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PEA-5716 : COMPONENTES E SISTEMAS DE SENSOREAMENTO A FIBRAS


ÓPTICAS
Parte I:
Resumo
Este texto visa expor os princípios de funcionamento dos sistemas de comunicação e
sensoreamento a fibras ópticas e suas aplicações aos sistemas elétricos, notadamente em associação
às tecnologias digitais de proteção, monitoração e supervisão dos mesmos.
São apontadas as vantagens inerentes a estes sistemas que os tornam atraentes para a
satisfação das necessidades decorrentes da expansão dos sistemas elétricos nos últimos anos.
Um relato da evolução dos sistemas de comunicação, culminando nos que utilizam fibras
ópticas, posiciona o leitor quanto ao locus tecnológico e ao ponto de inserção no tempo desta
tecnologia no âmbito das telecomunicações.
Descrevem-se os elementos constituintes e os critérios de projeto dos enlaces ópticos. São
também apresentadas as técnicas de modulação, codificação e multiplexação utilizadas para o
tratamento dos sinais ópticos.

1 - INTRODUÇÃO
A evolução dos Sistemas Elétricos de Potência nos últimos vinte anos, levou a aumentos
expressivos dos mesmos em termos de: número e extensão das interligações, complexidade das redes
e dos níveis de potência, tensão e corrente gerados e transportados.
Estes aumentos acarretaram novas exigências, em primeiro lugar, sobre os equipamentos e
sistemas de medição e proteção e, posteriormente, sobre os de comunicação e controle.
Os maiores níveis de tensão e corrente transportados vieram exigir dos transformadores de
medição ampliações na capacidade de isolação e na faixa dinâmica. Estes fatores, por si só, já
acarretam acréscimos no tamanho e no custo destes transformadores.
A elevação dos níveis de potência transportada pelas linhas implica a necessidade de um
aumento da confiabilidade das mesmas, pois quanto mais importante é um elo para o sistema, em
termos de potência, mais graves são as conseqüências de sua interrupção intempestiva. Por outro lado,
o aumento da complexidade do sistema interligado permitiu uma gama maior de configurações de
operação, para os quais a proteção tem que estar pronta para se adaptar.
Tais necessidades requerem dos equipamentos de proteção maior precisão, respostas mais
rápidas e características mais flexíveis, ou seja, mais facilmente adaptáveis às configurações do
sistema.
O crescimento dos sistemas elétricos exigiu também maior capacidade de transmissão dos
enlaces de comunicação intra e inter subestações e que estes se tornassem mais confiáveis e
insensíveis às interferências eletromagnéticas. Isto se deveu em parte ao fato de que para permitir
uma operação mais eficiente, foi necessário gerar sistemas de monitoração e supervisão mais
complexos e "inteligentes", ou seja, que incorporassem um número cada vez maior de funções
automáticas e orientativas para os operadores, e estes sistemas requerem grande volume e rapidez de
comunicação.
As relações entre a evolução dos sistemas elétricos e as demandas a partir dela geradas
podem ser indicadas, esquematicamente, como na figura 1.1.
Para atender a essas demandas novas tecnologias, provenientes de avanços no campo da
eletrônica, foram sucessivamente aproveitadas.
Em primeiro lugar o desenvolvimento da eletrônica analógica veio contribuir, entre outras
coisas, para a modernização da proteção, permitindo a construção de relés "estáticos" em substituição
aos eletromecânicos até então utilizados.
O desenvolvimento da eletrônica digital, em seguida, contribuiu profundamente de várias
formas. Primeiro, propiciou a automatização e sistematização da monitoração e do controle operativo
dos sistemas elétricos por meio de ferramentas e recursos computacionais diversos, de software e
hardware. Depois, o advento das técnicas de comunicação digital de dados permitiu desenvolver o
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conceito de supervisão em tempo real e, mais tarde, de esquemas de reconfiguração automática de
redes, baseados inclusive em sistemas especialistas.
A proteção também foi beneficiada com o desenvolvimento dos relés digitais. Estes relés são
mais flexíveis que os analógicos e capazes de se integrar diretamente a redes de comunicação digital
de dados, enviando informações sobre condições de operação e defeitos aos sistemas de monitoração
e supervisão e os seus parâmetros de atuação podem ser reprogramados à distância, proporcionando
assim uma característica adaptativa à proteção.
O aparecimento e o aperfeiçoamento de dispositivos eletroópticos, como fontes e detectores
de luz de estado sólido (LEDs, Laser Diodes, PINs e APDs) e das fibras ópticas nas décadas de 70 e
80, permitiram, num primeiro momento, a realização prática (comercial) de sistemas de comunicação
óptica e, posteriormente, o desenvolvimento de sensores a fibras ópticas.
As técnicas ópticas vieram melhorar a capacidade (rapidez), qualidade e imunidade à
interferência eletromagnética dos enlaces de comunicação e dos transdutores eletrônicos, sendo que
estes últimos têm sido propostos para substituir, com vantagens técnicas e econômicas, os
transformadores convencionais e sensores de outras grandezas nos Sistemas Elétricos de Potência,
como apontado no trabalho sobre "Sensores Ópticos Aplicados aos Sistemas Elétricos de Potência".
A figura 1.2 resume os progressos dessas tecnologias e os seus benefícios no atendimento às
demandas geradas pela evolução dos sistemas elétricos. Já a figura 1.3 mostra como elas se
distribuem e associam para este fim.

