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uma nova espécie são aquelas de seus aparelhos reprodutores, no caso, as flores.
Por que elas e não os caules, as folhas ou as raízes? Porque as flores, com toda sua 30 m
complexidade estrutural, indo desde a simetria floral, número de pétalas, número
e posição dos estames, n úmero e posição dos carpelos, entre outras características, 20 m
explica por que é sempre necessário coletar as flores das plantas para poder iden-
tificá-las em um herbário oficial. As folhas e os demais órgãos das plantas podem
fo rnecer características adicionais, que podem ajudar a identificação.
Fig. 1.1 Formas de crescime
Flora - ou fauna, no caso dos animais - é, pois, o conjunto de espécies que ocor-
rem em um determinado local, região, país, enfim, em algum espaço geográfico
Assim, qualqw
delimitado. Pode-se falar em flora ou fauna de um pequeno cam po, de uma baía,
da predominantemer
de um rio, de um m unicípio, de um país, do mundo. Portanto, não existia flora nem
copas formam um "t,
fauna antes que surgissem os botânicos e os zoólogos, pois até então n ão existiam
rior predomina a so1
nomes científicos para as plantas e os animais. No presente texto, quando se t rata da
arbustos, fala-se em
flora ou da fauna, o autor se refere em geral a espécies vegetais ou animais de grupos
uma "camada" ou es
evolutivamente mais superiores .
com árvores e/ou arb
Já a vegetação é algo concreto, material, que surgiu há milhões de anos, inde -
campo é totalmente
penden temente da existência de botânicos. Ela é o conjunto de plantas que reveste a
ou arbustos. Finalme
superfície de um espaço geográfico. Ela te m um aspecto, uma aparência, uma fito-
de vegetação, com pn
fisionomia (do grego phyton = planta e physiognomia = fisionomia) reproduzível por
arbusto ou suculenté
meio de desenhos ou fotos. Essa fitofisionomia depende da proporção das diferentes
assemelha ao campo
for mas de crescimento de su as plantas (Fig. I.1), como árvores (plantas que possuem
líquens e musgos (Fi~
um tronco lenhoso, de onde saem os ramos ou galhos), arbustos (plantas também
Ainda quanto~
lenhosas, mas que n ão apresentam um t ron co, saindo seus galhos já da proximida-
que diz respeito ao se
de do chão), palmeiras (plantas que apresentam uma estipe, caule sem ramificações,
(a) sempre-verdes, qu
Introdução 19
60m 1 - Árvores
2 - Arbustos
3 - Ervas
50 m 4 - Palmeiras
s - Suculentas
6 - Touceira
7 - Liana
40m
30 m
20 m
10m
10
Floresta clecídua
10
o
Escrube Além da fi.tofisionc
uma densidade. Ela pode
grande ou pequena altur
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terísticas que a distinguE
rebrota, morre, pode inui
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Fig. 1.2 Perfis
fitofisionômicos
o entre outros, um text
Deserto
Introdução 21
Floresta sempre-verde
e
Floresta
semidecídua
Floresta decídua
Devido à f
modo desi:
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1.1 Zon
Com
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que o clim:
ou f.aixas
"grosso me
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/
Zonas climáticas
da Terra e seus zonobiomas
massas de ar, do polo para o equador e vice-versa, do oceano para o continente e climadiagramas repre
vice-versa, com desvios provocados por acidentes geográficos, como cordilheiras climáticos anteriorme
de montanhas. O seu grau de interiorização nos continentes ou o seu afastamen-
to em relação às grandes massas líquidas dos oceanos são outros fatores também a (b)
1
[e)
importantes. Fosse o eixo da Terra perpendicular ao plano de sua órbita, o clima, em
h
qualquer zona climática, não apresentaria estacionalidade ou sazonalidade ao longo ºC
40
dos meses do ano. Essa estacionalidade é devida exatamente ao ângulo de inclina-
ção do eixo terrestre em relação àquele plano, que é de 23º 27'. É essa inclinação que 30
determina as estações do ano, tão mais distintas quanto maiores as latitudes.
-j 20 n
O clima de uma região pode ser descrito textualmente por meio de suas carac-
10
terísticas térmicas e pluviométricas ou representado por diagramas, os diagramas
climáticos, ou climadiagramas. Esta é a forma mais usual de se caracterizar o clima, f o--~~~~~,----r
!l
seja pela sua simplicidade, seja pela sua praticidade. -10
Diversos climatologistas procuraram classificar os climas do mundo criando
Nem todos esses dados e
sistemas de classificação. Neste livro será adotado um deles, o sistema de Heinri- todos os postos meteoro
ch Walter (1898-1989), ecólogo, climatologista e fitogeógrafo, diretor do Instituto S - Hemisfério Sul
de Botânica da Escola Superior de Agricultura da Universidade de Hohenheim, em N - Hemisfério Norte
Stuttgart, na Alemanha, reconhecido internacionalmente e autor de vários livros Fig. 1.1 Construção do diagr,
clim adiagramas representados na Fig. 1.2 servem para exemplificar os nove tipos
climáticos anteriormente referidos.
