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- Você ficou sabendo? Parece que o pó de Tarot da professora Sina foi roubado – Uma garota
que eu não reconheci por voz falou
- Sim, me disseram que estão suspeitando da garota sem Tatva, o pó de Tarô é a única coisa
que ajuda uma coitada daquelas – A outra garota pronunciou, pela voz, era Luna a garota mais
plagiada da minha classe.
Ela se gaba por ser filha de uma conselheira da baixa classe, falando que pode entrar e sair do
Distrito Génikos quando quiser; por algum motivo ela me odeia, talvez seja pelo fato de eu ser
a “Ação de Caridade da Conselheira Geral da Elite”.
Elas continuaram falando de mim e quando percebi as vozes se aproximando da porta, eu a
abri e sai, as duas me olharam como se fosse um fantasma, apenas olhei pra elas de cima a
baixo e soltei um “Tsc Idiotas”, Em seguida tomei meu rumo até a sala com a duplinha de
perfeitinhas atrás de mim, elas sussurravam demais, pareciam duas moscas no meu pé do
ouvido.
Entrei na sala e me sentei no meu lugar, quando os alto-falantes soaram novamente, Todos
ficaram em silêncio esperando a voz da diretora sair, finalmente explicando o porquê de ter
chamado a atenção de todos.
- Noah Sáfi, Venha a minha sala – Confesso que mesmo com a cara assustada, sabia porque
estavam me chamando
Levantei-me e um grupo inteiro se juntou para ficar falando “Eiiiita”, Apenas decidi ignorar e
saí da sala.
No Caminho para a sala da diretora, um rastro de algo brilhante ia para uma direção oposta à
da Sala principal, Olhei para todos os lados e me certifiquei de que ninguém me visse, assim
segui o rastro até o armário do zelador, ouvi barulhos vindo dali e encostei minha orelha para
ouvir melhor, Com certeza eram sussurros, Femininos por sinal, mas não consegui abrir a porta
de imediato.
- Acabei de te chamar para minha sala Sáfi, o que faz aqui? – A diretora me abordou, me
Assustando
- Diretora, Acho que encontrei o Ladrão de Pó de Tarô, abra a porta- Falei sussurrando, não
queria que sei lá quem fosse, soubesse que tinham descoberto
A diretora entrou em minha frente e abriu a porta com força, logo revelando uma garota do
com os saquinhos de pó de Tarô, A Garota olhou assustadoramente para nós e sorriu
debochadamente.
Logo notei que ela não tinha nenhum traço de Paniana, Ela tem olhos violeta e suas mãos
tinham desenhos, provavelmente rituais de magia para o uso do pó de Tarô, mas antes que
terminasse de analisá-la, a mesma decidiu se pronunciar.
- Ops, achei que tinha limpado tudo... que pena, mas acho que sua reserva de pó acabou – ela
sorriu e jogou um pouco de pó no chão, sumindo misteriosamente.
Eu e a Diretora nos entreolhamos espantadas, Nunca tinha visto aquela raça, não parecia ser
um híbrido, o violeta que emanava da garota era mais forte do que a combinação de Pani com
Aga, era uma raça de Tatva nova? Ou algo pior que isso?
Não tive muito tempo pra pensar no que aquela garota era, a diretora me puxou me levando
até a sua sala, ela estava ofegante, parecia desesperada com algo.
Ela se sentou na sua cadeira e pegou o telefone, ligando para alguém, provavelmente do
conselho.
Minutos depois, Sukra e os seus dois Sub conselheiros apareceram na sala da diretora, pedindo
para que ela explicasse a situação.
- Hoje quando estava voltando de uma reunião, alguns alunos me informaram que o Pó de
Tarô da professora Sina havia sumido e presumiam que Noah tinha cometido o roubo – Ela
tentava se acalmar mas ainda parecia assustada
- Chamei Noah para vir aqui, mas quando ela não apareceu decidi procurá-la e dei de cara com
ela na frente do armário do zelador e um rastro brilhante pelo chão –
Enquanto ela falava, resolvi encostar num canto, e voltei a pensar naquela garota,
Sua aparência não era deteriorada, era extremamente jovem, e o violeta que iluminava seus
olhos e os desenhos em suas mãos pareciam me chamar, pedindo para que eu me
aproximasse dela.
