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6.

Metrologia Eléctrica– Calibração de um multímetro digital


(DMM)

Método: no ponto 100 V DC utiliza-se a comparação utilizando um calibrador


multifunções como padrão de trabalho

6.1 Procedimento

1- As saídas do calibrador são ligadas à entrada do DMM


2- O calibrador é colocado a 100 V e depois de um período de tempo de
estabilização é registada a leitura no DMM
a. Erro de indicação
É calculado utilizando a leitura no DMM e no Calibrador. Este erro já envolve o
efeito de offset e de desvios de linearidade

b. Modelo da Calibração - Erro de indicação

Ex = Vix − Vs + δ Vix − δ Vs

Sendo:

Vix - Tensão indicada pelo DMM

Vs - Tensão gerada pelo calibrador multifunções

δ Vix - Correcção da tensão indicada devida à resolução finita do DMM

δ Vs - Correcção da tensão no calibrador devida a:

1) Deriva desde a última calibração


2) Desvios resultantes do efeito combinado do offset, não linearidade e diferenças
no ganho
3) Desvios na temperatura ambiente
4) Desvios na potência principal
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5) Efeito de carga da resistência de entrada finita do DMM

c. Devido à resolução finita do DMM não há efeitos de dispersão no DMM


Leitura no DMM

A leitura no DMM indica um valor de 100,1 para um valor de tensão no


calibrador de 100 V.

d. Padrão de trabalho

O certificado de calibração estabelece que a tensão gerada é a tensão indicada no


calibrador e a incerteza expandida relativa é W = 0, 000 02 (fator de abrangência K =2)

e. Resolução do DMM a ser calibrado

O dígito menos significativo do display do DMM corresponde a 0,1 V.

f. Outras correcções

Não havendo informação sobre as fontes individuais, a incerteza de medição associada


às outras fontes é avaliada a partir da especificação de exatidão fornecida pelo
fabricante do calibrador. Esta especificação estabelece que a tensão gerada pelo
calibrador coincide com o valor colocado num intervalo de ± ( 0, 0001Vs + 1mV ) nas

condições de medição:

1) Temperatura ambiente na gama de 18º C a 23º C


2) A tensão que alimenta o calibrador situa-se na gama dos 210 a 250 V
3) A resistência de carga do terminal do calibrador é maior que 100 kΩ
g. Correlação
Não há grandezas de entrada correlacionadas.

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h. Calculo de incerteza Incerteza
Ex = Vix − Vs + δ Vix − δ Vs

Quantidade Estimativa Incerteza Distribuição de Coeficiente de Contribuição


Xi xi Padrão Probabilidade Sensibilidade para a incerteza
ui ci ui ( y )
Vix 100,1 V - - - -
a
Vs 100,0 V 0,001 V normal -1 -0,001 V
δ Vix 0,0 V 0.029 Vb Retangular ou 1 0,029 V
uniforme
δ Vs 0,0 V 0,0064 Vc Retangular ou -1 -0,0064 V
uniforme
Ex 0,1 0,03 V

= ⇔ =
4
= 0,00002 ⇒ = × 100,
100
!"
= = −1
!#$
Coeficientes de sensibilidade

( 0, 002 )
2

uvs =
a) 4

= (+,
)* ,- ./0çã. 3,
&' = = = 0,05 5

( 0, 05)
2

b) uix =
3

6 ã = ±0,0115

( 0, 011)
2

c) uvs =
3

i. Incerteza expandida

A incerteza associada ao resultado é fortemente ponderada pela resolução finita do


DMM (termo dominante) logo a distribuição final não é normal mas sim retangular.
Para uma abrangência de 95%, o fator de abrangência é calculado por:

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k = p × 3 ⇔ k = 0,95 × 3 = 1, 65

u = k × u ( Ex ) = 1, 65 × 0, 03 = 0, 05V

j. Resultado da medição no procedimento de calibração

( 0,1 ± 0, 05) V

7. Calibração de uma resistência de 10 kΩ

Pretende-se calibrar a resistência de um resistor de 4 terminais através da substituição

direta utilizando um DMM de 7 1 e um padrão de referência constituído por um


2

resistor padrão calibrado de 4 terminais e com o mesmo valor nominal. Os resistores


são colocados num banho de óleo a 23º C monitorizado por um termómetro de líquido
em vidro (mercúrio). A corrente medida na gama de resistência é suficientemente baixa
(da ordem dos 100 µ A ) para não causar problemas de auto-aquecimento. Os efeitos
externos sobre fugas podem ser considerados insignificantes.

