para isso usa-se a técnica combinatória, esse
método é denominado algoritmo de jatos combinatoriais que será abordado a seguir.
Um dos algoritmos de identificação de jato mais simples é o iterative cone (IC)
que faz uma remoção progressiva das partı́culas. Esse algoritmo foi usado pelo experi-
mento CMS durante grande parte de sua preparação para o funcionamento do LHC. O IC
classifica as partı́culas de acordo com seu momentum transverso identificando aquela com
maior momentum transverso, essa partı́cula é conhecida como candidata a jato (seed ),
representada pela letra s. Esse algoritmo desenha um cone de raio R em torno deste
candidato a jato, isso significa identificar todas as partı́culas com

2
∆Ris = (yi − ys )2 + (φi − φs )2 < R2 (38)

onde yi é a pseudorapidez da partı́cula i, φi é o seu azimute, ys e φs a pseudorapidez e o


azimute do candidato a jato.
Após identificar a direção e a soma dos momenta dessas partı́culas ele verifica se
elas não coincidem com a direção do candidato a jato, então essa soma é usada como uma
nova direção do candidato a jato repetindo esse procedimento até que a soma coincida
com o candidato anterior. Isso é conhecido como cone estável, pois as partı́culas que estão
dentro desse cone formam um jato e são removidas da lista de partı́culas no evento. Esse
126

procedimento se repete até que não permaneçam partı́culas, resultando num conjunto
completo de jatos.
A desvantagem no método acima é o uso do momentum transverso pT para decidir
qual será o primeiro candidato a jato. Isso é problemático porque o pT da partı́cula não
é uma quantidade collinear safe.
Outro importante algoritmo é o anti-kT , sua idéia essencial é definir uma medida
de distância entre cada par de partı́culas i e j:
2
1 ∆Rij
dij = (39)
max(p2T i ,p2T j ) R2

onde o “max” refere-se aos objetos que possuem alto momentum transverso e estão
próximos, isso significa que os jatos “crescem” em cı́rculos concêntricos a partir de um
núcleo formado por partı́culas com alto pT até que eles chegam a um raio R, formando
jatos circulares, assim como o cone no algoritmo IC. A Figura 81 mostra regiões no plano
y − φ coberta por jatos em um evento simulado de colisores de hádrons. O algoritmo

Figura 81 - O algoritmo anti-kT forma circular.

Legenda: O algoritmo anti − kT mostra jatos com uma forma cı́rcular.


Fonte: SALAM, 2010. p.29.(58)

anti-kt é colinear(infrared ) safe, significando que ele é seguro para uso das previsões da
QCD de ordem fixa, esta caracterı́stica combinada com o fato de que ele foi implemen-
tado de forma eficiente no código FASTJET (59)(60), fez com que ele fosse adotado como
algoritmo padrão por ambas as colaborações o CMS e o ATLAS.
Devido às complexidades da calibração dos jatos, os experimentos anteriores con-
centram seus esforços em apenas uma ou duas definições de jato, que são utilizados em
toda a linha de estudos da QCD, estudo do quark-top, Higgs e as pesquisas de nova fı́sica.
127

Normalmente as escolhas dos algoritmos de identificação de jatos cobrem uma faixa no


valor de R entre 0,4 − 0,7.

A.2 A reconstrução do Jato

Os jatos considerados nesta tese são reconstruı́dos usando o algoritmo de identi-


