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PONTIFICIO CONSIGLIO PER LA FAMIGLIA

LA FAMIGLIA:
DONO E IMPEGNO
SPERANZA DELL'UMANITÀ
Attï del Congresso Internazionale
Rio de Janeiro, 1-3 ottobre 1997

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PONTIFICIO CONSIGLIO PER LA FAMIGLIA

LA FAMIGLIA:
DONO E IMPEGNO
SPERANZA DELL'UMANITÀ
Atti del Congresso Internazionale
Rio de Janeiro/1-3 ottobre 1997

LIBRERIA EDITRICE VATICANA


00120 CITTÀ DEL VATICANO
http://www.michel-schooyans.org/

Gruppo di lingua portoghese

Questôes demogrâficas e Conferências das Naçôes Unidas


MICHEL SCHOOYANS
Professor emérito da XJniversidade de Lovaina
Consultor do Pontîficio Conselho para a Pamûia
Membre da Pontîficia Academia das Ciências Sociais

1. Introduçâo

Quando se fala do respeito e da defesa da vita e da famûia, se considéra frequen-


temente, sobretudo nos ambientes catolicos, que se trata de um problema de ética se-
xual ou conjugal; se trataria essencialmente de um problema de moral «privada». Evi-
dentemente, essa percepçâo é perfeitamente valida e indispensâvel; entretanto, é bas-
tante incompleta. Acatar a vida e a familia é tambem uma questâo de ética social e po-
htica, que diz respeito as naçÔes, a sua soberania e às suas populaçôes especialmente mais
indefesas, bem como às relaçôes entre as naçôes. Hoje em dia, devido a sua incidência
sobre as pessoas e as familias, essa dimensâo politica é de certa forma mais importan
te que a privada, porque bipoteca o futuro das naçôes. O nosso Congresso nos brinda
com uma oportunidade excepcional para concientizarnos ao impacto das polfticas que
desrespeitam a vida, a familia e segmentos inteiros da populaçâo nacional. Nossa co-
municaçâo darâ um relevo especial à dimensâo internacional dessas politicas.

2. Origans historicas das politicas de populaçâo


Très grandes fontes se encontram à raiz das politicas populacionais atuais:
1. As teses malthusianas. Malthus (1766-1834), pastor anglicano, afirmava que
o crescimento da populaçâo era mais râpido que o crescimento dos alimentos. Tese
sempre repisada até hoje, mas sempre desmentida pelas evidências mas fulgurantes.
Se Malthus tivesse razâo, a populaçâo mundial nio poderia ter passado de uns 900
milhôes de habitantes no principio do século XIX a mais de 5 bilhôes agora. Corao
bom economista impregnado pela ideologia libéral, recomendava que nâo se aju-
dassem aos pobres, deixando operar a selecâo naturel que os eliminarâ e limitarâ a
sua proliferaçio. Preconizava também o casamento tardio para os pobres. Indo mais
longe, Francis Galton (1822-1911 )recomenda a seleçao artificial: através dos mé-
dicos, a sociedade deve incentivar a transmissâo da vida entre os ricos (suposta-
mente mais dotados) e frenarla entre os pobres.
2qq Rev. Prof. Michel Schooyans

2. As teses neomalthusianas, desenvolvidas em particular por Margaret Sanger


(1883-1966) e Mary Stopes (1880-1958), combinam a tese de Malthus corn as teses
hedonistas, isso é do direito ao prazer individual maxime,e as teses utihtanstas. Se-
gundo essa ideologia,o outre é intéressante na medida que me traz prazer e/ou pro-
veito. Em conseqûência, se prega o amer livre, a contracepçao, a rejeiçao do ma-
trimônio, o racismo e o eugenismo.
3. As teses écologistes. Essas teses remontam à ideia nazista do espaço vital, às
vezes apresentado como «zona de influência», «quintal», «fronteira», «caça re-
servada»,etc. Dizem que com a sua populaçâo crescente, os pobres,sobretudo, ge-
rem mal os recursos naturais, degradam o meio ambiente, faltam de responsabili-
dade. Convem confinât a populaçâo humana nos limites do desenvolvimento «sus-
tentâvel», respeitando a «Mie Terra»: o New Age puxa a orelha.
Os très componentes ideolôgicos aqui expostos vie inspirât condutas que se i-
fratam em prâticas privadas(da alçada dos individuos; Ubertinagem, Ucenciosidade,
etc.) e pûblicas (da alçada dos poderes pûblicos). Sâo essas ûltimas que vamos con-
siderar.

3. Passagem da ideologia à pratica


Hoie em dia, essas très ideolqgias, juntas ou separadas, sao constMtemente m-
vocadas para «justificar» e «légitimât» o contrôle da vida, da familia, da popu
laçâo, especialmente das populaçôes pobres. Daremos a segmr alguns exemples de
personalidades ou instituiçôes que, no meio desse século, recomendaram a ap -
*^^^^6^^921, Mary Stopes funda na Inglaterra a primera clinica de contrôle dos
nascimentos num bairro pobre.Pioneiro tambem é Frank Notenstem que,em 1944,
sugere a inclusâo do contrôle dos nascimentos nos progr^as de saude pubhca; No-
tenstein ia set o primeiro chefe da Comissâo da Populaçao das Naçoes Unldas,
dada em 1945.Em 1946,um eugenista notôrio é nomeado présidente da recem tun-
dada UNESCO; trata-se de Julian Huxley. Margaret Sanger, ja citada, to a em
1948 a International Planned Parenthood Fédération (IPPF), que tem hoje umas
140 fdiais no mundo afora. John D. Rockefeller funda, ein 1952, o Population
Council, cuja direçâo é confiada a outro eugenista militante, Fr^erick Osborne.
Mai;taide,grLde destaque é dado pelo Clube de Koma,no Relatorio Meadows
(1972), aos limites do crescimento; as teses malthusianas se cruzam ai com as relati-
vas ao espaço vital. Indiquemos tambem Maurice King que, em 1990, ahrmava os
pobres serem uma ameaça para o meio ambiente, aconselhando que os deixas
morrer no caso de falharem as campanhas de contrôle demogratica
No campo diretamente politico, convem lembrar que, apos a H Guetta mun-
àt

Questôes demogrâficas e Conferências das Naçôes Unidas 201

dial, os USA e os paises ricos, demogrâficamente minoritârios e com escassas maté-


rias primas, nâo ocuîtavam a sua desconfiança frente ao surto das populaçôes po-
bres. Nesse sentido, bastante explicitas foram as intervençôes de William DrapelJr.^/
coronel norte-americano, que comparava os paises em desenvolvimento a réservas
naturais, nas quais os guardas deviam protéger os equilibrios ecologicos (1971)!
Para nâo alongar essa evocaçâo, mencionemos ainda Zbigniev Brzezinski, que,
em 1969, reinterpreta o antagonisme Leste-Oeste em termes de antagonisme Nor-
te (rico)-Sul (pobre); Robert McNamara que abriu largamente as portas da ONU,
especialmente do Banco Mundial, às ideologias anti-vida; Henry Kissinger, que
mandou preparar, em 1974, um relatôrio terrivel, de leitura imprescindwel, cujo ti-
tulo reza «Implicaçôes do crescimento da populaçâo mundial para a segurança dos
Estados Unidos e os seus intéresses ultramarinos ».

