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Júri:
Outubro 2020
LOMBADA
Implemetação do sistema HACCP e validação de pontos críticos de controlo em duas unidades de restauração
Renata Neves
2020
Renata Gorni Rodrigues Neves
Licenciada em Engenharia Agrónoma
Júri:
Outubro 2020
Implementação do sistema HACCP e validação de pontos críticos de controlo em duas unidades
de restauração
Copyright© Renata Gorni Rodrigues Neves, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova
de Lisboa.
“A Faculdade de Ciências e Tecnologia e a Universidade Nova de Lisboa têm o direito, perpétuo e sem
limites geográficos, de arquivar e publicar esta dissertação através de exemplares impressos
reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou que venha a ser
inventado, e de a divulgar através de repositórios científicos e de admitir a sua cópia e distribuição com
objectivos educacionais ou de investigação, não comerciais, desde que seja dado crédito ao autor e
editor.”
“Algo só é impossível até que alguém duvide e resolva provar o contrário.”
Albert Einstein
Agradecimentos
Ao professor Doutor Fernando José Cebola Lidon, meu orientador, pelo incentivo, orientação,
comentários, preocupação e disponibilidade ao longo deste processo.
Às minhas colegas e amigas Carla Daniela e Renata Fontes por todo o apoio, preocupação e
confiança.
Á minha família em especial ao meu marido Carlos Eduardo e minha filha Stella Neves por
serem a minha base o meu auxílio nos bons e nos maus momentos, apoiando me incondicionalmente
ao longo da realização deste Mestrado e deste trabalho, e principalmente por compreenderem a minha
ausência em certos momentos. E por último ao meu pai e minha mãe que mesmo tendo um oceano a
nos separar, sempre ensinaram me a ser persistente, ter paciência e nunca desistir de perseguir meus
sonhos e transformá los em objetivos.
Aos meus novos e velhos amigos e todas outras pessoas que de alguma forma contribuíram
direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.
I
II
Resumo
O sistema HACCP tem como objetivo evitar potenciais riscos que podem causar danos aos
consumidores, através da eliminação ou redução dos perigos.
Para a elaboração deste trabalho e coleta dos dados, foi utilizado uma Checklist com base na
Ficha Técnica de Fiscalização da ASAE (Autoridade Administrativa Nacional especializada no âmbito
da segurança alimentar e da fiscalização económica).
Foi possível identificar de uma forma geral, os perigos existentes nos processos internos das
empresas clientes e propor medidas para o controlo e monitoramento da qualidade dos alimentos em
todas as etapas da produção. Dentre estes destacaram-se a implementação do registo das
temperaturas nos equipamentos de conservação pelo frio, registo de troca do óleo utilizado na fritura
de alimentos, avaliação de fornecedores (essencial para aplicar o processo de rastreamento caso
necessário identificar possíveis fontes de contaminação alimentar) dentre outros que serão abordados
nesta dissertação.
III
IV
Abstract
The HACCP system aims to avoid potential risks that can cause harm to consumers,
by eliminating or reducing hazards.
This work aimed to perform a comparative analysis evaluating the functioning and
implementation of the HACCP system in two catering client companies with distinct characteristics (a
traditional restaurant and another a craft brewery). A survey of hazards and risks was carried out
considering all the critical Control Points (CCP), critical limits and corrective measures for each CCP.
For the preparation of this work and data collection, a Checklist was used based on the
Technical Inspection Sheet of ASAE (National Administrative Authority specialized in the field of food
safety and economic inspection).
It was possible to identify in general the dangers existing in the internal processes of client
companies and to propose measures for the control and monitoring of food quality in all stages of
production. Among these, stood out the implementation of temperature recording in cold storage
equipment, oil change record used in frying food, supplier evaluation (essential to apply the tracking
process if necessary to identify possible sources of food contamination) among others that will be
approached in this dissertation.
Overall, it was concluded that there are opportunities for improvement for both client companies,
and that the two establishments are in the implementation phase of the Prerequisite Program. During
the development of the study improvement actions were suggested seeking to minimize the risks in the
processes and guarantee a safe food for consumers.
Keywords: Critical control points, HACCP system, Hazards and risks, Restaurants.
V
Índice
Agradecimentos ........................................................................................................................................ I
Abstract.................................................................................................................................................... V
1. Introdução ........................................................................................................................................ - 1 -
VI
5 Resultados e Discussão ................................................................................................................. - 43 -
Bibliografia ......................................................................................................................................... - 73 -
Anexos ............................................................................................................................................... - 78 -
VII
VIII
Índice de figuras
Figura 2.1- Passos da metodologia HACCP. Fonte: Adaptado de Baptista & Antunes (2005) ........ - 21 -
Figura 2.2 - Diferenciação entre perigos não significativos e significativos e decisão sobre controlo
aplicados a uma unidade de restauração. Fonte: Adaptado de Declan (2004) ................................ - 22 -
Figura 2.3 - Programa de Pré-requisitos. Fonte: Adaptado de ASAE (2017). .................................. - 23 -
Figura 2.4 - Modelo de fluxograma com processos alimentares num estabelecimento de restauração.
Fonte: Declan (2004). ........................................................................................................................ - 24 -
Figura 2.5 - Matriz de avaliação de Riscos. Fonte: Adaptado de Afonso (2006) ............................. - 25 -
Figura 3.1 – Apresentação do layout da unidade de restauração X. ................................................ - 34 -
Figura 3.2 – Apresentação do layout da unidade de restauração Y. ................................................ - 36 -
Figura 5.1 – Foto da NC relacionada à falta de arrumação no estabelecimento X. Zona da cozinha
com abertura direta para um mezzanine de armazenagem de materiais na parte superior. ........... - 49 -
Figura 5.2 - Foto da NC relacionada as falta de higienização na parede ao lado da grelha no
estabelecimento X. ............................................................................................................................ - 50 -
Figura 5.3 - Foto do ralo de escoamento existente no piso do estabelecimento X. ......................... - 52 -
Figura 5.4 - Foto da NC relacionada aos bidões de óleo usado dispostos na zona da cozinha do
estabelecimento Y. ............................................................................................................................ - 55 -
Figura 5.5 – Resultado obtido após a realização da primeira auditoria para avaliar a implementação
do sistema HACCP nas unidades de restauração X e Y. ................................................................. - 60 -
Figura 5.6 – Fluxograma geral de processo de preparação dos pratos de Hamburguer nos
estabelecimentos de restauração X e Y. ........................................................................................... - 62 -
IX
X
Índice de tabelas
Tabela 2.1- Incidência de perigos físicos – identificação das categorias de produtos e categorias e
perigos físicos (TOP5). ........................................................................................................................ - 9 -
Tabela 2.2 - Exemplos de substâncias químicas e respetivos efeitos associados........................... - 11 -
Tabela 2.3 - Bactérias Implicadas em Doenças de Origem Alimentar e suas respetivas medidas de
controlo. ............................................................................................................................................. - 13 -
Tabela 2.4 - Vírus Implicados em doenças de origem alimentar. * RASFF- Rapid Alert System for
Food and Feed. ................................................................................................................................. - 14 -
Tabela 2.5 - Exemplo de classificação de perigos quanto à sua severidade. .................................. - 26 -
Tabela 3.1 Descrição da ementa disponível na unidade de restauração X. ..................................... - 35 -
Tabela 3.2 - Descrição da ementa disponível na unidade de restauração Y. .................................. - 37 -
Tabela 5.1- Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito Higiene pessoal e
saúde dos manipuladores de alimento. ............................................................................................. - 45 -
Tabela 5.2- Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito Intalações. ... - 46 -
Tabela 5.3- Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito Receção e
armazenamento de matérias-primas e produtos acabados. ............................................................. - 47 -
Tabela 5.4- Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito zona de
preparação, confeção e distribuição dos alimentos. ......................................................................... - 49 -
Tabela 5.5 - Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito Controlo de
pragas ................................................................................................................................................ - 51 -
Tabela 5.6 - Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito higienização - 53 -
Tabela 5.7- Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito manutenção de
equipamentos. ................................................................................................................................... - 54 -
Tabela 5.8 - Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito resíduos. ..... - 55 -
Tabela 5.9 – Plano de ações para o HACCP em processo de implementação nos estabelecimentos X
e Y. .................................................................................................................................................... - 59 -
Tabela 5.10 – Equipa de segurança alimentar.................................................................................. - 61 -
Tabela 5.11 – Exemplo da análise de perigos e riscos aplicada ao processo de receção de produtos
sob temperatura controlada nos estabelecimentos X e Y. ................................................................ - 63 -
Tabela 5.12 – Estabelecimento dos Pontos Críticos de Controlo (PCC´s) nos estabelecimento X e Y.. -
65 -
Tabela 5.13 - Identificação dos PCC´s nos estabelecimentos de restauração, monitorização e
medidas corretivas propostas. .......................................................................................................... - 68 -
XI
XII
Lista de abreviaturas, acrónimos e siglas
XIII
XIV
1. Introdução
1.1 Enquadramento
A higiene e segurança dos alimentos tem evoluido de forma acentuada com os passar dos anos
e, frequentemente, desperta o interesse por parte dos consumidores face à respectiva procura de
alimentos seguros e a consequente preocupação dos responsáveis pelos estabelecimentos de
restauração e/ou bebidas, para corresponder a esta demanda e também às exigências impostas pela
legislação em vigor.
O conceito de “segurança alimentar” teve origem no final da Primeira Guerra Mundial, pois
nesta altura o domínio de um país sobre outro refletia-se no respectivo controlo do fornecimento de
alimentos. Contudo este conceito foi evoluindo, passando a abranger não só a garantia de
disponibilidade dos géneros alimentícios, como também a higiene e segurança dos mesmos, e portanto
a garantia da sua inocuidade (Machado et al., 2015).
A segurança alimentar está intrinsecamente ligada à higiene dos géneros alimentícios, portanto
“higiene alimentar”, podendo considerar-se o conjunto de todas as medidas e condições necessárias
para controlar os riscos e assegurar que os géneros alimentícios são próprios para consumo humano
(Regulamento (CE) nº 852/2004 de 29 de Abril).
-1-
Em Portugal tem-se verificado um acentuado crescimento no setor da restauração, de acordo
com Estudos realizados pela empresa Informa Dun & Bradstreet (Informa D&B) (citados pela Lusa -
Diário de notícias em 2017), prevendo-se a curto prazo a continuação do crescimento do consumo
privado na economia portuguesa. Neste contexto, o mercado da restauração atingiu em 2017 um valor
próximo dos 3.800 milhões de euros. Atualmente este setor integra cerca de 25000 estabelecimentos
em Portugal.
Em 2017 também foi divulgado um estudo realizado pelo Banco de Portugal referindo que o
setor do alojamento, restauração e similares representou 10% das empresas em Portugal (42 mil
empresas), 9% das pessoas ao serviço (255 mil pessoas) e 3% do volume de negócios (12 mil milhões
de euros).
A presente dissertação foi desenvolvida na empresa Serviço Médico Permanente – SMP que
realiza como uma das suas atividades a consultoria para estabelecimentos clientes do setor de
restauração auxiliando na implementação do sistema HACCP.
Esta dissertação tem como objetivo validar os pontos críticos relevantes do sistema HACCP,
aplicados na restauração. Neste sentido realizou-se um estudo de caso em duas empresas com ramos
de atividade distintos, sendo a primeira um restaurante do tipo tradicional e a outra com atividade de
fabricação de cerveja. Foram avaliados os procedimentos existentes, nomeadamente as preparações
culinárias confeccionadas regularmente e consumidas nos seus restaurantes / estabelecimentos e
métodos de armazenamento das matérias-primas. Analizaram-se igualmente outros aspetos
considerados importantes, como as condições de higiene, o manuseamento e a formação dos
colaboradores, utilizando uma Checklist durante as inspeções de segurança e higiene alimentar. Foi
também desenvolvido um questionário (Anexo VIII) para ser aplicado para os manipuladores de
alimentos para avaliar o nível de conhecimento sobre o sistema HACCP e segurança alimentar, porém
estes dados não foram computados para fins de discussão deste trabalho.
