Você está na página 1de 21

MODERNIZAÇÃO- TECNOLOGIAS E PROTOCOLOS APLICADOS A

SUBESTAÇÕES

Aluno: Edmar Magela do Carmo brito


edmarmagela@gmail.com

Orientador: Alípio Monteiro


alipiomonteiro@yahoo.com.br

RESUMO

Este artigo reune informações da evolução das subestações desde o inicio até os tempos
atuais. O sistema elétrico elétrico necessita de uma alta disponibilidade dos equipamentos
e essa busca constante por novas tecnologias que sejam confiáveis e que traga uma maior
interoperabilidade entre os equipamentos resultou em uma norma capaz de padronizar a
maneira como os protocolos, a arquitetura de rede e as novas tecnologias a serem usadas
dentro do sistema. Esta norma IEC61850 veio para mudar completamente a forma que
enxergamos o sistema elétrico e as subestações, pelo fato de ocorrer uma grande mudança
na interação dos dispositivos em um pequeno período de tempo. É mostrado aplicações
práticas da implantação em uma subestação e apontados os melhores pontos de seu uso.

Palavra chave: Norma IEC61850. Digitalização. Subestações. Tecnologias.

INTRODUÇÃO

Estamos no meio de uma evolução tecnológica, onde a tendencia é a


digitalização das informações contidas no ambiente e a disponibilidade destes dados
para serem computados com maior velocidade em uma plataforma que tende a ser
cada vez mais comum aos fabricantes. A norma IEC61850 foi desenvolvida para
promover a interoperabilidade dos dispositivos e com isso, fica muito mais fácil e
eficiente a integração de sistemas .

1
As subestações reagiram a esta revolução com a chegada dos relés
inteligentes (IEDs), que são dispositivos capasses de realizar funções de
automação, proteção no mesmo dispositivo, e com a comunicação horizontal entre
dispositivos devido a IEC61850, é possível realizar uma função em outro relé. As
subestações estão muito mais modernas desde a sua primeira instalação, pois os
equipamentos que eram robustos e analógicos se tornaram equipamentos com
funções integradas, digitais e muito mais precisos e eficientes.

A EVOLUÇÃO DAS SUBESTAÇÕES ATÉ A ERA CONTEMPORÂNEA


As primeiras subestações eram compostas basicamente por relés
eletromecânicos, transformadores, disjuntores e chaves seccionadoras manuais. Se
pensarmos bem, as novas subestações não mudaram muito em comparação ás
primeiras, pois estes dispositivos e equipamentos são o que é necessário para
realizar manobras, protejer o circuito contra surtos e sobrecargas e para realizar a
variação dos níveis de tensão, porém, as subestações mais modernas contam com
equipamentos que entregam um pouco mais de informação do meio em que está
instalado e conseguem realizar as funções com maior precisão e eficiência.

Nas subestações antigas, lá nos primórdios do advento da energia elétrica em


corrente alternada, eram usados relés eletromecânicos em meados de 1901, estes
dispositivos coletavam os sinais analógicos de tensão e corrente e de acordo com a
função do mesmo, o sinal analógico era enviado para o disjuntor a que estava
conectado. Era preciso um relé para cada tipo de função que o mesmo poderia
executar na instalação onde ele estava conectado e estes relés eram bastante
eficientes, porém ocupavam muito espaço nos painéis e necessitava de uma boa
programação de manutenção preventiva para realizar as calibrações necessárias
para que se mantivesse sempre dentro dos padrões de operação.

Com a evolução da eletrônica no decorrer dos anos, em meados dos anos 80


começaram a chegar os primeiros relés com base eletrônica no setor elétrico. Estes
relés, chamados de relés estáticos, são na verdade uma mistura de componentes
elétricos e eletrônicos, e por não haver atrito devido a ausência de peças mecânicas,
diminui bastante a manutenção e tem maior velocidade pelo chaveamento eletrônico
, porém, estes relés tem alguns componentes internos com vida útil reduzida e

2
alguns fatores ambientais, como a temperatura podem prejudicar o seu
funcionamento. E foi devido a isso que os relés estáticos não sobreviveram por
muitos anos em comparado aos relés eletromecânicos,

Os relés eletromecânicos conseguiram atravessar décadas porque apesar de


serem dispositivos mais simples, eram mais confiáveis e tinham um tempo de vida
maior e com isso o uso dos relés estáticos não fui muito a frente, pois as empresas
responsáveis pelo setor elétrico são famosas por terem uma visão conservadora,
devido o fato da exigência da alta disponibilidade dos dispositivos, e para que o
sistema esteja o máximo do tempo em operação, é necessário uma alta confiança
nos equipamentos que nele estão instalados. Os equipamentos devem passar por
muitos testes para serem validados e assim, ganharem o investimento das
empresas.

