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SISTEMA DE PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES DE EXTRA-

ALTA TENSÃO UTILIZANDO RELÉS DIGITAIS

Nome do autor: Teresa José Garcia Miguel

Prof. Orientador: Joaquim Constantino

RESUMO

O sistema elétrico de potência tem um elevado nível de importância e complexidade, dessa


maneira, é fundamental que exista um sistema de proteção apropriado, que assegure a
funcionalidade e confiabilidade do sistema. Para que a proteção seja feita da forma mais
adequada, é indispensável que exista um estudo detalhado sobre o funcionamento e
operacionalidade dos relés digitais, já que estes são elementos vitais em um sistema de
proteção. Partindo desse viés, desenvolveu-se uma pesquisa sobre os principais equipamentos
de uma subestação, juntamente com os principais elementos de proteção, apresentando suas
principais características e princípios de funcionamento. Além disso, realizou-se um estudo
sobre um esquema de proteção de alta tensão, no qual foram ajustados os parâmetros dos
relés digitais, com o objetivo de projetar o sistema de proteção de uma subestação
fundamentada em uma subestação real da Copel.

Palavra-Chave: Sistema de Proteção, Relés Digitais, Relés Microprocessados.

ABSTRACT
The electric power system is extremely important and has a high complexity level; therefore, a
proper protection system is essential, one that ensures the functionality and reliability of the
system. With the goal of achieving the most appropriate protection system, it’s indispensable
that a detailed study over the functionality and operability of the digital relays is made, taking
into account that those are vital elements in a protection system. From this point of view, a
research about the main equipments in a substation, as well as the main protection
components, was developed, presenting its main characteristics and principles of operation.
Furthermore, a study about a high voltage protection scheme was made, in which the
parameters of the digital relays were adjusted with the intent of developing the protection
system of a substation based on a real Copel substation.
Key words: Protective System, Digital Relays, Microprocessor Relays.
INTRODUÇÃO
Os relés de proteção, são os principais equipamentos de proteção dos
sistemas elétricos, são encarregados da retirada rápida do elemento
(equipamento, barra ou seção de linha) quando este está em curto-circuito ou
operação anormal de funcionamento, impedindo que o problema se propague a
outros elementos do sistema. Como citado anteriormente, os relés devem
também informar a devida localização a falta com o objetivo da rápida
manutenção do elemento causador da falta e, portanto o rápido religamento. É
importante também que haja o registro de informações do relé, como
grandezas analógicas e digitais, possibilitando a análise da falta e da atuação
da proteção usada.

Relés de proteção digitais são gerenciados por microprocessadores


desenvolvidos especificamente para este fim. Nestes relés, os sinais de
entrada das grandezas elétricas e os parâmetros de ajustes são controlados
por um software que processa a lógica de proteção através de um algoritmo.
De maneira geral, o relé digital funciona internamente associando a várias
lógicas de blocos. Entrada Analógica: Bloco por onde entram os sinais
analógicos das correntes e tensão via transformador de corrente (TC) e
transformador de potencial (TP) Produz adaptação dos sinais de entrada ao
circuito do relé digital.

Os relés são os elementos mais importantes do sistema de proteção, vigiando


diuturnamente as condições de operação do sistema elétrico. O relé é um
dispositivo sensor que comanda a abertura do disjuntor quando surgem, no
sistema protegido, condições anormais de funcionamento. Eles devem analisar
e avaliar uma variedade grande de parâmetros (corrente, tensão, potência,
impedância, ângulo de fase) para estabelecer qual ação corretiva é necessário.

Os parâmetros mais adequados para detectar a ocorrência de faltas são as


tensões e as correntes nos terminais dos equipamentos protegidos. O relé
deve processar os sinais, determinar a existência de uma anormalidade e
então iniciar alguma ação de sinalização (alarme), bloqueio ou abertura de um
disjuntor, de modo a isolar o equipamento ou parte do sistema afetada pela
falha. O ponto fundamental no sistema de proteção é definir quando uma

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situação estiver dentro ou fora do padrão. Portanto, o relé deve perceber
quando estiver em uma situação anormal e atuar corretamente de acordo com
a maneira que lhe for própria.

A energia elétrica é uma das formas de energia mais utilizadas no mundo, de


suma importância para o desenvolvimento da sociedade. Ela é gerada através
de processos que envolvem a conversão de variadas fontes de energia, como,
por exemplo, a energia cinética, térmica, eólica e solar. Esses processos são
melhorados constantemente a fim de se obter uma eficiência cada vez maior.

