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Estou certo de que meus concidadãos americanos esperam que, por ocasião do
meu início na presidência, eu me dirija a eles com sinceridade e uma decisão que a atual
conjuntura do nosso país impõe.
Por isso, primeiro que tudo, deixai-me afirmar minha sólida crença em que a única
coisa que devemos temer é o próprio medo - o terror sem nome, que não raciocina, não
se justifica, paralisa os esforços necessários para converter a retirada em avanço. Em todas
as horas escuras da nossa vida nacional uma liderança de fraqueza e vigor encontrou no
próprio povo a compreensão e o apoio essenciais à vitória. Estou convencido de que
voltareis a dar esse apoio à liderança nestes dias críticos.
Nossa aflição, todavia, não vem de nenhuma falha essencial. Não nos assola
nenhuma praga de gafanhotos. Em face dos perigos que nossos antepassados tiveram de
vencer, porque acreditavam e não tinham medo, ainda temos muita coisa que agradecer.
A natureza ainda oferece seus frutos, que os esforços humanos multiplicaram. A
abundância está à nossa porta, mas o uso generoso dela se extenua à própria vista da
provisão. Isso acontece, em primeiro lugar, porque os que governam a troca dos bens da
humanidade falharam, mercê da própria teimosia e da própria incompetência, admitiram
o seu fracasso e abdicaram. As práticas dos inescrupulosos cambistas estão indiciadas no
tribunal da opinião pública, rejeitadas pelos corações e pelas mentes dos homens.
É verdade que tentaram, mas seus esforços foram moldados segundo o modelo de
uma tradição sediça. Diante da falência do crédito, só souberam propor novos
empréstimos.
Despidos do fascínio do lucro com que pretendiam induzir nosso povo a seguir-
lhes a falsa liderança, recorreram a exortações, implorando lacrimosamente a confiança
restaurada. Só conhecem as regras de uma geração de egoístas. Não têm visão, e quando
não há visão o povo perece.
A restauração, contudo, não requer apenas mudanças na ética. Esta Nação exige
ação, e ação imediata.
Pode ser realizado, em parte, mediante o recrutamento direto feito pelo próprio
governo, tratando a empreitada como trataríamos a emergência de uma guerra mas, ao
mesmo tempo, através do emprego, levando a efeito projetos muitíssimos necessários
para estimular e reorganizar a utilização de nossos recursos naturais...
A tarefa pode ser ajudada por esforços definidos no sentido de elevar os valores
de produtos agrícolas e, com isto, o poder de compra da produção de nossas cidades. Pode
ser ajudada impedindo-se realisticamente a tragédia da perda crescente, através da
execução de hipotecas, de nossas pequenas propriedades e de nossas fazendas. Pode ser
ajudada pela insistência em que os governos federal, estaduais e locais ajam
imediatamente de acordo com a exigência de que o seu custo seja drasticamente reduzido.
Pode ser ajudada pela unificação das atividades de assistência, hoje espalhadas,
antieconômicas e desiguais. Pode ser ajudada pelo planejamento nacional e pela
supervisão de todas as formas de transporte e comunicações e de outras utilidades de
caráter definitivamente público. Há muitas maneiras com as quais ela pode ser ajudada,
mas nunca o será se nos limitarmos a falar. Precisamos agir, e agir depressa.
A ação nesta imagem e com este fim é factível na forma de governo que herdamos
de nossos maiores. Nossa Constituição é tão simples e prática que sempre se pode
satisfazer a necessidades extraordinárias com mudanças de ênfase e de arranjo sem perda
da forma essencial. Foi por isso que o nosso sistema constitucional se revelou o
mecanismo político mais soberbamente durável que o mundo moderno já produziu.