mm a - Post o meteorológico
a d e b - Altitud e
300
[e] c - Número de anos de obse rvação (onde há dois valores;
i o primeiro indica a temperatura, e o segundo,
h 100
a precipitação)
º(
d - Temperatura méd ia anual
40 80
e - Precipitação méd ia anua l
f - Média diária das temperaturas mínimas do mês
30 60
ma is f rio
g - Mínima absoluta registrada
-j 20 40 h - Média diária das t empe raturas máximas do mês
mais quente
10 20 i - Máxima abso luta registrada
j - Flutuação da t emperatura méd ia diária
f
o s k - Cur va da temperatura méd ia mensal
g ON O J F MAM J 1 - Curv a da precipitação média mensa l
o N
-10 m - Estação seca
n - Estação úmida
Nem todos esses dados existem para o - Precipit ação média mensa l > 100 mm;
t odos os postos meteorológicos estação superúmida
p - Mês com a média das mínimas diárias abaixo de Oº C
S - Hemisfério Sul
q - Mês com a mínima absoluta abaixo de Oº C
N - Hemisfér io Norte
li Ili IV
VI VII VIII
V
-10
Quente- t emperado Temperado Temperado Boreal
úmido úmido ári do
IX
A classificação
1.2 Zonobiomas (ZB) do clima e da fitofisic
Etimologicamente, o termo biama (do grego bios = vida e ama= massa) signifi- savana tem um signific
ca um volume, uma massa de seres vivos. Esse termo já era usado na Biogeografia ele representa um es1
desde meados do século passado, tendo sofrido uma série de modificações con- tuída por um gradien
ceituais até chegar ao seu conceito atualmente mais aceito pela comunidade até a floresta, passan
científica, isto é, um espaço geográfico natural que ocorre em áreas que vão desde poderia argumentar,
algumas dezenas de milhares até alguns milhões de quilômetros quadrados, O contra-argumento E
caracterizando-se pela sua uniformidade de clima, de condições edáficas (do grego
quadrados brancos e ,
édaphos = solo) e de fitofisiono mia. Ele inclui a fauna como parte dessa massa viva, milhares de tabuleiro
ampliando o termo formação, antes usado, que só se refere ao componente vegetal.
Assim como se têm
Portanto, biorna é um macroambiente natural. Não existem "microbiomas", termo
também pode haver :
que alguns autores propõem indevidamente. Não confundir com a palavra ecossis- tropicais situam-se e1
tema, termo empregado para se referir a um conjunto de componentes bióticos e
da África, Austrália e
abióticos que se relacionam criando um todo funcional, independente de ser natu-
ral ou não ou do espaço geográfico que ocupe. Um grande lago natural ou uma Quadro 1.1 Classificaçã
pequena represa artificial constituem ecossistemas, com sua água, seus nutrien- Zona
tes minerais, suas algas, seus peixes, suas bactérias e fungos etc. Uma lavoura de climática
soja é um agroecossistema, com o clima, o solo, as plantas cultivadas, as pragas, o Tropical pluvi
cujas va riaçõ
homem, os adubos, os agrotóxicos etc., mas não pode ser considerada um biorna. dentro de pe1
Não existem agrobiomas! Biornas são espaços naturais. Um biorna é um ecossis- Tropical esta,
li
tema, mas nem todo ecossistema é um biorna. Outra confusão que se deve evitar primavera/VE
é com o termo domínio. Este é também um espaço geográfico natural, mas onde Ili Subtropical á
predomina um determinado biorna, o que significa que nesse mesmo espaço outros Mediterrânec
IV
seco
biornas podem estar presentes.
V Quente-tem~
Do conceito de biorna não participam diretamente as condições geológicas,
VI Temperado ú
geomorfológicas, uma vez que os organismos não têm a capacidade de percebê-las
e responder a elas. Percebem e respondem, isso sim, às condições edáficas, influen- VII Temperado á1
ciadas pelas rochas que o originaram, ou ao clima, influenciado pela altitude. Os VIII Borea l
Quadro 1.1 Classificação das zonas climáticas com seus respectivos climas e zonobiomas
Zona
Clima Zonobiomas
climática
Tropical pluvial (o u equatorial), úmi do e quente,
1. Fl orestas e savanas tropicais pluviais
cujas variações maiores de t emperatura ocorrem
(ou equatoriais)
dentro de períodos diários
Tropical estacionai (ou t ropical), com chuvas de li. Florestas e sava nas tropicai s estacio-
li
primavera/ve rão e outono/inverno seco nais (ou tropicais)
Ili Subtropical árido Ili. Desertos quentes
Mediterrâneo, com chuvas de inverno e verão
IV IV. Chaparral , maqui mediterrâneo
seco
V Quente-temperado úmido v. Florestas quente -temperadas
O mapa da África (Fig. 1.3) é um bom exemplo para se mostrar essa distribui-
ção em faixas latitudinais das zonas climáticas. Nos outros continentes, cordilheiras
de montanhas, correntes marinhas e outros fatores distorcem, interrompem, expan-
dem essas faixas, tornando-as menos evidentes.