4. As primeiras Conferências internacionais sobre Populaçâo


As primeiras conferências internacionais sobre populaçâo foram mais dedicadas
a questôes técnicas de demografia. Aqui nos Hmitaremos a mencionar as principais
conferências organizadas pela ONU. A î" Conferência foi realizada em Roma em
1954. Assim mesmo, tem, para nos, um interêsse précisé; declara-se que a decisâo
relativa à fecundidade prôpria é direito humano fundamental. Na II" Conferência
(Belgrada, 1965), se vêm os Estados Unidos querendo inserir a planificaçâo dos nas-
cimentos na «ajuda» ao desenvolvimento. Alem disse, o direito dos individuos a
définir sua fecundidade fica encaixado no seu contexte social e internacional.
Essos temas foram retomados com mais força pelos paises ricos, especialmente
os Estados Unidos, na III" Conferência havida em Bucarest em 1974. Os Estados
Unidos, seguidos pela maioria dos paises ricos, até entâo reservados, tentam imper
a idéia segimdo a quai o crescimento da populaçâo (entenda-se no « Tercero Mun-
do») é um problema internacional; de donde a necessidade de reforçar a «ajuda»
nesse campe e de définir um piano de açâo. Os paises terceiro-mundistas reagiram
vivamente frente a esse tipo de leitura e frente aos projetos de contrôle mais eficaz.
Os membres do Grupo dos 77 lançaram entâo o seu famoso « slogan »: « O melhor
contraceptivo é o desenvolvimento».
Foi em México DP,em 1984, que se realizou a IV" Conferência das Naçôes Uni
das sobre a populaçâo. Tirando as liçôes de Bucarest, a Conferência quer définir um
piano de açâo para estabilizar a populaçâo mundial. Os Estados Unidos manifestam
a sua determinaçâo a liderar essa açâo. Entretanto, o Présidente Reagan pôe o seu
veto ao aborto como meio de contrôle da natalidade.
De Roma a México, se nota uma ampHaçâo da problemâtica da populaçâo. Em
Roma, se trata de uma reuniâo de peritos; em Belgrado, a demografia esta relacio-
nada com questôes politicas e econômicas; em Bucarest se afirmam as dimensôes
202 Rev. Prof. Michel Schooyans

ambientais,e internacionais da questào da populaçâo; em México aparece a idéia de


um piano de açâo. Veremos a seguir que as conferências mais recentes radicalizam
mais ainda a problemâtica, ao mesmo tempo que integram outros parâmetros.

5. As grandes Conferências da Década de 1990

Passaremos râpidamente em revista as principais reuniôes internacionais que to-


caram a questâo da populaçâo. Essa «revista» nio sera apenas cronolôgica; sera
tambem temâtica.

1. Rio 1992:0 1° Cume da Terra e a Meio Amhiente

Inaugurando uma prâtica que se consolidarâ, houve àuas reuniôes paralelas'. a


oficial, isto é a dos chefes de Estado ou de govêrno; e a das ONGs.
a) Da reuniâo oficial, a dos chefes de govêrno,sairam uma declaraçâo, duas con-
vençôes (atmosfera e biodiversidade), e a Agenda 21. Essa ûltima traça linhas de
açâo para conciliar desenvolvimento « sustentâvel » e meio ambiente. Atrâs da reto-
rica oficial que apresenta a terra como «nossa casa comum»,aparecem nitidamen-
te os verdadeiros topicos. Trata-se, para os paises mais ricos, de defender o que eles
consideram como o seu « espaço vital »: as fontes de matérias primas, abondantes
nos paises pobres, que — dizem — as exploram de maneira pouco racional, des-
perdiçando-as e poluindo o meio ambiente. O verdadeiro problema que aparece
aqui é o projeto de subtraer aos paises pobres o contrôle que eles exercem sobre os
seus recursos naturais. Trata-se, em suma, de limitar a sua soberania. Em filigrana
aparece, por exemplo, a questâo da internacionalizaçâo da Amazônia.
h) Paralelamente se realizou o Foro Global das ONGs, onde apareceram
f Greenpeace, Cojj^steau, Raoni e demais vedetes mediâticas. Temas do New Age re-
lativos à Mâe-Terra sâo espalhados; os homosexuais se manifestam. Divulga-se o
« Apelo de Heidelberg»,firmado por cientistas renomados, que, alem de aventarem
o « flagelo da sobrepopulaçâo »,insistem sobre o carater nâo poluente dos progres-
sos cientificos e das correspondentes aplicaçôes técnicas. Mais verbas por favor!

2. Viena 1993: os Direitos do Homem

Apontaremos a trampa à quai dâ margem a referência ingênua ao consenso ob-


tido em.conferências internacionais, donde as réservas dos dissidentes ficam regu-
larmente ocultadas. No seu capitulo II, art. 5, a Declaraçâo final lavra o seguinte:
« A Conferência mondial sôbre os direitos humanos alenta os Estados
a encararem a limitaçâo do alcance das réservas que eles formulam relati-
i

Questôes demogrâficas e Conferências das Naçôes XJnidas 203

vamente aos instrumentos internacionais nessa matéria, a formiilarem to-


das as réservas corn a precisâo e a circunspeçâo as maiores possiveis, [...]
a examinarem regularmente as réservas que teriam formulado em vista de
retiralas ».

Obviamente, essa recomendaçâo faz com que « decisôes consensuais » adopta-


das nas reuniôes internacionais levem a melhor sobre as leis nacionais. Por exem
ple, se o « piano de açio » adotado numa conferência internacional comportar um
programa de «saûde reproductiva», tudo o que nâo se harmoniza com esse pro-
grama na legislaçâo nacional deverâ ser removido.

