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Logística Integrada

Autores: Prof. Jair Aparecido Ártico


Prof. José Humberto Ataulo Nunes
Colaboradoras: Profa. Angela Maria Pizzo
Profa. Christiane Mazur Doi
Professores conteudistas: Jair Aparecido Ártico / José Humberto Ataulo Nunes

Jair Aparecido Ártico

É mestre em Administração de Empresas pela Universidade Cidade de São Paulo (2005), especialista em Docência
do Ensino Superior pelo Centro Metropolitano de São Paulo (2009) e graduado em Administração de Empresas também
pela Universidade Cidade de São Paulo (1997).

Na UNIP, é professor desde 2006, coordenador de pós-graduação desde 2011 e é conteudista de livros-textos. Além
disso, tem mais de 29 anos de experiência profissional adquirida em diversas empresas, dentre elas o Grupo Ultra, a
Volkswagen e a Ford, e é coautor de várias obras publicadas, tais como Marketing para cursos superiores; Gestão 4.0:
em tempos de disrupção; Gestão 4.0: disrupção e pandemia.

José Humberto Ataulo Nunes

É doutor em Integração da América Latina (2016) e mestre em Ciências Sociais, ambos os títulos obtidos
na Universidade de São Paulo - USP (2012); já seu bacharelado em Ciências Econômicas foi alcançado pela
Pontifícia Universidade Católica - PUC-SP (2002). É docente na Universidade Paulista (UNIP) desde 2007, lecionando
nas áreas de logística integrada, logística para importação e exportação e administração de operações produtivas.
Atuou em empresas de grande porte, como Basf, Akzo, Cromos e Arinos, em cargos de liderança nas áreas de logística,
produção, PCP e materiais.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A787 Ártico, Jair Aparecido

Logística integrada / Jair Aparecido Ártico - São Paulo: Editora


Sol, 2022.

152 p., il.

Notas: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Administração 2. Logística 3. Produção e comércio I. Título

CDU 658.78

U514.07 – 22

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
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Reitor

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Reitora em Exercício

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Vice-Reitor de Extensão

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento e Finanças

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Vice-Reitora de Unidades do Interior

Unip Interativa

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático

Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. Deise Alcantara Carreiro

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Amanda Casale
Vitor Andrade Del Mastro
Giovanna Oliveira
Sumário
Logística Integrada

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9
Unidade I

1 EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO PARA ATENDER AO COMÉRCIO...........................................................11


1.1 Logística integrada............................................................................................................................... 13
1.1.1 Conceitos-chave em logística integrada........................................................................................ 13
1.1.2 Integração da cadeia de suprimento .............................................................................................. 18
1.2 Eixos de abrangência do SCM.......................................................................................................... 21
1.2.1 Gerenciamento da cadeia de suprimento como vantagem diferencial
competitiva no mercado.................................................................................................................................. 22
1.2.2 Elementos da cadeia de abastecimento integrada e a integração das funções
de marketing, produção, materiais, distribuição e logística.............................................................. 22
1.3 Níveis da cadeia de suprimentos.................................................................................................... 28
1.3.1 Cadeia de suprimentos total .............................................................................................................. 28
1.3.2 Cadeia de suprimentos imediata ..................................................................................................... 29
1.3.3 Cadeia de suprimentos local .............................................................................................................. 29
1.3.4 Planejamento e as configurações das redes logísticas............................................................. 32
2 LOGÍSTICA REVERSA E A ECONOMIA CIRCULAR................................................................................. 36
2.1 Conceitos.................................................................................................................................................. 36
2.2 Etapas do processo de reciclagem.................................................................................................. 41
2.2.1 Classificação da logística reversa pós‑vendas............................................................................. 41
2.2.2 A classificação reversa de pós‑consumo........................................................................................ 44
2.3 Questão legal.......................................................................................................................................... 46
2.3.1 Fatores de influência na organização das cadeias reversas................................................... 46
2.3.2 Condições essenciais de organização e implementação da logística reversa
em um canal reverso......................................................................................................................................... 47
2.3.3 Fatores necessários para a organização de um canal de distribuição reverso
de pós‑consumo (CDR)..................................................................................................................................... 48
2.3.4 Fatores modificadores da organização de um canal de distribuição reverso (CDR)..............49
2.3.5 Revalorização legal dos bens de pós‑consumo........................................................................... 50
2.4 Questão ambiental................................................................................................................................ 51
2.5 Questão estratégica.............................................................................................................................. 54
2.5.1 Economia circular....................................................................................................................................56
Unidade II
3 GESTÃO DA PRODUÇÃO................................................................................................................................ 61
3.1 Evolução da produção para atender a demanda..................................................................... 61
3.2 Classificações dos sistemas de produção.................................................................................... 62
3.3 Tipos de automação............................................................................................................................. 63
3.3.1 Automação fixa........................................................................................................................................ 63
3.3.2 Automação programável...................................................................................................................... 63
3.3.3 Automação flexível................................................................................................................................. 64
3.3.4 Automação integrada............................................................................................................................ 64
3.4 Tecnologias aplicadas à produção.................................................................................................. 64
3.4.1 Sistemas automatizados de montagem......................................................................................... 65
3.4.2 Sistemas flexíveis de manufatura..................................................................................................... 65
3.4.3 Sistemas automatizados de armazenamento e recuperação................................................ 67
3.4.4 Contribuição japonesa aos sistemas de produção..................................................................... 67
3.5 Arranjo físico e fluxo............................................................................................................................ 70
3.5.1 Conceito e aplicação.............................................................................................................................. 70
3.5.2 Tipos de arranjo físico............................................................................................................................ 71
3.5.3 O arranjo físico em relação às dimensões volume/variedade............................................... 75
4 NOVOS MODELOS DE ARRANJOS PRODUTIVOS.................................................................................. 76
4.1 Clusters/APL – arranjo produtivo local ........................................................................................ 76
4.1.1 Condomínio Industrial .......................................................................................................................... 77
4.1.2 Consórcio modular ................................................................................................................................. 77
4.1.3 Contract manufacturing....................................................................................................................... 77
4.1.4 In plant representatives........................................................................................................................ 78
4.1.5 Early Suppy Involvement (ESI)........................................................................................................... 78

Unidade III
5 PCP: A INTERFACE COM A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO............................................................... 83
5.1 O que é planejamento e controle?................................................................................................. 83
5.2 Tarefas de planejamento e controle.............................................................................................. 84
5.2.1 Funções de longo prazo do PCP........................................................................................................ 85
5.2.2 Funções de médio prazo....................................................................................................................... 85
5.2.3 Funções de curto prazo......................................................................................................................... 85
5.3 Natureza da demanda e do fornecimento.................................................................................. 86
5.3.1 MRP I e MRP II (árvore de produto/plano-mestre de produção)......................................... 86
5.4 Demanda versus capacidade de produção................................................................................. 87
5.4.1 Restrições de capacidade..................................................................................................................... 88
5.4.2 Sazonalidade da demanda................................................................................................................... 90
5.4.3 Métodos de previsão da demanda.................................................................................................... 90
6 RELACIONAMENTO COM O CLIENTE......................................................................................................... 91
6.1 CRM............................................................................................................................................................ 91
6.2 Classificação e codificação de materiais...................................................................................... 92
6.3 Identificação por radiofrequência.................................................................................................. 97
6.4 Eletronic Data Interchange (EDI).................................................................................................... 99
6.5 Efficient Consumer Response (ECR)............................................................................................102
6.6 Rastreamento de frotas....................................................................................................................103
6.7 O produto da cadeia de suprimentos/logística.......................................................................106
6.7.1 Natureza do produto logístico ........................................................................................................106
6.7.2 Classificando produtos........................................................................................................................107
6.7.3 Produtos de consumo..........................................................................................................................107
6.7.4 Produtos de conveniência..................................................................................................................107
6.7.5 Produtos de concorrência..................................................................................................................108
6.7.6 Produtos de especialidade.................................................................................................................109
6.7.7 Produtos industriais.............................................................................................................................. 110
6.7.8 O ciclo de vida dos produtos..............................................................................................................111
6.7.9 A curva 80‑20.........................................................................................................................................113

Unidade IV
7 COMÉRCIO........................................................................................................................................................ 118
7.1 Abordagem sistêmica de produção, comércio e logística.................................................. 118
7.1.1 Quem manda: marketing ou logística?........................................................................................119
7.1.2 Transporte................................................................................................................................................ 120
7.2 Sincronização produção, comércio e logística........................................................................121
7.3 Atividades logísticas relacionadas ao comércio.....................................................................122
7.4 Atividades logísticas relacionadas ao comércio eletrônico................................................122
7.4.1 Organograma e fluxograma de uma operação de e-commerce....................................... 126
7.4.2 Logística de recebimento e processamento............................................................................... 127
7.4.3 Logística de entrega ........................................................................................................................... 128
7.4.4 Logística reversa: devoluções e trocas........................................................................................ 129
7.4.5 Dropshipping.......................................................................................................................................... 130
7.4.6 Sistemas de informação para monitoramento: do recebimento do pedido
até a entrega ao consumidor final........................................................................................................... 130
8 NOVO MERCADO CONSUMIDOR.............................................................................................................131
8.1 Necessidade da resiliência cibernética.......................................................................................131
8.2 Novas ondas de inovação atingem a logística integrada...................................................132
8.3 Processo de conquista do cliente.................................................................................................133
8.3.1 Realidade estendida............................................................................................................................. 133
8.3.2 Automatizar a confiança................................................................................................................... 134
8.3.3 Interfaces imersivas............................................................................................................................. 135
8.3.4 Autonomia de trabalho...................................................................................................................... 136
8.3.5 Reflexão digital...................................................................................................................................... 136
8.3.6 Redes hiperconectadas....................................................................................................................... 136
APRESENTAÇÃO

Por meio do conhecimento da logística integrada, você terá a oportunidade de conhecer como
as empresas utilizam essa ferramenta de forma estratégica e como é realizada a integração com as
outras áreas da empresa, principalmente com a área comercial. O desenvolvimento tecnológico tem
acarretado inúmeras transformações na sociedade contemporânea, especialmente nos últimos anos.
A sociedade tem se beneficiado desse progresso, usufruindo dos recursos tecnológicos muitas vezes
sem ter consciência de seus usos e da sua importância em seu cotidiano. Com o aprimoramento da
tecnologia, a logística pôde melhorar sua administração, tanto no controle de estoque, armazenamento
e distribuição, como em outros aspectos: o maior beneficiado com isso foi o consumidor, que hoje
pode contar com os produtos entregues em sua casa, com precisão e qualidade.

Com o aprendizado adquirido em logística, você terá condições de entender melhor a dinâmica da
logística e, principalmente, poderá analisar todas as etapas necessárias para que o produto siga à casa
do consumidor da melhor forma possível.

O objetivo desta disciplina é mostrar que o ponto forte da logística é a integração com a produção
e o comércio, procurando sempre atender na hora certa, sem necessidade de excesso de estoques e
nunca deixando faltar qualquer item, procurando dar o máximo de atendimento ao cliente. Também
buscaremos entender como funcionam o processo logístico, a cadeia produtiva e a gestão de operações,
considerando uma visão sistêmica das empresas comerciais, industriais e de serviços.

INTRODUÇÃO

No mundo moderno e em constante evolução, as empresas travam batalhas ferrenhas para conquistar
maiores espaços, aumentar seus clientes, além de melhor atendê-los. Por mais que as empresas atinjam
esses objetivos, elas sempre vão encontrar empresas que façam mais, e é por isso que a busca pela
excelência deve ser algo corriqueiro e comum dentro das organizações. A logística, hoje, é considerada
por diversos autores e pelo mercado empresarial como estratégica para os objetivos empresariais. Na
última década, as mudanças foram diversas, principalmente nas exigências dos consumidores, que estão
cada vez mais ativos e na expectativa de produtos mais modernos e inovadores; as redes de suprimentos
se alternam entre mercado doméstico e internacional, a tecnologia da informação alterou a velocidade
decisória e a internet trouxe as informações de mercado para o momento – real time.

Por mais que a logística seja importante para os anseios empresariais, ela não consegue fazer nada
sozinha, pois os consumidores não enxergam a empresa pelos departamentos e áreas separadas e sim
por sua totalidade. O erro percebido pelo consumidor atinge a empresa como um todo.

Neste livro-texto, você terá a oportunidade de estudar a logística integrada com outras áreas da
empresa, principalmente marketing e produção. A logística é um assunto de grande relevância no
setor empresarial, já que, se bem aplicada, possibilita o aumento do nível de serviço ao cliente e a
redução de custos.

9
Unidade I

Você também terá a oportunidade de entender como as diversas tecnologias são aplicadas ao sistema
de produção e de conhecer os novos modelos de arranjos produtivos (com ênfase no modelo clusters),
bem como o planejamento e o controle do processo na fabricação de mercadorias e a utilização dos
recursos necessários para essa produção.

Além disso, faremos uma análise da logística no cenário comercial físico e eletrônico e conheceremos
a estratégia dropshipping, além de verificar como funciona o novo mercador consumidor.

Este livro-texto abre as portas a um conhecimento inovador em logística, produção, marketing


e a novas tecnologias inseridas no mercado empresarial logístico, tais como: resiliência cibernética,
realidade estendida, interfaces imersivas, redes hiperconectadas, consórcio modular, logística reversa e
a economia circular, entre outras tecnologias e sistemas.

Aproveite a leitura!

