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10/4/2014 Gizmodo Mobile

CIÊNCIA

O Paradoxo de Fermi: onde é que estão as outras Terras?


Por: Tim Urban
13 de setembro de 2014 às 16:02

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Quando você está em algum lugar propício para admirar as estrelas, e se a noite estiver especialmente
boa para vê-las, é incrível olhar para cima e se deparar com algo semelhante à imagem acima.

Algumas pessoas ficam impressionadas pela beleza do céu, ou se deslumbram com a vastidão do
universo. No meu caso, eu passo por uma leve crise existencial, e depois ajo bem estranhamente
por meia hora. Cada um reage de um jeito diferente.

O físico Enrico Fermi também reagia diferente, e se perguntou: “cadê todo mundo?”

Os números
Um céu estrelado parece imenso, mas tudo o que estamos vendo é a nossa vizinhança. Nas melhores
noites estreladas, nós podemos ver até 2.500 estrelas (mais ou menos um centésimo de milionésimo
do total de estrelas em nossa galáxia). Quase todas estão a menos de mil anos-luz de nós (ou 1% do
diâmetro da Via Láctea). Então, na verdade estamos olhando para isto:

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Nosso céu noturno é formado por uma pequena parte das estrelas próximas e mais brilhantes dentro
do círculo vermelho.

Quando somos confrontados com o assunto de estrelas e galáxias, uma questão que atormenta a
maior parte dos humanos é: “há vida inteligente lá fora?” Vamos colocar alguns números nessa
questão; se você não gosta de números, pode ler só o negrito.

Nossa galáxia tem entre 100 bilhões e 400 bilhões de estrelas; no entanto, este é quase o
mesmo número de galáxias no universo observável. Então, para cada estrela da imensa Via Láctea, há
uma galáxia inteira lá fora. No total, existem entre 10^22 e 10^24 estrelas no universo. Isso significa
que para cada grão de areia na Terra, há 10.000 estrelas no universo.

O mundo da ciência não está em total acordo sobre qual porcentagem dessas estrelas são parecidas
com o Sol (similares em tamanho, temperatura e luminosidade). As opiniões tipicamente vão de 5% a
20%. Indo pela mais conservadora (5%) e o número mais baixo na estimativa total de estrelas (10^22),
isso nos dá 500 quintilhões, ou 500 bilhões de bilhões de estrelas similares ao Sol.

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Também há um debate sobre qual porcentagem dessas estrelas similares ao Sol poderiam ser
orbitadas por planetas similares a Terra (com condições parecidas de temperatura, que poderiam ter
água líquida e que poderia sustentar vida similar à da Terra). Alguns dizem que é até 50%, mas vamos
ficar com os conservadores 22% que apareceram em um recente estudo no PNAS. Isso sugere que há
um planeta similar à Terra, potencialmente habitável, orbitando pelo menos 1% do total de estrelas do
universo: um total de 100 bilhões de bilhões de planetas similares à Terra.

Então existem 100 planetas parecidos com a Terra para cada grão de areia do mundo. Pense nisso na
próxima vez que for à praia.

Daqui para a frente, nós não temos outra escolha senão sermos especulativos. Vamos imaginar que,
depois de bilhões de anos de existência, 1% dos planetas parecidos com a Terra tenham desenvolvido
vida (se isso for verdade, cada grão de areia representaria um planeta com vida). E imagine que em
1% desses planetas avance até o nível da vida inteligente, como aconteceu na Terra. Isso significaria
que teríamos 10 quatrilhões, ou 10 milhões de bilhões de civilizações inteligentes no universo
observável.

Voltando para a nossa galáxia e fazendo as mesmas contas usando a estimativa mais baixa de
estrelas na Via Láctea, estimamos que existem 1 bilhão de planetas similares à Terra, e 100 mil
civilizações inteligentes na nossa galáxia. (A Equação de Drake traz um método formal para esse
processo limitado que estamos fazendo).

A SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre, na sigla em inglês) é uma organização dedicada a ouvir
sinais de outras vidas inteligentes. Se nós estivermos certos e houver 100 mil ou mais civilizações
inteligentes na nossa galáxia, uma fração delas estaria emitindo ondas de rádio, ou raios laser, ou
qualquer coisa para realizar contato. Então os satélites da SETI deveria estar recebendo sinais de todo
tipo, certo?

Mas não está. Nunca recebeu.

Cadê todo mundo?

Tipos de civilização
E tudo fica mais estranho. Nosso Sol é relativamente jovem em relação ao universo. Há estrelas muito
mais velhas, com planetas muito mais velhos e semelhantes à Terra, o que em teoria representaria
civilizações muito mais avançadas que a nossa. Por exemplo, vamos comparar nossa Terra de 4,54
bilhões de anos com um hipotético planeta X, com seus 8 bilhões de anos.

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Se o planeta X tiver uma história similar a da Terra, vamos olhar para onde sua civilização estaria hoje:

Hoje, o Planeta X estaria a 3,46 bilhões de anos de desenvolvimento além do que temos hoje.

A tecnologia e o conhecimento de uma civilização mil anos à nossa frente poderia ser tão chocante
quanto nosso mundo seria para uma pessoa medieval. Uma civilização um milhão de anos à frente
poderia ser tão incompreensível para nós quanto a cultura humana é para chimpanzés. E o planeta X
está a 3.4 bilhões de anos à frente de nós…

Existe algo chamado de Escala Kardashev, que nos ajuda a agrupar civilizações inteligentes em três
grandes categorias, de acordo com a quantidade de energia que usam:

uma Civilização Tipo I tem a habilidade de usar toda a energia de seu planeta. Nós não somos
exatamente uma Civilização Tipo I, mas estamos perto (Carl Sagan criou uma fórmula para essa
escala que nos coloca como uma Civilização Tipo 0,7);
uma Civilização Tipo II pode colher toda a energia de seu sistema solar. Nosso débil cérebro Tipo I mal
consegue imaginar como alguém faria isso, mas nós tentamos nosso melhor, imaginando coisas como
a Esfera de Dyson.
uma Civilização Tipo III ultrapassa fácil as outras duas, acessando poder comparável ao da Via Láctea
inteira.