Para que haja esse desenvolvimento, visando melhorar o aproveitamento


econômico e técnico, dentro de padrões normativos e de desempenho, é
preciso que haja um funcionamento coeso de todos os blocos fundamentais do
sistema de potência. Interrupções no SEP (Sistema elétrico de potência)
podem ser provocadas devido às falhas, humanas ou naturais, causando
prejuízos à população devido à falta de suprimento de energia. Por esse motivo
a proteção é um elemento vital, implantada no início (geração) e ao longo da
rede (transmissão, distribuição), para que as interrupções no suprimento de
energia sejam as menores possíveis.

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METODOLOGIA
Primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica em livros
especializados, artigos técnicos, monografias e dissertações, com o objetivo de
estudar as características e as funções dos relés digitais.
Em seguida foi pesquisado sobre um relé digital usado na proteção de
transformadores e linhas de transmissão e estudado sua programação, ajustes
e coordenação, em manuais e memoriais de cálculo. Após as pesquisas, foram
escolhidos parâmetros para um transformador de três enrolamentos e para
uma linha de transmissão.
Em seguida foram estudados os manuais e memoriais de cálculo dos relés da
SEL para elaborar os parâmetros a serem ajustados nos relés utilizados para
fazer a proteção do sistema. Após isto, foram feitas novas simulações
computacionais de curtos-circuitos para testar o tempo de atuação dos relés e
a coordenação. Os programas computacionais utilizados para a realização das
simulações foram o acSELerator, que é um software da própria SEL. Por fim
foram discutidos os resultados, o que poderia melhorar nos ajustes e no
sistema de proteção e quais trabalhos futuros podem ser realizados.

Resultados e discussão
Os relés digitais são considerados a terceira geração dos relés estáticos. Estes
relés utilizam como base os microprocessadores. A primeira geração dos relés
digitais (estáticos) é aquela em os equipamentos utilizavam os transistores,
enquanto a segunda geração fez uso dos circuitos integrados e amplificadores
operacionais. Devido à grande flexibilidade dos microprocessadores, um
mesmo relé pode exercer várias funções, tais como: controle, gravação dos
dados amostrados, informação de eventos e diferentes funções de proteção.

Os dados são armazenados no hardware e diferentes programas podem ser


executados simultaneamente ou não neste mesmo hardware. Estes dados
armazenados podem ser periodicamente retirados da memória (devido ao
limite da capacidade de dados armazenados) para que novos dados possam
ser gravados sem perda de informação. Como os dados estão armazenados, e

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não os cilografados e impressos podem ser tratados (através de
processamentos matemáticos dos sinais e/ou filtragem) para ser obter diversos
resultados que facilitem a análise dos operadores do sistema e engenheiros de
proteção.
As funções de cada nível são:

Nível 1
 funções de medição, controle, automação e proteção;
 funções de diagnóstico através de informações vindas do sistema;
 informações fornecidas aos equipamentos do sistema;
 interface homem-máquina;
 comunicações com o nível 2.

Nível 2
 funções de suporte aos processadores no nível 1;
 aquisição, processamento e armazenamento de dados;
 análise de sequência de eventos;
 comunicação com os níveis 1 e 3.

Nível 3
 ações de controle de sistema;
 coleta e processamento de dados;
 análise de sequência de eventos;
 montagem de registros dos dados adquiridos;
 elaboração de relatórios;
 organização das comunicações com os níveis 1 e 2;
 proteção adaptativa.
O relé digital é formado por subsistemas que desenvolvem funções específicas,
tais como: armazenamento de dados, processamentos dos dados, filtros,
conversão analógico/digital. O relé digital é formado por subsistemas que
desenvolvem funções específicas, tais como: armazenamento de dados,
processamentos dos dados, filtros, conversão analógico/digital.

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O processador é o principal subsistema do relé digital, sendo responsável pela
execução do programa, comunicação com os equipamentos periféricos, bem
como coordenação das várias funções existentes no relé. A memória RAM
(Memória de Acesso Aleatório) armazena os dados amostrados. Ela também é
usada durante a execução do algoritmo do relé. A memória RAM (Memória de
Acesso Aleatório) armazena os dados amostrados. Ela também é usada
durante a execução do algoritmo do relé. As memórias ROM (Memória Apenas
de Leitura) e PROM (ROM Programável) são usadas para armazenar
programas permanentes do relé chamados de firmware. Se o tempo de leitura
é pequeno, o programa deve ser executado na própria ROM. Caso contrário, o
programa deve ser copiado para a RAM no estágio de inicialização e então
executado. A EPROM (PROM apagável eletricamente) é usada com o objetivo
de armazenar certos dados, que podem ser mudados de tempos em tempos,
como por exemplo, nos ajustes dos relés.