Nas regiões de serras e cadeias de montanhas, os biornas variam conforme
a latitude, mas também conforme a altitude, como na Serra do Mar e na Serra da
Mantiqueira do Sudeste brasileiro, na Serra do Espinhaço, no interior do Estado de
Minas Gerais, em Pacaraima e Parimá, no extremo nor te de nosso país, nos Alpes,
28 Biornas brasileiros
nos Andes e no Himalaia. Nessas regiões serranas é possível distinguir uma faixa sura, entre outras). C
baixomontana ou submontana, uma montana e uma altimontana, dependendo da dificultando a respir.
altitude a que se chegue. O Kilimandjaro (5.895 m), situado na África, ergue-se em provavelmente porqt
plena savana tropical estaciona! (ZC II). À medida que aumenta a altitude, a vege- de água. Quando o ar
tação vai se alterando para aquelas de clima mais frio, até que em seu cume exista ha!o-he!obioma (do gre
neve permanente, como nos polos. Essas faixas altitudinais não representam, por- característica um de
tanto, biornas zonais, uma vez que há até neve próximo ao equador, mas biornas Quando o solo é extn
extrazonais. No caso específico, orobiomas (do grego oras = montanha). peina = fome, deficiêr
tem -se um pirobioma
40°- - - - - - -- - - -- - - - -- - - - - - - - - - -
sentar, além de seu
tipos de biorna, deter
importante na seleçâ
Equador
Oº - - -- - - - -- ----.~ -'..,.-- - ----,,,__---1----F-- - -
-
Zonas climáticas da Terra e seus zo n o b iomas 29
37,8 -,...,..,.,.,........-
32,2 Quixadá (180 m] 27,3º 873
[10 -7)
-9,5UJ.JLI--'-~ ~"-'--'-<
21 ,1
11,1 '---~~-""'
!- Equatorial quente-úmido
/ ,, \ ,
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'1 1
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1 - li ', 1·11 /
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1 1
li - Tropical 1 1
\ 1
' -- -71 1 - Equatorial
quente- úmido
Oº Oº
E3 Estepe (Caat i nga e 1• Biama Floresta Amazônlc
Campanha Gaúch a)
Sempre-Verde de Terra F;
O Savana Estépica
Biama Floresta Amazônlc
~ Vegetação Lenhosa
Oligotrófica dos sempre-Verde de Terra F;
Pântanos e Acumulações
Biorna Floresta Amazônic
•
Arenosas
10' 10' Sempre-Verde Ripária de
Floresta Omb rófila Densa
.! Biama Savana Amazônica
Floresta Ombrófila Aberta
20° 20'
G:;
o
Floresta Ombrófila Mist a
- Floresta Estacionai
Semidecidual
S. ou Campinarana
[a Floresta Estacionai
Oecidual 5 li Biorna Floresta Atltmtica
Sempre-Verd e de Terras E
~ Áreas das Formações ou de Planície
Pionei ras
Os principais
70' 60' 50' 40'
acordo com sua elas
Fig. 2.2 Mapa fitofisionômico da vegetação do Brasil
Fonte: Veloso, Rangel Filho e Lima ( 1991) . apresentados no Qua
zonas cl imáticas, zonobiomas e se us princip ais bi ornas n o Brasil 33
1. Biorna Floresta Amazônica Densa 7• Biorn a Floresta Atlântica Densa 1 3 . Biorna Savana Tropica l
Sempr e- Verde de Terra Firme Sempre- Verde de Restinga Est acionai semiánda
Fig. 2.3 Mapa dos principa is biamas no Brasil, Pantanal e Campos Sulinos
Z - Campos Sulinos
(do latim
•o que se costuma chamar popu larmente de " biama Mata Amazônica" e " biama Mata At lânt ica" nâo ombrófilas
são, em realidade, biornas, mas conjuntos de biamas , uma vez que nâ o apresentam a condição básica hylaia = fio
do concei t o internacional do t ermo biama , isto e: um espaço geog ráfico natura l que se caracteriza pela
Amazônicé
uniformidade de cond ições climáticas, edá ficas e de fitofi sion omia. o Manguezal e a Fl orest a de Arau-
cár ia, por exemplo, nada têm de semelhança, em qualquer desses aspectos, para justificar sua incl usão quadrados
no mesmo "biorna Ma t a Atlântica". São espaços muito diversos, particu larmente quanto aos so los e á mas por \
sua sali nidade, quanto à alt itude, ao clima, à fitofisionomia, à flora e à fauna. O mesmo se pode dizer do
Equador, C
" biama Mata Amazôn ica". Naquele espaço existem florestas muito distintas umas das outras quanto ao
ambiente em que vive m, como um igapó inundado por meses seguidos e uma mata de terra firme, nunca Com uma i
inundável. Sâo ambientes de vida diferentes, portanto, são biornas diferentes. biornas rec
dos. Cerca
do Acre, A;
Estado do J\
representar
dos, equiva
ao territóric
espaço não
ficas, não cc
Caracterização
dos principais
biornas no Brasil