Se esse nível de avanço parece difícil de acreditar, lembre-se do planeta X e de seus 3,4 bilhões de
anos de desenvolvimento além do nosso (cerca de meio milhão de vezes mais do que o tempo que a
raça humana existe). Se uma civilização no planeta X for similar à nossa e foi capaz de sobreviver até
chegar no Tipo III, é natural pensar que a essa altura eles provavelmente já dominaram a viagem
interestelar, possivelmente até mesmo colonizando a galáxia inteira.

Como essa colonização galáctica teria acontecido? Uma hipótese: cria-se um maquinário que
pode viajar para outros planetas, passam-se uns 500 anos se auto-replicando usando os materiais que
encontrarem no novo planeta, e então enviam-se duas réplicas para fazerem a mesma coisa.

Mesmo sem alcançar nada perto da velocidade da luz, esse processo colonizaria a galáxia inteira em
3,75 milhões de anos, relativamente um piscar de olhos quando estamos falando de uma escala de
bilhões de anos:

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Nesta evolução exponencial, a galáxia estaria completamente colonizada em 3,75 milhões de


anos. Fonte: J. Schombert, U. Oregon

Continuando a especular, se 1% da vida inteligente sobreviver tempo suficiente para se tornar uma
colonizadora de galáxias Civilização Tipo III em potencial, nossos cálculos acima sugerem que
haveriam mil Civilizações Tipo III só em nossa galáxia. Dado o poder de tal civilização, sua presença
provavelmente seria fácil de se notar. E, ainda assim, nós não vemos nada, não ouvimos nada e não
fomos visitados por ninguém.

Então cadê todo mundo?

Sejam bem-vindos ao Paradoxo de Fermi.

Ainda não há uma resposta para o Paradoxo de Fermi. O melhor que podemos fazer é conseguir
“explicações possíveis”. E se você perguntar a dez cientistas diferentes qual o palpite deles sobre a
explicação correta, você terá dez respostas diferentes. Sabe quando humanos de antigamente
discutiam se a Terra era redonda, ou se o Sol girava em torno da Terra, ou achavam que os raios
aconteciam por causa de Zeus? Por isso, hoje eles parecem primitivos e ignorantes; no entanto, esse é
mais ou menos o ponto em que estamos neste assunto.

Ao analisar as hipóteses mais discutidas sobre o Paradoxo de Fermi, vamos dividi-las em duas
grandes categorias: as explicações que supõem que não há sinal de Civilizações Tipo II e III porque
elas não existem; e as explicações que sugerem que elas estão lá, só que não estamos vendo ou
ouvindo nada por outros motivos.

Grupo 1 de Explicações: não há sinais de civilizações superiores (Tipos


II e III) porque elas não existem.
Aqueles que acreditam em explicações do Grupo 1 recusam qualquer teoria do tipo “existem
civilizações maiores, mas nenhuma delas fez qualquer tipo de contato conosco porque todas _____”. O
pessoal do Grupo 1 vê os números, entende que deveria haver milhares (ou milhões) de civilizações
superiores, e intui que pelo menos uma delas deveria ser a exceção à regra. Mesmo se uma teoria
abarcasse 99,99% das civilizações superiores, o 0,001% restante se comportaria de alguma outra
forma e nós perceberíamos sua existência.

Por isso, dizem as explicações do Grupo 1, não entramos em contato com civilizações
superavançadas porque porque não existem. Como a matemática sugere que existem milhares delas
só na nossa galáxia, alguma outra coisa deve estar acontecendo.

Essa “outra coisa” é o Grande Filtro.

A teoria do Grande Filtro diz que, em algum ponto entre o início da vida e a inteligência Tipo III, há uma
barreira. Há algum estágio naquele longo processo evolucionário que é improvável ou impossível de
ser atravessado pela vida. Esse estágio é chamado de O Grande Filtro.

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As linhas amarelas mostram saltos evolucionários comuns de serem alcançados. A linha vermelha é
o Grande Filtro. A linha verde representa uma espécie que, passando por eventos extraordinários,
consegue ultrapassar o Grande Filtro.

Se essa teoria for real, a grande questão é: quando acontece o Grande Filtro na linha do tempo?

Acontece que, quando o assunto é o destino da humanidade, essa questão é muito importante.
Dependendo de quando O Grande Filtro ocorre, sobram para nós três possíveis realidades: nós somos
raros; nós somos os primeiros; ou nós estamos ferrados.

1. Nós somos raros (já passamos do Grande Filtro)

Uma esperança é que já tenhamos passado do Grande Filtro. Nós conseguimos atravessá-lo, portanto
é extremamente raro que a vida alcance nosso nível de inteligência. O diagrama abaixo mostra apenas
duas espécies passando por ele; nós somos uma delas.

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Esse cenário explicaria por que não existem Civilizações Tipo III… mas isso também poderia significar
que nós podemos ser uma das exceções, já que chegamos até aqui. Isso significaria que há esperança
para nós. Superficialmente, isso parece com as pessoas de meio século atrás, sugerindo que a Terra é
o centro do universo. Sugere que nós somos especiais.

Mas se nós somos especiais, quando exatamente nos tornamos especiais? Isto é, qual passo nós
superamos, apesar de quase todo mundo ficar preso nele?

Uma possibilidade: o Grande Filtro pode estar no comecinho de tudo; pode ser incrivelmente raro que
a vida comece. Esse é um candidato porque demorou um bilhão de anos para a vida na Terra
finalmente acontecer, e porque nós tentamos exaustivamente replicar esse evento em laboratórios e
jamais conseguimos. Se este é mesmo o Grande Filtro, isso significaria que não deve existir vida
inteligente lá fora – pode simplesmente não haver vida.