Enfrentou todas as tensões de uma vasta expansão do território, de guerras estrangeiras,
de renhida luta interna, de relações internacionais.
http://xoomer.virgilio.it/leonildoc/e-gov55.htm
FONTE B
Trabalhadores da Catalunha:
Dirijo-me ao povo catalão, a esse povo generoso que há quatro meses soube
derrotar a barreira dos militarezinhos que queriam submetê-los sob suas botas. Trago a
vocês saudações dos irmãos e colegas que lutam na frente de Aragão a alguns quilômetros
de Zaragoza, e que estão vendo as torres da Pilarica.
Apesar da ameaça que se fecha sobre Madri, deve-se lembrar que há um povo em
pé e, por nada do mundo, retrocederá. Resistiremos na frente de Aragão, contra as hordas
fascistas aragonesas, e dirigimo-nos aos irmãos de Madri para lhes dizer que resistam,
pois os milicianos da Catalunha saberão cumprir com seu dever, como quando se
lançaram às ruas de Barcelona para esmagar o fascismo. As organizações operárias não
podem esquecer qual deve ser o dever imperioso dos momentos atuais. Na frente, como
nas trincheiras, há um pensamento, só um objetivo. Olha-se fixamente, olha-se para
frente, apenas com o propósito de esmagar o fascismo.
Pedimos ao povo da Catalunha que ponham fim às intrigas, às lutas internas; que
se ponham à altura das circunstâncias; deixem as desavenças e a política de lado e pensem
na guerra. O povo da Catalunha tem o dever de corresponder aos esforços dos que lutam
na frente. Não haverá mais remédio além da mobilização de todos; e que não achem que
se têm que mobilizar sempre os mesmos. Se os trabalhadores da Catalunha têm de assumir
a responsabilidade de estar na frente, chegou o momento de exigir do povo catalão o
sacrifício também dos que vivem nas cidades. É necessária uma mobilização efetiva de
todos os trabalhadores da retaguarda, porque os que já estamos na frente queremos saber
com que homens contamos por trás de nós.
Se essa militarização decretada pelo generalato é para nos meter medo e para nos
impor uma disciplina de ferro, enganaram-se. Os conselheiros estão equivocados com o
decreto de militarização das milícias. Já que falam de disciplina de ferro, digo a vocês
que venham comigo à frente. Ali estamos os que não aceitamos nenhuma disciplina,
porque somos conscientes no cumprimento de nosso dever. E verão nossa ordem e nossa
organização. Depois viremos a Barcelona e perguntaremos a vocês sobre sua disciplina,
sua ordem e seu controle, inexistentes.
Se cada qual pensa que seu partido é mais forte para impor sua política, está
equivocado, porque frente à tirania fascista só devemos opor uma força, só deve existir
uma organização, com uma disciplina única.
Por nada do mundo aqueles tiranos fascistas passarão por onde estamos. Esta é a
consigna da frente. A eles lhes dizemos: "Não passarão!". E a vocês corresponde gritar:
"Não passarão!"
https://es.wikisource.org/wiki/Discurso_del_4_de_noviembre_de_1936_(Buena
ventura_Durruti)
FONTE C
Senhores!
O discurso que estou prestes a fazer diante de vocês talvez possa não ser, estritamente
falando, classificado como um discurso parlamentar. Pode ser que, no final, alguns de
vocês considerem que esse discurso esteja ligado, ainda que por meio do tempo decorrido,
ao que eu dissera nesta assembleia a 16 de novembro. Um discurso deste gênero pode
levar ou não a um voto político. Sabemos, porém, que eu não tento tornar isso um comício
político. Eu não quero: já tive muitos. O artigo 47 do Estatuto diz: "A Câmara dos
Deputados tem o direito de acusar ministros do rei e levá-los perante o Supremo Tribunal
de Justiça". Pergunto formalmente se nesta Câmara, ou fora dela, existe alguém que
queira aplicar o artigo 47. Meu discurso vai ser tão claro e objetivará um esclarecimento
absoluto.
Vocês sugerem que mesmo depois de termos caminhado por tão longo tempo com
companheiros de viagem, a quem sempre devemos a nossa gratidão, seria necessário parar
para saber se a mesma trilha poderá ser percorrida no futuro? Sou eu, senhores, que devo
levantar nesta assembleia a acusação contra mim. Foi dito que eu fundei uma Cheka.
