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INSTALAÇÃO PARA ANIMAIS DE PRODUÇÃO

CURSO ISOLADO

de arame ou cordoalhas de aço para evitar que os animais subam no


cocho.

CERCAS
As cercas para piquetes, pastos ou capineiras utilizam mourões
comuns e mourões esticadores. Nessas cercas, em geral, é usado o arame
liso ou o farpado. Os mourões e estacas podem ser de madeira (natural ou
serrada) e/ou de concreto (pré-moldados). Os mourões comuns e
esticadores a serem usados devem ter ranhuras, para facilitar amarração
do arame farpado, ou furos para passagem do arame liso. Os mourões pré-
moldados de concreto são fabricados em formatos que afinam da base para
o topo. Isto porque os esforços a que têm de resistir são maiores na base e
menores no topo. Com isso, há economia de material e de custos. Se o
terreno for montanhoso, com travessias de valas e córregos, o mais
recomendável é o arame farpado. Se o terreno for plano, o arame liso pode
ser o melhor e mais econômico.
CERCA ELETRIFICADA
Com a evolução da humanidade vieram grandes descobertas que
beneficiaram o homem, dentre elas a eletricidade. Com o domínio da
eletricidade uma das inovações que o homem veio a se beneficiar para
auxiliar a manejar os animais foi a invenção do eletrificador para cercas
elétricas. Segundo Maciel & Lopes (2000), por volta dos anos 30 Bill
Gallagher um produtor da Nova Zelândia que com conhecimento em
engenharia elétrica desenvolveu o primeiro eletrificador para controle dos
animais, apos ter a pintura de seu carro novo danificada por um cavalo que

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costumava coçar-se no veiculo, assim solucionando o problema atraves do


uso da eletricidade.
O que Bill Gallagher não acreditava, era que seu invento iria ter
grande utilidade na segurança e produção primaria até os dias de hoje. A
cerca elétrica é uma solução totalmente eficaz e de baixo custo para
realizar subdivisões em campo nativo ou pastagens. Sua utilização é maior
como: piquetes temporários, utilizada para coroar culturas, bastante
prática em regiões acidentadas e em planas. Também servem como reforço
de cercas velhas pela sua fácil instalação em qualquer parte da fazenda
(MACIEL & MARTINS, 1992). A cerca elétrica é um conceito oposto ao
conceito de cerca tradicional. Trata-se de um sistema de contenção de
animais, através de uma barreira psicológica que o animal não transpõe
porque gravou na memória a lembrança de uma sensação desconfortável
(CARVALHO, 2014).
Conforme o Manual de Instalação de Cercas Elétricas (2010), os
benefícios da cerca elétrica são:
v baixo custo;
v Instalação fácil e rápida;
v Manutenção econômica, pois utiliza pouco material;
v Facilmente modificada ou deslocada;
v Sua instalação é possível em locais acidentados;
v Longa duração em razão da menor pressão física e Menor
possibilidade de os animais serem atingidos por um raio já que
ficam afastados da cerca.

Em se tratando de princípio de funcionamento Júnior (1999), explica


os princípios de funcionamento de uma cerca elétrica: todos os
eletrificadores partindo de diferentes fontes de energia: bateria 12V,
eletricidade 110 e 220V ou energia solar, geram pulsos elétricos de curta
duração, menor que 1 milésimo de segundo, na ordem de microssegundos
(aproximadamente 0,0001 s) com alta voltagem, mas com baixa
amperagem. A curta duração do pulso liberado em intervalos de 1,3

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segundos permite que a voltagem e a corrente máxima suportável pelo


corpo de animais e seres humanos possa ser mais elevada do que a
corrente e voltagem máxima em uma situação de corrente contínua (rede
elétrica) ou alternada (rede elétrica). Ainda segundo o mesmo autor no
momento de produzir-se o contato, o pulso que gerou o eletrificador sai
pelo arame, atravessa o corpo do animal chegando a terra e, através da
mesma, dirige-se para o aterramento onde continua para o eletrificador,
completando o circuito e provocando o choque elétrico, que afasta os
animais, evitando que os mesmos voltem a encostar-se na cerca.

COMPONENTES DO SISTEMA

Os componentes do sistema de cerca elétrica têm, como principais


constituintes:

v Eletrificador;
v fio condutor;
v isoladores e aterramento.

