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Manual Interno de Apoio à Marinharia

Prática
2

Manual interno concebido pelo Mestre José Carlos


Pantaleão, com os contributos de outros formadores, 36
páginas.

Fontes adicionais:

Arte Naval Moderna, Rogério de Castro Silva, Editorial da


Marinha, 1945; e Arte de Marinheiro, José Fernandes
Martins e Silva, Edições Culturais da Marinha

UFCD 6481 - Marinharia Iniciação / José Carlos Pantaleão – revisto janeiro 2018
CONTEÚDO

MATERIAIS USADOS NA CONSTRUÇÃO DOS CABOS, LINHAS E FIOS ................................................................ 5

NÓS ................................................................................................................................................................... 7
3
Noção de chicote e de seio de um cabo ...................................................................................................... 7

Execução da laçada e nó de frade ............................................................................................................... 7

Execução do nó de oito ou nó de trempe .................................................................................................... 8

Emendar dois cabos com a mesma bitola, usando o nó direito, o nó de pescador ou nó de aparelhO ..... 8

Emendar dois cabos com diferentes bitolas, usando o nó de escota singelo ou o dobrado ....................... 9

Execução do lais de guia singelo e dobrado para criar uma alça no chicote de um cabo ......................... 10

Execução do lais de guia pelo seio ............................................................................................................. 11

VOLTAS ........................................................................................................................................................... 11

Execução de voltas de cunho ..................................................................................................................... 11

Execução de voltas falidas ......................................................................................................................... 12

Execução de volta de ribeira e meia volta ................................................................................................. 12

Execução de volta de fiel numa argola ou para encapelar num cabeço singelo ....................................... 13

Execução de volta de anete ....................................................................................................................... 14

Execução de volta de arinque .................................................................................................................... 14

Execução de voltas de tomadouro ............................................................................................................ 14

FALCAÇAS ....................................................................................................................................................... 15

Execução de Falcaça de chicote mordido .................................................................................................. 15

Execução de Falcaça de voltas folgadas .................................................................................................... 15

Execução de Falcaça inglesa ...................................................................................................................... 16

Execução de Falcaça de agulha .................................................................................................................. 16

COSTURAS ...................................................................................................................................................... 17

Costura de mão.......................................................................................................................................... 17

Costura redonda ........................................................................................................................................ 17

Costura de laborar ..................................................................................................................................... 18

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PINHA DE RETENIDA ....................................................................................................................................... 19

Execução da pinha de retenida .................................................................................................................. 20

BOTÃO REDONDO .......................................................................................................................................... 20

Execução do botão redondo ...................................................................................................................... 20

NOMENCLATURA DE PEÇA DE POLEAME ....................................................................................................... 21 4

NOMENCLATURA DO PAU DE CARGA E SUA UTILIZAÇÃO .............................................................................. 23

MASTREAÇÃO ................................................................................................................................................. 25

ÂNCORAS/FERROS .......................................................................................................................................... 26

AMARRAS ....................................................................................................................................................... 27

AGENTES DE DETERIORAÇÃO ......................................................................................................................... 30

Efeito da água salgada nos materiais ........................................................................................................ 30

Formas/Agentes de deterioração dos materiais ....................................................................................... 30

PRESERVAÇÃO/CONSERVAÇÃO DAS ESTRUTURAS ........................................................................................ 31

Formas de preservação.............................................................................................................................. 31

Utensílios de Limpeza, Beneficiação e Pintura .......................................................................................... 31

Preparação de superfícies para pinturas ................................................................................................... 31

Tintas ......................................................................................................................................................... 32

Meios de conservação da estrutura e acessórios da embarcação ................................................................. 34

Operações de Manutenção e Beneficiação .................................................................................................... 35

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MATERIAIS USADOS NA CONSTRUÇÃO DOS CABOS, LINHAS E FIOS

As cordas a bordo denominam-se Cabos.

Designa-se por massame o conjunto de todos os cabos existentes a bordo do


navio/embarcação. Há cabos fixos, como por exemplo os brandais e estais, que são os
cabos que aguentam os mastros na posição vertical e que pertencem ao massame fixo;
da mesma forma existem cabos que trabalham em peças com roldanas, como por ex.
escotas, adriças, etc. pertencendo estes ao massame de laborar.

