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Do mesmo autor do best-seller

Símbolos da Nova Era

S.V. MILTON

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"Intrigas familiares, perdas repentinas e problemas profissionais
ocorrem diariamente à sua volta e podem estar ligados a fenómenos espirituais'

Para andar em território inimigo é preciso estar preparado.


Do mesmo autor do best-seller
Símbolos da Nova Era

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"Intrigas familiares, perdas repentinas e problemas profissionais
ocorrem diariamente à sua volta e podem estar ligados a fenómenos espirituais'

Para andar em território inimigo é preciso estar preparado.


Todos os direitos cedidos
em definitivo à Editora: Capa:
A. D. SANTOS EDITORA Igor Braga
Al. Júlia da Costa, 215 Diagramação:
80410-070 - Curitiba - Paraná - Brasil Manoel Menezes
+ 55(41)3207-8585 Acompanhamento editorial:
www.adsantos.com.br Priscila R. Aguiar Laranjeira
editora@adsantos.com.br
Impressão e acabamento:
Gráfica Exklusiva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

SILVA, Milton Vieira da


Demónios Territoriais/Milton Vieira da Silva-Curitiba: A. D. SANTOS EDITORA,
2012. 120 p.
ISBN-978.85.7459-284-8
CDD220
1. Estudos Bíblicos 2. Interpretação Bíblica
CDD299.6
1. Religião da África Negra 2. Religiões comparadas 3. Doutrina

2a Edição: Janeiro / 2013 - 3.000 exemplares.

Proibida a reprodução total ou parcial,


por quaisquer meios a não ser em citações breves,
com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:

SANTOS
n i!
E D I T O R A
A KTES DELIRA.

p ste é um livro polémico. Uns vão gostar; outros, detestar.


Uns vão concordar com o que lerem, outros vão discordar
radicalmente e ainda execrar o autor. É bom que hajam outros
pontos de vista, pensamentos diferenciados.
O fundamental é que todos concordem que há, entre
céus e terra, mais mistérios do que se pode imaginar. Por isso,
não há como afirmar ou negar fenómenos do mundo sobrena-
tural, sua influência no mundo natural e seus efeitos.
O que está aqui exposto, é resultado de estudos, pesqui-
sas, experiências próprias, observações, opiniões de especialis-
tas e, acima de tudo, naquilo que diz a Bíblia sobre o tema.
Cabe a você tirar suas próprias conclusões, mas o meu
desejo é que você seja esclarecido e seja verdadeiramente livre
de toda a influência demoníaca, pois foi para a liberdade que
Cristo nos criou.
S. V. Milton
PREFÁCIO

a primeira edição do meu livro Demónios Familia-


res1, tenho sido abordado por grande número de pessoas que
me fazem uma série de perguntas sobre vários aspectos da
demonologia. A maioria deseja saber mais sobre o modo de
operar das várias castas desses seres sobrenaturais, como ata-
cam no mundo visível das formas e como podem influenciar
nas vidas das pessoas.
Ao me propor escrever algo sobre este grupo de repre-
sentantes dos poderes das trevas, estabeleci como objetivo
principal mostrar onde mais se concentram essas facções do
exército satânico e como agem quando acionados pelos despa-
chos2 nas encruzilhadas, cemitérios, matas, pedreiras, cachoei-
ras, rios, mares e outros locais indicados para arriar3 oferendas.
A partir dos locais em que exercem influência, os demó-
nios territoriais passam a interagir com seus semelhantes nos
lares, nas escolas, nos lugares públicos e até nas igrejas, aumen-
tando seu poder de "fogo" contra pessoas ou grupos facilmen-
te influenciáveis, sem vida espiritual ativa, e que não professam
o Senhor Jesus como único Salvador. As energias negativas
que estes seres infernais expandem nos locais em que se con-

1 Editora A.D. Santos Ltda. Curitiba-Pr


2 Oferenda aos espíritos depositada em lugares previamente indicados pelas enti-
dades.
3 Ato de colocar as oferendas, depositar.

111
centram, podem ser percebidas por pessoas mais sensíveis,
geralmente mais espirituais, detentoras de um conhecimento
mais avançado do mundo sobrenatural. Os espíritas, e particu-
larmente os médiuns, por exemplo, sentem o que chamam de
"fluidos" dos espíritos e até podem saber quais estão entoca-
dos no local para atacarem os incautos.
Os verdadeiros cristãos, alicerçados no conhecimento e
sabedoria da Palavra de Deus, também sentem esta "presença"
maligna, têm poder espiritual para rejeitar quaisquer influênci-
as negativas, e podem anular eventuais "setas" atiradas contra
eles numa autêntica batalha espiritual. Quando a pessoa não
tem conhecimento das Escrituras, não professa uma vida cristã
definida e nem acredita ser uma vítima em potencial dos ata-
ques demoníacos, mais constantemente recebem em cheio
estas más influências. Começa então a acontecer-lhe coisas
estranhas, como a perda de negócios praticamente feitos, per-
das inexplicáveis de bens, prejuízos financeiros, desentendi-
mentos repentinos com a família, sócios e amigos, "enganos"
inexplicáveis nas contas e previsões orçamentarias, além de
uma série de fatos que deixam as pessoas boquiabertas, sem
entenderem como puderam errar em coisas tão corriqueiras, o
que nunca acontecera antes.
Tenho consciência de que a simples leitura será insuficien-
te para convencê-lo de que poderá ser alvo de ataques dos
demónios territoriais. É preciso uma atitude mais determinada
para a pessoa se convencer de que a coisa está feia e que é
necessário procurar ajuda espiritual para anular as influências
negativas (e poderosas), que impedem a vítima ter um raciocí-
nio mais lúcido, criativo e positivo em sua vida.
Esta é uma das principais características da ação dos
demónios territoriais. A Bíblia diz que eles atuam em blocos e

IV
influenciam na perda da percepção da lógica que os seres
humanos têm em seus raciocínios. No caso do endemoninha-
do gadareno, narrado nos evangelhos (mais adiante falaremos
sobre isso), observa-se como estas castas são poderosas, ata-
cam a consciência, provocando a perda do "eu" e dando a
impressão de uma loucura incurável e cruel que dura até matar
a vítima de sofrimentos e terror.
Isso acontece porque a maioria dos seres humanos está
desprovida do amparo e proteção do remissor sangue de Jesus,
não atentando para o poder que há no mundo subjetivo, oculto
e totalmente fora do compreensível pelo raciocínio lógico.
Basta uma passada rápida diante de um despacho arriado na
porta de um cemitério para atrair a malignidade daqueles espí-
ritos que foram invocados no local.
Estas não são historinhas que a tradição popular sustenta
através dos tempos, mas situações reais vividas por milhares de
pessoas ao redor do mundo, cujas vidas se resumem numa tris-
teza profunda, pobreza, infelicidade e constantes lamentações.
Pessoas que moram próximas a cemitérios, a locais onde ante-
riormente foram zonas do meretrício, lugares de rochedos e
pedras, matas e florestas, estão sujeitas a estas influências.
Não é necessário ser especialista em especulação imobi-
liária para saber que terrenos e casas próximas a cemitérios,
valem bem menos que em outros lugares. Não pelos mortos,
que não podem mais fazer bem ou mal, mas pelo miasma que
fica no ar, não visto, mas sentido, rejeitado inconscientemente,
levando a lembrar o fim trágico do corpo em sua última mora-
da. Ninguém deseja ligar o seu dia a dia a uma "paisagem"
constantemente lembrando o fim, a morte e tudo que se não
deseja na vida terrena.
Quem não conhece a passagem da tentação de Jesus no
deserto? O que o Filho de Deus teria ido fazer naquele local?
A Bíblia diz claramente que ele fora para ser "tentado". Claro,
havia lá um número significativo de demónios territoriais que
costuma habitar os lugares áridos (Leia Mt 12.43). Era lugar
propício para Satanás aparecer e desencadear o grande debate
cósmico entre Jesus, o Ungido de Deus, Príncipe da Luz e da
Paz, e o príncipe das trevas, senhor dos poderes destruidores
do mal.
O que Jesus ensina sobre "espíritos imundos" que vagam
pelos lugares áridos? O que ele diz sobre "casa limpa"? Os que
conhecem a Bíblia sabem que a consequência da indiferença
com as questões espirituais, o desconhecimento das causas das
influências malignas, é um constante ataque ao espírito e ao
físico por demónios que vagam pelos campos, matas, pedrei-
ras, cemitérios, desertos e outros "lugares áridos", mas não
gostam disso, preferindo os corpos das pessoas onde se alojam
para se expressarem.
O texto em análise leva a duas conclusões fundamentais
que devem ser atenciosamente observadas. A primeira é a de
que a pessoa sem vida espiritual ativa está sujeita a um ataque
de espíritos malignos das trevas, à escravidão a uma vida
medíocre, sem presente nem futuro, prisioneira dos vícios, da
miséria e da infelicidade constante, sem contar as doenças físi-
cas e psicológicas, severas algozes de quem está longe de Deus
e suas misericórdias, únicas armas imbatíveis contra o poder
do mal no plano invisível.
A segunda é a de que o cristão sincero, conhecedor do
potencial que tem contra os poderes malignos pela graça do
Espírito Santo, pode lutar contra as maquinações do diabo e
vencer. Não pelo merecimento humano, mas pelo plano cós-

VI
mico de Deus através da sua eterna Justiça, consolidada pela
obra de Jesus na cruz, beneficiando todos que crerem nessa
Providência.
Demónios territoriais, os familiares, as diversas castas
que povoam o mundo invisível das trevas estão sob o domínio
de Deus, que concedeu a primazia do poder a Jesus Nazareno,
provada e comprovada pela sua vitória no deserto e o ressurgi-
mento depois da morte na cruz. A instrumentação usada por
Satanás na tentativa de anular o único poder capaz de vencê-lo
em quaisquer terrenos é nula, foi uma tentativa vã. Os demóni-
os continuam suas ações nefastas, mas só alcançam os incautos
de espiritualidade dúbia, que rejeitam o conhecimento do
"manual do fabricante", a Bíblia Sagrada.
Em que território é a sua "briga" contra os demónios?
Talvez você tenha um desejo sexual incontido, quem sabe,
propensão ao homossexualismo, pode ser que seja viciado em
bebidas alcoólicas? Muitos outros desejos extremamente pre-
judiciais poderão estar ameaçando a sua felicidade. Isso tem
quase todas as chances de ser ataque de demónios. Você pode
estar vivendo em um mundo desconhecido e perigoso, mas há
esperança. Existe uma saída!

vil
ÍNDICE

Introdução l

1. Em terreno inimigo, todo cuidado é pouco 7

2. Quem são os demónios territoriais 21

3. Demónios das nações e reinos 35

4. Fatos do plano invisível 45

5. Onde moram os piores demónios 51

6. As armas da sua luta não são carnais 57

7. Lembrete oportuno na guerra espiritual 61

8. Como reconhecer sintomas de ataque 67

9. Livre-se disso enquanto pode 75

10. Não volte ao espojadouro 83

11. Antes de encerrar... 89

Conclusão 101

Livros pesquisados e recomendados 105


INTRODUÇÃO

um lugar mal-assombrado numa enorme fazenda de


cafeicultura no norte do estado do Paraná, nos anos 1960.
Numa depressão entre dois morros, deixaram em pé um fecha-
do bosque de árvores nativas e cortado por um caminho estrei-
to, só possível atravessar a pé ou a cavalo. A mata media apro-
ximadamente, um quilómetro em sua largura, mas era muito
comprida, chegando à divisa da propriedade.
Era voz corrente em toda a região que, à noite, no interior
do bosque, ouviam-se vozes humanas, gemidos e lamentos.
Os que juraram ter ouvido essas manifestações do além, acres-
centaram que sentiram arrepios da nuca aos calcanhares.
Outros garantiram ter ouvido sons diferentes vindos do interi-
or da mata e pouquíssimos se arriscavam atravessar o local à
noite, temendo os ataques das assombrações noturnas.
Eu conheci o local, durante o dia, naturalmente. Ouvi as
histórias de muitos antigos moradores do local, já muito dife-
rente do que era antes, cada um contando a sua e uma mais
horripilante do que a outra. A causa de todo aquele assombro
teria sido o assassinato de uma mulher pelo marido ciumento,
que a matou a facadas, desconfiado de que estaria sendo traído.
O espírito dela, segundo diziam, não tinha encontrado sossego
no além e vagava à noite pelo bosque pedindo justiça para a sua
alma descansar em paz.
S.V. MlLTOTJ

É interessante observar-se estas histórias do folclore


popular. Algumas narrativas percebem-se fantasiosas, rechea-
das de ingredientes muito pouco digeríveis pela mente racio-
nal, mas alguns lances dão mesmo o que pensar, embora não se
devam conceber tais narrativas como verdades sem o amparo
da pesquisa historicamente comprovada, o que é muito difícil
em relação ao sobrenatural.
Entretanto, quando se trata do oculto, não deve ser des-
cartada nenhuma possibilidade, a mais comum é a de que o
local sirva de morada às castas demoníacas, aproveitando-se da
crença popular em consequência de tragédias reais, como o
assassinato brutal daquela mulher, cujo marido nem tinha cer-
teza da sua traição. Mesmo que tivesse, isso não lhe daria o
direito de tirar a vida da esposa, um ato totalmente comandado
por demónios obsessores. Eles não "largam" suas vítimas
enquanto não as convencem de cometerem loucuras, incom-
preensíveis à apreciação do raciocínio lógico.
Essas histórias muitas vezes são reforçadas por "exem-
plos" impossíveis de serem contestados. São testemunhados
por pessoas sérias, que não costumam inventar estórias para
"boi dormir", como popularmente se diz. Alguns afirmam que
"o cavalo de fulano refugou e não passou pelo local". Apon-
tam um "seu Zé" das quantas, que ainda mora na casa tal até
hoje. O homem apontado confirma a história com entusiasmo
vivo, acrescenta novos dados e ainda apresenta o cavalo viden-
te. Isso não é uma prova concludente, mas o bicho está lá, por
via das dúvidas.
Não é bom, no processo investigativo, descartar essas
histórias como pura fantasia, sem nenhuma lógica. Satanás
aprecia muito quando não se acreditam nele e em suas ações
malignas, impostas para prejudicarem pessoas criadas à ima-
DEMÓNIOS TERRITORJAIS

gem e semelhança de Deus. Assim, ele poderá agir à vontade,


acobertado pela incredulidade que impede a busca de proteção
contra os males espirituais. Folclores existem, histórias desla-
vadas, espalhando um monte de bobagens, mas a realidade está
tão próxima da fantasia que, às vezes, ambas se confundem a
ponto de não se saber onde termina uma e começa a outra.
Uma dessas fantasias que se confundem com a realidade
é a crença generalizada de que os espíritos dos mortos podem
encarnar-se nos corpos dos vivos e se manifestarem através da
mediunidade. A Bíblia afirma categoricamente que os mortos
não estão cônscios de nada e nada podem fazer de bom ou de
mal (Gn2.17; 3.19; Ez 18.4). Se é assim, como explicar o transe
mediúnico? A Bíblia também é enfática nesse particular: São
espíritos de demónios territoriais (IJo 5.19; Ap 12.9). São estes
que se manifestam em locais tidos como mal-assombrados,
causando arrepios nos mais sensíveis, gemendo e emitindo
sons lúgubres que os animais percebem mais facilmente -veja o
caso dos demónios que Jesus permitiu a invocação numa
manada de porcos (Mt 8.30-32).
Somente o espírito é capaz de discernir a diferença entre
fantasia e realidade com clareza, sem nenhuma confusão gera-
da pela dúvida como consequência do desconhecimento. Essa
ideia de que espíritos de mortos ficam vagando é pura fantasia.
Jesus disse claramente que são os demónios que vagam sem
rumo, prontos a "encarnarem" no primeiro médium que abrir
a sua mente para recebê-los. Mortos também não reencarnam
como crêem os cardecistas e adeptos de diversos segmentos do
espiritismo e de outras formas de ocultismo. Muito menos se
"apossam" dos corpos dos vivos, são os demónios que fazem
isso, quase sempre os territoriais, que imitam vozes dos faleci-
dos, revelam "segredos" só conhecidos pela família como for-
S."V. "MlLTCW

ma de identificação. São estes mesmos que produzem energias


negativas e escravizam pessoas com doenças e crueldade.
A presença demoníaca e tão real e perturbadora que Jesus
considerou Satanás como "governante deste mundo" (Jo
12.31; 14.30; 16.4). Que mundo seria esse ao qual Jesus de refe-
ria? O mundo real, palpável, tangível, concreto, visível em suas
formas e conteúdos, o qual está em oposição à verdade de
Jesus, à Justiça de Deus e aos ensinos da tolerância que leva à
paz pelo amor verdadeiro. Este é o mundo tenebroso onde o
ódio suplanta o amor, com os poderosos sempre "engolindo"
os menos favorecidos, causando guerras e mortes sem fim, um
caos eterno.
Satanás tentou Jesus oferecendo-lhe "todos os reinos
deste mundo" (Mt 8.4-10). Alguém poderá oferecer a outro o
que não tem? A propriedade da matéria é, por enquanto, das
hostes ocultas do mal porque todo bem material é finito. Deus
permite que a matéria seja manipulada pelo diabo no mundo
visível, conforme se observa numa passagem conhecida do
livro de Jó, capítulo primeiro. Por isso, quem está sob influên-
cia dos demónios, sente os primeiros efeitos de seus ataques
nos bens, nos "valores deste mundo", conforme aconteceu
comjó.
Se Jesus não soubesse que Satanás realmente poderia
dar-lhe todos os reinos do mundo, a oferta não constituiria
uma tentação. Conclui-se que o diabo é o "deus deste sistema
de coisas" (2 Co 4.4), ou seja: o mundo injusto e tenebroso em
que pode movimentar-se, manifestar-se e tornar real a sua pre-
sença em lugares de sua preferência, como aconteceu no deser-
to nos tempos de Cristo e continua acontecendo hoje, ocasiões
em que os próprios demónios, usando médiuns como instru-
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

mentos, ordenam despachos e oferendas, conforme as "falan-


ges"4 que se pretendam agradar.
Por que alguns lugares, conhecidos como "imantados"5
pelos ocultistas são preferidos pelos demónios? É uma estraté-
gia de guerra muito comum, a ocupação de territórios que ofe-
reçam segurança, comida farta, água e facilidades para um ata-
que com grandes possibilidades de vitória. A Bíblia diz que
Satanás não governa seu mundo sozinho, nem manipula pes-
soas no mundo real sem o seu exército de súditos, prontos para
agirem seguindo suas ordens. O apóstolo Paulo, na conhecida
passagem de Efésios 6.12, esclarece uma característica destes
demónios: "Mantenham-se firmes contra as maquinações do
diabo porque nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas
contra os governantes deste mundo" (Leia o texto todo).
Esta é uma revelação do Espírito Santo a Paulo, funda-
mental na guerra espiritual que se trava no dia a dia contra os
poderes das trevas. O apóstolo foi um homem privilegiado
com as orientações de Deus e especialmente escolhido para
repassar estes onhecimentos às futuras gerações. A Bíblia diz
que cristãos autênticos não pertencem a este mundo (Jo 17.14).
E, se este mundo é governado pelo diabo, cristãos de toda terra
estão em território inimigo, tornando-se necessário implantar
aqui o reino de Deus, até que Jesus prenda Satanás e suas hos-
tes para sempre no lago de fogo e enxofre, vindo finalmente
reinar com a sua Igreja em a nova Jerusalém celestial.
O texto das páginas a seguir pretende mostrar as conse-
quências nefastas para a vida espiritual e material de pessoas
sem Deus e que resistem à verdade. Ninguém poderá vencer

4 Grupos de demónios comandados por um "chefe", seguindo uma hierarquia.


5 E chamado de imã objetos que, segundo crêem os ocultistas, atraem energias
positivas.
S.V.MILTON

ou desviar-se das armadilhas sutis do mal sem orientação segu-


ra do Espírito Santo através da Palavra de Deus. Para isso, é
fundamental conhecer o inimigo, suas estratégias e poder de
fogo, assim como também saberá que armas poderá usar nesta
guerra sem tréguas, utilizando o poder disponível no mundo
invisível da luz em que tudo é claro e perceptível pela revelação
divina.

