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A Análise da Informação
Análise input-output
Modelos Econométricos
Análise de Regressão
Técnicas experimentais e quasi-experimentais
Inquéritos Delphi
SWOT
Descrição da técnica
As abordagens experimentais são frequentemente descritas como o “óptimo” da
avaliação (Cambell e Stanley, 1973). À imagem da análise dos fenómenos naturais
(tais como, por exemplo, as partículas atómicas), estas abordagens pretendem
reproduzir os fenómenos sociais por via da sua observação e compreensão em
contexto laboratorial. O método experimental mais amplamente usado é o “randomised
controlled trial” (RCT – ensaio/experiência aleatório/a controlado/a). Os RCTs surgem
sob a forma de "ensaios clínicos" – para testar, por exemplo, a eficácia de um novo
produto farmacêutico numa amostra constituída por uma população alvo adequada. A
base filosófica desta abordagem tem as suas origens nas tradições positivistas e
científico-realistas que começaram a ser desenvolvidas durante o Iluminismo, sendo,
depois consolidadas durante os séculos XVIII e XIX à medida que a “ciência” e a
“tecnologia” começaram a exercer um domínio cada vez mais forte sobre a produção
de conhecimento. A afirmação central desta tradição filosófica, de que a “verdade”
apenas pode ser estabelecida se for empiricamente testada no mundo real, sustenta
as “regras” metodológicas ou os “protocolos” sob os quais os RCTs operam.
Uma definição geralmente usada de RCT (Schwarz et al, 1980) ilustra as
características desta abordagem sobre o estudo experimental:
“(RCT é) um estudo experimental prospectivo, em que os efeitos de uma ou mais
intervenções são avaliados ao dividir uma população em estudo com base numa
atribuição aleatória de um ou mais grupos experimentais e um ou mais grupos de
controlo”.
A atribuição aleatória consiste no processo de atribuir cada unidade de análise a
grupos experimentais ou de controlo, para que cada unidade tenha igual oportunidade
de receber “tratamento”. As “unidades de análise” são tipicamente “pessoas”, embora
a população em investigação possa ser definida com mais precisão como os
"resultados (outcomes)" do tratamento (por exemplo, comportamentos ou atitudes
analisadas). Um “tratamento” (a intervenção) é administrado ao grupo experimental,
mas não ao grupo de controlo. Os efeitos do tratamento são avaliados, comparando os
grupos experimentais e de controlo, para perceber até que ponto o tratamento tem um
A Avaliação do Desenvolvimento Socioeconómico, MANUAL TÉCNICO II: Métodos e Técnicas
A Análise da Informação: Abordagens Experimentais e Quasi-experimentais
O objectivo da técnica
O principal objectivo das técnicas experimentais como os RCTs consiste em reunir
provas suficientemente fiáveis sobre um fenómeno específico numa situação em
particular, para que se possa prever o comportamento desse fenómeno em situações
similares. Pretendem, portanto, estabelecer relações e leis causais. De um ponto de
vista técnico, isto significa que o objectivo de realizar um ensaio aleatório controlado
consiste em verificar que as seguintes quatro condições são confirmadas: validade;
fiabilidade; previsibilidade e prioridade temporal. A prioridade temporal é a “razão de
ser” dos ensaios experimentais. É a estenografia do pressuposto de que uma causa
presumível precede um evento (por exemplo, num ensaio clínico, a administração de
um determinado medicamento irá “causar” o alívio de determinados sintomas). Para
demonstrar a prioridade temporal, os RCTs terão obrigatoriamente de controlar a
influência de varáveis intervenientes para isolar a causa de um efeito. O não controlar
e isolar os efeitos das variáveis para além da variável de "tratamento", irá afectar tanto
a validade interna do ensaio (a mensurabilidade da relação entre o tratamento e os
seus resultados; i.e., o ensaio procura medir os efeitos do “tratamento” e não outros
factores “intervenientes”) como a sua validade externa (pondo em causa a possível
generalização dos resultados do ensaio a outros contextos). A validade do ensaio irá,
por sua vez, ditar a sua fiabilidade (se o ensaio produz os mesmos resultados em
experiências repetidas) e previsibilidade (até que ponto os resultados serão capazes
de prever consequências que poderão ocorrer em situações similares).
A atribuição aleatória de unidades de análise a grupos experimentais e de controlo
serve para demonstrar a prioridade temporal ao mesmo tempo que dispersa os efeitos
das variáveis intervenientes. Utiliza as propriedades da distribuição de probabilidades
para evitar o enviesamento dos resultados dos ensaios, como por exemplo, em
consequência da experiência se ter concentrado indivíduos com características
comuns no mesmo grupo. Ao mesmo tempo, permite obter fiabilidade e previsibilidade
ao utilizar as propriedades das distribuições populacionais em termos de teoria da
amostragem: se a população aleatoriamente atribuída segue uma distribuição normal,
os resultados da experiência / tratamento podem ser extrapolados para prever os
efeitos do tratamento noutras populações com características similares.
utilizadores dos resultados finais da investigação. Esta análise tem de questionar que
tipo de abordagem essas partes interessadas considerarão mais credível, e se a
orientação metodológica dos principais parceiros é compatível com o paradigma
experimental dos RCTs. É necessário analisar os recursos disponíveis para a
avaliação, tendo em conta o facto de que, como já referido anteriormente, os RCTs
podem demorar muito tempo, implicam trabalho intensivo e são difíceis de analisar.
