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Meu sonho é poder mudar o mundo, eu sempre


fui fascinado pela ciência. Desde pequeno, eu
sonhava em ser um inventor e criar coisas
incríveis que mudariam o mundo. Eu poderia
dizer que cresci em meu quarto, ele era
bagunçado de fios, peças e livros. Eu adorava
montar e desmontar aparelhos eletrônicos, e
tentar fazer as minhas próprias invenções com
eles.

Com minha criatividade eu pude fazer uma


coleção de robôs com partes de outros
brinquedos, foguetes de garrafa, relógios de lã,
geradores com bateria de controle e até uma
máquina do tempo que eu fiz com uma caixa de
papelão e um relógio velho.

Mas todos eles eram apenas hobby, e não com


o propósito de mudar o Japão muito menos o
mundo. Foi aí que eu, Subaru Miyazaki, fundei
meu laboratório na garagem da minha família.
Foi dele que eu dei a luz, as minhas invenções
para um amanhã como: A invenção para o
amanhã 001, O Phone Gun, uma controle em
formato de uma pistola, capaz de funcionar em
qualquer televisão, o problema…é que ele muda
de canal aleatoriamente não importa que
número se aperta, além de só funciona nas
televisões da Sony, por algum motivo. O meu
outro filho foi a invenção para o amanhã 002.

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Os sapatos a jato, um dos maiores sonhos de
todo ser humano é voar pelos céus e é claro
que eu não seria diferente e foi melhorzinho
das minhas invenções, o único problema é a
sua recarga próxima de um celular que ele tem
e por fim o último orgulho da família, a
invenção para o amanhã 003, a coleira
tradutora que usei no minha gatinha Lucy que
foi mais um fracasso, desta vez, ele traduzia o
que ela falava pra alemão me forçando a tomar
um pouco de aula.

Claro, vieram várias outras invenções, eu criei 12


das minhas invenções para o amanhã, mas
todas eram em sua maioria um frustrante e
desastroso fracasso.

Mas eu tinha certeza de que um dia eu


encontraria a fórmula certa, a peça que faltava,
o gatilho que faria tudo dar certo. Eu só
precisava de mais tempo, mais recursos, mais
inspiração. E talvez, de alguém que me
entendesse e me apoiasse, afinal de contas até
os maiores gênios não criam obras sozinho.

Esse alguém apareceu no início do meu


segundo semestre do segundo ano do ensino
médio. uma aluna vinda de outra cidade havia
sido transferida para acadêmia Shiro Mirai.

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Só dela entrar na sala de aula, alguns pararam
de conversar paralelamente, outros pararam de
brincar na sala, apenas pra colocarem todo o
foco nela, eu que já estava acostumado a
barulheira matinal da sala, também me virei pra
qual foi a do evento.

Era uma garota alta e magra, usando o


uniforme de marinheira preto e branco da
escola, com uma saia xadrez, ela caminhou até
o quadro negro escondendo seu rosto com um
caderno vermelho, nós podíamos ver o seus
longos cabelos negros que caiam sobre seus
ombros como uma cascata. Foi então que ela
parou e delicadamente começou a escrever seu
nome no quadro com sua mão esquerda e ao
terminar ela se virou pra gente, enfim tirando o
caderno, mostrando seu rosto delicado com
traços finos e harmoniosos e seus lindos olhos
castanhos que brilhavam como estrelas.

–Me….Meu nome é….Asuka Miyano…..Muito


prazer…em conhecer vocês–Disse ela,
envergonhada, tão envergonhada que voltou a
se esconder atrás do caderno.

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Eu conseguia ouvir os gritos e aplausos dos
alunos da sala, aquilo era como uma
apresentação de uma atriz principal de uma
peça de teatro. Ela havia caído na boca tanto
dos alunos, quanto dos professores, ella era
praticamente tudo o que eu não era ou
sonharia ser.

Asuka era linda, inteligente e educada. Ela era


como uma Yamato Nadeshiko, a personificação
da mulher japonesa ideal, apesar da sua
introdução na escola, ela tirava notas altas em
todas as matérias, e era sempre a primeira da
classe a sair. Ela falava fluentemente inglês e
alemão, em um sotaque charmoso e
hipnotizante. Nas aulas de música, ela tocava
piano e violino, e tinha um talento musical
incrível. Ela praticava kendo, e tinha uma
habilidade artística impressionante.

