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Aplicação dos Padrões da Norma IEC 61850 em Projeto de Subestações

Diego Vanderley Teixeira, Rafael Gonçalves Araújo, Robert de Morais Francisco


(diego-vanderley@hotmail.com)
(robert.morais@gmail.com)
(rafaelgoncalves_araujo@hotmail.com)

Professora orientadora: Vanessa Santos

Coordenação de curso de Engenharia Elétrica


Resumo

O artigo tem por objetivo um estudo de caso de uma subestação convencional propondo
a automatização da mesma com base na norma IEC 61850. A norma permite que os dispositivos
de campo de diferentes fabricantes como disjuntores, relés de proteção, multimedidores e todo
componente passivo de controle dentro do ambiente de uma subestação possam se comunicar
sem a necessidade de um conversor de protocolo nos diferentes níveis de comunicação de uma
subestação.
Devido ao grande risco que os profissionais da área elétrica, principalmente os que
trabalham na faixa de média e alta tensão estão expostos, no momento de operação de
dispositivos como disjuntores, chaves de manobra. Esse artigo tem por objetivo estudar e
aplicar normas que visam reduzir o contato com esses dispositivos e automatizar a parte
operacional dos ambientes de subestação.
Na norma IEC 61850 é abordada toda a parte de configuração de sinais e protocolos de
comunicação capazes de trazer esse ambiente tão hostil para um cenário onde é possível ter
controle externo. Nessa norma em questão o foco foi em fazer um comparativo de forma a
mostrar a evolução que ela trouxe para o segmento de automação das subestações (SE) e
entender um pouco sobre como as configurações de comunicação foram transformando-se e
chegando em um padrão único para que qualquer fabricante possa atuar nas subestações,
trazendo então o conceito de interoperabilidade entre marcas e modelos desses produtos,
utilizando o mesmo protocolo de comunicação TCP/IP para que os dispositivos possam
interagir dentro da mesma rede.
Além disso, foi feita uma inspeção em campo, apontando pontos de melhoria e itens que
necessitam de atualizações para permitir a sua automatização, mostrando também um paralelo
real sobre a que patamar as subestações que já existem no mercado estão em comparação com
a que a norma determina.

Palavras-chaves: IEC 61850, TCP/IP, IEDs, Subestação


Summary

The article aims at a case study of a conventional substation proposing its automation
based on the IEC 61850 standard. The standard allows field devices from different
manufacturers such as circuit breakers, protection relays, multimeters and all passive control
components within a substation environment, it can communicate without the need for a
protocol converter at the different communication levels of a substation.
Due to the great risk that electrical professionals, especially those operating in the
medium and high voltage range, are exposed to when operating devices such as circuit breakers
and switchgear. This article aims to study and apply standards that aim to reduce contact with
these devices and automate the operational part of substation environments.
The IEC 61850 standard covers all aspects of signal configuration and communication
protocols capable of bringing this hostile environment to a scenario where it is possible to have
external control. In this standard in question, the focus was on making a comparison in order to
show the evolution it brought to the substation automation segment (SE) and understand a little
about how the communication settings were communicated and arriving in a single standard so
that any manufacturer can operate in substations, thus bringing the concept of interoperability
between brands and models of these products, using the same TCP/IP communication protocol
so that the devices can interact within the same network.
In addition, field safety was carried out, pointing out points for improvement and items
that were accompanied by updates to allow for their automation, also showing a real parallel on
the level at which the substations that already exist on the market are compared to what the
norm determined.

Key words: IEC 61850, TCP/IP, IED’s, Substation


1. INTRODUÇÃO

O homem, a cada instante, tem se reinventado para trazer uma qualidade de vida melhor,
com mais segurança, comodidade e agilidade em praticamente tudo que fazemos. Com a
indústria 4.0 e a Internet das coisas (IoT), as interações com o cotidiano se tornam mais
imersivas devido a processos que estão integrados à rede de internet e à automatização, e à
gama de produtos que atendem esse conceito vem se estendendo cada vez mais.
Dentro desse conceito, um dos segmentos que precisou passar por uma transformação é o
segmento de distribuição da energia elétrica. As subestações (SEs) são partes fundamentais do
Sistema Interligado Nacional (SIN) que visam atuar dentro do setor de transmissão e
distribuição de energia elétrica. Como sabemos, a energia trafega um percurso extremamente
grande antes de chegar às unidades consumidoras, para que isso seja viável, a energia que está
sendo gerada passa por um processo de elevação de tensão e transmissão até as subestações.
Nas SEs ocorre a redução para níveis de consumo. Subestação é composta por equipamentos
específicos para medição como Transformadores de Corrente (TCs) e Transformadores de
Potencial (TPs), para redução do valor de tensão, para operação, proteção e controle IEDs
(Intelligent Electronic Device), todos esses componentes visam manter o bom funcionamento
das SEs e proteção de circuitos que estão interligados a ela e também de pessoas que operam
esses dispositivos.
O ponto é trazer toda essa infraestrutura para um ambiente monitorado através da rede e dar
a ele uma capacidade de interoperabilidade, que, resumidamente, é a habilidade desses
elementos que compõe as subestações, independentemente de qualquer que seja o fabricante,
poder operar em rede através da mesma linguagem de comunicação e trazer um requisito
mínimo de funções que esses dispositivos devem atender para ser integrados à essas SEs. A
norma IEC 61850 é o ponto de apoio para tornar isso viável, dentro dela está as respectivas
formas de se configurar as instalações de uma SE, os tipos de testes que devem ser feitos e os
protocolos de comunicação que devem ser adotados para garantir a interoperabilidade a nível
sistêmico.
No ano de 2022 a empresa Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da
Eletricidade (Abracopel), publicou em seu anuário, os dados estatísticos dos acidentes de
origem elétrico registrados no ano de 2021, nele está relatado um número de 1585 acidentes de
origem elétrica, sendo que, desse número, aproximadamente 50% foram fatais conforme mostra
a Figura 1 (Abracopel, 2022).
Figura 1: Acidentes de Origem elétrica confirmados no ano de 2021