3. O Cairo, 1994: Populaçâo e Desenvolvimento


Preparada por varias reuniôes prévias, o «vértice» do Cairo foi tambem du-
plo. A Conferência oficial reuniu uns dez mil delegados; na das ONGs compare-
ceram représentantes de umas quinhentas organizaçôes. Focalizaremos a nossa
atençâo sobre a conferência oficial. Jâ que — dizem os organizadores — a pobre-
za é a conseqùência do crescimento demogrâfico, o objetivo da reuniâo era a apro-
vaçâo de um « piano de açâo » de vinte anos para controlar o aumento da popu
laçâo mundial, que deveria ser estabilizada. Tendo em vista essa meta, se reco-
menda a «saûde reprodutiva», que inclui a panôplia anticonceptiva. Pouco caso
se faz da maternidade e do matrimônio, mas se incluem diversas outras formas de
uniâo. O contrôle da populaçâo requer a cooperaçâo da mulher, cujo estatuto sô-
cio-econômico deve ser melhorado: até a educaçâo da mulher é encarada como um
meio de limitaçao da natalidade! Apôs acirradas discussÔes e forte pressao da de-
legaçâo da Santa Sé, de paises catôlicos e de paises muçulmanos, se incluiu no do-
cumento final que « em caso algum, o aborto deveria ser promovido como meio de
contracepçâo » (cf. cap. 8,23).
Infelizmente, se se discutiram bastante os meios para controlar a populaçâo, nâo
se contestou no seu mérito o hipotético bem fundado do objetîvo da conferência, is-
to è o piano de açâo de vinte anos. Desde a Conferência do Cairo, este piano vem
sendo invocado nas subséquentes reuniôes internacionais e é posto em prâtica. Pa-
pel decisivo foi exercido pela pletôrica delegaçâo dos USA, pela subserviente dele-
gaçâo da Uniâo Européia e pela do Japâo. Nâo menos decisiva foi a açâo da IPPF,
ativa através da sua delegaçâo e dos seus lacaios instalados em postos chaves da reu
niâo oficial.

4. Copenhague, 1995: o Desenvolvimento Social


De menor vulto, essa reuniâo (6-12 de março) é dedicada ao desenvolvimento
social. Aconselha-se a criaçâo de empregos para lutar contra a pobreza. Dois tôpi-

"'Vn -.V
2q^ Rev. Prof. Michel Schooyans

cos nos interessam particularmente porque se inscrevem na dinâmica das damais


reuniôes. Primaire racomanda-sa a intagraçâo dos que têm comportamentos tora
das normas: entanda-sa am matéria saxual. Sagundo, sa nota que as ONGs sa pro-
jetaiïi mais do que nas outras reuniôes.

5. Pequim, 1993: a Mulher


Novamente, sâo duas reumôes.
a) A jy- Conferência mundial da ONU sobre a mulher sa re^a do 4-15 de sa-
tambro Os Estados Unidos a a subsarvianta dalagaçâo da Uniâo Europaia voltam
a propàlar o sau rafrâo sôbra os « diraitos raprodutivos », aprovaitando para ampu-
rrar tambam a «libardade de decidir» am matéria da aborto. Todos os tamas do ta-
minismo radical pipocam. Dastaqua aspacial mareca o tama do gênera, am reakda-
da, as difaranças ganitales nâo importam raalmanta; os diverses papales atribuidos
na'sociadada aos homans a às mulharas têm uma origam apanas çdtu^ a nao na-
tural; a sociadada invantou os diverses papales para oprimir a mulher. Da donda sa
contesta a dasvaloriza o matrimônio monogâmico,fundado sobre a umao hatarosa-
xual; a matamidada, que dacorra dassa uniâo; a famîUa, que é o fruto dassa Miao.
Paralalamenta, quaram banalizar a normalizar «novos modales» da umao: homo-
saxual, lasbiana, monoparental masculina ou feminina, etc.
Consaquência dassa idaologia do gênaro: arosâo dos diraitos a davaras dos pMs
na aducaçâo dos saus fflhos. Em aspacial. os adolascantas davem gozar da ampla li
bardade saxual, subtraida à imisçâo dos pais, a aCompanhada palos «sarviços» ra-
quaridos por assa masma incitaçâo à davassidâo: «aducaçao saxual» concabida co-
mo iniciaçâo à prâtica saxual, contracapçâo, aborto. ,. r -
Assim masmo, a curiosamante, a Conferência parmanaca discrata frenta a ax-
ploraçâo da mulher na pornografia a na prostituiçâo.
b) O Fora dans ONG am Huariou (30 da agôsto-8 de satambro) ra^a a nata
do faminismo radical a ofareca subsidios idaolôgicos aos participantes da rauniao
oficial. Essa «nata» intarvam durante assa reuniâo toda como grupo da prassao
ou lobby. Como soi acontacer, a BPPF toca o papal principal, mas sa nota tambam
o «racado» da Ford Foundation: para que o contrôla populacional vanha a ser
acaito, convem manipulai a opiniâo pûbUca a curvar as inantahdadas afim da in-
duzir novos comportamentos, pûbUcos a privados, favorâveis ao contrôla damo-
grâfico.

6. Istanbull996: a Moradia
Esta reuniâo (3-14 da junho) nâo dévia tanar a masma importância que as gran
des rauniôas antariores;tinha como finalidada a da varificar a apUcaçao dos acordos
Questôes demogrâficas e Conferëncias das Naçôes Unidas

obtidos dizem — por « consenso » no Rio, no Cairo, em Pequim. Sera que os go-
vernos actuaram na linha dos pianos de açio? Ao que parece, a resposta nao era tâo
afirmativa quanto se esperava.
Sempre tendo em vista o contrôle da populaçâo, a questâo da moradia, da con-
centraçâo urbana, do planejamento territorial, do habitat^ implica uma mudança das
mentalidades (jâ recomendada em Pequim), fazendo com que se facilite o acesso
dos pobres a moradia sociais exiguas, o que os compelirâ a ter poucos ftlhos. O te-
ma pequinés da familia polimôrfica se précisa: recomenda-se que sejam reconocidos
aos homosexuais e lesbianas os mesmos direitos que as familias monogâmicas tra-
dicionais, por exemple o direito de adotar. Alem disso, adquire novo relevo o tema
do meio ambiente (cf. Rio 1992). Asseguram que a Mae Gaia, coitadinha, sufre com
um excesso de seres humanos; convem nâo s6 respeitar mas também cultuar a Te
rra: o homen e a humanidade devem se submeter a ela. Também reaparece outro te
ma pequinés: a de-responsabHizaçâo dos pais na educaçâo dos seus fiLhos. De-
corrência da ideologia do gênero, a mulher, igual ao homen, deve produzir; conse-
qùentemente, a educaçâo dos filhos passarâ a ser da aiçada da sociedade, inclusive
no dominio sexual.
E mister acrescentar que, em Istanbul, o peso das ONGs se confirma: as orga-
nizaçôes présentes, escolhidas com esmero por haver demostrado espirito de coo-
peraçâo, nâo se limitam a observar; participam a reuniÔes de trabalho e à redaçâo
de documentos.