Os cabos existem no mercado em peças (rolos / bobines), (Fig.1)

Fig.1

A bordo encontram-se cabos mas também linhas e fios, todos construídos a partir de
fibras naturais (sisal, algodão, linho, etc.), ou de fibras sintéticas (nylon, polietileno,
poliéster, polipropileno etc.). Os primeiros estão a ser utilizados cada vez menos a bordo.

Se queimarmos um fio de origem sintética, podemos identificá-lo pela cor da chama, pela
cor do fumo ou pelo cheiro.

Além dos materiais já enumerados existem também cabos fabricados com arame, cabos
de arame, e ainda cabos mistos, em que na sua construção além do arame também
entram fibras sintéticas como o polietileno, o polipropileno, etc.

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Quanto ao tipo de construção tanto os cabos como as linhas e os fios podem ser torcidos
ou entrançados (Fig.2).

Fig.2

A unidade básica de construção é o filamento.

A torção dos cordões para construção


dos cabos designa – se por cocha. A
cocha é direita, em Z, quando os
cordões são torcidos para a direita;
quando os cordões são torcidos para a
esquerda diz-se que o cabo tem cocha
esquerda, em S (Fig.3).

Fig.3

A espessura de um cabo é dada pelo seu


diâmetro ou pela sua bitola, e para a
medir utiliza-se a craveira (Fig.4).

Fig.4

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A bitola é o perímetro exterior do cabo. Normalmente um cabo de arame tem um cordão
central, alma, em volta do qual os restantes cordões (ramos) são torcidos.

Quando verificamos o dado 6 x 19 + 1, isto diz-nos que aquele


cabo é composto por 6 cordões, tendo cada cordão 19 arames e
7
uma madre (Fig.5).

Fig.5

NÓS

NOÇÃO DE CHICOTE E D E SEIO DE UM CABO

Qualquer cabo tem duas pontas que se denominam chicotes e uma parte intermédia
designada por seio (Fig.6).

Fig.6

EXECUÇÃO DA LAÇADA E NÓ DE FRADE

A laçada é um nó muito simples que dado no chicote de um cabo pode, eventualmente,


evitar que este descoche ou corra por um olhal ou gorne (Fig.7).

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O nó de frade obtém-se dando uma laçada e enfiando
de novo o chicote (1); soca-se, quer dizer aconchega-se
para tomar a forma definitiva (2) (Fig.8).

8
Fig.8

É utilizado no chicote dos cabos de laborar para que não desgurnam.

EXECUÇÃO DO NÓ DE OITO OU NÓ DE TREMPE

O nó de oito também conhecido por nó de


trempe (Fig.9) dá-se no chicote dos cabos de
laborar, tal como o nó de frade, para que não
desgurnam.

A vantagem de usar este nó em vez do anterior, é que é um nó seguro e que se desfaz


com facilidade quando necessário, o que não acontece com o nó de frade.

EMENDAR DOIS CABOS COM A MESMA BITOLA, USANDO O NÓ DIREITO, O NÓ DE


PESCADOR OU NÓ DE APARELHO

Nó direito é o nó que se deve utilizar para emendar dois cabos da mesma bitola (Fig.10).
É um nó seguro e fácil de desfazer.

Fig.10

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Nó de pescador ou nó de aparelho, da
mesma forma que o nó direito também
este nó é utilizado para emendar dois
cabos da mesma bitola. Tem o
inconveniente de não ser fácil de 9

desfazer quando necessário (Fig.11).

Fig.11

EMENDAR DOIS CABOS COM DIFERENTES BITOLAS, USANDO O NÓ DE ESCOTA


SINGELO OU O DOBRADO

Quando pretendemos emendar cabos de diferentes


bitolas o nó usado é o nó de escota singelo ou o
dobrado, sendo este último o que oferece maior
confiança (Fig.12 e 13).

Fig.12 Fig.13

Nó de escota pronto a disparar – é o nó de escota usado quando


pretendemos desfazê-lo rapidamente (Fig.14).

Fig.14

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EXECUÇÃO DO LAIS DE GUIA SINGELO E DOBRADO PARA CRIAR UMA ALÇA NO
CHICOTE DE UM CABO

Lais de guia pelo chicote – É utilizado quando se pretende fazer uma alça no chicote de
um cabo (Fig.15). 10

Fig.15

Caso se pretenda que essa alça fique mais resistente, aconselha-se fazer o Lais de guia
dobrado (Fig.16).