Isto é particularmente relevante quando os ensaios envolvem permutas complexas
entre os subgrupos dentro dos grupos de tratamento e os de controlo, e para efeitos
de estudos longitudinais. É fundamental que se tenha em consideração quem
implementa os ensaios e estabelecer se existe: i) capacidade organizacional para
implementá-los (em especial, em situações que envolvem diversas localidades); ii)
competências relevantes disponíveis (em termos de concepção da investigação,
trabalho de campo e análise de dados); iii) capacidade adequada para a gestão dos
dados (assegurando o controlo de qualidade na recolha e na análise dos dados;
armazenamento e retenção de dados recolhidos e resultados), uma vez que as
técnicas experimentais implicam um elevado grau de integridade dos dados.
Técnicas quasi-experimentais
Existe uma diversidade de formas de abordar os problemas atrás mencionados com
base num “paradigma experimental” mais alargado, tais como os métodos quasi-
experimentais e a modelação estatística. Os métodos quasi-experimentais flexibilizam
as condições impostas pelas distribuições de probabilidade e inferências estatísticas
para a população, impostas pelos modelos de investigação experimental puros,
A Avaliação do Desenvolvimento Socioeconómico, MANUAL TÉCNICO II: Métodos e Técnicas
A Análise da Informação: Abordagens Experimentais e Quasi-experimentais
Bibliografia
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Palavras-chave
Validade externa
Validada interna
Positivismo
Atrito
Efeitos históricos
A Avaliação do Desenvolvimento Socioeconómico, MANUAL TÉCNICO II: Métodos e Técnicas
A Análise da Informação: Abordagens Experimentais e Quasi-experimentais
Efeitos de instrumentalização
Ensaio aleatório controlado
Efeitos de selecção
Solomon Four Group
Prioridade Temporal
Validade externa
Qualidade de um método de avaliação que torna possível obter conclusões que
possam ser generalizadas a outros contextos (grupos, áreas, períodos, etc.), e não
apenas o da intervenção que está a ser avaliada. Por exemplo, a avaliação pode
possibilitar concluir que i) nas PMEs directa e indirectamente apoiadas, a intervenção
ajudou a duplicar a taxa de inovação, e que ii) um apoio deste tipo, atribuído a PMEs
noutras regiões, teria exactamente o mesmo efeito. Só a verificação de uma forte
validade externa permite extrapolar a partir das conclusões tiradas durante a
implementação da intervenção avaliada. É particularmente desejável se a avaliação
tiver por objectivo identificar e validar melhores práticas. A validade externa é
igualmente necessária se a avaliação faz uso de conclusões de avaliações realizadas
em intervenções similares.
Validade interna
Qualidade de um método de avaliação que, tanto quanto possível, limita
enviesamentos imputáveis à recolha ou às técnicas de tratamento de dados. Por
exemplo, suponhamos que se conclui que uma intervenção apoiando directa ou
indirectamente PMEs levou à duplicação de taxa de inovação anual em 1.000 dos
postos de trabalho. Este tipo de conclusão será mais sólida se a recolha e a análise
dos dados tiver tido em conta, de forma precisa, todos os aspectos específicos da
intervenção e o seu contexto: categorias das empresas apoiadas, modelos de
inovação específicos da região, etc. Para obter uma melhor validade interna, é
necessário controlar estritamente uma série de parâmetros, caso contrário, poderá ser
criada uma situação artificial que poderá limitar a possibilidade de generalizar as
conclusões (e consequentemente menor validade externa).
Positivismo
A base ontológica e epistemológica subjacente às técnicas experimentais – a crença
de que a “verdade” e a “realidade” só podem ser estabelecidas através da observação
empírica.. Esta objectividade é conseguida através do uso de instrumentos objectivos,
como testes ou questionários.
Atrito – a perda de participantes dos grupos de tratamento e de controlo ao longo da
experiência.
Efeitos históricos – “interferência” de influências externas ou efeitos de maturação
que ocorrem “internamente” como resultado da passagem do tempo, tais como o
envelhecimento pessoal.
Efeitos de instrumentalização – efeitos provocados pelas variáveis intervenientes
que ocorrem quando os efeitos do tratamento são medidos com instrumentos
diferentes, ou sob condições diferentes de um grupo para o outro.
Ensaio aleatório controlado (RCT – Randomised controlled trial) – estudo
experimental prospectivo, em que os efeitos de uma ou mais intervenções são
avaliados através da divisão de uma população em estudo com base numa atribuição
aleatória a um ou mais grupos experimentais e um ou mais grupos de controlo.
A Avaliação do Desenvolvimento Socioeconómico, MANUAL TÉCNICO II: Métodos e Técnicas
A Análise da Informação: Abordagens Experimentais e Quasi-experimentais