Onde? Quando? De que maneira? Ninguém poderia dizer! Na verdade, houve uma Cheka
na Rússia, que executou, sem julgamento, 150 a 160 mil pessoas, de acordo com
estatísticas quase oficiais. Houve uma Cheka na Rússia, que exerceu terror
sistematicamente contra toda a classe burguesa e membros individuais da burguesia. A
Cheka, que dizia ser a espada vermelha da revolução. Mas a Cheka italiana nunca existiu.
Ninguém me negou até agora estas três qualidades: uma boa inteligência, coragem e um
desprezo soberano ao vil dinheiro.
Se eu tivesse fundado uma Cheka, eu teria fundado seguindo os critérios que eu sempre
pus em prática para controlar a violência que não pôde ser contida da história. Eu sempre
disse, e aqui recordamos aqueles que me seguem, nos últimos cinco anos de árdua luta,
que a violência, para ser efetiva, deve ser cirúrgica, inteligente, cavalheiresca. Agora, as
ações dessa chamada Cheka são sempre burras, sem compostura, estúpidas.
Agora, alguém poderia cogitar que no dia seguinte ao Natal, momento em que todas as
almas estão conduzidas a pensamentos piedosos e bons, eu poderia ter ordenado um
ataque às l0 da manhã na Via Francesco Crispi, em Roma, depois do meu discurso em
Monterotondo, o mais conciliador em dois anos de governo? Não me considerem assim
tão estúpido! E teria ainda tramado com a mesma inteligência as agressões menores de
Misuri e Forni? Seguramente todos se recordam do discurso de 1 de junho. Talvez seja
mais fácil voltar a esse momento de paixões políticas acaloradas, quando, nesta Câmara,
a minoria e a maioria se enfrentavam diariamente, momento em que todos estávamos
desesperados para poder estabelecer os termos necessários para uma coexistência política
e civil entre as duas partes opostas da Câmara.
Eram discursos irritantes dos dois lados. Finalmente, a 6 de junho, o honorável [Carlo]
Delcroix rompeu, com seu discurso lírico, cheio de vida e forte paixão, a atmosfera
carregada e tormentosa.
No dia seguinte, fiz um discurso que iluminou totalmente o ambiente. Disse à oposição:
reconheço seu direito ideal e também seu direito contingente; vocês podem superar o
fascismo como experiência histórica e submeter todas as disposições do governo fascista
a críticas imediatas.
Recordo-me e ainda guardo em meus olhos a visão desta parte da Câmara, onde todos
sentiram nesse momento que eu tinha pronunciado profundas palavras de vida e tinha
estabelecido os termos da coabitação necessária sem a qual nenhum tipo de assembleia
política é possível.
O que devo fazer? Alguns cérebros de críquete exigiram de mim naquela ocasião gestos
de cinismo, que eu não queria empregar porque repugnavam as profundezas de minha
consciência. Ou gestos de força? Que força? Contra quem? Para qual finalidade?
Quando penso nesses senhores, lembro-me daqueles estrategistas que, durante a guerra,
enquanto nós comíamos nas trincheiras, faziam a estratégia com os alfinetes no mapa.
Mas quando se trata de casos concretos, no lugar de comando e responsabilidade, vemos
as coisas sob outro raio e em um aspecto diferente.
No entanto, perdi oportunidades de mostrar minha energia. Eu ainda não fui inferior aos
eventos. Liquidei uma insurreição da Guarda Real em doze horas, contive uma revolta
insidiosa em poucos dias e conduzi uma divisão de infantaria e meia frota a Corfu em
quarenta e oito horas.
Esses gestos de energia, e os últimos, que até surpreenderam um dos maiores generais de
uma nação amiga, demonstram que não é a energia que falta no meu espírito.