Fig.16

Qualquer deles é muito utilizado a bordo, nomeadamente nas manobras de atracação.

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EXECUÇÃO DO LAIS DE GUIA PELO SEIO

Há alturas em que se torna necessário a execução do Lais de guia pelo seio (Fig.17),
nomeadamente quando o chicote não está à mão ou se pretende que a espia de
atracação, por exemplo, fique dobrada.

11

Fig.17

VOLTAS

EXECUÇÃO DE VOLTAS DE CUNHO

Volta de cunho – São voltas em forma de oito dadas nos


cunhos. Inicia-se com uma volta redonda no pé do cunho,
dando depois três ou mais voltas em oito em volta dos braços
(Fig.18).

Termina com uma volta mordida.

Fig.18

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EXECUÇÃO DE VOLTAS FALIDAS

Voltas falidas são voltas em forma de oito dadas em torno


de um cabeço duplo. Utiliza-se para fazer fixe às espias e
outros cabos. O cabo deve trazer-se por detrás do cabeço 12
mais afastado e começar aí a primeira volta falida (Fig19).

Fig.19

EXECUÇÃO DE VOLTA DE RIBEIRA E MEIA VOLTA

Volta de ribeira é a volta utilizada para lingar sacos, caixas ou outros volumes leves
(Fig.20).

Fig.20

Volta de ribeira e meia volta utiliza-se para rebocar um barrote na


água ou içar um pau na vertical (Fig.21).

Fig.21

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EXECUÇÃO DE VOLTA DE FIEL NUMA ARGOLA OU PARA ENCAPELAR NUM CABEÇO
SINGELO

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Volta de fiel é a volta utilizada para fixar um cabo a outro de maior bitola (Fig.22). A
forma de execução é idêntica quando se trata de uma argola.

Fig.22

A Fig.23 mostra como se pode fazer a volta de fiel para encapelar num cabeço singelo ou
num cepo.

Fig.23

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EXECUÇÃO DE VOLTA DE ANETE

Volta de anete – é utilizada para


amarrar (talingar) o chicote do
cabo (amarra) ao anete do ferro 14
(Fig.24).

Fig.24

EXECUÇÃO DE VOLTA DE ARINQUE

Volta de arinque – é a volta adequada para amarrar o


cabo do arinque ao ferro de fundear (Fig.25). O arinque é
uma bóia que serve para sinalizar o local em que o ferro
se encontra.

Fig.25

EXECUÇÃO DE VOLTAS DE TOMADOURO

Voltas de tomadouro – empregam-se para trincafiar cabos. Executam-se trabalhando


com um dos chicotes do fio, depois de ter dado uma volta de fiel com o outro para fixá-lo
(Fig.26).

Fig.26

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Os cabos deterioram-se quando são submetidos a atritos, por exemplo, ao roçarem pela
borda, pelas castanhas ou buzinas. Para evitar esse desgaste, os cabos são forrados,
nessas zonas, com serapilheira ou lona e a forma de fixar esses tecidos em volta do cabo
é utilizando as voltas de tomadouro.

15
FALCAÇAS

Falcaças são trabalhos da arte de marinheiro que se fazem nos chicotes dos cabos para
que não se descochem.

EXECUÇÃO DE FALCAÇA DE CHICOTE MORDIDO

Obtém-se dando com o fio voltas redondas em torno do chicote do cabo e sobre o
chicote do mesmo fio, dobrado em U, por onde depois se enfia o chicote C2; puxa-se em
seguida pelo chicote C1, até C2 ficar completamente mordido por debaixo das voltas
(Fig.27). O fio que sobra é cortado.

Fig.27

EXECUÇÃO DE FALCAÇA DE VOLTAS FOLGADAS

Executa-se com o fio dando voltas redondas sobre o chicote do cabo e a morder o
chicote do próprio fio, dando-se depois mais quatro ou cinco voltas folgadas, por baixo
das quais se passa o chicote final do fio. Por fim, socam-se estas últimas voltas e corta-se
o que sobrou do fio (Fig.28).