-2-
Na segunda parte desta dissertação são abordados os fundamentos teóricos que apoiam o
desenvolvimento subsequente deste estudo. Nesta parte é abordada a Segurança dos Alimentos de
forma geral e o enquadramento Legal em Portugal, os perigos e riscos associados aos alimentos, os
conceitos do Sistema HACCP e dificuldades encontradas nas atividades de restauração para
implementação deste sistema de controlo e monitorização.
Na terceira parte caracterizam-se as empresas de restauração que foram objeto deste estudo,
realizando-se um levantamento das actividades exercidas e analisando todos os processos existentes
para garantir a segurança alimentar.
O Quinto objetivo deste estudo reporta para os resultados obtidos através da verificação dos
Pré-requisitos implementados do sistema HACCP a validação dos Pontos Críticos de Controlo (PCC),
limites críticos e medidas corretivas existentes no sistema HACCP implementado nas empresas,
propondo-se melhorias e reforçando a idéia de que as unidades de restauração, além de cumprir as
exigências legais, devem principalmente fornecer alimentos com qualidade, proporcionando segurança
alimentar aos consumidores.
-3-
-4-
2 . Fundamentos teóricos
Atualmente, garantir a segurança alimentar é uma exigência em qualquer setor que envolva a
produção e o fornecimento de géneros alimentícios. Garantir a segurança dos alimentos implica
minimizar os riscos, embora não exista nenhuma situação de “risco zero”. Neste domínio, a União
Europeia (UE) vem reforçando a respectiva regulamentação, adoptando uma abordagem mais simples
e abrangente, centrada em normas alimentares e de higiene com maior eficiência, baseadas em
conhecimentos científicos considerados mais avançados (Comissão Europeia, 2005).
A partir dos anos 80, o conceito foi sendo redefinido, passou a distanciar-se da estrita
necessidade de produzir, equacionando as questões do acesso e da qualidade. A redefinição da FAO,
assentou em três eixos: a oferta adequada dos alimentos; a estabilidade da oferta e dos mercados de
alimentos; a segurança no acesso aos alimentos ofertados. Em 1986 o Banco Mundial definiu o
conceito como “o acesso por parte de todos, todo o tempo, a quantidades suficientes de alimentos para
levar uma vida activa e saudável” (Maniglia, 2009).
Várias falhas de risco elevado que ocorreram nos países desenvolvidos durante os anos 90,
no sistema de segurança de alimentos incentivaram um processo de mudança regulatória em todo o
mundo. As mudanças visaram uma maior coordenação das atividades de gestão da segurança
alimentar em todas as etapas da cadeia alimentar, fortalecimento da responsabilidade legal dos
operadores pela segurança dos alimentos, responsabilidade de produzir e comercializar, maior
transparência e prestação de contas e tomada de decisão pública sobre segurança alimentar.
Paralelamente a essas mudanças, também ocorreram alterações na estrutura do mercado global de
alimentos (Clarke, 2010).
-5-
Em Abril de 1997, foi publicado o Livro Verde sobre os “Princípios Gerais da Legislação
alimentar” na União Europeia, situação que promoveu a comunicação entre fornecedores e
consumidores, a necessidade de melhorar a aplicação da lei e a comunicação entre os Estados
Membros sobre práticas de concorrência desleal, a eliminação das diretivas e a adoção de
regulamentos sobre a livre concorrência, para tendencialmente eliminar as diferenças nos sistemas
legais e culturais dos vários países e, assim, contribuir para uma maior harmonização (Mariano &
Cardo, 2007).
Em Janeiro de 2000, foi publicado o Livro Branco sobre a Segurança dos Alimentos, que faz
uma abordagem sobre o conjunto de ações necessárias para completar e modernizar a legislação da
União Europeia no domínio da alimentação, tornando mais coerente, mais compreensível e mais
flexível, para assegurar uma melhor aplicação da legislação e proporcionar aos consumidores maior
transparência garantindo um nível elevado de segurança dos alimentos. Este documento foi
regulamentado dois anos mais tarde através do Regulamento (CE) n.º 178/2002 do Parlamento
Europeu e do Conselho de 28 de janeiro.
A segurança alimentar está relacionada com a presença de perigos associados aos géneros
alimentícios no momento do seu consumo (ingestão pelo consumidor). Como a introdução desses
perigos pode ocorrer em qualquer etapa da cadeia alimentar, a existência de um controlo adequado ao
longo da mesma torna-se essencial. Consequentemente, a segurança alimentar é assegurada por meio
dos esforços combinados de todas as partes que integram a cadeia alimentar, incluindo os prestadores
de serviços (NP ISO 22.000, 2005).
-6-
A Segurança de Alimentos ou “Food Safety” tem por definição a prática de medidas que
permitam o controlo de qualquer agente que, ao entrar em contato com o alimento, possam
desencadear algum tipo de risco à saúde e bem-estar do consumidor, ou coloque em risco a sua
integridade física, garantindo a qualidade do produto por toda a cadeia alimentar, ou seja, do “prado ao
prato”.
A OMS desenvolveu o Manual “Five Keys to safer food” que refere:
Estas chaves são orientações práticas que podem ser aplicadas por fornecedores mas também
pelos consumidores na manipulação e preparação dos alimentos. É fundamental alertar para a
importância da segurança alimentar e da tarefa que cada um pode desempenhar, para garantir que
todos possam confiar nos alimentos a que têm acesso (Henriques, 2015).
Em Portugal, de modo a garantir a segurança alimentar, existem autoridades nacionais que são
responsáveis pela fiscalização, avaliação e comunicação do risco na cadeia alimentar, e cabe às
empresas uma implementação das exigências regulamentares que garantam a segurança alimentar
(Novais, 2006).
Ao longo da última década os consumidores têm vincado uma maior preocupação no que
concerne aos riscos causados à saúde pelo consumo de alimentos. Ao mesmo tempo tornou-se cada
vez mais importante para o consumidor, mediante os métodos tradicionais (nomeadamente, olfato,
paladar), avaliar a segurança dos alimentos, remetendo esta confiança para os produtores,
distribuidores e reguladores de mercado, para assegurar total eficácia (Lobb et al, 2005).
De acordo com a OMS os alimentos podem ficar contaminados em qualquer ponto de produção
e distribuição, sendo a principal responsabilidade dos produtores de alimentos. No entanto, uma grande
proporção de incidentes de doenças transmitidas por alimentos é causada por alimentos
inadequadamente preparados, ou mal manuseados pelos consumidores, em estabelecimentos ou
mercados de serviços de alimentação. Nem todos os manipuladores e consumidores de alimentos
compreendem os papéis que devem desempenhar, como adotar práticas básicas de higiene ao
comprar, vender e preparar alimentos para proteger sua saúde e de toda a comunidade (WHO, 2020).
O conceito de perigo em alimentos foi definido pela Comissão do Codex Alimentarius como
qualquer propriedade biológica, física ou química, que possa tornar um alimento prejudicial para o
consumo humano. A International Commission on Microbiological Specifications for Food (ICMSF)
-7-
detalhou este conceito, definindo como perigo uma qualquer contaminação, crescimento inaceitável,
sobrevivência de bactérias em alimentos que possam afetar a sua inocuidade ou qualidade
(deterioração), produção ou persistência de substâncias como toxinas, enzimas ou produtos resultantes
do metabolismo microbiano em alimentos (Baptista & Linhares, 2005).
De acordo com a norma internacional ISO 22000:2005 (Food Safety Management Systems),
um alimento é considerado seguro quando existe a percepção que ele não constitui perigo para o
consumidor e quando preparado e/ou consumido em conformidade com as especificações. O presente
conceito relaciona-se com a possível ocorrência de perigos biológicos, químicos ou físicos, ou ainda
com a capacidade que o alimento possui em causar efeitos adversos à saúde.
O termo “perigo“ não deve ser confundido com o termo “risco“ que, no contexto da segurança
alimentar, significa uma junção da probabilidade de um efeito adverso para a saúde (por exemplo ficar
doente) e da gravidade do mesmo (morte, hospitalização, ausência do trabalho, etc.) quando alguém é
exposto a um perigo específico. Risco é definido como a combinação da probabilidade de ocorrência
de um dano e a gravidade do mesmo (NP ISO 22.000, 2005).
As doenças mais comuns transmitidas por alimentos são causadas por microrganismos
especialmente bactérias e/ou suas toxinas, vulgarmente chamadas toxinfeções alimentares (TIAs). Tal
verifica-se desde que o microrganismo consiga crescer e/ou produza toxinas no alimento e este seja
consumido em quantidade suficiente para provocar danos. Um surto de toxinfeção alimentar reporta
para a existência de 2 ou mais casos humanos da mesma doença/infeção, ou um número de casos
humanos maior do que o normal e onde os casos estão relacionados, ou provavelmente ligados à
mesma origem (consumo do mesmo alimento contaminado) (Diretiva 2003/99/EC).
-8-
embalagem (nomeadamente, plásticos, lascas de madeira das caixas de hortofrutícolas), das pragas,
por exemplo quando surge um animal morto no alimento é um perigo físico. Podem ainda provir das
instalações, das actividades de higienização, ou até mesmo estarem presentes desde a matéria-prima,
como é o caso de espinhas, ossos, pedras, entre outros (Baptista & Linhares, 2005).
Na maioria das vezes, os perigos físicos causam pequenas injúrias ao consumidor, porém
quando alguns perigos físicos são ingeridos inadvertidamente, podem ter um impacto potencial
agravando a saúde dos consumidores. A Tabela 2.1, elaborada pela Eurest (empresa que presta
serviços de restauração colectiva), reporta as categorias de perigos físicos e tipo de produto que está
associado.
Tabela 2.1- Incidência de perigos físicos – identificação das categorias de produtos e categorias e perigos
físicos (TOP5).
Plásticos 30 5,1
Pêlos e Fios 28 4,8
Carne
Objetos metálicos 17 2,9
Outros objetos estranhos 4 0,7
Ossos e espinhas 3 0,5
Madeira 27 4,6
Animais e seus excrementos 19 3,2
Legumes congelados
Outros objetos estranhos 11 1,9
Plásticos 6 1,0
Pêlos e Fios 2 0,3
-9-
A maioria das queixas em restaurantes estão relacionadas com perigos físicos. Os Pré-
requisitos numa cozinha, deverão prevenir a contaminação dos alimentos, por perigos físicos. A
prevenção destes perigos nas matérias-primas assenta, sobretudo, nos sistemas de controlo de
segurança alimentar utilizados nas operações de abastecimento, ou seja nos processos que envolvem
os fornecedores (Declan, 2004).
O perigo químico pode ser um constituinte natural do alimento (por exemplo, solanina, cianeto,
alcalóides de pirrolizidina), ou um produto do seu processamento (como é o caso da acrilamida,
nitrosaminas, aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos) (Roberts, 2001).Os
perigos químicos ocorrem quando um alimento é contaminado por uma substância química durante o
processo de produção, armazenamento, preparação, confeção ou transporte. Tal pode ocorrer com
contaminantes ambientais, desinfetantes, detergentes, venenos para animais, e, outras substâncias
como resíduos de pesticidas ou de antibióticos. Estes perigos químicos podem ter origem em más
práticas, engano ou descuido e contaminar os alimentos (Viegas, 2014).
Os efeitos dos alimentos que contêm substâncias químicas em níveis tóxicos são difíceis de
quantificar. Os estudos sobre doenças de origem alimentar contêm muitas vezes menos dados sobre
as doenças ou mortes devido a perigos químicos do que sobre as infeções de origem alimentar.
Eventualmente esta discrepância só se verifica porque os danos causado por muitos perigos químicos
só se tornam visíveis a longo prazo, nalguns casos devido à sua interação e efeito cumulativo no corpo
- 10 -
humano. Queixas espontâneas sobre um produto específico no mercado que exceda os limites de
toxicidade são, por conseguinte, relativamente raras. O sistema de controlo posto em prática pelas
autoridades públicas desempenha um papel fundamental na proteção dos consumidores em relação a
riscos potenciais (Comissão do Tribunal de Contas Europeu -TCE, 2019).
