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Aula 01

Conhecimentos preliminares em
Farmacobotânica e estudo comparativo dos
vegetais inferiores
Disciplina: Farmacobotânica
Profa. Dra. Renata Carvalho
Curso: Bacharelado em Farmácia
Professora: Dra. Renata Carvalho
Disciplina: Farmacobotânica
Curso: Farmácia

E-mail: profa.renatacarvalho@gmail.com
Plano Geral da Disciplina

 Ementa:
Sistemas de classificação dos vegetais.
Coleta e herborização de plantas medicinais.
Estudo comparativo das plantas inferiores.
Morfologia Externa das plantas superiores e sua utilização na caracterização e
identificação de plantas medicinais.
Histologia (anatomia) de órgãos vegetativos e reprodutivos de plantas e sua
importância na caracterização de parte de plantas utilizadas em fitoterapia.
Objetivo geral

 Abordar conhecimentos botânicos de forma aplicada ao interesse


farmacêutico, capacitando os alunos para a diagnose de drogas vegetais e
proporcionando domínio quanto aos conceitos botânicos e à legislação
sobre drogas vegetais e medicamentos fitoterápicos.
Bibliografia Básica:

 OLIVEIRA, F.; AKISUE, O. Fundamentos de farmacobotânica e de morfologia vegetal.


3. ed. Editora Atheneu, 2009.
 GONÇALVES, E. G.; LORENZI, H. Morfologia vegetal: organografia e dicionário ilustrado
de morfologia das plantas vasculares. 2. ed. Editora Plantarum, 2011.
 JOLY, A. B. Botânica: introdução a taxonomia vegetal. 13. ed. Editora Nacional, 2002.

Bibliografia Complementar:

 ESAU, K. Anatomia das plantas com sementes. Tradução: Berta Lange de Morretes.
Editora Edgard Blücher, 1974, 1976 reimpressão.
 OLIVEIRA, F.; SAITO, M. L. Práticas de morfologia vegetal. 1. ed. Editora Atheneu, 2000.
 RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 8. ed. Editora Guanabara
Koogan, 2014.
Farmacobotânica

Farmacobotânica x Farmacognosia

 A Farmacognosia trata-se do ramo mais antigo das ciências farmacêuticas e


tem como objetivo o estudo das moléculas bioativas, sejam de origem vegetal,
animal, ou, a partir, de micro-organismos. Outros termos são utilizados na
atualidade como, Biologia Farmacêutica, Matéria Médica, Biofarmacognosia.

 A Farmacobotânica se preocupa com o estudo das matérias-primas de origem


vegetal como fonte de medicamentos fitoterápicos ou necessidade
farmacêutica.

 A Farmacobotânica é uma subdivisão da farmacognosia.


Planta
medicinal

Droga vegetal Fitoterápico


Farmacobotânica

 Planta medicinal: planta que contenha substâncias que podem ser


utilizadas com finalidade terapêutica.

 Droga vegetal: parte ou órgão da planta que contem substância, ou


classes de substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após
processos de coleta, estabilização, quando aplicável, e secagem, podendo
estar na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada, e que podem
ser utilizados no medicamento.

 Fitoterápico: medicamento obtido utilizando-se plantas medicinais,


empregando-se exclusivamente drogas vegetais.
 Fitoterápicos

Controle de qualidade de matéria-prima vegetal

1) Determinação de material estranho (em geral, não ultrapassar 2%, pela FB)
2) Determinação de cinzas totais, sulfatadas e insolúveis em ácido (normalmente,
1%, mas alcançando até 20%).
3) Determinação do teor de umidade (variam de 6 a 15%)
 Características ou propriedades organolépticas:

 Características que podem ser percebidas pelos sentidos humanos. São elas:
 Cor
 Brilho
 Odor
 Sabor
 Textura
 Primeiras classificações dos organismos e plantas

 Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.): o primeiro a classificar os seres vivos. Dividindo os
organismos em dois grupos (animais e plantas). Subgrupos organizados pelo tipo de
ambiente (aéreos, terrestres ou aquáticos).

 Teofrasto (372 a.C. a 287 a.C.): sucessor de Aristóteles, escreveu obras de grande
importância – Historia plantarum (História das plantas) e De causis plantarum (Sobre as
causas das plantas).

 Carl von Linné ou Lineu (1707 a 1778): definiu as características estruturais e anatômicas
como critério de classificação. Número de espécies fixo e imutável. As plantas eram
agrupadas segundo as estruturas de suas flores e frutos. Desenvolveu a nomenclatura
binomial (1748).

