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A

GRANDIOSA
HISTÓRIA
DE
UM GRÃO
DE AREIA
ESCRITO E ILUSTRADO POR
DANIELE INGREDY
Dedico este livro a todas as
meninas e mulheres que
veem na ciência um mundo
mágico a ser conquistado.
Já imaginou de onde vêm as coisas?
Não, não falo do ovo que vem da galinha,
ou do leite que vem das vaquinhas
FALO DO MUNDO, DO MAR, DOS DESERTOS, DESSA
PRAIA E DE MIM. ISSO, EU, ESSE GRÃOZINHO DE AREIA
QUE ESTÁ AGORA ENTRE SEUS DEDOS NA AREIA DESSA
PRAIA IMENSA.
TUDO BEM VOCÊ NÃO ME NOTAR, IMAGINA, SOU UM
GRÃO TÃO PEQUENININHO NO MEIO DESSE UNIVERSO
DE OUTROS GRÃOS. MAS NÃO FOI SEMPRE ASSIM,
NÃO ESTIVE SEMPRE POR AQUI, EU VIM DE ALGUM
LUGAR, ASSIM COMO VOCÊ QUE VEIO PARAR NESSA
PRAIA. MAS EU NÃO VIM DE CARRO, NEM DE ÔNIBUS,
MINHA HISTÓRIA É ANTIGA, VOCÊ NEM VAI
ACREDITAR...SENTA AQUI QUE EU TE CONTO.
Milhões de anos atrás, isso mesmo, milhões! Nem
parece né? Eu sei, o tempo não passa da mesma
forma para todos nós. Pois bem, há milhões de
anos eu era diferente, assim como você era
diferente quando estava na barriga da sua mãe,
ou quando era um bebezinho no colo do seu pai.
Eu era quente, eu era fluida, eu era magma. Eu
morava embaixo da terra, mas não como um
tatu, ou uma minhoca, eu ficava lá embaixo
mesmo, abaixo das minhocas, dos tatus, das
raízes das árvores, dos poços de água e do fundo
do mar.
E é assim que tudo começa, de dentro. De dentro
da Terra, do coração do planeta.
Dá para acreditar que lá dentro tem um monte
de magma, quente, fluindo, dançando uma
valsa em volta do núcleo da Terra?
Pois é, assim que é, imagina que nosso planeta é
como um bombom, coberto de chocolate, com
uma casquinha de biscoito, cremosinho por
dentro e com uma avelã bem no meio, huuum,
deu até água na boca!
A Terra tem uma casquinha de fora que a gente
chama de crosta, que é onde estamos, onde os
mares estão, onde moram os tatus, as minhocas
e você.
Se você cavar mais profundamente, você
encontra o manto, que era onde eu estava, o
lugar onde o magma dança, em volta do coração
de tudo, o núcleo.
CROSTA
MANTO SUPERIOR

MANTO INFERIOR

NÚCLEO EXTERNO

NÚCLEO INTERNO
Um dia, no meio da minha dança,
eu encontrei uma frestinha, era um
espacinho bem pequeno, mas sabe a
curiosidade que a gente tem,
não resisti.
segui nessa frestinha, e vim subindo,
subindo, crosta acima, quando vi,
já estava morando nessa casa nova.
Melhor que casa com piscina,
eu morava dentro
de um vulcão!
Eu gostava de lá, mas tinha algo me chamando
para fora. Sabe quando você ganha um abraço
tão apertado que você acha que vai explodir?
Parecia que eu estava no maior abraço do
mundo, o mais apertado, mas diferente de você,
eu explodi, e voei vulcão afora, pairei nos céus, e
saí. Que nem fogos de artifício no ano novo, eu
cheguei na superfície da Terra.
De repente eu era diferente, já não mais fluida,
agora sólida, cristalina, pequenas partes de
mim que formavam um novo inteiro. E esse
pequeno eu, parte de algo grandioso e maior.
Se você for em uma montanha russa com um
grupo de amigos, cada um vai reagir diferente
ao passeio. Tem gente que grita quando o
carrinho desce, tem gente que ri, tem gente que
chora que nem um neném, e tem gente que parece
que está andando de bicicleta de tão calmo.
Assim também são as erupções dos vulcões, cada
vulcão tem as suas peculiaridades, alguns
derramam lava de maneira tranquila e
contínua, alguns explodem, outros já fazem os
dois. Enquanto isso tem aqueles que dormem...
Quando a lava do vulcão esfria, ela se torna
rocha, e as vezes até vidro, e assim inicia um
novo ciclo, sempre em transformação.
DOMO VULCÂNICO