7. Roma, 1996: a Segurança Alimentâria


No decorrer das diversas conferëncias que revistamos, a influência dos gru-
pos pro-vida e familia foi crescendo; uma tomada de consciência se nota e esses
grupos aprimoram a sua organizaçâo. Constatando este fato, os tecnocratas da
ONU tiveram que dar um destaque maior que previsto à reuniâo da FAQ (Fun-
do das Naçôes Unidas para a Alimentaçâo), realizada em Roma de 13 a 17 de no
vembre. Isso nâo significa uma renovaçâo significativa da rétorica das reuniôes
anteriores. Reafirma-se,isso sim, a sempiterna tese malthusiana: a « segurança ali
mentâria» de boa parte da humanidade (entenda-se dos pobres) anda ameaçada.
Urge entâo realizar esforços extraordinârios nos campos mais diverses para con
ter a populaçâo: educaçâo sexual, formaçâo das mulheres, saûde reproductiva,
meio ambiente, etc. A firme vontade dos paises ricos de atuar com determinaçâo
nessa linha foi exprimida, notadamente, por um delegado dos USA. Esses esta-
riam dispostos a cortar a « ajuda » e, inclusive, a utilizar a arma alimentâria case
os paises pobres e declarados «sobrepovoados» nâo aceitarem os programas
controlistas tâo generosamente oferecidos pelos que conhecem as veredas da
prosperidade...
206 Prof. Michel Schooyans

8. As Conferências de 1997
Vârios acontecimentos que nos interessam se produziram durante os primeiros
meses do corrente ano.

a) A reuniâo do G 8 em Denver, congregando os chefes de Estado dos paîses


mais ricos, acaba no dia 22 de junho. Ficam patentes as divergências entre a Uniao
Européia e o Estados Unidos sobre vârios pontos. Recordémos a emissâo de gâs
carbônico e o seu efeito invernadeiro, a proposito do quai os Estados Unidos —
num abuso flagrante de posiçâo dominante — se negam a qualquer concessâo. Re-
cordemos tambem o desemprego, que os Estados Unidos querem enfrentar com
métodos neoliberales impiedosos, enquanto a Uniâo Européia faz questao de abor-
dar esse problema com uma preocupaçâo social marcada. Denver evidenciou o iso-
lamento dos Estados Unidos e revelou aos participantes europeus a distância que os
separava dos USA.Para a Uniâo Européia, Denver foi motivo de irritaçâo e ocasiâo
de salutar tomada de consciência. Se tornou manifeste que a Uniâo Européia, ao re-
cusar todo conluio ideolôgico e politico com os USA, poderia, se quisesse, recupe-
rar parte da sua credibilidade no Terceiro Mundo. Condiçâo bâsica dessa recupe-
raçâo: a fidelidade da Europa aos sens ideais de liberdade,sem dûvida, mas também
de justiça e de solidariedade. O problema do desemprego, por exemple, nâo aflige
apenas a Uniâo Européia.
b) As reuniôes de Rio de Janeiro (13-21 de março)tinham como objetivo a pre-
paraçâo do II Cume da Terra, que se realizaria em junho em Nova York (cf. infra,
ponte c). Foram duas reuniôes conjuntas de ONG feministas e ecologistas radicais;
assim mesmo, altos funcionarios da ONU atenderam às reuniôes. O prôprio Prési
dente do Brasil, Dr Fernando Henrique Cardoso, bem como o prefeito do Rio,
prestigiaram o ato. Se tratava de examinar se a Agenda 21 do Cumbre de 1992 (cf.
supra 5, 1) havia sido respeitada.
1) O Hôtel Gloria recebeu o VIIF Encontre internacional sobre a Mulher e
a Saûde, onde se retomaram os temas habitualmente ventilados nesse tipo de con
clave; e como em ocasiôes anteriores, a Igreja catôlica foi contemplada com os ha
bituais ataques. Recomendou-se também que se encaminhasse a ajuda pûblica a fa-
vor do desenvolvimento através das ONGs. No final foi publicada a Heclaraçào da
Gloria.
2) O Hôtel Sheraton recebeu o Conselho da Terra, com personalidades tais
como Mikhail Gorbachev, Mercedes Sosa, Paulo Freire, Federico Mayor (diretor
gérai da UNESCO), Maurice Strong (do Secretariado gérai da ONU),James Wol-
fensohn (présidente do Banco Mundial), observadores da UNICEF, do PNUD,do
FNUAP, etc. Curioso, para uma reuniâo de ONGs,e imprudente da parte desses
altos funcionarios! A meta dessa reuniâo era a preparaçâo da Carta da Terra, que de-
If'-
Questôes demogrâficas e Conferências das Naçôes Unidas 207

veria ser um codigo universal de conduta. Trata-se de rechaçar os Dez Mandamen-


tos, de detronar a antropologia: o homen jâ nâo é mais rei da natureza; è uma par
te qualquer delà. O homem vira um item mima cosmologia panteistica no melhor
estilo do New Age. No prôprio vocabulârio, a expressâo « dignidade do homen » fi-
ca banida por ter uma conotaçâo demasiado crista. Para Gorbachev, que se deixou
notoriamente aliciar, essa carta traça os eixos do programa de globalizaçâo que a
ONU deveria executar.
c) O ir Cume da Terra, conhecido como Rio-F5, se realizou em Nova York de
23 a 27 de junho. Foi atendido por umas 170 delegaçôes em presença de numero-
sos chefes de Estado. Hâ unanimidade: essa reuniâo foi um fracasso retumbante. Os
participantes nâo conseguiram sequer produzir uma « declaraçâo final »; nâo houve
o tâo cobiçado consenso. Nao carece de fundamento o parecer dos que viram nes-
sa reuniâo « o atestado de obito do espirito do Rio ». Alem disso, se notou um sinal
luminoso de esperança: a liberdade soberana com a quai se exprimiram lideres do
G 77 e do mundo em desenvolvimento em gérai, para exprimir a sensibilidade e as
preocupaçôes do mundo pobre. Tal foi, por exemplo, o caso do Présidente do Cu
me, Razali Ismail (Malâsia) e do Présidente Mkapa, de Tanzânia. Uma ilustraçâo;
k\\
apesar de martelado nas reuniôes anteriores, apesar da Declaraçâo da Gloria, da
Carta da Terra, etc., o conceito de «desenvolvimento sustentâvel» decididamente
nâo é aceito...

