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GRANDES REPORTAGENS

AULA 2
JORNALISMO LITERÁRIO: CONCEITOS
OS 10 PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
Prof.ª Drª Fabíola Paes de Almeida Tarapanoff
Curso: Jornalismo - 7º semestre
CONCEITO

 Especialização jornalística que utiliza as técnicas e a


linguagem literária para relatar os fatos.

 Também conhecido como literatura não-ficcional e


literatura da realidade.

 Enquadra-se no gênero que se classifica como


Jornalismo Diversional, também chamado de
“Jornalismo de Autor”. Jornalista dá aparência
romanceada a um fato real.
MARCOS INICIAIS DA LITERATURA NO
JORNALISMO

 Séculos XVIII e XIX na França e na


Inglaterra quando escritores de prestígio
começam a escrever para jornais e revistas e até
mesmo dirigi-los.
 Folhetim como marco - era o principal
instrumento desses escritores nos jornais.
MARCOS INICIAIS DA LITERATURA NO
JORNALISMO

CARACTERÍSTICAS
DO FOLHETIM
 Originário do termo francês feuilleton, o
folhetim não se referia inicialmente à
publicação de romances.
 Quando surgiu pela 1ª vez no Jornal des
Débats, era um tipo de suplemento
dedicado à crítica literária. A partir de
1830, com a eclosão de um
jornalismo popular, pautado na venda
de exemplares e seguindo a nova lógica
capitalista, mudou seu conceito,
passando a ser utilizado para a
publicação de narrativas literárias
de sucesso.
 Um ótimo negócio para jornais,
escritores e anunciantes.
MARCOS INICIAIS DA LITERATURA NO
JORNALISMO
QUANTO AO GÊNERO

 CARACTERÍSTICAS DO
FOLHETIM

 O folhetim é uma narrativa em série, situado entre os gêneros prosa e


romance.

QUANTO AO FORMATO
 Publicado de forma parcial e sequenciada em jornais e revistas.

QUANTO À NARRATIVA
Ágil repleta de ações e com ganchos para a atenção do leitor
MARCOS INICIAIS DA LITERATURA NO
JORNALISMO
 Grandes nomes da
literatura mundial
começaram nos
folhetins:
- França: Honoré de Balzac,
e Victor Hugo.
- Inglaterra: Charles
Dickens
- Rússia: Dostoiévski e
Tolstói.

- Brasil: Machado de Assis,


José de Alencar, Raul
Pompéia, Euclides da
Cunha, entre outros.
NASCIMENTO DO JORNALISMO LITERÁRIO
 Embora não tenha nascido de
forma intencional, para Edvaldo
Pereira Lima (um dos principais
estudiosos brasileiros do
gênero), esses jornalistas
tiveram grande influência da
literatura de ficção européia do
século XIX, pertencente à
escola do realismo social, que
caracterizou-se pelas longas e
detalhadas pesquisas de campo
que os escritores faziam antes
de escrever.
NASCIMENTO DO JORNALISMO LITERÁRIO
 Antes de escrever um livro,
o escritor inglês Charles
Dickens, por exemplo,
realizava extensas pesquisas
sobre a linguagem, os tipos
humanos e os costumes de
pessoas pertencentes às
classes marginalizadas.
 Já o francês Honoré de
Balzac celebrizou-se pelo
alto nível de detalhamento
que conferia às suas
descrições de ambientes.
GRANDES NOMES DA LITERATURA MUNDIAL
QUE COMEÇARAM NOS FOLHETINS
-
HONORÉ DE BALZAC PRINCIPAIS OBRAS
* A comédia humana
(88 obras, incluindo
As ilusões perdidas)
(1829 a 1846)

* Mulher de trinta anos


(1929-1942)
GRANDES NOMES DA LITERATURA MUNDIAL
QUE COMEÇARAM NOS FOLHETINS

VICTOR HUGO PRINCIPAIS OBRAS


* Nossa Senhora de Paris
(O corcunda de Notre-
Dame) (1831)

