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Português

A.Q.: Bom dia, eu sou Antero de Quental, conhecido


poeta português que influenciou a geração de 70 e um
dos fundadores do partido socialista português. Com 16
anos, ingressei num curso de direito na universidade de
Coimbra e aí manifestei as minhas primeiras ideias
socialistas fundando uma sociedade que pretendia
renovar o país pela literatura. Dediquei toda a minha a
vida à poesia, à filosofia e à política, contrariamente ao
meu opositor, e hoje estou aqui como candidato a
presidente da república.
C.V.: Bom dia meus caros eleitores, eu sou o Joaquim
Verde, mais conhecido como Cesário Verde, famoso
poeta português. Posso não ter tido uma vida dedicada à
política, já que com 18 anos ingressei num curso superior
de línguas, do qual desisti, mas desde pequeno observei
este mundo como um de vós, do povo. Graças a isso,
apresento-me hoje aqui com uma proposta para
melhorar este país.
A.Q.: Tal como na minha poesia, eu busco um ideal para
este país, assente na paz, na liberdade, na justiça e
apelando à razão “irmã do amor e da justiça” que por ela
na arena trágica as nações buscam liberdade entre os
clarões. Eu busco mudanças, revoluções isto está
implícito na minha poesia, trouxe até um poema para vos
ler:
Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,
Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno...
Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!
Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate.
Vocês eleitores, são os soldados do futuro e podem levar
este país a mudança me elegendo como presidente.
C.V: Já que o meu colega aqui decidiu envolver a poesia
nesta discussão, irei recitar uns versos de um poema meu,
muito conhecido:
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Como podemos reparar, esta cidade encontra-se numa tal
desigualdade e falta de valores morais, que me entristece,
traz-me uma tal melancolia, diferente do campo, local
onde eu gostaria de habitar. Não sendo isto possível, pelo
menos, tentaremos trazer a este país a glória dos nossos
antepassados.
Ao contrário do meu caro Antero, eu sei que é impossível
buscar um ideal, “isso tudo é falso, é maquinal/ sem vida,
como um círculo ou um quadrado,”. Eu utilizo os meus
sentidos para observar o real, criticá-lo e procurar formas
de solucionar os seus problemas, não busco algo perfeito,
algo irreal.
A.Q.: Tu dizes que o ideal que eu busco é fingido e
impossível de alcançar e isso traz-me uma tremenda
angústia. Como pode uma demanda que eu tanto anseio
ser irreal? Sempre ouvi dizer que “Em toda a parte há luz,
vida e carinho!”. Confiem em mim, meus caros eleitores.
“Eu sou um cavaleiro andante” e pretendo tornar este país
num “palácio encantado da Ventura”!
C.V.: Eu sou o repórter do quotidiano, assisto às
desigualdades deste mundo, e prometo-vos. “Como a raça
do porvir, /E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes, /
Nós vamos explorar todos os continentes/ E pelas
vastidões aquáticas seguir!”.
Todos: VOTEM EM MIM!!!

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