Pena de morte? Mas que piada, senhores! Antes de tudo, terá que ser introduzida no
Código Penal a pena de morte; e então, no entanto, a pena de morte não pode ser a
represália de um governo. Deve ser aplicada depois de um julgamento regular, na verdade
muito regular, quando se trata da vida de um cidadão!
Foi no final daquele mês, daquele mês profundamente marcante na minha vida, que eu
disse: "Quero que haja paz para o povo italiano"; e eu queria estabelecer a normalidade
da vida política.
Mas que resposta obtive com este meu princípio? Primeiro, a secessão do Aventino, uma
secessão anticonstitucional claramente revolucionária. Depois, uma campanha
jornalística que durou os meses de junho, julho e agosto, uma campanha imunda e
miserável que nos desonrava por três meses. As mais fantásticas, as mais macabras, as
mais escabrosas mentiras foram amplamente afirmadas em todos os jornais! Havia de fato
um acesso de necrofilia! Houve também inquisição do que acontece abaixo do solo:
inventava-se, sabia-se que se tratavam de mentiras, mas mentia-se.
E fiquei quieto, calmo, no meio dessa tempestade, que será lembrada por aqueles que vêm
atrás de nós com uma íntima sensação de vergonha.
E enquanto isso, há um resultado dessa campanha! No dia 11 de setembro, alguém quer
vingar os mortos e dá um tiro em um de nossos melhores, que morreu pobre. Ele tinha
sessenta liras no bolso.
Não é mentira que o Parlamento tenha sido reaberto regularmente na data fixada e que
todos os orçamentos são discutidos com igual regularidade, o juramento da milícia não é
mentira, e a nomeação de generais para todos os comandos da Zona não é mentira.
Finalmente, nos deparamos com uma questão que nos surpreendeu: o pedido de
autorização para ser encaminhada a consequente renúncia da Honorável Junta.
Diante de tudo isso, como vocês me respondem? Sim. Respondem com uma
intensificação da campanha. Dizem que o fascismo é uma horda de bárbaros que
acamparam na nação; é um movimento de bandidos e saqueadores! A questão moral
ocorre e conhecemos a triste história das questões morais na Itália.
Mas então, senhores, que borboletas vamos procurar sob o arco de Tito? Bem, eu declaro
aqui, na presença desta Assembleia e na presença de todo o povo italiano, que eu assumo,
sozinho, a responsabilidade política, moral e histórica por tudo o que aconteceu.
Se as frases não tão bem articuladas já são suficientes para sentenciar um homem à forca,
abaixo ao mastro e abaixo à corda! Se o fascismo não passa de óleo de rícino e cassetete,
e não uma paixão soberba do melhor da juventude italiana, eu sou o culpado!
Eu me testei e vejo que não teria recorrido a essas medidas se os interesses da nação não
tivessem entrado em ação. Mas um povo não respeita um governo que se deixa difamar!
O povo quer espelhar sua dignidade na dignidade do governo, e as pessoas, antes mesmo
de eu dizer, disseram: Chega! Estamos fartos disto!
E por que ficaram fartos? Porque a expedição do Aventino tem um fundo republicano!
Esta sedição do Aventino teve consequências porque hoje na Itália, quem é um fascista
ainda arrisca sua vida! E só nos dois meses de novembro e dezembro, onze fascistas foram
mortos, um deles teve a cabeça esmagada a ponto de ser reduzido a um hospedeiro
ensanguentado, e outro, um idoso de setenta e três anos, foi morto e jogado contra uma
parede.
Somente nos três dias de janeiro de l925, e em apenas uma área, houve incidentes em
Mestre, Pionca, Vallombra: cinquenta subversivos armados com rifles percorreram a
aldeia, cantando a Bandeira Vermelha e explodindo fogos de artifício; em Veneza, o
miliciano Pascai Mario foi atacado e ferido; em Cavaso de Treviso, outro fascista é ferido;
em Crespano, o quartel dos carabineiros é invadido por um bando de mulheres
desordeiras; um capomanipolo [tenente miliciano] atacado e atirado na água em Favara
de Veneza; fascistas atacados por subversivos no Mestre; em Pádua, outros fascistas
atacados por subversivos. Chamo sua atenção para isso, porque isso é um sintoma: a pedra
é sempre lançada por estes subversivos a partir de suas janelas quebradas; em Moduno di
Livenza, um capomanipolo foi atacado e espancado.