M
l

EM
INIMIÇO,
TODO CUIDADO
s E Pouco

p xistem verdades que a humanidade devia conhecer e prati-


car a milénios, mas permanecem escondidas pela cegueira de
homens e mulheres que preferem ignorar a realidade de um
mundo hostil e cruel. Por exemplo, diante da pergunta "quem
realmente governa o sistema mundano, sua organização social,
política e económica?" A maioria das pessoas, sem dúvida, res-
ponderia que "Deus está no comando, dirigindo tudo com
sabedoria e bondade".
Parece uma verdade inquestionável, mas Deus realmente
está no comando somente das vidas das pessoas que O amam e
procuram seguir seus ensinamentos. Um número incontável
S.V.MlLTON

de pessoas está sempre questionando: "se Deus está no


comando, por que permite a fome, a miséria, a morte de crian-
cinhas por inanição, as guerras cruéis e tudo que não presta
neste mundo de horrores?" A resposta a esta pergunta milenar
e existencialista está na narrativa bíblica do início da civilização
humana. O livro de Génesis revela que Deus fez um mundo
bom e tudo que há sobre a Terra era muito bom e continua
sendo. A deturpação da bondade não é obra de Deus.
Então, como pode Satanás governar um mundo criado
perfeito por Deus, bom e abençoado? Pela lógica, seria impos-
sível essa apropriação indébita pelo diabo, mas as escrituras
fazem uma revelação estarrecedora: o mundo foi criado para o
homem e tudo que nele há santificado para seu proveito, mas
ele, pessoalmente, passou uma procuração ao diabo, dando-lhe
direitos totais sobre a Terra e toda a criação de Deus. Entretan-
to, o ser humano, coroa da criação de Deus, não assumiu a res-
ponsabilidade pelo erro e, questionada sobre a sua imprudên-
cia, Eva se justificou com uma afirmação que ecoa ainda hoje e
ecoará pela eternidade: "A serpente me enganou..." (Gn 3.13).
É incrível como homens e mulheres não aprenderam
como a história se repete todos os dias. A "serpente" continua
enganando, cegando, tapeando, levando de roldão a maioria da
humanidade, geração após geração. Os humanos continuam
sempre fazendo as vontades da serpente, no erro, na rejeição
de todo bem que Deus lhe deu. O mais interessante dessa his-
tória fantástica de desobediência e entrega é que, ao homem
Adão, Deus não atribuiu culpa por "ouvir a serpente", mas por
"dar ouvidos à mulher" (v. 17). O diabo, transfigurado em ser-
pente, havia feito uma negociação, literalmente rasteira, com
Eva, sabendo que a ordem de não comer do fruto fora dado a
ele, Adão, antes mesmo do surgimento da mulher no cenário
DEMÓNIOS TERJ^ITORJAIS

do planeta. Mais trágico ainda, criada a partir de uma costela


dele. O fato é que homens continuam errando por si mesmos
na guarda de segredos e execução de suas responsabilidades e,
muito mais, por "darem ouvidos às mulheres", sem atentarem
para aquilo que Deus falou e contínua falando.
Adão e Eva se colocaram sob o comando do diabo por
livre e espontânea vontade e não por falta de aviso. Não é de
causar espanto que o mundo esteja sob a maldição da desobe-
diência do Éden, e que Satanás faça suas estripulias em toda
extensão terrena, usando homens e mulheres que livremente se
colocam como seus "cavalos" para satisfazerem sua ordenan-
ça, espalhando a dor e o sofrimento onde inicialmente seria o
paraíso, criado para a felicidade e deleite desta obra prima de
Deus.
Desde então, homens e mulheres estão diuturnamente à
mercê dos poderes das trevas nos domínios do inimigo. No mes-
mo verso 17 de Génesis, Deus diz: "Maldita a terra por causa
de ti; (Adão) com dor comerás dela todos os dias da tua vida.
Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do
campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão até que tornes
à terra porque dela fostes tomado; porquanto és pó e em pó te
tornarás" (W. 18,19).
Se você prestar atenção à ênfase "maldita é a terra por
causa de ti", entenderá porque o sistema de governo terreno é
diabólico e os governos humanos estão aí para massacrarem.
Todos governam sob a égide das trevas como resultado desta
terrível maldição. Entretanto, e apesar dela, Deus abriu uma
porta de escape para os que entenderem isso e aceitarem essa
realidade: a Providência para a restauração da criatura humana
como ser, inicialmente criado bendito e bom.
S.V.MILTON

Naquele distante dia no deserto, Jesus mostra a Providên-


cia do Pai e toda extensão da Sua misericórdia. É como se Jesus
estivesse dizendo à humanidade: "coragem! Vocês não estão
sozinhos. A minha vitória é a de vocês porque não poderiam
vencer sozinhos. Suas armas não serão as espadas e lanças, mas
o meu exemplo de amor e fé". Resumindo, a "guerra" é espiri-
tual, com poder dado por Deus através de Jesus Cristo. Isso
não dispensa a eficiência do treinamento dos soldados que
devem estar atentos às armadilhas do inimigo. A estratégia dele
é minar o vigor espiritual das pessoas, atacar o físico e o psico-
lógico, destruindo a vida, dom mais precioso de Deus.
Neste embate no plano espiritual, "dar ouvidos à
mulher", não representa um homem frouxo, manipulável, mas
"ouvir conselhos de homens" em termos espirituais. Eva foi a
mãe de toda humanidade (Gn 3.20) e esta (a humanidade), pas-
sa por uma das dispensações em que Deus trabalha com a Igre-
ja na continuidade do seu plano salvífico até à nova Jerusalém
no final dos tempos. Esta caminhada é possível pela graça e na
força do Espírito Santo, mas a guerra contra o mal é necessária
sempre, sem tréguas, para que os salvos continuem firmes com
Jesus e, os que ainda não entenderam a mensagem cristã,
abram os olhos para Verdade e entendam que a "casa paterna"
não é deste mundo e nem lá entram a carne e o sangue conta-
minados.
Na batalha espiritual é necessário resistir ao engano de
Satanás, não dar ouvidos aos homens enganadores, pregadores
de falsas religiões, mentirosos, soberbos e sem amor a si e aos
outros. Esta é a pior das armadilhas de Satã aos que não cres-
cem spiritualmente, ela captura milhões e leva para o abismo
sem piedade. O que entristece ainda mais os que amam a Justi-
ça, é que a Bíblia diz que as pessoas conhecem o bem e o mal

10
DFMÔNIOSTERRITORJAIS

(Gn 3.22), mas continuam praticando o que não convém, num


desafio e afronta direta ao Criador.

1.1. "N A TOCA DO

J^m Israel e toda região havia uma pequena serpente conheci-


da como áspide, muito venenosa e traiçoeira. Diz a lenda que a
rainha do Egito, Cleópatra, se fez picar por uma delas, come-
tendo suicídio. Elas viviam em tocas comumente existentes em
barrancos. Ali, capturavam e matavam pequenos roedores,
insetos e pássaros que se aventuravam entrar na toca (Is 11.8).
As crianças aprendiam desde cedo a não enfiarem a mão nas
tocas para não se arriscarem a uma picada quase sempre fatal.
A pior ameaça desses animais era a capacidade de se tornarem
quase invisíveis aos olhos humanos, ficando difícil enxergá-los
antes do ataque, o que os tornava ainda mais perigosos e temi-
dos, ainda mais ante a grande possibilidade de encontros ines-
perados, quase sempre desvantajosos para os seres humanos.
O terreno preferido para as serpentes eram os desertos, sob
pedras e em restos de árvores secas (Pv 30.19). No livro de
Jeremias (8.17), os inimigos de Israel são comparados às ser-
pentes e o próprio Satanás é chamado de serpente em Apoca-
lipse (12.9 e 20.2). Os jornaleiros experientes jamais facilita-
vam em terrenos suspeitos e muito menos se arriscavam diante
de uma toca qualquer, temendo desagradáveis surpresas que
poderiam esconder-se em seu interior. Na luta espiritual, a
mesma prudência é fundamental. Poderá evitar um confronto
desnecessário, com grandes chances de ser desastroso para
quem se arriscar por si mesmo, acreditando em seus próprios
poderes.

II
S ."V. MILTON

É necessário à humanidade (e aos cristãos em particular),


desenvolver a consciência de que seu verdadeiro inimigo é o
diabo. Ele pode fazer o possível e o impossível para destruir
homens e mulheres, levando suas almas para o inferno.
Lamentavelmente, existem pessoas que não acreditam na exis-
tência do inferno, mas existe uma grande possibilidade de
serem estes os primeiros a chegarem lá. Este é o destino do
mundo maldito, condenado por Deus. Ele sim tem como úni-
ca preocupação salvar pessoas para um tempo novo levan-
do-as para um lugar novo, transformando-as em novas criatu-
ras enquadradas no plano de salvação em Jesus.
Por estar em território inimigo, cristãos se deparam a
todo o momento com a áspide ameaçadora, pronta para o bote
e inocular seu veneno mortal. Por isso, todo cuidado é pouco,
exigindo máxima atenção aos menores sinais da ação inimiga,
muita oração e jejum, leitura da Palavra, vigor espiritual e mui-
to esforço para não dar brechas às hostes invernais do mundo
invisível, entocadas em lugares onde campeia o pecado, obser-
vando tudo com olhares malignos, prontos para assaltarem na
primeira oportunidade.
Isso é fácil compreender quando lemos o que escreveu o
apóstolo João em sua primeira carta, capítulo 5, verso 19:
"Sabemos que somos de Deus e que todo o mundo jaz no
maligno". A Bíblia ensina que Satanás nada tem de bom para
oferecer às pessoas e, se o mundo inteiro compactua com o
maligno, salve raras exceções, entende-se que suas organiza-
ções não estão estruturadas no plano de Deus, e que todo siste-
ma é hostil aos que crêem e desejam seguir os ensinamentos do
Mestre.
Este mesmo apóstolo (João) escreveu na mesma carta,
capítulo 2, verso 15: "Não ameis o mundo e nem o que no

12
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está


nele". É preciso entender que "mundo" a que se refere o após-
tolo, não é o planeta Terra, mas o sistema de governo, o siste-
ma social injusto implantado pelo homem, as concupiscências
da carne que existem, a cobrança para a prática do mal, o siste-
ma económico cruel que favorece uns poucos em detrimento
de muitos e onde a medida do ter nunca enche.
Este é o mundo mal, governado do invisível por Satanás e
seus exércitos de demónios. Ele (este mundo) está morto para
Deus, estava para o apóstolo Paulo, e deve estar também para
todas as pessoas sensatas. Neste sistema, a guerra maior do
cristão se trava na defesa da sã doutrina, livrando-a dos equívo-
cos e engodos satânicos, fazendo sobressair suas convicções, a
sua fé e o poder de Deus contra as injustiças de um sistema
falho e falido, incapaz de estabelecer a verdadeira paz, trazen-
do a felicidade tão desejada por homens e mulheres através da
história.
Caso sejamos capazes de discernir esta realidade, certa-
mente seremos bons soldados, não em defesa da Ecologia,
causadora de tanta preocupação terrena, mas de algo muito
mais abrangente e profunda: a salvação das almas, a derrota
dos planos malignos de Satanás e o estabelecimento do reino
que se concretizará com a entronização de Jesus como Rei dos
reis e Senhor dos senhores. Desembainhe sua espada espiri-
tual, sua guerra é no âmbito do sobrenatural.

13
S.V. MILTON

1.2. rNVADrNDO AS FORTALEZAS


INIMIQAS.

Demónios territoriais são mais agressivos e determinados


nos grandes centros urbanos onde se concentra maior número
de pessoas. Consequentemente aumenta a promiscuidade e
tantas outras práticas pecaminosas em virtude da quantidade
de casas noturnas, bordéis, boates gays, bares, inferninhos,
prostituição de rua, vícios, violência de todo tipo, blasfémia,
feitiçaria, idolatria e rituais demoníacos, prática de diversas
organizações ocultistas que lidam com a magia de um modo
geral.
Não é difícil perceber-se que os ataques das hordas
demoníacas são mais terríveis nos maiores centros urbanos,
basta ouvir os noticiários que diariamente informam crimes
bárbaros (muitos em consequência de rituais de magia negra).
Um caso desses chocou o país com a morte, desfiguração e
esfolamento de uma senhora com aproximadamente 50 anos
de idade, num local costumeiramente usado para esse fim
numa cidadezinha do interior de São Paulo. Uma história
macabra, estarrecedora e que foge ao entendimento do grande
público leigo, desconhecedor do que esta casta de demónios é
capaz de fazer, induzindo seus súditos a satisfazer-lhes a insa-
ciável sede de sangue e terror.
Um dos ataques mais comuns, muito noticiado e, ainda
assim, divulgando apenas uma minúscula parte do que real-
mente acontece, é a prática da pedofilia. Demónios territoriais
se unem às castas familiares e, nas matas, encruzilhadas, pedre-

14
DEMÓNIOS TERRITORJAIS

iras, cemitérios, terrenos baldios, lixões a céu aberto e outros


locais propícios, praticam o mal que se ouve quase diariamen-
te. Em lugares fétidos, ermos, escuros e lúgubres, onde nin-
guém se atreve ir, acontecem os estupros, crimes de todo tipo,
consumo de drogas, práticas imorais e condenáveis pelas leis
de Deus e da sociedade.
Esses locais ficam carregados com a presença diabólica, o
ar fica pesado e pessoas mais sensíveis sentem necessidade de
saírem logo dali em consequência da repulsa causada pela sen-
sação dessa "presença" maligna. Trata-se de algo que repugna,
traz mal-estar que se percebe não ser de origem física, mas
espiritual, sobrenatural e incrivelmente perturbador. Isso
acontece também nos espaços ao redor de boates, clubes
noturnos, zonas do meretrício ou onde funcionaram casas de
prostituição e até nas ruas onde prostitutas fazem o seu "trot-
toir" noturno em busca de sexo, dinheiro e prazer.
Frequentemente, pessoas desavisadas que passam por
esses locais são vitimadas por influência maligna. Sentem-se
mal, perdem a disposição para o que iam fazer, experimentam
um desânimo momentâneo, tontura, uma leve dor de cabeça.
Alguns são despertados em seus desejos sexuais (mesmo que
não estivessem pensando nisso), resolvem fazer um "progra-
ma", atendendo aos apelos de uma força inconsciente que
impele à prática de atos ilícitos e pecados de toda natureza.
Nas pessoas com vida espiritual efetiva, consagrada à santida-
de e um proceder puro e correto, esses ambientes e cenas de
sensualismo e volúpia, causam asco e rejeição imediata porque
há um choque interior entre os poderes da luz e os das trevas.
Infelizmente, a realidade com a qual se depara neste mun-
do tenebroso é esta, a ausência total de Deus nas vidas das pes-
soas e um número incontável delas entregues à prática das von-

15
S.V. MILTON

tades satânicas da carne, como escreveu Paulo em sua carta aos


Romanos (1.21-31). Leia todo o texto e observe que, na civili-
zação romana, ainda na antiguidade, já os demónios se mani-
festavam nos centros de maior concentração popular e na elite
de uma sociedade corrupta, pagã, imoral e libertina.
Esse caráter devasso dos romanos e da sociedade em
geral até nossos dias havia preocupado o apóstolo porque ele
era o evangelizador dos gentios, responsável por levar Jesus
aos corações daqueles cidadãos, embrutecidos pela pecamino-
sidade reinante, inclusive com dois agravantes terríveis, verda-
deiras afrontas à santidade de Deus: idolatria e homossexualis-
mo (W. 23-27). Roma era o centro do mundo, mas também
morada de demónios de onde emanavam todos os malefícios
para uma região assolada pela violência, intolerância, precon-
ceito e ódio incontido, onde a vida das pessoas valia muito
pouco.
Paulo invadiu as fortalezas inimigas, não só em Roma,
mas também em outros diversos grandes centros, locais de
moradas do terrível exército satânico. Este escolhido de Deus
provocou inúmeras baixas entre as fileiras inimigas, mas sofreu
na carne as consequências dos desafios constantes as esse
poder humanamente invencível do mundo sobrenatural. Ele,
Paulo, que fora separado diretamente por Deus para a missão
de desbravar o mundo dos gentios e semear o amor de Cristo,
não conseguiu livrar-se das maquinações diabólicas, sendo cas-
tigado com tentações, açoites, apedrejamento e prisões. Inva-
dir as fortalezas do diabo requer coragem, fé inabalável, disci-
plina e comunhão total com o Pai na busca incessante de poder
espiritual.
O grande desafio hoje continua sendo o grande poder de
fogo do diabo e seus anjos. Eles sabem aproveitar muito bem a

16
DEMÓNIOS TERRJTORJAIS

boa vontade daqueles que o servem e sentem prazer no peca-


do. Induzidos ao ódio, à vingança e cegos à prática da Justiça
de Deus, homens e mulheres se voltam contra todo o sagrado,
perseguem os emissários da Palavra e tentam sabotar a mensa-
gem genuína do evangelho. Conheci grupos que faziam traba-
lhos evangelísticos alternativos junto a drogados, prostitutas,
homossexuais e outras minorias. Quase todos esses grupos se
desfizeram com pouco tempo de atuação, apesar de terem
obtido bons resultados.
Invadir as fortalezas do diabo requer mesmo muito poder
espiritual, consagração e santidade. Conheci um pastor que
confessou em público ter sido vítima de um demónio do
homossexualismo por seu trabalho nesta área. Para livrar-se do
poder maligno, teve que valer-se da intercessão de uma junta
de obreiros da sua igreja durante uma semana inteira de jejum,
orações e devocionais para vencer o inimigo. Uma moça, que
trabalhava com um grupo nas madrugadas evangelizando
prostitutas nas ruas, veio aconselhar-se comigo e pedir oração
para anular uma forte atração por um homem casado. Li vários
textos bíblicos sobre libertação, orei e a aconselhei a jejuar.
Depois de alguns dias, confessou-se aliviada daquela opressão
e percebeu que tudo não passava de uma obsessão causada por
demónios.
Nos locais de maior influência dos demónios territoriais,
eles são mais dominadores, poderosos e agressivos. Conheci
um pai-de-santo que se converteu a Jesus. Em seu testemunho,
ele dizia que, para facilitar-lhe a entrada em cemitérios, madru-
gadas a dentro, os cadeados dos portões abriam-se sobrenatu-
ralmente pelo poder das trevas. Lá dentro, faziam barbaridades
em rituais de magia negra, cultos satânicos e bacanais regadas a
álcool e sexo sem limites.

17
S.V. "MILTON

Em suas próprias fortalezas, territórios onde se entrin-


cheiram para atacar todos que se descuidam da vida espiritual,
esses demónios resistem nas batalhas até onde podem. Contra
atacam os invasores da luz com grande ímpeto, causando até
males físicos instantâneos, como dores nas juntas, estômago,
cabeça e tonturas. Muitos são os que saem mancando depois
de uma luta em oração ou expulsão de demónios. Às vezes,
aparecem dores inexplicáveis na hora ou no dia seguinte, mole-
za física resultante da falta de energia, o que exige oração de
anulação do poder das trevas porque, Super-Homem e Mulher
Maravilha, só no cinema e histórias em quadrinhos.
Se você é um crente recrutado para o ministério de liber-
tação, é bom saber que é um alvo em potencial das forças ocul-
tas do mal. Constantemente está sob vigilância nos locais de
preferência dos demónios. Poderá sentir os efeitos de suas
setas inflamadas depois de uma volta pelos campos, banhos de
cachoeiras ou na volta de um sepultamento. Quem está neste
ministério não pode descuidar-se da oração e do fortalecimen-
to espiritual através da meditação e leitura bíblica, além de
receber constante intercessão da sua equipe ou da igreja.
O poder desses espíritos malignos se potencializa tanto
em suas próprias casas que, nos despachos de encruzilhadas,
cemitérios, pedreiras, cavernas e outros, os conteúdos das gar-
rafas de oferendas secam sem que sejam abertas e o cheiro da
bebida desaparece do interior das vasilhas. Galinhas assadas e
carnes de porcos endurecem como pedras ao serem sugadas
por legiões de demónios que se contam aos milhares. Pessoas
que passam nesses locais sentem logo algo esquisito, uma coisa
desagradável, indefinida, que persiste o dia todo, trazendo
indisposição no trabalho, levando-as a cometerem erros inex-
plicáveis em tarefas simples e corriqueiras.

18
DEMCWIOS TERRITORIAIS

Se você é novato no ministério de libertação, ainda não


tem experiência mais profunda em lidar com o poder satânico,
não negligencie sua vida espiritual, não menospreze o poder
invisível das trevas, não seja afoito(a) demais, acreditando-se
imbatível por si mesmo(a). Demónios podem minar a resistên-
cia física dos humanos, criar desânimo repentino e persistente
que afasta dos cultos e, aos poucos, escasseiam-se as orações, a
leitura bíblica e o devocionais até que abandonam de ve2 o
ministério e a vida espiritual. Seja humilde, o âmbito do espíri-
to é muito misterioso e incompreensível mesmo para os vete-
ranos nos trabalhos de libertação e intercessão. Estude e leia
bastante, submeta-se às orientações dos mais experientes,
receba orações e ore você mesmo(a) para proteger-se contra os
eflúvios do mal.