Como os relés estáticos não "pegaram", o setor elétrico continuou a utilizar os


relés eletromecânicos por muitas décadas, e com isso, o sistema elétrico não
avançou muito tecnologicamente frente ao que vinha acontecendo no mundo em
outras áreas e com o a popularização dos microprocessadores justamente pela
grande evolução que eles tiveram, houve-se a abertura de novos caminhos para o
as empresas do setor. Surgiram os relés microprocessados, que são dispositivos
capazes de interagirem dinamicamente com o sistema elétrico de forma totalmente
digital, diferentemente dos relés eletromecânicos que são dispositivos puramente
analógicos, estes relés podem converter os sinais com uma ótima precisão e estes
dados passam a ser digitalizados e passaram ser tratados em uma sala de
operação. Os relés microprocessados receberam o nome de IEDs ( intelligent
eletronic device), e estes chegaram trazendo muitos ganhos para as subestações,
pois com o seu uso, foi possível estabelecer redes entre relés e subestações por
base de fibras ópticas, criação de redes inteligente locais e o uso de lógicas de
automatismos e proteção, ter uma integração entre o controle e a proteção sistema,
estes IEDs ocupam menos espaços, podem realizar muitas funções em um único
dispositivo e outras tantas melhorias.

Juntamente com a evolução dos relés, que assim foram conhecidos por muito
tempo, desde a sua invenção até quando passaram a adquirir maiores funções
dentro do sistema e passaram a se chamar IEDs, também ouve um ganho nos

3
outros equipamentos que compõe o sistema, não tão grande quando aos IEDs, mas
muito importante para a integração de todos.

Os transformadores continuam sendo os equipamentos mais caros e


importantes do sistema. Eles que antigamente não tinham poucos dados retirados
que seriam capazes de realizar o monitoramento, ganharam mais sensores capazes
de detectar eventos com maior precisão e velocidade, e dessa forma os dados
ficaram mais próximos da realidade, podendo realizar até mesmo previsões de sua
operação em tempo real, e assim ganharam a possibilidade de atuar
antecipadamente a falha e é um ótimo aliado as manutenções programadas. Os
transformadores tendo os sensores e transdutores instalados no campo, podem
enviar estes dados diretamente para os IEDs por meio de fibra óptica

Os disjuntores são dispositivos responsáveis pela interrupção do circuito em


caso de falha e esta interrupção não pode falhar quando acionada pelos IEDs. Os
disjuntores ficam em estado de repouso por um longo período de tempo e na maioria
dos casos estão expostos a intempérie. São dispositivos muito importante para a
segurança do circuito e dos usuários do sistemas, pois tem a capacidade de
suportar a corrente nominal do circuito no estado de operação e tem que sessar a
corrente no menor sinal de surto e transitórios na rede.

Os disjuntores evoluíram tecnologicamente com a capacidade de interromper


a corrente no menor tempo possível e de forma que esta gere o menor arco elétrico.
Para que o disjuntor execute sua função, ele é sensibilizado pelo IED, que por sua
vez é sensibilidade pelos sensores instalados em campo. Então este tempo desde a
sensibilização do elemento sensor até ser processado pelo IED e enviado para o
disjuntor tem que ser o menor possível para não haver danos no sistema.

SUBESTAÇÕES CENTRAL DE TRANSMISSÃO


As subestações centrais de transmissão estão mais presentes próximas das
usinas de gerações. Estas subestações são responsáveis por elevar os níveis de
tensão das usinas para serem transportados com menores perdas. Com a aplicação
desta técnica, é possível transportar o fluxo de potência por distancias muito
grandes. Nas subestações elevadoras estão presentes os transformadores de
potencia como os equipamentos protagonistas e são eles os responsáveis pela

4
elevação dos níveis, porém, não funcionam sozinhos dentro do site, pois precisam
ser sensoriados para garantir o seu desempenho sem se degradar pelo sistema e
também funcionam em conjunto com outros equipamentos e dispositivos auxiliares,
como disjuntores linhas de transmissão, banco de capacitares e etc.

SUBESTAÇÕES RECEPTORAS DE TRANSMISSÃO


Subestações de receptoras de transmissão são responsáveis por receber o
fluxo de potencia das subestações de elevação e direcionar para caminhos
alternativos. Com estas subestações é possível direcionar o fluxo de potencia e
assim fica possível realizar o controle do sistema em Tempo Real.

