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livro-

reportagem e
jornalismo
literário
Segundo o autor Edwaldo Pereira Lima, o livro-reportagem é a melhor
expressão da união entre literatura e jornalismo.

Apesar do espaço dado por muitos veículos para reportagens literárias,


no livro-reportagem as amarras do jornalismo tradicional - o lead
jornalítisco, o curto deadlin e o pouco espaço disponível na
diagramação - podem ser esquecidas.

O livro-reportagem amplia e aprofunda o trabalho


do jornalismo tradicional.
De acordo com Edvaldo Pereira Lima, a reportagem é a ampliação da
notícia, com maior detalhamento e aprofundamento do que a notícia, já
o livro-reportagem é o veículo de comunicação impressa não-periódico
que apresenta reportagens em grau de amplitude superior ao
tratamento costumeiro nos meios de comunicação jornalística
periódicos.
Características do livro-reportagem:

Liberdade temática: escolha do tema


Liberdade de angulação: perspectiva do autor e não do veículo
Liberdade de fontes: fontes fora do convencional
Liberdade temporal: não precisa falar sobre o factual
Liberdade de abordagem: diferentes abordagens sobre um mesmo fato
Liberdade de propósito: objetivo final do texto
livro-reportagem

"De um lado, amplia o trabalho da imprensa cotidiana, como que


concedendo uma espécie de sobrevida aos temas tratados pelos jornais,
pelas revisas e emissoras de rádio e televisão. De outro, penetra em
campos desprezados ou superficialmente tratados pelos veículos
jornalísticos periódicos."

O que é livro-reportagem.
Evaldo Pereira Lima
Além de ampliar e
aprofundar o trabalho do
jornalismo tradicional, o
livro-reportagem é a
expressão maior do
jornalismo literário, um
estilo jornalístico que une
literatura e jornalismo.
Alguns tipos de livro-reportagem, segundo Edvaldo Pereira Lima:

Livro-reportagem perfil: procura evidenciar o lado humano de uma


personalidade pública ou de uma personagem anônima que, por algum
motivo, torna-se de interesse.

Livro-reportagem depoimento: reconstitui um acontecimento relevante


de acordo com a visão de um participante ou de uma testemunha
privilegiada.

Livro-reportagem retrato: ao contrário do perfil, este foca em uma


localidade, setor da sociedade, segmento de atividade econômica, etc.
Livro-reportagem história: foca em um tema do passado recente ou algo
mais distante no tempo.

Livro-reportagem atualidade: aborda um tema atual e permite ao leitor


resgatar as origens do que ocorre, seu contorno do presente, e as
tendências possíveis de seu desfecho no futuro.

Livro-reportagem denúncia: com propósito investigativo, apela para o


clamor contra as injustiças, focalizando casos marcados pelo escândalo.

Livro-reportagem viagem: apresenta como fio condutor uma viagem


com o pretexto de retratar aspectos da realidade do local.
"Num primeiro movimento, o jornalismo bebe na fonte da literatura.
Num segundo, é esta [a literatura] que descobre, no jornalismo, fonte
para reciclar sua prática, enriquecendo-a com uma variante bifurcada
em duas possibilidades: a de representação real do efetivo, uma espécie
de reportagem - com sabor literário - dos episódios sociais, e a
incorporação do estilo de expressão escrita que vai aos poucos
diferenciando o jornalismo, com suas marcas distintas de precisão,
clareza e simplicidade."

Páginas Ampliadas: o livro-reportagem como


extensão do jornalismo e da literatura
Edwaldo Pereira Lima
O Jornalismo Literário que
conhecemos atualmente tem
suas bases no novo
jornalismo, que é fruto do
realismo social do século XIX.
Com a modernização da imprensa, a partir da última metade do século
XIX, muitos escritores entram para o mundo jornalístico com o objetivo
de ter uma fonte de renda e também divulgar suas obras. Ao mesmo
tempo, eles acabam utilizando técnicas do jornalismo para aprimorar
sua escrita de ficção.

O uso das estratégias jornalísticas na ficção é uma das principais


características do realismo social do século XIX. Os autores escreviam
ficções fiéis à realidade da época, descrevendo costumes, linguagens e
personagens com base no cotidiano real.

Exemplos: Mark Twain, Dickens, Machado de Assis, José de Alencar,


Euclides da Cunha, dentre outros.
Com inspiração no realismo social da
literatura, se inicia no século XX uma nova
forma de fazer jornalismo, o novo jornalismo.

Neste caso, é o jornalismo que faz uso da


literatura por meio da utilização de técnicas
literárias para a escrita de grandes
reportagens e de livro-reportagens.
Exemplos: Hiroshima, de John Hersey
publicado pela revista The New Yorker, em
1946, e a Sangue Frio, de Truman Capote,
publicado na mesma revista em 1965.
"O new journalism deu um passo na direção do mais abrangente, ao
introduzir monólogos interiores dos personagens de suas matérias e fluxos
de consciência, até então só empregados na literatura de ficção."

Páginas Ampliadas: o livro-reportagem como


extensão do jornalismo e da literatura
Edwaldo Pereira Lima
Recursos literários utilizados
pelo novo jornalismo

Construção cena a cena


Registro do diálogo por completo
Ponto de vista (angulação/perspectiva)
Registro fiel do cotidiano
Algumas diferenças entre uma reportagem
tradicional e o jornalismo literário
Tradicional
Texto é construído com citações diretas;
Transição entre as partes é simples;
Poucos detalhes do ambiente e do comportamento do personagem.

Literário
Citações diretas não são essenciais;
Utilização de metáforas e figuras de linguagem;
Descrição do ambiente, perfil e comportamento do personagem.
Angulação
Escolher uma abordagem, uma palavra, uma imagem, cores. "Angular é
saber onde e como colocar determinado componente no texto, de
maneira que a ideia apresentada seja a mais próxima daquilo que se
pretendeu". São recursos técnicos de angulação: utilizar imagens,
analogias e comparações; tipificação de situações e personagens (que
se dá pela descrição de pessoas, ambiente e objetos); descoberta do
aspecto mais original ou interessante da matéria; contrabalancear o
texto direto (citação direta) com o indireto (interpretação de quem
escreve).
Ponto de vista
"A narrativa jornalística é como um aparato ótico que penetra na
contemporaneidade para desnudá-la, mostrá-la ao leitor, como se fosse
uma extensão dos próprios olhos dele, leitor, naquela realidade que
está sendo desvendada. Para cumprir tal tarefa, a narrativa tem de
selecionar a perspectiva sob a qual será mostrado o que se pretende.
Em outras palavras, deve optar na escolha dos olhos - e de quem - que
servirão como extensores da visão do leitor."

Páginas Ampliadas: o livro reportagem como


extensão do jornalismo e da literatura
Edwaldo Pereira Lima
"Os escritores mais talentosos são os que manipulam os conjuntos
de memória do leitor de tal modo sofisticadamente que criam dentro
da mente deste um mundo completo que ressoa com as próprias
emoções reais do leitor. Os eventos estão meramente acontecendo
na página impressa, mas as emoções são reais. Daí a sensação única
de quando se está 'absorvido' num certo livro, 'perdido' nele."

Tom Wolfe, autor de Radical Chique e o Novo Jornalismo

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