10
LOGÍSTICA INTEGRADA

Unidade I
1 EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO PARA ATENDER AO COMÉRCIO

Imagine como era fabricar e entregar produtos nas épocas mais antigas da história da
humanidade. As mercadorias mais necessárias não eram produzidas próximas aos lugares nos quais
eram mais consumidas e nem estavam disponíveis nas épocas de maior procura. Alimentos e outras
commodities eram espalhados pelas regiões mais distantes, sendo abundantes e acessíveis apenas
em determinadas ocasiões do ano. O homem primitivo, para poder sobreviver e atender às suas
necessidades, consumia as suas mercadorias nos locais de origem. Naquela época, não existia um
sistema de logística que pudesse movimentar e armazenar as mercadorias e levá‑las aos consumidores.

Por causa do problema da inexistência de um sistema de transporte e armazenamento, as pessoas


eram obrigadas a viver próximas aos locais das fontes de produção, limitando, assim, o consumo. Após
algumas centenas de anos, muitas mudanças ocorreram no segmento de transporte e armazenagem.
Uma das ferramentas mais importantes nesse processo de mudança foi a tecnologia.

A logística empresarial é um campo relativamente novo no estudo da gestão integrada, como


finanças, marketing e produção. Como visto anteriormente, a atividade logística ocorria somente por
meio das pessoas.

Neste livro-texto, você terá a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a área de logística,
especificamente sobre a integração com produção e comércio. Nas últimas décadas, o papel logístico
dentro das organizações tornou‑se fator decisivo e de vantagem competitiva. Atualmente, ter a gestão
da logística nas empresas modernas aliada à visão de negócio é fundamental para sua sobrevivência e
posicionamento. O papel da logística no negócio aumentou tanto em escopo, quanto em importância
estratégica. Conforme Ballou (1993, p. 27), “a logística empresarial é um campo fascinante e em
expansão, com potencial para a alta administração”.

Para Severo Filho (2006, p. 20), “a logística é a organização do fluxo dos materiais, desde o fornecedor
até o cliente final”. Segundo o autor, o processo envolve todas as funções de compras, planejamento e
controle da produção — PCP, além de distribuição, efetivo de informações e uma estrita conformação
com as necessidades dos clientes.

Perceba que a logística é a grande responsável por buscar a matéria‑prima, levá‑la e movimentá‑la
para a indústria dentro da organização, relacionando as funções de compras, planejamento e controle
da produção e chegar até o cliente final, conforme figura a seguir. Aparentemente, isso é simples, mas
quando verificamos que é necessário pensar de que forma transportar grandes materiais, em que locais
serão estocados (matérias‑primas, semiacabados ou acabados), como esse arranjo deve ser realizado
11
Unidade I

de forma segura e em quantidades suficientes e que faça que a organização consiga se antecipar às
necessidades dos seus clientes, percebe‑se, então, a força da logística e sua importância.
Nova visão da logística

Logística de abastecimento
• Sistema
• Transporte
• etc.

Logística integrada
Logística interna
• PCP
• Estoque
• etc.

Logística de abastecimento
• Sistema
• Transporte
• etc.

Figura 1 – Logística empresarial

A logística também está em sua vida pessoal, está em sua casa. Quando realizamos uma compra no
supermercado, compramos os produtos necessários para o consumo e, mesmo sem o conhecimento
da administração de estoque, compramos produtos para serem consumidos no mesmo dia por serem
altamente perecíveis, como pães e bolos, produtos menos perecíveis a serem consumidos em uma semana,
como frutas e legumes, e produtos que poderão ser consumidos em um mês. É interessante perceber que
praticamos o cálculo da quantidade para cada grupo de alimento, de acordo com a quantidade a ser
consumida e prazo de validade, conforme a perecibilidade, a fim de evitar os desperdícios com a perda
de alimentos, bem como um impacto negativo na área financeira da casa. Se o tomate estiver numa
promoção imperdível, por exemplo, devemos investir na compra, porém, na quantidade certa, porque se
a quantidade for superior ao necessário para o consumo, haverá prejuízo. Após a compra desses produtos,
realizamos o transporte até a casa, da melhor forma possível. Exemplo: os produtos frágeis, como ovos,
pães e biscoitos são acondicionados no porta‑malas por último e por cima de outros alimentos. Ao
chegar a casa, faz‑se o descarregamento dos produtos e seu armazenamento. Normalmente, para
armazenar os produtos, primeiramente retiramos aqueles que estão com o prazo de vencimento menor e
os colocamos para serem consumidos antes. Alguns produtos são armazenados na geladeira, para obter
maior durabilidade, enquanto outros são armazenados próximos ao fogão, pois são de uso diário. Há
também os produtos que são armazenados em banheiros, pois são de higiene pessoal e assim por diante.
Perceba que o conceito de logística está sendo aplicado em sua vida. Tudo isso é feito pelo hábito. Em
uma empresa, a área de logística funciona de maneira similar, em que os produtos são os insumos,
como matéria‑prima, suprimentos e outros. Porém, na organização, essa administração ocorre de forma
estratégica, pois a empresa atua em um cenário competitivo em que a sobrevivência não depende apenas
da administração interna, mas sim de um conjunto de fatores, principalmente do comércio.
12
LOGÍSTICA INTEGRADA

Você já deve ter observado em sua casa que, às vezes, mesmo fazendo a compra e o armazenamento
dos produtos adequadamente, muitos deles estragam e perde-se dinheiro. Por que ocorre isso?
Geralmente, por causa de uma má gestão da real necessidade daquele produto. Por exemplo: você
imaginou que naquele mês usaria três quilos de açúcar, mas na hora da compra esqueceu que você faria
uma viagem e não seria necessário comprar tal quantidade.

Você pode comentar que a validade do açúcar não acaba em um mês, mas, se analisarmos outros
aspectos, veremos que o adequado não foi feito. Você investiu um dinheiro que poderia ser utilizado
para a compra de outros produtos, ou para investimentos que lhe trouxessem algum retorno, sem contar
que a qualidade do produto não seria a mesma. O ideal é que os produtos comprados sejam suficientes
para o seu consumo. A lógica é ter o produto certo, na hora certa e na quantidade certa.

1.1 Logística integrada

1.1.1 Conceitos-chave em logística integrada

Para melhor entendimento da logística integrada, simulemos a preparação de uma feijoada para venda.
A feijoada, uma paixão nacional, exige diversos processos administrativos e logísticos, como: estimativa de
demanda (que irá variar em função do número de pessoas), compra de ingredientes (linguiça, feijão preto, paio,
rabo de porco etc.); armazenagem dos ingredientes (pois alguns deles devem ser tratados de forma especial),
tempo de preparação, distribuição do produto e retroalimentação – quando os consumidores emitem
opiniões, favoráveis ou não, relacionadas diretamente à qualidade da feijoada, acomodação, ambiente
e outros. Perceba, então, que existe uma relação muito grande entre os diversos parceiros. E as áreas também
devem estar relacionadas para que seja feita uma ótima feijoada. Os parceiros são os fornecedores e
a escolha será sempre pela qualidade. Podemos considerar a área da empresa como as pessoas que
irão preparar a feijoada: a tia, a mãe, a esposa, enfim, uma pessoa que tenha preparo para isso. Note,
também, que a compra dos ingredientes pode ocorrer em diversos fornecedores ou em um único fornecedor,
desde que os ingredientes sejam adequados à preparação; do outro lado, as pessoas envolvidas geralmente são
divididas em grupos, como: financiamento da feijoada, compra dos ingredientes, armazenamento do produto,
seu preparo e organização da mesa e outros afazeres. No desenvolvimento deste livro-texto, você entenderá
melhor todo esse processo necessário para se ter uma excelente logística.

Figura 2 – A preparação de uma feijoada exige diversos processos logísticos

Disponível em: https://bit.ly/3o0OKV5. Acesso em: 5 nov. 2021.

13
Unidade I

A administração da logística integrada exige que todas as etapas do processo da fabricação sejam
cumpridas, quer sejam internas ou externas. O importante é que a feijoada seja apreciada por todos, pois
o objetivo principal é satisfazer o meu consumidor.

O desafio não é apenas possuir uma boa cozinheira para o preparo da feijoada, mas também se
atentar em como esses materiais chegaram para sua realização, a quantidade que chegou, se está
adequada, bem como a qualidade do material.

Perceba que existe uma logística importante no processo de fabricação da feijoada. Atenta‑se à
preparação de todo o material necessário (nem mais nem menos, mas na quantia exata). Outro elemento
importante nessa análise é o marketing responsável por divulgar a venda da feijoada. Se não houver
integração dessas áreas, certamente ocorrerão problemas. Por exemplo: Se foi realizada uma pequena
divulgação sobrará feijoada na hora do almoço. Isso resultará em prejuízo, uma vez que esse alimento
é perecível. Se vierem muitos consumidores, a feijoada acabará, e, consequentemente, não atenderá a
todos; o consumidor ficará frustrado e não voltará mais.

Esse exemplo demonstra que apesar do preparo da feijoada ser fácil exige‑se muito conhecimento de
mercado e de logística. Para que haja um excelente resultado da logística, é necessário, e fundamental,
que ela se relacione com outras áreas, como apresentado a seguir.

O movimento na logística integrada se manifesta assim:

1. O movimento de dados e decisões que orienta a empresa.

2. A pesquisa de transações pessoais, bem como a pesquisa de mercado (verificação do porte do


mercado em que a empresa está envolvida), impulsiona a participação da empresa no mercado,
além de ser parâmetro sequencial para o plano de entregas aos clientes.

3. O plano de entregas aos clientes tem feedback com faturas, ordens e dados de vendas, planejamento
de estoque, além de ser parâmetro sequencial do processo de armazenagem de produtos finais,
bem como planejamento de transportes e, principalmente para o plano de produção.

4. O plano de produção tem feedback do planejamento de estoque, além de servir como parâmetro
sequencial do processo de armazenagem de produtos finais, bem como planejamento de
transportes e, principalmente, para o MRP — Material Requirement Planning.

5. O MRP serve de parâmetro sequencial para o processo de armazenagem de materiais e


planejamento de transportes, para o planejamento de inventários e, principalmente, para o plano
de suprimentos.

6. O plano de suprimentos tem feedback do planejamento de inventários e também tem os


fornecedores representados pelas ordens e especificações de uso, as faturas e os dados dos
fornecedores, além de servir como parâmetro sequencial para o processo de armazenagem de
materiais e planejamento de transportes.
14
LOGÍSTICA INTEGRADA

7. A sequência do processo físico e operacional possui a seguinte ordem: estoque de recebimentos,


produção, armazenagem e entrega ao cliente. Possui feedback do plano de entregas aos clientes,
e o estoque do cliente resulta no movimento de logística integrada.

Para verificar a entrega ao cliente, é necessário ter em mente, ainda no movimento de logística
integrada, o sistema integrado de logística, que se manifesta da seguinte forma:

1. A previsão de vendas auxilia com informações o planejamento e controle de produção (PCP).

2. O PCP provê informações ao abastecimento e a montagem, e também possui feedback do depósito


de acabados.

3. Os fornecedores provêm informações ao estoque de material, que, por sua vez, provê informações
ao planejamento e controle de produção e a fabricação de componentes.

4. A produção de componentes fornece informações ao estoque de componentes que, por sua vez,
provê informações à montagem.

5. A montagem fornece informações ao depósito de acabados e aos clientes e também as recebe do


abastecimento.

Todo esse processo logístico evidencia três conceitos importantes na logística:

1. Sistema é um conjunto de grupos de atividades, as quais parecem não ser dependentes, mas que,
agindo de forma interrelacionada, possibilitam a conclusão de um objetivo.

2. Os grupos de atividades são subsistemas especialistas; apesar de todas as atividades estarem


otimizadas, elas não garantem a otimização do sistema.

3. As interfaces são fronteiras tênues e ficam entre grupos de atividades que possibilitam o fluxo de
informações e materiais em sincronia.

Como relatado no exemplo da feijoada, há uma mera simplicidade em seu preparo. Na verdade, é
necessário pensar em determinadas atividades até se chegar ao produto final. Alguns termos tratados
até aqui como o PCP e o MRP serão esclarecidos no decorrer deste livro-texto.

A logística vem se aperfeiçoando e modificando sua forma de atuação. Hoje, o conceito


de logística mudou, pois não está mais limitado à obtenção e movimentação de materiais e à
distribuição de produtos. Agora, a logística é integrada e é muito mais atuante. Esta provê uma
visão mais ampla: envolve fornecedor, empresa e clientes, compreendendo tanto o suprimento
físico de matéria‑prima como também a distribuição física do produto. Segundo Ballou (1993),
ela está associada ao estudo e administração de fluxos de bens e serviços, juntamente com a
informação que os movimenta.

15
Unidade I

De acordo com Jacobsen (2003), a logística integrada busca a aproximação não só do cliente
(consumidor final) mas também de fornecedores. É um trabalho conjunto na promoção da qualidade,
seja no produto que está vendendo, seja no atendimento que está recebendo.

“Há uma corrida em andamento para a integralização da cadeia logística. Está se tornando evidente
a necessidade de estender a lógica da integração para fora das fronteiras da empresa para incluir
fornecedores e clientes” (CHING, 1999).

Novaes (2015) explica que a moderna logística procura incorporar: prazos previamente acertados
e cumpridos integralmente; integração efetiva e sistêmica entre todos os setores da empresa; estreita
parceria com fornecedores e clientes; busca da otimização global, envolvendo os processos e a redução
de custos; e satisfação plena do cliente.

Produção

Marketing Logística

Logística
integrada

Figura 3 – Logística integrada

Conforme ilustra a figura anterior, há uma integração entre a logística e as outras áreas,
principalmente entre os departamentos de marketing e produção. De acordo com a situação
de mercado (números de clientes, pedidos, preço etc.), existe uma possibilidade maior de consumo.
Dependendo do mercado, esse consumo pode ser maior ou menor. A empresa depende de uma
expectativa do mercado para fazer o seu planejamento logístico, isto é, para realizá-lo, é necessário
possuir conhecimento de marketing e esse conhecimento tem que ser o mais correto possível.

