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Universidade Estadual do Maranhão-UEMA

Departamento de Engenharia Civil-DEC


Mecânica dos Solos e aplicações.
Prof. Dr. Danilo Castro Rosendo
March 14, 2023

1 Tensão efetiva: Capı́tulo 03 do livro Craig —


Mecânica dos Solos, 8ª edição
A tensão total é usada para definir as tensões aplicadas a um elemento de solo
(tanto as decorrentes de cargas externas aplicadas quanto as devidas a peso
próprio), veja Figura 1.

Figure 1: Interpretação da tensão efetiva, Graig.

Os solos suportam tensões totais por meio de uma combinação da tensão


efetiva devida ao contato entre as partı́culas com a pressão da água dos poros
nos vazios. Isso é conhecido como o Princı́pio de Terzaghi dado pela equação
(1).

σ = σ′ + u (1)

1
onde σ é a tensão total em um plano dentro da massa de solo (kN/m2 ); u
pressão da água nos poros, poropressão ou pressão neutra que é a pressão da
água que preenche os espaços vazios do solo (kN/m2 ); σ ′ é tensão efetiva ou
pressão efetiva normal no plano, transmitida através das partı́culas sólidas do
solo, ou esqueleto do solo (kN/m2 ).
Um conceito importante é a tensão total (σ) em uma profundidade z com
do lençol freático no nı́vel da superfı́cie, e sabendo que o solo é completamente
saturado e tem o peso especı́fico dado por γsat e a poropressão dada por u = γw z,
onde γw é o peso especı́fico da água, a tensão total é

σ = γsat z (2)

E a tensão efetiva (σ ′ ) é dada por

σ′ = σ − u
= γsat · z − γw · z
(3)
= (γsat − γw ) · z
= γ′z

Onde γ ′ é o peso especı́fico submerso.


Sob condições hidrostáticas, o estado de tensões efetivas, em qualquer pro-
fundidade dentro do solo, pode ser encontrado com base no conhecimento do
peso especı́fico das camadas de solo e da localização do lençol freático. Se es-
tiver ocorrendo percolação, pode-se usar uma rede de fluxo ou uma malha de
diferenças finitas para determinar a pressão da água nos poros em qualquer
ponto no interior do solo, encontrando-se a tensão efetiva posteriormente a par-
tir do Princı́pio de Terzaghi.
Uma consequência do Princı́pio de Terzaghi é que, se houver uma significa-
tiva pressão excedente de água nos poros desenvolvida no solo, o esqueleto deste
pode ficar descarregado (tensão efetiva nula). Essa condição é conhecida como
liquefação e pode ocorrer em consequência da percolação ou de cargas dinâmicas
externas que façam com que o solo se contraia de forma rápida. A liquefação
induzida por percolação pode levar a um levantamento ou “fervura” do solo ao
longo da face de jusante de uma escavação de estacas-prancha e à posterior falha
estrutural da escavação.

2 Atividades
Todas essas atividades foram retiradas do capı́tulo 03 do livro de Craig —
Mecânica dos Solos, 8ª edição, que são:
3.1 -Um rio tem 2 m de profundidade. Seu leito consiste em uma camada de
areia saturada com peso especı́fico de 20kN/m3 . Qual é a tensão efetiva vertical
5 m abaixo da superfı́cie superior da areia?
3.2-O Mar do Norte tem 200 m de profundidade. Seu leito consiste em
uma camada de areia saturada com peso especı́fico de 20kN/m3 . Qual é a

2
tensão efetiva vertical 5 m abaixo da superfı́cie superior da areia? Compare sua
resposta com o valor encontrado no Problema 3.1 — como o nı́vel de água acima
da superfı́cie do solo afeta as tensões dentro dele?
3.3-Uma camada de argila de 4 m se situa entre duas de areia, com 4 m
cada uma, estando o topo da camada superior de areia no nı́vel do solo. O
lençol freático está 2 m abaixo deste nı́vel, mas a camada inferior de areia está
submetida à pressão artesiana, com a superfı́cie piezométrica situando-se 4 m
acima do nı́vel do solo. O peso especı́fico saturado da argila é 20kN/m3 , e
o da areia é 19kN/m3 ; acima do lençol freático, o peso especı́fico da areia é
16, 5kN/m3 . Calcule a tensão vertical efetiva nas superfı́cies superior e inferior
da camada de argila.
3.4-Em um depósito de areia fina, o lençol freático está 3,5 m abaixo da
superfı́cie, mas a areia existente até uma altura de 1 m acima dele está saturada
por água capilar; acima dessa altura, a areia pode ser considerada seca. Os
pesos especı́ficos saturado e seco da areia são 20 e 16kN/m3 , respectivamente.
Calcule a tensão efetiva vertical na areia 8 m abaixo da superfı́cie.
3.5-Uma camada de areia se estende do nı́vel do solo até uma profundidade
de 9 m e está acima de uma camada de argila, de permeabilidade muito baixa,
com 6 m de espessura. O lençol freático está 6 m abaixo da superfı́cie da areia.
O peso especı́fico saturado da areia é 19 kN/m3, e o da argila é 20 kN/m3; o peso
especı́fico da areia acima do lençol freático é 16kN/m3 . Em um curto perı́odo
de tempo, o lençol freático se eleva 3 m, e espera-se que ele fique nesse novo
nı́vel permanentemente. Determine a tensão efetiva vertical nas profundidades
de 8 m e 12 m abaixo do nı́vel do solo (a) imediatamente após a elevação do
lençol freático e (b) vários anos após isso.
3.6-Um elemento de solo com lados horizontais e verticais mede 1 m em
cada direção. A água está percolando através do elemento em uma direção
inclinada de 30° acima da horizontal, sob um gradiente hidráulico de 0,35. O
peso especı́fico saturado do solo é 21kN/m3 . Desenhe um diagrama de forças
em escala que mostre o seguinte: peso total e peso efetivo; força hidráulica de
superfı́cie resultante; força de percolação. Quais são a magnitude e a direção da
força de corpo resultante?
3.7-Para as situações de percolação mostradas na Figura 2, determine a
tensão normal efetiva no plano XX em cada caso, considerando (a) a poropressão
(pressão da água nos poros) e (b) a pressão de percolação. O peso especı́fico
saturado do solo é 20 kN/m3 .

3
Figure 2: Figura da atividade 3.7 .

3.8-A seção transversal de uma longa ensecadeira é mostrada na Figura 2.27,


e o peso especı́fico do solo saturado é 20 kN/m3 . Determine o coeficiente de
segurança contra o aparecimento de bolhas (“fervura”) na superfı́cie AB e os
valores das tensões efetivas verticais em C e D.

3 Referências
Bishop, A.W. (1959) The principle of effective stress, Tekniche Ukeblad, 39,
4–16.
Taylor, D.W. (1948) Fundamentals of Soil Mechanics, John Wiley & Sons,
New York, NY.
Terzaghi, K. (1943) Theoretical Soil Mechanics, John Wiley & Sons, New
York, NY.
Vanapalli, S.K. and Fredlund, D.G. (2000) Comparison of different proce-
dures to predict unsaturated soil shear strength, Proceedings of Geo- Denver
2000, ASCE Geotechnical Special Publication, 99, 195–209.

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