SUBESTAÇÕES ISOLADAS A AR
Subestações isoladas a AR são subestações mais comuns e são encontradas
a céu aberto, com os equipamentos expostos as ações do tempo, estas subestações
precisam de uma maior manutenção dos seus equipamentos e uma maior robustez
dos mesmos também, pois com o isolamento do ar, é preciso uma maior proteção
entre os dielétricos para garantir

SUBESTAÇÕES ISOLADAS A GÁS


As subestações isoladas a gás CF6 são subestações mais modernas que as
subestações isoladas a ar, pois o gás CF6 é melhor isolante e por isso proporciona
menores equipamentos, por não precisar aumentar o afastamento e nem usar
proteções robustas. Estas subestações são protegidas das ações do tempo e com
isso tem uma melhor conservação dos equipamentos.

ARQUITETURA DE COMUNICAÇÃO
Os equipamentos mais modernos utilizados em subestações, são
equipamentos que estão preparados para se comunicarem com o padrão IEC61850.
Os dados vindos do nível de processo das subestações, onde estão localizados os
equipamentos de campo passam pelas Merget Unit, que são dispositivos que torna
possível a comunicação de transformadores de corrente e tensão ao barramento de
processo, ocorrendo a aquisição de sinais analógicos (tensão e corrente) vindos dos
equipamentos primários de pátio, que amostra estes sinais e a partir disso, envia as
mensagens SV’s para os equipamentos do nível vão de forma vertical. Neste nível
estão localizados os equipamentos da subestação e é onde se encontra os IEDs e

5
diversos outros dispositivos. Os IEDs trocam mensagens entre si no modo horizontal
através das mensagens GOOSE, que são mensagens orientadas a objetos que tem
características de ponto a ponto de alta velocidade, ou seja, estas mensagens são
enviadas constantemente pelo barramento e não tem uma comprovação de
recebimento.

Após o nível vão, encontra-se os barramento de estação e o nível de estação


posteriormente. Nessa parte do sistema é onde se trafegam as mensagens MMS
(Manufactoring Message Specification) e são mensagens que utilizam de toda
camada do modelo OSI e por isso, tem um tempo de transmissão um pouco maior e
estas mensagens são de comunicação vertical, possuindo uma maior confiabilidade
devido sua forma de encapsulamento e é utilizada em serviços relacionados ao
sistema supervisório, como comando e sinais.(MAGALHÃES;SILVA;NAZARETH,
2015).

Figura 01 - arquitetura de comunicação entre dispositivos de SE

6
MODERNIZAÇÃO E TENDÊNCIAS
Estando meio da uma revolução tecnológica, é notório que a tendencia é de
que o máximo de dados existentes nas subestações sejam digitalizados e também,
há a capacidade de se captar mais dados da natureza das subestações. Para que
isso aconteça, foi preciso criar regras para que todos os equipamentos se
comuniquem em uma mesma base para que haja a comunicação entre todos os
dispositivos e quando isso não ocorrer, que pelo menos haja meios eficientes de se
fazer essa conversão de protocolos de comunicação. A norma direcionada para ser
implantado nas subestações é a IEC61850. Esta norma estabelece uma série de
requisitos de como as informações são tratadas e com isso há uma integração de
diferentes dispositivos em um único sistema.

A norma IEC61850 foi elaborada após a virada do século e embora seja mais
fácil a aplicação em novas subestações pelo fato de ter surgido com a capacidade
de oferecer uma nova visão de como é possível fazê-las funcionar de maneira mais
inteligente, é possível utilizar a norma em subestações antigas e fazer uma
integração entre os sistemas. Para realizar a modernização das subestações antigas
é preciso realizar a integração entre os protocolos, e para isso, é preciso o uso de
gatways, redes LAN separadas e uso dos I/O dos IEDs antigos ( IEDs não
preparados para se comunicarem com o padrão IEC61850.

É necessário fazer o retrofit dos equipamentos antigos, verificar todos os


componentes e suas tecnologias utilizadas e instalação de acionadores paras os
componentes manuais, como por exemplo a instalação de motores em chaves
seccionadoras antigas.