Outra possibilidade: o Grande Filtro pode ser o salto de células procariontes simples para células
eucariontes complexas. Após o surgimento das procariontes, elas permaneceram dessa forma por
quase dois milhões de anos antes de darem o salto evolucionário para se tornarem complexas e
ganharem um núcleo. Se esse é o Grande Filtro, isso significaria que o universo está repleto de células
procariontes simples e quase nada além disso.

Há outras possibilidades. Alguns acham até que nosso salto evolucionário mais recente, alcançando
nossa inteligência atual, é um candidato a Grande Filtro. Ainda que o salto de vida semi-inteligente
(chimpanzés) até a vida inteligente (humanos) a princípio não pareça um passo miraculoso, Steven
Pinker rejeita a ideia de que a “escalada ascendente” da evolução seja inevitável:

Uma vez que a evolução apenas acontece, sem ter um objetivo, ela usa a adaptação mais útil para um
certo nicho ecológico. O fato que, na Terra, até hoje isso levou a inteligência tecnológica apenas uma
vez, pode sugerir que essa consequência da seleção natural é rara e, consequentemente, não é um
desenvolvimento infalível da evolução de uma árvore da vida.

A maioria dos saltos não se qualifica como candidatos a Grande Filtro. Qualquer Grande Filtro possível
deve ser algo que só acontece uma vez em um bilhão, onde uma ou mais anomalias devem ocorrer
para proporcionar uma enorme exceção.

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Por esse motivo, algo como pular de uma vida unicelular para uma multicelular está fora de questão
como filtro, porque isso aconteceu pelo menos 46 vezes em incidentes isolados, só no nosso planeta.
Pela mesma razão, se nós encontrarmos uma célula eucarionte fossilizada em Marte, ela iria tirar o
salto “de-célula-simples-para-complexa” da lista de possíveis Grandes Filtros (assim como qualquer
outra coisa que esteja antes desse ponto na cadeia evolucionária). Se isso aconteceu tanto na Terra
quanto em Marte, claramente não é uma anomalia.

Se nós formos mesmo raros, isso pode ser por causa de um acidente biológico, mas isso também
pode ser atribuído ao que se chama de Hipótese da Terra Rara. Ela sugere que, ainda que existam
muitos planetas similares a Terra, as condições particulares do nosso planeta o tornam tão
conveniente à vida — sejam as relacionadas a seu sistema solar, seu relacionamento com a Lua (uma
lua tão grande é incomum para um planeta tão pequeno, contribuindo para as condições peculiares de
nosso clima e nosso oceano), ou algo sobre o planeta em si.

2. Nós somos os primeiros

A civilização humana é representada pela linha laranja.

Para pensadores do Grupo 1, se já não tivermos passado pelo Grande Filtro, nossa única esperança é
que, do Big Bang até hoje, as condições no universo estão alcançando um nível que permita o
desenvolvimento de vida inteligente. Nesse caso, nós podemos estar a caminho da super inteligência,
mas isso ainda não aconteceu. Por acaso, nós estaríamos na hora certa para nos tornarmos uma das
primeiras civilizações super inteligentes.

Um exemplo de um fenômeno que poderia tornar isso realístico é o predomínio de explosões de raios
gama, detonações absurdamente imensas que observamos em galáxias distantes. Levou algumas
centenas de milhões de anos para que os asteróides e vulcões se acalmassem e a vida se tornasse
possível.

Da mesma forma, pode ser que o começo das existências no universo esteja cheio de eventos
cataclísmicos, como explosões de raios gama que incinerariam tudo à sua volta de tempos em tempos,
evitando que qualquer vida se desenvolva a partir de um certo estágio. Talvez estejamos agora no
meio de uma fase de transição astrobiológica, e essa seja a primeira vez que qualquer vida tenha sido
capaz de se desenvolver ininterruptamente por tanto tempo.

3. Nós estamos ferrados (o Grande Filtro está chegando)

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O Grande Filtro é representado pela linha vermelha.

Se nós não somos nem raros nem pioneiros, os pensadores do Grupo 1 concluem que O Grande Filtro
deve estar no nosso futuro. Isso implicaria que a vida frequentemente evolui até onde estamos, mas
alguma coisa impede, em quase todos os casos, que a vida vá muito adiante e alcance a inteligência
avançada — e dificilmente nós seremos uma exceção.

Um possível Grande Filtro seria algum evento cataclísmico que ocorra regularmente, como as já
mencionadas explosões de raio gama. Só que ela ainda não teria ocorrido e, infelizmente, é uma
questão de tempo até que ela acabe com toda a vida na Terra. Outra candidata é a destruição
possivelmente inevitável que quase todas as civilizações inteligentes acabariam trazendo para si
mesmas, uma vez atingido certo nível de tecnologia.

É por isso que o filósofo Nock Bostrom, da Universidade de Oxford, diz que “boa novidade é não haver
novidade“. Se descobrirem vida em Marte, mesmo que simples, isso seria devastador, porque
eliminaria diversos potenciais Grandes Filtros no passado. E se encontrarmos fósseis de vida
complexa em Marte, Bostrom diz que “seria a pior notícia já impressa em uma primeira página de
jornal”, porque significaria que o Grande Filtro está quase que definitivamente à nossa frente,
condenando toda nossa espécie de uma vez. Bostrom acredita que, quando se trata do Paradoxo de
Fermi, “o silêncio do céu noturno é ouro”.

