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TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

ANÁLISE DOS TIPOS DE MATERIAIS ESTRANHOS ENCONTRADOS EM


SACHÊS DE CHÁ COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE TERESINA-PI

Ana Siqueira do Nascimento Marreiro 1


Paulo Ronaldo Sousa Teixeira1
Railson Pereira Souza1

RESUMO

O chá é uma bebida preparada através da infusão de folhas, flores ou raízes


de plantas. Geralmente é preparada com água quente, e cada variedade adquire um sabor
definido de acordo com o processamento utilizado, que pode ser com ou sem fermentação,
tostado ou não, podendo ser adicionado de aroma e ou especiaria. O presente trabalho
tem como objetivo analisar microscopicamente as amostras de chás comercializados
nos supermercados da cidade de Teresina, avaliando a existência de sujidades, materiais
estranhos, bem como outras impurezas capazes de provocar alterações do alimento

Termos para indexação: Chá, impurezas, microscópio, sujidades

1
Professores do IFPI, Departamento de Informação, Ambiente e Saúde. paulo-sd@hotmail.com
Revista ACTA Tecnológica - Revista Científica - ISSN 1982-422X , Vol. 5, número 1, jan-jun 2010

ANALYSIS OF STRANGE MATERIALS FOUND IN SACHÈS OF


TEA SOLD IN TERESINA-PI

ABSTRACT

Tea is a kind of beverage prepared by an infusion of leaves, flowers or plant


roots. It is usually prepared with hot water, and each tea variety acquires a defined taste
according to the used procedure, which can be with or without fermentation, toasted
or untoasted, and even may be added of flavor and spice. This study aims to analyze
microscopically samples of teas sold in supermarkets in Teresina, evaluating the existence
of dirt, strange materials, and other impurities which able to cause changes in food.

Index terms: Tea, impurities, microscope, dirt

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ANÁLISE DOS TIPOS DE MATERIAIS ESTRANHOS ENCONTRADOS EM SACHÊS DE CHÁ COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE
TERESINA-PI

INTRODUÇÃO

O chá é uma bebida preparada através da infusão de folhas, flores ou raízes


de plantas. Geralmente é preparada com água quente, e cada variedade adquire um sabor
definido de acordo com o processamento utilizado, que pode ser com ou sem fermentação,
tostado ou não, podendo ser adicionado de aroma e ou especiaria. (Azevedo et al., 2009)

O chá é tradicionalmente usado nos seus países de origem como uma


bebida benéfica à saúde em vários aspectos. Recentemente, cientistas têm se dedicado
aos estudos dos efeitos do chá sobre o organismo, bem como a conhecer melhor as
substâncias que promovem esses efeitos. Esse crescente interesse pela bebida deve-se a
estudos que mostram a riqueza em uma substância chamada flavonóide e no benefício por
ela proporcionado quando do seu consumo. É, no entanto, necessário alguma precaução
em relação a estas conclusões, porque não existem praticamente resultados científicos
conclusivos. (Azevedo et al., 2009)

O homem sempre procurou na natureza a cura de seus problemas de saúde.


O interesse diminui com o crescimento da indústria farmacêutica, que influenciou a
formação dos profissionais e dos costumes da população. (Matos, 1994)

Vários estudos foram já realizados, e muitos outros são agora desenvolvidos,


sobre os vários benefícios que cada tipo de “chá” pode trazer para a saúde. Há infusões
de plantas que têm uma ação calmante, outras diurética, outras ainda digestiva. O chá
contém substâncias que agem como antioxidantes – e vários estudos mostram que estes
componentes podem ajudar a prevenir o aparecimento de várias doenças. A investigação
científica relativa aos eventuais benefícios do chá na saúde encontra-se ainda numa fase
preliminar, por isso que é difícil saber exactamente quais os benefícios que poderão advir
para a sua saúde dependendo da quantidade de chá que beber. (Santos, 2003)

Depois do grande avanço dos produtos sintéticos, a procura por novidades


trouxe a revalorização da natureza e, com ela, a procura por terapias a base de plantas
medicinais. Esta tem sido amplamente divulgada, apresentando as plantas como
milagrosas, totalmente isentas de efeitos colaterais. Este fato, além de reduzir riscos para
a população, representa uma grande facilidade para se produzir e vender produtos sem
preocupação com a garantia da espécie e sua qualidade (Simões, 1989).

Os incentivos ao uso de plantas medicinais são muito comuns, contrastando


raras publicações que enfocam o aspecto qualidade. Segundo Schenkel (1991), da mesma
forma dos demais medicamentos, a qualidade desses produtos deve ser analisada no que
se refere às características físicas e químicas bem como sua estabilidade.

