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Definição Relé Digital?

Os relés são dispositivos compactos ligados aos sistemas elétricos, com a


finalidade de detectar condições inadequadas para o circuito de
monitoramento. Portanto eles devem possuir características tais que venham
garantir, aos sistemas elétricos protegidos, alto grau de confiabilidade
reduzindo danos materiais e minimizando danos pessoais[1].
De acordo com as diretrizes da ABNT, o relé de proteção é um dispositivo por
meio do qual um equipamento elétrico é operado quando se produzem
variações nas condições deste equipamento ou do circuito em que ele está
ligado, ou em outro equipamento ou circuito associado.
São dispositivos quase cerebrais que monitorando as grandezas com os quais
são alimentados, onde estão em constante vigilância sobre a atuação do
sistema, detectando as falhas que nele se ocasionem.
O IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers) define o relé como “um
dispositivo elétrico projetado para responder a condições de entrada prescritas
e que, após a ocorrência de condições específicas, causa operações de
contato elétrico ou mudança abrupta nos circuitos elétricos associados”[2];
Um relé deve analisar e avaliar uma variedade de parâmetros (corrente,
tensão, potência, impedância, ângulo de fase) para estabelecer qual ação
corretiva é necessário.
Os parâmetros mais adequados para detectar a ocorrência de faltas são as
tensões e as correntes nos terminais dos equipamentos protegidos.
Por definição, defeito ou falta é o termo usado para denotar um acidental
afastamento das condições normais de operação. Assim um curto-circuito ou
um condutor interrompido constituem uma falta
Um defeito modifica as tensões e as correntes próprias do órgão considerado.
Logo, as grandezas atuantes sobre os relés deverão ser ligadas,
obrigatoriamente, aquelas alterações de módulo e/ou ângulo das correntes e
tensões.
Existem vários tipos de relés em utilização no pais e no mundo, porém ao que
se obtém vários parâmetros são os relês digitais.
Os primeiros relés digitais foram em 1960, onde possuía como ideia inicial a
proteção manipulada por um único computador.
Os relés digitais são relés eletrônicos gerenciado por microprocessadores
específicos a este fim, onde sinais de entrada das grandezas e parâmetros
digitais são controlados por um software que processa a lógica da proteção
através de algoritmos. Chamado também de relé multiação, por simular um relé
ou todos os relés existentes num só equipamento, produzindo ainda outras
funções, tais como, medições de suas grandezas de entradas e/ou associada.
Princípio de funcionamento?
De maneira geral, o relé digital funciona internamente associando várias
lógicas de blocos. As unidades lógicas típicas envolvidas em um relé
microprocessado estão mostradas na Figura 1.[3]

Figura 1: Unidade lógica básica envolvidas em um relé de proteção digital


De maneira geral estes blocos realizam as seguintes funções [4]:
 Entrada Analógica: Bloco por onde entram os sinais analógicos das
correntes e tensão via transformador de corrente (TC) e transformador
de potencial (TP);
 Redutor de Sinal: Produz adaptação dos sinais de entrada ao circuito do
relé digital. Neste bloco, transformadores auxiliares produzem o
desacoplamento físico entre os circuitos de entrada e de saída;
 Filtro Analógico: De acordo com a necessidade da função requerida,
realiza uma filtragem dos sinais indesejados;
 Multiplexador: Faz a multiplexação dos sinais de entrada;
 Amostragem e sustentação (Sample and Hold): Faz a preparação dos
sinais analógicos em sinais de amostragem por ciclo para a conversão
em sinais digitais;
 Conversão A/D: Transforma os sinais amostrados em sinais digitais;
 Filtro Digital: Faz a estabilização dos sinais digitais;
 Lógica do relé: Faz a lógica de operação do relé, a qual depende do
algoritmo aplicado e da função de proteção desejada. Este bloco pode
conter entradas digitais capazes de alterar a lógica de proteção do relé
informando, por exemplo, o estado de disjuntores e chaves
seccionadoras;
 Saídas digitais e analógicas: São destinadas a cumprir as funções do
relé, podendo estar associadas a alarmes, controles, dados para
supervisão, comando para outros relés e principalmente comando de
abertura para disjuntores;
 Bloco de registro de eventos e oscilografia: Armazena dados
necessários para efetuar análise do desempenho da atuação da
proteção e das condições do sistema durante a ocorrência da falta;
 Interface Homem-Máquina (IHM): Dependendo do relé de proteção pode
ser realizada diretamente no aparelho, através de um computador local
ou de maneira remota.