19
QUEM SÃO
osDEMCJNIOS >;
TERRITORIAIS
X^--—C .S*^- -~**

s demónios territoriais foram muito cultuados nas civiliza-


ções pagãs antigas. Sacerdotes, servidores dos templos e religi-
osos respeitavam-nos muito. Sabiam que a presença do sobre-
natural era mais intensa em alguns locais como ruínas, beira de
rios, praias, montanhas e bosques. Por isso, concentravam cul-
tos com oferendas e sacrifícios nesses locais onde erguiam alta-
res e os declaravam como territórios sagrados.
No Antigo Testamento há vários exemplos dessa servi-
dão aos deuses, principalmente nos livros de Juizes, Reis e Cró-
nicas, onde se narram as histórias de Judá e Israel, antes e depois
da divisão das doze tribos em dois reinos distintos. A propósito
disso, fica claro ao estudante que esta separação foi motivada
pelos demónios da inveja e da discórdia. Eles se encarapitaram

21
S.~V."MlLTCJN

nas costas de Jeroboão, que se tornou rei de Israel e de


Roboão, que foi rei de Judá e filho de Salomão.
Um dos exemplos mais notáveis da presença dessa casta
maligna no Velho Testamento está na atuação do rei Josias, em
Judá, onde começou a reinar aos oito anos de idade (2Re 22.1).
Ele foi um bom governante, fiel a Deus e abominou o paganis-
mo idólatra muito praticado antes dele, mandando eliminar
sacerdotes e adoradores de deuses estranhos. Observe o que
fez Josias em relação aos demónios que se alojavam nos bos-
ques próximos a Jerusalém:
"Semelhantemente, quebrou as estátuas, cortou os bos-
ques e encheu o seu lugar com ossos de homens" (2Re 22.14).
Este rei não permitiu a prostituição religiosa em todo o
seu reino. Ele sabia que todo altar e estatuária em homenagem
aos deuses eram, na verdade, dirigidos aos demónios e por eles
incentivados. Assim, também estendeu suas ordens à cidade de
Betei, onde havia um altar pagão no alto de um morro em meio
a um bosque. Mandou derrubar o altar e cortar as árvores, con-
forme está escrito:
"E também o altar que estava em Betei e o alto que fez
Jeroboão, filho de Nabate, que tinha feito pecar a Israel, junta-
mente com aquele altar, também o alto derribou; queimando o
alto, em pó o desfez e queimou o ídolo do bosque" (22.15)
Repare no detalhe do texto: queimou o ídolo. Ele repre-
sentava o demónio chefe que era cultuado e adorado como um
deus daquela localidade. Interessante um estudo desse trecho
do capitulo 22 até o versículo 20, falando do repúdio do rei
Josias ao ocultismo pagão e de como agiu de maneira radical.
Cavou sepulturas de pessoas que ali haviam sido enterradas
(costume da época), e queimou os ossos. Até as casas que havia
em torno do local mandou derrubar, fazendo uma limpeza

22
DEMÔTMIOS TERRITORIAIS

geral, inclusive na cidade de Samaria, onde também se cultua-


vam os demónios dos morros, provocando a ira do Senhor.
O texto diz que o rei sacrificou todos os sacerdotes
pagãos dos altos e queimou os ossos dos homens que adora-
vam naquele local, voltando depois ao seu governo em Jerusa-
lém.
Não poderia (e não pode ainda hoje) haver tolerância aos
demónios. O poder das trevas corrompe o ser humano, destrói
a sociedade e acaba com uma nação. Atente para o fato de o rei
Josias destruir as sepulturas e queimar os ossos dos esqueletos
que jaziam nelas. É uma ideia um tanto lúgubre, mas necessá-
rio, porque nos lugares altos, além do culto aos demónios tam-
bém se instalavam cemitérios nos locais, construíam casas e
formavam uma comunidade religiosa que tendia a aumentar
com o tempo, intensificando a idolatria. Era impossível desalo-
jar aqueles demónios sem destruir toda a estrutura, queimar a
fogo os mortos e matar os vivos, apossar-se do território para
purificá-lo e rededicá-lo ao Deus verdadeiro.
Estas e outras histórias do velho testamento devem ser
lidas por quem desejar conhecer mais sobre o mundo oculto
das trevas e como lidar com suas hostes infernais, sem contem-
plação e de maneira decisiva.

2.1. ÍDOLOS DE CEMITÉRJOS HOSPEDAM


DEMCTNIOS.
rei Josias queimou o ídolo do bosque onde estava o cemi-
tério. Desde os tempos antiguíssimos, o costume de se fazerem
ídolos e colocarem sobre túmulos com intuito de proteger os

23
S.~V. MILTON

mortos são práticas pagãs, absorvidas pelo cristianismo primi-


tivo e que o catolicismo romano substituiu por imagens de san-
tos, imagens de homens e mulheres piedosos da história cristã.
O fato de não representarem deuses e nem serem alvo de ado-
ração, não muda o fato de serem imagens, feitas por mãos de
homens e serem a representação de pessoas mortas. Por isso,
se tornam hospedeiras de demónios. Toda adoração, devoção,
reverência e sagração de mortos, sem vida e, consequentemen-
te sem poder, é terrível abominação ao Senhor, porque Ele é o
Deus da vida que ressuscitou Jesus para interceder pelos vivos.
Embora homens e mulheres possam ter sido mártires e se
entregado pela causa de Cristo, isso não os diviniza e nem os
tornam poderosos intercessores pelos vivos, suas canoniza-
ções são obras de homens, não encontram respaldo bíblico e é
puro espiritismo, colocando esperança na crença de receber a
proteção, ajuda e amparo dos mortos desde o além.
Os corpos sepultados nada significam mais porque a vida
estava no espírito. O destino deste, depois de desencarnado, só
Deus sabe. As pessoas da atualidade continuam colocando
estátuas nos túmulos por pura tradição, não conhecem as ori-
gens desse costume e não param para raciocinarem. Colocam a
imagem de um homem crucificado sobre a lápide fria sem
refletir que Jesus, há mais de dois mil anos, não está mais na
cruz, ressuscitou e a gora é nosso advogado junto ao Pai nos
céus, nosso único e suficiente intercessor, não aquela imagem
rude, feições crispadas de dor, derrotado, ainda pregado no
madeiro pelos pecados dos homens. Cristos de cemitérios em
bronze, gesso, madeira ou barro são apenas peças ornamenta-
is, mas totalmente inadequada por ser um ídolo sem nenhum
valor espiritual.

24
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

2.2. JESUS EXPULSA DEMCWIOSTSÍO


CEMITEKJO.

(j-adara era uma cidade distante cerca de 10 quilómetros do


mar da Galileia. No tempo de Jesus, era a principal cidade da
região conhecida como Decápolis, onde ficava também a
pequena Gerasa. Os moradores de Gadara eram conhecidos
como gadarenos, mas por causa da proximidade com Gerasa
foram chamados também de gesarenos nos evangelhos de
Marcos e Lucas. Aquele local, pouco depois das margens do
grande lago, foi palco de uma das mais extraordinárias passa-
gens do Novo Testamento, narrada nos três evangelhos sinóti-
cos: a expulsão de uma legião de demónios territoriais dos
cemitérios que havia aprisionado um homem e o escravizaram.
Torturando-o dia e noite. Para fins de estudos, recomendamos
as leituras das três narrativas, considerando que Marcos é o
mais abrangente e oferece mais detalhes.
Jesus expulsou daquele homem cerca de dois mil demó-
nios e permitiu que encarnassem numa manada de porcos, fato
que até hoje impressiona cristãos e estudiosos da Bíblia. Os tex-
tos oferecem detalhes esclarecedores da geografia do local,
situando o fato nos limites da cidade de Gadara, próximo ao
lago de Genesaré, ou mar da Galileia, numa elevação onde fica-
va um cemitério. Morada de demónios, o local estava receben-
do Jesus que acabava de chegar num barco procedente da
Samaria, depois de ter apaziguado uma tempestade que os sur-
preendera no meio das águas.

25
S ."V. "MILTON

Chegando à margem, já na província dos gadarenos (o


texto diz que muitos outros pequenos barcos o seguiam), Jesus
nem bem acabou de desembarcar e já lhe saiu ao encontro um
homem nu, vindo dos sepulcros e aparentemente fora das suas
perfeitas faculdades mentais. Mas o texto é extremamente
objetivo e claro: aquele homem estava possuído por um espíri-
to imundo, tão possesso que nem correntes o poderiam pren-
der, às quais fazia em pedaços.
O homem parecia mesmo louco. Marcos escreve que não
existia pessoa capaz de amansá-lo, tal a sua fúria permanente,
dia e noite, ferindo-se com pedras e vagando pelos montes e
sepulcros. Diante de Jesus, Senhor e Salvador de todos que o
desejarem, tudo foi diferente. Os demónios (eram muitos)
reconheceram o Filho de Deus e já chegaram com respeito,
toda aquela fúria havia desaparecido como por encanto. Jesus
mandou que saíssem do homem, mas repare que eles não dese-
javam abandonar sua morada, sair daquela província onde
dominavam o espaço invisível aos milhares (dois mil no ende-
moninhado). Apontaram logo uma alternativa: invocarem
numa manada de porcos que pastava próximo dali, um destino
adequado aos espíritos imundos.
Jesus atendeu ao pedido daquelas entidades das trevas.
Os porcos imediatamente enlouqueceram e saíram em dispara-
da, sem freio e nem direção, precipitaram-se todos do alto do
morro para as águas do lago, morrendo afogados. O aconteci-
mento inusitado alvoroçou toda a província. Havia espanto,
admiração e receio entre o povo que não compreendia o que
havia acontecido. Fato marcante depois deste encontro sem
precedentes, era a presença do ex-endemoninhado, vestido,
cheio de vida, saudável e tranquilo, ouvindo Jesus e testemu-
nhando o milagre a quantos se dispusessem ouvi-lo.
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

O evangelista Lucas afirma que Jesus havia expulsado os


demónios porque sentiu pena do homem, ao qual espíritos
imundos escravizavam há muito tempo. No verso 29 do capí-
tulo 8, ele afirma: "Porque tinha ordenado ao espírito imundo
que saísse daquele homem; pois já havia tempo que o arrebata-
va. E guardavam-no preso com grilhões e cadeias; mas, que-
brando as prisões, era impelido pelos demónios para os deser-
tos".

2.3. LIÇÕES DE UM EKCCTNTRP


INUSITADO.

y\lguém disse que a Bíblia é o "manual do fabricante". Não


poderia haver definição mais exata. Ela é realmente um livro de
ensino por excelência com lições práticas, indispensáveis para
a vida e que mostra a homens e mulheres o caminho correto
em que devem andar.
Neste encontro entre Jesus e um homem possesso de
demónios, aprendemos diversas lições para vida cotidiana,
basta observar diversas circunstâncias do acontecimento,
como Jesus conduziu o entrevero com sabedoria, objetividade,
tranquilidade e compaixão. Abaixo, dez lições que devem ser
aprendidas e praticadas nas vidas de todos os cristãos:
l. Muitos males físicos e psicológicos não são de origem
física. Satanás e seus demónios podem lançar seus dados
inflamados contra pessoas, apossarem-se delas e fazê-las
enfermar, sentindo no corpo o efeito de males que comu-
mente são confundidos com diversas doenças, mas médicos

27
S.V.MILTON

não descobrem exatamente o que é e não conseguem cura


através de remédios e dos conhecimentos da ciência.
2. Todas as pessoas sem vida espiritual definida estão
sujeitas aos ataques de demónios, obsessão e até posse
corpórea. Muitos podem, realmente, terem a vida em socie-
dade comprometida, tornando-se incapazes no trabalho e
na convivência familiar. Os possessos podem se tornar ver-
dadeiros farrapos humanos, zumbis sem consciência da reali-
dade que os cerca, abandonados à própria sorte. Os demónios
se apossam ou perturbam, não necessariamente, pessoas
más, embrutecidas, sem religião, que fatalmente poderiam
ser vítimas em potencial, mas o poder das trevas não esco-
lhe, ele ataca a todos indistintamente, exigindo que cada um
se cuide com suas devoções e fé inabaláveis em Deus e em
Jesus cristo.
3. Única autoridade que os demónios temem nos planos
visível e invisível é a do Senhor Jesus (Lc 8.28). Toda
entidade maligna reconhece que Jesus é o Filho de Deus,
prostra-se diante dele, mas não O aceita como Senhor e Sal-
vador, rejeitando seu senhorio sem submeter-se ao poder
da luz. "Que tenho eu contigo Jesus, Filho do Altíssimo?"
Foram as primeiras palavras que disseram ao avistarem
Jesus descendo do barco em Gadara, deixando patente sua
condição de inimigos, rebeldes, irreconciliáveis e sem capa-
cidade de conviver com o luz que, para eles, é um tormento.
4. Durante o processo de expulsão, Jesus foi extrema-
mente objetivo. Ele não gastou tempo dialogando com os
demónios, não ponderou sobre o fato de rejeitarem-no logo
de início, não argumentou com eles porque queriam invo-
car-se nos porcos e nem porque desejavam permanecer na
província dos gadarenos. Eles sabiam que não tinham alter-
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

nativa se não deixarem o corpo do homem, pediram e Jesus


permitiu. Os porcos morreram e eles tiveram que sair do
mesmo jeito, voltando a vagarem pela região até acharem
outra vítima.
5. Jesus sabia que aquele homem não estava possesso de
apenas um demónio, mas perguntou-lhes o nome para
que a multidão soubesse da cruel realidade da situação. Isso
não quer dizer que o exorcista deva perguntar o nome de
todos os demónios que expulsa. Esta não é uma regra que
Jesus usava, um método aplicado, mas uma ação ocasional
para que os presentes e as gerações futuras aprendessem um
pouco mais sobre o mundo oculto e a ferocidade das entida-
des malignas que povoam o sobrenatural.
6. No verso 31, Lucas escreve que os demónios "roga-
vam-lhe que Jesus não os mandasse para o abismo". Abis-
mo no grego significa lugar de trevas, frio e escuro (Jd 1.6),
habitat natural das entidades do mal. Apesar disso, eles não
desejam morar nas extensões abismais, querem e necessi-
tam estar no espaço do mundo real, perto das pessoas por-
que precisam de corpos para se expressar e trabalharem em
suas maquinações contra a criação divina. Demónios vêm,
originalmente, dos planos siderais para onde voltarão no
final dos tempos, conforme anuncia o livro do Apocalipse
(20.10-14), local denominado biblicamente como lago de
fogo e enxofre.
7. Toda ação de Jesus em sua caminhada terrestre visava
apontar o reino dos céus e revelar a si mesmo como Filho
de Deus, o Salvador pessoal e remissor dos pecados dos
homens. O episódio do exorcismo repercutiu como uma
bomba naquela região densamente povoada. O ex-endemo-
ninhado se tornou testemunha incontestável do fato e Jesus

29
S."V. "MlLTCJN

ordenou que ele ficasse ali mesmo, divulgando a nova reali-


dade de um tempo novo às pessoas que certamente acorre-
riam ao local para ouvi-lo. Toda graça recebida pelos cris-
tãos em todo o tempo, deveria servir para engrandecer o
nome de Jesus e proclamar seu senhorio sobre céus e terra.
8. Muitas vezes é mais gratificante estar acompanhado
de Jesus, ficar a seus pés adorando-O, mas Ele quer que os
cristãos sejam testemunhas fiéis onde estiverem ou onde
Ele mandar. Muitas vezes, os que recebem a graça se aco-
modam e se tornam meramente contemplativos, usufruin-
do da presença de Jesus, mas se negando ao engajamento
verdadeiro na obra para tornarem-se produtivos ceifeiros
na seara do Mestre.
9. Os primeiros a receberem o testemunho cristão deve-
rão ser os da própria casa (v. 39). Jesus sabe que é mais
difícil levar à conversão os parentes e os mais chegados, exi-
gindo, na maioria das vezes, verem com os próprios olhos a
ação do poder de Deus nas vidas das pessoas queridas. Isso
é natural porque parentes e amigos conhecem o proceder de
quem está anunciando o evangelho, o seu testemunho e se
é, verdadeiramente, ele próprio digno de crédito.
10. O melhor testemunho sobre Jesus é mesmo mostrar quem
ele é e o que faz pelas pessoas ainda em nossos dias. Ele
continua salvando almas sedentas, curando, batizando com
o Espírito Santo, repreendendo e expulsando demónios e
fazendo os mesmos milagres que fazia nos tempos antigos.
Ele ressuscitou dos mortos e deu autoridade sobre o mundo
invisível a todos que crerem no poder do seu nome. Esta é a
principal lição de um encontro inusitado na história huma-
na: o embate frente a frente entre o Filho de Deus e uma
legião de demónios.

30
DEMÓNIOS TERRJTORJAIS

2.4. OUTRO ATAQUE DOS DEMCTNIOS


TERRITORIAIS.
Galileia nos tempos de Cristo era um território infestado de
demónios e Jesus teve muito trabalho libertando diversas pes-
soas, vítimas de possessão. A Palestina toda vivia um tempo de
opressão sob o domínio romano em meio a ódios intestinos,
rancores de morte, traições, desconfiança, idolatria e uma sel-
vageria sem igual, atraindo para o lugar todo tipo de maldade
do plano oculto. Lucas (13.10-13), narra a história de uma
mulher que tinha um demónio alojado em sua coluna. Por isso,
andava encurvada há mais de dezoito anos. É uma passagem
conhecida pelos leitores do Novo Testamento, mas alguns
detalhes sempre passam despercebidos, impedindo maior
compreensão do texto.
Um exemplo que passa despercebido é que aquela cura
através da expulsão do demónio da enfermidade fora desejada
por Jesus porque ele sabia tratar-se de um espírito maligno.
O texto mesmo informa as circunstâncias em que ocorreu o
fato: Jesus ensinava na sinagoga no sábado, dia em que era pro-
ibido curar, considerado um trabalho como qualquer outro.
Mulheres não podiam frequentar a sinagoga, mas Jesus acaba
vendo-a e a chama, declarando-lhe a cura. Na época, homens
judeus não falavam com mulheres nas ruas, principalmente
uma aleijada, desprezada pela sociedade como se esquecida de
Deus. O Mestre rompe o preconceito porque este é também
uma arte do diabo, através do qual instila o veneno do ódio e
eternos rancores.

31
S.V. "MILTON

O preconceito torna-se evidente quando o chefe da sina-


goga, indignado pelo ato de Jesus, repreende a multidão. Ele
era um religioso convencional, cego espiritualmente, incapaz
de ter percebido que houvera no plano invisível uma terrível
batalha entre as forças do bem e do mal, dando lugar à hipocri-
sia da tradição do judaísmo, sem nenhum valor prático. Jesus
estava enxergando o mundo sobrenatural, sabia que estava
num local infestado de entidades incorpóreas, ameaçadoras e
prontas para matar, roubar e destruir. Ele precisava mostrar a
sua autoridade ao povo e aos demónios, mandou a tradição
religiosa às favas e declarou a mulher livre da enfermidade
(demónio) e ainda passou um sabão no principal da sinagoga
por sua manifestação hipócrita, totalmente preconceituosa,
zelo desnecessário pela tradição, coisas muito vistas e aprecia-
das em algumas igrejas de hoje.
O texto não diz o motivo (ou os motivos) para o demó-
nio ter-se alojado naquela mulher. Ela era uma religiosa (filha
de Abraão, praticante do Judaísmo). Assim mesmo, sofria nas
garras de uma entidade espiritual maligna há quase duas déca-
das. Deduz-se pelas evidências dos textos, que em alguns luga-
res e regiões inteiras, os ataques de demónios são mais cons-
tantes e mais severos. São espaços onde habitam em maior
número e intensificam as ações com mais rigor, oprimindo
pessoas. Isso normalmente acontece em locais em que se
observam ódios mais acirrados, idolatria, contendas, pecados
de toda natureza, falta de vida religiosa consciente, efetiva e
afetiva, isenta de compromisso. Estas situações são potentes
atrativos para os demónios ocuparem um território e se apos-
sarem dele, permanecendo ali tempo indefinido, perturbando
o ambiente e escravizando homens e mulheres sem Deus e
sem amor.

32
DEMÔTMIOS TERRITORJAIS

No verso 16 do texto, Jesus faz uma revelação que resu-


me todos os fatos que facilitavam a presença do demónio há
tanto tempo no corpo daquela mulher. Orgulho, soberba,
auto-suficiência, confiança em si mesmo em questões espiritu-
ais, indiferença com o sofrimento humano, valorização dos
animais mais do que pessoas, verdadeiras portas abertas para
entrada e domínio satânico. Jesus esclarece: "E não convinha
soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a
qual há dezoito anos Satanás mantinha presa?"
As palavras chave desta frase são: prisão, sábado, filha de
Abraão, Satanás e dezoito anos. Era uma prisão espiritual à
qual muitos hoje estão submetidos, sem alento e sem esperan-
ça. Sábado era (e contínua sendo para algumas facções cristãs),
a menina dos olhos da religiosidade hipócrita praticada pelos
judeus. A guarda do sábado estava acima do amor e da miseri-
córdia, deixando-se o exercício da caridade e atendimento às
pessoas em segundo plano, muito aquém das convicções religi-
osas. Jesus desafia esse ranço de preconceito e coloca o ser
humano acima de tudo. Filha de Abraão era sinónimo de judia,
nascida e criada na religião judaica, mas desconsiderada como
participante da mesma fé, necessitada de apoio, compreensão e
amor fraterno. Satanás contracena com Jesus nesse episódio de
drama espiritual arquitetado no plano invisível, mas real, de
consequências funestas, só compreendido pelos que têm luci-
dez de espírito.
Dezoito anos é um espaço de tempo que delimita a pri-
são, a pena, a condenação imposta pelo diabo só pelo prazer
mórbido de ver pessoas sofrerem. Um tempo de ação permiti-
da por Deus para mostrar Sua glória através de Jesus. Dezoito
anos é uma eternidade para quem sofre, mas os fariseus não
estavam preocupados com isso, a guarda do sábado, uma obri-

33
S.V.MILTON

gação há muito ultrapassada pela apostasia, era considerada


mais importante do que a libertação de um ser humano.