Hoje, com o avanço industrial, esta área vem ganhando mercado e

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movimentando muito capital, por isso, torna-se imprescindível a adoção de critérios


rigorosos de produção. Esta preocupação é clara nas determinações da Secretaria de
Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, que tenta organizar a comercialização dos
fitoterápicos. (Brasil, 1995).

Entendendo que a fitoterapia merece atenção, e sendo a qualidade, o aspecto


mais importante na sua evolução, propõe-se com este trabalho conhecer os chás
comercializados nos supermercados da cidade de Teresina, avaliando a qualidade através
de técnicas possíveis de serem realizadas por pequenos laboratórios (identificação,
pureza e qualificação), verificando a presença de algum controle de qualidade destes
produtos. Desta forma, espera-se ter parâmetros da atual situação dos chás disponíveis
nos supermercados da cidade.

O objetivo do presente trabalho foi analisar microscopicamente as amostras


de chás comercializados nos supermercados da cidade de Teresina avaliando a existência
de sujidades, microorganismos patogênicos e outras impurezas capazes de provocar
alterações do alimento.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas nessa pesquisa, 15 (quinze) amostras de chás divididas em


3 (três) grupos (C1- chá verde, C2- chá de hortelã e C3- chá de erva-doce) de diferentes
marcas, as quais os mesmos são comercializados nos supermercados de Teresina-PI.

A metodologia empregada na avaliação da qualidade das amostras


em estudo foi escolhida de forma que não necessitasse de reagentes e equipamentos
sofisticados, empregando técnicas mais comuns, de forma que pequenas indústrias e
laboratórios tivessem plenas condições de realizá-las.

As análises foram desenvolvidas em duas etapas. Na primeira, foi feita a


caracterização do vegetal, analisando as características fisiológicas (estrutura das folhas),
organolépticas (cor, odor, textura), características macroscópicas (estado de conservação
da amostra e identificação) e características microscópicas.

A análise microscópica foi feita segundo o método Adolfo Lutz. Primeiro foram
abertas as embalagens dos chás, em seguida foi feita uma filtração, cujos corpos estranhos
foram colocados em placas de Petri e analisados com o microscópio (ESTANDART) e
o estereoscópico (ESTANDART). As sujidades encontradas foram isoladas e com estas
foram montadas lâminas de preparação temporária com glicerina para registro fotográfico
.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas amostras analisadas, as sujidades encontradas foram classificadas em:


fragmento das asas; fragmento de patas; insetos inteiros; exoesqueleto; pontos pretos;
alpistes; fragmento de partes de outras plantas; pedras; poeira, como mostra a Tabela 1.

Consoante o Regulamento da Lei n° 8.918 de 14 de julho de 1994, aprovado


pelo Decreto n° 2.314 de 04 de setembro de 1997, o chá pronto para o consumo é a bebida
obtida pela maceração, infusão ou percolação de folhas e brotos de várias espécies de chá
do gênero Thea (Thea sinensis e outros) ou de folhas, hastes, pecíolos e pedúnculos de
erva-mate da espécie Ilex paraquariensis, ou de outros vegetais, podendo ser adicionados
de outras substâncias de origem vegetal e de açúcares.

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Tabela 1. Quantificação de sujidades, insetos e demais materiais estranhos,


presentes nos chás analisados pelo método Adolfo Lutz. Teresina-PI, 2009.

ACHADO C1 C2 C3
Insetos Inteiros (unid.) - - -
Asas (unid.) - - -
Patas (unid.) 3 - -
Exoesqueleto (unid.) - - -
Pontos pretos (unid.) Incontáveis - Incontáveis
Alpistes (unid.) - 8 -
Fragmento de partes de outras plantas - incontáveis -
(unid.)
Pedras (und.) - 6 -
Poeira (unid.) incontáveis incontáveis Incontáveis

Fonte: Laboratório de Alimentos – IFPI. Alunos de Tecnologia em Alimentos.

Consoante o Regulamento da Lei n° 8.918 de 14 de julho de 1994, aprovado


pelo Decreto n° 2.314 de 04 de setembro de 1997, o chá pronto para o consumo é a bebida
obtida pela maceração, infusão ou percolação de folhas e brotos de várias espécies de chá
do gênero Thea (Thea sinensis e outros) ou de folhas, hastes, pecíolos e pedúnculos de
erva-mate da espécie Ilex paraquariensis, ou de outros vegetais, podendo ser adicionados
de outras substâncias de origem vegetal e de açúcares.