Fig.28

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EXECUÇÃO DE FALCAÇA INGLESA

Usa-se em cabos de amarração de pequena bitola. Não deve ser dada em cabos de
laborar porque o chicote não passa nos moitões.
16

Fig.29

EXECUÇÃO DE FALCAÇA DE AGULHA

Faz-se enfiando uma agulha com fio entre dois cordões do cabo, dando depois voltas
redondas em número que se julgue conveniente.
Seguidamente passa-se a agulha entre dois cordões e
prolonga-se o fio ao longo da cocha e por cima das
voltas até chegar ao outro extremo, onde se volta a
enfiar a agulha entre dois cordões; continua a seguir-
se com o fio ao longo de outra cocha e volta a enfiar-
se a agulha entre dois cordões, e assim
sucessivamente nas restantes cochas (Fig. 30).

Fig.30

Normalmente, queimam-se os chicotes nos cabos de fibra sintética, ficando os cordões


soldados, evitando assim que o chicote descoche. No entanto, é aconselhável fazer
sempre uma Falcaça, pois com o uso os cordões acabam por descolar; estando lá a
Falcaça, evita que o cabo descoche.

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COSTURAS

COSTURA DE MÃO

É uma costura redonda executada no cabo com o seu próprio chicote, para lhe fazer uma
alça que se designa por mão ou mãozinha. 17

Para iniciar descocha-se o chicote no comprimento conveniente e falcaçam-se os


cordões. Seguidamente assentam-se os cordões sobre o cabo no ponto onde se quer
começar a costura (Fig.31).

Enfia-se o cordão do meio (1) por


baixo do cordão em que
assentava; depois o cordão da
esquerda (2) por baixo do seguinte
e o cordão da direita (3) por baixo
do terceiro, o qual fica do outro
lado do cabo.

Continua-se a enfiar os cordões por mais três


vezes.

Se o cabo for de fibra sintética os cordões devem


ser enfiados cinco vezes para que costura ofereça
segurança.

Fig.31

COSTURA REDONDA

Utiliza-se para emendar dois cabos da mesma bitola. Começa-se por descochar os
chicotes dos dois cabos num comprimento que se julgue conveniente. Seguidamente
falcaçam-se os chicotes de todos os cordões e entrelaçam-se (Fig.32 A), depois enfia-se
cada cordão de um dos cabos por entre os cordões do outro (Fig.32 B, C e D).

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Fig.32 (A, B, C e D)

Para abrir a cocha do cabo para que se possa ir enfiando os cordões, utiliza- se a espicha
ou o cavirão. A costura depois de concluída tem o aspeto da Fig.33

Fig.33

COSTURA DE LABORAR

É a costura usada para emendar dois cabos da mesma bitola, não havendo aumento da
mesma no sítio da união. É a costura usada para emendar cabos de laborar.

Descocham-se os cordões até um comprimento de cinco a seis vezes a bitola do cabo;


seguidamente dispõem-se os cordões tal como foi feito para a costura redonda (Fig.34).

Fig.34

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Os cordões trabalham aos
pares: 1 com 2, 3 com 4 e 5
com 6. Descocha-se o cordão 2
e leva-se o cordão 1 a
preencher o espaço da cocha deixada por 2.

19

Os cordões 1 e 2 fazem depois


uma laçada no sentido da
cocha do cabo. Procede-se de
igual forma com os cordões 5
e 6, descochando o 5 indo o 6
ocupar o lugar na cocha deixada pelo 5. Os cordões 3 e 4 apenas dão uma laçada.

Nesta última fase a costura apresentará o aspeto que se vê na Fig.35.

Fig.35

Resta fazer o remate para terminar o trabalho. Aqui os cordões ímpares seguem para a
esquerda, enfiando três vezes tal como na costura redonda; com os cordões pares
procede-se de igual forma mas para a direita.

PINHA DE RETENIDA

As pinhas são formadas por um ou mais cordões ou linhas entrançadas em forma de


xadrez. Têm normalmente um aspeto de pinhas e são utilizadas para dar peso ao chicote
de um cabo (retenida) ou amentar de volume o chicote de um cabo, como na pinha de
boça.

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EXECUÇÃO DA PINHA DE RETENIDA

É feita nos chicotes da retenida para permitir o seu mais fácil arremesso. O oco deixado
pela linha deve ser preenchido por um objeto pesado, devendo as voltas ser bem socadas
em torno desse objeto. Para unir o chicote mais curto ao cabo, faz-se uma costura de
mão.
20

Fig.36

BOTÃO REDONDO

Designam-se por botões as voltas de cordame miúdo, merlim, mealhar ou passadeira,


para apertar dois cabos, um cabo de encontro a um varão, ou duas vergônteas. Neste
último caso o botão é passado com cabo de boa bitola.