O valor da resistência é obtido através da relação:

Rx = ( Rs + δ RD + δ RTS )r − δ RTx

Onde:

- Rs - valor da resistência de referência

- δ RD - deriva da resistência de referência desde a última calibração


- δ RTS - variação da resistência de referência com a temperatura
Rix
- r= - razão entre a resistência indicada para o valor desconhecido e o
Ris

resistor de referência.
- δ RTx variação da resistência em calibração com a temperatura

Componentes de incerteza

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k. Resistência padrão de referência - no certificado de calibração o valor
da resistência padrão é 10 000, 053 Ω ± 5 mΩ com um factor de
abrangência k = 2

l. A deriva do valor da resistência padrão de referência – desde a última


calibração é estimado através do histórico de calibrações como sendo
+20 mΩ ± 10 mΩ

m. Correções de temperatura δ RTx , δ RTS : a temperatura do banho de

óleo é monitorizada a 23º C por um termómetro calibrado. Estima-se


que a temperatura do resistor coincida com a temperatura do óleo
±0, 055K . Sendo o coeficiente de temperatura da resistência padrão

α = 5 ×10−6 K −1 obtemos um desvio no seu valor de ±2, 75mΩ (8,-9 ×


: × ∆< = 2,75 Ω). Do catálogo do fabricante o coeficiente de

temperatura do resistor em calibração é α x = 10 × 10−6 K −1 obtendo-se

um desvio de ±5,5mΩ (8,-9 × : × ∆< = 5,5 Ω)


Variação da resistência com a temperatura
n. Leituras

Medida Razão Observada


1 1,000 010 4
2 1,000 010 7
3 1,000 010 6
4 1,000 010 3
5 1,000 010 5

r = 1, 000 0105

Desvio padrão experimental σ n = 0,158 ×10−6

0,158 × 10 −6
Incerteza padrão: u ( r ) = s ( r ) = = 0, 0707 ×10 −6
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Rx = ( Rs + δ RD + δ RTS )r − δ RTx

!BC
@ =A D + Q8R + Q8ST ≈ 10 000Ω
!, 'EFGHIJK L$MENHOJ
Coeficientes de sensibilidade =8

Quantidade Estimativa Incerteza Distribuição Coeficiente Contribuição


Xi xi Padrão de de para a
ui Probabilidade Sensibilidade incerteza
ci ui ( y )
Rs 10 000,053Ω 2,5 mΩ normal 1,0 2,5 mΩ
δ RD 0,020 Ω 5,8 mΩ rectangular 1,0 5,8 mΩ
δ RTS 0,000 Ω 1,6 mΩ rectangular 1,0 1,5 mΩ
δ RTx 0,000 Ω 3,2 mΩ rectangular -1,0 3,2 mΩ
Rix 1, 0000105 0,07×10-6 normal 10 000 0,7 mΩ
r=
Ris
Rx 10 000,178 7,2 mΩ

102
ui (δ RD ) = = 5,8 mΩ
3

2, 752
ui ( δ RTS ) = = 1, 6 mΩ
3

5,52
ui (δ RTx ) = = 3, 2 mΩ
3
2 2 2
 ∂R   ∂Rx  2  ∂Rx  2
u ( Rx ) =  x  u 2 ( Rs ) + 
2
 u (δ RD ) +   u (δ RTS ) +
 ∂Rs   ∂δ RD   ∂δ RTS 
2
 ∂R   ∂Rx  2
2

+  x  u 2 (δ r ) +   u (δ RTx ) = 2,5 + 5,8 + 1, 6 + 0, 7 + 3, 2


2 2 2 2 2

 ∂ r   ∂δ RTx 

u ( Rx ) = 7, 2 mΩ

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