Funções de Proteção
Segundo a norma ABNT NBR 5175:2004 um relê de proteção possui uma
designação numérica para cada tipo de função desempenhada pelo relé em um
equipamento ou podendo estar em conjunto referindo ou não a uma grandeza
elétrica a qual o dispositivo é sensível de acordo com a tabela 1.

Tabela 1: Número das funções


Arquitetura do relé digital

Os sinais de entrada de corrente e de tensão são condicionados e isolados de


TPs e TCs. Os sinais analógicos isolados são filtrados através de filtros passa
baixa, utilizando-se filtros analógicos, de forma a minimizar o efeito de aliasing
produzido por harmônicas e ruídos em faixas de elevadas frequência acima da
metade de amostragem, de acordo com o critério de Nyquist ou Teorema da
Amostragem
Após a filtragem analógica, os sinais são amostrados e convertidos em dados
digitais através do Conversor Analógico/Digital (A/D), que atualmente possuem
resolução de 16bits, adequados à faixas dinâmica de correntes normalmente
existentes em sistemas elétricos de potência. O Digital Signal Processor (DSP)
processa os dados digitais convertidos e executa os algoritmos de proteção
existentes, carregados em memórias do tipo FLASH. Os dados intermediários,
gerados durante os cálculos, são armazenados em memórias do tipo
Synchronous Dynamic RAM (SDRAM).
O processador digital é o responsável pela execução da lógica e das funções
de entrada/saída. Os circuitos de entradas digitais fornecem ao processador de
sinais o valor de status dos respectivos contatos. Os circuitos das saídas
digitais do relé, através dos seus contatos, executam as funções de alarme e
de trip do relé.

Figura2: Arquitetura de um relé digital


Por ser composto de um conjunto de hardware e firmware, um relé digital
possui uma capacidade enorme de execução e uma flexibilidade enorme a
partir da sua construção, com isso, as informações de entrada e/ou saída,
providas por qualquer uma das vias de acesso do equipamento, entradas e/ou
saída digitais, interfaces de comunicação e valores analógicos de medida,
estão disponíveis para uso por qualquer uma das funcionalidades componentes
dos relés digitais de proteção a qualquer tempo.

Vantagens e desvantagem

Um relé de proteção possui características especificas, onde temos vantagens


e desvantagens.
Em suas desvantagens, os relés de proteção digitais possuem alta
sensibilidade contra surtos e temperatura, onde sua localização precisa de
características especificas do ambiente, como também cada relé digital possui
um hardware específico.
Os relés digitais possui como vantagens sua confiabilidade e auto-checagem
podendo monitorar continuamente os subsistemas de hardware e software
detectando falhas com mais rapidez. Com uma adaptabilidade e flexibilidade
funcional, conseguem ter uma alteração nos seus parâmetros, para cada
topologia de rede.
Os sistemas digitais possibilitam uma integração entre seus componentes,
permitindo uma maior flexibilidade a velocidade na obtenção das informações
registradas pelos equipamentos.
[1] ANDERSON, P. Power system protection. New York: McGRAW-HILL,1999.
[2] Power System Relaying Committee, “IEEE Standart for Relays and Relay
Systems Associated with Electric Power Apparatus”, EUA, January 2006
[3] Avaliacao_de_Desempenho_de_Reles_de_Prot.pdf

[4] Geraldo Kindermann, Proteção de Sistemas Elétricos de Potência – Vol 1, 2


ed. UFSC, Florianópolis, 2005
[5] R. Bulgarelli e E. C. Senger, “O processamento digital de sinais aplicado na
proteção de motores trifásico industriais,” in Conferencia de Aplicações
Industriais – INDUSCON. Recife: Universidade Federal de Pernambuxo –
IEE/UFPE, 2006.

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