Pesticidas (quando Plantas (cereais, produtos Lactentes com baixo peso à nascença e
utilizados hortícolas, frutas) Alimentos para prematuros, várias malformações congénitas,
ilegalmente) animais, animais. vários tipos de cancro, doença cardíaca
isquémica, doença cerebrovascular.
Existem igualmente compostos químicos que podem ser formados durante a confecção dos
alimentos. A formação destes químicos ocorre normalmente quando os alimentos são sujeitos a
processos térmicos em que a temperatura atingida no alimento é demasiado elevada. Um exemplo está
associado aos grelhados e produtos confeccionados sobre brasas que podem ter os tecidos
transformados na forma de carvão. As gorduras e óleos alimentares utilizados em processos de fritura
podem degradar-se excessivamente, com um consequente aumento dos compostos polares presentes,
ultrapassando os limites admissíveis, assim recomenda-se que o óleo de fritura seja renovado
regularmente (Baptista & Linhares, 2005).
- 11 -
Resíduos químicos podem ser detectados nos alimentos e nos seus locais de trabalho. Os
resíduos presentes nas matérias-primas não são passíveis de remoção nesta fase da cadeia alimentar,
pelo que o seu controlo assenta, sobretudo, em programas de controlo na produção primária e/ou fases
de processamento anteriores ao fornecimento. Assim, os responsáveis dos estabelecimentos devem
solicitar certificados de conformidade aos seus fornecedores, garantindo que a utilização de produtos
químicos na produção de carne, fruta e vegetais, foi correcta, em concordância com os regulamentos
(Declan, 2004).
As doenças causadas por alimentos contaminados (incluindo água potável) constituem um dos
problemas de saúde mais comuns e são, por sua vez, uma importante causa na redução da
produtividade económica. A maioria das doenças alimentares é causada por agentes biológicos
(Baptista & Linhares, 2005).
Geralmente são os riscos biológicos que representam a maior ameaça imediata à segurança
alimentar do consumidor. Por exemplo, a acentuada capacidade das bactérias intoxicantes para induzir
grandes surtos patológicos em pouco tempo é uma ameaça com a qual é provável que a maioria das
empresas de alimentos tenha que confrontar. Existem poucos alimentos que não são vulnerável a
riscos biológicos em algum momento de sua fabricação, armazenamento e distribuição (Lawley et al,
2008).
Estima-se que cerca de 90% das doenças transmitidas por alimentos sejam provocadas por
microrganismos. Estes podem encontrar-se em quase todos os alimentos, mas a sua transmissão
resulta, na maioria dos casos, da utilização de metodologias erradas nas últimas etapas da sua
confeção ou distribuição (ASAE, 2020).
2.2.3.1 Bactérias
As bactérias estão presentes em todo o lado, e a maioria não são patogénicas. Algumas são
benéficas, sendo utilizadas na confecção de vários produtos (queijo, iogurte, cerveja, entre outros). As
bactérias consideradas patogénicas (Tabela 2.3) geralmente não podem ser detetadas pela aparência,
cheiro ou sabor, para isto contamos com a ação de deterioração por outras bactérias indicando que o
- 12 -
alimento está imprórpio para o consumo. Bactérias patogénicas causam doenças transmitidas por
alimentos de acordo com três vias distintas: Infecção, intoxicação e toxico-infecção (Roberts, 2001).
As bactérias são microrganismos unicelulares com uma estrutura muito simples, o que lhes
permite replicarem-se muito rapidamente caso encontrem nutrientes, temperatura, pH, humidade e
concentração de oxigénio favoráveis. Nalguns casos, 20 minutos são suficientes para que o número de
bactérias duplique, o que significa que um número inicial de 10 bactérias num determinado alimento
em condições favoráveis, se multiplicará de tal modo que se terão 640 bactérias ao fim de 2 horas
(ASAE, 2020).
Tabela 2.3 - Bactérias implicadas em doenças de origem alimentar e suas respetivas medidas de controlo.
Bacillus cereus Arroz; cereais; pratos de carne; Confeção; Arrefecimento; Espera a quente
vegetais; alimentos que tenham estado (hot holding) e espera a frio (cold holding).
em contacto com o solo ou pó.
Escherichia coli Água ou alimentos com contaminação Confeção, BPH; Prevenção de contaminação
fecal. cruzada; Pasteurização.
Listeria Leite; derivados do leite; saladas. Confeção; Espera a frio; BPH; Prevenção de
monocytogene contaminação cruzada.
Salmonella spp., Escherichia coli e Listeria monocytogenes, são as bactérias que com mais
frequência, são transmitidas ao homem através do consumo de alimentos. Após a ingestão de um
alimento contaminado estes microrganismos podem afetar a parede intestinal, provocar gastroenterites
e inclusive invadir a circulação sanguínea provocando infeções graves, a invasão de outros órgãos e
ocasionalmente a morte do consumidor (dependendo do grau de contaminação e da suscetibilidade do
- 13 -
consumidor). Outras bactérias que surgem nos alimentos, como Staphylococcus aureus e a Clostridium
botulinum, podem produzir toxinas que podem provocar intoxicações alimentares. Estas toxinas quando
absorvidas a nível intestinal afetam o intestino (enterotoxinas) ou o sistema nervoso (neurotoxinas)
(Reto et al., 2019).
As bactérias crescem normalmente em ambientes com muita água disponível, isto é, com
atividade da água elevada (Aw). Em geral preferem ambientes com pH neutro, suportando a maior
parte entre o pH ligeiramente ácido ou alcalino (entre 4,5 e 9). A maioria prefere a faixa de temperatura
entre 20 - 45ºC, mas muitas podem crescer em temperaturas de refrigeração, ou a temperaturas mais
elevadas, acima de 45ºC, no entanto o crescimento é mais lento nestas condições (Baptista &
Linhares, 2005).
As principais medidas de controlo dos perigos biológicos passam por um controlo das
temperaturas das câmaras de refrigeração e congelação, bem como das zonas de operação e uma
correta temperatura de confecção. Os alimentos cozinhados devem ser mantidos a temperaturas
superiores a 65º C e deve existir uma correta higienização das instalações, equipamentos, superfícies,
utensílios e dos manipuladores (Duarte, 2015).
2.2.3.2 Vírus
Os vírus são agentes infeciosos com uma organização acelular muito simples: uma capa
proteica e um ácido nucleico (DNA ou RNA) no seu interior. As bactérias e, para se multiplicarem,
requerem que uma célula viva, de uma espécie para a qual são específicos, lhes sirva de hospedeiro
(ASAE, 2020). Os vírus diferem das bactérias porque são menores, requerem um animal vivo ou
hospedeiro humano para crescer e se reproduzir, não se multiplicam em alimentos (Tabela 2.4). A
ingestão de apenas algumas partículas virais é suficiente para produzir uma infecção (Roberts, 2001).
Tabela 2.4 - Vírus Implicados em doenças de origem alimentar. * RASFF- Rapid Alert System for Food and Feed.
- 14 -
As fontes de viroses transmitidas por alimentos são as fezes e a urina de indivíduos ou animais
hospedeiros infectados e a água contaminada, pelo que os alimentos mais frequentemente envolvidos
em surtos virais são os pescados crus, incluindo mariscos, os vegetais crus e a água contaminada. A
higiene dos manipuladores, com destaque para a higiene das mãos, é muito importante na prevenção
da transmissão destes vírus através dos alimentos (Baptista & Linhares, 2005).
As doenças de origem alimentar provocadas por estes parasitas são muito menos frequentes
do que as de origem bacteriana. Os parasitas podem crescer e atingir o estado adulto no trato
gastrointestinal do homem, ou ser diretamente ingeridos por consumo de tecidos de animais
contaminados. Nalguns dos casos os sintomas podem durar várias semanas ao fim das quais diminuem
ou desaparecem, para posteriormente reaparecerem (ASAE, 2020).
2.2.3.4 Priões
Os príões são proteínas que se mostram capazes de auto-replicação apesar de, para isso,
alterar o metabolismo celular. São responsáveis por inúmeras doenças em animais e no ser humano
(doenças priônicas), todas elas fatais (Lupi, 2003).
O prião é uma partícula proteica infeciosa que se presume ser o agente causador das
encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSE), como a Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE-
doença das vacas loucas) e a sua variante humana, o scrapie dos carneiros e das cabras e a doença
- 15 -
de Creutzfeldt-Jakob (CJD). É constituído por uma proteína modificada, que por contacto com uma
proteína sã a modifica convertendo-a numa proteína patogénica, que por sua vez vai modificar outra
proteína sã, produzindo uma reação em cadeia (ASAE, 2020).
Consumir produtos bovinos contendo material de risco especificado, por exemplo tecido
cerebral, é a via de transmissão mais provável do agente priônico para os seres humanos (WHO, 2020).
2.2.4 Alergénios
A alergia alimentar é uma reação adversa para a saúde resultante de uma resposta específica
e reprodutível do sistema imunológico quando exposto a um determinado alimento, sendo que a fração
do alimento responsável por essa reação se denomina por alergénio (Pádua et al., 2016).
As alergias alimentares envolvem o sistema imunológico e são quase sempre mediadas por
imunoglobulina E. A maioria das alergias alimentares são causadas por proteínas, que sensibilizam e
provocam uma reacção alérgica em pessoas sensíveis (Lawley et al, 2008). O sistema imunológico
interpreta mal um componente químico de um alimento como prejudicial e liberta histaminas e outros
produtos químicos para combatê-lo, podendo evoluir a urticária, inchaço, coceira, vômito, diarréia,
cãibras ou dificuldade em respirar. Reações graves podem causar anafilaxia, que pode provocar a
morte. Oito alimentos - ovo, trigo, amendoim, leite, soja, nozes (como também amêndoas), peixe e
frutos do mar - causam 90% de todas as alergias alimentares. A única maneira de evitar uma reação
alérgica é evitar a comida inteiramente (Roberts, 2001).
A alergia alimentar difere de intolerância alimentar, uma condição que não tem nenhum
envolvimento do sistema imunológico e inclui reacções a certos componentes dos alimentos, tais como
a lactose, aminas e histamina. As reações adversas que não possuem um mecanismo imunológico são
muitas vezes referidas como reações não-alérgicas de hipersensibilidade alimentar. As intolerâncias
alimentares por vezes podem ser controladas, limitando a quantidade ingerida de determinado
alimento, mas com as alergias alimentares, é necessário evitar o alimento de forma rigorosa. Apenas
a alergia alimentar, e não intolerância alimentar, pode levar à reação de anafilaxia potencialmente fatal
(Lawley et al, 2008).
As manifestações clínicas das reações alérgicas podem variar, oscilando entre moderadas e
graves, podendo mesmo, nalguns casos, ser fatais. Os sintomas surgem rapidamente, entre alguns
minutos até duas horas após a ingestão do alergénio, e incluem manifestações cutâneas (pele e
mucosas), respiratórias, gastrointestinais e cardiovasculares, que podem ocorrer de forma isolada ou
combinada (Pádua et al., 2016).
- 16 -
Nos últimos anos, tem-se verificado um aumento constante de graves reações a alimentos
alergénicos, como por exemplo amendoins e outros frutos secos. Cada estabelecimento deve estar
atento à provável presença de substâncias alergénicas nas matérias-primas e estas devem ser
armazenadas, preparadas e expostas em áreas separadas, de modo a prevenir a contaminação
cruzada. Os clientes devem ser informados de provável presença, mesmo vestigial, destas substâncias
(Declan, 2004).