Fonte: https://abracopel.org/wp-content/uploads/2022/04/Abracopel_Digital_Correto-final.pdf

Conforme nos dados apresentados na Figura 1, as mortes no setor elétrico é um fato, então
a hipótese de diminuir, ou até mesmo eliminar a presença humano dentro de um ambiente com
alta periculosidade como é o setor de distribuição de energia, torna-se algo benéfico para a
preservação da vida humana, e nesse propósito a aplicação da norma IEC 61850 torna-se válida
para sanar algum desses possíveis problemas que o operador e mantenedor das subestações
estão expostos em seu dia a dia.
Em SEs existem vários componentes que podem gerar risco de incêndio e de choque
elétrico, mas a maioria dos acidentes que ocorrem dentro desse meio não está diretamente
vinculado a uma falha estrutural desses componentes e sim no descumprimento de
procedimentos necessários tanto para a abertura, quanto para o fechamento de circuitos em
subestações. Nesse cenário a norma IEC 61850 vem trazer ferramentas de automação que
permitem a operação desses componentes de forma totalmente remota, além de ser possível
através das IEDs, programar a sequência lógica de operação desses dispositivos, a fim de
eliminar qualquer risco de incêndio e arcos elétricos intrínsecos a essa atividade.
Além da segurança à vida humana, parte dessa norma ressalta algumas proteções que são
inerentes ao relé de proteção e que garante a sua funcionalidade sem qualquer tipo de estresse,
principalmente de origem térmica, o que poderia ocasionar incêndios. Dito isso, a norma trata
da automação de SEs de forma completa, incluindo todos os parâmetros de operação a um
sistema que mostra, em tempo real, cada uma das variáveis de processo a serem analisadas e
seus respectivos valores de referência a fim de garantir a segurança e confiabilidade desse
processo. Além disso, age com o conceito de intercambialidade permitindo que vários
componentes de diversos fabricantes, possam ter o mesmo padrão de comunicação dentro de
um sistema de rede desenvolvido para esse cenário.
Ao longo deste trabalho, será feito um estudo detalhado sobre a norma IEC 61850 e sobre
a sua aplicabilidade nas SEs que operam na faixa de tensão (entre 1,0 kV a 36,2 kV), onde o
enfoque será na tratativa da norma referente aos IEDs , onde devemos realizar um estudo
comparando a norma frente ao que temos hoje disponível em subestações dessa faixa de
operação. Além disso, aplicar em um estudo de caso, onde faremos uma análise dos sinais
básicos que devem estar presentes em SEs para poder ser aplicado a norma.
2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1.Subestações (SEs)

As SEs são instalações do sistema elétrico de potência, responsáveis pelas adequações


das tensões elétricas, controle e proteção da rede de transmissão e distribuição. Nas saídas das
usinas elétricas elas fazem a elevação da tensão para a potência ser transmitida a grandes
distâncias. Perto de centros urbanos elas fazem o abaixamento desse nível de tensão para o
atendimento primário e secundário. São classificadas de acordo com a sua finalidade de
operação no sistema e pelo seu tipo construtivo.
Uma subestação (SE) é um conjunto de equipamento de manobra e/ou transformação
e ainda eventualmente de compensação de reativos usado para dirigir o fluxo de
energia em sistema de potência e possibilitar a sua diversificação através de rotas
alternativas, possuindo dispositivos de proteção capazes de detectar os diferentes tipos
de falta que ocorrem no sistema e de isolar os trechos onde estas faltas ocorrem
(Duaillbe, 1999, p.4).

2.2. Subestações de Entrada (SE transformadora abaixadora)

A SE a ser apresentada no trabalho será uma subestação de entrada, responsável em


adequar as tensões da rede de média tensão na faixa de 13,8 a 34,5 kV (em relação a rede de
distribuição da CEMIG) para alimentar as indústrias e instalações comerciais de grande porte.
As SEs possuem diferenças umas das outras, podem ser ao tempo ou abrigadas e da sua posição
de construção podendo ser ao solo, aérea e subterrânea (NBR 14039, DEZ 2003). As SEs de
entrada são divididas em cubículos de medição, proteção e transformação. Cada um desses
blocos possui diversos equipamentos e configurações em relação ao tipo de subestação.
As especificações técnicas das subestações e dos equipamentos a serem utilizados são
descritos pelas normas da NBR 14039 e as normas de cada concessionária, como por exemplo
as normas 5.3 e 5.31 da CEMIG. Dentre os equipamentos que se destacam dentro de uma SE
citam-se transformadores de potência, chaves seccionadoras, disjuntores, relés, para-raios,
transformadores de potencial (TPs), transformadores de correntes (TCs), muflas e buchas de
passagem.

2.3. Transformadores de potência

Os transformadores são máquinas elétricas estáticas que têm a finalidade de


transformar, por indução eletromagnética, a tensão e a corrente alternada entre dois
ou mais enrolamentos. A frequência da tensão alternada é constante e geralmente, os
valores das tensões e correntes são diferentes (KAGAN, Nelson e OLIVEIRA, 2005,
p.111).