ELETRIFICADOR

O eletrificador é o constituinte mais importante do sistema. Sua


função é transformar a energia de 12V (bateria e/ou painel solar), 110 ou
220V (rede elétrica comum) o qual é alimentado em um pulso elétrico de
altíssima voltagem, baixa amperagem em um curto espaço de tempo, sem
provocar danos físicos ao animal ou ao homem que recebe o choque.
Também tem a função de garantir o isolamento entre a rede elétrica
(perigosa) e a cerca elétrica (segura). Para garantir esta segurança, os
eletrificadores são construídos de acordo com normas internacionais de
segurança (MACIEL & LOPES, 2000).
O eletrificador a ser utilizado deve ser de qualidade comprovada,
evitando-se o uso de aparelhos de má qualidade ou fabricação duvidosa
que podem oferecer riscos, ter vida útil curta e serem ineficazes (MANUAL
DE INSTALAÇÃO DE CERCAS ELÉTRICAS, 2010).

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Fig. 1 – esquema de ligação do eletrificador de 220 Volts à rede


elétrica

Todas as ligações na cerca e no aterramento devem ser muito bem


feitas para não provocar faíscas e, consequentemente oxidação das
ligações.

Instalação básica de Eletrificadores de 12 Volts com painel solar e


bateria

Tenha cuidado com a polaridade ao ligar os fios do painel na bateria.


Ligações invertidas podem provocar a queima do painel solar (Fig. 2).
Defina o lugar onde será instalado seu conjunto; painel solar, eletrificador,
bateria e aterramento, tudo deve estar o mais próximo possível. Seu
conjunto deve estar centralizado em relação à área que será eletrificada.

Tome alguns cuidados:

v Proteja o eletrificador e a bateria da chuva e do sol.


v Faça a correta instalação e posicionamento do painel solar seguindo as
instruções do manual que acompanha o produto.

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v Faça a ligação entre os cabos do painel com os bornes da bateria.


v Certifique que o eletrificador esteja na posição desligado.
v Ligue os cabos de entrada da energia do eletrificador nos bornes da
bateria. Primeiro ligue o fio negativo.
v Faça a ligação do borne negativo do eletrificador nas hastes de
aterramento.
v Faça a correta ligação do borne positivo do eletrificador no fio da cerca
que será eletrificada.
v Seu conjunto solar está pronto para funcionar.

CONDUTOR

Segundo ABNT (1986), por meio da NBR 5471, define que este tem a
função de transportar ou transmitir sinais elétricos por via de liga metálica
de seção transversal invariável e de comprimento muito maior do que a
maior dimensão transversal, produto flexível e maciço com função
mecânica ou eletromecânica. Em um sistema de cerca elétrica é importante
trabalharmos com arames galvanizados, pois são baratos além de
possuírem boa condutividade elétrica, suporta corrosão devido às variações
climáticas e ainda resiste à tensão que proporciona o cisalhamento. Ainda
temos a opção de condutores isolados estes utilizados na transposição da
energia por obstáculos, como no caso de uma porteira onde temos que
enterrar o condutor, (MACIEL & LOPES, 2000).

ISOLADORES

Conforme Maciel & Lopes (2000), são materiais responsáveis por fixar
o condutor as estacas, mourões ou outros constituintes da cerca elétrica
que serviram como fonte de fuga da energia do sistema. Devem ser
compostos por materiais leves resistentes e que tenham recebido
tratamento contra radiação ultravioleta, pois esta radiação é responsável
pelo ressecamento destes materiais.

SISTEMA DE ATERRAMENTO DO ELETRIFICADOR

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Para que um sistema de cerca elétrica seja eficaz, deve-se


implementar um aterramento ao eletrificador de baixa resistência elétrica.
Um aterramento mal instalado ou mal dimensionado compromete a
eficiência de todo o sistema, mesmo em cercas elétricas de pequenas
extensões (JÚNIOR, 1999). Ainda o aterramento pode ser utilizado para
aumentar a eficiência do choque na cerca através de um sistema de
aterramento secundário onde além do fio eletrificado, um segundo fio
aterrado auxilia a condução da eletricidade através do corpo do animal
principalmente em solos com baixa umidade (Figura 1). Como ocorre em
períodos de estiagem prolongada (NETTO, 2014).

TRANSPOSIÇÃO DE PORTEIRAS E CORREDORES

Muitas vezes se torna inevitável à passagem por estradas e


corredores, assim conforme Netto (2014), se abre mão da alternativa que
consiste em interligar pela via subterrânea ou aérea a linha de alimentação
ao outro lado da porteira ou corredor para dar segmento ao fluxo elétrico,
via subterrânea é confeccionada com condutor isolado há uma
profundidade de 50 cm de profundidade no solo transpondo a porteira ou
corredor como mostra a Figura 1.

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Figura1: Transposição de porteira subterrânea.