EVOLUÇÃO
DO SISTEMA
ELÉTRICO

CONDUZIU A QUE EXIGIU

- Geração em níveis de potência mais - Proteção mais precisa, flexível e


elevados; confiavel;
- Aproveitamentos cada vez mais - Dispositivos de medição (convencionais)
distantes; para maior isolação (maiores e mais
- Transmissão em altos níveis de caros) e de maior precisão;
tensão e corrente; - Sistemas de Monitoração e Supervisão
- Elevação dos níveis de ruído mais complexos e "inteligentes";
eletromagnético gerado na GTD; - Sistemas de Intra e Inter- comunicação
- Sistemas de tamanho e complexidade mais seguros e insensíveis a
operativa crescentes. interferências.

Figura 1.1 : Evolução dos sistemas elétricos e suas demandas


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Podemos assim apontar algumas das vantagens que justificam o emprego de Sistemas de
Comunicação e Sensoriamento a Fibras Ópticas em Sistemas Elétricos de Potência:
- Imunidade a ruídos eletromagnéticos;
- Compatibilidade inerente com tecnologias de telemetria e telecomunicação comerciais a
fibras ópticas preexistentes;
- Completo desacoplamento elétrico entre sistemas comunicados ou medidos e de medição;
- Maior capacidade de transferência de dados/ informações (ampla faixa de resposta em
freqüência + baixa atenuação)
- Possibilidade de usos múltiplos do enlace óptico.
- Dimensões e peso reduzidos (comparados aos cabos convencionais - peso 10 x menor)
- Intermodulação (ou diafonia) nula.
- Sigilo (vazamento ou ação externa sobre os sinais comunicados impossível sem danificação
do sistema).
A seguir faremos um breve relato histórico da evolução dos sistemas de comunicação óptica e
no próximo item descreveremos os componentes dos enlaces ópticos. Em seguida abordaremos os
sistemas de comunicação a fibras ópticas em si.

Evolução da
Eletrônica

conduziu ao desenvolvimento de que contribuiu para

- Tecnologia analógica Releamento Estático


- Tecnologia digital Monitoração e Controle Operativo do Sistema
Comunicação digital de dados
Releamento e Proteção
- Dispositivos Eletroópticos Fontes (LED e LD) e Detectores (PIN e APD)
- Telecomunicações (Enlaces via cabos, rádio freqüência, fibras ópticas, etc.)
Telemática, monitoração, supervisão

Figura 1.2 : Desenvolvimento da eletrônica e da óptica e suas áreas de contribuição para


os sistemas de potência
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- Tecnologia Analógica Proteção

- Tecnologia Digital Monitoração e Supervisão


Comunicação
- Fibras Ópticas Sensores Dispositivos
(Ópticos) de Medição
- Dispositivos Eletroópticos

Figura 1.3 : Distribuição e associação das novas tecnologias no atendimento às demandas


