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CAPA
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PAPOSSECO KIRRANZA
“INSÓLITO” UMA HISTÓRIA PARA CHORAR
FICHA TÉCNICA
Título: “INSÓLITO” uma história para chorar
Autor: Paposseco Kirranza
Género literário: Narrativo
Subgénero: Conto
Capa: Bonifácio da Cruz
Revisão Linguística: Bonifácio da Cruz e Faustina Luis
Revisão Literária: O autor
Fotografia: Francisco Rio
Rostos: Luis Monteiro e Eidimiro Grizzly
Diagramação: O autor
Prefácio: António Tavares
Editora: Independente
Ano: 2023
Facebook: Paposseco Kirranza
WhatsApp: 946293711
E-mail: monteiropaposseco8@gmail.com
ISBN: 978-989-35073-0-8
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PREFÁCIO
A caneta de Monteiro Paposseco “Kirranza” em INSÓLITO,
UMA HSTÓRIA PARA CHORAR, remete-nos à algumas
situações que compõem o tecido social angolano. Estas
situações são, muitas vezes, deixadas ao vento e, portanto, o
vento leva-as ao esquecimento literário.
Paposseco traz, neste livro, diferentes acontecimentos trágicos
vividos por senhora Carolina desde o dia que traz uma vida ao
mundo. Senhora Carolina é obrigada a viver com as dores
psicológicas como se fossem feridas crónicas. Elementos
como a não superação da perda de parentes e a perda de sentido
da vida, fazem com que a dor física seja esquecida por senhora
Carolina até quando seu corpo é usado por estranhos.
A obra torna-se rica e propensa para estudos literários, pois
dela podem ser encontradas inúmeras dimensões literárias tais
como a social, política, história, etc.
Finalmente, o escritor dá-nos a oportunidade de viajar guiados
pela imaginação a fim de se criar nossa própria compreensão
da razão que levou senhora Carolina a ter uma posição que,
para alguns, vem a ser espantosa.
É importante reconhecer e parabenizar o escritor pela
excelente narrativa e pela grande capacidade literária que teve
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para nos brindar com uma linda obra que nos recorda a
necessidade de sentido patriótico no seio da juventude.
Todo o leitor e amigo dos textos narrativos deve sentir-se
convidado a degustar de mais um grande trabalho de
Paposseco Kirranza por ser um presente merecedor de
apreciação.
António Tavares, Escritor e Linguista
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Iº CAPÍTULO
A trágica e imensurável comparticipação diabólica, parecia
que perseguia sempre o ser mais importante do mundo, a
mulher mãe.
As estrelas testemunhavam a sua curiosidade, a lua fazia de
tudo para tentar iluminar o seu coração, mas as trevas
perseguiam-lhe, aquele escuro da noite aterrorizava-lhe, tudo
porque não mais queria abrir a boca e mostrar aquela estrutura
cilíndrica de cor branca, ou seja, não mais queria sorrir, os
choros eram intensos, sobretudo nas noites. Por mais que
tivesse companhia, ela não sentia aquela reunião de pessoas,
não havia sequer um afeto. Aquela condição e estado de quem
está sozinha, não estava só, estava com ela, sentia solidão
mesmo na presença de pessoas.
As pessoas não sabiam, não conheciam aquele ser por dentro,
apenas sabiam que existe uma mulher alegre, sorridente e
comparticipativa socialmente, mas não sabiam que era um ser
carente por dentro, sofredora por dentro, e angustiada por
dentro. Se alguém soubesse o seu pensamento, de certo que
este alguém choraria. Era muita dor, muitíssimo sofrimento.
Durante o dia era alegre, mas durante a noite era o ser mais
triste do mundo, a sua dor não lhe permitia dormir, noites
perdidas, muitas delas, não recuperadas.
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IIº CAPÍTULO
Senhora Carolina Tchitunda, professora de História da
Universidade Agostinho Neto, viúva desde o dia do
nascimento do seu filho único. No dia do parto, perdeu o
marido, vítima de um acidente rodoviário enquanto acelerava
para conhecer o filho que acabava de nascer em uma
maternidade da cidade de Luanda chamada “maternidade
Lucrécia Paím”.