O transformador da SE é o principal equipamento com a finalidade de adequar a tensão


de entrada da rede de distribuição de média tensão (MT). A característica principal é seu tipo
de resfriamento que pode ser a óleo ou a seco e a sua escolha depende da norma ABNT NBR
14.039.
● Os transformadores a óleo são constituídos por um óleo mineral em sua carcaça
totalmente vedada promovendo um resfriamento em seu núcleo. A sua utilização é
proibida em casos que a SE faz parte da edificação conforme a ABNT NBR 14.039.
● Os transformadores com resfriamento a seco são isolados por meio de resina, seu
resfriamento é feito pelo ar. São os mais utilizados, devido a sua maior segurança em
instalações fechadas pelo fato de não possuírem óleo que causam risco a incêndio.
2.4. Disjuntores

O disjuntor é a peça fundamental do cubículo de proteção, ele fará o seccionamento


rápido do circuito em caso de uma detecção de falha, pelo relé de proteção. Segundo Barros e
Gedra (2010, p.60): “Os disjuntores são equipamentos que permitem a interrupção do circuito,
mesmo com elevadas correntes, controlando os efeitos do arco elétrico de forma a não causar
nenhum dano ao equipamento ou ao sistema”.
As faltas causam um arco elétrico, esses arcos elétricos são perigosos pois podem chegar
a altas temperaturas. Para que esses arcos elétricos não causem acidentes ou danifiquem outros
equipamentos, os disjuntores possuem em seu interior formas de extinção desse arco elétrico,
essas formas de extinção podem ser por meio de óleo, ar comprimido, vácuo e gás hexafluoreto
de enxofre (SF6).

2.5. Relés de Proteção

Os relés de proteção têm como função analisar os valores de tensão e corrente recebidos
pelos TPs e TCs da cabine de proteção, identificando possíveis falhas que podem causar danos
à instalação ou à rede de distribuição. Em caso de detecção de alguma falha ele irá acionar o
disjuntor para que faça o seccionamento do circuito. As funções obrigatórias pela ND 5.3 da
CEMIG a serem estabelecidas nos relés são 50/51, 50N/51N e 32, mas a distribuidora pode
solicitar outras funções de acordo com a coordenação de proteção com a rede de distribuição.
Os relés microprocessados estão sendo os mais utilizados por possuir mais de uma função de
proteção em sua configuração.

2.6. Transformadores de Potencial e Transformadores de Corrente (TPs e TCs)

Dentro das subestações possuem equipamento nos quais sua ligação não é possível ser
feita diretamente pela rede de MT, utiliza-se Transformadores de Potencial e Transformadores
de Corrente (TPs e TCs) para fazer a ligação desses equipamentos, mas não somente são
utilizados para esse fim, eles também são responsáveis por enviar valores reduzidos de corrente
e tensão para a cabine de medição e para o relé de proteção fazer os controles. Na Figura 2 pode
ser visto os TCs e TPs instalados.

Figura 2: Foto retirada em visita técnica realizada à subestação de média tensão de um


Shopping da região metropolitana de Belo Horizonte, mostrando os TP’s e TC’s.

Fonte: Elaborado pelos Autores.


2.7. Chave Seccionadora

A chave seccionadora é responsável por fazer o seccionamento dos circuitos,


promovendo separação dos cubículos para trazer maior segurança em caso de necessidade
operativa. Deve-se atentar ao risco de arcos elétricos causados pelas chaves seccionadoras
quando estão sobre carga, os arcos elétricos podem causar danos às pessoas e aos equipamentos
em sua volta, por isso elas sempre devem ser operadas sem carga. A Figura 3 representa uma
chave seccionadora interligando o barramento.

Figura 3: Foto retirada em visita técnica realizada à subestação de média tensão de um


Shopping da região metropolitana de Belo Horizonte, mostrando a chave Seccionadora.

Fonte: Elaborado pelos Autores.

2.8. Dispositivos Para-raios

Os dispositivos para-raios são utilizados para fazer a proteção do circuito da SE de


possíveis sobretensões vindas da rede de distribuição. Em seu estado normal ele se comporta
como uma chave aberta em relação ao condutor de aterramento, quando um surto chega em seu
terminal ele passa a se comportar como uma chave fechada possibilitando a passagem da
corrente do surto para o solo até que o sistema volte às condições normais de operação.
Os para-raios instalados nas subestações são destinados a proteger a construção e os
equipamentos de um circuito contra surto de tensão transitório de origem externa
provocado por descargas elétricas atmosféricas e/ou anomalias de origem interna
(como manobras ou chaveamentos) (BARROS; GEDRA, 2010, p.57).

2.9. Muflas

Os cabos das subestações são cabos isolados e sua conexão deve ser por meio do uso
das muflas. As muflas permitem a conexão desses cabos com mais segurança aos equipamentos
da subestação, pois proporcionam um distanciamento da parte central do cabo, que é a parte
condutora da blindada que estará conectada ao sistema de aterramento, assim evitando um
curto entre fase – terra e possíveis fugas de corrente ou efeitos corona. Os tipos de muflas
existentes são as termocontrátil, retrátil a frio, enfaixada e desconectável. A Figura 4 representa
a conexão dos cabos de média tensão ao barramento por meio de muflas.

Figura 4: Foto retirada em visita técnica realizada à subestação de média tensão de um


Shopping da região metropolitana de Belo Horizonte, mostrando o isolamento de
conexão via muflas.

Fonte: Elaborado pelos Autores.