Logo fui retirada de meus pensamentos quando percebi que estavam me chamando.
- Noah? Você confirma esses acontecimentos? – A sub conselheira falou enquanto todos os
presentes ali me observavam
- Obrigada por nos informar, Darcy, iremos comunicar a central da Conselheira Mestre, no
entanto, é melhor dispensar os alunos mais cedo, como vou demorar no conselho, pode ir pra
casa sozinha Noah – Sukra pronunciou, dei um leve sorriso vitorioso, era a minha oportunidade
de sumir de vista
- Certo, Noah está dispensada- A diretora falou e assim eu fui até a porta da sala, abri e sai,
observei novamente a trilha de pó, agora ela estava num tom arroxeado, acabei me
aproximando ainda mais, quase tocando no pó, algo dentro de mim dizia para tocar.
Não consegui conter minha curiosidade e toquei.
A última coisa que vi e ouvi foi a porta da diretoria sendo aberta e uma fala de Sukra
Acordei sentindo dificuldade de ver com a claridade do local, me sentei e esfreguei um pouco
os olhos, tentando me acostumar com a luz.
Observei o local em que estava, A enfermaria da escola, comecei a escutar uma discussão
então prestei atenção para saber o que estava acontecendo
- Ela estava perto do pó Sra, Temos a confirmação de que ele foi modificado pela cor do
mesmo –
Estavam falando de mim, logo mudei minha atenção, minha bolsa estava na cadeira e a janela
estava aberta, era minha oportunidade de Fugir, mas não me sentia bem, ainda não tinha
muita noção do que eu estava fazendo então decidi ficar.
Sukra entrou no quarto com uma cara preocupada e rapidamente me abraçou
-Você está bem? Sente Alguma dor?- Ela se separou e olhou para mim
-Sim Estou, Só sinto tontura ainda- falei meio arrastado
-Sim…-
Eu ia levantar quando ela me pegou no colo, foi estranho, Mas eu não questionei, sentia falta
de quando ela fazia essas coisas então deixei apenas acontecer.
Ela me colocou na minha cama assim que chegamos, esperei ela sair do quarto para pegar meu
telefone na bolsa, verifiquei se tinha algum gravador de chamadas ou localizador, felizmente
ela não mexeu em nada, logo liguei pra Yuna.
- E aí Rapunzel de Pani, vai vir não? – Yuna atendeu e nem consegui falar primeiro
- Talvez os distritos entrem em estado de emergência, Hoje na escola uma garota estranha
roubou o pó de Tarot de todos os professores e funcionários, o problema é que ela parece ser
uma raça desconhecida e ela modificou o pó –
- Uou, então você tem que dar um jeito no plano, antes que isso seja informado ao conselho,
vão fechar as fronteiras e iniciar as caças a essa nova raça, você sabe né? –
- Ainda não, espera vou olhar aqui – fui até o banheiro do meu quarto e liguei a luz,
observando meu rosto – Eu acho que não- QUE MERDA É ESSA?! –
- M-meus olhos, TÃO MUDANDO DE COR?! – Eu estava desesperada, vez ou outra a cor roxo
oscilava com o castanho natural da minha íris
- Meu senhor amado... – escutei um barulho de tapa, ela com certeza tinha feito o facepalm
- Tá ficando roxo Yuna, o que eu faço?! Se a Sukra ver isso el- Yuna me interrompeu
- precisamos saber o que é isso, minha mãe é especialista em raças, lembra? Arruma um jeito
de vir logo –
- Tenho que ir agora, se cuida pelo amor do senhor Noah Sáfi, ou eu te esgano –
/capítulo 3/
Acordei totalmente desanimada, levantei e fui me arrumar para a escola, fiquei pronta rápido,
mas quando eu abri minha bolsa, vi os itens que havia colocado junto dos livros para fugir,
retirei tudo e guardei em seus devidos lugares, peguei a mochila e saí, mas não peguei o
caminho para a escola, resolvi passear pela floresta que fica ao lado contrário ao da escola.