* Os miseráveis (1862)
GRANDES NOMES DA LITERATURA MUNDIAL
QUE COMEÇARAM NOS FOLHETINS

CHARLES DICKENS PRINCIPAIS OBRAS


* Oliver Twist (1837-1839)
* Grandes esperanças (1860-
1861)
GRANDES NOMES DA LITERATURA MUNDIAL
QUE COMEÇARAM NOS FOLHETINS

FIÓDOR PRINCIPAIS OBRAS


DOSTOIÉVSKI
* Crime e castigo (1866)
* O jogador (1867)
* Os Irmãos Karamazov
(1881)
GRANDES NOMES DA LITERATURA MUNDIAL
QUE COMEÇARAM NOS FOLHETINS

PRINCIPAIS OBRAS
LIEV TOLSTÓI
* Guerra e Paz (invasão
napoleônica) (1865-1869)
* Anna Karenina (1875-1877)
GRANDES NOMES DA LITERATURA MUNDIAL
QUE COMEÇARAM NOS FOLHETINS

PRINCIPAIS OBRAS
MACHADO DE ASSIS
* Memórias Póstumas de Brás
Cubas (1881)
* Dom Casmurro (1899)
* Quincas Borba (1891)
GRANDES NOMES DA LITERATURA MUNDIAL
QUE COMEÇARAM NOS FOLHETINS

PRINCIPAIS OBRAS
RAUL POMPÉIA
* O Ateneu (1888)
GRANDES NOMES DA LITERATURA MUNDIAL
QUE COMEÇARAM NOS FOLHETINS

PRINCIPAIS OBRAS
ALUÍSIO AZEVEDO
* O mulato (1881)
* Casa de pensão (1884)
* O cortiço (1890)
GRANDES NOMES DA LITERATURA MUNDIAL
QUE COMEÇARAM NOS FOLHETINS

PRINCIPAIS OBRAS
MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA
1852 - Publica Memórias de
um sargento de milícias, nas
páginas do Correio
Mercantil.
* Figura do anti-herói.
GRANDES NOMES DA LITERATURA MUNDIAL
QUE COMEÇARAM NOS FOLHETINS

PRINCIPAIS OBRAS
EUCLIDES DA CUNHA
* Os Sertões, publicado no
jornal O Estado de S.Paulo
inicialmente sob a forma
de uma série de
reportagens e
posteriormente editada
em livro (1902).
CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO
PRATICADO NA ÉPOCA

 Não profissional;
 Não existia distinção
entre jornalismo e
literatura;
 Opinativo (logo, menos
factual);
 Ideológico (diferente do
jornalismo norte-
americano - factual);
 Partidário.
CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO
NORTE-AMERICANO
 Lead;
 Pirâmide invertida;
 Factual;
 Criação dos
gêneros (matéria,
manchete, artigo,
reportagem);
 Divisão do trabalho
(profissionalização).
NASCIMENTO DO JORNALISMO LITERÁRIO
 Aos poucos o romance
ficcional é deixado de lado nos
jornais. Surge um tipo de
jornalismo que conversa com a
literatura em termos de
linguagem, mas narra fatos
reais.
 Começa a ser trabalhado nas
redações dos grandes jornais
americanos, durante as décadas
de 1950 e 1960.
NASCIMENTO DO JORNALISMO LITERÁRIO
 Edvaldo Pereira Lima defende
que o New Journalism norte-
americano foi a manifestação
de um momento do
Jornalismo Literário.
 Isso quer dizer que o
Jornalismo Literário,
enquanto forma de narrativa,
de captação do real, já existia
antes e continua existindo
após o New Journalism.
NASCIMENTO DO JORNALISMO LITERÁRIO
 Esta nova forma de escrever a
noticia ficou conhecida como
New Journalism
(Novo Jornalismo), a partir do
ensaio The New Journalism,
escrito por Tom Wolfe, em
1976, um dos criadores do
gênero.
 Segundo Wolfe, o New
Journalism não surge
intencionalmente.
 Os jornalistas que começaram
a escrever reportagens dessa
forma diferenciada não tiveram
a intenção de criar um novo
jornalismo.
NASCIMENTO DO JORNALISMO LITERÁRIO
 Gay Talese, um dos representantes
dessa especialização, definiu esse
tipo de jornalismo em entrevista,
em 2000, ao Jornal do Brasil:
“New Journalism (ou narrative
writing, que seja) quer dizer apenas
escrever bem. É um texto literário que
não é inventado, não é ficção, mas
que é narrado como um conto, como
uma sequência de filme. É como um
enredo dramático digno de ser levado
aos palcos e não apenas um
amontoado de fatos, fácil de ser
digerido.”
LITERATURA Vs. JORNALISMO