2.10. Buchas de Passagem

As buchas de passagens são utilizadas nas subestações de entrada para fazer a isolação
dos barramentos. Segundo Silva (2020) as buchas de passagens podem ser utilizadas para fazer
a passagem de um condutor de um ambiente para outro e em equipamentos como
transformadores. As suas classificações vão depender da sua aplicação, podendo ser para uso
externo, interno e para equipamentos. Na Figura 5 demonstra a passagem dos barramentos
entre a parede da cabine por meio das buchas de passagens.
Figura 5: Foto retirada em visita técnica realizada à subestação de média tensão de um
Shopping da região metropolitana de Belo Horizonte, mostrando a bucha de passagem.

Fonte: Elaborado pelos Autores.


2.11. Norma IEC 61850

A norma IEC 61850 não se refere apenas ao padrão de protocolo de comunicação entre
os dispositivos de uma subestação, mas também na forma de programar e gerenciar os dados
fornecidos por esses dispositivos.
Duarte (2012, p.15) aborda as características da engenharia que fazem com que uma
especificação se torne global enfatizando a automação como elemento de ligação que permite
a operação de forma distribuída, relacionando as funções intrínsecas a cada diferente dispositivo
físico que tenham a capacidade de se conectar a uma mesma rede, mesmo estando em pontos
geograficamente diferentes. Nesse conceito ele descreve um padrão que compartilha de
linguagens comuns para sua integração e dentro deste estão dispositivos de medição, controle
e proteção, além dos dados de oscilografia e engenharia.

O objetivo da série IEC 61850 é permitir a integração e interoperabilidade das


informações de campo utilizando padrões abertos e não proprietários, visando à
redução dos custos de engenharia, projetos, comissionamento, monitoramento,
diagnóstico e manutenção, mas ao mesmo tempo este padrão tem compromisso com
as exigências de desempenho, suportando futuros desenvolvimentos. Diferentemente
dos protocolos anteriores, o IEC 61850 é rico na semântica e padronização de modelo
de dados. Adicionalmente aos tipos de dados básicos para pontos de dados comuns,
os modelos de dados da série IEC 61850 são orientados por objeto e também definem
como os dados são organizados em agrupamentos funcionais sob uma rigorosa
padronização de nomenclatura (Duarte, 2012, p.16).

2.12. Sistema de Automação antes da Norma IEC 61850

Os antigos sistemas de automação de Subestações consistem de vários equipamentos de


diversos fabricantes, de diferentes gerações e que utilizavam protocolos específicos, o que
dificultava a troca de dados entre esses dispositivos.
A interoperabilidade surge diante deste cenário como fator importante que possibilita
que dois ou mais sistemas troquem informações entre si, tornando, de certa forma, as
concessionárias de energia independentes de um determinado fabricante.
Os protocolos são conjuntos de regras que definem o tipo de mensagem e a ordem que
elas devem ser trocadas a fim de realizar a comunicação entre dois sistemas ou mais. Quando a
comunicação exige muitos protocolos esses são agrupados em funcionalidades formando uma
camada e o conjunto de camadas forma uma pilha de protocolos.
Figura 6: Protocolos de comunicação em uma subestação antes da norma IEC61850

Fonte: (Santos Pereira, 2007).

Seu objetivo central é fazer com que sistemas (dispositivos) que tenham estruturas
internas próprias falem a mesma linguagem e possam trocar informações com sucesso. A Figura
6 mostra como era a utilização dos protocolos antes da norma IEC 61850. Observa-se a
necessidade de conversores e o uso de uma estação Gateway para compatibilizar os diversos
protocolos utilizados.

2.13. Automação de Subestações conforme a Norma IEC 61850

Segundo Rodrigues (2013) a norma uniu três seguintes paradigmas para a sua criação:

● Decomposição Funcional – utilizada no entendimento entre as relações lógicas


entre os componentes de uma função distribuída, representada pelos Logical
Nodes (LN) que descrevem as funções, subfunções e interfaces funcionais;

● Fluxo de dados – usado para entender as interfaces de comunicação que


suportarão o tráfego de dados entre os componentes funcionais e os índices de
desempenho;

● Modelagem de informação – usada para definir as sintaxes e semânticas


abstratas da informação trocada, apresentada sob a forma de classes de Data
Objects (objetos de dados), tipos, atributos, serviços e suas relações entre si.
[...] um dos objetivos da norma é garantir a interoperabilidade entre os diferentes
fabricantes, ou seja, assegurar que o equipamento de um fabricante “A” possa falar a
mesma língua que o equipamento do fabricante “B”, mesmo que haja defasagem
tecnológica entre eles. Vale salientar que a norma não fixa o número de funções nos
IEDs sendo o limite definido pela própria capacidade do equipamento, em função do
desempenho exigido, custos empregados, evolução tecnológica, etc (Rodrigues, 2013,
p.56).

As funções de um Sistema de Automação de uma Subestação (SAS), tais como controle,


supervisão, proteção e monitoramento, e suas interfaces lógicas (interfaces entre blocos de
função) são mostrados conforme a Figura 7 e o significado destas interfaces é mostrado na
Figura 08. Na Figura 09 está presente a descrição sobre os três diferentes níveis da subestação.
Figura 7: Diagrama: Modelo de Interface de um SAS

Fonte:http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10007403.pdf

Figura 08 - Significado das Interfaces Lógicas.