Quando cheguei na “entrada” da Floresta eu resolvi olhar para trás vendo todas as crianças
felizes indo encontrar seus amigos na escola junto com seus pais, olhei novamente para a
floresta e entrei.
Não é tão assustadora como dizem, Não parecia haver monstros ou vultos, É extremamente
bonita e bem iluminada, andei por bastante tempo até achar um lago, coloquei minha bolsa
encostada numa árvore e fui até a beira do lago.
A Aura do lugar era calma e reconfortante, dava vontade de ficar ali pra sempre, Eu estava
admirando quando ouvi um barulho atrás de mim, me virei assustada e dei de cara com uma…
garota? mas era baixa com um cabelo meio curto com uma franja que cobria quase 100% de
seus olhos, pele parda, Usava um moletom roxo com uma saia branca, meias de cano alto
pretas e um tênis branco.
- D-desculpa ter te assustado, Eu só fiquei curiosa em saber quem era você – Essa garota é
tão... diferente, mas muito bonita
- Não tem problema, Prazer em te conhecer, Sou Noah – Levantei ficando de frente para ela
- O P-prazer é todo meu, Sou Nour- Ela falou timidamente
- Você é de que distrito? Nunca vi olhos desta cor, são realmente bonitos –
- Muito Obrigada pelo elogio primeiramente, E felizmente não moro em nenhum distrito –
- Como assim? –
- Sou um híbrido de Fogo e Ar, Não posso entrar nos distritos por não ser de uma raça pura,
então vivo numa aldeia apenas com híbridos – Ela Sorriu
- As mentiras que o conselho principal conta são muito comuns, não entendo o porquê de nos
odiarem tanto, mas e você? É de que raça? – Ela perguntou com entusiasmo
- Humana... eu acho, fui adotada por uma conselheira e nem sei quem são meus pais – falei
meio cabisbaixa
- Ei, não fica triste – Ela me abraçou – Também não sei quem é meu pai, então relativamente
estamos no mesmo barco –
Eu retribui o abraço, me senti confortável naquele momento, quando senti uma dor no meu
olho esquerdo, me afastei de Nour e fui rapidamente a beira do lago para ver o reflexo.
Eu estou uma pilha de nervos, O efeito não passou, só tá piorando! Olhei para Nour e saí
correndo, se eu perdesse o controle, em hipótese alguma queria machuca-la, não sabia o que
esse maldito pó tinha feito comigo, queria evitar fazer algo ruim.
- Noah?! Onde você tá indo?! – Escutei ela falar, parecia um pouco distante, pra não deixar ela
sem resposta, gritei uma resposta rápida
- Emilly, sei que até hoje você fica abalada com esse assunto, mas temos que esquecer –
- CALA A BOCA ARTHUR! Você realmente quer esquecer tudo?! Quer esquecer que a SUA
FILHA existe!? – A mulher, Emilly eu presumo, Se levantou e ficou de frente para o homem,
gritando em um tom de raiva
- Emilly, A NOSSA FILHA não vai voltar! Com certeza Maya nem sabe que existimos, Esse nem
deve ser o nome dela hoje, se ela não estiver morta! –
Eu resolvi olhar a aparência dos dois, A mulher tinha cabelos curtos, de uma cor roxa muito
clara, pele morena e olhos de tom violeta.
O Homem tinha cabelos e barba castanhos claros, seus olhos apresentavam um tom azul
marcante e uma pele parda levemente mais clara que a da mulher.