No caso de uma transposição aérea Maciel & Lopes (2000)


recomendam o uso do próprio condutor galvanizado e dois postes para a
fabricação, fazendo-se necessário então o isolamento em determinados
locais e com altura do solo variável conforme cada necessidade: na
circulação de pessoas e animais, 3,5 m – pessoas, animais e veículos leves,
5,5 m – pessoas, animais e veículos leves e maquinário agrícola 6,5 metros
– conforme Figura 2.

Figura 2: Transposição de porteira aérea

ALTURA DO FIO

A altura e a quantidade de fios da cerca podem variar de acordo com


o tipo de animal que será manejado, com a espécie de capim disponível,
com a declividade do terreno e o tipo de solo. Os modelos indicados a
seguir são os mais utilizados em projetos comprovados e seguros
pensando-se em todos os dias do ano. Um fio Para o gado de leite, em

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divisões de pastagens ou piquetes, a altura do fio mais aplicada varia entre


0,80 e 0,90 cm do nível do solo. Recomenda-se que a altura da lasca seja
de 1,20 m, porque se houver necessidade de instalar mais um fio não
precisa trocar a lasca, pois elas já estarão com altura suficiente (Fig. 5).

Aconselha-se utilizar dois fios nos corredores de acesso aos piquetes,


conforme indicado na Fig. 6, pois assim os animais respeitam mais a cerca
quando manejados.

DISTÂNCIA ENTRE LASCAS

A distância entre lascas deve ser observada de acordo com a


declividade do terreno. A mais utilizada para terrenos de pouca inclinação é
de 20 a 30 metros. Quando o espaçamento entre lascas for muito longo o
arame pode afrouxar e tocar o chão (Fig. 7). Por outro lado, ao se usar
lascas muito juntas, o arame não tem flexibilidade e pode arrebentar.

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Erros mais comuns e os cuidados a serem tomados

v Eletrificador mal dimensionado e mal instalado. Não haverá bom choque


em nenhum ponto da cerca, principalmente em períodos secos do ano.
v Utilizar castanhas de plástico nos esticadores. As castanhas deverão
suportar a tração do arame por toda vida útil da cerca. Castanhas de
plástico perdem a resistência mecânica com pouco tempo de exposição
à radiação ultravioleta do sol, ressecando e cortando com muita
facilidade, perdendo sua função de isolante e deixando vazar o choque
nos palanques esticadores, prejudicando todo o sistema.
v Utilizar qualquer tubo como isolador nas lascas. Mangueiras pretas,
tubinhos de cadeira, mangueiras de cristas, mangueira de jardim não
foram feitas para trabalhar como isolante, principalmente nas cercas
elétricas rurais, pois, a voltagem é muito alta, o choque irá vazar para o
solo através da estaca de madeira e prejudicar todo seu sistema.
v Utilizar nas passagens subterrâneas qualquer tipo de fio. Nunca colocar
nas passagens fio de aplicação residencial, pois ele tem baixa isolação e
não suporta a alta voltagem do eletrificador, provocando vazamentos
que drenam todo o choque da cerca para a terra.
v Dar pouca atenção ao sistema de aterramento. Este é um dos principais
problemas encontrados na maioria dos sistemas com cerca eletrificada.
v Utilizar arames velhos e enferrujados, com muitas emendas. Eles não
conduzem bem o choque. Além disso, torna-se difícil o arame correr nos
isoladores, principalmente no tubular.
v Arame eletrificado muito baixo, em contato com a vegetação. O capim
em contato com o arame rouba energia da cerca, enfraquece o choque
e desperdiçando energia.
v Eletrificar arame farpado. Esta ação é muito perigosa, pois, pode cortar
o animal caso ele toque na cerca e se assuste. Da mesma forma, pode
causar danos maiores a uma pessoa quando tocar e enroscar na cerca
eletrificada.

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v Utilizar fios de cobre nas ligações ao longo da cerca e nas passagens


subterrâneas.
v Acreditar que simplesmente instalando cerca elétrica na propriedade
não haverá mais problemas para alimentar os animais.
v Acreditar que instalando cerca elétrica a produção de leite ou carne
aumenta de imediato.
v Achar que cerca elétrica não necessita de manutenção.
v Forçar os animais a tocar na cerca eletrificada no seu primeiro contato
com o sistema. Naturalmente os animais vão tocar na cerca até que ela
não seja mais novidade para eles.
v Achar que as molas dos colchetes foram feitas para resistir à força dos
animais.
v Construir a cerca com um só fio acreditando que vai conter qualquer
tipo de animal.
v Estar sempre ocupado para verificar as condições da cerca e não dar a
manutenção devida.

Vamos dar uma pausa. Até a proxima!

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