6. A ONU e a Ideologia da Segurança Demogrâfica

1. A Ideologia da Segurança Demogrâfica


No Brasil, na época do régime militar, floreceu a «doutrina da segurança nacio-
nal», forjada nos paises ricos do Norte e exportada nos paises da «periferia». Essa
doutrina considerava que o grande problema era a oposiçâo entre o mundo comunis-
ta e o mundo liberal-capitalista; o «antagonismo dominante» era o que opunha o Les
te e o Oeste. Hoje em dia, com descomunal petulância e pouca vergonha, os paises ri
cos reinterpretaram essa doutrina e consideram que o atual antagonismo dominante é
a oposiçâo entre os paises ricos do Norte e os paîses pobres do Sul. Ora, o Norte é ri-
co, mas représenta apenas a quinta parte da populaçâo mundial. O Norte imagina
entâo que o Sul constitui uma ameaça pelo seu bem-estar, devido à pressâo demogrâ
fica que vem do Sul. Logo, assim como, de acordo com a ideologia da segurança na-
cional, se dévia « conter », isto é bloquear, a ameaça vindo do Leste comunista, se de-
ve hoje, de acordo com a doutrina da segurança demogrâfica, « conter » a pressâo vin
do do Sul pobre. Trata-se, em suma, de uma reinterpretaçâo radical da idéia de gue-
rra total, os pafses ricos, com uma populaçâo menor e mais velha, devem a todo preço
protéger a sua supremacia. A ONU é um instrumento idéal para este fim..
2Qg Rev. Prof. Michel Schooyans

2. Os Atores

a) Os protagonistas desse confronte sâo, em premeiro lugar, os Estados Unidos,


especialmente através da sua Agência Internacional para o Desenvolvimento
(USAID),o Japao, a Noruega e a Uniâo Européia, que nesse campo adotou uma ati-
tude objetivamente prôxima da dos USA.
Esses paises, mas principalmente os Estados Unidos, utilizam largamente d
ONU e as suas agendas para ampliar e ao mesmo tempo disfarçar suas intervençôes.
As principais agendas concernidas sâo o Banco Mundial, o Programa das Naçôes
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),o Fundo das Naçôes Unidas para a Po-
pulaçâo(FNUAP),a UNICEF,a UNESCO,a FAO,a Organizaçâo Mundial da Sa-
ûde(OMS),etc. y ■ r
Os mesmos paises utilizam constantemente ONGj,como o Population Council
(sustentado pelo grupo RockefeUer), a Ford Foundation, a Women's Environment
and Development Organization (WEDO, comandado pela extravagante Sra Bela
Abzug) e centenas de outras de peso variâvel. A mais importante é o {ci. su
pra), que recebe rios de dinheiro de governos, agências da ONU,fundaçôes priva-
das, e que faz fréquentes intercâmbios de funcionârios com organizaçôes pûblicas:
um caso tipico de participaçôes cruzadas!
Como jâ mencionado, o papel das ONGs tende a crescer, o que justifica graves
preocupaçôes. De fato, enquanto as instituiçôes internacionais pûblicas atu^ an-
tes ao nivel dos govêrnos, as ONGs,com recursos énormes, porém desprovidas de
qualquer mandato representativo, têm acesso direto aos paises donde se aplicam os
programas. Em vârios casos, agências da ONU chegam a àelegar tarefas a ONGs,
que as executam contornando ou neutralizando os contrôles das autoridades nacio-
nais.

h) As vitimas, sâo os paises do assim chamado Terceiro Mundo em^geral (nâo


apenas africanos) e mais precisamente os segmentos pobres da populaçâo, amiude
definidos com uma conotaçâo racista mal disfarçada.
c) Os opositores sâo relativamente pouco numerosos mas vâo se multiplicando
e sâo cada vez mas ativos. Sâo eles as Delegaçôes da Santa Sé, ONGs pro-vida e/ou
pro-famûia, muitas delas catôlicas, o Grupo dos 77, que representam hoje ims 130
paises em desenvolvimento: delegados de paises muçulmanos apegados à vida co
mo dom de Deus, etc.

3. Temas recorrentes

O nûcleo duro do discurso sobre a populaçâo espalbado pela ONU e pelos pa-
ises ricos sempre comporta as très referências bâsicas ao malthusianismo, ao neo-
mathusianismo e ao espaço vital (cf. supra, 2). Temas derivados foram enxertados
Questôes demogrâficas e Conferências das Naçôes Um'das 209

aos poucos e recebem destaque conforme as oportunidades oferecidas pelas reu-


niôes. O malthunanismo é completado pela doutrina da «segurança alimentâria» e
da escassez dos recursos naturais; o neomalthusianismo é explicitado peio tema do
« gênero » e dos « novos direitos »; o espaço vital reaparece com o rotulo do « meio
ambiante» e do culto da Terra-Mâe.
No capftulo dos assim cbamados «novos direitos» aparecem os temas da «sa-
ûde reprodutiva» (incluindo o aborto); dos «novos modelos de familia» (inclusive
homosexual); da educaçao sexual dos filhos e da sensibilizaçâo das mulheres, etc.
O tema do consenso merece uma atençao especial; anuncia o rechaço total de
qualquer referênda a critérios objetivos de verdade, de moralidade, dejustiça. A gran
de preocupaçao dos organizadores de reuniôes é de se chegar a decisôes « consen-
suais » e, com essa finalidade, de ocultar as réservas, sempre numerosas, enunciadas
por delegaçôes de paises tidos como de menor peso. Esse procedimento tende a es-
tabelecer um novo direito consuetudinârio^ isto é baseado nos costumbres ou na-
quilo que consta nas decisôes consensuais. E como se podem modificar os compor-
tamentos, se podem modificar também as normasjundicas dos paises participantes
aos conchavos a partir dos pianos de açao objeto de consenso. Por esse caminho se
institui sub-repticiamente uma autoridade suprenacional ao mesmo tempo que se dé
bilita a soberania das naçôes. Jâ nâo controlam a ONU;sao controladas por ela.
Essa debilitaçao dos Estados soberanos ainda se acelera em conseqûência da
majoraçâo indebida, pela prôpria ONU,das compjtências das ONGs.
Como se pode notar, todos eses temas estâo entrelaçados. Nâo é por acaso que,
durante a Conferência da FAO (Roma, 1996), o Sr James Gustave Speth, responsâ-
vel do PNUD,declarou: «A ONU forjou um piano integrado». A esse «piano in-
tegrado» cooperam, por exemplo, a FNUAP e a OMS. O FNUAP esta empenha-
do na preparaçâo da « carta da terra » (cf. supra,5,8, c, 2), que poderia se sobrepor
à Declaraçâo universal dos Direitos Humanos (1948). A OMS esta elaborando um
«novo paradigma da saûde», isto é uma nova ética médica, que faz da saûde um
produto como qualquer outro, que se compra ou nâo de acordo com critérios prio-
ritâriamente econômicos: uma desgraça para os pobres!
Pode-ser, entretanto, que um grâozinho de aréia se tenha infiltrado nesse «pia
no integrado » com a contenda, no IF Cume da Terra (cf. supra,3,8, b-c) relativa à
idéia de desenvolvimento sustentâvel. Contestât um s6 modulo do piano integrado
deveria résultat na contestaçâo do conjunto do piano.