O Conversor Analógico/Digital (A/D) tem o objetivo de converter as grandezas


analógicas adquiridas em grandezas digitais que serão manipuladas pelo
sistema microprocessado. Com o objetivo de se extrair a componente de
frequência fundamental dos sinais amostrados, a proteção digital faz uso da
Transformada Discreta de Fourier (TDF), entre outras transformadas, tais como
cosseno e seno. Essas transformadas podem ser aplicadas na descrição do
conteúdo de frequência dos sinais de entrada de forma a obter o fasor
associado a esse sinal.

Sistemas de Proteção de Transformadores de Extra- Alta Tensão


Utilizando Reles Digitais.

Os transformadores de força são utilizados para regular a tensão entre


circuitos, através da indução eletromagnética, e são aplicados entre todas as
etapas do SEP, como por exemplo, entre o sistema de geração e o sistema de
transmissão. Devido às suas características de transformação, eles são
considerados os elementos principais de transformação de um sistema elétrico.

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Segundo Horowitz e Phadke (2008), existem diferentes formas de se proteger
um transformador, em geral, utilizam-se fusíveis e relés de sobrecorrente, relés
diferenciais e relés de pressão, através de equipamentos de monitoramento de
temperatura dos enrolamentos. No entanto a proteção diferencial é a forma
mais adequada de proteção, pois, diferente das linhas de transmissão, a
extensão física de um transformador de força é limitada, sendo assim não é
necessária à inserção de uma camada de comunicação entre os terminais, o
que é necessário para a proteção diferencial em linhas.
As faltas que ocorrem em transformadores de força podem ser dividias em
internas e externas. As faltas internas são aquelas que ocorrem na zona de
proteção diferencial do transformador, entre as buchas de tensão superiores e
inferiores ou entre as espiras. Já as faltas externas são todas aquelas que
ocorrem fora da zona de proteção diferencial do transformador, ou seja, todas
as faltas que ocorrem no sistema elétrico que engloba o transformador.

RELÉS DE PROTEÇÃO

Os relés de proteção podem ter uma ou mais características para executar


suas funções – sobrecorrente, diferencial, distância, sobrecarga etc., dentro
dos limites dos esquemas de proteção e coordenação. Ao longo dos anos os
relés passaram por muitas mudanças a fim de melhorar a execução dessas
funções. O primeiro relé de proteção, segundo Mamede Filho e Mamede (2011)
foi um dispositivo eletromecânico de proteção de sobrecorrente que surgiu em
1901. Sete anos depois foi desenvolvido o primeiro relé de proteção diferencial
de corrente e dois anos após a proteção diferencial foi desenvolvida a proteção
direcional. A proteção de distância foi desenvolvida em 1930. Na década de
1930 surgiram os primeiros relés de proteção com tecnologia à base de
componentes eletrônicos, utilizando semicondutores. Na década de 1980, com
o desenvolvimento acelerado da microeletrônica, surgiram as primeiras
unidades de proteção utilizando a tecnologia digital (MAMEDE FILHO;
MAMEDE, 2011).

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Com o surgimento e evolução dos relés digitais, o grau de sofisticação e
confiabilidade do sistema de proteção aumentou. Os relés eletromecânicos
passaram a ser considerados inferiores aos relés digitais, visto que esses
possuem melhorias na sua funcionalidade, devido à tecnologia
microprocessada incorporada e ao seu funcionamento baseado em softwares
(ALSTOM GRID, 2011). Os softwares e lógicas de programação têm evoluído
constantemente, tornando os relés digitais cada vez mais desenvolvidos,
fazendo com que os relés mais antigos sejam substituídos aos poucos.

Os relés digitais micro-processados são resultado de uma extensa evolução


dos sistemas de proteção com o objetivo de garantir uma continuidade no
fornecimento de energia resultando em um sistema mais robusto e eficiente.
Essa evolução foi possível com o avanço na tecnologia dosmicro-
processadores e fez com que os fornecedores desenvolvessem dispositivos
eletrônicos inteligentes, Intelligent Electronic Devices (IED), com grande
capacidade de processamento. Agora, os IEDs são capazes de processar
sinais, analisá-los e julgá-los tomando decisões de acordo com uma série de
funções lógicas de proteção que são programáveis e ajustáveis de acordo com
as especificações do projeto.