Interfa Descrição
ce
Troca de dados de proteção entre o nível do vão e a sala de controle
1 (nível da subestação).
Troca de dados de proteção entre o nível do vão e a proteção remota (fora do escopo da
2
norma).
3 Troca de dados dentro do nível do vão.
Troca instantânea de dados (especialmente amostras) de TCs e TPs entre os níveis de
4
processo e de vão.
5 Troca de dados de controle entre os níveis de processo e de vão.
6 Troca de dados de controle entre os níveis de vão e da subestação.
7 Troca de dados entre o nível de subestação e um local de trabalho remoto.
8 Troca de dados direta entre vãos em especial para funções rápidas como intertravamento.
9 Troca de dados dentro do nível da subestação.
Troca de dados de controle entre equipamentos da subestação e um Centro de Comando
10
remoto (fora do escopo da norma).
Fonte:http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10007403.pdf

Figura 09 -Equipamentos dispostos nos três níveis da subestação.

Equipamentos por nível Descrição


Processo Dispositivos remotos de E/S, sensores e atuadores inteligentes.
Vão Unidades de controle, proteção e monitoramento por vão.
Subestação (Sala de Sistema Supervisório, sala de operação, IHMs (interfaces homem-
Controle) máquina).
Fonte:http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10007403.pdf
2.14. Topologias de Rede Aplicadas na Automação de Subestações conforme a Norma
IEC 61850

O protocolo de comunicação TCP/IP (Transmission Control Protocol / Internet


Protocol) é o mais utilizado na Automação de Subestações.
As topologias de rede de comunicação usadas em SAS (Sistema de Automação de
Subestações) são:

2.14.1. Topologias em Estrela

A rede é configurada utilizando um switch mestre que distribui para sinais para os
switches escravos que por sua vez se comunicam com os dispositivos de campo, com o servidor
e IHM. As vantagens desse tipo de rede é que o gerenciamento é feito de um local central; se
um nó falhar, a rede ainda funciona; os dispositivos podem ser adicionados ou removidos sem
interromper a rede; e é mais fácil de identificar e isolar problemas de desempenho. As
desvantagens são; caso o switch central falhar, toda a sua rede cairá; o desempenho e a largura
de banda são limitados pelo nó central e pode ser caro para operar.
Figura 10: Topologia em Estrela

Fonte:gteccom.uff.br/wp-content/uploads/sites/71/2019/09/DefesaDavid-1.pdf

2.14.2. Topologias em Anel

Na rede configurada em anel os switches se comunicam entre si além de comunicar com


os dispositivos de campo, normalmente a comunicação é feita por fibra óptica. As topologias
em anel podem ser configuradas como anel único (half-duplex) ou anel duplo (full-duplex) para
permitir que o tráfego flua em ambas as direções simultaneamente. As vantagens são; custo-
benefício e fácil identificação de problemas de desempenho. As desvantagens são; caso haja
falha em um nó, ele pode derrubar vários nós com ele; todos os dispositivos compartilham
largura de banda, o que pode limitar a taxa de transferência; adicionar ou remover nós significa
tempo de inatividade para toda a rede.
Figura 11: Topologia em Anel

Fonte: gteccom.uff.br/wp-content/uploads/sites/71/2019/09/DefesaDavid-1.pdf

2.14.3. Topologias Híbrida

É um tipo de topologia que junta a Topologia em Estrela com a Topologia em Anel. As


vantagens são; flexibilidade e pode ser personalizado de acordo com as necessidades do cliente.
As desvantagens são; a complexidade aumenta, é necessária experiência em várias topologias
e pode ser mais difícil determinar problemas de desempenho e falhas.

Figura 12: Topologia Híbrida

Fonte: gteccom.uff.br/wp-content/uploads/sites/71/2019/09/DefesaDavid-1.pdf
3. METODOLOGIA

3.1. Estudo de Caso

No cenário onde está inserido as subestações de entrada, que são instalações como
shoppings, hospitais e empresas de grande e médio porte, é comum observar certas
características que se repetem em sua maioria. Principalmente nos equipamentos que fazem a
proteção, seccionamento e transformação da energia elétrica. Nota-se a falta de dispositivos
IEDs que permitam uma operação segura e automatizada.
O estudo de caso visa trazer a perspectiva geral desses vícios de instalações, mostrando,
através de relatório técnico e fotográfico, um detalhamento das falhas encontrada na SE de um
shopping da região metropolitana de Belo Horizonte, indicando quais seriam as correções
necessárias para a automatização da SE com base na norma IEC 61850.
Além disso, no escopo do estudo de caso, observa-se um enfoque na segurança da
operação de uma subestação de entrada, onde todos os itens que são apontados como melhorias
têm por objetivo principal, garantir uma condição segura de seccionamento dos circuitos
elétricos vinculados a SE, uma vez que, deve-se existir um intertravamento elétrico ou
mecânico entre cada um dos dispositivos que compõem a SE.
Com esses objetivos pré-definidos, foi realizada uma visita técnica deste shopping da
região metropolitana de Belo Horizonte, onde foi realizado o relatório fotográfico vinculado ao
estudo de caso e apresentado as considerações necessárias do que foi identificado em campo.

3.2. Subestação Convencional

Nas subestações, quando ocorre a derivação na rede de atendimento do concessionário,


é feito, na maioria dos casos, a passagens dos cabos de forma subterrânea e acoplado a um
dispositivo de seccionamento em suas extremidades, normalmente é usual a aplicabilidade de
chaves seccionadoras do tipo faca para realizar essa operação, onde nesse item, temos duas
contribuições a serem feitas, conforme a Figura 13:

Figura 13: Foto retirada em visita técnica realizada à subestação de média tensão de um
Shopping da região metropolitana de Belo Horizonte, mostrando chave Fusível e detalhe
do pino de ruptura do dispositivo

Fonte: Elaborado pelos Autores.