Vocês veem a partir desta situação que a sedição do Aventino teve profundas repercussões
em todo o país. Então vem o momento em que se diz “Basta”! Quando dois elementos
estão lutando e são irredutíveis, a solução é a força. Nunca houve outra solução na história
e nunca vai haver.
Agora me atrevo a dizer que o problema será resolvido. O fascismo, o governo e o partido
estão em pleno funcionamento.
Senhores!
Vocês tiveram ilusões! Vocês acreditavam que o fascismo acabara porque eu o contive,
que ele morreu porque eu o castiguei e então eu também tive a crueldade de dizê-lo. Mas
se eu colocar a centésima parte da energia que eu coloco em contê-lo para libertá-lo, então
vocês iriam ver só...
Não haverá necessidade disso, porque o governo é forte o suficiente para esmagar
completamente a sedição do Aventino. A Itália, senhores, quer paz, quer tranquilidade,
quer calma laboriosa.
Nós entregaremos esta tranquilidade, esta calma industriosa à nação com amor, se
possível, e pela força, se necessário.
Tenham certeza de que nas quarenta e oito horas seguintes ao meu discurso, a situação
será resolvida em toda a área. Todos sabemos que o que tenho em mente não é uma atitude
caprichosa, não é a luxúria do governo, não é uma paixão ignóbil, mas é apenas um amor
ilimitado e poderoso pelo país.
https://it.wikisource.org/wiki/Italia_-_3_gennaio_1925,_Discorso_sul_delitto_Matteotti
FONTE D
Tratado de Versalhes
Ao fim de quinze anos de ter sido posto em vigor o atual tratado, os habitantes
do dito território serão chamados a indicar sob que soberania desejam ser colocados...
Depois daquela data, o número total de efetivos no Exército dos Estados que
constituem a Alemanha, não deve exceder de cem mil homens, inclusive oficiais e
estabelecimentos de depósitos. O exército dedicar-se-á exclusivamente à manutenção da
ordem dentro do território e ao controle das fronteiras.
Artigo 233 — A quantidade do dano acima pela qual deve ser feita compensação
pela Alemanha será determinada por uma Comissão Interaliada…
Artigo 428 — Como fiança pela execução do presente Tratado Pela Alemanha, o
território alemão situado à oeste do Reno, junto às cabeças de ponte, será ocupado pelas
tropas Aliadas e Associadas por um período de quinze anos, a partir da entrada em vigor
do presente Tratado…
Fenton, Edwin. 32 Problemas na História Universal. São Paulo, Edart, 1975, pp. 134-
135.
FONTE E
O último panfleto1
Colegas universitários!
Nosso povo está estarrecido diante da queda dos homens de Stalingrado. A genial
estratégia daquele que foi cabo na primeira guerra mundial 2 lançou, inútil e
irresponsavelmente, trezentos e trinta mil homens alemães à morte e à perdição. Führer,
nosso muito obrigado!3
1
Panfleto integralmente redigido pelo Prof. Huber e direcionado aos estudantes universitários de
Munique.
2
“Weltkriegsgefreite”: segundo Siefken (1994: 53) e Huber (2009:109), a referência é ao fato de
Hitler ter sido cabo na primeira guerra mundial. No início da Segunda Guerra ele vestiu seu uniforme de
cabo e exigiu que o povo alemão se sacrificasse agora da mesma forma que ele se sacrificara.