Grupo 2 de Explicações: civilizações inteligentes dos Tipos I e II


existem, mas há razões lógicas para que não tenhamos ouvido falar
delas.
As explicações do Grupo 2 abandonam qualquer ideia de que nós somos raros, especiais ou qualquer
coisa parecida. Pelo contrário, elas acreditam no Princípio da Mediocridade: ou seja, até que se prove
o contrário, não há nada de especial ou incomum em nossa galáxia, sistema solar, planeta ou nível de
inteligência. Além disso, elas são mais cautelosas antes de assumir que, se não há evidências de uma
inteligência superior, ela não existe. Elas enfatizam o fato de nossas buscas por sinais só alcançarem
mais ou menos até 100 anos-luz de nós (0,1% da galáxia) e só terem ocorrido há menos de uma
década, o que é pouquíssimo tempo.

Pensadores do Grupo 2 têm uma ampla gama de possíveis explicações para o Paradoxo de Fermi. A

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seguir, eis as nove mais discutidas:

Possibilidade 1: a vida superinteligente pode ter visitado a Terra antes de estarmos aqui. Humanos
sencientes só estão por aí há uns 50 mil anos, um piscar de olhos se comparado à existência do
universo. Se o contato ocorreu antes disso, deve ter assustado alguns patos e só. Além disso, nossa
história documentada só vai até uns 5.500 anos atrás. Por isso, talvez tribos humanas de caçadores-
coletores pode ter passado por algumas experiências loucas com aliens, mas não tinham como contá-
las para as pessoas do futuro.

Possibilidade 2: a galáxia foi colonizada, mas nós moramos em uma área despovoada. As Américas
podem ter sido colonizadas pelos europeus muito antes de qualquer um daquela pequena tribo Inuit ao
norte do Canadá ter percebido o ocorrido. Pode haver um elemento de urbanização nas moradias
estelares das espécies mais avançadas: todos os sistemas solares de uma certa área são colonizados
e estão em comunicação, mas seria pouco prático e inútil pra qualquer um deles vir até o canto
distante e aleatório em que vivemos.

Possibilidade 3: todo o conceito de colonização física é comicamente atrasado para uma espécie mais
avançada. Uma Civilização Tipo II consegue usar toda a energia de sua estrela. Com toda essa
energia, eles podem ter criado um ambiente perfeito para eles, satisfazendo todas as suas
necessidades. Eles podem ter meios hiperavançados de reduzir a necessidade de recursos, e
interesse zero em deixar sua utopia feliz para explorar um universo frio, vazio e pouco desenvolvido.

Uma civilização ainda mais avançada poderia ver todo o mundo físico como um lugar horrivelmente
primitivo, tendo há muito dominado sua própria biologia e feito upload de seus cérebros para uma
realidade virtual, um paraíso da vida eterna. Viver em um mundo físico de biologia, morte, desejos e
necessidades pode soar para eles da mesma forma como nos soam as espécies primitivas vivendo no
oceano escuro e gelado.

Possibilidade 4: há civilizações predatórias e assustadoras lá fora, e as formas de vida mais


inteligentes sabem que não devem transmitir sinais e divulgar sua localização. Essa é uma ideia
desagradável, mas que ajudaria explicar a falta de sinais recebidos pelos satélites SETI. Ela também
significaria que, ao transmitir nossos sinais lá pra fora, estamos sendo novatos inocentes e
descuidados. Há um debate envolvendo METI (Mensagem às Inteligências Extraterrestes na sigla em
inglês; o inverso de SETI, que só escuta). Basicamente, deveríamos mesmo enviar mensagens para o
universo? A maioria das pessoas diz que não.

Stephen Hawking adverte: “se aliens nos visitarem, o resultado pode ser parecido com a chegada de
Colombo nas Américas, que não terminou bem para os nativos”. Mesmo Carl Sagan, que geralmente
acredita que qualquer civilização avançada o bastante para viagens interestelares seria altruísta, não
hostil, diz que a prática de METI é “profundamente imprudente e imatura“, e recomendou que “as
crianças mais novas de um cosmo estranho e incerto deveriam ouvir em silêncio por um longo tempo,
aprendendo pacientemente e tomando notas sobre o universo, antes de gritar para uma selva
desconhecida que não conseguimos compreender”. Assustador.

Possibilidade 5: existe apenas uma única inteligência superior, uma civilização “superpredadora” (mais
ou menos como os humanos aqui na Terra) que é muito mais avançada que todas as outras e mantém
as coisas assim, exterminando qualquer civilização que ultrapasse um certo nível de inteligência. Isso
seria um saco. Poderia funcionar se o extermínio de todas as inteligências emergentes fosse um
desperdício de recursos, já que a maioria se mata sozinha. Mas, ultrapassado um certo ponto, esses
super seres agiriam porque, para eles, uma espécie inteligente emergente se tornaria um vírus,
conforme começasse a crescer e se expandir. Essa teoria sugere que a vitória é de quem foi o primeiro
a alcançar a inteligência superior. Ninguém mais tem chance. Isso explicaria a falta de atividade lá fora,
porque o número de civilizações superinteligentes seria 1.

Possibilidade 6: há muito barulho e atividade lá fora, mas nossas tecnologias são muito primitivas e

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nós estamos procurando pelas coisas erradas. É como entrar em um prédio de escritórios, ligar um
walkie-talkie (que ninguém mais usa) e, ao não ouvir nada, concluir que o prédio está vazio. Ou talvez,
como apontou Carl Sagan, pode ser que nossas mentes trabalhem exponencialmente mais rápido ou
mais lentamente do que a de qualquer outra forma de vida lá fora. Ou seja, eles levam 12 anos pra
dizer “oi” e, quando nós ouvimos essa comunicação, isso parece apenas ruído.