Alguns diziam que ela era voluntária em uma


ONG que ajuda crianças carentes. Ela era uma
verdadeira muralha para que os meninos
alcançassem. Eles a admiravam e a desejavam,
mas sabiam que ela era inalcançável. Dizem
que ela já deu doze horas pra vários garotos de
uma forma tão fria e cruel que nem parecia a
garota sem jeito que era no primeiro dia de
aula.

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Eu descobri após a chegada dela que
infelizmente, eu também fui afetado por uma
doença chamada “Amor”. Mas diferente dos
outros eu já sabia que não teria a menor
chance ou coragem de me aproximar dela. Eu
me contentava em observar as suas
desventuras de longe e me isolar e focar no
meu futuro acadêmico.

Já haviam se passado dois meses após a


chegada de Asuka, era sexta-feira e o segundo
turno de aula havia se encerrado naquele dia,
foi então que um dos colegas, se aproximou de
mim com um sorriso malicioso.

Era um garoto um pouco mais alto do que eu,


tinha um porte físico de um atleta, ele estava
usando um boné de beisebol virado para trás,
escondendo os seus cabelos castanhos.

–Ai Subaru, tudo bem com você?–Ele perguntou,


enquanto estendia a mão pra mim.

–O que quer?

–Que isso, eu só vim perguntar se você estava


bem.

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–Fala logo o que quer, nesse instante é o
intervalo e eu não quero ser o último da fila do
lanche por sua causa.

–Tá, eu e meus vinhemos lhe propor um desafio.

–Se estiver ao meu alcance, vai fala aí.

–É…então…eles lhe propuseram a tentar chamar


a senhorita Asuka pra sair.

–Me recuso–Respondi rapidamente enquanto já


guardava minhas coisas na mochila.

–Mas se nem tentou! Tem uma recompensa em


jogo.

–E não preciso, eu só escolho batalhas em que


tenho chances de vitória e essa não é uma
delas, te vejo lá na fila ah…seu nome é Hideo,
certo?

–É Hideyoshi caramba! Fala sério, dois meses e


nem gravou o nome de seus colegas de sala.

–Falou–Me levantei da cadeira e comecei a


caminhar bravamente até a porta da sala.

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–Se irá recusar mesmo mil ienes de
adiantamento?

Ao ouvir isso, eu parei bruscamente ao passar


pela porta. Apelando, pra minha crise
financeira, mas que safado.

–Eu irei pensar no caso–Então fechei a porta


atrás de mim.

Eu sabia que era uma armadilha, e que eles só


queriam se divertir às minhas custas. Mas além
de não querer parecer um covarde pra eles,
assim dando oportunidade pra me zoarem no
futuro, e ser ainda mais ridicularizado. Tá aí
uma chance pra encarar o medo que tenho por
aquela garota.

Eu esperei tensamente na fila do lanche, ainda


pensando no desafio que o Hideyoshi fez, havia
chegado minha vez e ao pegar uns bolinhos de
arroz eu fui em uma mesa e passei um tempo
degustando do lanche.

Após isso comecei a minha incansável busca


pela senhorita Yamato Nadeshiko, pra uma
garota que nessa altura do campeonato era
bem sociável, não foi muito fácil de acha-lá. Até
enfim eu a achei sentada, em um banco no

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jardim da escola. Ela estava tão distraída lendo
um livro que não percebeu a minha
aproximação. E então pigarriei para chamar a
sua atenção.

–Oi, Senhorita Miyano. Posso falar com você um


minutinho?– Eu disse, com a voz um pouco
trêmula.

Ela levantou os olhos do livro, e olhou para


mim. Ela sorriu gentilmente, e fechou o livro.

- Claro, Subaru. O que você quer? - ela disse,


com uma voz doce e melodiosa.

Eu senti o coração bater mais forte por um


segundo ao notar que ela sabia o meu nome.
Eu estava batalhando contra meu consciente e
nervosismo pra me lembrar o que ia dizer caso
a encontrasse, as palavras emperraram na
minha garganta.

- Eu... eu... eu queria... queria saber... saber se...


se você... você quer... quer sair... sair comigo...
comigo... - eu disse, pausadamente, quase
inaudível.

Mas Asuka não só entendeu, como ficou


surpresa com o convite e em alguns segundos
de silêncio, ela respondeu.