34
DEMÔKIOS
DAS CAÇÕES E
REINOS

os tempos antgos as nações, mesmo as menos express-


vas, tinham seus deuses e deusas como padroeiros a quem con-
fiavam a guarda e proteção contra os inimigos. Colocavam ído-
los simbolizando seus protetores nos pórticos de entrada das
cidades, nos montes e nos templos, prostravam-se diante
deles, prestavam-lhes culto e os adoravam, numa infindável
mística politeísta, pagã e sem resultados para uma espiritualida-
de autêntica.
Entretanto, as nações continuavam sendo invadidas e
destruídas, debalde a devoção de seus moradores, que eram
mortos sem piedade ou feitos escravos, situação que não lhes
dava a mínima esperança de um dia voltarem e reconstruírem
suas vidas. Entre as nações que floresceram no Antigo Testa-

35
S.V.MILTON

mento, era comum cada uma cultuar se próprio deus, mas os


profetas de Israel, mais tarde também os de Judá, sinceros
homens de Deus, não se cansavam de denunciar tal prática
como condenável aos olhos de Jeová. Em primeira Crónicas
16.26, por exemplo, há um alerta sobre deuses das nações
"Porque todos os deuses das nações são ídolos, mas o Senhor
fez os céus e a terra". Significa que os ídolos (deuses) não fize-
ram nada e nem poderão fazer. Esta mesma denúncia se repete
em Salmos 96.5: "Porque todos os deuses dos povos são coisas
vãs; mas o Senhor fez os céus".
Apesar da clareza e objetividade dos textos bíblicos, cida-
des, estados e nações continuam hoje na idolatria, confiando o
protetorado a padroeiros e padroeiras humanos, entronizados
como deuses e deusas através da estatuária, obras das mãos de
artífices, sem nenhum poder. Você poderá pensar que isso é
coisa do passado e que hoje tudo mudou. Esse posicionamen-
to humano não mudou e nem poderá mudar o que Deus deter-
minou desde a fundação do mundo. Leia o que escreveu Isaías:
"Congregai-vos e vinde; chegai-vos juntos os que escapastes
das nações; nada sabem os que conduzem em procissões as
suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um
deus que não pode salvar" (Is 45.20). Este é um equivoco
comum aos espiritualmente indoutos. A Bíblia diz que, em
Deus, não há sobra de variação e que ele é o mesmo ontem,
hoje e sempre. Não se deixe enganar pela astúcia de Satanás.
O motivo da continuidade dessa prática é a falta de
conhecimento da Palavra de Deus. Há falta de esclarecimento
porque faltam instrutores. Muitos governantes de nações e reis
podem até conhecerem a verdade, mas preferem ignorá-la para
não arriscar a desagradar o povo e serem apeados do poder.
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

Ignoram, todos eles que, quem atua através dos ídolos


são os demónios territoriais, conforme ensinam as Santas
Escrituras: "Sacrifícios e adoração se oferecem aos demónios,
não a Deus, aos deuses que não conheceram..." (Dt 32.17).
Praticantes de rituais espíritas, mormente os procedentes
da África, sabem que os espíritos dos deuses estão por trás dos
ídolos e em todos os altares e terreiros são colocados em luga-
res estratégicos nos congás6. Sempre ombreando, lado a lado,
com imagens de santos e santas do catolicismo romano, numa
perfeita sincretização de práticas, misturadas em um só caldei-
rão para demonstrar que "Deus é o mesmo e a fé uma só". Não
é necessário ser "santo" e nem sábio para se perceber ser este
um dos maiores enganos na vida espiritual das pessoas. Deus é
um só, mas abomina as práticas animistas que trocam a adora-
ção ao Deus verdadeiro pelo culto à criatura através do transe
mediúnico.
O que mais entristece o cristão fiel, conhecedor da Pala-
vra, é o fato de que, mesmo não cultuando e adorando ídolos
(demónios), os povos das nações, de um modo geral, são parti-
cipantes destes altares pela permissão deles em seu meio, como
diz a Bíblia. O apóstolo Paulo, quando escreveu sua primeira
carta aos cristãos de Corinto, alertou-os para o fato de permiti-
rem sacrifícios em seu meio, bem como os altares estranhos,
afirmando: "Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Que o
sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Antes, digo que as coisas
que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demónios e não a
Deus. Não quero que sejais participantes com os demónios.
Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demónios;

6 Altares onde se colocam imagens dos orixás africanos ao lado de "santos" do


catolicismo romano.

37
S.V.MlLTOTM

não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos


demónios" (ICo 10.19-21).
O entendimento falho das pessoas as impedem de enxer-
gar a verdade. Estátuas no alto dos morros servem de moradia
aos demónios territoriais. Eles são a causa de acidentes inexpli-
cáveis, desavenças, brigas, assassinatos e tudo que não presta
que acontece nas cidades. Aproveitam a índole má de homens
e mulheres, sugerem em seus ouvidos, penetram nos cérebros,
usam-nos como instrumentos do mal. Toda essa ação tenebro-
sa é atribuída às injustiças sociais, problemas de saúde pública,
desarranjos de ordem psicológica, psicopatias, revoltas e diver-
sos "ganchos" para justificar o que de mais terrível acontece
em meio à sociedade hodierna.
Poucos cristãos autênticos se arriscam a dizer que a maio-
ria das desgraças acontece pela ausência do Deus verdadeiro,
de maneira efetiva, nas vidas das pessoas, praticantes de uma
espiritualidade vazia, sem convicção, sujeitas aos ataques de
toda natureza promovidos pelo diabo e seus exércitos infernais.

3.1. EXEMTLOSTSÍATÉRSIA E
["_, fundamental entender a organização do reino das trevas,
como domina nações inteiras, dividindo-se numa hierarquia
em que o comando fica por conta dos príncipes, geralmente
comandantes em chefe dos exércitos. Estes podem assumir
seu lugar na guerra espiritual pela posse de territórios, onde
submetem a jugo toda uma população, atrapalhando até o con-
tato de crentes com Deus e o atendimento das orações.
A Bíblia mostra diversos exemplos dessa intervenção
maligna e que os próprios chefões estão na ativa, comandando

38
DEMÓNIOS TERKITORJAIS

o mundo visível a partir do invisível, poder muitas vezes insu-


perável pela força meramente humana e capacidade intelectual
de discernir os acontecimentos. No livro de Daniel há um
exemplo clássico desse embate no sobrenatural no espaço invi-
sível da nação persa, onde um dos príncipes das trevas impede
o atendimento às orações do jovem Daniel.
A narrativa diz que Daniel estava orando para que Deus
lhe desse a interpretação de uma visão que havia tido dias
antes. O profeta entrou em êxtase quando sentiu alguém
tocar-lhe e olhou espantado a aparição, mas ouviu palavras de
consolo e revelação: "Não temas Daniel, porque desde o pri-
meiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a
humilhar-se perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e
eu vim por causa das tuas palavras" (Dn 10.12). Depois dessas
palavras tranquilizadoras, o anjo fez uma revelação interessan-
te e muito esclarecedora sobre os demónios que atual nas
nações e reinos: "Mas o principal do reino da Pérsia se opôs
defronte de mim vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos pri-
meiros príncipes, veio para ajudar-me. E eu fiquei ali com os
reis da Pérsia" (V. 13).
Este embate aconteceu no plano invisível. Um dos prín-
cipes daquela facção de demónios do reino da Pérsia, nação de
um povo pagão, idólatra, embrutecido e mal, era tão arrojado
que o enviado de Deus para atender as súplicas de Daniel não
pode vencê-lo, necessitando ajuda do arcanjo Miguel depois de
vinte e um dias de peleja.
O versículo diz ainda que o emissário de Deus a Daniel
ainda ficou ali, envolvido com os reis da Pérsia, não governan-
tes humanos, mas os maiorais dos demónios que dominavam o
império. Observe que a guerra entre o bem e o mal é cósmica,
não se dá aqui, no mundo das formas, mas é sobrenatural, um

39
S.V. MILTON

governo determinado, organizado, que não dá tréguas e procu-


ra dificultar a comunicação entre homens fieis piedosos e o
Deus Altíssimo para atrapalhar seus planos de resgate dos
pecadores.
No verso seguinte (14), o personagem enviado de Deus
revela a Daniel a sua missão e o faz entender acontecimentos
futuros ligando a nação de Israel com o Messias, o Cristo, que
haveria de vir para salvar os homens. Veja que o príncipe dos
demónios da Pérsia tinha razão de estar enfurecido, pois estava
sendo preparado no plano cósmico o maior acontecimento de
todos os tempos e que transformou a humanidade para sem-
pre.
O anjo continua conversando com Daniel e, mais à frente
(v. 20), faz outra revelação mostrando que esta guerra sideral é
uma constante: "Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos
persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia". Você,
por pouco que conheça das Escrituras, entendeu que a batalha
espiritual é eterna, diuturna. Aquele guerreiro que trouxe a
mensagem a Daniel era um defensor do espaço invisível sobre
a Pérsia contra as hordas das trevas.
Repare que ele informou a sua missão de lutar também
contra o príncipe dos demónios da Grécia. Nenhum cristão
que lê a Bíblia com a constância necessária para alimentar o
espírito, ignora que a Grécia se tornou uma grande nação, a
civilização clássica que até hoje influencia a cultura pelo mun-
do afora. Conquistou a Palestina, submeteu o reino de Judá a
seu jugo e impôs ao povo horrores nas garras dos sucessores
ao trono de Alexandre, o Grande. Essa é outra história, mas é
bom saber que o plano invisível comanda o visível e os fatos
aqui na terra não acontecem aleatoriamente, tudo se desenvol-
ve num plano superior em que se move incontável número de

40
DEMÓNIOS TER.RJTORJAIS

entidades espirituais, lutando sempre umas contra outras, o


bem contra o mal.
Encerrando, leia o verso 21: "Mas eu te declararei o que
está escrito na Escritura da Verdade; e ninguém há que se
esforce comigo contra aqueles; a não ser Miguel, vosso prínci-
pe". A quem se refere o anjo quando diz "aqueles?" Certamen-
te aos príncipes das trevas, sempre a postos para impedirem a
ação do bem. Toda história dos reinos antigos, ações de seus
governantes, guerras, mortandades e conquistas ambiciosas,
não tiveram Deus como promotor de tantas barbaridades.
Foi (e continua sendo), arquitetado pelo reino das trevas que
só busca, constantemente, a morte e a destruição.

3.2. BABILÔTSTIA, MORADA BE DEMCTNIOS.

A Bíblia é clara ao informar quem, realmente, governava o


grande império babilónico da antiguidade. Os reis das civiliza-
ções, Babilónia como a principal delas, sempre foram inspira-
dos por Satanás e seus súditos. A sociedade que constituía
aquela nação era tremendamente belicosa, cruel, sanguinária,
idólatra, escravagista e seu prazer era torturar inimigos e tantos
quantos não concordassem com o sistema de governo.
A devassidão tomava conta dos movimentados dias no
poderoso império, promotor de constantes festas em que não
havia limite, tudo era permitido, inclusive espetáculos de tortu-
ra e mortes em público, muito comumente em homenagem a
deuses e deusas, num oferecimento incessante de libações e
holocaustos, com homens e mulheres se inflamando em sensu-
alidade e volúpia onde perdiam toda dignidade humana.

41
S.V.MILTON

Toda população de demónios territoriais que povoava os


ares da Babilónia, vivia radiante com a situação, se deleitando
com o caos implantado pela falta de moral e dos bons costu-
mes, coisas raras numa sociedade sem Deus, em que as leis não
existiam para os poderosos. Entretanto, os dias do fabuloso
império estavam contados. Deus já não suportava mais o mau
cheiro daquela nação apodrecida, o verdadeiro flagelo da
Mesopotâmia em que floresceram as mais ricas civilizações.
Nem as belezas da cidade, que encantavam pelo frescor de seus
jardins suspensos ou o sereno marulhar das águas do rio Eufra-
tes, atravessando célere sob suas muralhas, foram capazes de
deterem o juízo de Deus sobre aquele povo rebelde e pecador.
Mene, mene, Peres, tequel e parsim - escreveu na parede
do palácio de Belsazar a mão misteriosa da Justiça. Transcorria
ali um banquete sem precedentes, mais de mil convidados da
elite babilónica ocupava o grande salão, bebendo e fazendo
enorme algazarra como um bando de araras, todos sob os eflú-
vios do álcool. O rei, como todos da antiguidade, era um
homem impiedoso, cruel e que não conhecia limites para suas
ações nefastas. Resolveu, uma vez mais, extrapolar seu desdém
pelo Deus verdadeiro. Tomou os objetos sagrados que seu pai,
Nabucodonosor, havia trazido do templo em Jerusalém e os
profanou, bebendo neles o vinho da ira de Deus, ele, seus gran-
des, suas mulheres e concubinas, oferecendo louvores a seus
deuses (Dn 5.1-5).
Mene — Contou Deus o teu reino e acabou.
Tequel - Pesado foste na balança e foste achado em falta.
Peres — Dividido foi o teu reino e deu-se aos medos e aos
persas.
No instante em que Daniel terminou de interpretar as
palavras misteriosas, caiu um silêncio pesado e profundo no

42
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

imenso salão. Poder-se-ia ouvir a respiração acelerada e


medrosa de cada um dos presentes, certamente fadigados pela
noitada e assolados pelo receio de um terrível castigo do sobre-
natural, inevitável por meios naturais e poderes terrenos.
Não demorou muito, tropas medos-persas comandadas
por Dario invadiram a cidade de surpresa, passando a fio de
espada homens e mulheres, os grandes do império e o próprio
rei Belsazar, o portentoso rei dos caldeus. É bom lembrar que
os babilónios estavam completamente seguros numa cida-
de-fortaleza, considerada inexpugnável. Não poderiam eles
sequer imaginar que inimigos tão ferozes poderiam entrar em
seu interior e apossar-se daquela que era o orgulho de uma civi-
lização. Não sabiam que aquele mesmo Jeová dos judeus, a
quem afrontavam sempre, havia determinado juízo inexorável
e que os medos-persas, guiados por inteligência sobrenatural,
haviam usado o leito seco do grande rio Eufrates, orgulho e
beleza da cidade, represando-o quilómetros antes para deter-
minar o fim do poder e opulência de Babilónia, a cidade eterna.
"Caiu! Caiu a grande Babilónia, e se tornou morada de
demónios, e abrigo de todo espírito imundo, e refúgio de
toda ave imunda e aborrecível". (Ap 18.2).
Os demónios territoriais gostam muito de ocupar ruínas
de antigas cidades, construções abandonadas, sítios arqueoló-
gicos, antigas escavações de minas e velhas igrejas sem uso,
conservadas como relíquias históricas. Babilónia é o símbolo
da espiritualidade prostituída, do sistema de governo mundial
injusto e condenado, do paganismo e do sistema maligno que
opera desde o mundo das trevas para os corações dos homens
maus. Babilónia é o sistema atual das nações sobre as quais
também está determinado o juízo de Deus no final dos tempos
e da era da Igreja.

43
S.V.MILTON

A Babilónia material foi destruída e suas ruínas se torna-


ram morada de demónios. A Babilónia espiritual, representada
por todo conjunto de religiões não cristãs e cristãs apenas
nominais, caminha também, rapidamente, para o seu fim,
como está determinado em Apocalipse 18.20: "...porque Deus
já julgou a vossa causa quanto a ela". No capítulo 19 está regis-
trada a queda futura da babilónia espiritual, ou o fim do sistema
mundano dos governos seculares e religiosos, encerrando a era
da adoração falsa e corrompida desde o Éden impedindo a
concretização plena do plano de salvação em Jesus. Como
dizem os versos 6 e 7: "...Aleluia! Pois já o Senhor, Deus Todo
Poderoso, reina. Regozijemo-nos e alegremo-nos, e demos-lhe
glória, porque vindas são as bodas do cordeiro e já sua esposa
se aprontou". Então, a Babilónia, tanto material como espiritu-
al, será substituída pela nova Jerusalém que descerá dos céus.
(Ap 21.9-10).

44
4

FATOS DO
TLANO
INVISÍVEL

milhares de pessoas pelo mundo afora batem no


peito e dizem convictas: "Só acredito no que vejo!" Pobres
tolos! Não percebem que o concreto, visível e palpável surgiu
do invisível, sobrenatural, incompreendido e ilógico pelo raci-
ocínio simples e limitado. Como se explicaria todo universo
estendido no infinito onde nem a imaginação mais fértil alcan-
ça? O inexplicável é mais real que a realidade do mundo finito,
mortal e frágil em que vivemos, haja vista as constantes previ-
sões do final de tudo que aqui está numa hecatombe sem pre-
cedentes. Os espiritualmente céticos temem o fim físico do
planeta e lutam para manter o equilíbrio ecológico, mas não se
conscientizam de que o final está determinado a partir do mun-
do invisível, metafísico, apontando o último e definitivo acerto

45
S.V. MILTON

de contas entre os poderes do bem e do mal pelo Criador Uni-


versal e também com toda sua criatura rebelada.
Observando o mundo atual em comparação com as ver-
dades bíblicas, o estudioso da Palavra de Deus pode compre-
ender o sistema iníquo que opera na sociedade humana, total-
mente divorciado e equidistante daquilo que preconiza o
"manual do fabricante" para uma vida plena. Há uma ignorân-
cia absurda sobre o sagrado e o transcendental, com a maioria
se contentando com uma fé apenas superficial, descomprome-
tida com a realidade. Homens e mulheres se consideram sábios
e cheios de razão, corretos em seus raciocínios medíocres
sobre a verdade espiritual, desdenhando do Juízo, na plena cer-
teza de que "Deus é bonzinho", mas ignorando que Ele é tam-
bém justo e opera a sua Justiça.
A carta que o apóstolo Judas escreveu é uma das mais
curtas do Novo Testamento, tem apenas um capítulo, mas é
um texto áureo, cheio de ensinamentos indispensáveis para
quem deseja cultivar vida espiritual abundante. São conselhos
de sabedoria e orientação. Ele fala sobre estas pessoas que se
acham muito sabidas enquanto deixam perder suas almas na
soberba de seus entendimentos. Leia: "Estes, porém, dizem
mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem,
como animais irracionais se corrompem". Não admira que
cidades e nações se tornem morada de demónios encalacran-
do-se nos corações empedernidos de homens e mulheres nés-
cios, mas arrogantes em seus parcos entendimentos.
Judas fez uma revelação de proporções cósmicas no ver-
so 9 da sua carta. Trata-se de algo real, espantosamente verda-
deira, mostrando exemplo de fatos que acontecem no mundo
sobrenatural, e que a pessoa comum nem imagina. Observe:
"Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e dis-
DFMÒNIOS TERRITORIAIS

putava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar


juÍ2o de maldição contra ele, mas disse: o Senhor te repreen-
da". Você já leu sobre o arcanjo Miguel nas páginas anteriores
e sabe que ele é um guerreiro contra as hostes de Satanás no
mundo invisível.
Agora, preste atenção num fato: enquanto pessoas que se
autodenominam sábias volteiam em torno de si mesmas neste
mundinho limitado, coisas tremendas acontecem no mundo
sobrenatural. Imagine, a ousadia e pretensão do diabo em rei-
vindicar a posse do corpo do grande patriarca Moisés. Ele não
podia ter a alma do homem, mas queria o corpo e brigava por
ele, talvez temendo que Deus o ressuscitasse dos mortos e o
levasse para o céu em carne e osso. Miguel era e ainda é uma
grande autoridade espiritual, mas humilde como todos os ver-
dadeiramente grandes, reconheceu o seu lugar de subalterno e
a autoridade suprema de Deus, rogando-lhe que repreendesse
o diabo em sua pretensão maligna.
Imagine se Satanás é atrevido o suficiente para tentar a
posse do corpo de Moisés, um homem especialmente escolhi-
do e amado de Deus, o que não faria em relação a pessoas
comuns como eu e você se não cuidarmos da nossa vida espiri-
tual? Pense na desconsideração que se dá ao mundo sobrenatu-
ral, pessoas estribando-se em seus próprios conhecimentos e
poder, o diabo usufruindo total liberdade de ação neste univer-
so de ilusões fúteis e efémeras. Judas tinha toda a razão e tam-
bém uma definição para os que se julgam religiosos sinceros e
bons: "Estes são manchas em suas festas de caridade, banque-
teando-se convosco e apascentando-se a si mesmos sem
temor; são nuvens sem água, levadas pelo vento de uma para
outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes
mortas, desarraigadas" (v. 12).
S.V.MILTON

Há uma possibilidade real de que você e eu ouçamos isso


no dia do Juízo final. Pense e examine-se espiritualmente.
A Bíblia Sagrada oferece a seus leitores muitas pistas
sobre o mundo invisível, espiritual e intangível. O livro de Jó,
por exemplo, independente de ser um texto piedoso, motiva-
dor, um estilo literário da época, com uma história de consola-
ção, traz uma revelação interessante sobre fatos do universo
além do entendimento humano. Em algum lugar do infinito,
entidades espirituais se reuniam, confabulavam com Deus e
até Satanás participava dessas assembleias pouco convencio-
nais, mas que o autor situa no reino invisível, com sua organi-
zação hierárquica de onde se determinam a vida na terra, seus
acontecimentos e destino.
No capítulo primeiro, verso 6 desse livro, há uma afirma-
ção daquilo que certamente acontece no cotidiano de um rei-
no: "E vindo o dia em que os filhos de Deus vieram apresen-
tar-se perante o Senhor, veio também Satanás com eles".
Argumentos sobre o texto e especulações à parte, o verso mos-
tra duas realidades fundamentais. Primeira: Deus é o gover-
nante universal do mundo visível e invisível. Como todo bom
executivo, promove reuniões periódicas com o seu "staff' para
tratar assuntos de interesse. Segunda: A morada de Satanás e
seus demónios é no espaço terrestre e nos locais onde lhe dão
brechas. Entretanto, prefere ficar rondando aqui e ali, obser-
vando todos, aos quais conhece pelo nome e sabe quem são e o
que fazem. Observe o que diz Jó 1.7 e 8: "Então, o Senhor dis-
se a Satanás: de onde vens? E Satanás respondeu ao Senhor e
disse: de rodear a terra e passear por ela; e disse o Senhor a
Satanás: observaste meu servo Jó?..."
Quem conhece o livro de Jó sabe o que aconteceu depois
desse encontro convencional entre Deus e o diabo em algum

48
DEMCXNIOS TERRITORIAIS

lugar do espaço. Contudo, o que interessa não é esta fantástica


saga de um homem justo como era Jó, mas a essência é a de que
as coisas espirituais se governam pelo mundo espiritual e cujas
decisões influem na vida do mundo visível. Esse mundo além
do real não pode ser compreendido pela razão simples porque
está muito além da percepção racional. Demónios e seres do
mundo metafísico não são apenas personagens dos contos de
fadas concebidos pelo consciente cognitivo de seus autores,
como afirmava Jung7, mas é o fundamento da estrutura de
tudo que existe no mundo real das formas. Não restam dúvidas
de que se recebe na Terra o que é determinado no plano supe-
rior, seja bom ou mal, mas sempre alcança os seres humanos.