3
“Führer, wir danken dir!” era uma forma de agradecimento constante nas grandes festividades
nazistas (cf. Siefken 1994: 53)
juventude alemã aos mais baixos instintos de uma corja partidária? Nunca mais! Chegou
o dia de acertar as contas: do acerto de contas da juventude alemã com a Tirania mais
execrável que nosso povo já suportou. Em nome de todo o povo alemão, exigimos que o
Estado de Adolf Hitler nos devolva a liberdade pessoal, o bem mais precioso dos alemães,
que ele nos roubou da maneira mais deplorável possível.
Para nós só existe um só lema: luta contra o partido! Sair das estruturas do partido
que querem nos manter amordaçados politicamente! Sair dos auditórios dos sargentos e
4
Ordensburgen: quartéis nazistas para treinamento de líderes do partido. Eram treinados homens
entre 25 e 30 anos (cf. Siefken 1994: 53).
5
Segundo Siefken (1994: 54) é feita aqui uma referência à separação feita por Hitler entre os
“operário do punho” (Arbeiter der Faust) e os “operários do intelecto” (Arbeiter der Stirn ou Arbeiter des
Geistes): “Sie müssen sich gegenseitig wieder achten lernen, der Arbeiter der Stirne den Arbeiter der Faust
und umgekehrt. Keiner bestünde ohne den andern. Die beiden gehören zusammen, und aus diesen beiden
muβ sich ein neuer Mensch herauskristallisieren – der Mensch des kommenden deutschen Reiches.
Discurso de Hitler em 24.4.1923“ (Schmitz-Berning 1998: 41).
6
Segundo a análise que Harder fez dos panfletos, a referência feita aqui é ao Gauleiter Giesler, que
tem o status de Gauleiter, mas não é oficialmente o ocupante desse posto. Esse conhecimento provaria que
o autor dos panfletos era bastante familiarizado com os acontecimentos e as relações políticas de Munique.
coronéis da SS e dos capachos do partido! Queremos a ciência verdadeira e a autêntica
liberdade de espírito! Nenhuma ameaça conseguirá nos intimidar: nem mesmo o
fechamento de nossas universidades! Trata-se da luta de cada um de nós pelo nosso
futuro, nossa liberdade e honra em um Estado consciente de sua responsabilidade moral.
Liberdade e honra! Por dez longos anos, Hitler e seus comparsas distorceram,
banalizaram e perverteram até a náusea essas duas sublimes palavras, como só diletantes
são capazes de fazer, lançando aos porcos 7 os valores supremos de uma nação. Eles já
mostraram o suficiente o que significa liberdade e honra para eles, nesses dez anos de
aniquilamento de toda a liberdade de pensamento e de ação, de toda a substância moral
do povo alemão. Até o alemão mais burro teve seus olhos abertos pela terrível carnificina
que eles, em nome da liberdade e honra da nação alemã, causaram e continuam causando
diariamente em toda a Europa. A reputação alemã ficará para sempre maculada se a
juventude alemã não se elevar, não se vingar, não se redimir, não esmagar seus algozes e
construir uma nova Europa espiritual, de uma vez por todas. Universitárias!
Universitários! O povo alemão olha para nós! Hoje, ele espera de nós o fim do terror
nacional-socialista pelo poder do espírito, assim como esperou em 1813 o fim do terror
napoleônico.
Beresina e Stalingrado estão em chamas no Leste, os mortos de Stalingrado nos
invocam.
“Levanta, meu povo, já ardem as chamas”!!! 8
Nosso povo está em levante contra a escravização da Europa imposta pelo
nacional-socialismo, na confiança renovada de que liberdade e honra triunfarão.
7
Expressão bíblica (Mateus 7, 6): “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as
vossas pérolas” (Almeida). “Ihr sollt das Heiligtum nicht den Hunden geben und eure Perlen sollt ihr nicht
vor die Säue werfen“ (Luther).
8
Citação do poema patriótico “Canção dos soldados” (“Soldatenlied”), escrito por Theodor Körner
durante as guerras de independência da Prússia (cf. Huber 2009:113; Siefken 1994: 55).