EXECUÇÃO DO BOTÃO REDONDO

O botão redondo serve para abraçar dois cabos. Há várias maneiras de passar este botão.
Abaixo exemplifica-se começando com uma mãozinha.

Faz-se uma mãozinha, apertam-se os cabos, dão-se várias voltas redondas bem rondadas,
passa-se o chicote livre pela mãozinha e dão-se várias voltas conforme indica a figura 37.

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Fig.37

NOMENCLATURA DE PEÇA DE POLEAME

Poleame é o nome dado a peças de madeira, ferro, aço ou plástico, destinadas à


passagem ou retorno dos cabos a bordo.

O poleame divide-se em poleame surdo e de laborar; de laborar são as peças munidas de


uma ou mais roldanas como por exemplo: o moitão, o cadernal, a patesca, a catrina (Fig.
38).

Moitão Cadernal Patesca Catrina

Fig.38

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Os cadernais são peças com duas ou
mais roldanas.

Partes constituintes de uma peça de


poleame de laborar:
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Caixa, face, cabeça, gorne, perno e


roldana (Fig.39)

Fig.39

As peças do poleame devem ser inspecionadas, beneficiadas e lubrificadas com


regularidade.

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NOMENCLATURA DO PAU DE CARGA E SUA UTILIZAÇÃO

O pau de carga é um aparelho utilizado a bordo para movimentação de pesos durante as


operações de carga e de descarga, deslocação de pesos a bordo, etc.

O pau de carga (Fig.40) é uma forte vergôntea ou tubo de aço, terminando o pé por uma
ferragem, a aranha, articulada a um peão vertical que roda num suporte cravado no 23
mastro, antepara ou outra estrutura. O peão trabalha em duas chumaceiras, uma
superior denominada palmatória de suporte, e outra que serve de descanso e que é o
bancal.

A aranha termina normalmente por duas orelhas para receber a cabeça do peão em
forma de olhal, onde é fixada por meio de um cavirão horizontal que serve de eixo para o
movimento de inclinação do pau.

Neste pau verificamos ainda a existência de uma catrina, onde se encontra gornido o
cabo de carga, de um amante ou amantilho que dá a inclinação ao pau e aguenta com o
peso da carga e ainda os gaios ou guardins que permitem movimentar o pau
horizontalmente.

Fig. 40

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Atualmente está a generalizar-se a bordo das embarcações de pesca a substituição dos
paus de carga por gruas com braço articulado/extensivo (Fig.41)

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Fig. 41

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MASTREAÇÃO

Mastro é um poste de madeira ou de ferro, mais alto do que a chaminé da


embarcação/navio, aparelhado de forma a aguentar os esforços do pau de carga e servir
de apoio a faróis, projetores, balões de sinalização, antenas e outra aparelhagem que 25
exija posição elevada (Fig.42). Nos mastros cruzam geralmente outras vergônteas mais
delgadas e curtas, as vergas, orientadas no sentido BB/EB, como por exemplo a verga de
sinais.

ESTAI
BRANDAL BB

Fig. 42

A extremidade superior do mastro denomina-se galope, a parte inferior, que em alguns


casos assenta na carlinga, denomina-se pé e a parte intermédia é o corpo. A altura do
mastro chama-se guinda e a grossura é conhecida por palha.

O mastro é aguentado na sua vertical por cabos – massame fixo -; os cabos que o
aguentam no sentido BB/EB designam-se brandais, enquanto os estais aguentam-no no
sentido proa/popa.

Para aumentar ou diminuir a tensão daqueles cabos são utilizados macacos esticadores
ou simplesmente esticadores (Fig.43).

Fig.43

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Este tipo de aparelho para a mastreação já vai sendo muito raro nas
embarcações/navios, tendo vindo a ser substituído por simples tubos de aço ou por uma
forte fixação do mastro ao pavimento. A exceção é apenas as embarcações de
recreio/veleiros.

Em algumas embarcações existe no mastro de ré uma vergôntea de madeira ou de ferro,


a carangueja, que trabalha no mastro através de uma boca de lobo denominando-se lais 26

a extremidade oposta.

ÂNCORAS/FERROS

Âncoras ou ferros são peças com formas apropriadas destinadas a aguentarem a


embarcação/navio nos portos ou fundeadores impedindo que sejam arrastados pelo
vento, correntes ou vaga.