Conforme a situação de mercado, o gestor pode administrar: o material que será utilizado
na fabricação do produto; quais tipos de materiais deve comprar; como organizar e entregar o
estoque; qual o menor prazo possível e assim por diante. Sabemos que a empresa quer satisfazer
o cliente, porém, enfrenta concorrência acirrada pela disputa do mercado. O cliente de hoje tem
muitas informações e também possui poder absoluto para decidir a melhor empresa para atender
aos seus interesses; essa nova ordem transformou, drasticamente, as relações comerciais entre
clientes e empresas.

Pensar de forma estratégica para todos os envolvidos no processo de comercialização dos produtos
e bens, uma vez que os serviços que agregam valor ao cliente se tornaram um elemento a mais a ser
oferecido (como garantias), o serviço de pós‑venda já não é mais o diferencial, e também passou a
ser item obrigatório para as empresas atuantes. Daí o porquê da logística se caracterizar como área
16
LOGÍSTICA INTEGRADA

responsável por manter a empresa com fôlego para enfrentar a concorrência, pois é preciso que toda a
organização esteja em constante troca de informações tanto interna como com parceiros comerciais.
Agora, é importante discutir com fornecedores e prestadores de serviços a perfeita sincronia no
atendimento à demanda.

A empresa tem que atender seu cliente de forma rápida, precisa, com os melhores produtos, no
prazo certo e, ainda, ser competitiva no preço. Esse novo cenário torna a logística uma área estratégica
da empresa.

É importante relatar que a empresa não tem condições de atuar sozinha para atender às exigências
dos clientes, e também que é necessário que todas as empresas que são responsáveis pelos produtos
– desde a matéria‑prima até a entrega final ao cliente – se unam e trabalhem da forma mais eficaz
possível. Para Bornia e Lorandi (2011), essa união e essa evolução passaram a representar a dinâmica
de redes de organizações que compõem as relações de processos de negócios, que produzem valor
através do fluxo de produtos, serviços, informação e recursos financeiros ao longo do canal, desde os
fornecedores de primeira linha até o consumidor final, bem como o destino do produto após o seu uso.

Quando a Ford iniciou as suas operações, pretendia ter o controle de todo o processo de fabricação
do automóvel. A empresa chegou a produzir os tecidos dos bancos e os pneus de seus automóveis.
Com o tempo, percebeu que não poderia deter o conhecimento de diversos segmentos e produzir
sempre o melhor material. Pouco a pouco, a empresa foi se conscientizando da importância de ter
parceiros para realização do seu produto, o automóvel. O resultado está hoje no mercado. Apesar de
não estar mais no Brasil, a Ford trata ainda exclusivamente da montagem dos automóveis, e possui
centenas de fornecedores que produzem matérias-primas cada vez mais adequadas ao mercado e,
consequentemente, para melhor atender seus clientes.

A linha de produção em larga escala de automóveis com preços acessíveis foi lançada por Ransom
Olds, em sua fábrica Oldsmobile, em 1902. Esse conceito foi amplamente expandido por Henry Ford, com
início em 1914.

Como resultado, os carros da Ford saíam da linha em quinze intervalos (de 1 minuto cada), o
que era muito mais rápido do que métodos anteriores, representava um aumento de oito vezes
na produtividade anterior (a mudança foi de 12,5 horas‑homem para 1 hora e 33 minutos) e
ainda utilizava menos recursos humanos.

Isso foi tão bem-sucedido que a pintura tornou‑se um gargalo. Somente a cor “negro japonês” secava
rápido o suficiente, forçando a empresa a deixar cair a variedade de cores disponíveis antes de 1914, até
quando o verniz Duco, de secagem rápida, foi desenvolvido, em 1926. Essa é a fonte da observação da
Ford: “qualquer cor, desde que seja preto”. Em 1914, um trabalhador de linha de montagem poderia
comprar um modelo T com o pagamento de quatro meses.

O que a Ford quis inserir dentro de sua organização era um controle total de todas as matérias‑primas
necessárias para realização de um produto (que no caso era o carro). Hoje, percebe‑se com maior
17
Unidade I

clareza que esse modelo não tinha como dar certo. Não é possível uma empresa ter competência
em todos os segmentos. Atualmente, a ideia é focar no principal segmento da empresa e contar com
parceiros para a realização de seu negócio. Por isso, é muito importante estudar as cadeias e suprimento,
e isso será nosso próximo assunto.

1.1.2 Integração da cadeia de suprimento

Até agora você verificou a importância da logística no processo de levar o produto até o consumidor.
Autores como Balou, Jacobsen, Ching e Novaes, além de muitos outros, dizem que a logística não pode
ficar somente com foco na movimentação de materiais, mas sim ter o aspecto de integração entre os
departamentos, fornecedores e clientes, sem deixar de lado o fluxo de informação. Para atender a todos
esses requisitos, a logística foi ampliada à cadeia de suprimentos.

De acordo com Bertaglia (2009, p. 5), a cadeia de abastecimento ou suprimento (supply chain
management) corresponde ao conjunto de processos requeridos para obter materiais e agregar‑lhes
valor de acordo com a concepção dos clientes e consumidores, bem como disponibilizar os produtos
para o lugar (onde) e para a data (quando) que os clientes e consumidores desejarem.

Segundo o dicionário da Apics, uma cadeia de suprimentos pode ser definida como:

• Os processos que envolvem fornecedores‑clientes e ligam empresas (desde a fonte inicial de


matéria‑prima até o ponto de consumo do produto acabado).

• As funções dentro e fora de uma empresa que garantem que a cadeia de valor possa fazer e
providenciar produtos e serviços aos clientes.

O processo de implantação do conceito de supply chain management — SCM passa, invariavelmente,


por sete fases ou processos‑chaves, conforme descreve Fleury, Wanke e Figueiredo (2000, p. 45):

• 1ª fase – Relacionamento com os clientes.

• 2ª fase – Serviço aos clientes.

• 3ª fase – Administração da demanda.

• 4ª fase – Atendimento de pedidos.

• 5ª fase – Administração do fluxo de produção.

• 6ª fase – Compras/suprimento.

• 7ª fase – Desenvolvimento de novos produtos.

18
LOGÍSTICA INTEGRADA

A figura seguinte mostra a cadeia de suprimentos de uma empresa. Verifique como é complexa
a administração de todo o processo por uma única instituição. A empresa não tem condições de
controlar integralmente seu canal de fluxo de produtos da fonte da matéria‑prima até os
pontos de consumo. Cada uma fica responsável por sua logística, gerenciando os canais físicos
imediatos de suprimentos e distribuição.

Gestão da cadeia de suprimentos e logística integrada


Logística de Logística Logística de
abastecimento interna distribuição

Fornecedor Fornecedor Fábrica Cliente Cliente final


imediato/distribuidor

Vender e atender ao cliente

Produzir

Figura 4 – Cadeia de suprimentos

Atualmente, os consumidores estão mais exigentes e querem produtos cada vez melhores, com
entrega no prazo e sempre que precisarem. Os consumidores, muitas vezes, não entendem como
funciona uma rede de distribuição (RD) e muitos deles não querem saber como funciona, eles desejam,
na verdade, que o produto esteja à sua disposição.

Mas, afinal, quais são os elementos envolvidos para que as necessidades de uma cadeia de suprimentos
seja bem-sucedida?

Vários são os elementos obrigatórios para a implantação bem sucedida, porém, frequentemente,
todos estão sobrepostos e dependentes entre si.

Confiança

Permite que os fornecedores participem e contribuam para o ciclo de desenvolvimento de novos


produtos. Sem confiança, nenhum dos demais elementos é possível.

Relações de longo prazo

Permitem visão estratégica compartilhada. O termo, frequentemente utilizado para o estabelecimento


dessas relações, é “contratos perenes”, que implica na renovação automática dos contratos com os
fornecedores e em quando seu desempenho está de acordo com o contratado.

19
Unidade I

Observação

A equipe da empresa Motorola visita a fábrica de seus fornecedores a


cada 2 anos para avaliá‑los e assim manter a relação contratual.

Compartilhamento de informações

Entre fornecedores e clientes. Essas informações poderão incluir questões desde as especificações de
projeto de novos produtos até o planejamento e a programação da capacidade, ou o acesso a uma base
de dados completa do cliente (entenda mais por meio da ferramenta CRM).

Forças individuais da organização

Uma empresa inicia uma relação de longo prazo com um fornecedor, então, passa a ser importante
para ela que seu fornecedor permaneça no mercado por bastante tempo. Dessa forma, um bom cliente irá
trabalhar com seu fornecedor para garantir que ele seja lucrativo e mantenha‑se bem financeiramente.

Para que o produto esteja nas mãos dos consumidores e atenda as suas expectativas, é necessário
que haja um gerenciamento dessa cadeia. Na logística, o termo utilizado para esse gerenciamento é
supply chain management. A ideia do SCM é captar a essência da logística integrada, bem como
destacar as interações logísticas que ocorrem entre as funções de marketing, logística e produção no
âmbito de uma empresa, e dessas mesmas interações entre as empresas legalmente separadas no âmbito
do canal de fluxo de produtos.

Não existe qualquer literatura que define corretamente o surgimento da expressão supply chain
management. Alguns autores dizem que o termo surgiu no começo dos anos 1980, outros afirmam
que ele já era utilizado na década de 1970, e que representava a integração entre os departamentos de
almoxarifado e transporte nos processos de distribuição.

No mundo acadêmico, apenas nos últimos anos esse termo foi reconhecido oficialmente na gestão
de operações.

Sobre esse reconhecimento a partir dos anos 1990, Lummus e Voturka (1999) apresentam três razões
principais que podemos sintetizar da seguinte forma:

1. As empresas estão cada vez menos verticalizadas, mais especializadas e procurando fornecedores
que possam abastecê‑las com componentes de alta qualidade e a um baixo preço.

2. O crescimento da competição no contexto doméstico e internacional.

3. O entendimento de que a maximização do desempenho de um elo do SCM está distante de


garantir seu melhor desempenho.

20
LOGÍSTICA INTEGRADA

1.2 Eixos de abrangência do SCM

Por sua característica abrangente e contemporânea, o SCM é notadamente uma área multifuncional
e ainda é difícil de ser classificada. Entretanto, podemos considerar que seu escopo possui ao menos três
grandes eixos de atuação, conforme esboçado na figura:

Processos de negócios

Organização e
pessoas

Tecnologia, iniciativas,
práticas e sistemas

Figura 5 – Os três eixos de atuação do SCM


Fonte: Pires (2004).

1. Processos de negócios: contempla os processos de negócios que devem ser executados de modo
efetivo ao longo do SCM. Esse eixo representa o porquê da existência e a finalidade principal
do SCM.
2. Tecnologia, iniciativas, práticas e sistemas: representam os meios atuais e inovadores que
viabilizam a execução dos processos de negócios‑chave no SCM.
3. Organização e pessoas: contempla a estrutura organizacional e a capacitação institucional e
pessoal capaz de viabilizar um efetivo SCM. Representa as transformações em termos de estrutura
organizacional e de capacitação da empresa, e também de seus colaboradores para que o modelo
gerencial de SCM possa ser, de fato, entendido, viabilizado e implementado.

Hora de refletir

Imagine você administrar uma empresa que faz parte desse processo de logística integrada e,
que nesse processo, é aplicado o supply chain management. O que muda para a empresa e para
o consumidor?

Resposta: se você respondeu que as empresas estão obtendo sucesso no compartilhamento de


informação com fornecedores, reduzindo níveis de estoques, entendendo como funciona cada parte
do processo do produto e promovendo melhoria dos custos ou serviços aos consumidores e produtos,
21
Unidade I

está de parabéns, pois percebeu o porquê de gerenciar uma cadeia de suprimentos. Note: com o
gerenciamento adequado, todos ganham, empresas e consumidores.

E se sua resposta não foi essa, não se preocupe! Temos muito mais informações sobre o SCM, e elas
certamente trarão muitos esclarecimentos sobre o assunto..

1.2.1 Gerenciamento da cadeia de suprimento como vantagem diferencial competitiva


no mercado

De acordo com Fleury, Wanke e Figueiredo (2012), o conceito de gerenciamento da cadeia de


suprimentos está baseado no fato de que nenhuma empresa existe isoladamente no mercado. Uma
complexa e interligada cadeia de fornecedores e clientes na qual fluem matérias‑primas, produtos
intermediários, produtos acabados, informações e dinheiro é responsável pela viabilidade do
abastecimento dos mercados consumidores.

Com as enormes pressões competitivas existentes atualmente, a atividade de gerenciar a cadeia de


suprimentos tem tido cada vez mais espaço nas relações de negócios. Propõe‑se que a competição
no mercado ocorre, de fato, no nível das cadeias produtivas e não apenas no nível das unidades de
negócios isoladas.

Os comentários dos autores mencionados demonstram como a concorrência mudou nos últimos
anos; aquela ideia de que o concorrente da empresa é somente a outra empresa já não é totalmente
verdade, pois agora o que está em jogo é que inúmeras empresas que compõem uma cadeia de
suprimentos estão concorrendo com muitas outras que compõem a outra cadeia.

Um ponto que é considerado uma vantagem competitiva para as organizações (que realmente
compreendem o seu papel estratégico) é o perfeito entendimento da cadeia de abastecimento integrada.

Lembrete

O consumidor tem se tornado cada vez mais exigente, ainda mais hoje
em dia, com o acesso às redes sociais. Isso vem obrigando as organizações
a se preocuparem cada vez mais com preço, qualidade e nível de serviço.

1.2.2 Elementos da cadeia de abastecimento integrada e a integração das funções de


marketing, produção, materiais, distribuição e logística

De acordo com Bertaglia (2009), os elementos da cadeia de abastecimento podem ser divididos em:

• planejamento;
• compras;
22
LOGÍSTICA INTEGRADA

• produção;

• distribuição.