4. Algumas artimanbas

Séria fastidioso estabelecer uma Hsta das tâticas empregadas pelas organizaçôes
controlistas. Mencionaremos as principais das que afetam diretamente os paises em
desenvolvimento. Multiplicaçâo halucinante das reuniôes que oneram os cofres pu-
Rev Prof. Michel Schooyans
210

bUcos- dilûvio de documentas répétitives e quase sempre

meras°deTo?û«r/para disfarçar conteûdos


Tses antifrases transferências semânticas, etc.; tâttca do «salame», que consi te
rœnseguir fati'a pot fatia. pedaço pot pedaço.°
co; subordtnaçao da «ajuda» a nacionais does paîses vîtimas;

as campanhas de esterilizaçâo, etc.

7. Que podemos fazer?

1. Procurar e proclamar a verdade


Sâo multas o ,finm(lks mo,d e cimKfiamMe j

„-.o é ™.n.,did.d= I cad...a m.ia n»-


ao nacer: os homens vivem cad f^,>nnrlidade da mulher e as taxas de
merosos a ocupar a terra ao mesmo tempo. produçâo de alimen-
crescimento da populaçâo estâo batxando no J problème principal
é „1 que „io.e aab.o que ta, '» « d.h.bi»-
é.mà dtoibuiîâo. H» trmta anoa, a W» ~2'"'™ ^ Jecta.,
,e. e aoHa pordkra da te,,,varia, no

pode adquitir,de humaniaa,o seu meio ^btene K ^ ^ qp^ poderi


Lbé„ a de mute pate » cS 6melhoî cmé-
ser um dos maiores problemas o sec o ' jp ao nascer, esta subindo
,io ,in,ébeo do <'=3»'™;7q,;j'°„"Xta,alme^^^.odos o. metc.do,..de
praticamente no mundo todo,o q ^ capital humano im-
pânico. Muitos fiskoTo'ïue demonstram. por exemple,es es-
porta muite mais de que e c pitd ^efsityY ef Maryland)euoode
tudos minuciosos de Julian Simo l
de Jacqueline Kasun
afirmar, inclusi-
(Humbeldt State University). De maneira alge paradexal, se pede atirm
Questôes demogrâficas e Conferências das Naçôes Unidas

ve, que nâo hâ recursos naturais\ é o homem que, pela sua inteligência e graças à ins-
truçâo, transforma coisas ordinârias (como a areia) em riquezas (como os equipa-
mentos eletrônicos). Todos os estudos séries concordam hoje para afirmar que a
grande causa da pobreza é a desigualdade no acesso ao saher e a ma repartiçâo do
mesmo (cf. John K. Galbraith, Alvin Toffler). Os paises que mais se desenvolveram
nâo sâo os que mais «ajuda» receberam (exemplo: Zaire, Etiôpia), sâo os que mais
valorizaram o capital humano (exemples: Japào, Taiwan, Coréia, etc.). Nos domï-
nios mencionados e em muitos outros, os homens têm um enorme poder de inter-
vençâo e de invençào, ao quai é impossivel définir nem assignar limites. Nâo hâ uma
fatalidade da pobreza; os que invocam uma relaçâo determinista entre populaçâo e
desenvolvimento sao ignorantes ou mentirosos. Para eliminar a pobreza, querem
eliminar os pobres.
Extrema atençâo merecem também estudos recentes sobre afa?n{lia. Gary Bec-
ker, de Chicago, ganhou o Prémio Nobel de economia em 1992 por causa dos seus
estudos sobre o capital humano (jâ citado) e o papel décisive da familia, dos pais e
especialmente da mâe, na formaçâo desse capital. Outros economistas e demôgra-
fos de reputaçâo mundial, como Gérard-François Dûment (Paris-Sorbonne) ou
Jean-Didier Lecaillon (Université de Paris XII) chegam a conclusôes convergentes
a partir de estudos independentes. A familia nâo é apenas um bem para os seus
membres; é um bem para a sociedade. E urgente que os poderes publiées ajudem as
familias, oferecendo em particular as esposas uma real oportunidade de escolher liv-
remente entre a vida de mâe de familia e a vida profissional, ou conciliando-as.
De maneira gérai, todos os topicos que encontramos mereceriam um exame
atento: consenso, direitos humanos, saûde, educaçao, soberania, corrupçâo, entre-
guismo das elites nacionais, etc.

2. Organizar-se
Os partidârios do contrôle da populaçâo sâo organizados e disciplinados; coor-
denam sus trabalhos, repartem as tarefas entre si. Têm um altîssimo nivel depra/A-
sionalismo\ sâo assesorados por excelentes técnicos do lobbying (grupos de
pressâo), da comunicaçao social, da manipulaçâo de uma assembléia, de uma pla-
téia, de um programa de televisâo, etc.
Os defensores da vida e da familia têm muito a aprender nesse campe. Na maio-
ria das vezes, atuam com boa vontade mas nâo passam do nivel do amadorismo ge-
neroso. Inclusive, para limitâmes ao ambiente cristâo, nâo consiguem motivar bem
as proprias tropas, o que multiplicaria o seu impacto. A essa situaçâo, hâ remédies
de très tipos.
1. Estudar os métodos de açao dos controlistas e, sem cair no semvergonhismo
moral, inspirar-se deles para servir a vida e a familia.
w