geradas pela evolução dos sistemas de potência
2 - Evolução dos sistemas de comunicação a fibras ópticas
Os primeiros sistemas de comunicação utilizados pelo homem caracterizaram-se pela baixa
taxa de informação transmitida, empregando como meio de transmissão o espaço aberto. Consistiam
basicamente de sinalizadores ópticos (bandeiras, tochas, lâmpadas, espelhos, etc) e acústicos
(tambores, trombetas, etc).
Com a invenção do telégrafo por F. B. Morse em 1938 inaugurou-se a era das comunicações
elétricas, sendo que o meio de transmissão era uma linha de cabos metálicos, a qual já é um meio
guiado. Nesta era surgiu a comunicação de áudio com a telefonia.
As comunicações elétricas ganharam o espaço aberto como meio de propagação com a
descoberta por Henrich Hertz em 1887 das ondas eletromagnéticas de comprimentos de onda longos
(ondas longas), tendo Guglielmo Marconi demonstrado o primeiro rádio em 1895.
A partir daí explorou-se o espectro eletromagnético para as comunicações em freqüências
cada vez maiores, visando aumentar a capacidade de transmissão de informação por canal. Este
processo conduziu ao aparecimento de enlaces de áudio, vídeo e dados em ondas longas, ondas curtas,
microondas e via satélites.
A figura 2.1 extraída de Keiser2 , mostra a porção do espectro eletromagnético utilizado para
telecomunicações e exemplos de suas aplicações. Os usos incluem telefonia, rádio em AM e FM,
televisão, rádios PX (faixa do cidadão), radar e satélites. A faixa de freqüências envolvidas abrange
dos 300 Hz aos 90 GHz.
Outra faixa importante é a das ondas ópticas, onde normalmente nos referimos não à
freqüência mas ao comprimento de onda. Ela vai dos 50 nm (ultravioleta) aos 100 mm (infravermelho
distante) aproximadamente.
A comunicação nesta região do espectro é atrativa pois, teoricamente, sua capacidade de
transmissão de informação é 105 vezes maior do que a dos sistemas em microondas, ou seja, algo em
torno de 10 milhões de canais de televisão.
O princípio fundamental da comunicação óptica, que é ter a luz como portadora da
informação, tem sido aplicado pelo homem ao longo da história das mais variadas formas. Um breve
relato sobre estas experiências encontrado no material do curso de Transmissão por fibras ópticas,
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da Pirelli, , relata que, já entre os gregos, Ésquilo, no século IV a.C. informa Argos da queda de Tróia
por meio de uma cadeia de sinais de fogo e Políbio, em II a.C., cria um código de sinais de fogo,
formado por dois dígitos e cinco níveis, capaz de representar todo o alfabeto grego.
Mais modernamente, no século XVII, Claude Chappe constrói um telégrafo óptico, baseado
em lunetas, ligando Paris a Strasburgo, que estão separadas por uma distância de 423 km.
Nestes primórdios o detector para a informação luminosa era o olho humano, e era o ser
humano quem processava a informação, ou seja, a recebia, interpretava e traduzia para uma outra
forma (sonora, gráfica etc).
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Ultravioleta 800 nm 15
10 Hz
Telefone
Visivel Fibras
-6 Ópticas Feixes de Dados
10 m Laser
2.55 µ m Vídeo
Infravermelho 14
10 Hz

Ondas 100 GHz


Milimétricas Navegação
1 cm Satélite - a - Satélite
Frequências Guias de Onda 10 GHz
Super Altas Relés a Microondas
(SHF) Microondas Terra - Satélite
10 cm Radar
Frequências
Ultra Altas 1 GHz
(UHF)

Frequência
TV em UHF
Comprimento de Onda

1m
Frequências Móvel, Aeronáutica
Muito Altas TV em VHF e FM 100 MHz
(VHF) Ondas Curtas
10 m Cabos Rádio Móvel
Altas Coaxiais
Frequências Comercial
(HF) Rádio Amador 10 MHz
100 m Internacional
Frequências Faixa do Cidadão
Médias
(MF) Radiodifusão em AM 1 MHz
1 Km
Baixas Aeronáutica
Frequências Ondas Longas Cabos Submarinos
(LF) 100 KHz
10 Km Navegação
Muito Baixas Par Rádio Transoceânico
Frequências 10 KHz
(VLF) Trançado
100 Km Telefone
Áudio Telégrafo

Figura 2.1 - Ocupação do espectro eletromagnético com comunicações e exemplos de


aplicações

A era das comunicações optoelétricas foi inaugurada por Graham Bell em 1880, quando este
patenteou o seu fotofone. Este interessante dispositivo "acústico-eletro-óptico", que podemos ver na
figura 2.2, concentrava a luz do Sol sobre um espelho móvel mecanicamente ligado a um diafragma
que recebia as vibrações sonoras a serem transmitidas. A luz refletida por este espelho, já modulada
em sua direção de propagação, era dirigida a um refletor parabólico, em cujo foco estava alojado um
fotodetector de Selênio. A corrente elétrica gerada por este componente era enviada a um fone
auricular de cristal (ou carvão).
Esse comunicador funcionava satisfatoriamente até uma distância de aproximadamente 200m,
em dias de sol. Justamente essa dependência das condições climáticas tornava-se o principal fator
limitante para o emprego das comunicações ópticas quando o meio propagante era o espaço livre.
A solução para esse problema somente surgiria em 1870, quando John Tyndall, citado em
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tutorial do IEEE Power Engineering Society, observa em laboratório o fenômeno da guiagem de um
feixe de luz num fluxo laminar de água que escapava pelo orifício de um barril iluminado por cima,
como ilustrado na figura 2.3.
A possibilidade de se guiar uma onda óptica por um caminho determinado sugeriu
imediatamente sua aplicação em comunicações, o que estimulou a pesquisa teórica a respeito do
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fenômeno. Hondros e Debye apud Keiser, desenvolveram e apresentaram em 1910 a teoria de guias
de onda dielétricos, que explicava a guiagem em termos da óptica geométrica e do eletromagnetismo.
Demonstrada a possibilidade de transmitir informações por um guia de onda, desenvolveu-se o
conceito de sistemas de comunicação ópticos, que têm a luz como portadora do sinal.
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Luz Solar