Planejamento

Para que toda cadeia de abastecimento tenha sucesso, é necessário que as empresas concentrem
seus esforços em algumas atividades que afetarão seu desempenho como:

• Desenvolvimento de canais.

• O planejamento de estoque, produção e distribuição envolvendo transporte.

• A estimativa de vendas e o planejamento da demanda.

• O lançamento de produtos.

• Promoções.

Se cada elemento ou departamento da cadeia de abastecimento desenvolver o seu próprio plano


sem considerar as características dos outros elementos, não haverá possibilidade de se integrar as duas
pontas do processo, ou seja, a demanda e o abastecimento.

Essa visão de planejamento extrapola os limites da empresa, afetando fornecedores de materiais e


compradores de bens ou serviços. Conceitos novos têm surgido na área de planejamento organizacional,
e eles serão estudados mais adiante neste livro-texto.

Compras

De acordo com Bertaglia (2009, p. 30), comprar é o conceito utilizado na indústria com a finalidade de
obter materiais, componentes, acessórios ou serviços. É o processo de aquisição, que também inclui a seleção
de fornecedores, os contratos de negociação e as decisões que envolvem compras locais ou centrais.

A aquisição compreende a elaboração e colocação de um pedido de compra com um fornecedor já


selecionado, bem como a monitoração contínua desse pedido, a fim de evitar atrasos no processo.

Hoje, o setor de compras não está mais limitado apenas ao processo de comprar e monitorar; os
profissionais dessas áreas precisam ter um entendimento global de negócios e tecnologia. O comprador,
em função da tecnologia, é muito mais um analista de suprimentos e um negociador do que propriamente
um operador de transações, que faz pedidos e os monitora.

As organizações modernas estão se conscientizando cada vez mais da necessidade de manter


alianças com fornecedores ao invés de manter uma relação puramente de compra e venda,
apresentando animosidade na maioria das circunstâncias. Estão também reduzindo a quantidade de
23
Unidade I

fornecedores, mantendo um relacionamento de longo prazo com altos volumes e maior flexibilidade.
Esse relacionamento tem o nome de B2B — business‑to‑business, que significa negócios entre empresas.

As alianças entre as organizações se fortaleceram com a utilização do marketplace. O marketplace


no Brasil aconteceu de forma mais significativa a partir de 2006, mas foi com a pandemia de 2020 que
ficou mais evidente. Esse novo modelo de negócio tem muitas vantagens para o consumidor, pois é
uma espécie de shopping center virtual. A vantagem é reunir em um único lugar diversas marcas e lojas,
facilitando, assim, a pesquisa pelo melhor produto e preço. Algumas empresas que utilizam marketplace
são: Americanas, Walmart, Mercado Livre, OLX etc. A empresa Magazine Luiza, conhecida como Magalu,
entre os meses de abril e junho de 2020, atingiu vendas totais de 8,6 bilhões de reais, e seu marketplace
tem papel de destaque nisso, pois teve um crescimento de 214% (MAGAZINE LUIZA, 2020).

É importante ressaltar que muitos fornecedores são os responsáveis por monitorar o estoque de
cliente empresarial, que é o PDV — ponto de venda. É o caso de alguns supermercados, nos quais
o controle de alguns produtos é realizado pelo fornecedor que verifica em qual momento é melhor
solicitar uma nova remessa de produtos para aquele supermercado.

Quem ganha com isso? Todos! O fornecedor que poderá controlar o seu estoque de uma maneira
precisa, o supermercado que poderá oferecer ao seu cliente um produto com uma qualidade melhor
e o cliente que terá opções para escolher o melhor produto. E no modelo marketplace não é diferente, o
fornecedor também é o parceiro da organização e o responsável por esse estoque, que muitas vezes
fica em sua própria. E no modelo marketplace não é diferente, o fornecedor também é o parceiro da
organização e o responsável por esse estoque, que muitas vezes fica em sua própria empresa.

Figura 6 – Estoque no PDV

Disponível em: https://bit.ly/3qBZ7S2. Acesso em: 11 nov. 2021

24
LOGÍSTICA INTEGRADA

Produção

De acordo com Bertaglia (2009, p. 31), a produção refere‑se ao elemento cujo processo
fundamental é composto por operações que convertem um conjunto de matérias em um produto
acabado ou semiacabado. A estratégia básica de produção e estoque adotada pela organização afeta,
significativamente, o comportamento da cadeia de abastecimento. O processo de manufatura ou
fabricação pode suportar as variações descritas a seguir:

• Produção para atender níveis de estoque: também chamado de sistema de produção contínua
ou produção repetitiva, esse sistema de fabricação ocorre para atender às previsões de vendas,
acontecendo antes que um pedido seja recebido. O tempo de entrega do produto ao cliente é
minimizado. Exemplos: cremes dentais, sorvetes, margarinas, bebidas etc. A produção divide‑se
em dois segmentos industriais:

– Indústria discreta: os lotes de materiais são facilmente identificados – refrigerador,


televisor etc.

– Indústria de processo: é representada pelos derivados de petróleo. Como ocorre uma mistura
dos ingredientes, os lotes de materiais apresentam maior dificuldade para serem identificados.

Figura 7 – Refinaria de petróleo

Disponível em: https://bit.ly/3okrHop. Acesso em: 11 nov. 2021.

Uma refinaria é como uma grande fábrica, cheia de equipamentos complexos e diversificados, pelos
quais o petróleo vai sendo submetido a diversos processos para a obtenção de muitos derivados.
Refinar esse óleo mineral é, portanto, separar suas frações, processá‑lo, transformando‑o em
produtos de grande utilidade: os derivados de petróleo.

A instalação de uma refinaria segue diversos fatores técnicos, dos quais se destacam a sua localização
nas proximidades de uma região em que haja grande consumo de derivados e/ou nas proximidades
das áreas produtoras de petróleo. O Brasil possui uma das maiores empresas de refinaria, a Petrobras,
estrategicamente localizada do norte ao sul do país.
25
Unidade I

• Produção para atender um pedido específico: essa é uma estratégia de manufatura em que
a produção se inicia a partir do momento em que um cliente faz um pedido. Normalmente, os
componentes e acessórios se encontram armazenados, e uma vez que o pedido é recebido, ele
é produzido conforme a solicitação. Esse sistema envolve a obtenção de materiais, a fabricação e
a montagem do produto. Um exemplo bem conhecido nosso é a fabricação de pizzas, conforme
mostra a figura seguinte. Os materiais ficam armazenados aguardando o pedido do cliente. Esse
pedido pode ser feito pessoalmente, por telefone ou por redes sociais. É claro que existe uma
previsão de demanda de determinados tipos de pizzas. Assim, a utilização do estoque é realizada
de forma a ter uma eficiência maior em sua produção.

Figura 8 – Produção de pizzas

Disponível em: https://bit.ly/3oilfy9. Acesso em: 11 nov. 2021.

• Montagem: um exemplo clássico desse sistema de produção é a indústria automobilística,


que ao receber o pedido de uma concessionária, monta os veículos de acordo com as opções
determinadas pelo cliente como: ar condicionado, cor, sistema de som etc. Nesse tipo de sistema,
o fabricante monta uma quantidade bem diversificada de produtos finais com diferentes
características e poucos componentes ou elementos já montados.

Figura 9 – Sistema de produção por montagem

Disponível em: https://bit.ly/3C76L9a. Acesso em: 11 nov. 2021.

26
LOGÍSTICA INTEGRADA

• Projetos sob medida: É um sistema que envolve desenho, projeto, obtenção de materiais e
componentes, fabricação e montagem. As especificações são, normalmente, estabelecidas pelo
cliente em função da necessidade do produto. Em geral, isso é um processo de longa duração,
muitas vezes durando anos e envolvendo uma quantidade muito grande de pessoas e empresas.
Exemplos: aviões, edifícios, estradas etc.

• Combinação de sistemas de produção: os sistemas anteriores podem sofrer variações. As


combinações são utilizadas principalmente nos sistemas de produção para estoque. A manutenção
de estoque sugere um custo adicional, onerando, assim, a cadeia de abastecimento. Algumas
organizações adotam certas estratégias nas quais alguns produtos são produzidos a partir do
recebimento do pedido, mantendo em estoque aqueles itens ou materiais mais críticos de se obter.

Distribuição

Conforme Bertaglia (2009, p. 33), a distribuição é um processo que está normalmente associado ao
movimento de material de um ponto de produção ou armazenagem até o cliente. É uma atividade que
envolve as funções de:

• Gestão e controle de estoque.

• Manuseio de materiais ou produtos acabados.

• Transporte.

• Armazenagem.

• Administração de pedidos.

• Análises de locais e redes de distribuição etc.

O Brasil tem evoluído muito no aspecto de distribuição com empresas extremamente profissionais
tanto na armazenagem como no transporte. No entanto, nossa infraestrutura para transporte e
distribuição contínua ainda é extremamente centralizada nas rodovias, apresentando leitos bem críticos,
aumentando os custos de transporte pela necessidade de manutenção de veículos que transitam por
elas. Os países desenvolvidos usam meios alternativos e combinados para efetuar a distribuição dos
produtos por via marítima, rodoviária, ferroviária e aérea.

Todas as empresas envolvidas na cadeia de suprimentos têm que entender que constituem uma
única empresa. Caso contrário, todos perdem. Alguns, mais ou menos, porém, todos perdem. Para
exemplificar essa ideia, consideremos o relato por mim presenciado: certo dia estava dirigindo
o meu automóvel e parei por causa do farol aguardava o semáforo abrir observei uma situação
no mínimo lamentável: dois rapazes estavam tentando colocar um colchão na carroceria de
um carro utilitário, tipo pickup. O problema surgiu porque o colchão era um pouco maior que
a carroceria do automóvel. Eles não tiveram dúvida, pegaram o colchão e o colocaram sob o
27
Unidade I

automóvel, mas o colchão não ficou totalmente acomodado na carroceria. Diante desse impasse, os
dois rapazes cerraram o punho e começaram a dar socos no colchão até que ele ficasse acomodado
na carroceria. Fiquei indignado com tal situação, mas, em decorrência da abertura do semáforo, fui
obrigado a seguir o meu caminho, no entanto, refletia sobre a imagem do soco. Pensei: quando compro
um produto e ele vem com defeito, será que é mesmo defeito de fábrica ou de funcionários e empresas
que compõem a cadeia de suprimento e não estão preparadas para satisfazer o cliente?

Você já passou por alguma situação assim antes? Veja como é importante ter uma cadeia de
suprimentos toda direcionada para a satisfação do cliente.

A resposta que tenho para isso é simples: depende de como a empresa lida com a sua cadeia de
suprimentos. É claro que há muitas empresas sérias e que almejam o melhor para o cliente, mas há
aquelas que querem somente obter lucro e sabe‑se que será por pouco tempo, pois o consumidor
perceberá que foi enganado e acabará optando por uma concorrente.

Saiba mais

Se você quiser saber mais sobre os aspectos de planejamento e


estratégias no gerenciamento da cadeia de suprimentos, leia o livro:

CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos:


estratégia, planejamento e operações. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2011.

1.3 Níveis da cadeia de suprimentos

Slack (1993) divide a cadeia de suprimentos (SC) em três níveis (conforme mostra a figura a seguir):

• cadeia interna;

• cadeia imediata;

• cadeia total.

1.3.1 Cadeia de suprimentos total

Envolve todas as relações cliente-fornecedor, desde a extração da matéria-prima, até a compra do


produto pelo consumidor final. A empresa que efetivamente colocará a marca em seu produto e chegará
ao cliente é a grande responsável por gerenciar essa cadeia. No fim do processo, quando o cliente for
utilizar o produto, ele enxerga somente sua marca. Ele não entende que o problema pode ter ocorrido
por falhas no transporte, na armazenagem, no fornecedor. Por isso, a empresa detentora da marca ficará
responsável por gerenciar esse sistema e controlar todas as atividades, para que tudo saia de acordo
com as exigências de seu cliente.

28
LOGÍSTICA INTEGRADA

Transporte Armazenagem Transporte Clientes

Fluxo de
Fábrica informações

Transporte

Armazenagem Transporte Fornecedor/Planta

Figura 10 – Cadeia de suprimentos total

1.3.2 Cadeia de suprimentos imediata

Representa todos os fornecedores e consumidores com os quais a empresa faz negócio diretamente.
Perceba que a relação é mais próxima e, às vezes, sendo diária. O conhecimento, nesse caso, é maior. É
possível entender melhor essa relação e realizar melhores trabalhos.

1.3.3 Cadeia de suprimentos local

Corresponde aos fluxos internos de materiais e informações entre departamentos, células ou setores
da operação. Até que o produto chegue a seu destino final (para o cliente) são realizados inúmeros
transportes internos em relação ao material e informação. Nesse caso, é importante conhecer, também,
os clientes internos que são os funcionários. É importante entender qual a relevância do material para o
outro departamento, como armazená-lo e quais são os seus prazos. Exemplo: quando é executada uma
venda de um determinado produto, é necessário que ele esteja no estoque para ser entregue ao cliente;
ao mesmo tempo, deve-se informar e pedir ao departamento financeiro para providenciar o pagamento,
bem como informar o departamento de transporte para que a entrega do produto seja feita. Se houver
qualquer problema de fluxo de material e informação, isso poderá prejudicar a qualidade do produto,
como: qualidade e prazo de entrega.

29
Unidade I

Pagamento Recebimento
Financeiro/
Contábil

financeira
Situação
Fornecedores

Fa t u
Crédito

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Produção de Bobinas de
bobinas estoque

Figura 11 – Macro fluxo de material e informação

Adaptada de: Baker e Germane (1957, p. 650).