A norma IEC61850 foi pensada justamente para garantir a operação do


sistema com uma maior confiabilidade, de forma mais tecnológica e que possibilite a
integração de diversos fabricantes, comunicando em uma base comum. A norma
possui uma mensagem (mensagem GOOSE) que possibilita os dispositivos se
comunicarem de forma horizontal e com esta tecnologia, o tempo de comunicação
se torna muito rápido, algo em torno de 4ms. Outra vantagem que garante esta
rapidez é que os dados são disponibilizados na rede como “publicador e assinante”,
assim, os dados são enviados a todo tempo e quem for o dono da informação
recolhe e processa. Quando os dados mudam de nível perde-se um pouco mais de

7
tempo, porém nestes dados superiores pode ser feitos o processamento de
informações de automação, controle e sinalização, por não necessitar uma
demanda de tempo que seja tão rápida. No nível de vão os dados são usados para a
realização de funções de proteção, pois necessitam de um tempo de resposta
extremamente rápido e preciso.

Um exemplo a ser mostrado aqui é o uso da norma IEC61850 em um projeto


para modernizar uma subestação no Guarujá, em São Paulo. Foi escolhido o uso da
norma no projeto

devido a maior confiabilidade na abertura dos disjuntores em caso de falta em


menor tempo possível através de seletividade lógica e falha de disjuntor. No projeto,
vários pontos foram abordados para justificar a escolha da norma para esta solução,
como diminuição dos cabos, interoperabilidade dos equipamentos de diversos
fabricantes, uso de rede ethernet de alta velocidade e etc. Porém o que mais
chamou a atenção foi o uso de uma tecnologia que a obsolescência não seria um
problema para um futuro próximo. Os relés eletromecânicos atravessaram várias
décadas e só estão saindo do mercado agora devido o grande avanço da tecnologia
que está se mostrando mais madura para a aplicação digital em subestações.

Esta subestação já se utilizava do protocolo DNP3 para a comunicação entre


os dispositivos e foi implementado a norma 61850 para se comunicar em conjunto,
conforme a figura 2.

8
!
Figura 02 - Arquitetura da subestação

Os IEDs usados e "tagueados" de 01 a 10 foram instalados com uma


redundância utilizando dois switch’s, A e B e os IEDs de 11 a 15 conectados
diretamente ao segundo switch. Sempre que possível foram utilizados redundância
de lógica nos IEDs, ou seja, foi instalado em dois dispositivos.

Foram utilizadas as funções de seletividade lógica e falha do disjuntor no


projeto e estas funções consiste basicamente em, quando um relé for sensibilizado
por uma corrente de falta, este envia uma mensagem de retardo de tempo ao relé a
montante (o qual também está sendo sensibilizado por esta corrente, capaz de
sensibilizar uma de suas unidades instantâneas), para que este retarde seu tempo
de atuação em alguns milissegundos e quando o relé enviar um sinal de trip ao
disjuntor, ele não abrir, o relé continua a monitorar o nível de corrente por um tempo
ajustado, ele envia o sinal a outro disjuntor a montante para que este interrompa o
circuito respectivamente.

Para realizar estas funções, foram usados as mensagens peer-to-peer


GOOSE entre os disjuntores e com isso foi possível muitos ganhos no sistema
implantado. Na implementação da função de proteção 50bf, caso haja a falha para

9
abrir o disjuntor, É enviado uma mensagem GOOSE no barramento de processo ,
composto pelos IEDs e pelo switch A e B. Esta mensagem passa pela porta que
interliga o IED ao switch A e caso haja uma interrupção no caminho entre o IED e o
switch A, é habilitado a porta para a mensagem passar pelo switch B.

! !

Figura 03 - implementação da função 50BF com mensagem GOOSE

Para realizar a proteção da Barra, de 13.8kV, foi ajustado o tempo de atuação


do relé do secundário do transformador em 100 ms, 5 vezes menor do que em um
sistema de coordenação tradicional, porem, para que os relés não atuem de forma
não descoordenada caso haja uma falta em um dos alimentadores, foi feito a
seletividade lógica com o envio das mensagens GOOSE de bloqueio entre o IED
mais próximo da falta e o IED do secundário do transformador. Dessa forma mesmo
estando configurado com o tempo de atuação em 100ms, que é um tempo mais
baixo, o IED é bloqueado para que o IED próximo a falta entre primeiro no tempo
que ainda não prejudica os componentes do sistema.

10
!

Figura 04 - Mensagem GOOSE para bloqueio do elemento sobrecorrente rápido

Para verificar o funcionamento do sistema, foi montado uma plataforma de


testes, onde foi simulado todos os pontos dos automatismos e proteção instalados
nos IEDs. A plataforma foi montada as lógicas testadas exaustivamente para que
não houvesse erro no período de comissionamento da subestação.