Os relés digitais possuem os seguintes benefícios (PHADKE; THORP,


2009):

 Confiabilidade elevada e autodiagnostico: detecta defeitos internos


através de monitoramento constante programado. Ele envia um alarme
ao sistema central quando ocorre algum defeito elétrico;
 Flexibilidade funcional: pode ser usado para desempenhar diversas
funções de proteção além de executar outras tarefas na SE, como por
exemplo, medição, monitoramento, localização de faltas etc.;

 Integração digital: os meios de análise do SEP passaram a ser


computacionais ao longo dos anos, com isso, a melhor tecnologia a ser

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empregada na proteção também é a digital, que possibilita uma
integração natural entre os elementos da SE e do sistema.
 Phadke e Thorp (2009) descrevem uma estrutura hierárquica que
envolve a integração de controle, medição e proteção do sistema
elétrico. Na figura 1 é apresentado o esquema de estrutura hierárquica
dos níveis de proteção digital.

Figura 1: Estrutura hierárquica dos níveis de proteção digital.


Fonte: Phadke

Nível 1 (Relé digital e processadores): têm funções de medição, controle,


automação, proteção e diagnóstico através de informações vindas do sistema
elétrico, possui interface homem-máquina e se comunica com o nível 2.
Nível 2 (Computador de subestação): possui IHM (interface homem-máquina),
coleta e armazena dados, analisa a sequência de eventos que ocorrem no
sistema elétrico e garante back-up em caso de falhas. Comunica-se com os
níveis 1 e 3.
Nível 3 (Servidor central): inicia as ações de controle do sistema, coleta e
processa dados além de elaborar relatórios.

Apesar das inúmeras vantagens citadas anteriormente, os relés digitais


possuem algumas desvantagens se comparado a outros tipos de relé. Entre
elas pode ser citado o fato do relé digital possuir uma vida útil reduzida e no
fato desses relés se tornarem obsoletos rapidamente, devido às evoluções no

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hardware. Além disso, esse tipo de relé está mais suscetível a interferências
eletromagnéticas, fato que pode ser melhorado com a utilização de fibra ótica.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que A introdução dos relés digitais foi um grande avanço
tecnológico na proteção de sistemas e devido a sua capacidade de
processamento se tornou o tipo de relé mais usado.O relé digital usa um
microprocessador que pode utilizar transformadas discretas de Fourier, ou
outros métodos matemáticos, para implementar o algoritmo de proteção. Ele
processa informações recebidas dos transformadores de medição e efetua
comandos decididos pelo processo de avaliação microprocessada do relé.

Neste cenário, o trabalho evidencia de maneira conceitual toda a teoria portrás


da programação do relé digital, muitas vezes negligenciada por conta do fácil
manuseio das interfaces gráficas disponibilizadas pelos fabricantes para o
ajuste das proteções. Além disso, o projeto apresenta um caráter singular por
conta do nível de detalhamento acrescentado pelo estudo de caso exposto,
permitindo correlacionar a aplicação prática e a teoria de proteção de
transformadores.
Destarte, que é necessário evidencia a dificuldades que existe em encontrar
matérias especificias que abordem só do tema aqui estudado “sistemas de
proteção de transformadores de extra-alta tensão utilizando relés digitais” mas
em tudo foi uma pesquisa boa porque aumentou nosso nível de conhecimento
sobre o tema.

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REFERENCIAS

GalluzziMalafaia, Matheus, SISTEMA DE PROTEÇÃO DE


TRANSFORMADORES DE EXTRA-ALTA TENSÃO UTILIZANDO RELÉS
DIGITAIS RIO DE JANEIRO, RJ _ BRASIL FEVEREIRO DE 2017.

FITZGERALD, A. E. Máquinas Elétricas. Bookman, 2006.

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DIGITAL PARA A PROTEÇÃO EM SUBESTAÇÕES D ALTA TENSÃO,
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André Mendes do Nascimento John Wellington da Silva Brandão PRINCIPAIS


PROTEÇÕES DE TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA DE 765kV: Análise e
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Kelly Regina CotosckPROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS: UMA


ABORDAGEM TÉCNICO-PEDAGÓGICA, Belo Horizonte 2007

Giovanni Manassero Junior Proteção e Automação de Sistemas Elétricosde


Potência I Proteção digital 20 de outubro de 2017

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