7 Cari Gustav Jung, psiquiatra suíço, introdutor da psicologia analítica, contempo-


râneo de Freud.

49
ONDE MORAM
osPIORES *-
DEMÓNIOS

pessoas mais sensíveis, quando passam próximo a


um "despacho", em locais comumente utilizados e escolhidos
pelos próprios espíritos, sentem um arrepio, o ar pesado ou
uma "presença" ruim, dando a impressão que há alguém
naquele lugar. Os espíritas chamam essa sensação de fluidos8
dessas entidades sobrenaturais. Elas podem ser mais fortes em
uns locais mais que em outros, dependendo da falange invoca-
da ali e que recebeu a oferenda.

Energia supostamente emanada pelos espíritos. É característica e diferente entre


eles, mas exclusiva. Médiuns acostumados a receberem incorporação identifi-
cam esses fluidos e podem discernir a quem pertencem. Essa manifestação dos
sentidos comumente é acompanhada por vibrações características de orixás que
incorporam o médio.

51
S.V. MILTON

Os Exus, mais conhecidos no Brasil através do ritual afro,


são tidos como a principal representação dos espíritos de
"esquerda" e se manifestam em quaisquer lugares, mesmo
quando se invocam outras entidades, eles atrevidamente com-
parecem.
É bom esclarecer que todos os espíritos do plano astral
que se manifestam na Terra, incorporando ou não, indepen-
dente do nome que se dê a eles, são demónios e não são "espí-
ritos do bem" como muitos, equivocadamente, pensam. Esse
"bem" atribuído a essa ou aquela entidade, é só um engodo
porque mais dia, menos dia, o "bem" se revela uma cilada e é
"cobrado" de maneira trágica (observe como foram as mortes
de conhecidos médiuns).
Os "espíritos de luz", como dizem, são os mesmos que
dão com uma mão e tiram com a outra. Os anjos e outros seres
celestiais, bem como o Espírito Santo, não "invocam" nas pes-
soas, não se "expressam" em corpos humanos e nem exigem
oferendas, muito menos perfumes, flores, comidas, charutos,
bebidas de diversos tipos, que são comumente colocados em
pontos estratégicos previamente determinados pelos "guias"9
nos rituais em terreiros afros.
Em todos os locais preferidos de moradia demoníaca, há
sempre uma organização hierárquica comandada por um "che-
fe" que é sempre o homenageado nos "centros" espíritas em
dias marcados num calendário anual. Durante o ritual, sob o
ritmo de músicas especificas para cada entidade, incorporam
nos médiuns, dão ordens, fazem exigências e determinam as
"obrigações"10 repassadas aos consulentes, indicando o local
9 Espíritos que incorporam médiuns para darem "consultas". Quase sempre são
Exus e pedem oferendas.
10 Receitas de banhos de ervas, perfumes e outros ingredientes. Também há obriga-
ções em oferendas.

52
DEMÔ~NIOS TERRJTORJAIS

onde deverão ser colocadas. Quando o pedido é atendido


seguindo as instruções, o chefe que recebeu a oferta convida
seus subalternos e, eventualmente, outros grupos para aprecia-
rem o despacho.
Nos locais, milhares de demónios ficam horas alvoroça-
dos, ocupando todo espaço próximo, mas nunca se afastam
totalmente dali. Pessoas que não crêem e nem se preocupam
com a vida espiritual, que costumeira ou ocasionalmente pas-
sem no local, recebem toda carga negativa e, quiçá, podem até
serem vítimas de incorporação, além de correrem o risco de
herdarem os mesmos problemas das pessoas que fizeram os
despachos, sejam físicos, emocionais, psicológicos, de relacio-
namentos ou de trabalho.

5.1. TERJ^ENOS IMANTADOS E


AMALDIÇOADOS.
número muito grande de pessoas não acredita nesta his-
tória de maldição que podem "pegar", um feitiço, uma praga,
ou que suas vidas possam ser atrapalhadas pelos espíritos ou
demónios, mesmo sabendo que a fé professada não seja das
mais legítimas. Não pretendemos aqui fazer um estudo mais
demorado da questão, mas se torna necessário entender alguns
aspectos do assunto e como a maldição envolve o sobrenatu-
ral. É algo que funciona desde a antiguidade e, apesar da
modernidade, da sociedade humana ter se afastado bastante
das crenças mitológicas, a vida espiritual e seus mistérios conti-
nua a mesma e nenhuma negação poderá anular seus efeitos.

53
S.V. "MlLTOTM

A maldição pode ser entendida como algo rejeitado, que


traz maus resultados, desprovido da graça, incapaz de receber a
bênção de Deus. Maldição é algo que soa mal aos ouvidos das
pessoas e todos fogem dela. Entretanto, a Bíblia diz que ela
pode ser uma questão de escolha. O ser humano pode receber
o impacto de uma praga lançada sobre ele ou poderá ser impac-
tado por um mal que ele mesmo atraiu sobre si através de ações
moralmente condenáveis e graves do ponto de vista da condu-
ta ética. As más escolhas levam a resultados indesejados, nunca
resultam em bênçãos, sendo estas uma exclusividade de Deus.
Em Deuteronômio 11.26, Deus determina que o povo de
Israel escolha a bênção ou a maldição. Leia: "Eis que hoje eu
ponho diante de vós a bênção e a maldição". O estado de mal-
dito resulta da desobediência às leis de Moisés e o consequente
afastamento de Deus e sua graça: "Porém a maldição se não
ouvirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, e vos desvi-
ardes do caminho que hoje vos ordeno para seguirdes outros
deuses que não conhecestes" (v. 28).
Em relação aos terrenos amaldiçoados também há refe-
rências interessantes na Bíblia. Neste mesmo capítulo 11 de
Deuteronômio, verso 29, está escrito algo curioso sobre o
assunto. "E será que, havendo o Senhor teu Deus introduzido
na terra a que vais possuir, então pronunciará bênção sobre o
monte Gerizim e a maldição sobre o monte Ebal". As maldi-
ções lançadas do monte Ebal eram contra os israelitas que
desobedecessem as leis de Deus e praticassem abominação
religiosa. Esse monte ficava antes do rio Jordão, na terra dos
cananeus. Deus ainda reforça a ordem para que proferissem a
condenação com suas próprias bocas: "Tende, pois, cuidado
em fazer todos os estatutos e os juízos que eu hoje vos propo-
nho" (v. 31).
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

O monte Ebal, com mais de 900 metros de altura, tor-


nou-se realmente um terreno onde se lançavam maldições ao
povo, conforme narrativa do capítulo 27 de Deuteronômio.
Leia o texto e conheça os tipos de maldições ao longo de 26
versículos. Além disso, observe também o capítulo 28, versos
16 a 18, inclusive estendendo a maldição a terra, à produção
agrícola e pecuária.
Hoje, o conceito de maldição é muito variado, mas con-
serva-se a mesma ideia de algo repulsivo, tanto que ninguém
gosta de morar em casas ou terras onde aconteceram assassina-
tos, suicídios e outras formas de desgraças, considerando um
local de energias negativas ou mal assombrado.
Este comportamento popular (de fugir desses locais) tem
confirmação de estudos e da própria Bíblia (caso da Babilónia é
um exemplo clássico), que aponta locais onde houve violência
e mortes como morada de demónios, espargindo energias
maléficas para todos os lados. Locais onde foram presídios,
fortalezas militares, salas de torturas, bordéis, zonas do mere-
trício, fazendas que utilizavam trabalho escravo, onde se impu-
nha toda sorte de flagelos físicos e casos de mortes à míngua
por fome e maus tratos. Também terrenos de grandes indústrias
abandonadas e até locais considerados turísticos podem se tor-
nar casas de demónios, terrenos malditos em que muitas pes-
soas não se sentem bem pelos eflúvios emanados no ar.
Um exemplo é a grande extensão de terras onde estão as
Cataratas do Iguaçu. Não são raras as pessoas mais sensíveis
que sentem algo "diferente" ao percorrerem as trilhas no meio
da mata. Os médiuns e pessoas que frequentam centros espíri-
tas sabem do que se trata, mas os leigos não compreendem as
sensações experimentadas e não dão importância ao fato, mas

55
S.V. "MILTON

isso comprova que o sobrenatural é uma realidade e que há no


ar muito mais que nuvens, aviões e urubus.
Os terrenos chamados "imantados" são aqueles que espí-
ritas e ocultistas em geral julgam energizados, magnéticos e
depósitos de boas energias, que "ajudam" contra os poderes
maléficos que pairam nos ares. Os mais procurados e, por isso
mesmo, mais valorizados, são os depósitos de camadas de
rochas de cristal com grandes extensões. No Brasil, podem ser
localizados em diversas regiões, como no Mato Grosso, Goiás,
Minas Gerais, Espírito Santo e outros estados da Federação.
São locais muito procurados pelo turismo religioso e há até
boas estruturas para receber esse pessoal e incentivar o aumen-
to dessas crenças e práticas.
Entretanto, é bom que fique claro que, na terra, todas as
coisas foram criadas, tudo pertence à criatura de Deus, não têm
nenhum poder divinal que possam modificar uma realidade,
causando bem ou mal aos homens. E verdade que pode haver
algo estranho nesses lugares e mesmo uma "energia" que pode
ser sentida, mas ela não emana de cristais, de estruturas inani-
madas, e sim dos espíritos territoriais que ali ficam espreitando,
à espera dos incautos. Há, em muitos desses locais, sedes de
organizações esotéricas, como o Vale do Amanhecer em Brasí-
lia. Seus dirigentes e frequentadores sabem que o local está car-
regado com a presença de entidades de outro plano, promo-
vem rituais e o contato mediúnico com a maioria delas, "inter-
cedendo" a favor de muitos que acreditam na imantação ou
atração de energias benfazejas.

56
As ARMAS
DA SUALUTA £
SÃO T
CARNAIS

"Porque a carne luta contra o espírito e o espírito contra


a carne, e estes se opõem um ao outro para que não
façais o que quereis" (Gl 5.17).
[_)epois de tudo o que você leu até aqui, concluo que deve ter
entendido que a minha vida, a sua, a de todos os seres humanos
que povoaram a terra até aqui e os que hão de vir, foram
comandadas, estão sendo e ainda serão, pelo mundo sobrena-
tural, lugares onde se travam incansáveis batalhas entre o bem
e o mal. Isso acontece exclusivamente pela posse e controle de
pessoas e coisas que existem no planeta.
S.~V. MILTON

O leitor e a leitora perceberam que o espírito deve suplan-


tar a matéria (carne), mas ela é demasiadamente rebelde e não
se submete com facilidade à disciplina que a vida espiritual exi-
ge como disse o apóstolo Paulo, estando ambos em constante
oposição.
Homens e mulheres precisam compreender o óbvio:
seres humanos precisam compor as fileiras na luta pelo bem,
mas isso não se faz ancorados no conhecimento filosófico (o que
é bom), nas descobertas científicas ou na força física e inteli-
gência, porque o poder espiritual só é discernido pelo Espírito
de Deus, como escreveu Paulo em sua primeira carta aos
Coríntios: "Ora, o homem natural não compreende as coisas
do Espírito de Deus porque lhe parecem loucura; e não pode
entendê-las porque elas se discernem espiritualmente" (2.14).
Entretanto, segundo Paulo, "o homem espiritual discer-
ne bem tudo e ele de ninguém é discernido" (v. 15). O que sig-
nifica isso, a não ser que a humanidade, desde os tempos anti-
gos, nunca entendeu que pessoas são carne e espírito e que, a
primeira, para nada serve, apodrece e desaparece; mas o espíri-
to é que vivifica a carne e é ele que voltará para Deus depois de
deixar o corpo. Então, homens e mulheres continuam com-
pondo a história humana, mas cegos como sempre foram, ten-
tando entender o sobrenatural com olhos da carne e o limita-
díssimo raciocínio lógico.
Quando as coisas não vão bem, correm para as igrejas,
para os altares, para os centros espíritas e para as encruzilha-
das, ignorando totalmente que todo ser humano tem em si
potencial para lutar e vencer o poder das trevas dado por Deus
através de Jesus Cristo na graça do Espírito Santo. Além disso,
a maioria só procura Deus quando se esgotam todos os recur-
sos materiais, quando percebe que a experiência, o conheci-

58
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

mento e a capacidade meramente humanas já não resolvem


mais. A humanidade sofre porque há uma generalizada des-
crença que ela é filha de um Pai Todo-poderoso, o Altíssimo,
Senhor do Universo e de todos os poderes dos mundos visível
e invisível.
Por que crianças, juvenis e jovens se apegam tanto às
peripécias de super-heróis? Fazem de suas aventuras uma mina
inesgotável aos editores e cineastas. É porque eles, os
super-heróis, representam ter em si todo poder do próprio
Deus, são imortais, inteligentes, fortes, invencíveis e lutam
sempre contra o mal. São o alter ego das pessoas, o que incons-
cientemente, todos gostariam de ser, apesar de saberem que
tudo não passa de fantasia. Detalhe: os super-heróis não preci-
sam de Deus, resolvem tudo pela força bruta, ficam com a
mocinha no final e dão gargalhadas desdenhando o poder das
trevas. É isso que as pessoas gastariam de fazer em suas vidas
cotidianas, sem precisar de Deus, disciplina, compromisso,
tolerância, paciência, compreensão e amor.
Mas, felizmente para uns e infelizmente para outros, as
coisas não são assim. É preciso humildade para aceitar e sub-
meter-se a um poder maior em obediência, entender que a vida
não foi criada e nem a morte determinada por homens, tudo
acontece independente da vontade da matéria, egoísta, exclusi-
vista e sem limites para os desejos e prazeres. Como diz o após-
tolo Paulo em sua primeira carta aos Coríntios: "Ou não sabeis
que vós sois o templo de Deus e que o espírito Santo habita em
vós?" (v.16). A maioria ignora isso e vive como uma caixa oca
ou deposita em seu interior toda crença, vaidades, orgulho,
superficialidade, não priorizando o que de mais sagrado há
neste ser controverso e surpreendente.

59
7

LEMBRETE OPORTUNO
-NA ÇUERRA
P ESPIRITUAL

y ocê pode ser uma pessoa boa para os padrões humanos,


tentar ser justo em suas ações, irrepreensível em sua conduta,
mas diante dos espíritos das trevas, você nunca tem razão, é só
mais uma vítima em potencial. Todo bom cristão, comprome-
tido com a verdade, é um guerreiro contra os demónios, mas
para vencer precisa de santidade, conforme ensinou Paulo:
"A minha palavra e a minha pregação não consistiram em pala-
vras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração
do Espírito e de poder" (l Co 2.4). O segredo do apóstolo era
demonstração da presença inquestionável do Espírito de Deus
em seu ministério.
Este é, também em nossos dias, o segredo de todos que
vencem os ataques do diabo e vivem vida abundante no espíri-

61
S.V.MILTON

to. Está escrito na Bíblia, e todos sabem por experiência, que


todo erro traz consequências no mínimo desagradáveis, faz
sofrer, decepciona e cria desânimo. Entretanto, homens e
mulheres demoram muito para abandonarem os erros, corri-
gi-los e iniciar uma nova etapa. É mais fácil persistir no erro,
acreditar que poderá dar certo, mas sempre se acaba derrotado
por eles (os erros), ou desiste-se da luta antes da hora.
Não persista no erro, não dê chances para o diabo, espere
ajuda de amigos em intercessão na luta contra as hostes da mal-
dade, assuma suas culpas e espere pelas misericórdias de Deus.
Você pode ser um feixe de puro músculos, malhados em aca-
demia, mas de nada valerá se não tiver autoridade espiritual e
isso você só recebe se desejar, tiver interesse em ser mais do
que ter, criando músculos espirituais, malhados em exercícios
de oração, infatigáveis, prontos para entrarem na luta. Toda
autoridade de Deus não vem por acaso ou merecimento e Ele
não se interessa pelos covardes e mortos espirituais, que cru-
zam os braços e ficam a lamentar a situação.
Entre nessa guerra, desenvolva vida espiritual vigorosa,
persevere. Conheça o Deus verdadeiro, mas saiba também
quem são seus adversários, isso aumentará a sua fé sabendo em
quem tem crido e colocado suas esperanças. Saiba o quanto é
superior àqueles que te aborrecem e avalie com precisão o
potencial de carga de seus inimigos. Não seja uma pessoa cré-
dula em mitos, a verdade é única, está revelada na Palavra de
Deus, fortificante para o espírito, o que for além disso é de pro-
cedência maligna. A verdade é a luz que permite enxergar por
trás da matéria, abre os olhos e dá discernimento, como está
escrito: "As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e
não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou
para os que o amam", (lCo 2.9).

62
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

7.1. FAÇA isso E VENÇA!


1. Feche as portas na cara do diabo - Se você é um homem
ou uma mulher casado(a) ou tem vínculo conjugal, cuidado
com as tentações do sexo. Olhares cobiçosos, conversas
com duplo sentido, indiretas, insinuações, são portas abertas
para a entrada de demónios nas vidas das pessoas. O adulté-
rio é um pecado terrível contra o cônjuge, traz consequên-
cias funestas ao traído e ao traidor e os mais sensíveis
podem desenvolver males físicos e psicológicos complica-
dos durante anos ou ainda, fraqueza espiritual pelos feri-
mentos que jamais cicatrizarão.
2. Zele com carinho da sua vida financeira - Pessoas que
negligenciam a área de finanças em seu cotidiano dão bre-
chas ao diabo, fica devendo, não consegue se equilibrar, tor-
na-se mau visto, perde o crédito e começa negligenciar seus
deveres para com a família e a sociedade. Gastar sem limites
e sem juízo poderá ser uma obsessão demoníaca. Em rela-
ção ao dinheiro, toda sensatez é pouca. Vá devagar, pense
antes de gastar, faça as contas, jamais pense que "amanhã
dará um jeito". Isso é pura falta de responsabilidade e pode-
rá levá-lo para o abismo.
3. Palavras não cumpridas são verdadeiros imãs na atra-
ção do mal — Seja um homem ou uma mulher de caráter.
A Palavra de Deus diz que a palavra do homem deve ser sin-
cera, sim, sim; não, não. Ninguém confia em pessoas que
não cumprem o que dizem. Uma hora fala uma coisa; outra
hora fala outra, sem firmeza, como macacos pulando de
galho em galho, sem objetivo. Os demónios gostam disso!

63
S.V.MILTON

Pense duas vezes antes de prometer. Se não tiver certeza de


poder cumprir, não assuma compromissos, principalmente
financeiros.
4. Seja um bom exemplo para a família e a sociedade -
Muitas pessoas são folgazãs, levam a vida sem seriedade,
divertida, fazendo galhofas sobre tudo que vê e acham que
nada tem nada, ninguém repara no seu jeitão de irresponsá-
vel. É um erro grave de conduta. Pessoas assim parecem
inconfiáveis, gente séria não se sente bem ao seu lado, pare-
cem incapazes e as oportunidades fogem delas e são, comu-
mente, taxadas de "doidivanas". Não seja demasiadamente
sisudo (a), mas demonstrar seriedade é fundamental.
5. Mantenha seu caráter intocável — Emprestou? Devolva!
Prometeu? Cumpra! Seja responsável em tudo que fizer.
Cumpra horários. Relógios existem para lembrarem os dis-
traídos. Não abra a boca para falar bobagem, não bajule as
pessoas, principalmente superiores. Muitos elogios soam
falsos e ninguém gosta de bajulação. Pessoas assim
demonstram fraqueza de caráter, dão a entender que podem
ser facilmente manipuláveis e estão sempre sujeitas a rece-
berem propostas indecentes, se "vendem" por qualquer
coisa e são lisas como "bagre ensaboado".
6. Os demónios adoram os fofoqueiros e as fofoqueiras —
Cuidado com a língua. Quem fala muito dá bom dia a cava-
los. As coisas nem sempre são o que parecem. É preciso ter
certeza, olhar, medir, sopesar os fatos, o que realmente acon-
teceu, antes de sair falando o que não é real. Mesmo algumas
verdades não devem ser divulgadas. Sair atraqueando é falta
de ética, desrespeito às pessoas, magoa e cria inimizades, fere
e causa machucaduras que nunca cicatrizam. Não caia na
armadilha do diabo, boca fechada não entra mosquito.
DEMCTNIOS TERJIJTORJAIS

7. Cuidado com os bons "conselhos" - Não os dê se não


estiver apto. Não os siga se não tiver certeza. Já ouviu o dita-
do que diz "Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia".
Certamente você conhece pessoas que gostam de dar con-
selhos, orientar, sugerir, "ajudar", mas quase sempre nem
sabem o que estão falando. Seus conselhos são armadilhas,
veneno que pode levar seus ouvintes a um buraco sem fun-
do. Analise os conselhos e sugestões, verifique se vale a
pena segui-los, procure conhecer quem os está dando, se é
pessoa capacitada, experiente, séria, se tem conhecimento
na área e realmente sabe o que está falando.
8. Mantenha a idoneidade moral - Existe um número
incontável de pessoas totalmente imorais, depravadas, tudo
maliciam, debocham e acham que todos os outros são
como elas. Péssimas companhias vêem maldade em tudo e,
como são imorais, não confiam em ninguém, acreditando
que todos são da mesma laia. Para esse tipo de gente, não há
ninguém bom, falam mal de quantos conheçam, achando
defeitos, tecendo críticas infundadas. Sabem tudo e querem
impor suas opiniões, sem se deixar ouvir. Pessoas imorais
trazem energias muito negativas, são nocivas à sociedade e
estão sempre carregadas pelos fluidos demoníacos.
9. Jamais julgue o seu próximo - Com o juízo que julgares,
também serás julgado. Jesus tinha toda razão quando afir-
mou isso. Um juízo sempre tem todas as possibilidades de
ser enganoso. O ser humano é demasiadamente falho, limi-
tado em sua visão e na capacidade de perceber o que está
por trás dos fatos, deixando transparecer uma certeza que
não existe. Quantos cometem erros de julgamento e se
lamentam pelo resto da vida, choram amargamente e se
arrependem, mas tardiamente, sem chances de volta. Até

05
S ."V. "MILTON

mesmo juizes experientes muitas vezes erram. Abstenha-se


de julgar.
10. Procure ser justo(a) - Injustiças são portas escancaradas
para ataques de demónios. O que te vier à mão para fazer,
pense bem antes de começar e faça perguntas a si mesmo.
É justo para todos? Criará satisfação geral? Estarei com a
consciência tranquila se fizer isso. Não favoreça uns mais
que outros. Amizades, favores recebidos, parentesco não
justificam um favorecimento injusto, em detrimento a
outros que mereçam ou estão mais capacitados. Seja fiel nas
partilhas, dê a cada um o seu quinhão, sem desmerecer nin-
guém ou reter para si parte daquilo que não te pertence.
Bens e objetos de posse indevida sempre atraem maldição e
resultam em nada.