Você observou os níveis de cadeia de suprimentos por etapas para ter um melhor entendimento de
como é sua atuação dependendo do local de atuação. A figura a seguir mostra os níveis da cadeia
de suprimentos:
Cadeia de suprimentos total
Cadeia de suprimentos mediana

Cadeia de suprimentos local

Figura 12 – Níveis da cadeia de suprimentos

Adptada de: Slack (1993

30
LOGÍSTICA INTEGRADA

A tecnologia de informação se tornou um ponto essencial na gestão da cadeia de suprimentos e, por


isso, há a necessidade da utilização de sistemas que ajudam a gerir as informações provenientes, desde
as fontes primárias de recursos até os consumidores finais.

Segundo Nazário (1999), o fluxo de informações é um elemento de grande importância nas operações
logísticas. Pedidos de clientes e de ressuprimento, necessidades de estoque, movimentações nos
armazéns, documentação de transporte e faturas são algumas das formas mais comuns de informações
logísticas. Ainda, de acordo com o mesmo autor, os sistemas de informações logísticas funcionam como
elos que unem as atividades logísticas em um processo integrado, combinando hardware e software para
medir, controlar e gerenciar as operações logísticas. Essas operações ocorrem dentro de uma empresa
específica, bem como ao longo de toda cadeia de suprimentos.

Sistemas adequados são essenciais para a eficiente colaboração na cadeia de suprimentos.


Para Pires (2004), quando se fala em colaboração na cadeia de suprimento fala‑se também em
relacionamentos de longo prazo na busca de objetivos comuns. Sabe‑se que a cadeia de suprimento
torna‑se competitiva na medida em que as alianças estratégicas aumentam a criação do valor por
meio da integração de processos. Logo, pode‑se afirmar que as iniciativas projetadas para melhoria
do planejamento e gestão colaborativa na cadeia de suprimentos refletem diretamente no potencial
competitivo dessas cadeias.

No quadro a seguir são citadas algumas tecnologias utilizadas atualmente fundamentais como
ferramentas de apoio ao SCM.

Quadro 1 – Tecnologias utilizadas na logística

Tecnologias Objetivos
Tecnologia aplicada para melhorar a precisão e a velocidade da transmissão dos dados, sendo
Código de barras útil em todo o processo de negócio, na gestão de inventário ou atividades relacionadas e,
principalmente, no setor varejista.
Desenho assistido por Objetiva reduzir os tempos para desenvolvimento de produto, criar desenhos de melhor
computador – CAD qualidade, melhorar a comunicação com os parceiros na cadeia etc.
Conjunto de aplicações projetado para organizar e estruturar dados de transação de uma
Inteligência empresarial – BI empresa, de forma que possam ser analisados, a fim de beneficiar as operações e o suporte a
suas decisões.
Movimentação eletrônica de documentação padrão de negócios especialmente formatados,
Intercâmbio eletrônico de como pedidos trocados entre parceiros de negócios. É um sistema que automatiza o processo de
dados – EDI compras, dá suporte ao reabastecimento de estoque automático e reaproxima a relação entre
compradores e fornecedores.
Prática que busca o atendimento de quatro processos: promoções, reposições de estoques,
Programas de reposição sortimentos dos estoques e introdução dos novos produtos, que mostram os níveis de estoques
contínua – CRP nas lojas dos varejistas.
Estoque gerenciado pelo Prática baseada numa relação de parceria e confiança mútua, na qual o fornecedor tem a
fornecedor – VMI responsabilidade de gerenciar o seu estoque no cliente, incluindo o processo de reposição.
Resposta eficiente ao Busca a melhoria da qualidade, a simplificação de rotinas e procedimentos, bem como a
consumidor – ECR padronização e racionalização dos processos de distribuição.
Método baseado em tecnologias de rastreamento e monitoramento de veículos, que ajudam a
Rastreamento de frotas gerenciar frotas de veículos por meio do controle de registros sobre os trajetos e os tempos.

31
Unidade I

Tecnologias Objetivos
Sistema de automação de Ajuda a monitorar os processos de garantia da qualidade.
qualidade – AQC
Sistema de execução de Monitora, acompanha e controla a matéria‑prima, mão de obra, equipamento, instruções e
manufatura – MES instalações de produção.
Sistema de gerenciamento Controle de transportes de carga, ajudando as empresas a atender os requisitos do transporte de
de transporte – TMS cargas.
Sistema de gestão de Rastreia e controla o movimento do inventário dentro do depósito.
armazém – WMS
Sistema de gestão do Unifica as informações sobre clientes, criando uma visão única, centraliza as interações com os
relacionamento com os clientes e antecipa as suas necessidades.
clientes – CRM
Sistema de gestão de dados Gerencia todas as informações relacionadas ao produto.
de produtos – PDM
Ferramenta de suporte que automatiza processos e melhora a gestão de operações, eliminando,
Identificação por assim, falhas humanas. Além disso, disponibiliza informações essenciais sobre a situação do
radiofrequência – RFID produto.
Sistema de planejamento de Oferece meios para planejar, executar e medir os processos de gestão da cadeia de suprimentos
cadeia de suprimentos – SCP de uma organização.
Sistema de previsão de Sistema que utiliza métodos diversos para tentar prever a demanda por produtos ou serviços,
demanda – DFS normalmente integrando outros sistemas, como o ERP e o SCP.
Sistema de informação Conjunto de aplicações que facilitam os processos internos e externos das empresas, integrando
baseado na internet – WIS uma grande quantidade de sistemas empresariais de informação.
Sistema integrado de Sistema centralizado capaz de integrar todos os departamentos e funções das empresas em um
gestão – ERP sistema unificado de informações.
Planejamento, previsão e Ferramenta que visa facilitar o relacionamento entre empresas, principalmente no que se refere
reposição colaborativa – CPFR à elaboração do conjunto da previsão de vendas e planejamento do ressuprimento.

Adaptado de: Feldens (2005) e Pires (2004).

1.3.4 Planejamento e as configurações das redes logísticas

Pereira, Oliveira e Leal Júnior (2016) comentam que o planejamento de rede logística é uma decisão
estratégica e determina a localização, a quantidade de instalações e o seu tamanho. Você pode supor
que seja fácil determinar as configurações das redes logísticas considerando que basta verificar onde
estão os clientes mais comuns e pronto. Contudo, não é bem assim: exigem-se decisões complexas,
realizadas por meio de avaliações financeiras. A partir de agora você terá a oportunidade de conhecer
alguns métodos utilizados para esse planejamento.

Ballou (2009) afirmou que uma rede logística é avaliada, sobretudo, pelo seu custo. E a ideia é
reduzi-lo ao máximo.

Uma das atividades que têm um grande impacto na composição do custo das redes logísticas é o
transporte e, de acordo com Alves et al. (2013), pode chegar a 60% do custo total.

32
LOGÍSTICA INTEGRADA

Lembrete

Para ter um conhecimento mais preciso em redes de distribuição


logísticas, é necessário ter uma boa noção prévia sobre cadeia de suprimento.
Se ainda restar alguma dúvida com relação a esse assunto, revise a parte
deste livro-texto que aborda a integração da cadeia de suprimento.

Para Sandhusen (2010), a rede de distribuição (RD) é um emaranhado de “nós” que resultam em
um sistema não isolado pertencente uma atividade comercial ou produtiva cujas partes funcionam
interconectadas. Logo, uma RD visa conectar o produtor ao cliente, podendo contar com diferentes
segmentos nas distribuições (armazéns, centros de distribuição ou varejo). Veja, sobre isso, a figura a seguir:

Rede de distribuição

Produção Transferência Distribuição Demanda

Fabricante Armazéns Varejo Cliente


Transformação Centros de distribuição Lojista Consumidor final

Logística (gestão)

Cadeia de suprimentos (processos e estrutura física)

Transporte com carga fracionada


Transporte com carga completa
Devolução

Figura 13 – Fluxo de rede de distribuição

33
Unidade I

Para desfazer esse nó são necessárias decisões com abordagens qualitativa e quantitativa, isto é, a
decisão estratégica deve levar em conta os aspectos qualitativos. Kouvelis et al. (2000) citam três níveis
de tomada de decisão:

• estratético;

• tático;

• operacional.

Falaremos de cada um deles na sequência.

Análise qualitativa

O nível estratégico envolve: determinação do número, tamanho e localização de fábricas e depósitos.

A parte estratégica engloba analisar o número de participantes da RD e onde estão localizadas as


fábricas e os depósitos. É necessário analisar vários fatores que podem afetar a RD, como políticas de
atendimento a clientes e até mesmo campanhas de marketing. Isso porque estudos dessa natureza,
dada sua abrangência, podem apontar os limites da estrutura física, ou seja, o que, de fato, pode
ser considerado essencial; quanto esforço (custos, investimentos, contratações etc.) será necessário
para suportar certas políticas de atendimento; ou qual o tipo de parceiro necessário para o sucesso
da operação.

O nível tático envolve a definição da alocação dos clientes aos centros de distribuição e dos centros
de distribuição às fábricas;

Na análise tática, é necessário avaliar onde estarão localizados os CDs e os seus clientes e também
a distribuição às fábricas.

Por fim, o nível operacional engloba a elaboração de planos de contingência, nos quais, por exemplo,
se pretende realocar de forma ótima os clientes num caso como a parada de uma linha de produção em
uma fábrica.

Aqui na parte operacional é importante ter um plano “B” no caso de acontecer algum tipo de
problema com a RD, que pode ser uma greve de caminhoneiros, por exemplo.

Agora que você tomou ciência de algumas decisões necessárias para uma boa análise qualitativa da
implementação da RD, vamos conhecer a abordagem quantitativa, com a qual é possível ter uma maior
precisão na tomada de decisão.

34
LOGÍSTICA INTEGRADA

Análise quantitativa

Um exemplo de análise quantitativa que deve ser feita é a distância percorrida entre as instalações
– sabendo que a medida que a distância aumenta, a efetividade cai.

O estoque é um outro item que gera um custo agregado muito alto e pode impactar o sucesso
da RD.

Observação

O custo de transporte é um item importantíssimo nesta análise.

As previsões de demanda ou vendas representam a base estratégica de qualquer organização, e é a


partir desse elemento que decisões são tomadas.

A análise qualitativa e quantitativa traz grandes informações no processo de decisão, porém pode
ter desvantagens, dependendo do tamanho do problema a ser resolvido. Nesse caso, são necessários
longos tempos de processamento, às vezes longos a ponto de tornar inviável a resolução do problema
que se tem.

E uma estratégia que pode ser utilizada é a simulação. De acordo com Saliby (1989), as ferramentas
baseadas na simulação levam em conta a dinâmica do sistema e, portanto, são capazes de caracterizar
o desempenho do sistema para um dado projeto. Assim, cabe ao usuário suprir o modelo de simulação
com várias alternativas de projeto, como, por exemplo, padrão de pedidos individual e políticas de
estoque específicas, dentre outros.

Para Fiuza et al. (2003), a principal limitação do uso da simulação é a necessidade de um projeto
de rede logística pré-especificado. Os autores comentam que dada uma configuração específica de
centros de distribuição, varejistas, fábricas e clientes, um modelo de simulação pode ser usado para
ajudar a estimar os custos associados à operação dessa configuração. Se uma configuração diferente for
considerada (por exemplo, alguns clientes que devem ser servidos por um depósito diferente), o modelo
terá de ser reexecutado.

Desse modo, a simulação se apresenta como uma ferramenta de grande utilidade para a caracterização
do desempenho de uma configuração específica, mas não para escolher uma configuração eficaz a
partir de um grande conjunto de configurações potenciais – ou seja, não é um método otimizante.

Corroborando com Fiuza, Ballou (2006) comenta que um grande problema com os simuladores de
localização é que o usuário pode não saber quão perto as configurações escolhidas estão do ponto
ótimo. Sempre que um número razoável de configurações escolhidas com prudência tiver sido avaliado,
pode-se alcançar um alto grau de confiança de que uma solução satisfatória foi encontrada.

35
Unidade I

O ideal seria um ponto médio entre fatores qualitativos e quantitativos, no qual a empresa possa
obter o máximo possível de vantagens competitivas e também oferecer uma boa opção de ocupação
aos seus empregados.

Saiba mais

Agora que você já conhece como tomar uma decisão pelos métodos
qualitativos, quantitativos e por simulação, entre no artigo a seguir e veja
como é tomar uma decisão utilizando o custo de transporte:

PEREIRA, A. A. Custo de transporte e alocação da demanda: análise da rede


logística de uma produtora brasileira de fertilizantes nitrogenados. Journal of
Transport Literature, v. 10, n. 4, dez. 2016. Disponível em: https://bit.ly/3D5HL3x.
Acesso em: 9 nov.

2 LOGÍSTICA REVERSA E A ECONOMIA CIRCULAR

2.1 Conceitos

A logística reversa é entendida como:

A área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as


informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós‑venda
e de pós‑consumo ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição
reversos, agregando‑lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico,
legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros (LEITE, 2003).

A figura a seguir demonstra como funciona o complexo fluxo da logística reversa:

36
LOGÍSTICA INTEGRADA

Comércio Indústria

Bem de pós-venda Resíduos industriais Bem de pós-consumo

Garantia/ Substituição de Fim de Em condições


Comerciais componentes
qualidade vida útil de uso

Desmanche Reúso
Conserto Validade de
Estoques produtos
reforma
Componentes
Mercado de
Retorno ao ciclo Disposição 2a mão
Reciclagem Remanufaturada
de negócios final

Mercado secundário Mercado secundário


de matérias-primas de componentes
Mercado secundário
de bens
Retorno ao ciclo produtivo

Figura 14 – Logística reversa: meio ambiente e competitividade

Adaptada de: Leite (2003).