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- Claro, Subaru. Eu adoraria sair com você. - ela
disse, com um sorriso sincero.

O sinal do fim do intervalo badalou


intensamente, eu não conseguia acreditar no
que meus ouvidos escutaram. Ela realmente
tinha aceitado.

-Você vem?–Ela perguntou, levantando-se do


assento e guardando seu livro .

-É…É claro–Eu respondi, um pouco


envergonhado.

Nós então voltamos para a sala de aula, no


último turno de aula, ela passou pela minha
cadeira e colocou algo embaixo do meu
caderno de estudo, era um papel com detalhes
em roxo, provavelmente arrancado do caderno
dela.

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“Olá, Subaru. Aqui é a Asuka, que pena que não
pudemos conversar mais no intervalo, mas não se
preocupe, amanhã às 10:00, na cafeteria Harusame,
tempo é que não faltará para conversamos. Eu
gostaria de lhe conhecer melhor….”

assinado: Asuka Miyano

–É, pelo visto estou lhe devendo mil


ienes–Hideyoshi, riu sarcasticamente atrás de
mim.

–Onde está a privacidade quando mais precisa,


afinal?–Respondi, irritado.

–Enfim tá aqui– Hideyoshi, colocou sobre minha


mesa, uma nota de mil ienes–Como eu havia
dito, isso é apenas o adiantamento.

Eu segurei o dinheiro, desconfiado. Me levantei


da cadeira e coloquei a mochila nas costas.

–Afinal, o que você quer?–Perguntei,


desconfiado e com um pouco de raiva.

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Ele ficou um pouco surpreso com a pergunta,
mas não o abalou muito ao dar a resposta.

–Cumprir com meu trabalho de maior Cupido


de Kyoto–Hideyoshi, sorriu sarcasticamente
enquanto tava vários tapas na minha mochila.

–Eu lhe agradeço por tudo, de certa forma–Me


despeço de Hideyoshi.

Eu voltei extremamente cansado pra casa, foi


um dia bastante turbulento. Meus pais me
deram uma recepção calorosa, e o jantar já
estava pronto na mesa. Apenas pelo que eu
contei o que oculta a parte disso ter começado
como um desafio, meus pais gostaram da
Asuka pelo pouco que descrevi e me desejaram
uma boa sorte pro encontro de amanhã, eu
estava bastante nervoso pra dizer a verdade.
Era como se eu tivesse criando mais uma das
minhas invenções para o amanhã, só que bem
mais complexo.

O sábado chegou, minha mãe havia escolhido


a dedo a minha armadura para a batalha de
hoje. Eu vesti a minha melhor roupa, uma
camisa azul e uma calça jeans. Eu penteei um
pouco o cabelo e passei um pouco de perfume,
o que pra mim era meio que obrigação.

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Eu me despedi dos meus pais e tive que usar a
minha invenção para o amanhã 005: A Bicicleta
movida a energia solar, com ele pude chegar
bem mais rápido na cafeteria do que eu
poderia ir de carro, claro, devido a velocidade
extrema da bicicleta devo ter batido em
algumas coisas no caminho, mas ei, se não
pode cobrar de algo que não se pode ver.

Eu cheguei um pouco antes da hora


combinada, e esperei por Asuka. E ela chegou
alguns minutos depois, eu a vi de longe. Ela
estava usando um vestido florido, uma jaqueta
jeans e usava um brinco de pérola. Ela sorriu ao
me ver, e acenou. Eu me levantei e segui o que
meu pai havia me ensinado, e puxei a cadeira
pra ela se sentar, ela agradeceu, acenando em
reverência com a cabeça.

Nós nos sentamos em uma mesa no canto, e


não havia demorado muito pro garçom chegar
à nossa mesa.

–Vão querer alguma coisa senhores?–Ele


perguntou, elegantemente, enquanto segurava
seu caderninho de anotações.

–Dois café, por favor–Respondi–Vai querer


alguma outra coisa, senhorita Miyano?

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–Não, Não, já está de bom tamanho.

–Dois café saindo, nesse instante–O Mordomo,


então voltou ao seu posto, marchando rumo a
sua missão, deixando eu e a senhorita Asuka a
sós.

–Então…senhorita Asuka….–Asuka, interrompeu


minha fala estendendo sua mãozinha em
direção ao meu rosto.