O regulamento (UE) N.º 1169/2011, impõe que todos os estabelecimentos que vendam ou
forneçam produtos alimentares ao consumidor devem facultar informações sobre a presença de alguns
alimentos ou ingredientes que podem causar alergias alimentares. No Anexo II do mesmo regulamento
é apresentado uma lista de substâncias ou produtos que podem provocar alergias:
1 – Cereais que contêm glúten (trigo, centeio, cevada, aveia, espelta, kamut ou outras
estirpes hibridizadas) e produtos à base destes cereais;
2 – Crustáceos e produtos à base de crustáceos;
3 – Ovos e produtos à base de ovos;
4 – Peixes e produtos à base de peixe;
5 – Amendoins e produtos à base de amendoins;
6 – Soja e produtos à base de soja;
7 – Leite e produtos à base de leite (incluindo lactose);
8 – Frutos de casca rija, nomeadamente, amêndoas, avelãs, nozes, castanhas de caju,
pistácios, entre outros;
9 – Aipo e produtos à base de aipo;
10 – Mostarda e produtos à base de mostarda;
11 – Sementes de sésamo e produtos à base de sementes de sésamo;
12 – Dióxido de enxofre e sulfitos em concentrações superiores a 10mg/kg ou 10ml/L;
13 – Tremoço ou produtos à base de tremoço;
14 – Moluscos e produtos à base de moluscos.
O Codex Alimentarius foi criado em 1963, tendo por definição ser um Programa conjunto
entre a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização
Mundial da Saúde (OMS), e tendo a sua importância reconhecida em 1985 pela Resolução das Nações
- 17 -
Unidas 39/248. O Codex Alimentarius possui como objetivo principal elaborar e coordenar as normas
alimentares a nível internacional baseado em princípios científicos. No artigo primeiro do Estatuto do
Codex, estão citadas as propostas: proteger a saúde dos consumidores e assegurar práticas equitativas
no comércio internacional de alimentos. O Codex é constituído por uma colecção de padrões,
directrizes e códigos de prática, nele estão relacionadas mais de 200 normas sobre alimentos
elaborados, semielaborados ou crus e mais de 40 códigos de práticas de higiene. O Programa
estabelece uma coordenação com todas as organizações internacionais, governamentais e não-
governamentais, que atuam na área de alimentos, apoiando-se nos centros de excelências que atuam
em segmentos específicos. Atualmente, o Codex conta com 188 Países e 1 Organização Membro (UE)
e 229 Observadores, dos quais 57 são organizações intergovernamentais e 156 organizações não-
governamentais e 16 agências das Nações Unidas. Estes participantes possuem como compromisso
auxiliar a criação de comissões nacionais para atuarem conforme as deliberações realizadas em âmbito
internacional (FAO / WHO, 2019).
É importante salientar que as normas, práticas e diretrizes do Codex atuam sob todos os
agentes económicos da cadeia produtiva agro-alimentar, assim, seu campo de influência vai desde o
produtor, passa pelo processador e distribuidor até o fim da cadeia que é o consumidor final (Ortega
et al, 2012).
- O CAC estabeleceu regras transparentes para que organismos internacionais do setor privado sejam
observadores no Codex e todas as informações relacionadas ao desenvolvimento de padrões são
disponibilizadas através o site do Codex.
- As estruturas nacionais do Codex são incentivadas a envolver o setor privado local na discussão
questões do Codex a nível nacional.
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2.4 O Sistema HACCP
A sigla HACCP, do inglês Hazard Analysis and Critical Control Points, significa Análise dos
Perigos e Controlo dos Pontos Críticos. É um sistema preventivo de controlo da qualidade dos
alimentos, aplicável a qualquer fase da cadeia alimentar, que identifica os perigos específicos que têm
impacto no consumo, determina as medidas preventivas a adotar para os evitar e estabelece o seu
controlo. Permite identificar as fases sensíveis dos processos que possam levar a uma falta de
segurança do produto, por contaminação física, química ou biológica, e os PCCs que necessitam ser
mantidos sob vigilância. O seu objetivo consiste na salvaguarda da saúde pública, prevenindo os
acidentes alimentares (Afonso, 2006).
As modificações profundas ocorridas nos últimos anos ao nível global na cadeia alimentar e
nos estilos de vida das populações, potenciadoras da disseminação de perigos com consequente risco
para a saúde dos consumidores, determinaram uma aposta forte em políticas de prevenção. A
implementação de sistemas que visem a segurança alimentar, como o sistema HACCP, passou a ser
uma exigência em todas as empresas da área alimentar, adicionalmente às BPH. O Codex Alimentarius
define o sistema HACCP como um sistema que identifica, avalia e controla os perigos que são
significativos em termos de segurança alimentar (Novais, 2006).
Nos anos 60 a NASA, na sequência duma avaliação das origens das doenças que poderiam
afetar os astronautas no decurso de uma missão espacial (missão Apolo), identificou aquelas
resultantes de intoxicações alimentares como as mais relevantes. O resultado levou à colaboração da
Pillsbury Company, exército norte-americano e a NASA para criarem um programa de produção de
alimentos seguros para o programa espacial americano. No entanto, a Pillsbury Company desenvolveu
- 19 -
e adotou o Sistema HACCP para garantir que haja mais segurança dos alimentos, e simultaneamente
reduzir o número de inspeções ao produto final (Baptista et al., 2003a, 2003b).
Na década de 70, a Food and Drugs Administration (FDA) adotou o conceito do HACCP e
estendeu a sua aplicação à indústria de alimentos. Em 1988, a Comissão Internacional para
Especificações Microbiológicas em Alimentos (ICMSF) sugeriu que o sistema HACCP fosse utilizado
como base para o controlo de qualidade alimentar, do ponto de vista higiénico e microbiológico
(Heritage et al., 2002).
Existem sete princípios HACCP que deverão ser considerados, aquando do desenvolvimento
e aplicação de um plano HACCP: (Anon, 1997)
1. Conduzir uma análise de perigos, ou seja, criar uma lista de etapas do processo geral, onde
perigos significativos possam ocorrer e descrever as medidas de controlo.
Ainda que se reconheça que, ao implementar o sistema HACCP, uma flexibilização apropriada
à empresa seja importante, devem ser aplicados os sete princípios nos quais o sistema se baseia. Essa
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flexibilização deve levar em consideração a natureza da atividade e o porte da empresa, incluindo os
recursos humanos e financeiros, a infra-estrutura, os procedimentos, os conhecimentos e as limitações
práticas (CAC, 2003). É muito importante compreender e interpretar o significado de cada um destes
princípios para que a implementação do Sistema HACCP seja feita adequadamente (Baptista et al.,
2003).
Passo 6 – Identificação e análise de perigos, análise e identificação de medidas preventivas para controlo dos
Passo 8 – Estabelecimento dos Limites Críticos de Controlo para cada PCC (Princípio 3);
Figura 2.1- Passos da metodologia HACCP. Fonte: Adaptado de Baptista & Antunes (2005)
O sistema HACCP não substitui outros requisitos de higiene alimentar. É importante que
antecedendo o estabelecimento dos planos HACCP se instaure um programa de requisitos de higiene.
A utilização destes requisitos pode ajudar a empresa a controlar os perigos e a demonstrar que cumpre
a legislação (Correia, 2013).
- 21 -
2.4.2 Pré-requisitos
Para prevenir, reduzir ou eliminar a contaminação dos alimentos durante a sua armazenagem
e preparação, todos os aspectos inerentes à restauração devem ser controlados. O controlo é atingido
se forem cumpridos os Programas de Pré-requisitos e o plano HACCP. Os Pré-requisitos devem ser
operacionalizados previamente (Declan, 2004).
Figura 2.2 - Diferenciação entre perigos não significativos e significativos e decisão sobre controlo
aplicados a uma unidade de restauração. Fonte: Adaptado de Declan (2004)
- 22 -
Ao ser implementado o HACCP numa empresa, o primeiro passo consiste na avaliação de
todos os programas existentes e verificar se os requisitos são cumpridos. Deve verificar-se se os
controlos são efetuados e se existem evidências das documentações que validem a eficácia desses
programas.
De acordo com com o Regulamento (CE) nº 852/2004 na figura 2.3 são considerados pré-
requisitos HACCP:
- 23 -
Deve preparar-se uma descrição detalhada do produto e do processo, incluindo informação
sobre a composição e características físico-químicas do produto, tratamentos aplicados para destruição
dos microrganismos, materiais de embalagem, durabilidade e condições de armazenamento,
conservação e distribuição, tendo em conta o âmbito do estudo anteriormente definido (Afonso, 2006).
Os fluxogramas elaborados (modelo figura 2.4) devem fornecer uma base para avaliar a
possibilidade de ocorrência, aumento ou introdução de perigos para a segurança alimentar. Estes
devem ser exatos, claros e suficientemente detalhados (NP ISO 22.000, 2005).
Figura 2.4 - Modelo de fluxograma com processos alimentares num estabelecimento de restauração.
Fonte: Declan (2004).
- 24 -
No setor da restauração é possível encontrar um conjunto de características próprias que
distingue este setor de outros setores agro-alimentares. Devido à multiplicidade de matérias-primas
utilizadas e de produtos elaborados na restauração, o estudo da implementação do sistema HACCP
deve ser focado nos processos utilizados, em vez dos pratos produzidos. Assim, ao falar em
armazenagem, considera-se a mesma idêntica para todos os produtos, apenas se diferenciando alguns
aspectos como a temperatura ou o embalamento. Na produção fria e quente, também se trabalha por
processos e o que se estuda é essencialmente o binómio tempo-temperatura que os alimentos devem
alcançar na sua confecção (Moreno, 2011).
A análise de perigos e riscos deverá ser aplicada para cada processo / produto existente
(Princípio 1). É necessário realizar a revisão desta matriz caso ocorram alterações nos processos,
matéria-prima, formulações, etc. Para cada perigo mapeado, é imprescindível descrever quais as
medidas de controlo que podem ser empregadas caso existam, sendo que um ou mais riscos poderão
ser controlados pela mesma medida de controlo (exemplo tratamento térmico eficaz na redução dos
níveis de contaminação por patógenos).
Nota: Só os perigos com avaliação ≥ vão À árvore de decisão para concluir se a etapa é um PCC.
- 25 -
Tabela 2.5 - Exemplo de classificação de perigos quanto à sua severidade.
Classificação Exemplos
Média Biológicos: Salmonella spp, Shigella spp, Streptococcus, Vibrio parahaemolyticus, Listeria
monocytogenes, rotavírus, vírus Norwalk, Cryptosporidium parvum.
Uma das árvores de decisão mais usada é a desenvolvida pelo Codex Alimentarius como se
pode ver no Anexo I. A árvore de decisão deve aplicar-se a todos os perigos identificados, não existe
um limite de números de PCC´s e é necessário ter acesso a todos os dados técnicos para responder
as respetivas questões (Duarte, 2015).
No passado, como o Sistema HACCP utilizava um elevado número de PCC´s era difícil, se não
mesmo impossível, o controlo efetivo e totalmente isento de erros. Com a adoção de um conjunto de
pré-requisitos, muitos dos PCC´s foram eliminados, ficando apenas aqueles cuja monitorização se
considerava fundamental para o processo (Baptista et al., 2003b).
Segundo a ASAE (2020) a monitorização dos PCC´s poderá ser feita através de:
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• Por exemplo, nos restaurantes, se os alimentos são preparados em conformidade com os
procedimentos culinários bem estabelecidos, o que implica não ser necessário fazer
sistematicamente determinadas medições (por ex. da temperatura dos alimentos), desde que
os procedimento habituais sejam seguidos.
Cada medida de controlo associada a um ponto crítico de controlo deve dar origem a um limite
crítico específico (Princípio 3). Um limite critico indica o valor de aceitabilidade ou rejeição de um
determinado produto (FDA, 2006), sendo que numa mesma etapa ou procedimento poderão ser
elaborados mais de um limite crítico. Os critérios utilizados são normalmente medições de temperatura,
tempo, humidade, pH, Aw, cloro disponível, assim como critérios de análise sensorial tais como o
aspeto e a textura (CAC, 2003).
Deve estabelecer-se um plano de ações corretivas (Princípio 5), são estas ações as
responsáveis por impedir que os processos saiam dos limites críticos ou permitam o seu retorno. Depois
de estar implementada a ação corretiva, e o PCC estar de novo dentro dos limites críticos, pode ser
necessário começar uma revisão do sistema para precaver reincidências (Afonso, 2006).