Os ferros mais usados são o ferro com cepo e o ferro de engolir. O ferro com cepo mais
utilizado é o ferro tipo Almirantado (Fig.44); a Fig.45 mostra um ferro de engolir tipo
Byer.

Fig.44 Fig.45

A vantagem de um ferro de engolir é facilitar as manobras de “largar” e de “virar” pois


nesta última a haste entra pelo escovém, ao passo que o ferro com cepo obriga a
manobras trabalhosas e demoradas.

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Um inconveniente das âncoras sem cepo é a possibilidade da prisão dos braços por efeito
de objetos estranhos que se introduzam no eixo; a ferrugem,
quando o ferro está muito tempo sem ser usado, também pode
impedir o movimento dos braços, não permitindo que unhe. Uma
das vantagens dos ferros com cepo é a de unhar usando menor
quantidade de amarra.
27

Há ainda os ferros especiais tal como a gata (Fig.46) usada nas amarrações fixas.

Fig. 46

A fateixa é um ferro de três, quatro ou mais braços (Fig.47)


utilizada nas embarcações de dimensões mais reduzidas.

Fig.47

O busca vidas (Fig.48) é também um ferro especial,


não tem unhas, e a sua utilidade é procurar objetos
perdidos no fundo do mar, operação designada por
rocegar.

Fig.48

Talingar é a operação de ligar o chicote da amarra ao anete do ferro.

AMARRAS

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As amarras são fortes correntes de elos com ou sem estai em ferro forjado, aço forjado
ou aço vazado. Atualmente usam-se quase exclusivamente amarras de aço por serem
30% a 40% mais resistentes que as amarras de ferro, permitindo desta forma a redução
do calibre (diâmetro) e por conseguinte do peso.

Os estais colocados nos elos aumentam a resistência das amarras em cerca de 20% e
evitam que ganhem cocas. 28

Nas amarras de ferro forjado os estais são construídos separadamente e soldados


posteriormente, ao passo que nas amarras de aço cada estai é moldado com o elo numa
única peça; isto permite distinguir facilmente, à vista as duas espécies de amarras.

As amarras são constituídas por troços, quarteladas, medindo cada uma cerca de 15
braças que se ligam por meio de manilhas de união ou elos desmontáveis (Fig.49 e 50).

Fig.49

Fig.50

A vantagem dos elos desmontáveis como manilhas de união das quarteladas, está no
facto de engrenarem na gola do guincho ou do cabrestante tão facilmente como os elos
da amarra, o que não sucede com as manilhas de união as quais têm tendência a
resvalar.

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29
Manilha de talingadura (Fig.51) é a manilha que
faz a ligação do chicote da amarra com o anete do
ferro. Esta é a única manilha que se monta com o
cavirão para vante, com a finalidade de que as
orelhas não esbarrem com o rebordo inferior do
escovém, quando o ferro entra nele ao ser içado,
“engolido”. Ao arriar, a manilha de talingadura não
encontra qualquer obstáculo, visto estar
inicialmente dentro do escovém.

Fig.51

Fig.52

Para evitar que a amarra ganhe cocas intercala-se entre o chicote da 1ª quartelada e a
manilha de talingadura um tornel (Fig. 52)

Braga é a manilha colocada no chicote da amarra que vai emanilhar ou passar na paixão,
que é o nome dado a um olhal bastante resistente colocado no fundo do paiol/porão da
amarra.

Marcação da amarra – as quarteladas da amarra são numeradas seguidamente a contar


do ferro. As manilhas de união são as que ligam a 1ª quartelada á 2ª, a 2ª à 3ª e assim
sucessivamente.

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Para identificar as manilhas, quando se fundeia ou suspende, os estais dos elos estão
marcados. A marcação é feita da seguinte maneira: passam-se algumas voltas de arame
no estai do 1º elo que se encontra antes e depois da 1ª manilha. Para identificar a 2ª
manilha as voltas de arame serão passadas no estai do 2º elo e assim sucessivamente.

30
Para facilitar a identificação pintam-se os elos com tinta branca (Fig. 53).

Fig. 53

AGENTES DE DETERIORAÇÃO

EFEITO DA ÁGUA SALGADA NOS MATERIAIS

Ferro ou Aço – corrosão, pela oxidação do ferro provocando o aparecimento de


ferrugem.

Madeira – apodrecimento, pela degradação das fibras da madeira.

Bronze – oxidação, dando origem ao aparecimento de "verdete".