Uma mulher triste, ganhou um motivo para sorrir, e perdeu
quem deu tanto contributo para que tivesse um motivo para tal.
Apesar da ausência involuntária do marido, ela criou o
Alberto, seu filho amado, juntos formaram uma família, foi
difícil para ela, mas conseguiu. O vazio que o seu marido
deixou era impreenchível, nem mesmo o Alberto poderia curar
tal cicatriz. Quando chegava o dia em que se comemorava o
aniversário do Alberto, dia 25 de Março, ela não sabia se ficava
triste ou se ficava alegre, pois era o dia em que ela ganhou o
Alberto, mas também o dia em que perdeu o marido, este dia,
para ela, era como se fosse um soro, uma mistura de sal e
açucar, mas do ponto de vista emocional, era um sentimento
desagradável; Do ponto de vista maternal, era um desafio
incalculável.
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IIIº CAPÍTULO
Quando o Alberto tornou-se tenente, era numa época em que
Angola vivia um colapso organizacional, a má governação
fez com que originasse grupos de rebeldes no país, rebeldes
esses que, por forças determinadas, tornaram-se inimigos do
governo, a rebelião era constante, a Polícia Nacional não
conseguia impedir. Foi um ano de rebeldia que vigorizou
Angola, no segundo ano, o governo decidiu agir com forças
maiores, punindo todo cidadão que aderia à prática
revolucionária, mas não se tinha êxito, o movimento
revolucinário rebeldíaco espalhou-se por todo país, tiveram
financiamentos de alguns partidos da oposição, conseguiram
armamentos suficientes para fazer frente à polícia. Tão logo
que o governo apercebeu-se do arsenal que os rebeldes
tinham, viu a necessidade de decretar um estado de
calamidade no país, os militares foram obrigados a defender a
pátria angolana, parecia o princípio de uma guerra civíl
angolana. As nações aliadas ao governo angolano fizeram de
tudo para impedir o desastroso acontecimento, mas sem
êxito, daí que surgiram fogos, disparos entre militares e a
comunidade civíl, todo militar foi obrigado a estar em campo
de acção. Sangue derramado, militares e civís feridos, depois
de algumas semanas, a situação melhorou.
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te perdoarei por isso!” mas não via nem ouvia nenhum Alberto,
foi até ao quarto, olhou para a cama desarrumada, ainda assim
não o viu, colocou-se de joelhos abraçando uma camisa do
Alberto e chorando, chorando, chorando e chorando.
A senhora Carolina não tinha com quem partilhar a dor,
tentava ficar firme, mas não conseguia, o pessoal do bairro
deu apoio, pois conheciam a família.
O cortejo fúnebre foi organizado pelas forças militares, o
tenente Alberto foi enterrado como um herói. No momento
fúnebre, a senhora Carolina apanhou um ataque de coração, a
sua tensão subiu, foi levada para o hospital, o ataque foi tão
grave que lhe deixou em coma durante sete dias. Ficou
internada no hospital militar, o ministério da defesa custeou as
despesas, quando ela acordou do coma, o governo deu uma
equipe médica para acompanhar ela durante três meses, teve
também um acompanhamento psicológico que não resultou em
nada, ela considerava o Alberto como seu psicólogo por
excelência.
Durante um mês, ela dispensou os médicos, afirmando que não
os precisava mais, o governo entendeu e aceitou o seu pedido.
Deixou de ser professora, já não se reviu em dar aulas, teve
que abandonar tudo porque sentiu não fazer sentido continuar
trabalhando. Passou a sustentar-se com o subsídio do filho.
- Aló! É do orfanato “Divina Prudência”?