 “Um se propõe a ser um recorte da realidade. O outro é


um mundo à parte. Jornalismo e literatura têm grandes
diferenças e são como rios que correm paralelos, mas
muitas vezes se encontram e se desencontram em
combinações sem fim. Uma dessas combinações resultou
em uma alternativa criativa ao jornalismo desgastado feito
a partir de fórmulas prontas. É o jornalismo literário, que
não é apenas uma alternativa ao jornalismo convencional
praticado de maneira industrial nas redações. [...]”
LITERATURA Vs. JORNALISMO
 “[...] Segundo Felipe Pena, em seu livro Jornalismo literário, é
algo muito mais amplo: é potencializar os recursos do
jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos
cotidianos, romper burocracias, enfim, ir além. É um texto que
deve ser apreciado e lido com vagar e que não será apenas um
“embrulho para peixe” no dia seguinte.”
 TARAPANOFF, Fabíola. “Jornalismo literário e a revista piauí.”
 Trabalho de conclusão do curso Comunicação Jornalística
apresentado
ao Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da Faculdade
Cásper Líbero
sob a orientação do Prof. Dr. Cláudio Novaes Pinto Coelho.
São Paulo: FCL, 2007.
 PENA, Felipe. Jornalismo literário. São Paulo: Contexto, 2006.
pp.13-15.
CARACTERÍSTICAS
JORNALISMO LITERÁRIO – FELIPE PENA

 Para Pena, esse jornalismo possui


sete características, que podem
ser comparadas a uma estrela de
sete pontas.
 1) Potencializar os recursos
do jornalismo.
Um jornalista literário não é
simplesmente um anárquico que
joga fora todas as regras da
profissão que aprendeu na
faculdade e escreve o que lhe vem
à cabeça.
Ele continua seguindo os
princípios do jornalismo, apurando
de forma rigorosa, observando
atentamente aos fatos e se
expressando de forma clara.
CARACTERÍSTICAS
JORNALISMO LITERÁRIO – FELIPE PENA
 2) Ultrapassa os limites do
acontecimento cotidiano, confere
tempero e graça a um texto
convencional.
Ou seja, rompe com duas características
básicas do jornalismo: a periodicidade e a
atualidade.
Não é mais um escravo do deadline,
preocupado em cumprir prazos, em fechar o
jornal ou a revista.
 Também não lhe interessa o “furo”, apresentar
uma notícia incrível que ninguém tinha
conhecimento, algo cada vez mais impossível
em tempos de internet.
CARACTERÍSTICAS
JORNALISMO LITERÁRIO – FELIPE PENA