Após a subestação estar operado, pode-se constatar as vantagens ao optar


pela norma IEC61850. O tempo de reestabelecimento do sistema que durava de 2 a
3 horas caiu para quase que instantâneos devido aos automatismos implementados
e ouve uma redução de 40% no tempo de comissionamento do sistema de
automação da subestação.

TECNOLOGIAS POSSÍVEIS A SEREM IMPLANTADAS


A tecnologia da comunicação está evoluindo rapidamente devido os
hardwares estarem com a capacidade de processamento cada vez maiores.
Acompanhando a evolução dos hardwares, os softwares podem se desenvolver em
paralelo, pois exigem cada vez mais de um poder de processamento e isso depende
muito

PLC Power Line Communication

Power Line Communication é uma tecnologia que se baseia em transmissão


de dados utilizando os próprios cabos da rede elétrica, nesta tecnologia os pontos
negativos são devido a transmissão via PLC sofrer com fatores de impedância e

11
ruído. O ruído é gerado principalmente por cargas não lineares conectados à rede, e
também por acoplamento de ondas de rádio e influências atmosféricas. A atenuação
é a perda de potência do sinal durante sua propagação e depende do comprimento
físico e da faixa de frequência transmitida. Outro fator são os múltiplos percursos
que compõem a rede, causando descasamento de impedâncias, dependendo
principalmente das características físicas e da topologia da rede (Çelebi, 2010).

Satélite

A tecnologia via satélite é um recurso que, por ser mais caro, não disputa
diretamente com as tenologias wireline, como Power Line Communication ou fibra
óptica mas sim com a tecnologia via LTE celular ou wireless, pois em muitos casos o
sinal é fraco ou inexistente, e a tecnologia LTE não é totalmente conficavel por
inteperies e congestionamentos na rede, já a comunicacçao wireless necessita de
repetidores do longo da rede por seu sinal de curto alcance. Com isso fica mais
pratico trabalhar com a comunicação via satélite quando estes pontos fazem mais
diferença do que o preço aplicado.

Os usuários podem remotamente fechar ou abrir um religador, e requisitar


informações dos dispositivos em campo, como tensão, corrente, fator de potencia e
muito mais, porém tem uma alta latência e também tem que ser levado em conta na
hora de especificar o projeto.

LTE celular

LTE é um padrão para a quarta geração das redes moveis sem fio, o famoso
4G. Suas principais vantagens em relação ao 3G são o aumento da taxa de dados, a
menor latência, e o uso mais eficiente e flexível do espectro. As taxas de pico
chegam a 150 Mbps no downlink e 50Mbps no uplink.

A taxa de transmissão oferecida pelo LTE no uplink pode ser calculada de


acordo com o tamanho do bloco de transporte, que é o pacote enviado pela camada
de controle de acesso ao meio a camada física, e transmitido a cada 1ms. A
especificação LTE indica que para um sistema de 10MHz de largura de banda, a
taxa de uplink pode variar entre 1,384Mbps e 36,696Mbps.

Muita empresas distribuidoras de energia elétrica vem investindo em redes


próprias de comunicação, pois não de pode ter uma confiabilidade com a rede nas

12
mãos de terceiros, já que o sistema tem que estar o máximo de tempo operando e
não se ´pode garantir a disponibilidade do sistema em momentos de falta de
energia, priorização do serviço em redes congestionadas, gerenciamento da rede de
comunicação e a garantia de uso da tecnologia por um período de tempo adequado
ao investimento realizado.

A principal motivação do conceito Smart Grid é trazer maior confiabilidade na


rede de distribuição de energia elétrica e assim, um dos argumentos das empresas
em manterem uma rede própria é o backup de energia de horas a semanas,
dependendo da aplicação.

Wimax

O wimax é uma tecnologia de acesso sem fio que oferece acesso a banda
larga a grandes distancias que variam de 6 a 9 km. Similar a telefonia celular, onde a
cobertura é implantada em formato de células. Deste modo é possível a transmissão
da estação base para uma estação terminal que oferece acesso a uma rede local.

O wimax tem o principal diferencial do Wifi o alcance, enquanto o wifi e mais


adequado para situações que exigem conectividade local e de curto alcance, da
ordem de dezenas de metros, o alcance do wimax é da ordem de quilômetros. Em
uma rede Wifi para se cobrir grandes áreas, é necessário a instalação de diversos
pontos de acesso, interligados entre si e usando cabeamento tradicional. Além disso
o Wimax incorpora diversos avanços tecnológicos, sendo capaz de atender melhor a
diferentes requisitos de trafego garantindo qualidade na transmissão e mais
segurança dos dados, bem como requisitos de transmissão em ambientes
metropolitanos.