ficação anti-kt com o valor do parâmetro do R = 0,5 no plano y − φ. Esse identificador
de jato usa como entrada os quadri-vetores dos depositos de energia ou de partı́culas no
caso da simulação com Monte Carlo.
Os detectores de jatos pertencem a três tipos dependendo da forma como as contri-
buições individuais dos subdetectores são combinadas temos: jatos do calorı́metro, jatos
do jet-plus-track e jatos do fluxo de partı́culas.
Diferentes tipos de objetos servem como entradas para os algoritmos de identi-
ficação de jato. Em relação ao Monte Carlo, geralmente todas as partı́culas estáveis são
submetidas ao procedimento de identificação de jato, o que leva ao gerador de jatos de
partı́culas. Em alguns casos, os neutrinos e múons são excluı́dos desta identificação de
jato pois eles deixam um depósito mı́nimo de energia nos calorı́metros.
Os jatos do calorı́metro (calo) são reconstruı́dos a partir do depósitos de energia
nas torres do calorı́metro. Uma torre do calorı́metro consiste de uma ou mais células
no HCAL e cristais no correspondente geometricamente no ECAL. Na região do barril a
associação entre uma célula do HCAL e 5 × 5 cristais do ECAL formam uma torre do
calorı́metro, já na região das tampas esta associação é mais complexa. Na região frontal
é empregada uma tecnologia diferente que utiliza os sinais de luz Cerenkov coletados
pelas fibras de leitura de quartzo longas e curtas que separa os sinais eletromagnéticos
hadrônicos. Um quadri-momentum é associado a cada posição da torre.
O jato do jet-plus-track (JPT) são jatos do calorı́metro reconstruı́dos cuja resposta
da energia e a resolução são melhoradas incorporando a informação do tracking de acordo
com o algoritmo JPT. Os jatos do calorı́metro são primeiramente reconstruı́dos como des-
crito no parágrafo acima e então associados aos traços das partı́culas carregadas, baseado
na separação espacial entre o eixo do jato e o vetor do momentum do traço medido no
vértice de interação no espaço η − φ. Os traços são curvados para fora do cone devido
ao campo magnético do CMS sendo classificados como traços fora do cone (out-of-cone),
os momenta dos traços das partı́culas carregadas são usados para melhorar a medida de
energia do jato do calorı́metro associado: para os traços dentro do cone (in-cone), a de-
posição da energia média esperada é adicionada a energia do jato, enquanto que para o
caso dos traços fora do cone seus momenta são adicionados diretamente a energia do jato.
128

A.2.1 Os jatos do fluxo de partı́cula

A reconstrução e a identificação de partı́culas estáveis no evento, ou seja, múons,


fótons, hádrons carregados e neutrons é realizada pelo algoritmo de fluxo de partı́culas
(PF) que usa uma combinação de informações de cada subdetectores do CMS, sob a forma
de partı́culas carregadas, traços, energia depositada nos calorı́metros e traços dos múons.
Essa combinação resulta numa ótima determinação da energia, direção e com essa lista
de partı́culas pode-se criar uma variedades de objetos e observáveis(ver figura 82), tais
como: jatos, energia transversa perdida (ETmiss ), taus, léptons, isolamento de fótons e
jato-b tagging, etc.
Os hádrons carregados, elétrons e múons são reconstruı́dos a partir dos traços no
sistema de tracking, fótons e hádrons neutrons são reconstruı́dos a partir das energias
nos calorı́metros no ECAL e HCAL separadas das posições extrapoladas do sistema de
tracking.
Uma partı́cula neutra que se sobrepõe a uma partı́cula carregada é identificada
como um excesso de energia no calorı́metro no que diz respeito a soma dos momenta
associada a trajetória da partı́cula. A energia dos fótons é obtida diretamente da medida
do ECAL, corrigidas pelo efeito de supressão nula. A energia do elétron é determinada
através da combinação do momentum dos traços no vértice da interação, a deposição de
energia no ECAL e a soma de todos fótons breamsstrahlung associados com os traços.
A energia dos múons é obtida através do momentum do traço. A energia dos hádrons
carregados é determinada através da combinação do depósito de energia nos calorı́metros
(ECAL e HCAL) e o momentum da partı́cula reconstruı́da no sistema de tracking, cor-
rigida pelo efeito de supressão nula e calibrada pela reposta não linear dos calorı́metros.
A energia dos hádrons neutrons é obtida através da energia calibrada depositada nos
calorı́metros.
A informação do momentum e resolução espacial do jato do PF são melhores
quando comparadas com as dos jatos do calorı́metro, pois usa o sistema de tracking
combinado com a alta granularidade do ECAl que permite a medida de hádrons carregados
e fótons dentro de um jato, juntos eles constituem uma grande por centagem da energia
do jato.
A partir de agora nos referimos aos jatos do fluxo de partı́cula como PFJatos,
espera-se no que se refere a performance com jatos, a fração de energia carregada pelas
partı́culas carregadas, fótons e hádrons neutrons são respectivamante 65%, 25% e 10%.
Isto garante que 90% da energia do jato é reconstruı́da com uma boa precisão pelo algo-
ritmo do PF, tanto em termos de valor e de direção, ao passo que apenas 10% da energia
é afetada, devido a resolução do calorı́metro hadrônico e pelas correções de calibração
da ordem de 10 a 20%. Como consequência, espera-se que jatos criados de partı́culas
reconstruı́das sejam similares a jatos produzidos por geradores de Monte Carlo, quando
129