 3) Ir além e mostrar ângulos novos e inusitados


Ampliar a noção que temos da realidade.
 Nos jornais vemos apenas um pequeno recorte dessa
realidade traçado pelos gatekeepers, editores que determinam
o que é vendável ou não, notícias que farão parte do mundo
de outras pessoas, permitindo que elas compartilhem
informações.
 No jornalismo literário podemos, por exemplo, não apenas
saber que determinada pessoa cometeu um assassinato.
 É possível também entrar em sua mente e entender o porquê
desse acontecimento, conhecer seu passado, sua família e
amizades, enfim, saber o porquê dele ter cometido um crime.
CARACTERÍSTICAS
JORNALISMO LITERÁRIO – FELIPE PENA
 4) É preciso exercitar a
cidadania.
Não é porque o jornalismo
literário é democrático que um
jornalista que trabalha com esse
gênero não deve ter
compromisso com a sociedade.
Sua abordagem precisa
contribuir para a formação do
cidadão. Isso não é clichê, mas
algo bom e em falta no mercado.
CARACTERÍSTICAS
JORNALISMO LITERÁRIO – FELIPE PENA
 5) Rompimento com as amarras do
lead. Na faculdade aprendemos que um
primeiro parágrafo de um texto deve
responder às perguntas básicas: Quem?
 O quê? Como? Onde? Quando? Por quê?
 É claro que a fórmula criada pelo escritor e
jornalista Walter Lippmann, autor de
Public opinion (Opinião pública) (1922) ajudou
a tornar a imprensa mais ágil e a atrair mais
leitores, pois suas dúvidas já eram logo
respondidas no início do texto. Mas o que se
observa hoje é uma pasteurização. Textos
“sem sal e sem gosto”, cujo consumo, é
claro, acaba não agradando ao leitor.
CARACTERÍSTICAS
JORNALISMO LITERÁRIO – FELIPE PENA
 6) Evitar os “famosos
entrevistados de
plantão”. Quem não está
cansado de sempre ler as
opiniões de Drauzio Varella
sobre saúde ou de Gloria
Kalil sobre moda e estilo?
Eles são ótimos profissionais,
sem dúvida, mas há outras
excelentes fontes que
podem ser consultadas.
 E até mesmo o cidadão
comum pode se revelar uma
grata surpresa.
CARACTERÍSTICAS
JORNALISMO LITERÁRIO – FELIPE PENA