Ex.: Matricaria chamomilla L. (camomila)


NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO
DE PLANTAS
 A Classificação coloca ou agrupa um determinado organismo vivo em uma categoria
específica dentro de uma hierarquia, sendo feita apenas uma vez para cada ser vivo,
ou poucas vezes, quando evidências posteriores exigirem sua realocação em outra
categoria taxonômica.

 Táxon (plural taxa): termo para designar uma unidade taxonômica de qualquer
hierarquia
 Reino
 Família
 Subfamília
 Classe
 Ordem
 Gêneros
 Espécie
NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO
DE PLANTAS

 A identificação de um organismo consiste na comparação com uma espécie já


descrita, devendo ser feita a cada vez que se deseja conhecer o nome
científico de um organismo coletado ou encontrado na natureza.

 Todas as plantas conhecidas possuem nomes científicos, os quais são


aceitos internacionalmente por pesquisadores, estudiosos e pessoas
interessadas no assunto.
NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO
DE PLANTAS
 Espécie!!!
Conceito difere muito entre os sistematas.

 Conceito biológico de espécie é o mais conhecido. Esse conceito define espécie com
um grupo de populações naturais cujos membros podem cruzar entre si, mas não
podem (na maioria das vezes) cruzar com membros de outros grupos.
 Critério do isolamento genético.

 Sistematas vegetais:
 Conceito morfológico de espécie: baseado em critérios anatômicos e morfológicos.
 Conceito filogenético de espécie: com base na reconstrução da história evolutiva das
populações.
NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO
DE PLANTAS

Ao longo da história, cada grupo humano deu nomes às plantas que pudessem ser utilizadas
por todos dentro do grupo, facilitando a convivência.

 Nomes populares (podem variar entre os grupos étnicos)


Também chamados:
 Nomes comuns
 Vulgares
 Vernaculares
NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO
DE PLANTAS

 Nomes científicos para algas, fungos (incluindo líquens), plantas avasculares e


vasculares são regidos pelo Código Internacional de Nomenclatura para algas,
fungos e plantas.

 Princípios básicos:
 Nome científico é sempre um binômio (dois nomes) escrito em latim ou palavras
latinizadas.

 A primeira palavra do binômio científico corresponde ao gênero e dever ser escrita


com letra inicial maiúscula.

 A segunda palavra do binômio corresponde ao epíteto específico para uma


determinada espécie, devendo ser escrita com letra inicial minúscula.
NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO
DE PLANTAS

 O binômio para algas, fungos e plantas deve ser acompanhado do seu autor, ou
seja, pessoa que descreveu a espécie e nomeou o epíteto específico.

 O nome científico da espécie de qualquer organismo deve ser grifado no texto (o


grifo usualmente é o itálico; quando manuscrito, deve ser sublinhado).
NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO
DE PLANTAS

Melissa officinalis L.
Família: Lamiaceae
Nome popular: Erva-cidreira, cidreira,
melissa.

Myracrodruon urundeuva Allemão


Família: Anacardiaceae
Nome popular: aroeira-do-sertão,
urundeúva.
Tipificação de nomes
científicos
Tipos: servem para comparação sempre
que houver dúvida sobre a identidade
de uma espécie (materiais-tipos,
materiais testemunho).

Exsicata

Herbário
Herborização

 Etapas da herborização: Coleta, prensagem, secagem,


identificação, montagem da exsicata, deposição em herbário.
Exsicata botânica

Nome do herbário

Família: Anacardiaceae
Espécie: Myracrodruon urundeuva Allemão
Nome vulgar: aroeira-do-sertão, urundeúva.
Data da coleta: 06/08/2018
Local de coleta: Buíque-PE
Nome do coletor: Renata Carvalho
Exsicata botânica

Experimentoteca de Farmacobotânica

Família: Anacardiaceae
Espécie: Myracrodruon urundeuva Allemão
Nome vulgar: aroeira-do-sertão, urundeúva.
Data da coleta: 06/01/2019
Local de coleta: Buíque-PE
Nome do coletor: Renata Carvalho
Estudo comparativo dos vegetais
inferiores
Algas
 As algas foram as primeiras produtoras de oxigênio no planeta. São as
responsáveis pela maior parte da produção nos ecossistemas aquáticos: como
produtores primários, elas formam a base da cadeia alimentar desses
ecossistemas.
 Alga é um termo genérico e sem significado taxonômico.