comparado com os jatos criados somente com a informação do calorı́metro, no sentido da


energia, direção e conteúdo.

Figura 82 - Fluxo de partı́culas no CMS.

Legenda: A lista individual de partı́culas é então usada pra construir jatos, para determinar a
energia transversa perdida, para construir e identificar os produtos do decaimento,
para tag de jatos-b, etc.
Fonte: SALAM, 2010.p.85. (58)

A.3 Correção da energia do jato

Como ambos os calorı́metro e os objetos do fluxo de partı́culas não são capazes


de explicar a energia completa dos jatos, uma série de correções para os momenta são
necessárias. A colaboração do CMS utiliza uma abordagem de multi-nı́vel fatorizada, as
correções são aplicadas em seqüência pois cada uma tem um objetivo especı́fico, faz-se de
uma forma em que apenas algumas das correções são obrigatórias, enquanto as outras são
aplicadas no caso de uma análise particular exigir. Pode-se expressar matematicamente
da seguinte maneira:

ECaloJato Corrigida = (ECaloJato − Of f set) × Rel(η,p0T ) × Abs(p00T ) (40)

onde o E representa energia, Abs é a correção absoluta em função do momemtum trans-


verso e Rel é a correção relativa em função da pseudorapidez e do momentum transverso.
Aqui pT e η são pseudorapidez e momentum transverso reconstruı́dos, o p0T é o momentum
130

transverso do jato corrigido com o offset e

p00T = p0T × Rel(η,p0T ) (41)

é o momentum transverso do jato corrigido por offset e pela dependência da pseudorapi-


dez.
Os sete nı́veis de correções estão detalhados a seguir:

Figura 83 - Correções dos jatos no CMS.

Legenda: Correções dos jatos no CMS. Faz-se uso de uma abordagem de multi-nı́veis, em que
os primeiros três nı́veis são requeridos e os outros são opcionais, ou seja, depende da
análise especificamente.
Fonte: A autora, 2013.

• L1: Correção Offset


Corrige ruı́do eletrônico e suprime o pile-up antes de chamar o algoritmo do jato
com um conjunto de cortes nas energias ou aplicar o algoritmo de subtração do
pile-up;

• L2: Correção Relativa


A finalidade da correção L2 é corrigir jatos relativos a η arbitrária a uma região de
controle na qual a calibração absoluta seja mais fácil. Como conseqüência a esta
correção, a resposta do jato torna-se plana em função da pseudorapidez. A correção
é obtida usando o MC truth ou através de um método de dados orientado (balanço
de dijatos);

• L3: Correção Absoluta


Uma vez que o jato foi corrigido por L2, ele é corrigido novamente a nı́vel de
partı́culas, isto é, o pT do CaloJato corrigido é igual , em média, ao pT do jato
gerado (GenJato). Esta correção faz com que a resposta do jato torne-se plana em
função do momentum transverso. A correção absoluta é obtida usando informações
do MC truth ou através da técnica de dados orientados (Z /γ+ balanço do jato);
131