Conforme detalhado na Figura 13, vê-se o corpo de um elemento fusível específico para
essa aplicabilidade, onde na parte inferior existe um pino de acionamento mecânico, que é
acionado quando há a ruptura do elemento fusível dentro dele. Na maioria das subestações não
é usado, entretanto poderia ser empregado um microswitch instalado na base de cada fusível
para que transmitisse um pulso lógico avisando sobre a inutilização deste componente. A Figura
14 detalha o contato de segurança na chave seccionadora e a incapacidade da manopla de
acionar a chave para intertravamento conjugado ao disjuntor.

Figura 14: Foto retirada em visita técnica realizada à subestação de média tensão de um
Shopping da região metropolitana de Belo Horizonte, mostrando chave seccionadora e
manopla

Fonte: Elaborado pelos Autores.

Na Figura 14 pode-se ver a haste de acionamento da chave seccionadora. Nelas também


não é muito usual a instalação de contatos eletromecânicos para confirmação de acionamento,
além disso poderia ser instalado um intertravamento entre a chave seccionadora e o disjuntor
principal ( ou de cubículo ), a fim de permitir apenas a operação da chave após a abertura do
disjuntor. O sinal lógico de operação da chave deve trabalhar em sinergia com o disjuntor, ou
seja, só deve ser permitido o fechamento do disjuntor após o fechamento da seccionadora.

3.3. Proteção do Sistema

A segunda parte mencionada neste estudo de caso são os dispositivos de proteção que
irão tratar de forma direta e instantânea as falhas que podem ocorrer referente a entrada de rede
e saída de carga, composto basicamente de dois elementos, os disjuntores e os relés de proteção.

Os disjuntores atuais são programados para terem, em síntese, várias bobinas que
permitem seu acionamento remoto, sendo essas bobinas principais listadas a seguir:
● Bobina de Fechamento: Bobina responsável pelo fechamento do disjuntor.
● Bobina de Abertura: Bobina responsável pela abertura do disjuntor.
● Bobina de motorização: Bobina responsável pelo carregamento da mola, ao qual sem
ela não há ação das bobinas de fechamento e abertura de forma remota.
● Bobina de mínima: Bobina responsável pela manutenção do disjuntor em operação.
Cada uma com sua respectiva função e empregabilidade na automação das subestações,
entretanto a falta de cada uma delas impede a funcionalidade do disjuntor de forma remota. A
Figura 15 mostra dois disjuntores, um automatizado com o painel de operação manual e o outro
não automatizado.

Figura 15: Foto retirada em visita técnica realizada à subestação de média tensão de um
Shopping da região metropolitana de Belo Horizonte, mostrando disjuntor
automatizado à esquerda e não automatizado no centro.

Fonte: Elaborado pelos Autores.

Na Figura 15 vê-se que, embora não seja mais recomendado, ainda existem muitas
subestações com necessidade de atualização deste item. Além disso, exceto em cabine
blindadas, não é muito convencional o uso de disjuntores com sistema de travamento por chave
mecânica, o que seria uma redundância na proteção do operador, fazendo o intertravamento do
disjuntor com outros dispositivos.

Os relés de proteção são a parte pensante da proteção, onde será inserido as lógicas de
operação segura e de atuação na abertura caso ocorra uma detecção de falha.

Figura 16: Relé de proteção IEDs Siprotec 5 da Siemens

Fonte: https://conprove.com/produto/reles-de-protecao-ieds-siprotec-5-siemens-fundamentos-parametrizacao-e-
testes-pratico/
3.4. Tipos de Transformadores de Potência

Nas subestações, após a proteção é comumente usados transformadores de potência,


com a finalidade de redução do valor de tensão a uma tensão de trabalho. Nesses dispositivos
possui algumas proteções que são necessárias para a boa operação desses dispositivos, como
indicado nas Figuras 17 e 18. Observa-se na Figura 17 um transformador a seco sem
instrumentos de medição de temperatura, o que inibe a possibilidade de automatização. Na
Figura 18 é um transformador com isolamento à óleo, onde não é feita nenhuma medida da
temperatura e nem do nível do óleo isolante.

Figura 17: Foto retirada em visita técnica realizada à subestação de média tensão de um
Shopping da região metropolitana de Belo Horizonte, mostrando transformador a seco

Fonte: Elaborado pelos Autores.

Figura 18: Foto retirada em visita técnica realizada à subestação de média tensão de um
Shopping da região metropolitana de Belo Horizonte, mostrando transformador com
isolamento a óleo

Fonte: Elaborado pelos Autores.


Nas Figuras 17 e 18 vê-se alguns comparativos entre Transformadores que detêm
sensores de proteção, que basicamente são referentes a três grandezas principais, temperatura,
pressão e nível do óleo. O processo de transformação elétrica tem perdas, perdas essas que são
dissipadas em forma de calor. Para garantir que esses dispositivos não gerem incêndios ou
explosões, deve-se sempre observar a temperatura de trabalho conforme especificação de cada
fabricante, e em casos de transformadores com refrigeração a óleo, deve-se também observar o
nível e/ou pressão do mesmo a fim de prevenir dos mesmo risco que os transformadores com
isolação a ar.
Para que isso seja possível, alguns transformadores têm relés e sensores de temperatura,
sensores de nível e de pressão, os quais são necessários para automação segura de uma planta
de subestação.

3.5. Conversores de Sinais

Para aplicação da norma IEC 61850 em uma SE convencional, é necessário a instalação


de um conversor de protocolo de comunicação, para que os dispositivos de proteção e controle
possam se comunicar com o sistema de supervisão da SE. Esse conversor de protocolo é um
módulo eletrônico que recebe os sinais de comunicação do tipo modbus, probifus, fildebus dos
dispositivos de proteção e controle da SE e converte para o sinal ethernet TCP/IP que é o
protocolo exigido pela norma IEC 61850.