66
8

COMO
SITSíTOMAS
DE ATAQUE
r

casta de demónios tem uma maneira própria de agir,


conforme a sua natureza, o lugar que ocupam e a hierarquia no
reino das trevas. O Novo Testamento apresenta muitos casos
diferentes de ataque, havendo demónios que torturam suas
vítimas, lançando-as até mesmo em fogueiras (Mt 17.15).
Outros causavam doenças físicas, outros psicológicos e
há os que provocavam distúrbios sexuais, levando ao adultério,
sexo ilícito, como a pecadora Maria Madalena (Lc 8.2). Demó-
nios que vivem nos cemitérios, por exemplo, gostam de causar
doenças e até a morte se não houver cuidados espirituais com
exorcismo eficiente e definitivo. Omulu (ou Obaluaiê) nos cul-
tos afros, sincretizado com São Lázaro do catolicismo é um
exemplo desses demónios, os mesmos que atacaram o velho

67
S.~V. "MILTON

Jó, cobrindo-lhe o corpo de pústulas e feridas, às quais limpava


com um caco de telha (Jó 2.8).
Integrantes de castas de maior malignidade, aqueles que
logo matam e destroem como os que mataram a família de Jó e
destruíram seus bens, não sinalizam antes de causarem danos,
arrebentam as vítimas, sem chances de reação. Outros como
os que agem nos lares, entre as famílias, são mais comumente
obsessores, causando desvio de personalidade, desavenças,
adultério, intolerância, rebeldia, desobediência aos pais, indis-
ciplina e uma série de transtornos que, não raramente, acabam
com a família, separa, cria inimizades entre irmãos, negativa de
perdão e um ambiente insuportável, carregado de energias
ruins.
Os demónios que rondam as famílias, via de regra, são
cínicos, disfarçados, persistentes, maliciosos, arrogantes, des-
denhosos e chegam devagar, causando um desconforto aqui,
uma intriga ali, um prejuízo mais adiante, levando a vítima a
considerar os fatos como casualidade, coincidência. Enquanto
isso, eles vão ficando, comendo pelas bordas, como se faz com
um prato de sopa quente.
Entretanto, não é difícil reconhecer e diferenciar ataques
demoníacos dos acontecimentos naturais. Existem alguns
sinais que, apesar de poderem ser confundidos, indicam que
algo não está dentro do que seria normal, como fatos recorren-
tes, prejuízos que persistem, desejos censuráveis constantes,
principalmente em relação ao sexo, nervosismo sem explica-
ção, relacionamentos que repentinamente se tornam tumultua-
dos, pessoas mansas e tranquilas que passam a agir com bruta-
lidade, dando respostas bruscas, fazendo cobranças fora do
contexto e inadequadas e pessoas ativas que, sem explicação
plausível, se tornam macambúzias, pensativas, preferem a soli-
DEMÔT-JIOS TERRITORIAIS

dão como se estivesse em eterna meditação. Esses sintomas,


parecidos com problemas de ordem psicológica, diferenciam
porque são constantes, não melhoram e nem pioram com
remédios, mas podem aliviar depois de uma visita à igreja ou
orações específicas.
O investigador, para saber se as causas são mesmo espiri-
tuais, deve procurar saber se a pessoa andou por lugares onde
se arriam despachos, se passou próximo a um deles, se chutou,
mexeu com o pé ou com as mãos ou mesmo desdenhou do ato
ou de quem o fez, considerando uma ignorância sem lógica.
Outra informação importante que deve ser considerada é se
algum dia ou recentemente o obsedado recebeu passes em cen-
tros espíritas, frequentou rituais afros, fez "recomendações"
indicadas pelos "guias", recebeu benzimentos, fez simpatias,
usou patuás ou símbolos de "santos", esotéricos ou de práticas
ocultas como bruxarias e encantamentos.
Todas essas ações são portas de entrada, mas não se pode
esquecer que os demónios são atrevidos e maus, podem arqui-
tetar ataques sem nenhum motivo, gratuitamente, ou por um
pequeno deslize qualquer, um pensamento censurável, uma
ideia má. Tudo é possível e oportuno no mundo das trevas.

8.1. OS FFJJTOS DA CARJÍE SÃO


ABUNDANTES.

demónios atacam a carne de olho no espírito, sedentos


por levarem-no para o inferno. Por isso, quanto mais promo-
verem a carnalidade e evitarem o desenvolvimento espiritual
das pessoas, mais chances terão de ganhar as almas para suas

69
S.V. "MlLTOTM

fileiras, único objetivo de suas malfazejas existências. Por essa


razão, Paulo não se esqueceu desse particular em suas cartas e
ensinos, repetidamente, recomenda cuidados com os desejos
da carne, abstenção de seus prazeres e resistência a seus capri-
chos. É conhecidíssimo entre os cristãos leitores da Bíblia, o
texto da carta aos Gaiatas (5.19), que fala sobre os
frutos da carne e frutos do espírito. Não é difícil compre-
ender que pessoas essencialmente carnais são mais susceptíve-
is às influências dos demónios, alvos mais fáceis e caem mais
rapidamente nas armadilhas colocadas para atrai-los.
O apóstolo Paulo nomeia vários frutos da carne que, sem
dúvida nenhuma, devem ser evitados a todo custo. Não é
necessário às pessoas serem um génio para entenderem que
nenhuma das práticas enumeradas podem ser indicadas para
uma vida decente. Entretanto, são incontáveis os que não se
enxergam e nem percebem que passaram dos limites, necessi-
tando uma correção de conduta urgente. Prostituição, impure-
zas, lascívia, idolatrias, feitiçarias, inimizades, porfias, emula-
ções, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios,
bebedices, glutonaria e coisas semelhantes a estas, soberba,
tapeação e adultério. Paulo esclarece que "os que praticam tais
coisas, não herdarão o reino dos céus" (Gl 5.21).
Creio ser desnecessário quaisquer comentários sobre o
que Paulo coloca como inimigos de um viver saudável, portas e
janelas escancaradas para o diabo "deitar e rolar", impedindo
inclusive, salvação da alma. As pessoas precisam deixar de se
verem como "boazinhas", acharem-se "santas" e que todos os
defeitos só estão nos outros. É preciso a elaboração de uma
análise sincera, uma introspecção profunda para trazer à tona
tudo que uma pessoa e, o que tem dentro de si para corrigir as
falhas, indicar saídas, atentar para comportamentos adequados

70
DFMCTNIOS TERRITORIAIS

e correção de rumos. Quem não se convence de suas limita-


ções, recusa-se a mudar e a encarar a realidade, não poderá se
livrar de defeitos de personalidade e caráter prejudiciais a uma
vida plena, física e espiritualmente, ficando à mercê do diabo.
Além dos frutos da carne, há outros sinais que podem ser
observados e muito bem avaliados na perspectiva de serem de
origem sobrenatural. Para isso, o investigador precisa contar
com a colaboração total da pessoa atingida, de algum parente
que a conheça bem e que seja gente séria, não afeita às "fantasi-
as", sensacionalismo barato e fé centrada no cristianismo
autêntico. Abaixo, alguns dos principais sinais cuja percepção
poderá ajudar bastante. E lembre-se: paciência é fundamental.
Toda precipitação será condenada.
1. Atitudes inexplicáveis da pessoa. Começa a fazer coisas
que antes abominava como jogar coisas no chão, surto de
raiva repentino e passageiro, torna-se negligente com o
asseio do corpo e das roupas, perde horários e não se preo-
cupa mais com seus compromissos, parecendo alheia a tudo
que acontece à sua volta. Esquece rapidamente o que aca-
bou de ouvir ou falar e volta a fazer a mesma pergunta
diversas vezes.
2. Quando tudo estava muito bem e, de repente, parece
desmoronar. Acontecem coisas estranhas em atividades tri-
viais como errar uma receita, esquecimentos de atividades
do dia a dia como desligar o fogão, dores que surgem repen-
tinamente, sem explicação, em diversas partes do corpo,
irritação, vontade de largar tudo e "sumir", falta de ânimo e
motivação, sonolência ou insónia, tudo pode indicar um
desequilíbrio de energias oriundo do plano espiritual.
3. Pessoas que têm parentes espíritas aos quais foram
pedidas intercessões. As que moram com um ou mais

71
SÁ'. "MILTON

praticantes do espiritismo e não observam uma vida espiri-


tual ativa. Permissão de orações de invocação de espíritos
em casa ou trabalhos espíritas, oferendas e "benzimentos".
Também pessoas que trabalham em ambientes carregados
onde se queimam incenses, oferecem-se "mimos" aos espí-
ritos para agradar-lhes, pedem-lhes a "proteção" e praticam
cultos não cristãos. E ainda: gente que trabalha em matadou-
ros, casas de jogos de azar, boates e "inferninhos", locais car-
regadíssimos de más influências.
4. Desejos condenáveis que chegam com força ao íntimo
e vão se tornando cada vez mais fortes, ficando quase
impossível resisti-los. Vontade de apossar-se indevida-
mente de um bem alheio, dar um golpe financeiro, passar
cheques sem fundos, desejar a mulher (ou o homem) do
vizinho ou da vizinha, qualquer desejo torpe, censurável e
imoral poderá indicar presença maligna. Isso requer investi-
gação com cautela e bom senso.
5. Pensamentos constantes, fixos, que não desaparecem
naturalmente, ou vão e voltam, principalmente sobre coi-
sas ruins, doenças, sensação de que vão acontecer acidentes
graves com parentes e amigos, morte, receio infundado de
perdas financeiras ou de bens, medos de demissão, de sair
de casa e recusas de participar de uma confraternização
entre parentes e amigos.
6. Falta de prazer e alegria nas coisas de Deus. A pessoa
não quer saber de oração, ouvir pregações, rejeita a leitura
bíblica e arranja toda desculpa para não ir à igreja. Já não
cantarola em casa os hinos que antes gostava tanto, perde o
ânimo de orar e às vezes, comenta com alguém a situação
sem entender os motivos, mas consciente de que algo não
vai bem em sua vida espiritual.

72
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

7. Insatisfação constante nos afazeres corriqueiros do


dia, tanto no lar como no trabalho secular, bate uma insatis-
fação repentina e inexplicável, parece enjoado(a) de tudo,
cai numa apatia sem precedentes, parecendo-lhe que seu
trabalho não justifica, é infrutífero e sem razão.
8. Repentinamente começa a gostar de tudo que antes
detestava. Jogos de cartas e outras modalidades, filmes
"apimentados" ou pornográficos, bailes, paquera fora do
casamento, pequenas mentiras, sentir prazer em ver pessoas
sofrerem achando que bem merecem; judiar de animais
domésticos que antes eram o "xodó" da casa. Pensamentos
em algumas ocasiões como "deixar de ser boba" e agir de
maneira diferente em seus relacionamentos.
9. Pessoas que estão constantemente magoadas e sen-
tem-se feridas por qualquer bobagem, sempre enten-
dem mal as intenções dos outros em relação a ela. São
ultra-sensíveis, receiam se relacionar e estão sempre de
prontidão para defender-se, fugir a qualquer sinal de ameaça
à sua estabilidade emocional. Olham sempre com desconfi-
ança, com o canto dos olhos, estão sempre sozinhas e exi-
gem muito tato e cuidados para se lidar com elas. Qualquer
descuido poderá afastá-las para sempre.
10. Desejo sexual ardente e incontrolável. Falta de entusi-
asmo nos relacionamentos. Sexo fora de casa, em adultério
ou entre solteiros. Esta prática é uma das mais facilitadoras
de ataques do poder das trevas e onde mais ele tem prazer,
sendo mais difícil de anular. Um desejo sexual que se revele
incontrolável em homens ou mulheres que nunca tiveram
problemas, principalmente uma "gana" por pessoas bem
mais novas, poderá revelar um distúrbio oriundo do mundo
sobrenatural causado por entidades malignas. Ao contrário,

73
S ."V. "MILTON

quando a pessoas sem justificativa, perde o entusiasmo por


um relacionamento, seja conjugal ou de outra natureza.
Às vezes, até mesmo a própria pessoa acha estranho esse
esfriamento, mas acredita ser normal, que está envelhecen-
do e outras justificativas, e vai levando até uma possível
separação ou rompimento de laços de boas amizades.
Existe mais, entretanto, o que está aqui já dá uma boa ideia
daquilo que os assaltos do invisível podem causar nas vidas das
pessoas espiritualmente negligentes.

74
LIVRE-SE DISSO
FNQUANTO ~~^^
PODE

enhurn ser humano precisa ou merece estar preso nas gar-


ras do diabo. Entretanto, muitos são os que sofrem, buscam
ajuda médica, não percebem melhora, mas nem desconfiam
que o problema possa ser de cunho espiritual e não procuram
ajuda. Se alguém insinua essa possibilidade, ficam exaltados e
não aceitam em hipótese alguma. Não experimentam qualquer
alternativa de cura e seguem firmes na sua ignorância.
Apesar disso, a Palavra de Deus é incisiva e afirma cate-
goricamente que o Senhor é o libertador, Ele cura males físicos
e espirituais, então, porque não procurar ajuda de alguém que
pode ser útil, interceder em oração, exorcizar o mal, aconse-
lhar, caminhar junto, dar apoio e estudar a Bíblia juntos? Isso é
muito salutar, é uma boa saída. Pelo menos mantém acesa a

75
S.V.MILTON

esperança e leva a pessoa a novas descobertas na área espiritual


que poderá mudar radicalmente a sua vida para melhor, muito
melhor.
Há algumas situações em que pessoas não se libertam
porque não atentam para os motivos que as mantêm presas a
uma situação de penúria, quer física, espiritual ou material. Fre-
quência e práticas de religiões exóticas, ioga, seguir doutrinas
estranhas e outros costumes, não liberam a pessoa para receber
as Bênçãos de Deus. A Bíblia é muito clara nisso. Seus ensinos
proíbem o culto e a adoração à criatura, "santos" e "santas"
canonizados ou não, ensinos ocultistas e esotéricos. Veja o que
diz Paulo em sua primeira carta a Timóteo: "Mas o Espírito
expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão
alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutri-
na de demónios" (4.1.).
O que significa "doutrinas de demónios, se não as cren-
ças heréticas ensinadas por muitos, como a doutrina da reen-
carnação, que não encontra apoio nas escrituras, anula a mis-
são de Jesus, o descredencia como Salvador e ainda contraria
totalmente a crença no juízo universal. Paulo foi excelente
conselheiro e continua sendo através de seus escritos, um
homem experiente e sábio, usado por Deus para ensinar, reve-
lar a sadia doutrina e alertar para as práticas condenatórias. Ele,
como bom pastor, ensina o jovem Timóteo a "rejeitar as fábu-
las profanas e de velhas, exercitar-se a si mesmo em amor"
(4.6).
Ótimo conselho! As pessoas precisam acreditar em algo
sólido, inabalável como a Palavra de Deus e não em fábulas
bobas inventadas pela literatura fantasiosa, cheia de especula-
ção sem nenhum fundamento. E Paulo ainda insiste: "Esta
palavra (a de Deus) é fiel e digna de toda a aceitação" (4.4).

76
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

Você está com problemas que possivelmente sejam de


origem espiritual, obviamente, precisa se livrar deles. Entretan-
to, antes de qualquer atitude, examine-se, faça uma análise das
suas práticas na vida cotidiana, avalie a sua religiosidade, o seu
vigor espiritual, atente para o que anda fazendo. No livro do
apocalipse há uma condenação terrível para quem participa de
cultos espíritas e se prosta diante de médiuns incorporados,
afirmando categoricamente que tal ato é um culto a demónios.
Quer ler? "Por três pragas foi morta a terça parte dos homens,
pelo fogo, fumaça e enxofre... não se arrependeram das suas
obras para não adorarem os demónios e os ídolos de ouro, pra-
ta, bronze, pedra ou madeira, que não vêem, não ouvem e não
andam" (Ap 9.18-20).
E não é só isso. Muitos insistem e alegam ter recebido
graças através de orações diante de imagens ou prostrados
diante dos congás11, frente aos orixás. Conheço muitas pessoas
que realmente receberam "ajuda", curas milagrosas e outras
graças. Entretanto, observe o que diz o mesmo livro do Apo-
calipse: "Porque são espíritos de demónios que fazem prodígios,
os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo para os
congregar para a batalha naquele grande dia do Deus Todo
Poderoso" (16.14). Por trás daquelas mesmas estátuas dos ter-
reiros, também do catolicismo romano, estão os mesmos
demónios que vão lutar contra Deus no Grande Dia. Portanto,
são inimigos de Deus, mas também fazem milagres e maravi-
lhas. Pense também no que escreveu Paulo em sua segunda
carta aos Coríntios: "E não é maravilha, porque o próprio sata-
nás se transforma em anjo de luz" (11.14).

11 Altares erigidos nos terreiros de cultos afros onde são colocadas as estátuas dos
orixás africanos e santos do catolicismo romano. No congá concentra-se toda
energia do local, tornando-o sagrado.

77
S."V. "MILTON

Observe que o diabo e seus anjos também fazem milagres


para enganar as pessoas e conservá-las fieis ao poder das tre-
vas. Ele, Satanás, é o pai da mentira, do embuste, da tapeação,
do engodo. Ninguém recebe de Deus prostrando-se diante de
ídolos, imagens de santos, dos orixás e outros seres menos
cotados na religiosidade humana, mas ajoelhado ao pés de
Cristo, contrito, sincero e sem coxear entre uma doutrina e
outra, ficando "em cima do muro", acendendo uma vela para
Deus e outra para o diabo. A propósito de velas, também a prá-
tica de acendê-las para os defuntos ou nos altares é um costu-
me inteiramente pagão e sem significado no cristianismo.
No paganismo antigo acreditava-se que as chamas iriam ilumi-
nar o caminho do morto para o paraíso. Eles mesmos acredita-
vam que seus mortos estavam na escuridão e na incerteza.
Uma das maiores maldições lançadas do monte Ebal, está
no livro de Deuteronômio 27.15: "Maldito o homem que fizer
imagens de escultura ou de fundição, abominação ao Senhor,
obra da mão do artífice, e a puser num altar escondido". Não é
preciso muito raciocínio para entender isso, fórmulas pirami-
dais para a compreensão de mensagem tão simples. Deus abo-
mina a elaboração de quaisquer tipos de imagens com o fito de
adoração ou colocá-las em algum altar, em nichos especiais,
sobre criados-mudos, em salas de orações, cabeceiras de camas
ou sobre mesinhas de centro.
Além disso, Deus abomina também os pedidos de prote-
ção às entidades ou personagens reproduzidas em estátuas,
pedido de apadrinhamento de países, estados e cidades, pro-
priedade rurais, indústrias e propriedades móveis usados em
transportes de cargas ou passageiros. Aborrece também as
súplicas aos ídolos e a devoção a eles porque tudo é criação das
mãos dos homens, não há neles poder nem divindade, não

78
DFMÔTJIOS TERRITORIAIS

podem atender pedidos e necessidades. Se houver nestes atos


algum resultado, ele certamente virá dos demónios que se
escondem por trás de falsos deuses, sempre interessados em
tirar algum proveito, mantendo o fiel enganado, nas trevas
espirituais. Livre-se disso!
Deus tem coisas maravilhosas para você e está pronto
para concedê-las. Como disse anteriormente, é uma questão de
escolha. Jesus veio tornar possível o acesso direto ao Pai. Ele
mesmo é o único intercessor entre Deus e o homem, não pre-
cisa de "ajudantes" depois do terrível sacrifício na cruz do Cal-
vário, o qual ninguém pode fazer. Observe o que escreveu o
autor da carta aos Efésios: "Bendito o Deus e Pai do nosso
Senhor Jesus Cristo, o qual abençoou com todas as bênçãos
espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (1.3). Isso não bas-
ta? Para que procurar em outras fontes depois d garantia do
próprio Deus em Jesus Cristo, que pagou o alto preço e ainda
"nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para
si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade" (v. 5).
E não se esqueça do Salmo 68.2: "Como se impele a
fumaça, assim tu os impeles; como a cera se derrete diante do
fogo, assim perecem os ímpios diante de Deus; mas alegrem-se
os justos, e se regozijam na presença de Deus e folguem de ale-
gria". Por que se arriscar? As pessoas todas têm diante de si as
portas do céu escancaradas e ficam procurando tranqueiras
para obstar sua caminhada espiritual sadia.
A rebeldia é um fruto da carne que Deus abomina. A insis-
tência na procura de outros intercessores entre o homem e
Deus além de Jesus, abre caminho uma para vida espiritual
danosa, sem resultados e sem esperança. Muito pouco se pode-
rá fazer para ajudar alguém que não abre mão das suas convic-
ções erradas, acreditando piamente que estão certos. A insis-

79
S.V.MILTON

tência num caso desses poderá criar inimizades, raiva e uma


resistência ainda maior em permanecer naquilo que acredita, às
vezes, mesmo na dúvida e insatisfeito(a).
Mas, se você é pessoa inteligente, embora praticante de
alguma religião ou ritual equivocado, entendeu a mensagem
bíblica. Afaste-se do mal e da aparência do mal, livre-se disso
enquanto pode e tem tempo. Fazendo isso, você vai benefici-
ar-se com três coisas fundamentais para uma vida espiritual
abundante e cheia de alegria: a) — Fará descobertas incríveis
sobre o prazer de conhecer a Palavra de Deus, algo inusitado
que nunca experimentou; b) - Sofrerá uma transformação
milagrosa em sua vida, no seu modo de conduzir-se, causando
espanto entre familiares e amigos; c) - Sentirá um prazer enor-
me em testemunhar para os outros o que aconteceu com você
e o que poderá acontecer com todos que seguirem pelo mesmo
caminho.