• L4: Correção da Fração da energia Eletromagnética


Esta correção opcional faz com que a resposta do jato torne-se uniforme em função
da fração de energia eletromagnética. (61)

• L5: Correção do Sabor


Corrige a dependência do sabor do jato, ou seja, diferentes correções são necessárias
numa análise de sabores de jatos individuais (uds, c, b, gluon). Esta correção age a
nı́vel de partı́culas. Para obter esta correção utiliza-se eventos de dijatos de QCD e
eventos de pares de top-quark (62);

• L6: Correção UE
Correção opcional para contribuições de underlying events(63);

• L7: Correção a nı́vel do Párton


A função desta correção foi calculada comparando o momentum transverso do Gen-
Jato com párton correspondente de (∆R < 0,15) (64).
132

APÊNDICE B – O efeito do pile-up

Este capı́tulo descreve o tratamento dado neste estudo ao empilhamento dos even-
tos na região frontal e constitui um ponto de importante preocupação. Isto se deve a
necessidade de podermos ou não obter um sinal da fı́sica desejada sem a contaminação
desse tipo de evento.

B.1 O Pile-up

Existem diversos cenários de operações no LHC que fornecem várias oportunida-


des para fı́sica na região frontal e, em particular, para a difração. Esses cenários estão
sumarizados na tabela 15 caracterizada pelo valor betatron β ∗9 e pela luminosidade al-
cançável(65).

Tabela 15 - Cenários difrativos: L É a luminosidade instantânea, k é o número de pacotes; a


luminosidade declarada tem um máximo de 1011 prótons por pacote, exceto para o
valor de β05(indica o intervalo de β que vai de β = 0,55 m a β = 2 m) onde
sãoconsiderados valores menores de densidade de prótons na fase de
comissionamento2 do LHC.

Cenários β ∗ [m] k L cm−2 s−1 Objetivos


β05 0,55-2 936-2808 1032 − 2 × 1033 difraçãodura
β18 18 936-2808 1032 difraçãodura
β90 90 156 3 × 1030 difração(semi)dura
β1540 1540 156 2 × 1029 difraçãosuave
Fonte: The CMS and Totem diffractive and forward physics working group, 2006.(66)

O LHC operou inicialmente com uma densidade reduzida de prótons por pacotes
com β ∗ = 2 m(67), com um número máximo de pacotes de 43 a 156 para reduzir riscos
de quenches 3 nos magnetos supercondutores. Logo após o inı́cio das operações, o número
máximo de pacotes passará para k = 2808, com um número adicional de prótons por

9
A função β é um dos parâmetros caracterı́sticos da estrutura do feixe (ou do envelope do feixe) ao
longo do anel do acelerador. Nos pontos de interações, os feixes são fortemente focalizados enquanto
que ao longo do acelerador eles seguem uma estrutura regular. O β ∗ determina o tamanho do feixe no
ponto de interação
2
A fase de comissionamento é o momento em que já se fez os teste que confirmam a possibilidade de
instalação das diferentes partes do detector.
3
Um quench é fase de transição do estado de supercondução para o estado de condução normal.
133

pacote. Para a medida de processos de difraçãodura e pesquisa de novas partı́culas em


reaçõesdifrativas exclusivas centrais (DEC), é exigida uma luminosidade integrada de
1 − 10f b−1 .
De todos os estados finais do LHC, quase 50% abrangerá estados finais difrativos
e o estudo deles contribuirá para tornar clara a estrutura do próton e o entendimento da
transiçãodo regime nãoperturbativo do espalhamento elástico de baixo momentum trans-
ferido ao quadrado, t, e da difraçãodura, onde as lacunas de rapidez que é uma região com
ausência de partı́culas e os prótons de estado final coexistem com estado final de alto pT .