Rev. Prof. Michel Schooyans


212

2 Aproveitar ao mâximo as numerosas organizaçôes, cristâs ou nao, que rnm-


tam a W da vida e cooperar ativamente com elas. Graças a Deus,ha orgamzaçoe
ZcoZsionais que defendam a vida e a famflia e nas quais se pode entrar. os
^îstâos n?o^o monopôlio dessa dupla defesa. Hâ feUzmente muitas orgm-
zacôes catôUcas bem activas nesse campo, tanto ao nivel nacional quanto ao inter-
nacional Varias têm alto nivel de profissionalismo. Essas merecetn set apoia as pes
îoTmortdTnka e financeiramente. Deve ser considerado como uma priorida-
de lio âmbito da «Nova EvangeUzaçâo» o mUitar ativamente nessas organizaçoes.
3 Onde pouco ou nada existe,é urgente estabelecer quanto antes um grupo J

junto aos poUticos, médicos,jornalistas e empresârios para sensibilizalos aos m


gerados por uma populaçâo que vai fraquejando.
3. Denunicar

ONT I ou de ONGs na medida em que essas açoes comportam um p g

rar as verbas destinadas ao contrôle da populaçao do pais^ Secretârio ge


ainsesI1)NrLrentT?a£ ZZZZlgZàe
de Washington,espalhada pelos médias no
exLutivo~
obsequioso dos inte
^
colh. pod» .igniCc. « tote hu-
Questoes demogrâficas e Conferênctas dus Naçôes Unidas 213

solidariedade. Oxalâ a Uniâo Européia aproveite essa oportunidade para retificar


algumas opçôes vergonhosas e para reconsidérât radicalmente a sua politica frente
ao mundo pobre!

8. Conclusâo

As anâlises das Conferências internacionais recentes e da ideologia que as ins


pira revelam a gravidade extrema dos ataques aos quais o ser humano anda exposto
em conseqûência da açâo daqueles mesmos que deveriam o defender. Uma vez que
« o homem é imagem de Deus » e que « a gloria de Deus é o homem vivo », essa si-
tuaçâo nâo pode deixar os cristâos indiferentes. O Santo Padre nos mobilizd'. deve-
mos unirnos e aplicar nossas forças a debelar a cultura da morte para que possa ven-
cer a cultura da vida. Os programas das Naçôes Unidas em matéria de vida humana
refletem o materialismo agressive, o deserto espiritual, moral e religioso do mundo
atual, especialmente do mundo dos ricos. A ideologia propalada através de uma re-
de densa de canais institucionais é uma ideologia do medo e do egoismo. Medo que
os ricos têm dos pobres; egoismo dos ricos; pavor dos ricos que imaginam que, ao
compartilhar o que têm e o que sabem, vâo perder algo da qualidade da sua vida!
A eles se aplica a apôstrofe de Sâo Basilio de Cesaréia:
« Tu que eres rico e que repeles o pobre, como deverias estar cheio de
gratidâo para com o pobre, que é o teu benfeitor! É uma honra para ti que
ele te peça uma esmola, e tu deverias ser alegre e orgulhoso por ter a chan
ce de ajudalo, jâ que tu nâo précisas bâter na porta dos outros, pois os ou
tres assediam a tua! [...]Mas tu sô sabez dizer:"Nâo tenho nada; nâo da-
rei nada, porque sou pobre Sim, tu eres pobre; tu nâo possuis nenhum
bem: tu eres pobre de amor, pobre de fé em Deus, pobre de esperança
eterna».

Nos que fizemos, pela fé, a opçâo libertadora pela vida e a vida em abundância
(cf. Jo 10, 10), devemos combater a cultura da morte proclamando a cultura da vida.
Na raiz dos programas anti-vida, hâ umafalta defé em Deus e xxm&falta de amor pe
las homens. A falta de amor é a causa das disfunçôes da ONU e de muitas ONGs. Se
quisermos debelar essa cultura da morte e substituir-Ihe a cultura da vida, nécessi
tâmes de um poderoso motor de açâo, de um grande movel. Esse motor, esse môvel
sô pode ser o amor dos homens sob o olhar de Deus.

http://www.michel-schooyans.org/
INDICE

Introduzione

Discorso del santo padre giovanni paolo u ai partecipanti al congresso

RELAZIONIPRINCIPALI

Abertura do Congresso Teologico-Pastoral (Eugênio Card. de Araûjo Sales)


La Iglesia y la defensa de la mstituciôn familiar (Alfonso Card. Lôpez Trujdlo)
The Family and Society: International Organizations and the Defense of the
Family (Prof. Mary Ann Glendon)
Familia, Santuario de la Vida (Prof. ]uan de Dios Vial Correa)
Estructura natural de la Familia: don y compromiso (S.E. Mons. Francisco
Gil Hellm)

The Rights of Motherhood (Prof Jaune Haaland Matlary)


Os filhos na familia: présenté para a humanidade (Lucas Card. Moreira
Neves)

La famille et Févangélisation dans un monde sécularisé (Roger Card.


Etchegaray)

TESTIMONIANZE

A Testimony of Conversion to Life (Dr. Bernard N. Nathanson)


Du mariage coutumier au mariage chrétien (Frédéric Card. Etsou-Nzabi
Bamungwabi)
La nuova strage degli innocenti(P Werenfned van Straaten, o. praem.) . . .
The Presence of the Family in the Modem World (Mr. Vtrgil C. Dechant). .
The Pohtician's Responsibility for the Defense of the Rights of the Family
(Prof Herbert Schambeck)
Indice

GRUPPIDILAVORO

Sessualità umana: verità e signifîcato

Gruppo di lingua portoghese


A Familia e o desenvolvimento moral dos filhos (Dr. Thereza Venna firme) 143
fjducaçâo da. tempcvsLnçâ (Dr. Mar2a do Carmo Bettencourt de Farta) . . . . 148
O signifîcado esponsal do corpo (Dr Alfonso Garcia Kubio) 157
Gruppo di lingua inglese
The Family and the Moral Development of Children (Dr. Thomas Fleming) 161
Respecting the Development of the Child (Dr Andrew Kiura) 170
Gruppo di lingua spagnola
La familia y el desarroUo moral de los hijos (Dr. David îsaacs) 174
La educaciôn de la templanza(Dr Ana Maria Araujo de Vanegas) 183
Perspectiva cristiana de una sexualidad adolescente (Dr Carlos Aldana
' 1