A logística reversa surgiu a partir dos anos 1990 devido à intensa preocupação com a utilização
adequada dos recursos naturais, preocupando‑se em tratar do retorno dos produtos, materiais e peças
do consumidor final ao processo produtivo da empresa. É considerada como um instrumento de
desenvolvimento econômico e social.

Saiba mais

Para seu melhor entendimento, leia o texto da Lei n. 12.305, que instituiu
a Política Nacional de Resíduos Sólidos:

BRASIL. Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Brasília, 2010. Disponível


em: https://bit.ly/3kmfqPa. Acesso em: 9 nov. 2021.

As dificuldades existentes para que as empresas utilizem a logística reversa são:

• Dificuldades no gerenciamento completo do retorno das embalagens e de produtos defeituosos.

• Reduzir o custo operacional da logística reversa.

• A falta de instalações licenciadas, principalmente no nordeste, como aterros, incineradores,


recuperadoras, plantas de coprocessamento, descontaminadoras e tratamentos físico‑químicos.

37
Unidade I

É importante mencionarmos que em tempos de extrema preocupação ecológica, a logística reversa


está totalmente direcionada à sustentabilidade.

Qual o melhor conceito para o entendimento do termo sustentabilidade?

Os conceitos são diversos, mas a preocupação é única e global. Fiquemos com o seguinte:
sustentabilidade é um conceito sistêmico relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos,
sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

Saiba mais

Leia mais sobre esse assunto em:

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Sustentabilidade. 2016. Disponível em: https://bit.ly/3bYN3lo. Acesso em:
9 nov. 2021.

Você certamente já observou em diversos lugares os coletores coloridos para descarte de lixo, como
os da figura a seguir. As cores os diferenciam exatamente para que o consumidor possa identificar
rapidamente onde deve dispensar o seu lixo. Apesar disso, frequentemente o descarte é feito de modo
incorreto. Você já refletiu sobre o porquê de isso ainda ocorrer?

Figura 15 – Locais para descartes identificados

Disponível em: https://bit.ly/3C7Mi44. Acesso em: 11 nov. 2021.

38
LOGÍSTICA INTEGRADA

A logística reversa passa por algumas etapas de classificação:

• pós-venda;

• pós-consumo.

A importância dos 4 Rs:

• Repensar: como você pode diminuir a quantidade de lixo que você produz?

• Reutilizar: usar novamente o que já foi utilizado.

• Reaproveitar: aproveitar para outra função o que já foi reutilizado.

• Reciclar: reciclar o que não se pode mais aproveitar.

A logística reversa possui canais de distribuição, que estão divididos conforme segue:

• Canais de distribuição diretos: responsáveis pela comercialização e entrega de produtos ao


consumidor ou ao cliente final.

• Canais de distribuição reversos: constituem todas as etapas ou meios necessários para o retorno
de uma parcela dos produtos comercializados.

Existem cinco programas de logística reversa, conforme Leite (2006):

• Programas econômicos (PE): visam algum tipo de lucro ou resultado financeiro favorável à
organização.

• Programas de imagem (PI): pretendem proteger ou reforçar a imagem corporativa por meio de
atividades que demonstrem preocupação ambiental.

• Programas de cidadania (PC): têm o intuito de responder solicitações sociais como exercício
voluntário de responsabilidade social e corporativa.

• Programas legais (PL): realizados por força de lei existente (pós-consumo e pós venda).

• Programas de serviço ao cliente (PSC): objetivam diferenciar a empresa pelo serviço prestado.

A logística reversa de pós-venda é a área específica de atuação que se ocupa do equacionamento e


operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas correspondentes de bens de pós-venda,
sem uso ou com pouco uso, os quais, por diferentes motivos, retornam aos diferentes elos da cadeia de
distribuição direta, que se constituem em uma parte dos canais reversos pelos quais fluem esses produtos.

39
Unidade I

O grande objetivo da logística reversa é agregar valor a um produto logístico que é devolvido por
razões comerciais, erros no processamento dos pedidos, garantia dada pelo fabricante, defeitos ou falhas
de funcionamento, avarias no transporte, entre outros motivos. Esse fluxo de retorno se estabelecerá
entre os diversos elos da cadeia de distribuição direta, dependendo do objetivo estratégico ou do motivo
do retorno.

A logística reversa de pós-consumo é a área específica de atuação da logística reversa que equaciona
e operacionaliza da mesma forma o fluxo físico, bem como as informações correspondentes de bens
de pós-consumo descartados pela sociedade em geral e que retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo
produtivo por meio dos canais específicos de distribuição reversos.

Constituem bens de pós-consumo os produtos em fim de vida útil ou aqueles usados com possibilidade
de reutilização, bem como os resíduos industriais em geral. Esses produtos de pós-consumo poderão se
originar de bens duráveis ou descartáveis e fluir por canais reversos de reuso, desmanche e reciclagem
até a destinação final.

A figura a seguir demonstra alguns produtos com o tempo de degradação:

Tempo de decomposição dos resíduos

Papel Nylon
de 3 a 6 meses mais de 30 anos

Pano Plástico
de 6 meses a 1 ano mais de 100 anos

Filtro de cigarro Metal


5 anos mais de 100 anos

Chiclete Borracha
5 anos tempo
indeterminado

Madeira pintada Vidro


13 anos 1 milhão de anos

Figura 16 – Produtos de pós‑consumo utilizados pela sociedade

40
LOGÍSTICA INTEGRADA

2.2 Etapas do processo de reciclagem

Todo processo de reciclagem possui etapas que, obrigatoriamente, devem ser cumpridas. A figura a
seguir demonstra estas etapas:

Sucatas
Fundentes
Adições

Produtos
Classificação
Separação
Preparação Fusão
Prensagem
Desintegração Resíduos
(escórias)

Alumínio
Outros materiais metálico

Aterro industrial

Figura 17 – Etapas do processo de reciclagem do alumínio

2.2.1 Classificação da logística reversa pós‑vendas

A logística reversa de pós‑venda deve, portanto, planejar, operar e controlar o fluxo de retorno
dos produtos pós‑venda por motivos agrupados nas classificações: garantia/qualidade, comerciais e
substituição de componentes.

• Devoluções por garantia/qualidade: os produtos apresentam defeitos de fabricação ou de


funcionamento (verdadeiros ou não) e há avarias no produto, na embalagem etc. Esses produtos
poderão ser submetidos a consertos ou reformas, as quais permitam que retornem ao mercado
primário ou a mercados diferenciados denominados secundários, agregando‑lhes novamente
valor comercial.

• Comerciais: destaca‑se a categoria estoques, caracterizada pelo retorno de produtos devido a


erros de expedição, excesso de estoques no canal de distribuição, mercadorias em consignação,
liquidação de estação em vendas, pontas de estoque etc. que retornam ao ciclo de negócios por
meio de redistribuição em outros canais de vendas.

41
Unidade I

Figura 18 - Logística reversa

Fonte: Brasil (2014, p. 25).

Figura 19 – Devoluções comerciais

Fonte: Brasil (2006, p. 28).

42
LOGÍSTICA INTEGRADA

Observação

Se a empresa não trocar o produto por erros cometidos por sua conta,
não deixe de usar o seu direito de consumidor, pois isso é assegurado pelo
código do consumidor.

Saiba mais
O recall de produtos é a devolução pedida pela marca após o término de
validade de produtos ou devido a problemas observados depois da venda.
Essa devolução será feita por motivos legais ou por diferenciação de serviço
ao cliente e se constituirá na classificação “validade” no esquema.

Entenda melhor o assunto consultando:

RODRIGUES, D. J. Logística reversa de BIG - BAG’s: análise de uma


transportadora de cal em Arcos - MG. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia de Produção) - Unifor, Formiga, 2010.

• Substituição de componentes: decorre da substituição de componentes de bens duráveis e


semiduráveis em manutenções e consertos ao longo de sua vida útil e que são remanufaturados,
quando tecnicamente possível e retornam ao mercado primário ou secundário ou são enviados à
reciclagem ou para uma disposição final, caso haja impossibilidade de reaproveitamento.

Figura 20 – Avaliação técnica para substituição de componentes

Disponível em: https://bit.ly/3F7WhZ7. Acesso em: 11 nov. 2021.

43
Unidade I

2.2.2 A classificação reversa de pós‑consumo

A logística reversa de pós‑consumo deverá planejar, operar e controlar o fluxo de retorno de produtos
de pós‑consumo ou de seus materiais constituintes, que são classificados em função de seu estado de
vida e origem em:

• Condições de uso: referem‑se às atividades em que o bem durável e o semidurável apresentam


interesse de reutilização, sendo que sua vida útil é estendida e entra no canal reverso de reúso em
mercado de segunda mão, até atingir o fim de vida útil.

• Fim de vida útil: é dividido em duas áreas: bens duráveis e descartáveis.

—― Na área de bens duráveis ou semiduráveis, os bens entrarão no canal reverso de desmontagem e


reciclagem industrial, sendo desmontados na etapa de desmanche e seus componentes poderão
ser aproveitados ou remanufaturados, retornando ao mercado secundário ou à própria indústria
que, então, irá reutilizá‑los, sendo uma parcela destinada ao canal reverso de reciclagem.

Figura 21 – Bens duráveis

Fonte: São Paulo (2009, p. 16).

―— Na área de descartáveis, havendo condições logísticas, tecnológicas e econômicas, os produtos


de pós‑consumo retornam por meio do canal reverso de reciclagem industrial, canal pelo qual
os materiais constituintes são reaproveitados e se constituem em matérias‑primas secundárias
que voltam ao ciclo produtivo pelo mercado correspondente ou, no caso de não haver as
condições mencionadas, encontram a disposição final: os aterros sanitários, os lixões e a
incineração com recuperação energética.

44
LOGÍSTICA INTEGRADA

Figura 22 – Produtos para reciclagem

Disponível em: https://bit.ly/3Hc1kd1. Acesso em: 11 nov. 2021.

Em julho de 2007, a revista Economia e Negócios, a pedido de seus leitores, publicou informações
de canal reverso de pós‑consumo entre material reciclado. A comparação foi realizada entre latas de
alumínio e garrafas tipo PET.

Quadro 2 – comparação realizada entre latas de alumínio e garrafas tipo PET

Reciclagem de alumínio Reciclagem de PET


1. Economias de custo com material reciclado 1. Alta sensibilidade de preços
2. Os valores não remuneram os diversos elos
2. Alto valor de mercado da cadeia

3. Economias de investimento em instalações 3.custos


Dificuldade técnica de reciclagem, altos
de investimentos e o material também
de fabricação perde propriedades após várias reciclagens
4. Possibilidade técnica de ser refundido 4. Falta de política tributária
infinitas vezes, sem perder propriedades
5. Alto valor comercial, que permite 5. Proibição de uso de material reciclado para
transporte para lugares distantes garrafas da indústria alimentícia
6. Reforço de imagem de empresas 6. Dificuldades para equacionar a coleta e o
envolvidas na reciclagem transporte
7. Inexistência de legislações que imponham 7. O reforço da imagem das empresas que
restrições ao processo reciclam ainda não é suficiente

Adaptado de: Hernandez (2010).

45
Unidade I

Quadro 3 – Fatores de influência sobre quantidade de material reciclado

Setor Econômico Tecnológico Logístico Ecológico Legislação

Alumínio Positivo Positivo Positivo Positivo Neutro

PET Negativo Negativo Negativo Neutro Negativo

Adaptado de: Hernandez (2010).

O cenário de resíduos antes pouco ou não reciclados vem se modificando, ainda que lentamente,
mas com uma grande importância no mundo. Entre essas mudanças estão a economia circular.

Saiba mais

O estado do Paraná instituiu o Sistema Estadual de Informações


sobre Resíduos Sólidos, que estabelece a criação da plataforma digital
Contabilizando Resíduos. Consulte o texto da resolução outorgada pelo
estado em:

PARANÁ (Estado). Resolução Conjunta Sedest/IAT 20. Curitiba, 20 jul. 2021.


Disponível em: https://bit.ly/3Ddhi3W. Acesso em: 9 nov. 2021.

2.3 Questão legal

2.3.1 Fatores de influência na organização das cadeias reversas

Conforme Leite (2003) alguns fatores‑chave ou propulsores para o desenvolvimento da demanda


para os produtos com conteúdos de reciclados no futuro mercado:

• Um consumidor comprometido com o denominado produto verde.

• O aumento dos custos ecológicos nos negócios.

• Um suporte legal e político.

• O avanço em tecnologia de reciclagem e o projeto de produtos visando à sua utilização após a


sociedade o descartar.

• A localização dos utilizadores de reciclados perto das fontes de pós‑consumo.

46
LOGÍSTICA INTEGRADA

A figura a seguir indica como esses fatores atuam na influência organizacional.

Retorno Fatores:
ao ciclo
produtivo
Econômicos

Canais Ecológicos
diretos Canais
reversos
FD Legislativos
FR
Fluxo
direto Fluxo Logísticos
reverso
Tecnológicos

Produtos de pós-consumo
FD - FR → equilíbrio

Figura 23 – Fatores de influência na organização dos canais reversos de pós–consumo

Adaptada de: Leite (2003).

Nessa figura, identifica‑se a possível atuação dos diversos fatores, que, de alguma forma, podem
influenciar a organização dos fluxos reversos, por meio da logística reversa, dos diferentes materiais e
produtos, e a relação entre a quantidade reintegrada ao ciclo produtivo FR e a quantidade disponível
de pós‑consumo FD. A quantidade FR representa o fluxo físico reverso de materiais, desde a coleta do
produto de pós‑consumo até a sua reintegração ao ciclo produtivo; e a quantidade FD representa o fluxo
físico direto que flui pelos canais diretos de distribuição. A diferença FD – FR, que não é reaproveitada,
constitui o excesso, que é enviado a um local adequado ou se transforma em poluição com as dificuldades
já examinadas de sua avaliação e mensuração.