9.1.TSÍÃO rNSISTA~NO

pessoas podem errar (e até têm esse direito), mas enquan-


to não conhecem a verdade. Depois de saberem que não estão
certas, continuar insistindo, dizem, é falta de inteligência.
A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que foram severa-
mente castigadas por continuarem errando por pura rebeldia,
prazer de contrariar, tumultuar, perturbar. É preciso entender,
entretanto que essa rebeldia e permanência no erro pode não
ser por vontade própria de quem está errando, mas é possível
existir uma força oculta que a impulsiona a fazer o que não gos-
taria de estar fazendo. Essa energia sobrenatural é tão intensa
que cega, estimula, cria vícios, coloca dúvidas, embota o racio-

80
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

cínio, impede uma tomada de posição mais arrojada. Muitos


sofrem e choram, mas não conseguem abandonar os erros, dar
meia volta e seguir em frente.
Como o objetivo aqui não é julgar, fuja da retórica popu-
lar e muito própria para os casos difíceis: "Este não tem jeito,
vai morrer assim. Já tentei de tudo". Na realidade, para lidar
com pessoas renitentes, teimosas, ignorantes e compulsivas,
"tentar de tudo", às vezes é mais nocivo do que benfazejo.
O que se deve fazer é aplicar o que dá resultado e não se perder
em "conselhos". As pessoas já sabem de cor e salteado o que
devem ou não fazer. Os alcoólatras, por exemplo, sabem mui-
to bem as consequências do alcoolismo, não é preciso ficar
"buzinando" em seus ouvidos. Isso irrita muito e não dá resul-
tados práticos. O que menos as pessoas envolvidas em coisas
erradas precisam é de conselhos.
Para que alguém deixe de insistir no erro, o primeiro pas-
so é tentar conscientizá-lo(a) das consequências funestas para
si mesmo, se continuar teimando. Em segundo lugar, essa pes-
soa deve compreender o porquê deixar seus erros e procurar
um novo rumo. Muitos se convencem de que não podem mais
continuar no mesmo caminho e mudam de uma hora para
outra, por esforço próprio. Outros vão devagar, levantando,
caindo, voltando às velhas práticas, deixando-as novamente,
até a conscientização total da necessidade de mudança. Isso,
tanto em relação aos erros envolvendo vícios e conduta repro-
vável como em referência às práticas religiosas equivocadas e
longe da verdade bíblica. A única coisa necessária para uma
pessoa fazer uma conversão radical é inteligência. Isso, pouco
ou muito, todos têm.
Finalizando, cada individuo é o único que deve realmente
estar preocupado com a sua vida, o seu futuro e o destino da

81
S.V. MILTON

sua alma. A sua maneira de conduzir-se, o que faz no seu coti-


diano vai refletir até onde sua influência alcança, na família,
nos parentes, nos amigos, nos irmãos da igreja, no trabalho, na
escola e onde mais conviver e atuar. A pergunta que se deve
fazer a si mesmo é: "Qual a influência que estou deixando para
as gerações futuras? A de uma pessoa que persistiu no erro a
vida inteira, ou de alguém que aprendeu, lutou, venceu e deu a
volta por cima? A escolha é sua, bênção ou maldição? Escolha
hoje, pois, a bênção. Ela está reservada para você, ao alcance
da sua mão, basta um pouco de boa vontade e dar chance para
uma avaliação precisa da sua vida através do raciocínio inteli-
gente.

82
10

"NÃO VOLTE
AO ESPOJADOURO

^\ possibilidade de recaída de uma pessoa que resolveu iniciar


uma nova caminhada é muito grande. São muitos que voltam
aos vícios e se tornam piores que antes. Voltam ao banditismo,
às cadeias, penitenciárias e até as antigas práticas religiosas, fei-
tiçarias e rituais ocultistas da magia negra ao sabath12. O indiví-
duo conquista uma grande vitória, apossa-se dela e vai muito
bem durante um bom espaço de tempo. De repente, cai nova-
mente nos mesmos erros e práticas anteriores, com mais ímpe-
to e dedicação. É uma decepção para a família, amigos e a igre-
ja. Porque acontece essa volta ao passado abominável, povoa-
do de angústias, cheio de tristezas e mágoas? Um dos motivos

12 Ou missa Negra, um ritual antiguíssimo original das úmidas e escuras florestas de


Europa, no início da Idade Média, envolvendo rituais de bruxaria e lançamentos
de maldições através da invocação de demónios. Alguns estudiosos afirmam que
o sabath era um congresso de bruxas realizado anualmente.

83
S.V.MILTON

fundamentais da queda é o excesso de autoconfiança. A pessoa


se sente segura, começa a negligenciar a prática da religião,
afasta-se da igreja e vai aos poucos perdendo a devoção e a fé,
abre a guarda novamente para o diabo e, quando percebe, já
caiu novamente. Aí, para se levantar, fica terrivelmente mais
difícil ou até impossível.
A grande probabilidade de queda de um "convertido" a
Jesus Cristo, ou de alguém que abandonou vícios é algo já pre-
visto em todo processo de mudanças radicais. Na própria
Bíblia há muitos exemplos de personagens que retrocederam e
pagaram alto preço. Apóstolos do passado e evangelistas sem-
pre alertaram para esse perigo, real e ameaçador, como Pedro
em sua segunda carta: "Porquanto, se depois de terem escapa-
do das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e
Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nela e venci-
dos, tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro"
(2.20). Está vendo? O endemoninhado, prisioneiro do diabo
de antes, volta em pior estado, parece ter saudades dos velhos
tempos, não havia se livrado totalmente dos malefícios de
Satanás e não resistiu aos seus acenos.
Deve-se lembrar sempre que esta é a estratégia de Satã é
ficar sempre esperando a volta daqueles que um dia se foram
dele, mas não se preocupa com os que vêm. É como banqueiro
de casa de jogos, não se importa que o jogador ganhe, e até gos-
ta disso, porque o anima e o torna "freguês" da casa, perdendo
muito mais do que ganhou nas próximas partidas. O diabo age
assim: acena, faz lembrar os tempos do passado, não deixa apa-
gar de tudo as memórias do passado, como marcas de pregos
que foram arrancados da madeira. Mas Pedro alerta e diz muito
bem: "Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da

84
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo manda-


mento que lhes fora dado" (2Pe 2.21).
Nada mudou desde que o impulsivo Pedro percebeu o
grande número de "desviados" da Igreja de Cristo. Ele, natu-
ralmente, como apóstolo que andou com Jesus, se preocupou
com a massa ignara e sem nenhuma convicção, conhecimento
ou consciência daquilo que estavam fazendo. Se aquelas pesso-
as nunca tivessem se convertido, ainda teriam chances de
fazê-lo, mas a segunda oportunidade pode não mais aparecer e
muitos são os que ficam "vacinados" contra o evangelho,
endurecem os corações e permanecem longe de Deus para
sempre. Sofrer enquanto não se conhece a verdade é compre-
ensível, mas voltar ao sofrimento depois de conhecer o bom
caminho é coisa do diabo mesmo, como diz outra vez o velho
Pedro: "...Porque de quem alguém é vencido, do tal se faz tam-
bém servo" (2Pe 2.19).
Se você um dia acreditou que se "converteu", deixou o
mundo miserável em que vivia sob o jugo do capeta, frequen-
tou uma igreja, talvez tenha até sido um oficial ou quem sabe,
até um pastor, e agora, por uma desilusão qualquer, está achan-
do que nada daquilo valeu a pena, você está sendo severamente
tentado. Procure livrar-se da presença maligna e leia o que
Pedro escreveu para você e tantos outros na mesma situação.
"Deste modo, sobreveio-lhe o que por um verdadeiro provér-
bio se diz o cão voltou ao seu próprio vómito; a porca lavada
voltou ao espojadouro de lama" (2.22). Imagine a intensidade
da comparação de Pedro, igualando o desviado ao cachorro
que novamente come o vómito, um nojo sem comparação.
Este capítulo era necessário num livro sobre demónios
territoriais. É o epílogo encerrando um conhecimento de fun-
damental importância para uma vida abundante. Ele visa reba-

85
S.V. "MILTON

ter o prego do outro lado da madeira para não soltar sob pres-
são porque não faltarão emissários do diabo para demover o
convertido do seu propósito. Entretanto, o mundo está cheio
de gente feliz da vida por ter descoberto o quanto é bom deixar
o caminho das trevas para seguir Jesus, amá-lo e comprome-
ter-se com ele.
Minha preocupação como autor não é com os críticos de
plantão que nunca escreveram uma só linha, mas estão sempre
com o machado levantado, prontos para decepar cabeças e,
sim, com o que esta mensagem vai fazer nos corações de quem
precisa dela.

10.1. FAÇA isso E TERJVÍA-NEÇA

I_)esde o início da civilização a humanidade nunca descartou a


real possibilidade da existência a ação de seres espirituais invi-
síveis na terra, procedentes de outra dimensão. Quer os
homens os tenham chamado de deuses, espíritos de luz ou
espíritos imundos, demónios ou orixás, o fato é que eles sem-
pre causaram medo, rejeição, indiferença ou esperança, des-
pertando a imaginação das civilizações através da História des-
de a antiguidade.
Algumas entidades se destacaram mais que outras, con-
quistaram popularidade, ganharam mais força e devotos, che-
gando aos nossos dias com fôlego suficiente para ir muito mais
longe, principalmente deuses e deusas do panteão afro, sincre-
tizados com os "santos" do catolicismo romano. São eles, e
outros menos cotados, que continuam dividindo a fé humana,
disputando preferências e, não raramente, eficientemente con-
fundindo multidões.

86
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

1. Nunca pense que a galinha do vizinho é mais gorda.


Olhe para o que há de melhor no seu quintal, ou seja: dentro
de si mesmo.
Contente-se com o que Deus lhe deu, isso é sempre o
melhor que Ele tinha para você. Talvez a sua igreja não
tenha o melhor pregador, nem os melhores cantores, mas é
lá que você deve estar para ajudar, caminhar junto, repartir
tarefas, fazer a diferença. É possível que você tenha sido o
escolhido para fazer as coisas acontecerem onde você este-
ja.
2. Não desenvolva a doença moderna da superficialida-
de. Mergulhe fundo, deseje todas as experiências possíveis,
estude, aprenda, descubra, vá ao máximo que puder. Quem
sabe mais poderá ser mais útil, manda e comanda. Nenhum
zero à esquerda faz a diferença no lugar onde está; mas
quem sabe, faz e desfaz, muda e transforma. Aí, todos vão
pedir para você ficar.
3. Não ande como barata tonta daqui para lá e de lá para
cá. Demonstre firmeza, assuma um lugar onde possa atuar,
fazendo algo que beneficie a todos. Pedra que muito rola
não cria limo. Torne-se indispensável. As pessoas são pro-
dutos de seus atos e julgadas pelo que fazem e dizem. Essa
ideia moderna de que as pessoas precisam mudar de um
lado para outro para ganharem experiência, não é boa para
firmar alicerces. No trabalho, na igreja em todos os lugares,
seja firme.
4. Não procure defeitos no lugar onde estiver, você vai
achar. Na Terra, nada do que é feito por mãos de homens é
perfeito. Sempre haverá discordâncias, sempre existirão
motivos para descontentamentos. Deve-se querer sempre o
melhor, mas nunca o perfeito, ou certamente haverá decep-
S.V. "MlLTCTN

coes e, possivelmente, desistência.


Lembre-se: tudo que fizer, também não será totalmente
perfeito. Por isso, não exija perfeição dos outros porque,
certamente, arranjará encrencas.
5. Procure a simplicidade. O trivial bem feito é melhor do
que a sofisticação defeituosa. Nem todos têm o mesmo gos-
to e podem acompanhá-lo naquilo que você faz. Use a sin-
geleza e faça com carinho, enfeite com arte, mas esqueça as
lantejoulas. Todos vão gostar e estarão sempre dispostos a
ajudarem.
6. Da firmeza de suas decisões, dependerá o seu futuro.
Não seja volúvel, suas decisões precisam ser pesadas, medi-
das e contadas para evitar o máximo de dúvidas quanto ao
acerto. A maioria se decepciona, desanima e desiste porque
não ponderaram o suficiente na hora de decidir, foram mal
desde o início. Vida espiritual, comunhão com a igreja são
coisas sérias e sábias, não podem depender de escolhas
irresponsáveis que poderão comprometer o futuro. Fazen-
do isso, dificilmente alguém desejará voltar ao espojadouro.
Amém?
7. Cuidado com as companhias. Os "amigos" nem sempre
são bons conselheiros. Se a pessoa não estiver firme, qual-
quer empurrão vai derrubá-la. Seja seletivo em suas amiza-
des, gente que não ajuda construir, gosta de destruir porque
não lhe custa nada, não têm pela causa verdadeiro apreço.

M
11

ANTES DE
ENCERg^R^.

arcos de Souza Borges, o Coty, escreveu no seu livro


Padrão de Aconselhamento na Libertação (2011), a seguinte
afirmação: "Toda autoridade demoníaca se fundamenta na
transgressão humana em relação aos mandamentos de Deus".
"A verdadeira libertação é sempre inspirada pelo temor de
Deus que glorifica a cruz de Cristo". Essa teologia encerra
todo entendimento sobre demónios e libertação. Os pecados
autorizam a ação demoníaca sobre o pecador e a liberdade des-
se jugo só acontece quando o impenitente passa a temer mais o
castigo de Deus do que sentir o prazer do pecado.
Toda libertação deve ter em mira a glorificação do nome
de Jesus e o enaltecimento do seu sacrifício vicário. Todo mila-
gre testemunha o senhorio de Cristo, a sua supremacia sobre
os mundos visível e invisível. Aproveitamos mais uma afirma-

89
S.V.MlLTO-N

cão oportuna de Coty: "Muitas perseguições ou infestações


demoníacas se dão através dos espíritos de enfermidade. Em
alguns textos bíblicos observa-se a presença destes três concei-
tos: doenças, enfermidades e demónios, mostrando como eles
podem se associar". Embora esteja biblicamente comprovado
que possessão demoníaca, seguida ou não de enfermidades
físicas, não escolhe vítimas, não se pode isentar pessoas da res-
ponsabilidade pelos ataques. Muitos procuram chifres na cabe-
ça de cavalo e acham.
Observei um moço sentado à mesa da calçada de um bar.
Fazia-se acompanhar por dois meninos de aproximadamente
quatro e seis anos. Pediu uma cerveja para si e uma Coca-cola
para os garotos e ficou ali, sorvendo a sua bebida. Pouco depois
apareceu outro rapaz, pediu mais uma cerveja e ambos senta-
ram-se para conversar e beber. Não é difícil prever que aqueles
dois meninos têm bons exemplos para se tornarem assíduos
frequentadores de bares e exímios bebedores de cerveja e
outras bebidas, talvez até alcoólatras.
Exemplos é o que determinam comportamentos futuros.
Aqueles garotos estavam tendo um ensinamento muito eficaz
de como se fazem homens viciados em bares e botecos, beber-
rões, viciados em diversos jogos disponíveis nesses locais de
passa-tempo insalubre e impróprio para quem deseja levar
uma vida equilibrada e abundante.
Muitos são vítimas de demónios pela irresponsabilidade
de adultos. Eles não percebem o mal que fazem dando péssi-
mos exemplos às crianças e jovens. Muitos, ainda na infância,
estão trilhando caminhos de horror por influência de adultos
sem consciência, verdadeiros bichos na forma humana.
Recentemente houve uma "limpa" num local denomina-
do "Cracolândia", promovida pela polícia de São Paulo. A tele-

90
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

visão mostrou o grande número de viciados dispersos pela


cidade, andando sem rumo como zumbis13 ambulantes, total-
mente desprovidos de vida física e espiritual. Havia uma quan-
tidade lamentável de crianças no meio deles. Andares trôpe-
gos, olhares desprovidos de brilho, opacos e perdidos, sem um
mínimo de esperança, totalmente nas garras de terríveis demó-
nios que agem em meio à miséria e ao vício. Demónios tam-
bém se aproveitam da irresponsabilidade social dos governan-
tes, da indiferença de quem poderia fazer algo, do interesse
escuso de traficantes, ávidos pela riqueza fácil. Demónios se
alojam em prédios e casarões abandonados e ficam ali, zum-
bindo como um enxame de abelhas, aos milhares, promoven-
do o inferno na sociedade, enfraquecendo-a em sua moralida-
de e anulando totalmente o futuro de jovens, muito mais próxi-
mos da morte do que da cura para os vícios malditos.
No Brasil, por sinal, demónios territoriais encontraram
terreno fertilíssimo e, talvez, seja aqui um de seus lugares pre-
feridos, cada vez mais feroz, encarapitada nos governos, esco-
las, organizações sociais, clubes esportivos e até nas igrejas.

II.I.DEMCTNIOSÍRASILEIRPS SÃO MAIS


PERVERSOS.

enhum demónio é bom, mas em alguns lugares, são pio-


res. Os que atuam no Brasil estão autorizados a darem o máxi-
mo da maldade pelo poder das trevas. Não é preciso ser um
grande conhecedor da matéria para concluir-se que, em solo

13 Mortos-vivos. Segundo a crença vodu, eram cadáveres ambulantes sem espíritos


que se movimentavam como robôs por um poder sobrenatural. Era uma espécie
de maldição. Os zumbis nunca morriam.