FONTE F
Sim. O que digo é que sou inocente, não só do crime de Braintree, mas também
do crime de Bridgewater. Que não somente sou inocente desses dois crimes, como tam-
bém em toda a minha vida, nunca roubei, nunca matei e nunca derramei sangue. Isso é o
que quero dizer. E não é tudo. Não apenas sou inocente desses dois crimes, não apenas
em toda a minha vida nunca roubei, nunca matei, nunca derramei sangue, mas lutei toda
a minha vida, desde que me conheço por gente, para eliminar o crime da face da terra.
Todo o mundo que conhece estes dois braços sabe muito bem que não preciso sair
à rua e matar um homem para tirar-lhe o dinheiro. Posso viver com os meus dois braços
e viver bem. Mas, além disso, posso até viver sem trabalhar com meu braço para outras
pessoas. ...
Pois bem, quero chegar um pontozinho mais adiante, e este é que não somente não
estive tentando roubar em Bridgewater, não somente não estive em Bridgewater para
roubar e matar e nunca roubei e matei, nem derramei sangue em toda a minha vida, não
só lutei com muito empenho contra os crimes, mas também recusei a mim mesmo a
comodidade ou a glória da vida, o orgulho de uma boa posição na vida porque, na minha
opinião, não é direito explorar o homem...
Ora, agora, direi que não só estou inocente de todas essas coisas, não só jamais
cometi um crime de verdade em toda a minha vida – embora alguns pecados, mas nenhum
crime – não só tenho lutado toda a minha vida para eliminar crimes que a lei oficial e a
moral oficial condenam, mas também o crime que a moral oficial e a lei oficial sancionam
e santificam – a exploração e a opressão do homem pelo homem, se se há uma razão pelo
qual estou aqui como culpado, se há uma razão pela qual podereis, dentro de mais alguns
minutos, condenar-me, essa é a razão e mais nenhuma.
Lá está o melhor homem em quem já pus os olhos desde que os abri para a vida,
um homem que durará e estará cada vez mais perto e será cada vez mais querido do povo,
até o mais profundo do coração do povo, enquanto durar a admiração pela bondade e pelo
sacrifício. Refiro-me a Eugene Debs. ... Ele sabe, e não somente ele mas todo homem de
entendimento no mundo, não só deste país como também nos outros países, homens aos
quais fornecemos certa dose do registro dos tempos, todos ficarão conosco, a nata da
humanidade da Europa, os melhores escritores, os maiores pensadores, da Europa,
intercederam por nós. Os cientistas, os maiores cientistas, os maiores estadistas da
Europa, intercederam em nosso favor. O povo de nações estrangeiras intercedeu em nosso
favor.
Será possível que apenas uns poucos do júri, um punhado de homens do júri, que
seriam capazes de condenar a própria mãe por honrarias mundanas e uma fortuna terre-
na; será possível que eles estejam certos contra o que o mundo, o mundo inteiro disse que
está errado e que eu sei que está errado? Se há alguém que deveria saber disso, se é certo
ou se é errado, esse alguém sou eu e é este homem. Vede que faz sete anos que estamos
na cadeia. O que sofremos durante esses anos nenhuma língua humana pode di-zer e, no
entanto, vós me vedes diante de vós, sem tremer, vós me vedes encarando con-vosco,
olho no olho, sem corar, sem mudar de cor, sem falsa vergonha e sem medo. ...
Provamos que não poderia ter havido outro juiz na faze da terra mais
preconceituoso e cruel do que vós tendes sido contra nós. Nós o provamos. Ainda assim
nos recusam o novo julgamento. Sabemos, e vós o sabeis em vossos corações, que
estivestes contra nós desde o princípio, antes mesmo de ver-nos. Antes de ver-nos, já
sabíeis que éramos radicais, que éramos pobres-diabos, que éramos o inimigo da
instituição em cuja bondade podeis acreditar de boa fé – não quero condená-lo – e que
era fácil, por ocasião do primeiro julgamento, obter uma sentença condenatória.