Possibilidade 7: civilizações mais avançadas sabem sobre nós e estão nos observando, mas se
ocultam de nós (a “Hipótese do Zoológico”). Até onde sabemos, civilizações super inteligentes existem
em uma galáxia controlada rigidamente, e nossa Terra é tratada como parte de um safári amplo e
protegido, e planetas como o nosso estão sob uma estrita regra de “olhe, mas não toque”. Nós não
estamos cientes deles porque, se uma espécie muito mais inteligente quisesse nos observar, ela
saberia como fazer isso sem nos deixar saber. Talvez haja uma regra similar à “Primeira Diretriz” de
Jornada nas Estrelas, que proíbe seres super inteligentes de fazerem qualquer contato aberto com
espécies inferiores como a nossa, ou de se revelarem de qualquer forma, até que a espécie inferior
alcance um certo nível de inteligência.

Possibilidade 8: civilizações superiores existem à nossa volta, mas somos primitivos demais para
percebê-las. Michio Kaku resumiu isso assim:

Digamos que há um formigueiro no meio da floresta. Ao lado do formigueiro, estão construindo uma
super autoestrada de dez faixas. E a questão é, “as formigas seriam capazes de entender o que é uma
super autoestrada de dez faixas? Elas seriam capazes de entender a tecnologia e as intenções dos
seres construindo a autoestrada a seu lado?”

Então não é que, usando nossa tecnologia, não sejamos capazes de receber os sinais do planeta X. É
que nós não conseguimos sequer entender o que são os seres do planeta X, ou o que eles estão
tentando fazer. É tão além de nós que mesmo se eles quisessem nos esclarecer, seria como tentar
ensinar às formigas sobre a internet.

Seguindo essa linha, essa pode ser uma resposta para “se existem tantas exuberantes Civilizações
Tipo III, por que ainda não entraram em contato conosco?”. Para responder isso, vamos nos perguntar:
quando Pizarro chegou ao Peru, ele parou um tempo em um formigueiro e tentou se comunicar com
ele? Ele foi magnânimo, tentando ajudar as formigas? Ele foi hostil e atrasou sua missão original só
para esmagar e destruir o formigueiro? Ou, para Pizarro, o formigueiro era completa e absoluta e
eternamente irrelevante? Essa pode ser a nossa situação nesse caso.

Possibilidade 9: nós estamos completamente enganados sobre nossa realidade. Há muitas maneiras
pelas quais nós podemos estar totalmente iludidos em tudo que pensamos. O universo pode parecer
ser de um jeito e ser de outro completamente diferente, como um holograma. Ou talvez nós sejamos
os alienígenas e fomos plantados aqui como um experimento. Há até mesmo a chance de que
sejamos parte de uma simulação de computador de algum pesquisador de outro mundo, e outras
formas de vida simplesmente não foram programadas na simulação.

Conclusão
Conforme continuamos em nossa possivelmente inútil busca por inteligência extraterrestre, eu não
tenho certeza o que queremos encontrar. Francamente, tanto faz saber se estamos oficialmente
sozinhos no universo ou se estamos oficialmente na companhia de outros, ambas são opções
assustadoras. É um tema recorrente em todos os enredos surreais acima: qualquer que seja a
verdade, ela é de enlouquecer.

Além de seu chocante ingrediente de ficção científica, o Paradoxo de Fermi também me deixa
profundamente humilde. Não só lembra que sou microscópico e minha existência dura uns três
segundos, algo que me vem à cabeça sempre que penso sobre o universo. O Paradoxo de Fermi traz
à tona uma humildade mais mordaz, mais pessoal, do tipo que só acontece depois de passar horas de

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pesquisa ouvindo os mais renomados cientistas de nossa espécie apresentando as teorias mais
insanas, mudando de ideia e contradizendo um ao outro freneticamente. Ele nos faz lembrar que as
futuras gerações olharão para nós da mesma forma que nós olhamos para os antigos, que tinham
certeza que as estrelas estavam sob o domo do céu; no futuro, lembrarão de nós dizendo “uau, eles
não tinham ideia nenhuma do que estava acontecendo”.

E ainda temos mais outro golpe à autoestima com todo esse assunto de Civilizações Tipos II e III. Aqui
na Terra, nós somos os reis de nosso pequeno castelo, comandando os rumos do planeta mais do que
qualquer outra espécie. Nessa bolha, sem competição e sem ninguém para nos julgar, é raro que
sejamos confrontados com a ideia de sermos uma espécie inferior a qualquer outra. Mas não somos
nem uma Civilização Tipo I!

Dito isso, toda essa discussão é maravilhosa para mim. Sim, tenho minha perspectiva de que a
humanidade é uma órfã solitária em uma pequena rocha no meio de um universo solitário. Mas as
hipóteses apontam que provavelmente não somos tão espertos como pensamos. Além disso, muito do
que temos certeza pode estar errado. Tudo isso me deixa esperançoso em conhecer e descobrir mais,
nem que seja um pouquinho, porque existem muito mais coisas do que nós temos consciência.

Este artigo foi republicado com permissão do site WaitButWhy.com. Siga-os no Facebook e no Twitter,
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Foto inicial por Andreas Schönfeld

369 Comentários Gizmodo Brasil  Iniciar sessão

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lordtux • há 21 dias
Rapaz, que texto show, muito bom para mostrar a algums pessoas que sempre se
perguntam o porque de ainda não termos sido contatados. Precisamos de mais artigos
assim no Giz.
267 △ ▽ • Responder • Partilhar ›

sacocheio > lordtux • há 19 dias


Isso aí, um excelente texto que não tem a pretensão de responder, mas deixa as
perguntas e as teorias corretas - e "viajantes". Viajei no artigo!
P.S. Eu vou com o Calvin

http://m.gizmodo.uol.com.br/paradoxo-fermi/ 13/21
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29 △ ▽ • Responder • Partilhar ›

Sergio > lordtux • há 20 dias


Cara, também gostei demais! Tudo o que fala sobre o universo, a origem da vida,
me deixam fascinado! E ainda mais um texto que fala sobre tudo isso junto!

Muito bom mesmo. Parabéns ao Gizmodo pela reprodução deste material.