O estudo no cenário de luminosidade “inicial”, L . 1029 cm−2 s−1 , e em seguida com


“baixa” luminosidade, L = 1032 cm−2 s−1 , sãoparticularmente interessantes por causa da
excelente cobertura em ξ (fraçãodo momentum perdido pelo próton) e da boa resoluçãoem
t o que permite análises variadas em eventos difrativos suaves e duros. Eventos de di-
fraçãosimples inclusivos (SD)4 , pp −→ pX, e dupla troca de Pomeron (DPE)5 , pp −→ pXp
inclusivos, podem ser estudados tanto com luminosidade inicial quanto com luminosidade
baixa exigindo que mesmo na presença de prótons frontais rápidos ou com uma ou duas
lacunas de rapidez no evento.
Algumas quantidades importantes a medir no LHC sãoseçãode choque integrada
dos processos (SD) e (DPE), bem como o espectro da massa difrativa MX que nos informa
o espaço de fase disponı́vel para produção de objetos pesados, a dependência de t, que nos
mostra quão periférica é a interação estudada, assim como a energia de cada processo,
que separadamente apresenta um parâmetro da QCD não-perturbativa(66).
A alta luminosidade disponı́vel no LHC fornece uma grande oportunidade para
estudos de processos difrativos raros, como por exemplo a produçãode quarks top em
DPE. A produçãodifrativa de quarks t dará acesso a PDFs6 difrativas e a probabilidade
de sobrevivência do gap (66). Porém a alta luminosidade traz um grande desafio: o pile-
up. O infortúnio é que a alta luminosidade, ocorrem multiplas colisões por cruzamento dos
pacotes. Pode-se quantificar a dimensãodo problema porque a seçãode choque esperada
para o LHC é tipicamente ≈ 100 vezes superior a dos processos diffrativos correspondentes.
Devido é alta luminosidade do LHC, os eventos de espalhamentos duros serão
sobreposto com uma quantidade de eventos suaves, o número de eventos suaves que serão
sobrepostos dependem do valor da luminosidade.
Para uma luminosidade intantânea de 2 × 1033 cm−2 s−1 , o numero médio é de 7
eventos de pile-up por cruzamento, a 1 × 1034 cm−2 s−1 chega a 35 eventos adicionais.

4
Single Diffractive
5
Double Pomeron Exchange
6
Parton Distribution Function
134

Desses eventos de pile-up, cerca de 3% contém um próton dentro da aceptância dos de-
tectores próximos ao feixe.

Na seleçãode eventos difrativos no CMS a alta luminosidade, o pile-up será uma


grande fonte de fundo indesejável (background ). Podemos exemplificar esse ponto com o
caso da produçãoexclusiva central (CEP )7 (68) do bóson de Higgs com massa de 120GeV ,
pp −→ pHp, que decai em um par de jatos contendo quarks b.
Outro exemplo é a de dijatos inclusivos, quando ocorrem concomitantemente com
eventos de pile-up que possuem leading próton8 dentro da aceptância dos detectores fron-
tais, pois tem assinaturas parecidas com as do sinal.
Com a luminosidade instantânea de 2×1033 cm−2 s−1 , chega-se a uma estimativa de
um número de eventos da ordem de mil eventos de dijatos inclusivos que sãoconfundidos
como sendo eventos de sinal. Estes resultados das simulações realizadas pelos grupos do
CMS são muito estimulantes para realizarmos as observações com eventos reais.