PROTOCOLOS E MENSAGENS DE COMUNICAÇÃO


O Protocolo de comunicação é uma convenção que possibilita a comunicação
e transferência de dados entre dois sistemas computacionais e são estes protocolos
que ditam as regras a serem seguidas para que um sistema consiga se comunicar
com o outro dentro de uma rede de comunicação. Estes protocolos podem ser
elaborados via hardware ou via software e só é possível estabelecer a comunicação

13
quando o protocolo é comum entre dois dispositivos ou quando há uma tradução
destes dados por algum dispositivo intermediário.

Modelo OSI

Quando as redes de computadores surgiram, uma tecnologia só era


suportada pelo seu fabricante, não sendo possível misturar soluções de fabricantes
diferentes. Assim foi construída uma arquitetura chamada OSI (Open Systems
Interconnection), um modelo que define sete níveis, ou camadas de abstração, onde
são executadas as diferentes funções dos protocolos de comunicação. O modelo é
dividido em camadas hierárquicas, onde cada camada se comunica com a camada
imediatamente acima ou abaixo dela.

A seguir as funções de cada camada:

Camada 7 – Aplicação: Esta camada faz a interface entre o programa que


está enviando ou recebendo dados e as demais camadas. Quando se envia ou
recebe dados, é nessa camada que são definidos os protocolos utilizados na
comunicação.

Camada 6 – Apresentação: Ela converte o formato do dado recebido pela


camada de Aplicação em um formato comum a ser usado pelas outras camadas. Ela
também pode ser usada para comprimir e/ou criptografar os dados. A compressão
de dados aumenta o desempenho da rede já que está mandando menor quantidade
de dados para a camada inferior. Se os dados forem criptografados, eles vão ser
descriptografados apenas na camada 6 do receptor.

Camada 5 – Sessão: Aqui os dois computadores estabelecem uma sessão de


comunicação onde definem como será feita a transmissão de dados e coloca
marcações nos dados transmitidos, pois se a comunicação falhar, os dois
computadores reiniciam a transmissão a partir da última marcação recebida.

Camada 4 – Transporte: No computador que está enviando, essa camada


divide o dado em pacotes para serem transmitidos na rede, já no computador
receptor, ela pega os pacotes e remonta o dado original. Também faz o controle de
fluxo, caso os pacotes tenham chegado fora de ordem, os coloca em ordem. Faz a

14
correção de erros e depois envia para o transmissor informando que o pacote foi
recebido com sucesso.

Camada 3 – Rede: Responsável pelo endereçamento dos pacotes,


convertendo endereços lógicos em endereços físicos. Também define a rota em que
os pacotes devem seguir para o destino, olhando fatores como condição de tráfego
da rede e prioridades.

Camada 2 – Enlace: Pega os pacotes e os transforma em quadros que


trafegam na rede e comunicação, também coloca informações como endereço da
placa de rede de origem e destino. Na camada de enlace do receptor, ele confere se
o dado chegou íntegro, se os dados estiverem corretos, ele envia uma confirmação
de recebimento. Caso confirmação não seja recebida, a camada de enlace do
transmissor reenvia o quadro.

Camada 1 – Física: Ela pega os quadros recebidos e transforma em sinais


compatíveis com o meio por onde os dados devem ser transmitidos. No caso da
recepção, ele transforma os sinais em quadros.

Modelo TCP/IP

O protocolo TCP/IP tem apenas 4 camadas. Os programas se comunicam


com a camada de Aplicação, onde se encontram protocolos de aplicação, tais como
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol), FTP (File Transfer Protocol) e HTTP (Hyper
Text Transfer Protocol). Cada tipo de programa se comunica com um protocolo de
aplicação diferente.

15
Figura 5: Protocolo TCP/IP

Depois disso, o protocolo da camada de Aplicação se comunica com outro


protocolo da camada de Transporte, o TCP (Transmission Control Protocol), que é
responsável por dividir em pacotes e enviá-los a camada de Redes.

Na camada de Redes encontra-se o protocolo IP (Internet Protocol), que


recebe os dados da camada de Transporte e adiciona informações de endereço
virtual do equipamento que está mandando os dados e do equipamento que deve
receber os dados. A última camada recebe os pacotes enviados pela camada de
Redes e os envia para o meio de transmissão.

