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Quem é Capitu?

Capitu é a personagem mais complexa


e fascinante da literatura brasileira.
(Antonio Candido, crítico literário)

Capitu é a grande metáfora do Brasil,


um país de contrastes e ambiguidades.
(Haroldo de Campos, poeta)

Capitu é a prova da genialidade de


Machado de Assis, uma personagem
que continua a ser estudada e até hoje.
(Silviano Santiago, crítico literário)
Os olhos de Capitu
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação
exata e poética para dizer o que foram aqueles
olhos de Capitu.
Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra
da dignidade do estilo, o que eles foram e me
fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca.
É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam
não sei que fluido misterioso e enérgico, uma
força que arrastava para dentro, como a vaga que
se retira da praia, nos dias de ressaca.
(Dom Casmurro, Machado de Assis)
• Olhos que atraem e capturam
• Olhos profundos e misteriosos
• Olhos que escondem turbulências
• Olhos que mudam de cor
Capitu traiu Bentinho?

• O ciúme de Bentinho

• A personalidade de Capitu
Lygia Fagundes Telles
Três opiniões sobre se Capitu...
Lygia Fagundes Telles
Na adolescência: achei que Capitu era
uma santa, uma pobrezinha; e ele,
Bentinho, um neurótico, um doido
varrido, histérico. Conversei com as
minhas colegas, éramos seis mulheres,
sobre a leitura, e eu dizia: ‘Não pode
isso, esse homem é um louco,
neurastênico, desesperado, casado
com uma santa em que via a traição.’
Lygia Fagundes Telles

Na maturidade: Eu estava casada com


o Paulo Emílio e preparávamos Capitu
(roteiro filmado por Paulo César
Saraceni e lançado pela Cosac Naify).
Reli o livro e disse ao Paulo: ‘Mudei
completamente de ideia, a mulher
traiu ele, sim, o filho não era dele’.
Lygia Fagundes Telles

Na velhice: Capitu traiu Bentinho?


Eu já não sei mais. Minha última versão
é essa, não sei. Acho que, enfim,
suspendi o juízo. No começo, ela era
uma santa; na segunda, um monstro.
Agora, na velhice, eu não sei.
Quem criou Capitu?

Machado de Assis
Machado de Assis - Branco
Machado de Assis - Negro
Os segredos
do futuro
de Capitu
Furiosa Capitu

Imperatriz Furiosa é um
exemplo de independência.
Ela segue seus próprios
valores, mesmo quando
isso significa ir contra as
expectativas da sociedade.
Vesper Lynd Capitu

Vesper Lynd tem sua


lealdade e motivações
questionadas ao longo
do filme, deixando 007
e o público intrigados,
adicionando profundidade
à narrativa.
Viúva Negra Capitu

Viúva Negra é conhecida


por sua beleza marcante.
Seus olhos penetrantes e
personalidade enigmática
são comparáveis à descrição
de Capitu.
Arlequina Capitu

Arlequina é conhecida por


sua inteligência. É uma
psicóloga habilidosa e
manipuladora, capaz de
entender profundamente
a mente humana e usar
isso a seu favor.
Vidas Secas
O romance, publicado em 1938,
conta a história de uma família de
retirantes nordestinos que migram
em direção ao litoral, fugindo da
seca que assola o sertão.
Ao longo da obra, é possível que o
leitor se coloque ora diante da
narrativa dos fatos, ora dentro da
cabeça das personagens.

@profajoycedefreitas
Sinha Vitória
Pobre do papagaio. Viajar com ela, na
gaiola que balançava em cima do baú de
folha. Gaguejava: - "Meu louro." Era o que
sabia dizer. Fora isso, aboiava
arremedando Fabiano e latia como Baleia.
Coitado. Sinhá Vitória nem queria lembrar-
se daquilo. Esquecera a vida antiga, era
como se tivesse nascido depois que
chegara à fazenda. A referência aos
sapatos abrira-lhe uma ferida - e a viagem
reaparecera. As alpercatas dela tinham
sido gastas nas pedras. Cansada, meio
morta de fome, carregava o filho mais
novo, o baú e a gaiola do papagaio.
Fabiano era ruim. (RAMOS, 2020, p. 43).

@profajoycedefreitas
Sinha Vitória
Como não se entendessem, Sinha Vitória aludira, bastante
azeda, ao dinheiro gasto pelo marido na feira, com jogo e
cachaça. Ressentido, Fabiano condenara os sapatos de verniz
que ela usava nas festas, caros e inúteis. Calçada naquilo,
trôpega, mexia-se como um papagaio, era ridícula. (RAMOS,
2020, p. 44).