 Inclui organismos que possuem clorofila a e um talo não diferenciado em raiz,


caule ou folhas, com hábito predominantemente aquático.
 Importantes como produtores primários dos ecossistemas onde ocorrem.
 Produção de mais de 50% do total da produção primária do planeta.
 Terrestres e aquáticas, algumas vivem em associações com outros organismos
(líquens).
 As mais comuns são aquáticas, ocorrendo em rios, lagos, mangues e mares.
 Quando aquáticos podem fazer parte do bento (conjunto de indivíduos que
vivem fixos a um substrato) ou plâncton (conjunto de indivíduos que vivem
em suspensão na coluna de água).
Polissacarídeos de algas:
Propriedades espessantes e gelificantes, utilizados especialmente nas indústrias
alimentícia e farmacêutica.
Presentes em micro e macroalgas.

 Alginas (algas da classe Phaeophyceae – algas pardas)


 Carragenanos (algas rodofíceas)
 Ágar-ágar (algas rodofíceas)
 Fucanos (especialmente, em Fucus – Phaeophyceae)
 Alginas – ácido algínico e alginato formam géis viscosos.

 Protetores da mucosa gástrica em preparações para tratamento de refluxo


gastresofágico, esofagites.
 Anti-hemorrágicos
 Espessantes e estabilizantes em produtos farmacêuticos e alimentícios
 Moldagem de produtos odontológicos
 Indústria de produção de curativos, permitem incorporação de fármacos como
antivirais e antifúngicos.
 Carragenano

 Aplicação terapêutica no tratamento de constipação.


 Utilizado como espessante, gelificante e estabilizante nas indústrias
farmacêutica, cosmética e alimentícia
 Ágar-ágar

 Laxativo
 Principal utilização como base para meios de cultura.
 Emprego farmacêutico, como desintegrante de comprimidos.
 Fucanos: polissacarídeos sulfatados de Fucus..

 Ação anticoagulante
 Antitrombótica
Briófitas
 As briófitas ajudam a manter o solo firme, com reserva de água, decompõem
rochas. São indicadores ambientais. Utilizadas na medicina e como alimento de
mamíferos e pássaros.
 Compreendem os musgos, antóceros e hepáticas.
 Plantas pequenas “folhosas” ou talosas.
 Em geral, crescem em locais úmidos nas florestas temperadas e
tropicais ou ao longo de cursos d’água ou terras úmidas.

Musgos Hepáticas

Antóceros
 Podendo ser aquáticas, encontradas sobre rochas banhadas por água do mar,
embora nenhuma seja marinha.
 Contribuem com a diversidade vegetal.
 Importante pela grande quantidade de carbono que armazenam em algumas
partes do mundo.
 Importante como colonizadoras iniciais de superfícies de rochas e solos nus.

 Assim como os líquens, as briófitas são muito sensíveis à poluição do ar, e


geralmente estão ausentes ou representadas por poucas espécies em áreas muito
poluídas.
 Classe Sphagnidae (musgos-de-turfeira):
 As paredes celulares das células vivas e mortas de Sphagnum estão impregnadas com
compostos fenólicos resistentes à decomposição e apresentam propriedades antissépticas.
 Propriedades antissépticas e absorção: utilizado para fraldas e na Europa, durante a
década de 1880 até a Primeira Guerra Mundial, como curativos para feridas e furúnculos.
 Ainda é amplamente utilizado em horticultura como material de embalagem para plantas
enraizadas, como meio para o cultivo de plantas e como aditivo para o solo.
Pteridófitas

 O filo é representada pelas samambaias.


 As samambaias são relativamente abundantes no registro fóssil desde o
Carbonífero até o presente.
 Cerca de 11 000 sp de samambaias atuais, o maior e mais diverso grupo de plantas
depois das angiospermas.
 A maior diversidade ocorre nos trópicos.

 O embrião da samambaia produz uma raiz verdadeira, porém muito cedo murcha,
e as raízes restantes originam-se do rizoma próximo à base das folhas.
 Apresentam folhas, chamadas de frondes
 As frondes são comumente compostas, ou seja, a lâmina é dividida em folíolos ou
pinas, presas por uma raque, uma extensão do pecíolo da folha.
 As folhas mais jovens são enroladas (vernação circinadas), sendo chamadas de
báculos.
Soros
(formados por esporângios)
Pteridófitas têm importância na medicina,
ornamentação, proteção do solo (devido ao arranjo de suas
raízes).
Importância dos Criptógamos
Pteridófitas têm importância na medicina,
ornamentação, proteção do solo (devido ao arranjo de suas
raízes).

Xaxim
Popularmente, a cavalinha (Equisetum arvense L.) é utilizada para amenizar dores de
cabeça, combater hemorragias. É diurética leve, anti-inflamatória.

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