Protocolo ModBus

O ModBus é um protocolo do tipo mestre/escravo, criado para ser um


protocolo de transferência de dados entre um sistema de controle (Mestre) e os
sensores/atuadores (Escravos). A comunicação é sempre iniciada pelo mestre, os
escravos não podem se comunicar entre si e nunca transmitem dados sem serem
solicitados pelo mestre.

As transmissões podem ser do tipo unicast, o mestre manda mensagem a um


dispositivo específico, ou broadcast, que o mestre manda mensagens a todos os
dispositivos.

Figura 6: Quadro de mensagens do Protocolo ModBus

Nesse protocolo existem dois modos de codificação, o RTU (Remote Terminal


Unit) e o modo ASCII (American Stardard Code for Information Intercharge). As
mensagens são transmitidas em redes seriais que seguem o protocolo físico RS-232
e RS-485. Mas também existe outro modo de transmissão, o ModBus TCP/IP, onde

16
a mensagem do protocolo ModBus é encapsulada no Protocolo TCP/IP e transmitida
através de redes Ethernet.

Protocolo DNP3

O DNP (Distributed Network Protocol) também é um protocolo mestre/


escravo, mas em algumas situações o escravo pode mandar mensagem sem que o
mestre tenha solicitado, o que pode se chamar de transmissão espontânea. Ele
opera praticamente em todos os meios físicos, permite classificar os dados com
prioridades (alta, média, periódica e nenhuma) e transporta blocos de dados com
tamanhos variados. É um modelo de 3 camadas (aplicação, transporte e enlace).

A camada de enlace é responsável pela verificação de erros e pela montagem


dos pacotes de dados, a camada de transporte é responsável por dividir o bloco de
dados para a camada de enlace se o bloco for maior que 255 bytes. Na camada de
aplicação ocorre a interface entre o protocolo de comunicação e o banco de dados
do usuário.

O DNP3 pode ser encapsulado em TCP/IP e encaminhado via rede Ethernet.

Figura 7: DNP3 encapsulado no TCP/IP

mensagem MMS

Mensagens MMS (manufactoring message specification) são mensagem do


tipo unicast, ou seja, são mensagens com destino a apenas um consumidor e em
geral, este consumidor é um supervisorio. Na norma IEC61850 as mensagens MMS
ocorrem de maneira vertical e tem o intuito de indicar o status de determinado
equipamento, isso ocorre pelo fato de ser uma mensagem com tempo de
transmissão lento.

17
mensagem GOOSE

Para fazer as comunicações entre os IED no nível de barramento, são


utilizadas as mensagens GOOSE (Generic Object Oriented Substation event) e
estas menssagens são configuradas para funcionar no modo Editor- assinante, ou
pubisher- Subscriber com tradução do inglês. Mas funciona da seguinte forma, é
como se em uma banca de revistas que recebe vários jornais que tem assinantes de
perfis diferentes, então os editores publicam estes jornais e os assinantes do seu
tipo preferido de jornal pode pegar quele jornal comprovando sua assinatura. Na
mensagem GOOSE é parecido, porém ao invés de jornais, é utilizados bits que
representam a mensagem e os editores são os próprios IEDs instalados na rede.
Estes IEDs disponibilizam as mensagem em modo unicast ou multicast e isso
significa que um único ou múltiplos IEDs podem receber esta mensagem e
armazena-las ou ultiliza-la ou não conforme a necessidade atual do programa.

neste tipo de mensagem, o IED editor Utiliza o endereço MAC do destinatário


como referencia e os outros IEDs que receberem a mensagem que não forem
utiliza-la, descartam logo após o processamento do frame ethernet e geralmente a
comunicação fica entre 2 a 5 ms. Este tempo de transmissão é muito bom e está
dentro do que é indicado pela norma. Segundo a IEC61850- 5 item 13.7, são
definidos diferentes classes de desempenhos para o tempo das mensagens, Sendo
assim, mensagens do tipo 1 são reconhecidas como mensagens de alta velocidade
e e um exemplo, as mensagens 1A, que são mensagens de trip, tem um tempo
transmissão definido com 10ms para classe de "distribuição" e 3ms definido para a
classe de “transmissão”. Já as mensagens do tipo 1B, que são usadas para controle
e bloqueio, tem um tempo de transmissão um pouco mais elevado, sendo definido
como 100ms para a classe distribuição e 20ms para a classe
“transmissão”.Mensagens do tipo 2 tem tempo de transmissão para 100ms e tipo 3
tem um tempo de transmissão acima de 500ms, sendo usadas para alterações de
ajustes ,ou setpoints, transmissão de relatórios de eventos e etc.