B.2 A experiência do CDF com o pile-up

Observando a topologia de difraçãosimples dura a alta luminosidade, onde o nu-


mero médio de eventos de pile-up por cruzamento é & 1.0.
Tomando o Tevatron como um exemplo, temos que de todos os dijatos centrais
(ou bósons W e Z) somente 1% sãode difraçãosimples dura (69),(70),(71),(72), enquanto
que 10% das interaçõestotais sãodifrativas e tem um leading próton. O detector CDF
localizado no Tevatron/Fermilab, tem-se dois triggers podem ser comparados, um trigger
de dijato “JJ” central (inclusivo) e o mesmo trigger com antipróton frontal coincidente
“pJJ”. A baixa luminosidade a razão pJJ JJ
é ∼ 1%, mas a alta luminosidade, L ∼ 2 × 1031
cm−2 s−1 é superior a 10% com o aumento da luminosidade ( L2 ) e o numero médio de
interaçõespor cruzamento, n̄, ainda é somente n̄ = 0.75.
Mesmo com n̄ < 1 cerca de 90% dos eventos sãode pile-up. Para remediar isto o
CDF utiliza detectores frontais na direçãodo anti-próton frontal e emprega um método
que utiliza mais informaçõesa partir da detecçãoda energia transversa ET e pseudorapidez
η, de todas as partı́culas(ou chuveiros do calorı́metro), excluindo o leading anti-próton.
Outra soluçãoé exigir nenhum hádron num gap frontal onde ∆η & 1.0. Podemos também
estimar o valor da fraçãodo momentum perdida pelo próton ξ através da conservaçãode
energia (E) e momentum (pz ) (73):

7
Central Exclusive Production
8
um próton de estado final com alto momentum longitudinal e ξ < 0,15
135

1 X
ξ0 = √ ET e±η (42)
s particulas

No CDF os anti-prótons detectados tem um valor de η negativo, essas partı́culas


contribuem efetivamente na soma de ξ enquanto que as partı́culas do lado positivo de η
são irrelevantes.
Através dos detectores Roman pot no CDF é possı́vel detectar o ξp̄ e ter a baixa
luminosidade ξp̄ ≈ ξ 0 , onde ξ 0 é um bom estimador de ξ. Quando L = 0,6 × 1031 e n̄ = 0,2,
pile-up e sinal são aproximadamente iguais.
O experimento UA8 tinha como principal objetivo estudar a estrutura dos jatos
hadrônicos do colisor de próton-antipróton, Spp̄S (Super pp̄ Synchrotron), no CERN (74)
foi o pioneiro no estudo de difraçãodura observando a produçãode jatos de alto momen-

tum transverso, pT , nos processos p + p̄ −→ p + Jato1 + Jato2 + X a s = 630GeV ,
esse experimento por sua vez utilizou outra técnica para tratar o problema do pile-up,
sicronizando os detetores centrais, reconstruindo somente um vértice central e ptot , a soma
do momentum do próton pz e a energia longitudinal no calorı́metro UA2(75) no lado do
próton, que nãodeveria ser superior ao pf eixe .
Porém exigir nenhum pile-up para difraçãosimples dura traz uma consequência que
é a luminosidade efetiva para interações simples Lef é menor que a medida Lme . Para o
CDF a Lme foi 530 pb−1 enquanto que a Lef foi somente 45 pb−1 .
Tratando-se de alta luminosidade para o LHC, a condiçãode operaçãonominal de
acordo com a tabela 16 somente uma fraçãoda luminosidade emitida consiste de colisões
com interaçõespróton-próton simples. Durante o perı́odo inicial de colisãoserá obtida a
luminosidade total esperada para difraçãosimples dura.

Tabela 16 - A tabela mostra o número médio de interaçõespor cruzamento do feixe para


diferentes condiçõesde operaçãono LHC e luminossidade efetiva. O k é o número
de pacotes e a última coluna indica a fraçãode luminosidade efetiva quando se
exige uma interaçãosimples.
L
Lme cm−2 s−1 k n̄/cruzamento Lmeef

3 × 1029 43 0,07 0,95


2 × 1031 156 1,26 0,40
1 × 1032 156 6,30 0,01
1 × 1032 936 1,05 0,46
2 × 1033 2808 7 0,006
Fonte: The CMS and Totem diffractive and forward physics working group, 2006. (66)
136

B.3 Estimando o empilhamento de eventos no CMS

Para estimar o empilhamento de eventos a partir de dados reais utiliza-se a in-


formação da luminosidade instantânea de cada cruzamento do pacote (xing) isso para
cada seção de luminosidade que é de 23,3 segundos, então multiplica-se esta luminosidade
instantânea pela seção de choque de minimum bias de 71,3 mb, com isto espera-se a taxa
de empilhamentos por segundo para este cruzamento e seção de luminosidade.