Ainda conforme o regulamento, os resíduos de defensivos agrícolas do


mesmo somente poderão resultar daqueles autorizados na cultura do vegetal utilizado, e
correspondentes aos limites de tolerância fixados pelo órgão competente do Ministério da
Saúde. Além disso, o chá não poderá conter substâncias minerais ou orgânicas tóxicas em
quantidade perigosa para a saúde humana.

Analisando a Tabela 01, exposta anteriormente, pôde-se verificar a presença


de sujidades e demais materiais estranhos nas amostras de chás. Foram observados na
amostra 1, patas de insetos, pontos pretos, além de poeira. Na amostra 2, encontrou-se
alpistes, fragmentos de outras plantas, pedras e poeira. Na amostra 3, fora encontrado
pontos pretos e poeira. Comparando-se uma amostra com a outra, percebeu-se que a
amostra 2, correspondente ao chá de hortelã, foi a que apresentou uma maior gama de
materiais estranhos, demonstrando ser uma amostra de alto risco. Já amostra 3, que
corresponde ao chá de erva-doce, foi a que menos apresentou contaminações, porém deve
ser condenada uma vez que ela não está isenta de corpos estranhos.

Os valores discriminados das análises feitas podem ser observados nos gráficos
abaixo. No gráfico 01 é mostrado que apenas a amostra 1 apresenta material estranho, que
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no caso seria patas de insetos. Já no Gráfico 2, foi constatado a presença de pontos pretos
incontáveis nas amostra 1 e 3 e alpiste na amostra 2. Com relação ao Gráfico 3,verificou-
se a existência de poeira nas amostras 1, 2 e 3 além de fragmentos de partes de outras
plantas e pedras na amostra 2.

Gráfico 1. Verificação de insetos inteiros, asas e patas de insetos presentes


nas três amostras de chás analisadas. Teresina-PI

Fonte: Laboratório de Alimentos – IFPI. Alunos de Tecnologia em Alimentos.

Gráfico 2. Verificação de exoesqueleto, pontos pretos e alpiste presentes nas


três amostras de chás analisadas. Teresina-PI

Fonte: Laboratório de Alimentos – IFPI. Alunos de Tecnologia em Alimentos.

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Gráfico 3. Verificação de fragmentos de partes de outras plantas, pedras e


poeira presentes nas três amostras de chás analisadas. Teresina-PI

Fonte: Laboratório de Alimentos – IFPI. Alunos de Tecnologia em Alimentos.

CONCLUSÃO

Os resultados comprobatórios laboratoriais evidenciaram que as três amostras


carecem de ponderações críticas referentes à legislação brasileira vigente, uma vez que
nas mesmas foram observadas contaminações microscópicas diversas, apresentando
fragmento de asas (0)/10g; fragmento de patas (0-3)/10g; insetos inteiros (0)/10g;
exoesqueleto (0)/10g; pontos pretos (incontáveis)/10g; alpistes (0-8)/10g; fragmento de
partes de outras plantas(incontáveis)/10g; pedras(0-6)/10g; poeira (incontáveis)/10g.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, J.; MADURO, R.; GOULART, J. Programa de análise de produtos-


Relatório sobre análise em chás. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial-INMETRO. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: < http://www.
inmetro.gov.br>. Acesso em 05/07/09.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria de Produção e


Comercialização. Departamento de comercialização. Balança Comercial do Agronegócio.
Brasília, DF. 2000. 25p.

BRASIL. Portaria MS nº 33, de 13 de janeiro de 1998. Ingestão Diária Recomendada


(IDR) para proteínas, vitaminas e minerais. Diário Oficial da República Federativa do
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Brasil, Brasil, 16 de Janeiro de 1998.

BRASIL, Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria n 550/97 preconizando a ausência


de sujidades, parasitas e larvas.

BRASIL, Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria n 6 de 31 de janeiro de 1995. In


Sociedade Brasileira de Farmacognosia, 1995.

FONTES, E.A.F; FONTES, P.R. Microscopia de Alimentos – Fundamentos Teóricos.


Viçosa Editora UFV, 2005.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ; Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos


químicos e físicos para análise de alimentos, 3a ed., São Paulo, 1985, vol. 1, p. 393.

MATOS, F.A . Proposta de validação farmacognóstica de drogas vegetais, plantas


medicinais e fitoterápicas. INFARMA, Brasilia, v 3, p. 9-14, 1994.

SANTOS, M. Chás e infusões. Gastronomia- in loco, 2003. Disponível em: <www.


inloco.com>. Acesso em 05/07/09.

SCHENKEL, E.P. et al. As plantas medicinais, os chás e os fitoterápicos. In Cuidados


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Grande do Sul, 1991.

SIMOES, C.M.O et al. Plantas Medicinais Populares do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1989.

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