FORMAS/AGENTES DE DETERIORAÇÃO DOS MATERIAIS

Águas: Potáveis, salobras e salgadas (estas deterioram mais os materiais pois contém
concentrações relativamente grande de sais, ocasiona processos rápidos de corrosão).

Humidade:

• Oxidação (reação de um material com o oxigénio do ar)

• Exposição solar

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• Temperatura

• Fatores biológicos por micro e microrganismos (quebrando as películas


protetoras provoca arejamento diferencial, logo favorece as reações químicas).

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PRESERVAÇÃO/CONSERVAÇÃO DAS ESTRUTURAS

FORMAS DE PRESERVAÇÃO

• Limpeza – remoção de materiais estranhos depositados sobre o material


perecível.

• Beneficiação – recuperação do material perecível de modo a adquirir as condições


iniciais.

• Pintura – cobertura de uma superfície com uma tinta de modo a isolar o material
perecível do ambiente envolvente.

UTENSÍLIOS DE LIMPEZA, BENEFICIAÇÃO E PINTURA

• Vassouras, pás, escovas, escovas metálicas, panos, lixas, etc.

• Picadeiras, raspadeiras, martelos de pica

• Rebarbadoras elétricas e pneumáticas, escovas mecânicas rotativas, discos


rotativos de lixagem

• Martelos pneumáticos ou elétricos (de agulhas ou de escopo)

• Jatos abrasivos, jatos de água a alta pressão

• Pincéis, trinchas, rolos de pintura

• Pistola de pintura

PREPARAÇÃO DE SUPERFÍCIES PARA PINTURAS

FASE 1 - raspagem - remoção da tinta solta e do cascão de ferrugem até atingir a


superfície firme.

FASE 2- desengorduramento - remoção de óleos e gorduras para que a tinta adira


corretamente à superfície.

FASE 3- lavagem com água doce, de modo a retirar sais e ou gorduras, para que no
futuro não venha a haver descolamentos da tinta (95% dos descolamentos ocorridos são

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devidos à presença de contaminantes sobre a superfície, tais como: gorduras, sal,
humidade, etc.).

FASE 4- preparação da superfície remoção de todo e qualquer tipo de corrosão, tendo o


cuidado de não polir a superfície de modo a que a tinta possa aderir.

FASE 5- remoção de poeiras - algumas partículas são tão pequenas que passam
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facilmente despercebidas a olho nu. Varrer e escovar a superfície e, por vezes, soprá-la
ou aspirá-la.

FASE 6- remoção da humidade - a superfície a pintar deve estar seca e à temperatura


correta a aplicação de tinta.

FASE 7- verificar se demos os primários e acabamentos corretos à pintura. Limpar as


tampas das latas para evitar a queda de pó e outros contaminantes nas tintas, antes e
durante a aplicação das tintas. Estas devem ser mexidas de modo a misturar
corretamente os seus componentes.

FASE 8 - medição da espessura - verificar se a película de tinta tem a espessura correta


para efetuar o revestimento e proteção da superfície.

TINTAS

A tinta pode ser definida como um material que contêm em suspensão um pigmento
disperso, suscetível de ser aplicado ou espalhado sobre uma superfície sólida em
camadas finas sobre a qual secará ou endurecerá, formando uma película.

Principais componentes da tinta:

• Ligantes Resinas

• Pigmentos

• Solventes

Resina - parte da tinta que solidifica formando a película.

Pigmentos – Dão cor á película.

Aditivos - conferem propriedades especiais (por exemplo, de secagem, rendimento)

 Anticorrosivos- prevenir a corrosão através de métodos químicos ou


eletroquímicas

 Barreira – aumentam a impermeabilidade da película

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 De cor propriamente dita

Carga- Ajudam a dar à película seca as propriedades requeridas

Qualidades das Diferentes Resinas:


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Tipos de Resinas

• Termofixas – sob a ação do calor sofrem um processo de reticulação interna


(cura), tornando o filme insolúvel em solventes

• Termoplásticas - o processo de formação do filme acontece exclusivamente por


secagem física (evaporação do solvente). Utilizando o solvente adequado o filme pode
ser dissolvido novamente.