Para atender aos objetivos para implementação da logística reversa nos setores da empresa, o
equilíbrio desses fluxos é regido pela atuação de diversos fatores.

2.3.2 Condições essenciais de organização e implementação da logística reversa em um


canal reverso

Algumas exigências para condições essenciais para que o fluxo reverso se estabeleça:

• Remuneração em todas as etapas reversas

A lucratividade obtida de cada fase reversa deve satisfazer os interesses econômicos dos diversos
agentes, com custos agregados que permitam preço de venda dos reciclados inferior ou compatível com
as matérias‑primas virgens que vão substituir, que propiciem interesse econômico aos produtos nos
quais foram reintegradas e que possuam condições de mercado satisfatórias.

47
Unidade I

• Qualidade dos materiais reciclados

A reintegração ao ciclo produtivo deve permitir produtos com conteúdos de itens reciclados que
sejam economicamente aceitáveis e que tenham rendimentos industriais compatíveis nos processos.
Esse é um aspecto vital, pois, geralmente, as condições e o tipo de coleta e processamento do
pós‑consumo influem na qualidade da matéria‑prima secundária. As contaminações com materiais
de outra natureza podem inviabilizar a utilização do reciclado.

• Escala econômica de atividade

As quantidades de reciclados devem ser suficientes e apresentar constância no tempo, de modo que
garantam atividades em escala econômica e empresarial. Uma das maiores dificuldades nas cadeias
reversas é a obtenção da constância de fornecimento de pós‑consumo e em quantidades satisfatórias,
as quais permitam essa garantia. O equacionamento da logística reversa é essencial.

• Mercado para os produtos com conteúdos de reciclados

É preciso que haja, de forma quantitativa e qualitativa, mercado para os produtos fabricados com
materiais reciclados, e isso refletirá nas demandas de reciclados. De forma geral, com exceção dos metais,
há restrições técnicas ao processamento e à performance final dos produtos fabricados com materiais
reciclados. Isso possibilita à matéria‑prima secundária ser utilizada em proporções diferentes, variando
em função do tipo de aplicação do produto final.

Sacos de lixo plásticos no Brasil, por exemplo, são feitos com resina plástica 100% reciclada; já na
fabricação de papéis com conteúdo de reciclados, as proporções de uso são variáveis, em função do
tipo e do uso do produto. No caso de garrafas de refrigerante da resina PET, existe proibição legal da
utilização de resina reciclada em garrafas para a indústria alimentícia, restando, ao setor, encaminhar o
reciclado para outros tipos de produtos. Evidentemente, essas restrições para esses produtos possuem
os respectivos canais reversos de grande parte dos materiais.

2.3.3 Fatores necessários para a organização de um canal de distribuição reverso de


pós‑consumo (CDR)

Os três fatores necessários à organização da cadeia reversa são:

• Fatores econômicos

São entendidos como as condições que permitem a realização das economias necessárias à
reintegração das matérias‑primas secundárias ao ciclo produtivo que financia a remuneração adequada
aos agentes da cadeia produtiva reversa.

48
LOGÍSTICA INTEGRADA

• Fatores tecnológicos

É preciso que a tecnologia esteja à disposição para o tratamento, de forma econômica, dos
resíduos em seu descarte em sua captação como pós‑consumo na desmontagem, na separação dos
diversos materiais constituintes, na reciclagem propriamente dita, ou no processo de transformação
dos resíduos em matérias‑primas recicladas, as quais substituirão as novas em sua reintegração ao
ciclo produtivo.

• Fatores logísticos

Referem‑se à existência de condições de organização, localização e sistemas de transporte entre


os vários elos da cadeia de distribuição reversa: fontes primárias de captação, centros de consolidação
e adensamento de cargas dos materiais de pós‑consumo, processadores intermediários, centros de
processamento de reciclagem, bem como aos usuários finais desses materiais reciclados. A característica
logística dos materiais de pós‑consumo e, em especial, a sua transportabilidade revelam‑se de enorme
importância na estruturação e na eficiência dos canais reversos.

2.3.4 Fatores modificadores da organização de um canal de distribuição reverso (CDR)

Os fatores modificadores têm influência na forma de reação às condições naturais preexistentes em


certos tipos de canais de distribuição reversos. Esses fatores podem se tornar verdadeiros incentivadores
da organização das cadeias reversas, devido à crescente sensibilidade ecológica da sociedade e aos
crescentes custos exigidos pelo poder público para o equacionamento dos excessos de bens de
pós‑consumo. Adiante, apresentam‑se os fatores de acordo com Leite (2003):

• Fatores ecológicos

São aqueles que são motivados pela sensibilidade ecológica de qualquer agente: governo, sociedade
ou empresas. Iniciativas do próprio governo, pressões sociais induzindo o governo à intervenção,
seletividade ecológica da sociedade no consumo de bens, bem como a preocupação e responsabilidade
ambiental das empresas poderão modificar as condições de um canal reverso.

Esses novos comportamentos, principalmente em países mais desenvolvidos, nos quais se tornaram
mais visíveis nos últimos anos, passam a exigir novas posições estratégicas das empresas com relação ao
impacto de seus produtos e processos industriais no meio ambiente, justificando novas e importantes
motivações de implementação da logística reversa, de modo que se mantenham competitivas.

• Fatores legislativos

Os fatores legislativos são fatores modificadores por intervenção governamental, visando à


regulamentação, à promoção, à educação e ao incentivo à melhoria do retorno dos produtos ao ciclo
produtivo. Eles podem ser motivados como uma alternativa de redução de custos governamentais para
a satisfação de pressões de grupos sociais ou políticos ou para desbloquear fases do processo reverso,
49
Unidade I

a fim de melhorar seu desempenho, justificando, atualmente, inúmeros casos de implementação de


logística reversa em empresas.

Por meio de legislação correspondente, o nível de intervenção ou omissão dos governos poderá
influir nessa organização dos canais reversos. O subsídio às matérias‑primas ou à energia elétrica, por
exemplo, fato relativamente comum, deve reduzir o interesse no material reciclado por baixar seus
preços; a responsabilidade em relação aos níveis de reciclagem de determinado setor de bens deverá
intensificar a organização dos canais de distribuição reversos; a coleta seletiva obrigatória certamente
melhorará a eficiência dos canais reversos dos produtos descartáveis.

• O fator modificador legal

Alguns canais reversos se estruturam naturalmente pelas leis de mercado, pelo fato de sua
comercialização e sua reutilização apresentarem condições econômicas, tecnológicas e logísticas que
garantem rentabilidade aos stakeholders envolvidos em seus diversos elos, nos quais a implementação
da logística reversa depende, exclusivamente, das empresas do setor.

Os fatores modificadores nos canais reversos, como estudado anteriormente, são identificados como
os de intervenção governamental que alteram as condições naturais de equilíbrio do mercado, visando
melhorar a oferta de quantidades de materiais de pós‑consumo disponíveis e reciclados, bem como
regular o destino final dos resíduos ou as condições de mercado dos produtos confeccionados com
materiais secundários, entre outras possibilidades, propiciando, assim, a implementação da logística
reversa nas empresas do setor.

Normalmente, as legislações ambientais sobre resíduos sólidos possuem origens em uma reação aos
impactos que os excessos desses resíduos provocam no meio ambiente, seja por dificuldades crescentes
de se desembaraçar deles até a disposição final, seja pelo impacto negativo no meio ambiente provocado
pelo desequilíbrio entre a oferta e a demanda que os resíduos provocam. E tais legislações têm sido
divulgadas em diversos países, a fim de intervir em fases reversas, para que haja a melhoria desses
desequilíbrios, por meio de modificações nas condições de oferta de materiais reciclados de um grupo
específico de produtos e de mercado desses materiais ou de seus produtos finais.

2.3.5 Revalorização legal dos bens de pós‑consumo

Os governos, em todos os níveis, têm representado um papel importante no desenvolvimento de


alguns canais de distribuição reversos, pois a correção de situações de desequilíbrio entre os fluxos
reversos e diretos, muitas vezes, deixa de onerar o próprio governo e, em consequência, a sociedade.

O nível de intervenção governamental sobre o livre mercado sempre será algo a ser discutido, porém,
nos casos em que as associações de classe de fabricantes e de outros integrantes da cadeia industrial
direta não se adiantem, e mesmo que colaborem com a busca de soluções para os problemas desses
desequilíbrios causadores de impactos no meio ambiente, a intervenção governamental poderá ser

50
LOGÍSTICA INTEGRADA

necessária. Identifica‑se um risco e ao mesmo tempo uma oportunidade empresarial de as empresas


se anteciparem às legislações e, ainda, de contribuírem para sua regulamentação, preparando sua
organização interna e incluindo a logística reversa em suas reflexões estratégicas.

De acordo com Leite (2003), alguns canais reversos estruturam‑se naturalmente por leis de mercado, pelo
fato de sua comercialização e sua reutilização apresentarem condições econômicas, tecnológicas e logísticas,
que garantem rentabilidade aos agentes envolvidos em seus diversos elos, nos quais a implementação da
logística reversa depende, exclusivamente, das empresas do setor. Os custos, no entanto, em alguns casos,
desde a coleta dos produtos de pós‑consumo até a integração ao ciclo produtivo, superam as vantagens
econômicas de reutilizá‑los em substituição às matérias‑primas originais ou de nova utilização dos bens
em condições de uso, sendo necessário criar condições para desbloquear uma das fases reversas, para que
esses canais reversos se estruturem e apresentem rentabilidade em todas elas.

2.4 Questão ambiental

Contrariamente às primeiras legislações do início dos anos 1970, cuja tendência era responsabilizar
os governos locais pelo impacto ambiental dos resíduos sólidos, hoje, as legislações mais recentes
responsabilizam, direta ou indiretamente, os fabricantes pelo impacto de seus produtos no meio
ambiente (LEITE, 2003).

Dirigem‑se às etapas de reciclagem as leis que responsabilizam os fabricantes, ou, de forma indireta,
por meio de coibições em aterros sanitários, da utilização de certos tipos de embalagens plásticas até a
devida estruturação dos canais reversos etc.

Para que haja uma eficiente gestão ambiental, é necessária uma série de atividades as quais devem
ser administradas para formular estratégias de administração do meio ambiente para assegurar que
a empresa esteja em conformidade com as leis ambientais, sendo elas: implementar programas de
prevenção à poluição, gerir instrumentos de correção de danos ao meio ambiente, adequar os produtos
às especificações ecológicas, além de monitorar o programa ambiental na própria empresa.

A questão social também é fundamental para as organizações, porque diz respeito ao seu impacto
no sistema social em que operam. É abordada por meio da análise do impacto da organização sobre as
suas partes interessadas: colaboradores, fornecedores, consumidores/clientes, comunidade, governo e
sociedade em geral – em nível local, nacional e global. Uma empresa socialmente responsável vai, assim,
procurar minimizar os impactos negativos e elevar os positivos, passando a estabelecer e pôr em prática
seus sistemas de gestão ambiental.

Esses sistemas são novos padrões de gestão da qualidade que atuam como ferramentas para a
prática de novos procedimentos apropriados em direção à meta do desenvolvimento sustentável.
Um bom exemplo de ferramenta gerencial utilizada para melhoria do desempenho ambientalmente
responsável é a análise de projetos, pois eles devem ser submetidos à avaliação de impacto ambiental.

51
Unidade I

De acordo com Tocchetto e Pereira (2007), as indústrias brasileiras passaram a responder à legislação
ambiental a partir da década de 1980, quando esta se tornou cada vez mais restritiva. A exigência
do cumprimento da legislação proporciona a criação de uma nova cultura empresarial pela educação
ambiental, reduzindo ou evitando multas decorrentes da poluição, bem como a redução de custos com
seguros e indenização a terceiros (CARLOS et al., 2003).

A seguir, algumas legislações relativas a coletas e disposição final:

• Legislações sobre proibições de aterros sanitários e incineradores

Essas legislações têm sido muito utilizadas em diversos países para impedir a criação de novos
aterros sanitários e incineradores. Elas baseiam‑se na ideia de que a sociedade, em geral, não deseja ter
em suas vizinhanças os problemas causados por essas instalações: doenças decorrentes da exalação de
gases e seus odores, da contaminação de lençol freático, da presença de animais e pássaros indesejados,
entre outros inconvenientes.

• Legislações sobre implantação de coleta seletiva

Como maneira de reduzir as quantidades que chegam aos aterros e para a incineração, o governo
intervém por meio de legislação, tornando obrigatória a coleta seletiva domiciliar e comercial. Na
maior parte dos casos estudados, essas intervenções, quando bem elaboradas, criam condições para o
estabelecimento de inúmeras novas atividades empresariais nas comunidades e grande quantidade de
parcerias entre empresas.

• Legislações relativas à responsabilidade do fabricante sobre o canal reverso de seus


produtos

Nesses casos, a legislação é dirigida, via de regra, a produtos duráveis e suas embalagens. Visa, em
geral, catalisar ações da cadeia produtiva desses bens para equacionar seus produtos, suas embalagens
e sua logística reversa, de modo que se permita o retorno após o término de sua vida útil.

• Legislações sobre proibição de disposição em aterros sanitários de certos produtos

Trata‑se de mais uma das formas legislativas encontradas para reduzir as quantidades de resíduos
sólidos nos aterros, que é generalizada, em grande parte das metrópoles mundiais. As proibições são
dirigidas, principalmente, a produtos contendo substâncias danosas á saúde e àquelas de grande volume.
São comuns as proibições de:

—―baterias de automóveis;

—― óleos lubrificantes;

—―pilhas de certas categorias;

52
LOGÍSTICA INTEGRADA

—― eletrodomésticos;

—― móveis etc.