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IVº CAPÍTULO
No dia 17 de Setembro, em Angola é comemorado o dia do
herói nacional, Dr António Agostinho Neto pelos seus feitos
em prol da pátria angolana, neste dia, é feita várias menções
honrosas ao tal dito herói. O governo angolano realizou uma
conferência para falar sobre os feitos do Dr António Agostinho
Neto, esta conferência foi realizada no centro de conferências
de Belas, para o evento, foram convidadas várias entidades
governamentais, o ambiente estava abarrotado por pessoas de
alto nível social, fazia-se presente o próprio Presidente da
República de Angola e os grandes Generais que conviveram
de perto com o malogrado. O evento estava marcado para
9h:00, as entidades chegavam muito cedo para melhor
organização, o governo decidiu que a organização deveria
partir de cima quando houve a revolução civíl. Quando marcou
9h:00, o momento foi aberto com incríveis discursos dado
pelas entidades escaladas, quem estava escalada para abrir o
primeiro painel da conferência para falar da vida do herói
nacional era a ex professora universitária Senhora Carolina
Tchitunda, ex professora de História da Universidade
Agostinho Neto, ela era a pessoa ideal para falar sobre a vida
do herói nacional pelo facto de ser uma grande historiadora,
fez o seu mestrado em história de Angola. Apesar de não estar
ainda bem psicologicamente, ela sempre esteve preparada
intectualmente para falar sobre esse assunto.
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Vº CAPÍTULO
Dois anos se passaram, o sofrimento não foi diminuido, a cada
dia que passava, ela sentia-se sozinha, sentia muita falta do
Alberto. Enquanto sofria, viu que seria bom dar-se mais uma
oportunidade lutando contra si mesma, daí que lembrou do
convite da irmã Cândida para passar a frequentar com
intensidade o orfanato.
- Alô, irmã, bom dia!
- Jesus te ama, Carolina, se você crê, diga Amém.
- Amém, irmã, Deus seja louvado – Declarou a senhora
Carolina.
- Então, qual é motivo da ligação, Carolina?
- Apartir de amanhã, passarei a frequentar o orfanato, decidi
ajudar a cuidar das crianças.
- Que bom, Carolina, o meu coração alegra-se em ouvir isso,
Deus seja louvado pela tua decisão, serás bem-vinda.
A conversa foi concluída, a senhora Carolina, pela primeira
vez, fugiu dos seus pensamentos de sofrimento e preocupou-
se em como seria o seu primeiro dia cuidando das crianças,
imaginava se seria bem recebida e, se seria uma boa cuidadora,
depois disse em seu pensamento “devo cuidar bem daquelas
crianças porque são orfãos” tão lago pensou nisso, lembrou
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que ela era órfã de filho, ficou triste, chorou um pouco e disse
“acho que nos daremos bem, somos da mesma tipologia”.
Na manhã seguinte, preparou-se muito cedo, subiu no carro e
dirigiu em direcção ao orfanato, a recepção foi boa, as crianças
simpatizaram-se com a senhora Carolina Tchitunda, a madre
ficou tão feliz por ver o sorriso nos rostos daquelas crianças,
mas ficava triste porque não via um sorriso verdadeiro no rosto
da senhora Carolina, ela ria falsamente só para alegrar as
crianças, ela não queria proporcionar mais tristeza às crianças,
por isso tinha que rir sempre.
A ida lá era constante, virou sua rotina, a ocupação fazia-lhe
bem, o sorriso que era falso, no meio de vinte, existia sempre
dois verdadeiros, e foi somando aos poucos, ela era
considerada como a “mamã historiadora” porque contava
sempre histórias às crianças, em tão pouco tempo tornou-se a
cuidadora mais querida pelas crianças, a sua educação era
respeitando a individulidade e a psicologia do
desenvolvimento infantil.
- Mamã historiadora, queremos ouvir a história da chuva feliz
– disse a Márcia, uma menina de 12 anos de idade, propriedade
do orfanato desde o dia do seu nascimento, perdeu a mãe no
parto, a família toda recusou-se em cuidar dela.
- Está bem, crianças, venham cá que eu contar-vos-ei uma
história.
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FIM
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BIOGRAFIA
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