Percebemos que a troca de mensagens entre IEDs pode ocorrer de forma


muito veloz ou nem tanto dependendo do tipo de situação que esta mensagem se
encontra e para proteger este tráfego, muitas empresas estão optando para não
fazer lógicas de automatismos nos IEDs responsáveis por comandos de proteção,

18
para garantir que o fluxo de informações esteja sempre com baixa porcentagem de
banda de comunicação.

Mensagem SV

Menssagens Sample Value (SV) são menssagens que trafegam entre os IEDs e os
transformadores de corrente e transformadores de potencial. Com este protocolo, os
sinais de tensão e corrente podem ser convertidos para digital, encapsulados e
transmitidos pela rede ethernet até os IEDs

!
Foto 08 - comparativo entre envio de mensagens

CONCLUSÃO

As tecnologias em eletrônica, softwares e telecomunicações estão se


modificando com uma velocidade muito acelerada e para uma aplicação dos
equipamentos em uma instalação industrial, a tecnologia escolhida deve ser
consolidada, e o tempo de obsolescência deve ser maior, ou no mínimo se adaptar
a novas tecnologias sem precisar trocar o sistema inteiro a cada lançamento, como
acontece com equipamentos de uso mais doméstico, como smartphones, smartTVs
e etc.

As subestações evoluíram muito desde as primeiras aplicações e


principalmente nestas ultimas décadas ela tem mudado o formato, está saindo de
uma configuração totalmente analógica e manual para ser um sistema digital e
automatizado. Os relés que eram puramente eletromecânicos agora são dispositivos

19
inteligentes e realizam muitas funções e podem interagir no sistema independente
de fabricante.

A norma IEC61850 veio para trazer uma organização maior para as


subestações, pois com a implantação, consegue-se eliminar bastante os cabos de
cobre, os IEDs podem executar mais funções e ocupam menos espaços no painéis
e os protocolos são comuns aos fabricantes.

Além dessas melhorias na implantação, a norma possibilita uma maior


confiabilidade dos equipamentos e com isso, há uma diminuição substancial do
tempo de resposta do sistema em comparado aos métodos antigos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

GUIMARÃES, LUIZA. Aplicação da norma IEC61850 em redes de proteção e


controle. Universidade de Ouro Preto, 2018. Disponível em: < https://
www.monografias.ufop.br/handle/35400000/963r>. Acesso em 12/02/2019.

ALMEIDA, E. M. de. Norma IEC 61850–novo padrão em automação de


subestações. 2011. 72f. Trabalho de Conclusão de Graduação – Universidade

Federal do Ceará. Fortaleza. 2011.

ZANIRATO, EDUARDO. Modernização das funções de seletividade lógica e


falha do disjuntor com a utilização da norma IEC-61850 (mensagem GOOSE)-
Caso real. Schweitzer engineering Laboratories. Campinas. 2008.

SILVA, G. H. da. Equipamentos de Alta tensão em Subestações, um estudo de


caso. 2011. 72f. Trabalho de Conclusão de Graduação – Universidade Federal de
Santa Catarina. Florianópolis. 2018.

LOPES, Y.; BORNIA, T.; FARIAS, V.; FERNANDES, N.C.;SAAD, D.C.M. Desafios e
segurança e confiabilidade na comunicação para SmartsGrids. 2011. 72f.
Capitulo 04 – Universidade Federal Flumisense. Niteroi. 2016.

PEREIRA, R. M.; SPRINTZER, I.M.P.A. Automação e Digitalização em


subestações de energia elétrica- Um estudo de caso. Revista Gestão Industrial –
Universidade Federal do Paraná. Ponta Grossa. 2007.

20
YANG LIU, B. E. de. Generic Subestation Event Monitoring based on IEC61850
and IEEE1588 Standards. School of electrical and electronic Engineer. The
University of Adelaid. 2015.

CAMARGO, J. M; NUNES, E.; SANTOS, E.S.; VAROLO, D. Experiencia da


Eletropaulo na aplicação da norma IEC61850 no sistema de controle e proteção
das subestações. Cigré Brasil. São Paulo.

PEREIRA, A. C.; CÁCERES, D.; FILHO, J.M.O.; VIOTTI, F.A.; GIOVANI, R.


Modernização de subestações existentes - Aspectos de migração para o
padrão IEC61850. X STPC seminário técnico de proteção e controle. Recife. 2010.

21

Você também pode gostar