Depois de elaborado o Plano de HACCP, devem ser escritos os procedimentos para cada PCC
(Princípio 7). O Plano HACCP, outros documentos associados (incluindo dados dos produtos,
fluxogramas de processos, etc.), os registos de monitorização, os registos de acções correctivas e os
registos de verificação, formam no seu conjunto a documentação do sistema HACCP (Declan, 2004).
Assim que o Sistemas de Gestão da Segurança Alimentar (SGSA) estiver estabelecido, deve
ser periodicamente revisado para determinar se os riscos à segurança alimentar são controlados
quando o sistema está implementado corretamente, essa revisão é conhecida como validação.
Alterações em fornecedores, produtos ou procedimentos de preparação podem requerer uma
revalidação do sistema de gerenciamento de segurança de alimentos. Normalmente esta validação tem
periodicidade anual (FDA, 2006).
É comum que a validação seja concluída com referência a datas e legislação prescritiva. O
papel da equipa do HACCP, consultor ou entidade reguladora é reunir os limites críticos comumente
usados e validá-los através da literatura científica (FAO / WHO, 2004).
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A validação surge assim como uma importante etapa do sistema de gestão da segurança
alimentar, pois permite melhorá-lo e melhorar o plano HACCP; eliminar verificações desnecessárias ou
ineficazes e modificar/atualizar a informação que for necessária (FDA, 2006).
A crescente preocupação dos organismos oficiais levou, ao longo dos anos, a uma série de
alterações no que respeita à legislação, tornando-a mais simples e abrangente. Esta legislação
regulamenta, entre outras questões, as áreas da qualidade e segurança dos alimentos, ao nível da
indústria agro-alimentar e da restauração, o que proporciona maior confiança aos consumidores e
protecção da saúde pública (Gonçalves, 2009).
Posteriormente, esta Diretiva 93/43/CEE foi transposta para a ordem jurídica nacional através
do Decreto Lei nº 67/98 de 18 de Março, e passando por nova alteração pelo Decreto Lei nº 425/99 de
21 de Outubro.
Em 2002 foi criado o Regulamento (CE) nº 178/2002 que determina os princípios e normas
gerais da legislação alimentar, cria a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos e
estabelece procedimentos em matéria de segurança dos géneros alimentícios. Constam neste
Regulamento (CE) as regras em matéria de rastreabilidade dos géneros alimentícios e dos seus
ingredientes, bem como o procedimento para a adopção das regras de execução a aplicar a esses
princípios no que se refere a sectores específicos, pois a rastreabilidade dos géneros alimentícios e
respectivos ingredientes ao longo da cadeia alimentar constituem um elemento essencial para garantir
a segurança dos mesmos (Parlamento Europeu e do Conselho, 2002).
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Em 2004 o Parlamento Europeu e o Conselho criam o Regulamento (CE) n.º 852/2004 de 29
de Abril, que tem por principal objetivo garantir um elevado nível de proteção do consumidor em matéria
de segurança dos géneros alimentícios estabelecendo regras gerais destinadas aos operadores das
empresas do setor alimentar no que se refere à higiene dos géneros alimentícios, ao longo da cadeia
de produção. Através deste regulamento ficou estabelecido que todas as empreesas processadoras de
alimentos deveriam criar e aplicar programas de segurança dos géneros alimentícios e processos
baseados nos princípios HACCP, tendo por base a aplicação dos princípios expressos no Codex
Alimentarius (Parlamento Europeu e do Conselho, 2004).
- 29 -
2.6 A adaptação da atividade de Restauração aos conceitos da
segurança alimentar
Os requisitos do sistema HACCP deverão ter a flexibilidade suficiente para ser aplicáveis em
todas as situações, incluindo em pequenas empresas. Em especial, é necessário reconhecer que, em
certas empresas do setor alimentar, não é possível identificar pontos críticos de controlo e que, em
certos casos, as boas práticas de higiene podem substituir a monitorização dos pontos críticos de
controlo. Do mesmo modo, o requisito que estabelece "limites críticos" não implica que é necessário
fixar um limite numérico em cada caso. (Regulamento (CE) nº 852/2004 de 29 de Abril).
• matérias-primas contaminadas
• manipulações inadequadas que originam contaminações cruzadas
• armazenagens em frio e arrefecimentos impróprios
• incorrectas práticas de descongelação
• confecções inadequadas
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• má higiene pessoal
• pessoal manipulador infectado
• má higiene das instalações, equipamentos e utensílios
• panos da loiça/esponjas utilizados para diversas funções
• alimentos preparados com muita antecedência
• armazenagem à temperatura ambiente
• distribuição demorada
A implementação bem sucedida dos processos baseados nos princípios HACCP requer a plena
cooperação e o empenhamento do pessoal das empresas do sector alimentar. Para tanto, esse pessoal
deverá receber formação. O sistema HACCP é um instrumento que auxilia os operadores de empresas
do sector alimentar a alcançar padrões mais elevados de segurança dos géneros alimentícios. O
sistema HACCP não deve ser encarado como um método de auto-regulação e não substitui os
controlos oficiais (Regulamento (CE) nº 852/2004 de 29 de Abril).
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responsáveis pela maior disseminação, assim como os utensílios, e sobretudo as tábuas de corte. Uma
manipulação adequada dos alimentos é a chave para a prevenção de doenças de origem alimentar
(WHO, 2020).
Para minimizar os riscos de contaminação por parte dos manipuladores de alimentos, torna-se
necessário ministrar formação aos próprios em BPH e BPF (antes de iniciar a sua atividade na
empresa). A legislação em vigor responsabiliza os proprietários dos estabelecimentos pela formação
dos manipuladores em matéria de higiene de acordo com as atividades que desenvolvem. A entidade
empregadora tem o dever de informar convenientemente cada colaborador de todas as regras e
instruções de trabalho (Gonçalves, 2009).
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3 . Apresentação das Empresas
Neste capítulo são tratados os aspectos da pesquisa de campo, realizada em duas unidades
de restauração em Lisboa. Além da consulta bibliográfica, este estudo efectuou também uma recolha
de dados nos referidos locais, mediante autorização dos gerentes responsáveis dos estabelecimentos
por meio de auditorias de acompanhamento e elaboração de relatórios utilizando informações das
Checklists aplicados durante as visitas.
As empresas que constituem o objeto deste estudo iniciaram as suas atividades recentemente
(entre 2018 e 2019). A implementação do sistema HACCP nestas unidades de restauração
encontravam-se na segunda fase (análise dos perigos e definição dos PCC´s), assim como dos limites
críticos e as ações corretivas que devem ser tomadas em caso de perda de controlo durante os
processos.
Conforme definido pelo Regulamento (CE) nº 852/2004, todas as empresas de sector alimentar
estao obrigadas a implementar sistemas com base nos principios do HACCP que visa assegurar a
segurança alimentar e fornece outros benefícios significativos para os estabelecimentos de restauração
como podemos citar:
Entre as denominações encontramos: café, bar, pastelaria, gelataria, casa de chá cervejaria,
taberna, entre outros. As denominações tendem a melhor caracterizar o serviço prestado no
estabelecimento. Por exemplo, uma cervejaria é um estabelecimento de bebidas especializado na
venda de cerveja. O estabelecimento não pode publicitar uma designação que não possua. (PDL,
2020).
A primeira empresa objeto deste estudo por motivos de confidencialidade será designada por
empresa X, o local onde o sistema de qualidade e segurança alimentar (HACCP) se encontra
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implementado (figura 3.1). O restaurante entrou em funcionamento em Maio de 2018 e está situado no
concelho da Amadora na área metropolitana de Lisboa. Este estabelecimento funciona como
restaurante do tipo tradicional e insere-se no Código CAE 56101, tendo como principais atividades
produção e comercialização de refeições com serviços de Take-Away.
De acordo com os dados obtidos no último Relatório único de 2019, a empresa possui um
número médio de funcionários por conta de outrem de 5 no total.
- Zona de atendimento
- Balcão / Bar
- Sala de refeições (lotação 40 lugares)
- Instalações sanitárias (clientes / funcionários)
- Zona de estoque de mercadorias (destinado armazenamento de matérias-primas)
- Cozinha (Confeção e higienização de alimentos)
A cozinha é composta pelos seguintes equipamentos: 3 fritadeiras, fogão a gás, forno elétrico,
microondas, grelha, picadora de carne, dentre outros. Nesta zona existe uma abertura na parede
destinada a saída do produto final para o serviço de atendimento ao público. Ainda na zona da cozinha
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está localizada a copa suja e limpa que está equipada com máquina de lavar loiça e caixotes de lixo
para destinação dos resíduos.
Hamburguers e
Entradas Pratos Petiscos
Pregos
Queijo Ovelha e Hamburguer de Ameijoa a bulhão
Picanha descrição Chouriço assado
Vaca bacalhau pato
Bolo do Caco com Asinhas de frango
Hamburguer Moelas
manteiga de alho e Alho Francês a Braz com molho
vegetariano estufadas
ervas barbecue
Hamburguer 100% Bolinhas de Alheira Ovos mexidos
Chamuças Lasanha Bolonhesa
Picanha com mostarda com farinheira
Tábua de queijo e Prego de Picanha no
Camarão frito Pica-pau
enchidos Bolo do Caco
Migas de Alheira
Burrata em cama de Prego de Picanha no
Batatas bravas com ovo a
tomatada Pão levedo
cavalo
Ribs com molho
Sopa Choco frito
Barbecue
A segunda empresa que também faz parte deste estudo será designada por empresa Y. O
restaurante entrou em funcionamento em Janeiro de 2019 e está situado na Baixa, no Centro da cidade
de Lisboa. Esse estabelecimento funciona como restaurante do tipo fabricação de cerveja e insere-se
no Código CAE 11050, tendo como principais atividades produção e comercialização de refeições
casuais, bar, hamburgueria, petiscos e bebidas.
De acordo com os dados obtidos no último Relatório único de 2019 a empresa possui um
número médio de funcionários por conta de outrem de 9 no total.
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A cozinha é composta pelos seguintes equipamentos: 2 fritadeiras, fogão elétrico, forno
convetor elétrico, microondas, mini defumador, picadora de carne, dentre outros. Nesta zona existe
uma abertura na parede destinada a saída do produto final para o serviço de atendimento ao público.
Ainda na zona da cozinha está localizada a copa suja e limpa que está equipada com máquina de lavar
loiça e caixotes de lixo para destinação dos resíduos, nesta área são armazenados os produtos de
limpeza.
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Tabela 3.2 - Descrição da ementa disponível na unidade de restauração Y.
Ambas as unidades objeto do estudo possuem boas condições de conservação nas instalações
de acordo com os conceitos de higiene e com equipamentos de frio, atendendo as exigências de
temperatura para o correto armazenamento dos alimentos. A Copa e cozinha possuem um layout que
atende o correto fluxo de preparo géneros alimentícios considerando a “marcha a frente”, que significa
o percurso que os alimentos devem fazer desde a zona destinada a assepsia dos géneros alimentícios
até o local de sua confeção e posteriormente empratamento, de forma a evitar possíveis contaminações
cruzadas.
- 37 -
- 38 -
4 . Metodologia
Para este estudo foi adotada a metodologia da investigação quantitativa que se desenvolveu
interativamente através da realização de auditorias, utilizando estratégias de pesquisa, recolha e
análise de informações e posteriormente avaliando os dados obtidos e apresentação dos resultados.
Foram realizadas consultas bibliográficas para completo entendimento do tema a ser desenvolvido, e
também aplicação de entrevista direta com os gerentes e colaboradores de ambos os estabelecimentos
X e Y que são os responsáveis pela implementação e manutenção dos sistema HACCP.
- 39 -
Este trabalho foi subdividido em duas fases abrangendo:
A recolha dos dados foi obtida com aplicação de duas Checklists, elaboradas e adaptadas com
base na Ficha técnica de Fiscalização da ASAE, seguindo as indicações do Codex Alimentarius, a
legislação em vigor e o código de boas práticas de higiene e segurança alimentar aplicado para o ramo
da hotelaria e restauração .
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Neste modelo de Checklist exitem 3 opções de resposta:
Após a implementação dos pré-requisitos do HACCP foi iniciado a segunda parte do estudo
implementando o plano HACCP contemplando as suas 12 etapas.