–Sem senhorita–Ela falou de uma forma séria e


ríspida, até então voltou pro rostinho angelical
de antes–Eu sou Asuka–Ela colocou a mão
sobre seu peito e então estendeu a palma da
mão em minha direção–E você é o Subaru.

–Ma…Mas isso é muita formalidade, não, eu


insisto senho…–Asuka, voltou a me fuzilar com
os olhos, com direito as bochechas delas
estarei infladas como balão, era como se
tivesse me ameaçando de morte ao depender
da resposta–Asuka…

Ela então começou a rir enquanto batia


palminhas, era como uma criança tirando sarro
de um adulto.

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–Você é um garoto muito engraçado,
Subaru-Risos finos e então limpou as lágrimas
do rosto–Aquela bicicleta é sua?–Ela apontou.

–Ah aquela é a minha invenção para o amanhã


005, a bicicleta movida a energia solar.

De repente, os olhos de Asuka brilharam como


estrelas e os olhos dela ficaram grudados em
mim e então ela balançou a cabeça de cima
para baixo como se quisesse que eu
continuasse a falar.

–Sim sim, continue.

–Ah ele carrega através de energia solar graças


a um recado que coloquei no traseiro dele.

–Então os foguetes de festival ao lado dele são


apenas o último recurso? Caso não tenha
carregado no dia?–Asuka perguntou, com uma
curiosidade genuína.

–Exatamente, uau, eu não sabia que era


fascinada por esse tipo de coisa.

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Asuka sorriu graciosamente, colocando sua
mão frente a sua boca. O mordomo então havia
chegado com as duas xícaras de café, ele
colocou uma xícara na frente de casa um de
nós dois e começou a encher com café, a parte
de cima do parecia sorrir para nós e então o
mordomo se despediu elegantemente.

–Mas enfim, você havia dito que ela é a


invenção número 005, né? Você fez mais antes
dele?

–Pra falar a verdade…eu criei doze no total.

–Uau! Sério?!

–Mas não se empolgue muito, a grande maioria


deles são um grande fracasso.

–Ahh, que pena…algum dia eu poderia dar uma


olhada neles?

–Sem nenhum problema.

–Oba! Posso ser sua assistente também? Asuka


perguntou enquanto sorria de orelha a orelha.

–Claro, por que não, porém com três condições,


as três temíveis regras do meu laboratório.

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-Pode falar.

–Primeiro, tudo e qualquer coisa relacionado ao


laboratório deverá ser mantido nele mesmo,
nada de falar pros seus colegas ou amigos
próximos.

Ela então levantou a mãozinha como uma


forma de protesto.

–Mas você já quebrou essa promessa quando


me explicou sobre a bicicleta.

–Hehe, se me pegou, então vamos fingindo que


isso não ocorreu.

–Okay, eu prometo.

–Segundo, somente Eu ou um assistente de


laboratório pode acessar o laboratório e, é por
isso que a partir de agora, eu lhe proclamo,
minha assistente de laboratório temporária.

–Eu aceito com todo prazer–Asuka respondeu,


colocando a mão sobre seu peito, como um
soldado cumprimentando seu superior.

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–E por último, a confiança acima de tudo, eu
não quero uma traiçoeiro que pode colocar
meus experimentos para usos mal
intencionados.

De Repente, era como se a Asuka estivesse


tensa, era como se ela estivesse assustada e
então ela pegou meu braço e começou a me
puxar bruscamente.

–Ei, para onde você está me levando?–Ela


ignorou minha pergunta, e continuou me
levando até nós parar no banheiro masculino
da cafeteria–Ei, você sabe que não é pra você
que está aqui, certo?

–Subaru!–Ela me encarava de forma tão franca


que eu simplesmente não podia não levar
aquela situação a sério–Você promete que não
irá me odiar pelo que eu irei lhe dizer né? Você
ainda assim irá me aceitar do jeito que sou não
é?

Aquelas perguntas me pegaram desprevenido,


por que diabos eu iria me abalar dependendo
da resposta que eu daria?

–É, é claro que irei.

–Sério mesmo?–Ela me encarou francamente

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-Sério mesmo.

–Sério, mas serio mesmo?-Ela se aproximou


mais ainda de mim.

–Sério, mas sério mesmo.

–É que….–Ela deu uma longa pausa, e então, ela


respondeu, com um rosto afundado em
tristeza–Eu sou um robô.

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