@profajoycedefreitas
Cama de varas X cama de couro
A cama é a representação do
desejo de mudança no rumo da
história de Sinha Vitória.

Não conseguiam tomar resolução.


Paciência. Era melhor esquecer o nó e
pensar numa cama igual à de seu Tomás
da bolandeira. Seu Tomás tinha uma
cama de verdade, feita pelo carpinteiro,
um estrado de sucupira alisado a enxó,
com as juntas abertas a formão, tudo
embutido direito, e um couro cru em cima,
bem esticado e bem pregado. Ali podia
um cristão estirar os ossos (RAMOS,
2020, p. 44).

@profajoycedefreitas
Os segredos do futuro de Sinha
Vitória
Escritora
Depois dos filhos matriculados na escola
e alfabetizados, é a vez de Sinha Vitória.
Por meio da educação, toma gosto pela
escrita e esta é a chave para ser a dona
da própria história.

@profajoycedefreitas
Os segredos do futuro de Sinha
Vitória
Desembargadora
Assim como Neuza Maria, primeira
desembargadora negra do Brasil,
Sinha Vitória enveredou pelo mundo do
direito, lutando contra injustiças e
exclusão social das pessoas em situação
de pobreza.

@profajoycedefreitas
“Assim é que experimentarei
contra os meus hábitos uma
história com começo, meio e “gra
finale” seguido de silêncio e de
chuva caindo”

- Clarice Lispector, 1998


Quem é Macabéa?
“Eu morei em Recife, eu morei no Nordeste, eu
me criei no Nordeste. E depois, no Rio de Janeiro
tem uma feira dos nordestinos no campo de São
Cristóvão e uma vez eu fui lá. E peguei o ar meio
perdido do nordestino no Rio de Janeiro. Daí
comecei a ter ideias. Depois eu fui à cartomante
e ela disse várias coisas boas que iria me
acontecer - e imaginei, quando tomei um táxi de
volta, que seria muito engraçado se um táxi me
pegasse e me atropelasse e eu morresse depois
de ter ouvido todas essas coisas boas. Daí
surgiram ideias. Então daí foi nascendo também
a trama da história.
- Clarice Lispector, em entrevista à TV Cultura.
Uma outra presença, que disputa com a do
narrador, insinua-se nessa modalidade de fala: a
presença da própria escritora, já declarada na
dedicatória da obra [...] ao identificar-se com
S.M., na verdade Clarice Lispector e por
intermédio dele com a própria nordestina –
Macabéa [...] Clarice Lispector faz-se igualmente
personagem.

- Benedito Nunes, 1989, p. 66.


“[...] O que escrevo é mais do que invenção, é
minha obrigação contar sobre essa moça entre
milhares delas. E dever meu, nem que seja de
pouca arte, o de revelar-lhe a vida”

Clarice Lispector, 1998, p. 13

[...] Sei que há moças que vendem o corpo, única


posse real, [...]. Mas a pessoa de quem falarei
mal tem corpo para vender, ninguém a quer, ela
é virgem e inócua, não faz falta a ninguém.

Clarice Lispector, 1998, p. 13


No paulatino e penoso contato com a história
que escreve, o narrador vai privando Macabéa
de insígnias tradicionais da feminilidade. Rodrigo
a narra despojando a personagem de
mecanismos de integração social, de
instrumentos de sedução e de relações
amorosas.

Maria Lígia Guidin, 1998, crítica literário.


A voz do narrador-personagem é bastante jocosa
para anunciar que a história pobre da datilógrafa
desenrolar-se-á acompanhada pelo ruflar de um
tambor, “sob o patrocínio do refrigerante mais
popular do mundo, com gosto do cheiro de
esmalte de unhas e de sabão Aristolino”, e
bastante séria para mediar o confronto da
situação humana de Macabéa com o ofício e o
papel do escritor.
- Benedito Nunes, crítico literário
Questionamentos de Macabéa...

❑ existência
❑ realidade social
❑ Amor
❑ Futuro
❑ Vida

“Já que sou eu, o jeito é ser”


- Clarice Lispector, 1998
Madama Carlota, a cartomante...

“pela primeira vez ia ter um destino”


... e o Futuro?
“Ficou inerte no canto da rua, [...]. Hoje, pensou
ela, hoje é o primeiro dia de minha vida: nasci”
“Pois nA HORA DA
morte a pessoa se
torna brilhante como
um ESTRELA de cinema,
é o instante de glória de
cada um [...]”
Quem criou Macabéa?

Clarice Lispector
Macabéa e a barbielândia...

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