O estudo foi desenvolvido com o apoio de toda a equipa responsável pela implementação do
sistema do HACCP nos estabelecimentos incluindo os gerentes e os responsáveis pelo
desenvolvimento das refeições.
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5 Resultados e Discussão
Neste capítulo, serão apresentados os resultados obtidos através das Auditorias realizadas ao
longo do processo de implementação do sistema de segurança alimentar nas empresas X e Y
realizando a análise dos pré-requisitos, através do preenchimento da Checklist, e efetuando
conjuntamente a sua discussão. Seguidamente, serão apresentados a análise e complementação da
determinação dos riscos e pontos críticos de controlo realizadas nas unidades de restauração, havendo
a discussão dos perigos associados aos processos implementados no preparo dos alimentos.
Para a realização deste trabalho foi importante aferir o nível de cumprimento das normas de
Segurança alimentar e paralelamente confrontar os resultados com a pesquisa bibliográfica, analisando
as possíveis propostas de ações corretivas que poderão estabelecer uma importante ferramenta ao
desenvolvimento do sistema HACCP.
O Programa de Pré-requisitos deve estar documentado com seus respectivos registos, e ser
baseados nas boas práticas de higiene e fabrico, conforme estabelecido no Codex Alimentarius, ou
exigido pelas autoridades competentes (ASAE) e pela legislação em vigor.
A primeira fase deste trabalho teve principal foco na consolidação dos pré-requisitos do HACCP
nos estabelecimentos de restauração X e Y. Para isso, foram realizadas 3 auditorias no total a todos
os pré-requisitos ao longo do período de 12 meses.
Nessa sequência, foi aplicado uma Checklist (Anexo II) durante as Auditorias realizadas nos
estabelecimentos de restauração X e Y efetuando um levantamento dos PPR´s aplicados, verificando
em algumas situações, a necessidade de implementação de novos registos de PPR’s de forma a
garantir uma maior segurança dos alimentos e processos.
- 43 -
5.1.1 Higiene Pessoal e Saúde dos Manipuladores de Alimentos
A segurança alimentar depende em grande parte do nível de higiene individual de todos os que
trabalham no estabelecimento, empregadores e empregados, especialmente daqueles que manuseiam
alimentos, ou seja, aqueles que produzem, preparam e transportam alimentos (Carrelhas, 2008).
Conforme descrito no Artigo 18º do DL nº 425/99, qualquer pessoa que trabalhe num local em
que sejam manipulados alimentos deve manter um elevado grau de higiene pessoal, receber vestuário
adequado às tarefas facilmente higienizáveis e não podem exercer atividades envolvendo a
manipulação géneros alimentícios caso apresentem feridas, infecções cutâneas, diarréias ou doenças
potencialmente transmissíveis. Nesta situação, devem informar o seu superior hierárquico para que
sejam tomadas as devidas providências.
Os manipuladores, assim como outros trabalhadores presentes no estabelecimento, devem
efetuar um exame médico completo antes de iniciar sua atividade repetindo uma vez por ano ou a cada
dois anos sendo definida esta periodicidade conforme idade do trabalhador, nos termos do Código
Trabalho e legislação complementar. Este exame médico deve ser realizado por um Médico do
Trabalho.
Durante o processo de implementação dos pré-requisitos do sistema HACCP nas empresas X
e Y procedeu-se à verificação do estado actual das consultas médicas a que os funcionários foram
sujeitos e das fichas de aptidão emitidas sendo colocadas à disposição no dossier “PPRs à
implementação do plano de HACCP”.
Na Checklist aplicada, o item referente a Higiene pessoal e saúde dos manipuladores de
alimento é composto por 12 quesitos:
Dentre todos os 12 quesitos avaliados neste item apenas dois apresentaram inicialmente “não
conformidades” (Tabela 5.1), sendo propostas ações corretivas e demonstrando uma evolução por
parte dos estabelecimentos analisados.
- 44 -
Tabela 5.1- Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito Higiene pessoal e saúde dos
manipuladores de alimento.
Empresas X Y
Existência de Kits de NC NC C NC NC C
visitantes.
Existência de caixa de NC C C NC NC C
primeiros socorros.
Como ação corretiva para tratamento destas não conformidades detetadas sugeriu-se:
- Garantir a existência de kit´s contendo touca descartável, luvas e avental para possíveis
visitantes que acessem a zona de preparação dos alimentos;
- Garantir a existência dos materiais de primeiros-socorros conforme intrução da DGS e em
condições de assepsia adequadas.
Dentre todos os 14 quesitos avaliados neste item apenas dois apresentaram “não
conformidades” (Tabela 5.2), sendo propostas ações corretivas. Percebe-se que o quesito relacionado
a existência de cacifos individuais para os trabalhadores não houve evolução. Em parte, isto se deve a
falta de espaço físico em ambos os estabelecimentos para disposição dos cacifos. O estabelecimento
X fez a aquisição de caixas para cada trabalhador guardar seus pertençes, porém esta não se encontra
adequada pois não estão identificadas e nem possuem fechadura.
Outra “não conformidade” detetada foi a presença de uma luminária sem a devida calha de
proteção na cozinha do estabelecimento X que pode ser uma fonte de perigo físico e contaminar os
alimentos em caso de queda.
- 45 -
Tabela 5.2- Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito Intalações.
Empresas X Y
Existência de cacifos
individuais, devidamente NC NC NC NC NC NC
identificados e fechados.
As lâmpadas encontram-se NC NC NC C C C
devidamente protegidas.
Abaixo descreve-se as ações corretivas para tratamento das não conformidades detetadas:
Nesta etapa devem ser verificados aspectos como (Baptista & Antunes, 2005):
De acordo com o Regulamento (CE) nº 852/2004, a empresa deve dispôr de áreas para o
armazenamento de matérias-primas e matérias transformadas separadamente, assim como para a
armazenagem de materiais de embalagem e produtos de limpeza e outros produtos não alimentares.
As matérias-primas e todos os ingredientes armazenados devem estar protegidos de qualquer
contaminação e conservados em condições adequadas que evitem a sua deterioração.
- 46 -
No preenchimento da Checklist, o item referente a Receção e armazenamento de matérias-
primas e produtos acabados é sub-dividido em dois, sendo Área de receção de matérias-primas
composto por 12 quesitos e o outro Área de conservação e armazenamento de matéria-prima e
produtos acabados compostos por 8 quesitos.
Dentre todos os 20 quesitos avaliados neste item foram detetadas 6 “não conformidades”
(Tabela 5.3), sendo propostas ações corretivas.
Durante a realização das Auditorias verificou-se que este requisito apresentou um elevedo
número de NC´s em ambas as empresas X e Y com pequena progressão de melhorias, parte disto se
deve a falta de formação da Equipa HACCP. Realizou-se uma demonstração “in loco” como era
realizado o preenchimento dos registos e explicada a importância da avaliação dos fornecedores, pois
é através desta que se consegue garantir o cumprimento dos requisitos de higiene dos géneros
alimentícios assim como a qualidade do produto e o tipo de serviço prestado.
Em ambos os estabelecimentos, devido a limitação de espaço físico, não existe uma zona
específica para a receção de matérias-primas sendo realizada a entrada pela porta principal, além disso
também não existe uma zona para descartonagem que acaba sendo realizada na cozinha e em seguida
os produtos são armazenados ou nas prateleiras ou nos equipamentos de frio.
Tabela 5.3- Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito Receção e armazenamento
de matérias-primas e produtos acabados.
Empresas X Y
Existência de declarações de
conformidade dos fornecedores NC C C NC NC NC
relativamente ao cumprimento do
Reg. 852/2004.
Os fornecedores são avaliados. NC NC NC NC NC C
Como ação corretiva para tratamento destas não conformidades detetadas sugeriu-se:
- 47 -
- Não foram observados produtos não conformes no momento da visita, porém deve-se criar
procedimento para identificação;
- Deverão ser efetuadas colheitas de amostras testemunho de produto acabado indicando o tipo
de produto, data de produção mantendo por 3 dias refrigerado;
- As embalagens que contenham produtos acabados deverão estar etiquetadas com
identificação do seu conteúdo e respectiva data de validade.
Na auditoria inicial identificou se produtos armazenados nos equipamentos de frio nas embalagens
cartonadas originais em ambas as empresas X e Y. Estas embalagens podem ser fontes de
contaminação devendo manter apenas as embalagens secundárias (normalmente plásticas). Os
trabalhadores receberam instruções para no ato do recebimento das mercadorias subtituir esses tipos
de embalagem antes do armazenamento no refrigerador ou congelador.
As operações a que são sujeitos os alimentos desde que são recebidos no estabelecimento
até que chegam ao consumidor devem poder ser executadas de forma a impedir a contaminação
cruzada, quer por parte dos manipuladores, quer aquando da utilização do equipamento e/ou da sua
instalação. As superfícies de bancadas e equipamentos que contactam diretamente com alimentos
devem ser sempre mantidas em boas condições de conservação e limpeza. (Carrelhas, 2008).
Devem existir zonas distintas e identificadas para arranjo e lavagem de vegetais (incluindo uma
cuba de lavagem específica), preparação de carnes vermelhas e brancas, confecção, empratamento,
lavagem da loiça, cada uma delas com equipamentos e utensílios próprios devidamente identificados,
tais como facas, placas de corte, etc. (Declan, 2004).
O item referente ao requisito zona de preparação, confeção e distribuição dos alimentos é sub-
dividido em dois na Checklist, tendo por definição Zona de Laboração composto por 11 quesitos e o
outro por Área de expedição do produto acabado compostos por 8 quesitos.
Todos os 19 quesitos avaliados neste item foram detetadas apenas 3 “não conformidades”
(Tabela 5.4), podendo constatar que uma das NC é recorrente para os estabelecimentos de restauração
X e Y.
Existem lavatórios de mãos com detergente e produto desinfetante, próximos das zonas de
manipulação, para que realize a assepsia das mãos evitando assim a ocorrência de contaminação
através dos manipuladores.
Outra característica a ser mensionada é sobre a existência de uma abertura na parede da zona
de laboração para acesso a sala de refeição nos estabalecimentos X e Y, isto facilita a operação de
- 48 -
saída dos pratos confeccionados para o serviço de mesa seguindo o processo de “marcha a frente”
impedindo a contaminação cruzada.
Tabela 5.4- Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito zona de preparação, confeção
e distribuição dos alimentos.
Empresas X Y
As lâmpadas encontram-se
NC NC NC C C C
devidamente protegidas.
Figura 5.1 – Foto da NC relacionada à falta de arrumação no estabelecimento X. Zona da cozinha com
abertura direta para um mezzanine de armazenagem de materiais na parte superior.
- 49 -
A NC detetada no estabelecimento X relacionada a falta de organização ocorre em partes
devido as limitações das infraestruturas, o que se refletia na falta de espaço principalmente na zona
de confeção. Durante a auditoria inicial o Gerente afirmou que existe um projeto para melhorias na
cozinha sendo definida uma organização do espaço mensionado.
Existem certos animais que são considerados nocivos e que, portanto, são indesejáveis nos
locais onde se manipulam, armazenam e comercializam alimentos. A sua presença constitui um perigo
importante para a segurança dos alimentos. Estes animais são habitualmente designados por pragas
ou parasitas, sendo citado como exemplos de pragas: roedores, insetos e outros animais (Carrelhas,
2008).
As pragas normalmente se alojam em locais onde existe uma fonte de alimento, por isso, as
boas práticas de higiene devem ser cumpridas com rigor, com relação do saneamento e higienização
do estabelecimento, bem como na inspeção das matérias-primas de forma a prevenir o seu
aparecimento.
A presença de pragas nas unidades de restauração é intolerável devendo ser monitorado e
combatido através da :
- Prevenção da entrada de pragas nos estabelecimentos;
- 50 -
- Controlo pós entrada de praga nos estabelecimentos.
Caso o controlo não seja eficaz poderá ocorrer a contaminação dos alimentos por contacto
direto das mesmas ou a partir de seus excrementos com os alimentos, superfícies ou materiais e
utensílios, podendo ocorrer, desta forma, a transmissão de doenças (Baptista & Antunes, 2005).