 7) Perenidade. Ou seja, uma obra de jornalismo literário


não deve ser esquecida.
 Pelo contrário, ela deve ser degustada como um bom
vinho, que com o passar dos anos torna-se cada vez
melhor.
 É também o motivo porque muitos jornalistas abraçam a
profissão: o medo da morte.
 Afinal escrever uma obra literária é o sonho secreto de
muitos jornalistas e uma forma de deixar sua marca no
mundo. De se vencer a morte.
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 Páginas ampliadas: o livro-reportagem
como extensão do jornalismo e da
literatura/ Jornalismo literário.
 (Barueri (SP): Manole, 2004).
 Alguns dos dez princípios filosóficos
propostos são compartilhados com o
estudioso estadunidense Mark Kramer,
que em Literary Journalism, escrito em
1995 com Norman Sims, também oferece
sua visão sobre as regras
“quebráveis” do JL.
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 Lima lembra que os “princípios que
alicerçam a prática do jornalismo literário
fazem parte de um conjunto integrado.
Cada um deles alimenta e reforça o
outro, e é essa contribuição mútua que
dá consistência à modalidade como um
todo” (p. 372). De forma breve, são eles:
 1.Exatidão e precisão: quebrando o
paradigma de que jornalismo literário
tem texto floreado, adjetivado, Lima
enfatiza que o texto feito por jornalistas-
escritores é baseado na apuração mais
criteriosa.
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 2.Contar uma história: o
autor recorda a propensão
humana a narrar histórias.
“Artificialmente, o
jornalismo convencional
esqueceu-se disso, buscando
estruturar seu discurso de
modo considerado por
muito tempo lógico, racional
e objetivo. Pelo exagero, o
que se gerou foi um modo
de comunicação social
muitas vezes asséptico, que o
leitor logo esquece” (p. 358).
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 3.Humanização: o fator humano é
marca do JL na visão de Lima.
 “Toda boa narrativa do real só se
justifica se nela encontramos
protagonistas e personagens humanos
tratados com o devido cuidado, com a
extensão necessária e com a lucidez
equilibrada onde nem os endeusamos
nem os vilipendiamos. Queremos antes
de tudo descobrir o nosso semelhante
em sua dimensão humana real, com suas
virtudes e fraquezas, grandezas e
limitações”
(p. 359).
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 4.Compreensão: princípio essencial do jornalismo
literário é a visão compreensiva da realidade, com sua
função de disseminar conhecimentos.
 “Compreender é diferente de explicar. A explicação
adota uma visão unilateral, verticalizada, de cima para
baixo, reducionista. Mostra o mundo sob uma óptica
única ou de pouca abertura. Já a compreensão busca
exibir o mundo sob perspectivas diversificadas.
Mais do que isso, ilumina as conexões entre
conteúdos aparentemente desconectados. Interliga
dados, mostra sentidos, perspectivas. Faz, nos bons
casos de jornalismo literário, com que o leitor
perceba o que tem a ver, com sua própria vida, tudo
aquilo que está lendo” (p. 366).
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 5.Universalização temática: como
o jornalismo literário busca
principalmente tocar os leitores pelos
aspectos humanos envolvidos, não está
fechado à leitura de não especialistas
em dado assunto, como editorias
clássicas de jornais e revistas.
 Isso porque, como diz Lima, [...] “o
autor está em busca, em qualquer
assunto, dos temas subjacentes que o
tornam universal” (p. 367).
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 6. Estilo próprio e voz autoral:
habilidade narrativa é condição
imprescindível para a prática do
jornalismo literário. Mais do que
virtuoses literárias, demandam-se
jornalistas-escritores com visão
compreensiva da realidade: “O autor
não é um mero compilador de dados,
esforçado moleque de recados que
transmite as versões dos fatos
moldados conforme os interesses de
suas fontes, nem se esconde, submisso,
por trás das afirmações dos
especialistas” (p. 369).
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 7.Imersão: Lima lembra que há
apenas uma forma de o jornalista
literário compreender a realidade:
mergulhando na própria. “Primeiro
o autor mergulha no real, vive
intensamente, de corpo e alma, a
experiência de vida dos
personagens. Depois é que se
afasta, reflete sobre a experiência,
deixa as emoções, as intuições e os
pensamentos assentarem. E então
escreve” (p. 373).
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 8.Simbolismo: o repórter
evidentemente atua na captação de
realidades simbólicas e não na
realidade primária, biopsicofísica.
“É o simbolismo que me permite
fazer ponte entre um fato ou
situação com seu sentido universal.
Um dos meios de emprego do
simbolismo é o uso de metáforas,
o recurso de linguagem que me
permite substituir uma coisa por
outra que ela não é, mas que todo
mundo entende” (p. 379).
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 9.Criatividade: “Todo autor é um
criador. [...] Primeiro, ele é um repórter
[...] – alguém que mergulha nas
entranhas agradáveis ou horripilantes
da realidade para conhecê- las bem,
destrinchá-las, trazê-las à luz da
compreensão. Em seguida, é um escritor,
alguém que organiza sua história do que
ouviu e viveu numa narrativa
consistente, representação simbólica de
ações, cenários e personagens reais.
Nas duas pontas do seu trabalho,
precisa ser criativo. Isto é, precisa ter
engenhosidade, gerar o novo” (p. 384).
OS DEZ PRINCÍPIOS DO JORNALISMO LITERÁRIO
PÁGINAS AMPLIADAS – EDVALDO PEREIRA LIMA
 10. Responsabilidade
ética: o último princípio
filosófico apontado por Lima
é a habilidade de responder
de forma ética às complexas
demandas sociais de nosso
tempo. “O jornalismo
literário tem um
compromisso com a
realidade e sua credibilidade
depende disso” (389).
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
 Emprego de técnicas
literárias;
 Profunda observação;
 Profunda pesquisa de campo;
 Criatividade;
 Grande caracterização dos
personagens;
 Ambientação do fato
narrado;
 Fuga das regras do texto
jornalístico; convencional.
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
 Inserção de diálogos
(com travessão);
 Descrição minuciosa
(lugares, feições,
objetos);
 Descrição psicológica
dos personagens
(sentimentos, emoções).
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

 Alternância de foco narrativo


Narrador Onisciente: O narrador conta a
história como observador que sabe de tudo.
Geralmente em terceira pessoa.
Narrador Onipresente – O narrador assume o
papel de uma personagem, principal ou secundária.
Geralmente na primeira pessoa.
Obs: não se deve confundir o autor com o narrador.
O autor é quem cria a história, o narrador quem
conta.
BIBLIOGRAFIA
 PENA, Felipe. Jornalismo
literário. São Paulo:
Contexto, 2006. pp.13-15.

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