19 △ ▽ • Responder • Partilhar ›

Z.CoroNeL > Sergio • há 19 dias


Sem palavras para expressar o quanto agradável foi essa leitura.

Alguns movimentos e pessoas acham que é perfeitamente lógico não nos


acharmos especiais.
Filmes e artigos que terminam com: Não, você não é especial!

Eu acho exatamente o contrário... e esse artigo representa isso


matematicamente!

A chance de não sermos especiais é muito menor do que a de sermos


especiais.

As próprias leias da física se aplicam matematicamente precisas em todas


as partes do universo. Acontece que não conhecemos todas essas forças
e muito menos conseguimos detecta-las com clareza.

Se pararmos para pensar logicamente, a exatidão da física é parece


assutadoramente arquitetada... ou o acaso teria gerado tudo de maneira
uniforme?

Temos muitos paradoxos...

O que me deixa intrigado são coisas como a Lua ter o mesmo diametro
aparente do Sol... fico pensando, qual a chance de termos chegado até
aqui pelo acaso e ainda termos essa concidência.
Temos 10 milhões de espécies e somente uma com auto conciência?
Onde estão os semi humanos?
Já parou para pensar que o Eclipse é assutadoramente perfeito?

O meu entendimento é que somos extremamente limitados nesse


momento para entender com clareza questões como: de onde viemos?
Para onde vamos? O que temos depois da morte? o Nada?
6△ ▽ • Responder • Partilhar ›

Petrus Augusto > Z.CoroNeL • há 19 dias


http://m.gizmodo.uol.com.br/paradoxo-fermi/ 14/21
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O tamanho aparante da lua só existe pq estamos aki hj, nesse


período... daki a uns 100/200 mil anos, ela será menor, 100/200 mil
anos atrás, ela era maior...

Não ha nada de 'perfeito' nisso... só acaso. O universo é assim,


mesmo teno milhões de estrelas, podendo ter vario seres vivos, na
pratica, ele é um lugar triste, vazio e frio. Não tem ninguém
olhando por nós.
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Z.CoroNeL > Petrus Augusto • há 19 dias


Você percebe que fala isso com uma certeza de quem tem fé?

Mesmo depois de ler o texto acima, você afirma com clareza a


respostas para questões tão complexas.
É quase como se não houvesse espaço para discussão, para SE
isso ou aquilo.

Cuidado com sua inteligência, ela pode te trair e te fazer de tolo


facilmente.
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Petrus Augusto > Z.CoroNeL • há 19 dias


A sim... não pude deixar de fazer a comparação:
'Cuidado com sua inteligência, ela pode te trair...'

Lembrei da cena do Darth Vader, onde ele diz:


'Seus pensamentos o trai, Luke...'

xD kkkkkkkkk
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Petrus Augusto > Z.CoroNeL • há 19 dias


È... Sobre a lua?? Se for, sim, ela está se afastando da terra sim,
se não me engano 3 centímetros por ano.

Por isso eu falei que, não é nada 'perfeito'... Só temos um puta


eclipse solar, por nascer no período certo. Só por isso... daki e
uma cacetada de anos, não teremos mais o mesmo espetáculo de
hj.
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rodrigopo86 > Petrus Augusto • há 19 dias


O maior erro do "ser inteligênte" é atribuir essa inteligência ao
"acaso".
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Qualquer1 > rodrigopo86 • há 19 dias


http://m.gizmodo.uol.com.br/paradoxo-fermi/ 15/21
10/4/2014 Gizmodo Mobile

Não, o maior é atribuir um ser "perfeito" que pode morrer por um


câncer, uma simples parada cárdiaca ou nascer sem membros... a
um ser divino perfeito que emana amor.
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rodrigopo86 > Qualquer1 • há 11 dias


Sua expressão está falha. Tudo em o Universo segue uma lei que
atribuímos aos nossos estudos: a Lei da Causa e Efeito.

Logo, quando morremos por câncer, temos culpa. Quando temos


parada cardíaca, temos culpa e quando nascemos sem membros,
temos culpa.

Atribuir o reflexo de nossas falhas como culpa de Deus é o mesmo


que colocar a mão no fogo e culpar quem fez a fogueira.
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@dhnmaster > rodrigopo86 • há 10 dias


G E N I A L! =D
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Germano Ragnarok Calazans > Petrus Augusto • há 19 dias


A lua é o quinto maior satélite do sistema solar, FISICAMENTE
grande demais para seu corpo primário. Não tem nada de
"aparente".
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Petrus Augusto > Germano Ragnarok Calazans • há 18 dias


??
O cara falou que a lua vista daki é aparentemente o mesmo
tamanho do sol, eu falei que sim, é isso mesmo, mas, só por que
vivemos no tempo 'atual', se fosse alguns milhares de anos antes,
a lua iria Aparentar ser maior que o Sol, alguns milhões a frente,
nós iriamos ver ela menor que hj. Por que a lua está sim se
afastando.

Sabendo disso, fiquei confuso com a motivação da sua resposta.