91
S.V.MILTON

brasileiro, os demónios "deitam e rolam" por uma série de cir-


cunstâncias que facilitam o trabalho infame dessas entidades
que, aos milhões, tornam a nação reduto das mais diversas cas-
tas. Matam, roubam, destroem, tiram a paz, promovem a des-
graça social, incentivam a libertinagem, o malcaratismo, a cor-
rupção, a imoralidade e todo tipo de desgraça que paira sobre
esta terra de Vera Cruz. Neste país de gente folgazã, festeira,
carnal e carnavalesca, onde a religiosidade meramente superfi-
cial aflora em milhares de lugares "sagrados", alguns até difíce-
is de entender como interior de grutas, úmidas e escuras, onde
estátuas contemplam seus fieis com olhares piedosos, morti-
ços, mas com muita compaixão pelos que ali vão depositar suas
esperanças.
Qualquer pessoa que conheça um pouco da cultura brasi-
leira e a história da sua religiosidade sabe que esta terra nem
sempre foi "gentil", às vezes, nem "pátria amada". Aqui, o san-
gue de inocentes jorrou das veias de escravos negros, mata-
ram-se índios como se abatiam animais peçonhentos. O país
foi "descoberto" sob a égide da idolatria e para cá vieram as
piores espécies da sociedade colonizadora decaída. Ladrões,
assassinos, espertalhões, enganadores, traidores, alcoólatras,
prostitutas, oposicionistas do governo e desterrados de toda
espécie aqui aportaram, trazendo em suas bagagens tudo de
condenável numa conduta ímpia, imoral, devassa, ambiciosa,
injusta e cruel. O pensamento geral sempre foi o da exploração
até à exaustão de toda riqueza possível, com a submissão à for-
ça dos fracos pelos fortes, como sanguessugas insaciáveis que
só largam a presa quando morrem estufadas.
Mais de cinco séculos depois, os brasileiros continuam
com sua cultura extremamente idólatra. Grande número prati-
ca a religião dos antepassados negros escravos, mas sem

92
DEMÓNIOS TERKITORJAIS

conhecerem seus fundamentos, origem, propostas, doutrinas e


crenças. Os não praticantes, são simpatizantes. Vez ou outra
buscam alento, "sorte" e proteção nos terreiros e fazem "obri-
gações" na esperança de realizarem desejos, satisfazer necessi-
dades e concretizar sonhos. O Brasil é o país onde mais se
matam e morrem no trânsito. É o lugar onde mais morrem
jovens entre 19 e 28 anos assassinados, mas são também víti-
mas em potencial dos desastres automobilísticos, brigas de rua
e acerto de contas no tráfico. É o local de maior descarga de
drogas produzidas no mundo inteiro e abriga um dos mais sig-
nificativos números de viciados entre as nações.
É um país em que a ignorância e o analfabetismo cam-
peiam. Uma República de iletrados, onde menos se lê no mun-
do. A terra do "jeitinho", da esperteza malandra, da "lei de
Gerson", onde não levar vantagem é burrice. Com isso, o bra-
sileiro é tido no exterior como um povo mal educado, irreve-
rente, porcalhão, sem ética, faz necessidades físicas nos cantos
dos muros, é muito mal visto fora do país, onde a polícia vigia
de perto quem chega e dá graças a Deus quando vai embora.
O sistema de ensino é péssimo, recebe as menores avaliações
dos órgãos competentes internacionais, ficando na traseira de
nações menores e menos expressivas. Aqui, o vandalismo não
é punido com o rigor da lei, destroem-se o património público
por pura ignorância, como um bando de selvagens sem educa-
ção, com um prazer mórbido em destruir o que custou o
dinheiro de todos.
Isso sem contar que, aqui, a injustiça impera de maneira
terrível. As áreas social, económica e política sofrem com a
indiferença e desacertos de quem poderia acenar com alguma
esperança, mas prossegue sempre a péssima distribuição de
renda, escrava de uma das maiores cargas tributárias do mun-

93
S.V. "MILTON

do. Em 2011 foram mais de um trilhão e meio de reais, uma


verdadeira fábula, mas o povo que depende da saúde pública é
tratado como animais e continua morrendo nas portas dos
hospitais. Enquanto isso, classes privilegiadas, políticos mais
acentuadamente, ganham fortunas e têm privilégios de reis,
tudo do bom e do melhor, restaurantes, hotéis de luxo, carrões,
voos internacionais, hospitais de alto nível, médicos altamente
especializados, seguros de toda espécie, moradia gratuita, apo-
sentadorias milionárias e precoces e o povo, como dizia aquele
humorista: "que se exploda!"
Analisem e concluam por si mesmos se este não é um país
que dá brechas às mais diversas castas de demónios que domi-
nam áreas estratégicas usando pessoas, promovendo um dos
maiores índices do mundo entre os crimes bárbaros, onde a
punição é amena e a impunidade quase uma cultura, incenti-
vando a transgressão, a contravenção e a ilegalidade. Tudo
agravado pela religiosidade extremamente superficial, descom-
promissada, totalmente mística, burra e sem profundidade
espiritual que exige conhecimento suficiente para mudar vidas
e transformar realidades. Um país onde se bebe cada vez mais,
homens e mulheres, jovens e crianças aprendem a apreciar o
álcool desde tenra idade, tornando o Brasil um mercado em
constante crescimento, empurrando índices de alcoolismo
para a estratosfera.
Poder-se-ia falar muito mais sobre motivos e razões de
tanta desgraça que aflige este povo pacato, mas nem sempre
ordeiro. Entretanto, isso poderá parecer a muitos como despe-
ito, o extremo do pessimismo, um prazer mórbido em criticar
sem atinar para o que de bom há por aqui. Mas, como o risco é
o penhor da liberdade, deixemos registrado aquilo que muitos
sabem, a maioria finge ignorar e, alguns poucos, não se confor-

94
DEMCTNIOS TERJUTORJAIS

mam com isso e se empenham para mudar realidades que inco-


modam e afligem.

11.2. O QUE F AZERJSÍESSA BATALHA?

o que diz respeito à moral e a ética, uma boa educação é


urgente, com rompimento da cultura atravancadora do pro-
gresso e a implantação de uma nova realidade, priorizando a
transformação através da observação de um comportamento
mais civilizado, adequado a uma nação que deseja ser líder, cer-
rando fileiras entre as mais desenvolvidas do planeta. Isso não
é fácil, requer o envolvimento total dos governos, da mídia em
geral e das forças vivas da sociedade, numa união sem prece-
dentes, movida pela determinação de realmente alcançar um
novo porvir. Na área espiritual, cabe às igrejas cristãs autênti-
cas encabeçarem a luta contra o domínio sobrenatural das tre-
vas. A Igreja é depositária legítima da confiança de Deus e
levantada exclusivamente para combater (e vencer), as forças
satânicas.
A luta que se trava no plano invisível é muito mais renhi-
da, exige mais dos guerreiros que nela se engajam. A exigência
rígida e obrigatória que se faz no alistamento a esse exército,
onde muitos são chamados e poucos os escolhidos, há uma
temeridade em relação ao preparo que a Igreja de hoje oferece
aos seus recrutas. Implantar no mundo o verdadeiro cristianis-
mo, remissor e transformador requer o uso do poder genuíno
atuante na Igreja primitiva, total e não em partes, como hoje,
onde se oferece apenas aquilo que agrada o povo sedento de
algo mais consistente e profundo. Isso se compreende porque
a organização eclesiástica reflete o que vai pela sociedade.
S.V. MILTON

O que ela vê, pensa e faz, adentra pelos templos, exigindo uma
adequação ao atual, moderno, tecnologia de ponta que rejeita
tudo que é considerado ultrapassado.
Há, inquestionavelmente, um plano superior de resgate
do pecador operando hoje como nunca, o que motiva a luta,
incentiva a batalha e renova certeza de que o bem sempre ven-
ce o mal. Esse é o fato. Mas o momento atual é de uma reflexão
mais profunda sobre os rumos da Igreja no mundo do século
21, caracterizado por um sistema globalizado14, onde as liber-
dades individuais ultrapassam o bom senso. Esse modernismo
sem fronteiras não respeita o que de melhor havia no passado,
tudo deve ser substituído pelo novo. Ele invade a Igreja como
um tsunami, levando de roldão velhas e sadias convicções e
costumes nunca questionados.
A permissividade se tornou uma estratégia para reter
jovens e adolescentes, inocentes joguinhos com personagens
dos desenhos da televisão compõem o acervo didático das
escolas dominicais para crianças e os hinos e canções tão espi-
rituais e apreciadas no passado, embalando a fé de tantas gera-
ções, já não servem mais. Essa caminhada de conformismo
com o mundo está sufocando a espiritualidade nas igrejas e o
que se observa é uma indiferença cada vez maior em relação ao
sagrado, às coisas do espírito, ao conhecimento da Palavra e o
prazer nas coisas de Deus. Observam-se hoje um número cada
vez maior de jovens e crianças que se desligam dos sermões
durante os cultos para se entreterem com seus celulares através
de jogos e mensagens.
A responsabilidade de um ensinamento cristão mais efi-
caz cabe à Igreja como corpo de Cristo, respaldada pela auten-
14 Palavra moderna para nomear o que é mundial, experimentado e conhecido por
toda a humanidade ao mesmo tempo, disponibilizando conhecimento simultâ-
neo de todas as coisas que acontecem para todo planeta.

96
DEMCWIOS TERRITORIAIS

ticidade de suas mensagens, do comportamento resultante da


santidade que a reveste, mas organizações eclesiásticas que
alcançaram a grande mídia, podendo usá-la na busca da adora-
ção genuína, perde-se em seus discursos mirando a arrecada-
ção financeira e procurando agradar mais do que converter
através do oferecimento de curas milagrosas, prosperidade
sem limites, vida faustosa e livre dos problemas comuns aos
mortais.
As pessoas precisam de emprego, de libertação e, mais
ainda, da salvação de suas almas pelo conhecimento transfor-
mador das Santas Escrituras e o abandono do mundanismo.
A Igreja precisa voltar à sua verdadeira missão, a de criar uma
consciência de santidade entre os cristãos modernos e moder-
nosos, despertando um desejo mais intenso de se aprofunda-
rem no conhecimento do cristianismo e seu postulado. Isso,
com estratégias que dão prazer ao aprendizado, levando ao
interesse para sufocar o desinteresse, inimigo número um do
progresso intelectual e espiritual.
Russell Shedd, em seu clássico O Mundo, A Carne e o
Diabo (1991), diz que "a carne é inconsciente e lenta na luta
para o bem", e que esta luta exige capacitação, sendo exata-
mente esta falta que preocupa cristãos engajados e líderes
conscientes. É quase impensável o número de "evangélicos"
que não conhecem a Bíblia, lêem de vez em quando um versí-
culo aqui e outro ali, sem entenderem o contexto, e refratários
a uma preparação mais profunda, totalmente indiferentes à
necessidade de treinamento e a aquisição de um conhecimento
mais denso e esclarecedor. Isso forma soldados frouxos e
medrosos, despreparados para a grande batalha que se trava
nas regiões invisíveis. O pastor Shedd encontra um exemplo

97
S.V. "MILTON

em Davi, que rejeitou a armadura do rei, e valeu-se da ajuda do


Espírito de Deus para vencer a força iníqua ameaçadora.
Para assegurar-se da vitória, o cristão deve revestir-se da
armadura de Deus que nunca mudou, mortificando os desejos
da carne, muito presentes nesses momentos de extremos desa-
fios, das liberdades sem porteiras, da preguiça espiritual, dos
conteúdos da Internet, paralisadores dos sentidos e do raciocí-
nio. Somente uma retomada de rumos pela Igreja cristã, uma
volta a compreensão real do que seja transformação do ser,
com abandono da onda de transformismo, poderá por nova-
mente em relevo a atuação do Espírito Santo no interior dos
templos. Estes são lugares adequados para os debates sobre
estratégias e ações no combate efetivo às forças malignas que
assolam o género humano num sistema de governo material e
espiritual bruto e injusto.
Entretanto, Deus não desiste dos seus planos. A verda-
deira Igreja, noiva imaculada de Cristo, continua no mundo,
vai cumprir a sua missão, vai continuar lutando até ser arreba-
tada deste sistema de coisas para participar da vitória definiti-
va contra as hostes satânicas no Armagedom, apesar da
superficialidade e falta de compromisso de hoje.
O experiente pastor Shedd fala sobre quatro estratégias
bíblicas na luta contra a carne, e consequentemente, contra os
assaltos do diabo e seus dardos inflamados, constantemente
disparados contra homens e mulheres, crentes e descrentes,
velhos e moços, indistintamente, sem tréguas, matando e des-
truindo (pg. 77).
l. Destrua a fonte de sustento da concupiscência carnal.
Sufoque todo desejo que possa compuscar a saúde do espí-
rito, verdadeiro e único depositário da força sobrenatural
capaz de vencer o inimigo.

98
DEMÓNIOS TERRITORIAIS

2. Afaste-se das paixões infames. Os extremos são perigo-


sos quando fogem do controle da razão. A carne morta con-
tinua respirando e aspirando, ela quer prazer, liberdade sem
responsabilidade e detesta que a forcem a um comporta-
mento mais recatado.
3. Mate os "feitos" da carne. Ela gosta de bajulação, de
"aparecer", de ser paparicada e de estar sob "luzes de holo-
fotes". Tire a vitalidade das paixões que o atormentam. Pau-
lo disse que os feitos do corpo matam (Rm 8.13).
4. Faça viver intensamente o espírito, despojando-se do
velho homem. Revestir-se quer dizer tornar a vestir, trocar
de roupas. No sentido bíblico, tornar-se uma nova criatura,
um novo homem, despojado dos velhos costumes, antigos
pensamentos, cultura ultrapassada, tornando-se irrepreen-
sível aos olhos de Deus e do mundo.
Este é um assunto praticamente inesgotável. Seria muita
pretensão minha querer ir além do que já fui, mas se o texto
lido serviu para "mexer" com você, dou-me por satisfeito,
embora não acomodado, esperando que isso baste para mudar
os rumos daquilo que, no meu ponto de vista, não está correto
em relação à Igreja de Cristo, como corpo místico, imaculada e
também como organização terrena, falha e necessitada. Jesus e
Paulo atribuem a Satanás o título de "deus deste mundo", não
gratuitamente, porque o príncipe das trevas faz jus a esse título
por sua ação na guerra conta os escolhidos de Deus, colocando
no interior dos templos todo mundanismo que é capaz de criar.
Pense e
Aprofunde-se no conhecimento das suas armas e entre
nessa luta.

99
c OKCLUSAO

[ alvez eu não tenha sido suficientemente claro em algumas


ideias, nem bastante explícito e objetivo em alguns pensamen-
tos e posso também não ter sido feliz em algumas colocações
ou ter cometido algum equívoco, mas sei que os leitores vão
aprender o fundamental sobre demónios territoriais, guerra
espiritual, ocultismo, espiritismo, doutrinas cristãs e outros
assuntos não menos empolgantes. Na demonologia aqui
exposta, abordamos aspectos sobre o "modus operandis" des-
sa casta iníqua, sua natureza, seu modo de agir, seus locais pre-
feridos, seu trabalho nefasto no mister de tragar todo o planeta
e acabar com a humanidade. Sei também que, como cristãos,
pensarão um pouco mais na sua caminhada, em tudo que não
fez e poderá fazer pela genuína espiritualidade.
Quero colocar algo que julgo de extrema importância.
A primeira consideração é que o mal deixa marcas que dificil-
mente se apagam para sempre, cicatrizes que não desaparecem,
ficando sempre a lembrar que o perigo ronda, o inimigo está à
espreita e pronto para reabrir as feridas, trazendo à tona dores
e mágoas, ferramentas que constantemente usa na sua guerra.
A segunda é como lidar com isso. O passado de sofrimentos e
dores deveria, mesmo, ser totalmente esquecido, varrido da
mente apagadas as lembranças tristes, mas o diabo não quer
isso, ele é torturador, seu prazer é o eterno sofrimento do ser
humano. Essa índole diabólica exige cuidados especiais das

101
famílias e pessoas que convivem com alguém que já esteve no
extremo de um mundo tenebroso. Não se pode esquecer de
que aqui na terra, estamos todos em recuperação permanente,
podendo haver queda a qualquer momento, anulando todo
esforço, dedicação e trabalho empenhados num processo de
transformação, deixando a impressão de inutilidade e de uma
efémera duração.
Por causa disso, é necessário um estado de alerta constan-
te. Pessoas há que, a uma simples discussão, costuma "Jogar na
cara" de outros as mazelas do seu passado, coisas que já causa-
ram suficientes desgostos e que ficaram para trás, mas alguém
sempre faz questão de lembrar, parecendo um castigo imposto
por um algoz cruel, sempre pronto para o golpe fatal. Pode crer
que isso não é coisa de Deus. Ele faz tudo novo, tira os pregos
da madeira e ninguém tem o direito de lembrar suas marcas.
Essa prática poderá ser torturante, magoa profundamente e
pode tornar-se porta de entrada para o maligno, empurrando a
pessoa a um retrocesso ao mundo das trevas em que vivia ante-
riormente. Não raramente, é isso que acontece mesmo, embo-
ra a pessoa conheça muito bem a realidade do seu passado de
dor e sofrimento.
Conheci um jovem homossexual que se converteu a Cris-
to, deixou sua prática e passou a dar testemunho do que Jesus
havia feito em sua vida, tornando-se um pregador que reunia
multidões para ouvi-lo. Numa conversa informal entre mim e
ele, confessou-me que a sua maior tristeza era encontrar com
amigos do passado e estes ficarem lembrando-o de fatos e pes-
soas que marcaram um tempo de impiedade e devassidão.
A pessoa, mesmo transformada, vivendo uma nova realidade
espiritual, é extremamente frágil em sua estrutura psicológica,
abalada por traumas, receios, insegurança e incertezas pelas

102
lembranças retidas no inconsciente e que podem aflorar, cau-
sando perturbações desnecessárias, que podem facilmente
serem evitadas.
Essa insistência em lembrar o passado tenebroso aconte-
ce entre a humanidade desde o início da História. Guerras, san-
gue, tristezas e dores são testemunhas eternas das barbaridades
cometidas ao longo de séculos e séculos, provam a ação malig-
na que sempre comandou o mundo obscuro das trevas, pleno
de desgraças. A marca da presença da destruição e morte per-
manece na memória humana e, de vez em quando, vem à tona
através de discursos inflamados, ódios que se reacendem,
mágoas que ficam nos corações pelas posturas racistas do pas-
sado e atuais, pelas perseguições políticas, torturas e mortes,
pelas diferenças ideológicas, tudo promovendo um avivamen-
to de monstruosidades que só os demónios têm prazer nelas.
Além disso, há também o testemunho mudo das ruínas
ainda em pé, não permitindo à humanidade esquecer o quanto
foi selvagem, ignorante, distanciada da verdadeira graça de
Deus. O Coliseu de Roma é o melhor exemplo da lembrança
de um tempo extremamente mau que a própria História insiste
em lembrar. Quem contempla aquelas ruínas (morada de
demónios), tem a impressão de ainda ouvir os gritos da turba
enlouquecida, sedenta de sangue, exigindo a morte de homens
e mulheres, cujos crimes foram tornarem-se seguidores das
ideias de um homem meigo, justo e santo, pregador da verdade
que muitos não gostam de ouvir, chamado Jesus. É possível,
ainda hoje, fechar os olhos e ouvir os gritos dos cristãos sendo
estraçalhados por leões famintos, bestas feras de garras pode-
rosas, com instinto assassino e objetivo único de matar e
comer.

103
São mágoas que permanecem acesas sob as cinzas de algo
que passou, mas que basta um sopro para reavivá-las e volta-
rem a queimar. Se você é cristão sincero, esqueça definitiva-
mente um passado que não vale a pena lembrar. Enquanto se
perde tempo remoendo coisas que já se foram, deixa-se de ver
e aproveitar excelentes chances para promover o futuro, pre-
pará-lo para dias melhores, introduzindo a tão almejada felici-
dade que todo ser humano procura desde a fundação do mun-
do. Ficar lembrando o passado e, pior, jogá-lo na cara de
alguém atribuindo culpas, fazendo cobranças, censurando, é
certamente o mais indecente pecado que se comete contra um
ser humano, é essencialmente demoníaco e maior fonte de
desavenças, desentendimentos, separações, avivamento de
mágoas, sofrimento e tristezas.
Se você entendeu isso e a necessidade dessas considera-
ções, minha conclusão foi com chave de ouro. As boas recor-
dações fazem bem à alma e você, com certeza, as tem muito.
Não torture alguém que você ama tocando-lhe nas feridas.
Aproveite ao máximo tudo de bom que as pessoas queridas
possam lhe oferecer, guarde a língua, afaste a ignorância, a vida
é curta demais para que se dê lugar às maquinações do diabo.
Muitos deram a própria vida para que o mundo fosse melhor,
sofreram dores terríveis na carne, foram torturados, mas não
renegaram seus ideais e crenças na possibilidade de um novo
amanhecer. Não torne a morte desses homens e mulheres em
vão, dê a sua parcela de contribuição para que os sonhos deles,
naquilo que acreditaram, se tornem realidade um dia.
Obrigado pela sua leitura.

104
LIVROS PESQUISADOS E
RECOMENDADOS

BORGES, Marcos de Souza (Coty). Padrão de Aconselhamento


na Libertação, Jocum, 2011, 235pp.
BOYER, O. S. Enciclopédia Bíblica, CPAD, Rio de Janeiro,
1987, 810pp.
HURLBUT, Jesse Lymann, História da Igreja Cristã, Vida, São
Paulo, 2ed., 1986, 255pp.
ITIOKA, Neusa. Os Deuses da Umbanda, ABU, São Paulo, led.,
1988,235pp
MACKEY, Albert G., O Simbolismo da Maçonaria, Universo
dos Livros, São Paulo, 2008, led., 160pp.
MILTON. S. V. Demónios Familiares, A.D. Santos, Curitiba,
2010, laed, 104pp.
OLIVEIRA, Raimundo F. Seitas e Heresias, Um sinal dos Tem-
pos, CPAD, Rio de Janeiro, 1987, laed, 256pp.
PACAUT, M. As instituições Religiosas, Difusão Europeia do
Livro, São Paulo, 1966, Ed. Única.
SHEDD, Russel. O Mundo, a Carne e o Diabo, Vida Nova, São
Paulo, laed., 1991, 126pp.
ARTIGO: Você melhor, o mundo melhor, Seleções do Readers
Digest, Rio de Janeiro, Maio de 2009.

105
SUA OPINIÃO E MUITO IMPORTANTE PARA Nós.
Escreva para:
demoniosterritoriais@adsantos.com.br e compartilhe
conosco suas impressões e sugestões.
Será um prazer trocar ideias com você.
Se desejar, acompanhe-nos nos seguintes endereços eletronicos:

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\S \S f
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RR1TOR1AÍ
Este é um assunto polémico, mas irresistível,
pois é certo que existe muito mais no mundo
espiritual do que podemos imaginar.

H
\ Demónios existem?
\ Podem nos influenciar?
\ Eles têm poder?
\ Podem nos atingir?
\ Por que tantos são indiferentes a este assunto?
\ Por que tantos são atingidos?

sobre os anjos caídos e os territórios


que eles tentam dominar.

"O homem passou pelo local abandonado.


Ele sentiu um arrepio na nuca, sentiu medo,
mas pior que isso, sentiu que algo tremendamente
maligno o observava. Aquele local estava tomado
por demónios e ele precisava afastar-se dali
o mais rápido possível..."

Em Demónios Territoriais S. V. Milton mostra mais uma vez


sua habilidade em misturar suspense, fatos bíblicos
com fascinantes informações sobre <

^SANTOS
1
j l D l l O RA
9"788574"592848"

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