Tipos de Tintas consoante os fins a que se destinam:

• Condicionantes de Superfície - conferem às superfícies características de modo a


se tornarem mais resistentes à ação do agente degradante (ex. anti vegetativos,
anticorrosivos)

• Primários - fazem a primeira cobertura das superfícies, conferindo maior


resistência aos agentes corrosivos à película de tinta e preparando-as para a aplicação
das camadas seguintes

• Subcapas - conferem resistência à película protetora e suportam o acabamento


final

• Acabamentos - cobertura final da superfície. Portadora da pigmentação que irá


dar a cor final à superfície

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Gamas de Tintas

• Epóxida - plásticos termofixos que se endurecem quando se misturam com um


agente catalisador ou "endurecedor"

• De Poliuretano - têm grande resistência aos raios ultra-violeta Borrachas Cloradas


- à base de borrachas naturais ou de elastómeros sintéticos. Grande resistência a
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produtos químicos e grande impermeabilidade

• Vinílicas - são de secagem rápida

Cuidados na manipulação de tintas

• Armazená-las em espaços bem ventilados

• Não fumar

• Proteger os olhos e vias respiratórias

• Usar luvas (atenção às alergias)

• Usar roupa de trabalho adequada

• Ter atenção aos rótulos das embalagens e seguir as instruções quanto:

Ao armazenamento

À manipulação

À compatibilidade entre Produtos

Às dosagens

À limpeza (limpar imediatamente após derrames acidentais)

MEIOS DE CONSERVAÇÃO DA ESTRUTURA E ACESSÓRIOS DA EMBARCAÇÃO

• Zincagem - colocação de zincos em pontos estratégicos de modo a alterar o


sentido das correntes elétricas geradas entre as superfícies perecíveis e o meio ambiente.

• Pintura - cobertura das superfícies perecíveis por uma película de tinta ou verniz
que a isole da agressão do meio ambiente.

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 Cimentação - cobertura das superfícies (normalmente metálicas) de
cimento de modo a isolá-las do meio ambiente e a preservá-las de outras agressões por
contacto.

• Lubrificação - cobertura das peças de um equipamento mecânico com uma


gordura (normalmente óleo ou massas gordas) de modo a reduzir a fricção entre os
materiais e as resistências ao movimento. 35

• Alcatroamento - mais utilizado nos cabos e em pequenas embarcações de


madeira - cobertura do material por alcatrão isolando-o do ambiente.

OPERAÇÕES DE MANUTENÇÃO E BENEFICIAÇÃO

Casa da máquina:

 Limpeza

 Lubrificação de máquinas e equipamentos

 Pintura de pavimentos, tetos e anteparas

 Rotinas de manutenção de máquinas e equipamentos

Convés:

 Limpeza

 Lubrificação de equipamentos, aparelhos de manobra e poleame

 Pintura de pavimentos e anteparas

 Verificação regular de estado dos cabos solteiros e de laborar assim como do


poleame

 Rotinas de manutenção dos equipamentos e máquinas do convés

Porão:

 Limpeza

 Rotinas de manutenção e beneficiação

Equipamentos:

 Equipamentos mecânicos:

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 Limpeza

 Lubrificação frequente

 Rotinas de manutenção

• Equipamentos elétricos:
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- Limpeza

- Rotinas de manutenção

• Equipamentos pneumáticos:

- Limpeza

- Lubrificação das partes pertinentes

- Rotinas de manutenção

Manutenção de cabos:

Os cabos de fibra natural têm tendência a apodrecer se são guardados húmidos ou sujos
de areia ou lodo, pelo que se deve proceder à sua limpeza.

Os cabos de fibra artificial tornam-se quebradiços devido á ação da luz solar,


especialmente os de polietileno.

Os cabos de nylon são os mais resistentes, quer à tração quer ao tempo.

Os cabos de arame sofrem, com a ação da água salgada e da humidade, corrosão. Para
aumentar a vida dos cabos servem ser untados com óleo de lubrificação, especialmente
se forem de laborar. Se o cabo apresentar ferrugem, antes de ser lubrificado, deverá ser
escovado com escova de arame a fim de retirar a maior parte do óxido de ferro e ser
imediatamente lubrificado.

Manutenção de Roletes e Cabeços:

As engrenagens, copos de lubrificação dos mancais e quaisquer outras partes lubrificadas


devem ser conservadas limpas e livres de poeira e água das chuvas ou do mar. Deverão
ser inspecionadas em intervalos regulares não excedendo de três meses. Deve remover-
se corrosões sobre a sua superfície e pintura das partes afetadas.

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