Tabela 5.5 - Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito Controlo de pragas
Empresas X Y
Abaixo segue a descrição das ações corretivas sugeridas para tratamento das NC´s:
- 51 -
- Colocar tela protetora no ralo de escoamento existente no piso da zona de laboração do
estabelecimento X de forma a evitar possívieis entradas de pragas (figura 5.3).
Deve ser mensionado que ambos os estabelecimentos X e Y não possuem janelas para o
exterior do edifício sendo este quesito classificado como “não aplicável”.
A desinfecção de um determinado ambiente tem como objetivo principal a eliminação total dos
microorganismos através do uso de um produto desinfetante que deve ser escolhido com base no tipo
de sujidade ou contaminação presente e no tempo destinado às operações de higienização. É
necessário solicitar ao fornecedor destes produtos as fichas técnicas e de segurança, que deverão
estar dispostas juntamente no local de armazenamento.
Este requisito possuia 9 questões na Checklist aplicada, tendo sido detetadas 5 não
conformidades (Tabela 5.6).
- 52 -
Tabela 5.6 - Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito higienização
Empresas X Y
Os produtos e material de
higienização encontram-se NC NC C NC NC NC
armazenados em local próprio.
O local de armazenamento de
produtos de higienização e
material de limpeza:
a) é arejado; NC NC NC NC C C
b) encontra-se devidamente;
identificado
c) permanece fechado.
Existência de registos de NC C C NC C C
higienização.
- Solicitar ao fornecedor dos produtos de higienização as fichas técnicas dos produtos e deixar
arquivadas próximo ao local de armazenagem;
- As fichas de segurança dos produtos de higienização devem estar disponíveis aos empregados
no local de armazenagem;
- Recomenda-se que os materiais de higienização estejam num armário devidamente sinalizado;
- Os materiais de higienização devem estar acondicionados em armário próprio com bacias de
retenção para casos de derramamento;
- Realizar o registo de limpeza das instalações e atualização do plano de higienização dos
estabelecimentos.
Podemos verificar uma evolução das NC´s identificadas inicialmente nos estabelecimentos X e
Y, porém existe um ponto relacionado ao armazenamento dos produtos de higienização que ainda não
foi solucionado devido à falta de espaço físico. Atualmente os produtos encontram-se guardados dentro
da zona de confecção no estabelecimento Y e foi remanejado para outro local no estabelecimento X,
mas ainda não possui armário fechado e com identificação.
- 53 -
Os equipamentos utilizados no processo de confecção ou armazenamento dos alimentos
devem ter um registo com toda a informação necessária e os respetivos planos de manutenção e
verificação.
Neste sentido, durante o presente trabalho, foram verificados durante a primeira auditoria a
inexistência dos registos relacionados com a listagem dos equipamentos e com a manutenção
preventiva e corretiva dos mesmos em ambas as empresas, além de outras “não conformidades”
(Tabela 5.7), sendo identificado apenas uma evolução no registo das manutenções em casos de avaria
dos equipamentos.
Tabela 5.7- Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito manutenção de
equipamentos.
Empresas X Y
Existência de plano de NC NC NC NC NC NC
manutenção.
Existência de plano de NC NC NC NC NC NC
calibração de equipamentos.
Existência de registos de NC C C NC C C
manutenção.
Existência de registos de NC NC NC NC NC NC
calibração de equipamentos.
5.1.8 Resíduos
Os recipientes para o lixo devem ter tampa de acionamento não maual, devem estar em
número e localização adequados no estabelecimento, e devem ser despejados pelo menos uma vez
por dia, para recipientes cobertos, colocados em zonas designadas para o efeito, fisicamente
separadas de locais de armazenagem e de preparação de alimentos. A remoção do lixo destes últimos
recipientes deve ser realizada, no mínimo, semanalmente (Declan, 2004).
- 54 -
Nas auditorias aplicadas foram detetadas duas não conformidades (Tabela 5.8) neste requisito
que possuia 4 questões na Checklist, apresentando alguma evolução.
Tabela 5.8 - Número de “não conformidades” detetadas nas auditorias no Requisito resíduos.
Empresas X Y
Abaixo segue a descrição das ações corretivas sugeridas para tratamento das NC´s:
Figura 5.4 - Foto da NC relacionada aos bidões de óleo usado dispostos na zona da cozinha do
estabelecimento Y.
- 55 -
As temperaturas recomendáveis de conservação dos alimentos (refrigerados, congelados e
ultracongelados) encontram-se tabeladas no Anexo V, mas para que essas temperaturas
sejam alcançadas, e mantidas, é necessário que existam equipamentos em número suficiente
para permitir o armazenamento de todos os alimentos. É essencial ter em atenção que a
sobrecarga dos equipamentos de frio pode aumentar o tempo necessário para alcançar as
temperaturas exigidas (Cipriano, 2015).
Os registos de temperatura dos sistemas de frio são realizados com o auxílio de termómetros.
As temperaturas do sistema de refrigeração deverão variar entre os 0°C e os 5°C, dependendo
dos géneros alimentícios nele armazenados. No caso da câmara de congelação, a temperatura
recomendada é de -18°C, dependendo dos tipos de alimentos armazenados (Codex
Alimentarius, 2003).
O controlo de temperaturas dos equipamentos de frio é também muito importante por permitir
não só controlar as temperaturas das matérias-primas, como também dos produtos semi-
acabados e acabados. Na auditoria inicial foi identificado que os estabelecimentos X e Y não
realizavam corretamente o controlo e registo das temperaturas dos equipamentos de frio. Após
demonstrar a importância deste requisito para garantir a qualidade dos géneros alimentícios e
segurança em relação à contaminação, além do rigor em casos de Fiscalização por parte do
órgão competente os gestores de ambas as empresas iniciaram os controlos.
Foi aplicada monitorização duas vezes ao dia, sendo a primeira no início da manhã antes de
iniciar as atividades, e a segunda antes da hora de encerramento. Dois trabalhadores da equipa
da cozinha ficaram responsáveis para a elaboração dos registos devendo repassar
posteriormente ao gerente do estabelecimento. Com este registo é monitorizado um dos pontos
críticos de controlo enumerados no plano HACCP da unidade de restauração.
Nas auditorias subsequentes verificou se todos os registos de temperatura, constatando a sua
veracidade através do monitoramento dos termómetros.
- 56 -
• Controlo de Abastecimento de água - Todas as empresas alimentares devem ter um
abastecimento adequado de água potável. No território português a legislação (DL 306/2007)
define os padrões físico-químicos e biológicos que a água tem de observar para ser
considerada potável, ou seja, adequada para o consumo humano.
A água que entra em contato com os produtos alimentares, direta ou indiretamente (sob a forma
líquida, de vapor ou gelo), deve passar por análises periódicas, de modo a não constituir uma
fonte de contaminação.
A água utilizada pelas empresas X e Y é fornecida pela rede pública e, assim sendo, os boletins
de análises da água são disponibilizados pelo site da entidade gestora da rede pública de três
em três meses, não se tendo detetado nenhuma não conformidade.
Foi propostos às empresas que se faça porém, uma análise da água no ponto de coleta
(cozinha e copa) de forma a garantir que não existem contaminações provenientes do sistema
de canalização predial, onde neste caso não é de responsabilidade da entidade gestora.
- 57 -
Com relação aos testes colorimétricos para verificar a qualidade dos óleos e gorduras,
nenhuma nas empresas realizava, sendo definida a ação corretiva para adquirir os kit´s ou
equipamento de medição específico. Até a realização da terceira auditoria esta ação
encontrava-se pendente.
O plano HACCP apresentado neste trabalho foi construído e implementado conforme a realidade
dos estabelecimentos de restauração X e Y em estudo, considerando cada uma de suas
particularidades, todos os tipos de serviços efetuados e processos existentes nas unidades.
Durante as auditorias técnicas foi verificado o processo de implementação do plano HACCP nas
unidades de restauração considerando o cumprimento com o Programa de Pré-requisitos.
Após a auditoria, foi elaborada uma Checklist onde constam todas as não conformidades e
oportunidades de melhoria identificadas, sendo propostas ações para a correção das mesmas (Tabela
5.9). Em conjunto com a equipa HACCP definiu se prioridades das NC´s apontadas, considerando tratar
as mais relevantes para não colocar em risco a segurança alimentar.
- 58 -
Tabela 5.9 – Plano de ações para o HACCP em processo de implementação nos estabelecimentos X e Y.
Requisito Ações
uso pretendido • Disponibilizar as fichas técnicas de cada prato confeccionado aos clientes para
consulta.
• Fazer o fluxograma de produção.
Fluxograma • Contemplar todas as matérias-primas nos fluxogramas elaborados.
• Confirmar o fluxograma “in loco”.
Identificação e análise de • Identificar os perigos e suas causas potenciais.
perigos e identificação • Analisar os perigos para cada etapa dos processos.
das medidas preventivas
• Definir as medidas de controlo para cada perigo identificado.
• Identificar os PCC´s.
Pontos Críticos de
• Aplicar a metodologia da árvore de decisão para definir os PCC´s.
Controlo (PCC´s)
• Propor as medidas de controlo para cada PCC identificado.
Limites Críticos • Identificar os limites críticos.
Vale ressaltar que foi realizada apenas uma auditoria em cada estabelecimento de restauração,
e os dados obtidos com as Checklists estão muito próximos, isso ocorre devido o plano do HACCP
ainda estar em fase de implementação e as ações adotadas por ambas as pessoas responsáveis pela
Gestão dos restaurantes estarem ainda concentradas na adequação dos PPR´s.
O resultado obtido após esta auditoria para ambas as unidades de restauração pode ser
verificado na figura 5.5.
- 59 -
Resultado auditoria Checklist Resultado auditoria Checklist
HACCP restaurante X HACCP restaurante Y
18.8% 18.8%
31.3% 39.6%
50.0% 41.7%
C NC OM C NC OM
Figura 5.5 – Resultado obtido após a realização da primeira auditoria para avaliar a implementação do
sistema HACCP nas unidades de restauração X e Y.
- 60 -
Tabela 5.10 – Equipa de segurança alimentar.
Função Responsabilidade
Durante a Auditoria realizada para verificar a evolução do plano HACCP nos estabelecimentos
X e Y identificou-se que não foram elaboradas as Fichas técnicas de produção dos pratos
confecionados sendo apontada esta NC na Checklist. As Fichas técnicas possuem a indicação do
produto, modo de preparação, ingredientes utilizados e respectivas quantidades, modo de
conservação, prazo de validade, características do produto final, características microbiológicas e
nutricionais.
- 61 -
5.2.4 Fluxograma
Figura 5.6 – Fluxograma geral de processo de preparação dos pratos de Hamburguer nos estabelecimentos de
restauração X e Y.
Foi escolhido o hamburguer como modelo para exemplificar o fluxograma pois este prato é
comum aos dois restaurantes.
- 62 -
A realização de uma análise de perigos pressupõe a listagem e identificação de potenciais
perigos associados a todas as fases do processo, desde as matérias-primas até ao consumidor final
(Ribeiro, 2011).
A Equipa de HACCP dos estabelecimentos X e Y conduziram uma análise dos perigos listando
todos, de forma a verificar quais aqueles que, tendo em conta a sua natureza, a sua eliminação ou
redução para níveis aceitáveis é fundamental para garantir a segurança dos produtos e processos.
Foi realizado o levantamento dos perigos físicos, químicos e biológicos possíveis analisando
as etapas dos fluxogramas de processo, em seguida analisou se os riscos baseando-se na conjugação
da severidade do perigo com a sua probabilidade de ocorrência, de acordo com a matriz de avaliação
de riscos.
Como podemos verificar na Tabela 5.11 abaixo a análise dos perigos e riscos é realizada
considerando as etapas mais críticas e propostas medidas de controlo.
Tabela 5.11 – Exemplo da análise de perigos e riscos aplicada ao processo de receção de produtos sob
temperatura controlada nos estabelecimentos X e Y.