Dalla Conferenza di Rio a quella di Istanbul: aspetti demografici


Gruppo di lingua portoghese
Questôes demogrâficas e Conferências das Naçôes Unidas(Rev. Prof Michel
Schooyans)
A ONU,a Igreja e a gestâo da vida (Prof Cândido Mendes)
Populaçâo e recursos (Prof Joâo Paulo de Almeida Magalhàes)
Gruppo di lingua inglese
Population Questions and the UN Conférences (Archbishop Renato
R. Martino)
Future Démographie Prends (Ms. Rosa Linda G. Yalenzona)
Too Many People? Not by a Long Shot (Dr. Steven W. Mosher)
m.r-
Indice

La Famigliai soggetto délia Nuova Evangelizzazione

Gruppo di lingua portoghese


A Famîlia como igreja doméstica: agente de nova evangelizaçâo (Prof. Maria
Clara Lucchetti Bingemer)
Espiritualidade e Famîlia (Dr. Lmz Paulo Horta)
O trabalho da mulher, esposa e mâe (Prof. Leila Longo)

Gruppo di lingua inglese


The Domestic Church; the Fruit of Evangelisation and Called to Evangelise
(Keith and Anna Linard)
Parents' Responsibility in Education and Evangelization within the Family
(Msgr. Francesco Di Felice)
Change and Stability in the Enrichment of Marriage (Sister Barbara Markey,
NA PhD)

Gruppo di lingua spagnola


El roi profético de la familia (Prof Alicia Romo Roman)
Las estructuras diocesanas al servicio de la pastoral familiar (S.E. Mons.
Augustin Garcia-Gasco Vicente)
La Familia cristiana: identidad y misiôn (P. Abelardo Lobato, OP)

Gruppo di lingua tedesca


Pastorale Strukturen im Dienst der FamUie (S.E. Mons. Andréas Laun). . .
Die Eltern als Subjekt der Familienpastoral (Peter und Sabine Dûren) . . .
Gruppo di lingua italiana
Famiglia, Nuova Evangelizzazione e cultura contemporanea (S.E.R. Mons.
Angelo Scola)
Educazione all'amore e alla famiglia (Michelangelo ed Enrica Tortalla) . . .
Famiglia e presenza evangelizzatrice nel sociale (D.ssa Luisa Santohni) . ...
550 Indice

Povertà délia famiglia e dottrina sociale

Gruppo di lingua spagnola


La Pastoral Familiar y las familias en situacion de pobreza {SB. Mons. Nor-
herto Rivera Carrera)

Poblacion y recursos (Rrof. Arturo Salazar Larraîn) 405


Las familias pobres en las Conferencias del Caire y Pékin (Leonardo y
Martha Casco) 415
La cultura de la vida contra la cultura de la muerte (Mercedes Arzû de
Wilson) 419

Le sfide attuali délia famiglia

Gruppo di lingua portoghese


Maturidade humana e fidelidade conjugal (Carlos e Maria Cristina Marques) 427
A Familia e a dependência quimica (Dr. Oswald Moraes Andrade) 437
Ôrfâos de pais vivos (Irma Marta Inès Rossato) 439

Gruppo di lingua francese


La Famille et les défis économiques (Rrof. Jean-Didier Lecatllon) 445
Les aspects socio-démographiques de la famiUe dans le monde(Rrof. Gérard-
François Dumont) 45^
Fécondation artificielle, clonage et famille (Rév. Jacques Suaudeau) 465

Uinizio délia persona nel diritto

Gruppo di lingua portoghese e spagnola


Proyecto sobre los derechos de los «nascituros» (Rrof. Rterangelo Catalano) 481
La tradicion iberoamericana en la defensa de la vida humana (Rrof. José AQ^
Maria Castân Vâzquez)
Indice 351

La Familia y la vida y sus derechos en los parlamentos legislativos (Prof. Luis


Ossio Sanjinés) 491
La personalidad juridica del embrion en el derecho pûblico (Prof. Rodolfo
Carlos Barra) 497

Movimenti e parrocchie a servizio delle famiglie

Gruppo di lingua inglese


The Rôle of Family Movements in Diocesan Pastoral Care (Ktcardo Gard.
Vidal) 509
The Parish Open to Movements that Serve the Family (Rev. Pier Giorgio
Perini) 515
Family Movements in the Renewal of Society Lz/y .... 518

Famiglia e Tossicodipendenza

Gruppo di lingua italiana


I drammi délia famiglia - tossicodipendenza e solitudine (P. Eligio Gelmini) 525
La legge deU'uomo non ha cuore - Famiglia, tossicodipendenza e deHtti
(Doit. Antonino Cusumano) 528
Famiglia: i progetti deU'uomo non sono i progetti di Gesù (Prof Mariapia
Garavaglia) 532

Dichiarazione finale 535


Bi

Copyright 1998 - Libreria Editrice Vaticana - 00120 Città del Vaticano


Tel. (06) 698.85003 - Fax (06) 698.84716
ISBN 88-209-2511-7
LA FAMIGLIA:
ir
DONO E IMPEGNO SPERANZA DELL'UMANITÀ

Dairi al 3 ottobre 1997 si è svolto a Rio de Janeiro II secondo Congresso teo-


iogico-pastoraie su « La famiglia: dono ed impegno, speranza deirumanità». Il
numéro dei delegati, giunti da ogni parte del monde, ha superato di molto quel
le dei partecipanti riuniti in occasione del primo Congresso a Roma.
Dope le Conferenze Mondiali delle Nazioni Unité del Caire e di Pechino, è
chiaro che la preoccupazione pastorale délia Chiesa è la formazione dottrina-
le dei cristiani in questa via primordiale che è la famiglia. Corne Cristo rivela
ruomo a se stesso, cosi la Chiesa rivela la famiglia a se stessa. Clô è partico-
larmente necessario nella nostra epoca, nella quale spesso si fa leva sulle de-
bolezze deiruomo e délia donna.

Questo volume degli « Atti del Congresso » raccolgono, prima, le relazioni prin-
cipali che hanno sviluppato il tema generale: « La famiglia: dono ed impegno,
speranza dell'umanità »; poi le relazioni su aspetti complementari, trattati nei
gruppi linguistici: sessualità umana, demografia, nuova evangelizzazione, ini-
zio délia persona umana nel diritto, tossicodipendenza, movimenti e parroc-
chia, povertà e dottrina sociale, sfide attuali. Sono presentate, Infine, le testi-
monianze di alcune note personalità.
Giovanni Paolo II, al termine del Congresso, ha ricordato che «la famiglia,
chiesa domestica, è un'architettura divina e umana», e poi ha concluso: «Co
rne si completano? Sembrano giuste e necessarie queste due parole: amore e
responsabilité ».

Université catholique de Louvain

ISBN 88-209-2511-7

10.396.828

9 7 8 820 9251 1 6
L. 35.000

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