• Legislações sobre o valor monetário depositado na compra de certos tipos de embalagens

Essas legislações visam geralmente a dois objetivos:

—― Procuram instituir o pagamento antecipado dos custos de disposição dos bens.

—― Referem‑se a um depósito efetuado no ato da compra, que será restituído na devolução da


embalagem, tendo garantido seu retorno para a coleta seletiva.

• Legislações sobre índices mínimos de reciclagem

Trata‑se de um caso menos comum de legislação no qual é exigida, para certos produtos, determinada
quantidade de produtos constituintes reciclados.

Legislações relativas ao marketing:

• Legislações de incentivo ao conteúdo de reciclados nos produtos

Normalmente são utilizadas por entidades governamentais junto aos seus fornecedores como
maneira de dar o exemplo de cidadania.

• Legislações sobre proibição de venda ou uso de certos produtos

Na impossibilidade de controle e melhoria no equilíbrio dos fluxos reverso e direto de certos produtos,
o governo promulga uma lei que impede a comercialização ou o uso desses produtos.

• Legislações sobre proibição de embalagens descartáveis

São utilizadas principalmente na área de embalagens de produtos e, sob a mesma argumentação


do caso anterior, os governos exigem que as embalagens sejam retornáveis para evitar os excessos de
pós‑consumo.

• Legislações sobre rótulos ambientais

Essas legislações visam normatizar os diversos tipos de rótulos de produtos, tais como biodegradável,
amigável, reciclável etc.

53
Unidade I

• Legislações sobre incentivos fiscais

Essas legislações podem versar sobre isenções com relação à utilização de produtos de pós‑consumo,
incentivo à produção por meio de tributação diferenciada para produtos com conteúdo de reciclados,
eliminação de incentivos tributários a certas matérias‑primas, eliminação de tarifas subsidiadas para a
produção de certas matérias‑primas, além de outros aspectos observados em diferentes regiões.

• Legislações relativas à redução na fonte

São legislações de incentivo de diversas naturezas para as empresas que reduzem o consumo de recursos
não renováveis, ou que modificam produtos para condições menos impactantes ao meio ambiente.

Saiba mais

A empresa do futuro não se preocupará apenas em fabricar, vender e


distribuir, também será responsável pelo recolhimento, tratamento e reciclagem
dos resíduos de seus produtos. Entenda melhor a logística reversa lendo:

FERREIRA, C. Logística reversa: aspectos importantes para a administração de


empresas. 2002. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração
de Empresas) - Centro Universitário Assunção, São Paulo, 2002.

2.5 Questão estratégica

Para nos aprofundarmos sobre a logística reversa, também podemos analisar o estudo das estratégias
de implantação, que estão demonstradas no quadro adiante:

Quadro 4 – Estratégias de implantação

Estratégia organizacional Competitividade e responsabilidade empresarial, funções específicas.

Adequação do mix de produtos Projeto para logística reversa, embalagens, processos industriais e
análise do ciclo de vida.

Projeto da rede reversa Níveis de integração, coletas, consolidação, mercados, informações,


parcerias e terceirizações.
Projetos de aspectos fiscais Classificação e propriedade.

Quando nos referimos à estratégia organizacional, é importante frisarmos a competitividade, pois


possibilita que busquemos reduzir custos, reter e/ou fidelizar o cliente e manter a imagem corporativa.

54
LOGÍSTICA INTEGRADA

Novos padrões de competitividade empresarial

Elaborados no pós‑guerra pelos principais gurus acadêmicos, Deming, Juran e Crosby, só em décadas
mais recentes os preceitos e a filosofia de qualidade total foram realmente colocados em prática nas
organizações com a conhecida defasagem cronológica entre o Oriente e o Ocidente, adquirindo, hoje em
dia, a condição qualificadora para as empresas modernas.

Competitividade é a base do sucesso ou fracasso de um negócio em que há livre concorrência.


Aqueles com boa competitividade prosperam e se destacam dos seus concorrentes, independente do seu
potencial de lucro e crescimento.

A produtividade depende da qualidade e das características dos produtos e a eficiência com que eles
são fabricados.

Boa parte desses preceitos focaliza o relacionamento entre clientes e fornecedores, internos e
externos, de modo que se entenda o que o primeiro necessita do segundo, formando, assim, uma
corrente virtual em direção ao consumidor final e acrescentando valor de diferentes naturezas
ao produto ou serviço fornecido. Mais tarde, um modelo sistêmico foi idealizado utilizando essas
ideias para explicar o processo de acréscimo de valores perceptíveis ao cliente, transformando as
atividades funcionais de produto em atividades de um processo integrado horizontal e, visando maior
competitividade empresarial.

Um consistente processo de diferenciação tem sido obtido por meio desses preceitos por empresas
líderes no mercado, ao focalizar um relacionamento eficaz entre clientes e fornecedores, adequando
produtos e processos às necessidades e aos valores corporativos de seus clientes e, permitindo duradoura
relação de fidelidade nos negócios. Uma verdadeira corrente virtual se forma em direção ao mercado,
acrescentando, de forma eficaz, valor de diferentes naturezas a seus produtos ou serviços perceptíveis
ao cliente ou ao consumidor final (CHRISTOPHER, 1997).

Essa visão estratégica e integrada da rede de operações, o supply chain management, tem permitido
que se amplie a visão dos fluxos para além da entrega dos produtos ao mercado – os fluxos reversos
– por meio da percepção das oportunidades de acréscimo de valor de diferentes naturezas, que o
retorno e a reintegração dos bens e de seus materiais constituintes ao ciclo de negócios ou ao ciclo
produtivo podem oferecer e, assim, estabelecendo‑se o reverse supply chain management dos produtos
de pós‑venda ou de pós‑consumo.

Hoje em dia, é comum as empresas utilizarem a logística e a logística reversa dentro do mesmo do
processo para serem mais competitivas e, às vezes, quem executa esse processo logístico reverso são
empresas terceirizadas especializadas em logística reversa.

De acordo com Leite (2003), existem motivos para as empresas operarem em canais reversos como
os indicados na tabela a seguir:

55
Unidade I

Tabela 1 – Motivos estratégicos para as empresas operarem os canais reversos

Motivo estratégico Porcentagem de empresas respondentes


Aumento de competitividade 65,2%
Limpeza de canal – estoques 33,4%
Respeito às legislações 28,9%
Revalorização econômica 27,5%
Recuperação de ativos 26,5%

Observa‑se que o motivo aumento da competitividade foi apontado por 65% de cerca de 70 empresas
participantes da pesquisa, justificando o estabelecimento de suas redes e parcerias reversas. Os demais
motivos, não menos importantes, permitem avaliar as diferentes formas de acréscimo de valor que a
logística reversa oferece.

2.5.1 Economia circular

Aliado à logística reversa e ampliando esse conceito, surgiu no cenário econômico um conceito
inovador: o da economia circular. De acordo com Artico, (2020), o modelo atual de economia linear
utilizado pela sociedade não é mais suficiente e não conseguirá atender a demanda cada vez maior de
consumo e tecnologias.

Conforme a Fundação Ellen MacArthur (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2017), o modelo


econômico que utiliza a fórmula de “extrair, transformar, descartar” da atualidade está atingindo seus
limites físicos. É necessário estabelecer um novo cenário com novas perspectivas para que a geração
futura consiga desenvolver e gerar riqueza, preservando o nosso bem maior, que é a natureza. Nesse
novo cenário, a economia circular surge como uma das alternativas para ter uma sociedade mais justa
e igualitária. A figura a seguir indica a economia atual como sistema linear:

Economia linear

Recursos Extração Manufatura Disposição Resíduos


naturais final

Mistura de materiais técnicos e biológicos


Energia de fontes finitas

Figura 24 – Economia linear

A economia circular ainda é algo novo e traz muitos benefícios para toda a sociedade. Uma das
principais atividades da economia circular é dissociar a atividade econômica do consumo de recursos
finitos e eliminar resíduos do sistema por princípio (ARTICO, 2020). A economia circular tem como base
três princípios:
56
LOGÍSTICA INTEGRADA

• eliminar resíduos e poluição;

• manter produtos e materiais em ciclos de uso;

• regenerar sistemas naturais.

Para a Fundação Ellen MacArthur, o conceito de economia circular não se restringe a qualquer
escala, podendo ser aplicado a grandes e pequenos negócios, para organizações e indivíduos, global e
localmente (ELLEN MACATHUR FOUNDATION, 2017).

Saiba mais

Amplie seus conhecimentos sobre esse novo sistema econômico lendo

ARTICO, J. A. Economia circular será o futuro? In: GARCIA, S. (org.).


Gestão 4.0 em tempos de disrupção. São Paulo: Blucher, 2020.

57
Unidade I

Resumo
A logística é uma área relativamente nova e já há algum tempo é
estratégica dentro das organizações. Ela só é possível com o desenvolvimento
de suas cadeias de suprimentos, cuja evolução é reflexo da dinâmica de
redes de organizações que compõem as relações de processos de negócios,
as quais, por sua vez, produzem valor através do fluxo de produtos, serviços,
informação e recursos financeiros ao longo do canal, desde os fornecedores
de primeira linha até o consumidor final e o destino do produto após
o seu uso.

Dessa forma, o atendimento ao cliente final é muito mais eficaz, ainda


mais sabendo que os consumidores estão mais exigentes e querem produtos
cada vez melhores, com entrega no prazo e sempre que precisarem. Para
que o consumidor possa se beneficiar de todas as suas exigências, existe o
gerenciamento da rede de suprimentos, que tem o nome de supply chain
management.

Com o gerenciamento da rede, as empresas estão obtendo sucesso


no compartilhamento e integração de informação com fornecedores e
reduzindo níveis de estoques, entendendo como funciona cada parte
do processo do produto e também promovendo melhoria dos custos ou
serviços aos consumidores e produtos.

Outro ponto essencial dentro dos processos de supply chain management


é a tecnologia de informação e, por isso, há a necessidade da utilização de
sistemas que ajudem a gerir as informações provenientes desde as fontes
primárias de recursos até os consumidores finais.

O fluxo de informações é um elemento de grande importância nas


operações logísticas. Pedidos de clientes e de ressuprimento, necessidades
de estoque, movimentações nos armazéns, documentação de transporte
e faturas são algumas das formas mais comuns de informações logísticas.

Comentamos a sustentabilidade e a logística reversa com a visão estratégica


e integrada da rede de operações, aliadas ao supply chain management. Elas
têm permitido que se amplie a visão dos fluxos para além da entrega
dos produtos ao mercado – os fluxos reversos – por meio da percepção
das oportunidades de acréscimo de valor de diferentes naturezas que o
retorno e a reintegração dos bens e de seus materiais constituintes ao
ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo podem oferecer, estabelecendo,
assim, o reverse supply chain management dos produtos de pós-venda ou
de pós-consumo. E ampliando o conceito de sustentabilidade, falamos da
metodologia inovadora, a economia circular.
58
LOGÍSTICA INTEGRADA

Exercícios

Questão 1. Veja a figura a seguir, na qual temos os principais objetivos da cadeia de suprimentos
(supply chain).

Reduzir custos de
fornecimento

Reduzir tempo total


Objetivos da
gestão da cadeira Aumentar as margens dos
de suprimentos produtos

Aumentar a produção

Melhorar o retorno
de investimentos

Figura 25

Adaptada de: Martins e Laugeni (2006).

Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as asserções e a relação proposta entre elas.

I – Para que os objetivos expressos na figura sejam alcançados, a gestão da cadeia de suprimentos
procura a sintonia entre os agentes envolvidos e busca a eficiência conjunta ao longo da cadeia.

porque

II – A gestão da cadeia de suprimentos baseia-se na concepção de que a eficiência ao longo de


toda a cadeia pode ser aumentada se houver o compartilhamento de informações e a realização do
planejamento conjunto entre os agentes.

Assinale a alternativa correta.

A) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justifica a I.

B) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II não justifica a I.

C) As asserções I e II são falsas.

D) A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa.

E) A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira.

Resposta correta: alternativa A.


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Unidade I

Análise da questão

A gestão da cadeia de suprimentos (GCS) busca a sintonia entre os agentes envolvidos, com
a finalidade de elevar a competitividade integral da cadeia. Para que tal sintonia se concretize, é
necessária a realização de relacionamentos cada vez mais cooperativos, feitos por meio de alianças
estratégicas e com o uso de sistemas logísticos e de ferramentas de tecnologia da informação. Isso
porque a GCS faz referência à ideia de que a melhoria da eficiência ao longo de toda a cadeia pode ser
obtida com o compartilhamento de informações e com a realização do planejamento conjunto entre os
agentes. Podemos dizer que a GCS tem como premissa a integração das atividades da cadeia por meio
do aprimoramento dos relacionamentos entre os agentes, visando estabelecer vantagens competitivas.

Questão 2. Em relação ao marketing, à logística e à integração entre eles, avalie as asserções


seguintes e a relação proposta entre elas.

I – A eficiência na logística é a única competência que contribui para o sucesso de uma empresa e,
por isso, ela é fundamental para o bom atendimento ao cliente.

porque

II – O elo formado entre a logística e o marketing é importante para que as necessidades dos clientes
sejam conhecidas e atendidas.

Assinale a alternativa correta:

A) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justifica a I.

B) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II não justifica a I.

C) As asserções I e II são falsas.

D) A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa.

E) A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira.

Resposta correta: alternativa E.

Análise da questão

O sistema de logística integrada é formado pelas funções marketing e pelos serviços prestados ao
cliente. Assim, os serviços logísticos e de marketing estão ligados.

A logística é responsável pela colocação, no local certo, do produto certo e no tempo certo. Logo,
trata-se de uma área fundamental para o bom atendimento ao cliente. No entanto, a eficiência na
logística não é o único elemento que determina o êxito de uma empresa.
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