- Sabe que não pode se expor, nossa raça está perto de ser revelada para o Conselho Génikos,
indo até Pani, você só facilitaria o trabalho da guarda – Ele se levantou e colocou as mãos nos
ombros dela – Apenas Sukra sabe da nossa existência e você sabe o que ela fez para guardar
nosso segredo –
Sukra?! Então ela já sabe dessa raça? Desde quando? Ugh que ódio, ela esconde tudo de
todos, eu sou a “filha” dela e nem isso ela confia em mim? Mas também, porque ela confiaria
em mim, né?
- Eu vou tomar cuidado, mas eu não saio de lá sem ter no mínimo falado com Maya, sabe que
nessa idade ela pode estar tendo a crise do Tatva certo? Quero ajuda-la –
Ouvi uma voz, provavelmente me chamando, pisquei os olhos e dessa vez, acredito ter
acordado de verdade.
Senti rapidamente a dor em minhas pernas e braços, quando direcionei o meu olhar para
quem estava me chamando, era Nour, Ela deve ter ido atrás de mim.
- Onde estamos...? –
- Na minha casa, quando você saiu correndo eu achei estranho e te segui, fiquei preocupada
quando te vi cheia de machucados, resolvi te ajudar –
- Obrigada, Não sei como agradecer – Sentei e sorri para ela, quando um garoto entrou no
quarto
- Ela acordou? Finalmente né – Ele tem cabelos pretos, havia um óculos por cima de seus olhos
verdes, usava um moletom preto com shorts e tênis da mesma cor.
- Tá sendo rude ou insuportável como sempre? – Nour perguntou num tom de deboche e ele
riu em resposta.
- Pra uma humana ela é até bonitinha – ele se aproximou e sentou na cama, me encarando
- Pra sua informação, seu desavisado, ela tem um tatva, só não sabe qual é –
- Enquanto ela não souber, ela é humana não é? – Ele sorriu debochado se aproximando do
rosto de Nour, quando ela deu um tapa na cara dele
- Tô me sentindo uma vela aqui - Resolvi finalmente falar, e os dois começaram a rir
- Bem, agora que você acordou, já se sente bem? - Ela ficou de frente para mim novamente
- Boa ideia! Se quiser Noah, posso te emprestar umas roupas, afinal as suas... – Ela fez uma
pausa me olhando de cima a baixo
- Tão piores que roupa de mendigo – Jack falou e riu pela própria piada
- Nisso eu concordo – sorri desajeitada – Estraguei uma das minhas roupas favoritas nesse rolo
todo –
Nour me emprestou um moletom azul, um short branco e eu calcei os meus tênis pretos
mesmo, estão sujos mas, dão pro gasto.
Terminei de me arrumar e saí do quarto indo pra sala.
- Tá pronta cinderela? – Jack estava encostado numa parede, olhando pra mim
- Cinderela mesmo, ficou linda com essa roupa! – Nour que estava no sofá falou
- Obrigada – sorri levemente – podemos ir? – Perguntei alternando o olhar entre os dois
- Leo?! –
Os pombinhos pararam o que estavam fazendo e nos olharam assustados, ainda ofegante,
Yury percebeu minha presença.
Depois de todo mundo processar o que estava acontecendo a gente finalmente conseguiu
conversar “normalmente”
- Olha eu sei que vocês estão achando isso esquisito mas- Nour decidiu interromper Leo,
Amigo de infância dela
- Não é esquisito nada Leo! A gente te apoia completamente não é Jack? – Ela deu uma
cotovelada nele
- Sim óbvio, a gente tem que se apoiar né, você sabe que eu e a Nour somos Poli amorosos,
MAS PODERIA TER CONTADO QUE É VIADO NÉ! – Jack falou indignado
- Não fala alto cacete! Se descobrirem que o Yuri tá aqui, eu tô fodido – Leo falou apertando
forte a mão de Yury
- Aliás, desculpa ter te deixado sozinha Noah, mas é que foi a primeira vez que minha mãe me
deixou vir encontrar com o Leo – Yury falou levemente envergonhado
- Não tem problema Yury, Não quero ser uma empata foda nem uma vela de vocês – Falei
debochadamente.