Figura 19: Módulo conversor de entradas digitais para sinal TCP/IP

Fonte: https://www.tme.eu/Document/3a1172aa45bd985ebd2bb483ec89b1bc/ADAM-6251.pdf

3.6. Arquitetura do Sistema de uma Subestação Convencional

O sistema de uma subestação convencional é composto por relés multifunção


convencionais (com diversos tipos de interfaces de comunicação); o sensoriamento de correntes
e tensão não estão, obrigatoriamente, vinculados ao sistema de rede, apenas fazem as leituras
para garantir a operação correta dos relés de proteção; Controlador Lógico Programável (PLC)
passa a ser um opcional; as redes de campo contém diversos protocolos de comunicação
(Profibus, Modbus, Profinet TCP/IP,etc) e a parte de supervisão só é empregada em subestações
mais robustas, com maior quantitativo de dispositivos de campo.
Figura 20: Diagrama Unifilar de uma Subestação convencional

Fonte: Diagrama unifilar de uma empresa do ramo de laticínios localizada no interior de Minas Gerais.

A Figura 20 representa um Diagrama Unifilar de uma Subestação com o sistema de


proteção e controle composto por relés eletromecânicos independentes para cada função de
proteção específica, assim não havia redundância de proteção no circuito. O intertravamento,
interligação e controle para todas as funções de proteção são feitos por circuitos elétricos sem
a troca de informações entre os dispositivos ou qualquer monitoramento das grandezas elétricas
ou detecção de falhas no circuito. Para esse tipo de subestação existe apenas um relé de
proteção, o que demonstra que foi empregado apenas o mínimo de proteção requerida, além
disso nota-se que não existe uma complexidade nos IEDs instalados nesta subestação (devido
a poucas funções inseridas no relé de proteção).
3.7. Arquitetura do Sistema de uma Subestação Automatizada

O sistema de uma subestação automatizada é composto por relés multifunção


microprocessados, multimedidor de energia, Controlador Lógico Programável (PLC), redes de
campo com protocolo de comunicação TCP/IP e Software de supervisão.

Figura 21: Diagrama Unifilar de uma Subestação Automatizada

Fonte: Diagrama Unifilar de uma empresa do ramo de mineração localizada em Itatiaiuçu (MG).

A Figura 21 demonstra um diagrama unifilar de uma subestação automatizada conforme


a Norma IEC 61850, onde temos os relés de multifunção microprocessados e o multimedidor
de energia interligados em rede. Na figura 21, nota-se uma subestação mais complexa do que a
SE da Figura 20, principalmente pela SE da Figura 21 possuir relés microprocessados e a SE
da Figura 20 não possuir. Observa-se que, a nível de proteção e controle, esse diagrama
representa uma complexidade maior do que comparada a uma subestação convencional e que
possui mais relés multifunção, permitindo assim uma planta mais robusta e mais assertiva nas
medições e na tomada de decisões pela sala de controle e supervisão.
3.7.1. Relés Multifunção

Em subestações automatizadas os relés multifunção digitais passam a ser os principais


elementos de supervisão e controle, que além da proteção também desempenham as funções
antes executadas pelas unidades de aquisição e controle (UACs). Outras vantagens que
podemos citar do relé multifunção:
● Padronização de equipamentos;
● Novas funções de proteção;
● Maior flexibilidade na aplicação;
● Facilidade de comunicação e integração de dados;
● Simplificação da manutenção;

3.7.2. Multimedidor de Energia

Este equipamento é capaz de converter sinais de tensão e corrente em sinais digitais e


microprocessados que realizam os cálculos matemáticos para a medição de cada grandeza
elétrica, sendo estas grandezas do tipo instantânea como (tensão, corrente, frequência e
potência) ou acumulativas como (demanda e energia elétrica).

3.8. Configuração do Sistema de Automação de Subestação (SAS)

A configuração do SAS constitui em interligar em rede os dispositivos IEDs e os


multimedidores de energia com os switch que comunicam com o PLC da Subestação, com a
IHM e com a rede de Tecnologia de Automação (TA) onde está localizado o Sistema de
Supervisão. Isso é constituído de uma estação de operação interligada com o PLC via rede
Ethernet TCP/IP.
As vantagens de um Sistema de Supervisão Automatizado;
● Apresentação do status da subestação através de telas sinóticas representadas por
diagramas unifilares;
● Monitoração dos defeitos, estados e intertravamentos de cada dispositivos da
Sala Elétrica (SE);
● Monitoramento de grandezas elétricas como tensão, corrente, potência e energia;
● Monitoramento de alarmes e eventos;
● Análise de grandezas elétricas através de gráficos de tendência;
● Controle de acesso identificado por nível e privilégio para operação do sistema.
Figura 22: Configuração do Sistema de Automação de Subestação

Fonte: Configuração de uma empresa do ramo de mineração localizada em Itatiaiuçu (MG).