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Germano Ragnarok Calazans > Z.CoroNeL • há 19 dias


Se você acabou de dizer que "acontece que não conhecemos
todas essas forças", como você pode afirmar que "se aplicam
precisas em todas as partes do universo"? A própria quântica te
prova, mesmo hoje, do contrário. Essas forças são caóticas, e a
própria relatividade já é um conceito ultrapassado. Nos não temos
nada de especial ou "super", já que criamos e desmentidos até
hoje praticamente tudo que achávamos que sabíamos.
http://m.gizmodo.uol.com.br/paradoxo-fermi/
4△ ▽ • Responder • Partilhar ›
16/21
10/4/2014 Gizmodo Mobile
4△ ▽ • Responder • Partilhar ›

Fatalkaiser • há 21 dias
Excelente, sem mais. Deveria ser matéria obrigatória desde o ensino fundamental, o
fator humildade como citado poderia ao longo dos anos modificar todo o pensamento
humano, nos questionando se devemos endeusar seres como Neymar em seus
pequenos castelos, ou realmente devemos correr atrás de respostas e nos incentivar
cada vez mais a conquistar esse universo?.. Ou devemos simplesmente viver nossas
vidas como nunca já que o Grande Filtro está chegando?.. Ótima reflexão.
117 △ ▽ • Responder • Partilhar ›

Edinho Kunzler > Fatalkaiser • há 21 dias


É incrível a curiosidade das crianças e pré-adolescentes sobre o universo, as
estrelas e, especialmente, se há vida em outros lugares além da Terra. Na
verdade, é um assunto fascinante para qualquer idade, mas tentar explicá-lo é
tão difícil quanto tentar compreendê-lo. O certo é que este texto vai para os meus
documentos!
29 △ ▽ • Responder • Partilhar ›

Rommel Sousa > Fatalkaiser • há 17 dias


"O Grande Filtro está chegando" <--- que camiseta massa!
10 △ ▽ • Responder • Partilhar ›

Downgrading > Fatalkaiser • há 20 dias


Ótimo texto, objetivo e conciso. Talvez por isso eu tenha sentido falta de uma
maior estimativa do avanço tecnológico. Primeiro tem que haver vida, o que não
é simples devido a todos os fatores de proteção e favorecimento para que ela
surja e se mantenha (localização da órbita, magnetosfera, atmosfera, estrela
estável, região da galáxia estável etc.); depois, o aparecimento de
inteligência/consciência; por fim, o desenvolvimento tecnológico. Tivemos saltos,
usando pedra, metais, agricultura, máquinas. Mas golfinhos (alguns estudos
indicam que) tem autoconsciência, e não parecem apropriados para derreterem
bronze ou montarem máquinas. Qualquer falha em um dos saltos tecnológicos
criaria uma espécie inteligente, consciente, mas extremamente restrita. São
muitos fatores, todos muito complexos e interligados para permitir uma civilização
do tipo I. Por isso o silêncio. Porque somos únicos e mesmo assim,
insignificantes para o universo.
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jmegito > Downgrading • há 10 dias


Excelente comentário.
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JnCoe > Fatalkaiser • há 21 dias


Nunca tinha pensado nisso, é uma boa teoria. Acho que a natureza heterotrófica
tende a ser egoísta por si só, sendo humana ou não. Não consigo pensar em
nada que demonstre o quão insignificantes somos quando analisamos nossa
http://m.gizmodo.uol.com.br/paradoxo-fermi/ 17/21
10/4/2014 Gizmodo Mobile
nada que demonstre o quão insignificantes somos quando analisamos nossa
participação no macrocosmo. Martelar essa ideia na cabeça das crianças e
adolescentes poderia ser uma ótima forma de tentar corrigir essa falha nossa.
Ainda que não desce certo, só teríamos a ganhar ao ensinar algo tão fascinante
assim, Uma pena que ninguém leve adiante
8△ ▽ • Responder • Partilhar ›

jmegito > JnCoe • há 10 dias


Também acho que desde a infância deveríamos ser devidamente
instruídos com essa idéia. Mas tem um problema: A fé em um ser criador
maior, que bloqueia e veda qualquer questionamento ou busca por
respostas para as questões que assombram a sociedade.
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Lucas Vinícius > Fatalkaiser • há 21 dias


Acho que vai demorar no mínimo alguns milênios ainda até chegar o Grande
Filtro não?
8△ ▽ • Responder • Partilhar ›

Sergio Moreira > Lucas Vinícius • há 19 dias


O grande filtro são as religiões. Passaremos por ela?
22 △ ▽ • Responder • Partilhar ›

Thiago > Sergio Moreira • há 19 dias


Por esse tipo de discussão que acho que o mais provável é o
pensamento do Grupo 2. Somos primitivos, não conseguimos ler
um artigo interessante e pensar direito. Começa a discussão sobre
religião e não-religião. Eita civilização primitiva dos infernos.
25 △ ▽ • Responder • Partilhar ›

Ubiratã Muniz Silva > Sergio Moreira • há 19 dias


bom, não acredito em deus nem em vida após a morte, mas não
concordo totalmente com seu comentário. Não vejo problema com
a existência de religiões por si só. Vejo problemas apenas com a
intolerância que é pregada pela espécie de religião que predomina
no mundo atual.

Eu acredito que religiões são um "mal necessário". Pessoas boas


(tá, é um pouco prepotente da minha parte me definir como uma
"boa pessoa") não precisam de religião, mas existem pessoas que
precisam de certas coleiras morais para praticar o bem/não
praticarem o mal. Para essas, as religiões caem como uma luva.

O problema está na intolerância. Existem doutrinas filosófico-


religiosas (que não vou citar aqui) que não adotam a intolerância
aos que não concordam com suas visões como prática. São
exceção e não regra.

http://m.gizmodo.uol.com.br/paradoxo-fermi/ 18/21
10/4/2014 Gizmodo Mobile

O problema não está na existência de religião. Está na intolerância


à diferentes formas de pensar, que é inerente ao próprio ser
humano e é apenas amplificado por ALGUMAS religiões
dominantes.

aliás, se pensarmos bem, a própria estrutura "moral" da


humanidade, com essa dicotomia entre "Bem e mal" já é algo
originário de conceitos religiosos, então existe a possibilidade (sim,
temos que pensar fora da caixinha) que toda a nossa estrutura
moral está errada e que nosso conceito de "evolução de uma
espécie" esteja equivocado. "Vai que" o conceito natural de
"sobrevivência do mais forte" seja, por si só, o que comanda o
universo. (é a possibilidade 5).
14 △ ▽ • Responder • Partilhar ›

Sergio Moreira > Ubiratã Muniz Silva • há 17 dias


Acredito que as pessoas que precisam das tais " coleiras morais",
precisam na verdade de punição "Não cristã". O pensamento
cristão nos diz para "Dar a outra face ", Perdoar 7 x 7" e "Amar
nossos inimigos". Se aplicassemos a justiça como deveria ser, nao
haveriam tantas pessoas precisando de coleiras. A fé, o medo de
deus nos torna frouxos, tímidos e facilmente dominados.
4△ ▽ • Responder • Partilhar ›

Ubiratã Muniz Silva > Sergio Moreira • há 10 dias


Mas você há de convir que o medo de "punição eterna" para
algumas pessoas funciona melhor que o medo de "morrer e
simplesmente deixar de existir" não é?