R = Lxing,ls × σminimum bias (43)

O número de eventos é convertido a partir da taxa de empilhamento de eventos,


para isso é necessário saber o tempo que um pacote leva para dar uma volta no anel, com
um espaço entre os pacotes de 25 ns e 3564 pacotes tem-se um tempo total de 89,1 µs.
Invertendo isso temos que um pacote circula com uma taxa de Rc = 1223 Hz. Então
para o número de pile-up temos:

Lxing,ls σminimum bias


NP U,xing,ls = (44)
Rc

Como calculamos isto para cada cruzamento em cada seção de luminosidade, faz-se
necessário usar um peso que é a luminosidade integrada gravada devido a este cruzamento
e seção de luminosidade.

Z
L = Lxing.ls × tempolumi × f (45)

onde o tempolumi corresponde a duração da seção de luminosidade de 23.3 segundos.


Cada perı́odo de execução é então a soma de toda a sua seção de luminosidade.
Veremos agora o que obtemos da distribuição do empilhamento de eventos, isto é
feito usando o pacote RecoLuminosityLumiDB, onde se encontram os códigos “lumicalc”
e “estimatePileup.py”, o primeiro código além de pegar a informação da luminosidade por
seção de luminosidade, ele também entrega a luminosidade instantânea pacote por pacote
de prótons dos feixes. O que ele faz é examinar todos os pacotes e mantê-los com uma
luminosidade superior a um determinado limiar que correntemente é 1−4 .
A informação é adicionada em um arquivo CSV, nele temos para cada pacote, um
par de número correspondente ao pacote e a luminosidade instantânea, isto para cada
perı́odo de execução(run). Este código faz uso de um arquivo tipo JSON como entrada.
Com o segundo código estimamos o valor esperado do empilhamento de eventos baseado
na seção de choque de minimum bias e a luminosidade instantânea do cruzamento do feixe
137

(xing). Isto produzirá um arquivo root com um histograma (ver Figura 84) que contém a
distribuição estimada do número de empilhamento de eventos devidamente normalizada.

Figura 84 - Distribuição do pile-up nos dados.

Legenda: Distribuição do empilhamento de eventos estimado para o perı́odo de dados coletados


em 2010 correspondendo aos runs 146240 − 149711 dos dados de multijatos.
Fonte: A autora, 2013.

B.4 O empilhamento de eventos no Monte Carlo

Devido a interação adicional que ocorre em cada cruzamento do feixe porque a


luminosidade instantânea pacote por pacote é muito alta faz-se necessário simularmos
este efeito no Monte Carlo também, para termos uma boa concordância entre eles. O
temo “adicional” implica em que há uma interação de espalhamento duro que dispara
o seletor de eventos online. Como a seção de choque inelástica total é 70 mb, então se
a luminosidade por colisão é em torno desse valor, tem-se em média uma interação por
cruzamento.
O uso do número dos vértices primários se mostrou eficiente, porém eles são influ-
enciados pelos critérios de seleção de eventos off-line e até mesmo pelo seletor de eventos
online sendo necessário uma outra alternativa que é simular este efeito no Monte Carlo.
As amostras de produção de Monte Carlo são geradas com as distribuições para o número
aproximado de interações de empilhamento de eventos, embora não coincida exatamente
138

com as condições previstas para cada perı́odo de dados coletados.