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme abordado na seção 3, o intuito deste artigo é demonstrar a diferença de uma


subestação não automatizada para uma subestação automatizada de acordo com a norma IEC
61850, focando nos dispositivos de medição, proteção e controle do sistema.
Através do enfoque na norma IEC 61850, pode-se observar a evolução das subestações,
principalmente no que tange à capacidade de interoperabilidade e de trazer um protocolo de
comunicação em comum a diversos fabricantes de equipamentos presentes em subestações.
Principalmente no estudo de caso, notou-se a necessidade de várias adequações, que foram
listadas no desenvolvimento deste artigo, e o que mais ficou evidente, é que soluções simples
poderiam trazer mais segurança na operação desses ambientes, muitas redundâncias de
segurança poderiam ser aplicadas e não foram, tais como o intertravamento elétrico entre o
disjuntor, transformador, chaves seccionadoras e fusíveis que compõe a subestação;
intertravamento mecânico entre o disjuntor e a manopla de acionamento da chave seccionadora.
Todos esses pontos garantiriam uma operação automatizada e segura ao mesmo tempo pela
leitura digital desses contatos e suas respectivas atuações no sistema.
Não é a proposta do trabalho levantar os motivos das melhorias listadas não terem sido
empregadas no ato de comissionamento das subestações, porém, o que se nota, é que as
instalações são antigas, e que provavelmente esses pontos ainda não haviam sido abordados no
período em questão, já que ainda hoje a norma é pouco difundida.
As subestações estudadas neste artigo, pelo que foi notado, passa por um período de
transição, existe em campo muitas instalações com diversos itens a serem modernizados ou
substituídos por equipamentos mais atuais que atendam os pré-requisitos da norma IEC 61850,
principalmente no sentido da parte sensorial dos equipamentos encontrados nesse ambiente e
seus respectivos elementos atuadores, ou seja, sem a atualização desses itens se torna inviável
uma automação completa. Possivelmente, as instalações futuras desses empreendimentos, terá,
cada vez mais, equipamentos capazes de operar de forma automática e mais adeptos a
tecnologias de trabalhar em rede, por isso pode-se dizer que se trata de um momento transitório
para esse segmento da engenharia elétrica e afins.
Hoje percebe-se que, em alguns casos, existe uma automação parcial que permite ao
operador uma operação remota pelo menos do disjuntor, mas que ainda depende da presença
do mesmo para efetuar essas manobras.

5. CONCLUSÃO

A modernização de uma subestação principal traz benefícios significativos em todos os


aspectos do sistema de potência de qualquer planta produtiva, como a diminuição no número
de intervenções da manutenção em equipamentos e a rapidez na detecção de falhas no sistema
que ajudam a restabelecer o sistema quase que de imediato devido aos automatismos
implementados. Em um sistema convencional poderia levar horas para o corpo técnico de
manutenção encontrar a falha no sistema.
O acesso remoto da engenharia aos dados coletados de forma automática contribui para
uma análise rápida para uma tomada de decisões caso seja necessário.
Com o monitoramento dos equipamentos via rede permite-se uma manutenção mais
inteligente e econômica.
A programação de falhas dos disjuntores sendo feita dentro dos IEDs minimiza as
diversas interligações de contatos auxiliares dos disjuntores que sofrem alterações devido às
condições operacionais.
A principal vantagem de uma subestação automatizada é a segurança e confiabilidade
do sistema, que nos permite uma economia financeira e de tempo para resolução de problemas
que venha a surgir.

6. AGRADECIMENTO

Em nossos caminhos até chegarmos ao final desta etapa, encontramos muitas pedras que
nos fizeram pensar em desistir, mas persistimos na caminhada e usamos essas pedras para
moldar o nosso futuro. Só que chega um momento em que o fardo se torna muito pesado e não
conseguimos carregar sozinhos. Agradecemos a Deus e às nossas famílias, por sempre estarem
ao nosso lado, ajudando-nos a prosseguir.
Temos muito a agradecer aos profissionais da educação, que a cada semestre nos
proporcionou conhecimentos, sempre dispostos em sanar nossas dúvidas. Em especial,
agradecemos aos três professores que passaram a maior parte do tempo ministrando saberes em
nossa graduação. Vanessa Cristina, Elza Koeler, Rafael Maia e Euzébio das Dores, nosso muito
obrigado por serem esses excelentes profissionais da educação e pelo carinho e disposição ao
transmitir conhecimento.
E por fim, queremos agradecer aos nossos colegas de sala. Tivemos a oportunidade de
trabalhar em grupo, de sofrermos juntos e de vencermos juntos ajudando uns aos outros. Muito
obrigado a todos, e que a conclusão da nossa graduação não seja o fim, mas o início de uma
grande jornada!
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAM-6251. Disponível em: <https://www.advantech.com/pt-br/products/7447e150-338d-


402d-b5a1-c9ce6d98816e/adam-6251/mod_98139b28-a181-4c45-83c9-01db52c3db7f>.
Acesso em: 13 nov. 2022.

CAMPOS, G. L.; RODRIGUES, G. S. R.; JUNIOR, L. C. F.; OLIVEIRA, L. A. DE.


Desenvolvimento de cabine de subestação em média tensão. ForScience, v. 5, n. 1, 28 out.
2022.

DUARTE, Alexandre Bitencourt. Fundamentos Da Série De Normas IEC 61850 E Sua


Aplicação Nas Subestações. Disponível em:<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/
bitstream/1/798/1/CT_TELEINFO_XX_2012_01.pdf>. Acesso em: 05 nov 2022.

KAGAN, Nelson e OLIVEIRA, Carlos César Barioni de e ROBBA, Ernesto João.


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Acesso em: 24 out. 2022. , 2005

LUIS, R. Cabine Primária - Subestação de Alta Tensão de Consumidor. [s.l.] Saraiva


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MORENO, Hilton et al. NBR 14039: instalações elétricas de média tensão. Guia do setor
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Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Londrina, [S. l.], 2017.

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SIQUEIRA, C. DE. Mufla Elétrica: O Que É, Para Que Serve, Quando Substituir?
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