Sabemos que vós mesmos falastes e dissestes de vossa hostilidade contra nós, e
do vosso desprezo por nós a amigos no trem, no University Club de Boston, no Golf
Clube de Worcester. Tenho a certeza de que se todas as pessoas que sabem tudo o que
dizeis contra nós tivessem a coragem civil de depor, talvez Vossa Excelência - lamento
dizer uma coisa dessas porque sois um homem velho e eu tenho velho pai - talvez Vossa
Excelência estivesse aqui ao nosso lado em boa justiça a essa hora...
Isto é o que digo: eu não desejaria a um cão nem a uma cobra, à mais vil e infeliz
das criaturas sobre a terra – eu não desejaria a nenhum deles o que tive de sofrer por
coisas de que não sou culpado. Sofri porque sou radical e, na verdade, sou radical; sofri
porque eu era italiano e, na verdade, sou italiano; sofri mais por minha família e pelos
meus entes queridos do que por mim mesmo; mas estou tão convencido de estar certo
que, se pudésseis executar-me duas vezes, e se eu pudesse renascer mais duas, tornaria a
viver para fazer o que já fiz. tenho dito. Muito obrigado.
FONTE G
Claro que é possível. Era isto precisamente que eu procurava demonstrar e Maio
de 1918. É isto que eu espero ter demonstrado em Maio de 1918. Mais ainda: demonstrei
também então que o capitalismo de Estado é um passo em frente em comparação com o
elemento pequeno-proprietário (pequeno-patriarcal e pequeno-burguês). Comete-se uma
infinidade de erros ao contrapor ou comparar o capitalismo de Estado apenas com o
socialismo, enquanto situação político-econômica presente é obrigatório comparar
também o capitalismo de Estado com a produção pequeno-burguesa.
Para abordar a solução deste problema é necessário, antes de mais nada, conceber
do modo mais preciso possível o que será na prática e o que pode ser o capitalismo de
Estado dentro do nosso sistema soviético, no quadro do nosso Estado soviético.
9
Medida de massa equivalente a aproximadamente 16,38 kg.
preciso pensar e pesar tudo ao concluir o contrato da concessão, e depois saber vigiar o
seu cumprimento. Existem aqui indubitavelmente dificuldades, e os erros serão aqui
certamente inevitáveis nos primeiros tempos, mas essas dificuldades são mínimas em
comparação com os outros problemas da revolução social, particularmente em
comparação com as outras formas de desenvolvimento, de admissão e de implantação do
capitalismo de Estado.
Façamos o resumo.
Ajudar por todos os meios a massa dos trabalhadores, aproximar-se dela, destacar
dela centenas e milhares de funcionários sem partido para o trabalho econômico. E os
«sem partido» que de facto não sejam mais do que mencheviques e socialistas-
revolucionários disfarçados com os trajes da moda dos sem partido de Cronstadt,
devemos mantê-los cuidadosamente na prisão ou enviá-los para Berlim, para Mártov,
para que gozem livremente todos os encantos da democracia pura, para que troquem
livremente as suas ideias com Tchernov, com Miliukov e com os mencheviques
georgianos.
FONTE H
10 fuzis de um tiro,
1 saco de tabaco,
1 barril de aguardente,
5 chapéus brancos,
1 guarda-sol,
2 espelhos,
1 realejo.
Quando da tomada de posse das duas milhas quadradas concedidas, será pago um
valor igual, o qual o Rei dividirá com os proprietários atuais da referida terra, conforme
convenção estabelecida entre eles.
O dito tratado, lido e relido ao Rei, em francês e em inglês, foi feito em duas vias
e de boa-fé por nós, no ancoradouro, do Grande Bassam em 19 de fevereiro de 1842 a
bordo de L'Alouette.
Visto e aprovado,
o Capitão de Corveta
Comandante da estação
Tratado entre a França e o Rei Peter, de Grand Bassam. In: Brunschwig, Henri. A
Partilha da África Negra. São Paulo, Perspectiva, 1974, pp. 76-8.