Para fatorizar estes efeitos, em vez de reponderar o Monte Carlo pelo número
de vértices primários reconstruı́dos, o número de empilhamento de eventos é ponderado
novamente através da coleção de informação do empilhamento de eventos simulado e
armazenado para cada evento no Monte Carlo. O número de interações presente em cada
cruzamento do pacote é salva para os eventos de Monte Carlo, tanto na simulação rápida
quanto na simulação completa.
Para a simulação do empilhamento de eventos no Monte Carlo, uma distribuição
de entrada é especificada para cada conjunto de amostras produzidas, que é suposta
representar a distribuição da média do número de interações observadas durante a tomada
de dados. A simulação prossegue da seguinte forma:

• Tem-se que para cada evento o número médio de interações por cruzamento é esco-
lhido através de um histograma de entrada, isto ajusta a luminosidade instantânea
a ser simulada para todos os cruzamentos do pacote neste evento. Para cada evento
este valor é registrado como número de interação “real”;

• O número de interações é adicionado aleatoriamente através de uma distribuição


de Poisson, com uma média igual ao valor escolhido no item anterior, isto para
cada cruzamento do pacote, ambos em empilhamento de evento “sincronizado” e
“não sincronizado” . O termo “sincronizado” refere-se as interações que ocorrem no
cruzamento do pacote que dispara o seletor de eventos, enquanto que o termo “não
sincronizado” corresponde a interações que ocorrem nos cruzamentos dos pacotes
antes ou depois do tempo de interação. Isto depende do tempo de integração dos
elementos dos diferentes detetores, estas interações deixam energias ou traços no
detetor.
O sistema de traços por exemplo é sensı́vel ao empilhamento “sincronizado”, os
calorı́metros são sensı́veis ao empilhamento “não sincronizado” e a câmara de múons
também.

A distribuição de entrada ideal para a produção de Monte Carlo usada nesta análise
descreve o cenário de baixa luminosidade no perı́odo de dados coletados em 2010, onde
o número de pacotes (Bx) corresponde a 156. A Figura 85 mostra a distribuição de
empilhamento de eventos simulado no Monte Carlo usado nesta análise. Para esse perı́odo
temos apenas empilhamento de evento “sincronizado”.
Para comparar dados com Monte Carlo, os eventos de Monte Carlo são repon-
derados de forma que as distribuições de energia adicionais e traços de interações de
empilhamento extras são ajustados a serem os mesmos. Consegue-se isto dando a cada
evento de Monte Carlo um peso que corresponde à probabilidade de que o número de
interações num dado evento de Monte Carlo ocorre na amostra de dados.
139

Figura 85 - Distrinuição do pile-upno MC.

Legenda: Distribuição do empilhamento de eventos simulado no MC correspondendo ao


perı́odo de dados coletados em 2010 com energia de centro de massa de 7 GeV .
Fonte: A autora, 2013.

O número de empilhamento estimados tem que ser dividido pela distribuição dos
números de empilhamentos gerados e adequadamente normalizados. Na Figura 86 temos
a razão das distribuições de dados e Monte Carlo que é usada para calcular um peso para
cada evento.
140

Figura 86 - Distrinuição da razão das distribuições de pile-upnos dados e MC.

Legenda: Distribuição do empilhamento de eventos simulado no MC em vermelho e o estimado


nos dados em preto, bem como a raznao entre estas distribuições correspondendo ao
perı́odo de dados coletados em 2010 com energia de centro de massa de 7 GeV .
Fonte: A autora, 2013.
141

Tabela 17 - A tabela mostra o número médio de interaçõespor cruzamento do feixe para o


perı́odo de operaçãono LHC correspondente a 2010. A primeira coluna
corresponde ao número de interações e a última coluna indica o peso
correspondente que deve ser aplicado a cada evento.

Número de interações de PU Peso


0 1,11792
1 1,13454
2 1,02293
3 0,910677
4 0,843553
5 0,797765
6 0,771152
7 0,510392
8 0,328747
9 0.353595
10 0.355939
11 0
12 0
13 0
14 0
15 0
16 0
17 0
18 0
19 0
20 0
21 0
22 0
23 0
24 0
Fonte: A autora, 2013.

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