CALDEIRA

ESTRATOVULCÃO
Chegando na Terra como rocha vulcânica, era
tudo novidade, como o primeiro dia em uma
nova escola.
Uma das minhas primeiras lembranças da Terra,
sendo uma rocha, é de rolar morro abaixo,
pouquinho a pouquinho, todo dia, até cair em
um rio. A água era geladinha, tão boa, diferente
do vulcão que era tão quente que você não
consegue nem imaginar...
Havia outras como eu, mas também outras rochas
tão diferentes de mim. Diferentes cores, formas
e idades, todas lindas com sua própria beleza.
Assim como você.
Aqui eu preciso que você entenda uma coisa,
lembra que te falei que o tempo é diferente para
cada um de nós? Veja só, sabe quando a gente
espera na fila, pode ser do banco ou do
supermercado e o tempo parece não passar, parece
uma eternidade não é mesmo? Mas tem horas,
quando a gente está no parque ou na casa de um
amigo, que o tempo voa, e as horas parecem
minutos, engraçado né?
A natureza funciona dessa forma,
principalmente no ciclo das rochas, processos
podem levar milhares, milhões ou bilhões de
anos, o que para os seres humanos é bastante
tempo, mas no tempo das rochas, é como brincar
na casa de um amigo, passa voando.
“Água mole em pedra dura, tanto bate até que
fura”. Tenho certeza de que você já ouviu falar
nesse ditado, se não ouviu eu devo estar velha
mesmo..., mas é pura verdade, quando cheguei
ao rio eu era toda obtusa, sabe como a gente fica
todo descabelado quando acaba de acordar?
Era como se eu fosse toda descabelada, cheia de
pontas e arestas, mas com o passar do tempo, a
força das águas, me rolando no fundo do rio,
batendo nas outras rochas, fui perdendo as
pontas, me lapidando, me tornando mais
uniforme.
Você nem acreditaria em quantos lugares você
pode conhecer viajando pelo rio, andei muito e
fiz algumas paradas também, um descanso aqui
e acolá, passaram-se primaveras, verões,
invernos, outonos... as vezes muito quente,
outras um frio congelante.
Toda essa mudança, me fez mudar também e como
uma cebola fui me descascando e me tornando
menor, menor e cada vez menor.
Não só as águas do rio, os ventos ou o clima me
fizeram mudar, a chuva também. Mas quem não
gosta de tomar um banho de chuva? Pular na
lama. Levantar a cabeça e abrir os braços, sentir
cada gotinha caindo no seu rosto e no seu corpo.
As gotas de água iam caindo em mim, trazendo
novas coisas, levando outras, e assim como a
água da chuva transforma terra seca em uma
linda plantação, faz crescer árvores ou um pé de
melancia, também me transformava em um
novo eu.
O tempo passou, e apesar de ficar cada vez menor
a minha história só crescia assim como a
quantidade de memórias que consegui juntar.
Cada vez mais próximo do grão que sou hoje,
viajei pelas águas, e o destino de meu rio foi
desaguar no mar, e assim, milhões de anos
depois de sair do seio quentinho do interior da
Terra, explodir no céu e viajar pelo mundo,
cheguei aqui, e me tornei quem eu sou graças ao
caminho.
A minha história é como fazer uma trilha na
floresta e encontrar uma encruzilhada, cada
caminho te leva a uma aventura diferente,
claro que dá vontade de trilhar todos, mas temos
sempre que escolher um. A minha é apenas uma de
muitas maneiras de se chegar até aqui, nessa
praia.
Cada grão de areia, pode ter uma história
diferente para te contar. Com um novo início e
uma longa jornada, mas uma coisa eu posso te
garantir, essa praia, esse grão, não é o fim ...
apenas um novo começo.
AGRADECIMENTOS
Alexandre Magno Barbosa de Araujo Carlos Alberto da Silva Castro
Alexandre Nascimento de Souza Carlos Leandro
Alina Pires Carolina Blois
Allan Bernardino Daniel Nava
Ana Clara Torres Müller Daniel Reis Mendes
Andressa Mendes Argenta Ethiane Agnoletto
Anna Rosa Lira Francisco Fábio Ponte
Antônio Christino Pereira de Lyra Gabriel Koji
Sobrinho Gabriela Duarte de Oliveira
Biblioteca Rural Carlos Azevedo Helio Junior
Bruno Cavalcanti Henrique Araujo Lopes
Caio R. de Mello Jaiane Queiroz
Camila Costa de Assis Júlia Mattioli Rolim
Carla Isobel Elliff
Larissa Neves Lago Patricia Mescolotti
Leandro e Mayra Rafael Mabilia
Leonardo Lessi Roberto Simão
Lila Costa Queiroz Robson Rafael de Oliveira
Luciana Felix Rodrigo Okasaki
Luciano Caletti Rosaline Silva
Lucio R. Tokutake sonia silveira
Marcio Klein Thiago Rocha
Maria Eduarda Pessoa Thiago Vaz Andrade
Martina Rudolph Thomaz Zulpo
Mateus Amorim Tiago Novo
Maurizete barroso winter Toró de Letras
Nair Fernanda Burigo Mochiutti Valcir Beraldo
Narla Sathler Musse Vinícius Nogueira
Orildo Lima e Silva Vinícius Tieppo Mei

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