Esse é o ponto. Sem esse "medo de queimar eternamente" (para


citar o exemplo da doutrina cristã) a morte poderia ser nada mais
que um alívio para alguns seres atormentados (na falta de melhor
expressão para definir) , então esses alguns por não terem
coragem de tirar sua própria vida, acabariam praticando violência
contra outros que não tem nada a ver com o problema deles na
esperança de serem pegos e então sofrer a punição.

Como eu disse, a "coleira moral" dá a alguns elementos da


sociedade a esperança que existe **algo** a perder. Nesse ponto,
eu não sou completamente anti-religioso ainda que não creia em
nada.
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Augusto Quepe > Sergio Moreira • há 14 dias


Não sei como, mas tenho uma visão completamente diferente da
religião. Estaríamos matando uns aos outros como no império
romano se não tivesses o "Amar nossos inimigos", o perdoar 7x7
http://m.gizmodo.uol.com.br/paradoxo-fermi/
(que vem da igreja). Era bem capaz de nossa sociedade acabar se19/21
10/4/2014 Gizmodo Mobile
(que vem da igreja). Era bem capaz de nossa sociedade acabar se
matando mais rapidamente, com guerras, já que não se tem a
noção do coletivo nem q o outro é igual a si. Essa
mansidão/timidez nos deixa mais cautelosos tbm, no sentido de
não agir impulsivamente, o q acho q vc vai concordar comigo, ser
impulsivo é algo negativo, ou mesmo anti-racional. Se tem coisas
erradas dentro da religião foi pq o proprio homem não tinha
conhecimento suficiente, mas estão sempre tentanto melhorar.
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Sergio Lemos > Ubiratã Muniz Silva • há 19 dias


muniz , concordo contigo em gênero e grau, esperto tu ei.
4△ ▽ • Responder • Partilhar ›

jmegito > Ubiratã Muniz Silva • há 10 dias


Eu penso o contrário. Acho que a religião, quando se trata de uma
crença em um ser maior e em um livro que explica a origem da
vida de forma fantasiosa, bloqueia qualquer anseio e curiosidade
sobre as grandes questões da humanidade.
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Ubiratã Muniz Silva > jmegito • há 10 dias


Mas aí é que tá. Eu acredito que em uma sociedade evoluída deve
existir a liberdade de pensamentos e escolhas, independente da
corrente de pensamento adotada. Então, se uma parcela da
sociedade prefere acreditar em uma origem da vida de forma
fantasiosa, ela não deve ser proibida de acreditar nisso.
Principalmente se isso funcionar como "coleira moral" para
pessoas que, se não tivessem a crença, partiriam para a violência
gratuita por "não terem nada a perder".

Veja bem, estou vislumbrando um mundo ideal onde eventuais


doutrinas religiosas existentes não pregariam violência (física ou
emocional) contra aqueles que não nelas crêem, mantendo suas
crenças religiosas apenas ao seu foro íntimo e seus locais de
culto. Convivência pacífica de fato, entre teístas e não-teístas, sem
que um fique tentando convencer o outro lado do contrário de
forma agressiva como sabemos que ocorre, sendo uma escolha de
foro íntimo. Claro, isso chega a ser uma visão utópica. Sabemos
que a humanidade não é assim.

como disse, eu sou ateu, mas não sou contra as religiões. Não
movo uma palha pra mudar a cabeça quem acredita em qualquer
deus e fazê-las não acreditar. Isso é uma decisão particular e de
foro íntimo. Quem quer acreditar, que acredite, quem quer não
acreditar, que não acredite. O ponto é: eu deixo quem acredita em
qualquer divindade em paz e acho que mereço de quem acredita
no que quer que seja o mesmo tratamento, que é ser deixado em
http://m.gizmodo.uol.com.br/paradoxo-fermi/ 20/21
10/4/2014 Gizmodo Mobile
no que quer que seja o mesmo tratamento, que é ser deixado em
paz e ser respeitado por minha escolha.

Um mundo onde religiões fossem totalmente banidas e proibidas


não passaria de uma ditadura do pensamento, e eu
particularmente acho que também não seria muito bom, não por
lamentar a ausência das religiões (se elas sumissem
"naturalmente" seria até bom), mas por lamentar a inexistência de
liberdade de escolhas de foro íntimo.
△ ▽ • Responder • Partilhar ›

jmegito > Ubiratã Muniz Silva • há 10 dias


"Veja bem, estou vislumbrando um mundo ideal onde eventuais
doutrinas religiosas existentes não pregariam violência (física ou
emocional) contra aqueles que não nelas crêem, mantendo suas
crenças religiosas apenas ao seu foro íntimo e seus locais de
culto. Convivência pacífica de fato, entre teístas e não-teístas, sem
que um fique tentando convencer o outro lado do contrário de
forma agressiva como sabemos que ocorre, sendo uma escolha de
foro íntimo. "

Agora sim ficou bem esclarecido. Concordo com você, levando em


consideração esse contexto. Porém, como você mesmo disse, é
uma visão utópica.

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http://m.gizmodo.uol.com.br/paradoxo-fermi/ 21/21

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