- 63 -
A Análise de Perigos e Riscos para cada etapa de processo não será apresentada no detalhe
nesta Dissertação, sendo o foco principal os pontos identificados como PCC´s e suas respetivas ações
corretivas.
Um PCC é uma etapa, passo ou procedimento no processo geral, onde se pode aplicar controlo
com o objetivo de prevenir, eliminar e/ou reduzir um perigo relevante a níveis aceitáveis. Nos PCCs
são controlados os perigos que foram considerados significativos (Declan, 2004).
Após aplicar a ferramenta da Matriz de riscos para avaliar quais os perigos são significativos
foi utilizada a árvore de decisão do Codex alimentarius (Anexo I) sendo constituída por uma sequência
de questões estruturadas aplicadas a cada passo dos processos para definir os PCC´s respondendo
às seguintes perguntas, obedecendo a ordem descrita:
Os resultados obtidos para cada etapa e perigos identificados estão descritos na Tabela 5.12:
- 64 -
Tabela 5.12 – Estabelecimento dos Pontos Críticos de Controlo (PCC´s) nos estabelecimento X e Y.
Descongelação
- 65 -
Confecção – Fritar, assar, grelhar e cozer
Os limites críticos são critérios que devem ser respeitados, para garantir que o controlo é
atingido. Os limites críticos são estabelecidos com base na experiência, regulamentos, pesquisas
bibliográficas, dados microbiológicos, etc. (Declan, 2004).
Para cada PCC identificado anteriormente foi necessário estabelecer os respectivos limites
críticos, sendo estes definidos por valores ou critérios que define a aceitabilidade e a não aceitabilidade.
Os parâmetros associados devem demonstrar que os PCC´s estão controlados e que os limites críticos
atendem as exigências legais.
Outro ponto que deve ser observado como limite crítico são as temperaturas de armazenagem
em refrigeração, onde os produtos para consumo imediato devem estar condicionados a temperaturas
entre -1ºC e 5ºC. Se estes limites forem ultrapassados podem haver contaminações por bactérias como
a L.monocytogenes, normalmente isto pode ocorrer devido a super lotação dos equipamentos
dificultando a circulação do ar frio pelos alimentos no interior dos refrigeradores.
5.2.8 Monitorização
- 66 -
produto, submetendo-o a uma acção correctiva, como seja o reprocessamento ou a destruição, antes
do seu consumo (APCER, 2011).
Os resultados obtidos a partir da monitorização devem ser registados e avaliados por uma
pessoa qualificada e com os conhecimentos necessários para aplicar medidas corretivas. A frequência
das monitorizações deve ser suficiente para garantir o controlo dos PCC’s (CAC, 2003).
Foi verificado durante as auditorias que dentre todos os PCC´s identificados, apenas os registos
de temperatura dos equipamentos de refrigeração e congelação estavam a ser preenchidos por ambos
os estabelecimentos X e Y, foram definidas as responsabilidades entre os trabalhadores para anotação
dos registos e enumerados todos os equipamentos de frio existentes para facilitar a recolha dos dados.
As ações corretivas impedem o processo de sair dos limites críticos. Devem especificar-se as
ações corretivas a tomar quando os resultados do controlo demonstram que um PCC está fora do seu
limite, para colocar de novo o parâmetro sob controlo. As ações corretivas devem ser tomadas quando
os resultados indiquem uma tendência para a perda de controlo, antes que o desvio ultrapasse os
limites críticos. Para cada PCC deve assegurar-se que a ação exercida garante que o PCC é de novo
controlado e estabelecer-se o que fazer com os produtos não-conformes que entretanto foram
produzidos, nomeadamente o seu processo de segregação, análise e posterior processamento ou
rejeição (Afonso, 2006).
Para cada um dos PCC’s identificados no plano HACCP foi definido um conjunto de ações a
tomar para garantir que o PCC regressa aos limites de controlo (Tabela 5.13). Estas ações corretivas
atuam sobre o processo, o produto ou ambos.
- 67 -
Tabela 5.13 - Identificação dos PCC´s nos estabelecimentos de restauração, monitorização e medidas corretivas propostas.
2 Sobrevivência de Cumprimento Dosagem do Vigiar o método Registo de Cozinheiro (a) Proceder a nova Registo de não Operador (a) /
microorganismos das regras de produto de lavagem e PCC´s – lavagem e conformidade. Cozinheiro (a)
patogénicos à lavagem e desinfetante desinfeção; registo de desinfecção das
desinfecção por desinfecção dos definida pela desinfeção de frutas.
incumprimento dos vegetais e fruta; fabricante. Realizar análise saladas.
tempos e química e
dosagens do Correto microbiológica Sempre que
produto doseamento do da água; houver
desinfectante. produto. preparação
Formação dos
manipuladores.
- 68 -
Confeção
Formação de Controlo da Temperatura Controlo da Registo de Cozinheiro (a) Ajustar termóstato; Registo de não Operador (a) /
4 compostos polares temperatura máxima do temperatura do PCC´s - conformidades Cozinheiro (a)
máxima de óleo de óleo diária Registo Rejeitar os óleos
aquecimento. controlo de sempre que a % de
180 ºC Verificação da % óleos compostos polares
Controlo dos de compostos for superior ao limite
compostos Compostos polares no óleo de Monitorização crítico.
polares Polares < 25% fritura (testes de da qualidade
óleos) em caso de do óleo 2x na
dúvida semana
Vigiar diariamente Registo
(inspecção visual): manutenção
Estado de higiene preventiva
da fritadeira; /corretiva dos
equipamentos
Cor / aspecto do
óleo;
Manutenção
preventiva do
equipamentos;
Formação dos
manipuladores.
- 69 -
5.2.10 Procedimento de verificação
Esta atividade deve ser realizada pela equipa HACCP com as devidas formações e ser
efetuada sempre que:
- 70 -
Em ambas as empresas X e Y que foram objeto deste estudo foi elaborado um dossier contendo
todas as instruções, modelos de registos (temperatura, controlo do óleo, desvios e ações corretivas
efetuadas, etc.) e procedimentos de monitorização que devem ser implementados nos
estabelecimentos de restauração, bem como o Manual do HACCP descrito passo-a passo incluindo o
modelo de fichas técnicas, fluxograma de processo e análise de perigos e riscos. Todos os documentos
e registos devem ser assinados pelas pessoas responsáveis pelas tarefas executadas.
- 71 -
6 Considerações Finais e Conclusões
A implementação do sistema HACCP nas unidades de restauração pode ser muito complexa
devido a pouca capacitação técnica da equipa envolvida nos processos existentes, assim como no
elevado número de diferentes pratos confecionados em cada dia de trabalho. Isto pode provocar o
surgimento de falhas para cumprir as exigências do Programa de Pré-requisitos e controlar os PCC´s.
Durante a realização deste trabalho, verificou se uma variação dos dados obtidos através das
auditorias aplicadas nos estabelecimentos de restauração X e Y, mostrando uma maior evolução no
tratamento das não conformidades no cliente Y. Em ambos, existem certos aspetos que podem colocar
em risco a implementação do sistema HACCP como:
- Falta de formação técnica dos manipuladores que pode contribuir para a contaminação dos alimentos
e colocar em risco a saúde dos consumidores;
Ao analizar todos os dados obtidos com a realização deste trabalho verificou se que a
implementação do HACCP está em desenvolvimento, porém já apresenta resultados significativos no
controlo dos perigos, determinação dos PCC´s e gestão dos processos de monitorização referente os
objetivos propostos inicialmente em ambas as unidades de restauração, conferindo assim uma maior
organização dos espaços físicos e atividades realizadas pelas equipas de trabalhadores.
Apesar dos responsáveis pela Gestão dos dois estabelecimentos se mostrarem interessados
em tratar as não conformidades, o sistema HACCP somente será efetivo se for compreendido por todos
os funcionários. A equipa HACCP deverá ter uma ação mais ativa nos processos, contribuindo para a
correta implementação do plano e completo entendimento dos conceitos e riscos associados às tarefas
executadas diariamente.
- 72 -
Bibliografia
Afonso, A., (2006). Metodologia HACCP – Prevenir os acidentes alimentares. Obtido em 24 de março
de 2020, em Revista Segurança e Qualidade Alimentar, n.1, pp 12-15:
http://www.infoqualidade.net/SEQUALI/PDF-SEQUALI-01/n01-pg12-15.pdf
Amaral, R., Oliveira, B., (2013). Perigos Físicos: Importância da sua Identificação para o Sistema de
Segurança Alimentar. Obtido em 25 de março de 2020, em Revista Nutrícias n.19 :
https://www.apn.org.pt/documentos/revistas/RN_19.pdf
Anon. (1997) Recommended International Code of Practice. General Principles of Food Hygiene. Codex
Alimentarius Commission, Rev. 3, World Health Organization, Rome, pp 22-30.
APCER (2011). Guia Interpretativo ISO 22 000:2005 Sistema de Gestão da Segurança Alimentar. Porto:
Associação Portuguesa de Certificação.
Aragão, P. P., (2017). Revisão do Sistema HACCP de uma unidade de Restauração. Dissertação de
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Anexos
ÁRVORE DE DECISÃO
Q1 Existe(m) medida(s)
preventiva(s) para o perigo
Modificar a etapa
identificado?
o processo ou o
produto
NÃO
NÃO
Não é PCC
SIM
NÃO PCC
- 78 -
Anexo II – Checklist aplicado aos Clientes de restauração com base nos pré-requisitos do sistema HACCP
- 79 -
- 80 -
- 81 -
- 82 -
Anexo III – Modelo do Questionário de avaliação e seleção de fornecedores
- 83 -
Anexo IV – Modelo da folha de registo de Manutenção corretiva e preventiva dos equipamentos aplicada nos estabelecimentos de restauração
- 84 -
Anexo V – Temperaturas recomendáveis de conservação dos alimentos refrigerados , congelados e
ultracongelados (salvo indicações específicas do fabricante)
Temperatura Estado de
Alimentos
(ºC) conservação
Pescado
Congelado < -18 ultracongelado
Fresco 0a2
Bivalves vivos 1 4a8
Bacalhau e espécies afins, salgados, verdes e semi-secos, e respetivos refrigerado
4
subprodutos
Bacalhau e espécies afins, salgados secos, e respetivos subprodutos 7
Carnes
Carnes e seus produtos < -18 ultracongelado
Carnes de reses
Carnes de aves
Carnes de coelho
Carnes de caça -12 congelado
Preparados de carne
Miudezas
Gorduras animais fundidas
Carnes frescas 7
Carnes de aves
Carnes frescas de coelho 4
Carnes de caça de criação e de caça selvagem menor
Carnes de caça selvagem maior 7
Carne picada 2
Preparados de carne com carne picada 2
refrigerado
Preparados de carne com carne picada fresca 7
Preparados de carne com carne picada com carne de aves 4
Preparados de carne com carne picada que contenham miudezas 3
Preparados de carne 4
Produtos à base de carne 6
Gorduras animais frescas 7
Miudezas e vísceras frescas 3
Ovos
Em natureza 0a5
refrigerado
Pasteurizados 0a3
Produtos Lácteos
Iogurtes 0a6
Queijo fresco 0a4 refrigerado
Queijo de pasta mole 0a6
Gorduras
Manteigas e margarinas 0a6 refrigerado
Produtos horto-frutícolas
Vegetais (folhas) 6a8 refrigerado
Congelados < -15 congelado
Frutos 2a8 refrigerado
Charcutaria não estável 0a5 refrigerado
1 Temperatura meramente indicativa. Os moluscos bivalves vivos devem ser preservados em condições que não
comprometam a segurança alimentar nem a sua viabilidade.
2
As temperaturas indicadas dizem respeito a temperaturas internas máximas.
- 85 -
Anexo VI – Checklist de auditoria aplicado aos estabelecimentos de restauração com no sistema HACCP implementado
- 86 -
- 87 -
- 88 -
- 89 -
- 90 -
Anexo VII – Modelo com a descrição do produto “Hamburguer vegetariano”
- 91 -
Anexo VIII – Modelo do inquérito aplicado aos Manipuladores de alimentos nos estabelecimentos das
empresas Clientes.
- 92 -
- 93 -