Transmissor Receptor
Espelho Refletor
Parabólico
Bocal
Fone
Diafragma Auricular
Modulador

200 m Foto-resistor
de Selênio

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Figura 2.2 : Fotofone de Graham Bell utilizando luz solar

Fluxo de agua

Raio de luz guiado

Figura 2.3 : Guiagem de luz em fluxo d'água observada por Tyndall

A figura 2.4 mostra o esquema de um sistema de comunicação óptico genérico. Nela se


percebe que os três elementos básicos do enlace são: o meio de transmissão (guia de onda), a fonte
luminosa e o detector óptico.
Na época em questão existiam limitações devidas aos três componentes.
Como fontes luminosas artificiais só se dispunha de lâmpadas incandescentes e de descarga
em gás, sendo ambas inadequadas para a aplicação por questões de direcionalidade, tamanho,
característica espectral, eficiência, etc.
Os detectores mais utilizados eram as válvulas fotomultiplicadoras, sendo que os fotodiodos de
estado sólido apenas começavam a ser desenvolvidos.
Quanto aos guias ópticos, a principal limitação era com relação à atenuação (a), definida como
a relação entre a potência de saída (Ps) e a de entrada (Pe) num trecho de caminho óptico. Em (1.1)
vemos como a atenuação é dada na unidade logarítmica deciBell (dB).
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Transmissor Receptor

Fonte
Luminosa Guia Óptico Detector
Ampl. Ampl.
Sinal Sinal
a ser p/ o Sistema
medido Conectores de medição

Figura 2.4 : Esquema de sistema óptico de comunicação genérico

a = 10 log P s (dB) (1.1)


Pe
Nessa época, a atenuação típica observada nos guias então construídos estava na faixa dos
2000 aos 3000 dB/km, muito longe dos 15 aos 30 dB/km dos cabos metálicos.
Seguiram-se então 40 anos de pesquisas sobre guias ópticos em vidro recoberto, buscando
reduzir esta atenuação para níveis aceitáveis, o que conduziu às primeiras fibras ópticas.
Na década de 60, várias descobertas e resultados de estudos deram novo impulso a este
processo. A descoberta do efeito Laser e a construção dos primeiros Lasers a gás forneceram uma
classe de fontes de luz de elevada coerência, direcionalidade, potência e pureza espectral, não só
adequadas ao acoplamento aos guias ópticos mas propícias para os estudos de diversos fenômenos e
efeitos ópticos antes inobserváveis, como a heterodinagem óptica, a holografia, etc. Posteriormente, o
desenvolvimento de fontes de estado sólido, como os diodos emissores de luz (LEDs) e os diodos
Laser (LDs), proporcionou um avanço definitivo nas facilidades de acoplamento mecânico e óptico
(aumentando a estabilidade e a eficiência das montagens) e de acionamento elétrico (permitindo a
modulação da potência óptica em maiores velocidades e em níveis de tensão e corrente mais baixos).
Ainda nessa década, Kao e Hockan, conforme o tutorial do IEEE Power Engineering
1
Society, efetuaram importante estudo demonstrando que a atenuação nos guias ópticos não depende
tanto do vidro, mas sim de suas impurezas. Demonstraram também que para uma atenuação de 20
dB/km as fibras ópticas já se tornariam economicamente competitivas com os cabos coaxiais.
Em 1970, a Corning Glass Works consegue obter uma fibra com atenuação menor que 20
dB/km, atuando no comprimento de onda da chamada primeira "janela" (região de baixa atenuação) da
fibra, por volta dos 850 nm, quando então se instala o primeiro enlace telefônico a fibras ópticas. Em
1975, a Corning Glass obtém fibras com atenuação menor que 5 dB/km operando na segunda janela,
em torno dos 1300 nm e em 1980 já se fabricam fibras com atenuação menor que 3 dB/km na
primeira janela e menor que 0,5 dB/km, muito próximo do limite teórico, na terceira janela, por volta
dos 1550 nm.
Paralelamente, o desenvolvimento dos detectores de estado sólido como os diodos PIN
(positivo-intrínseco-negativo) e os APD (fotodetectores por efeito avalanche), veio complementar os
componentes do enlace óptico e permitiu a instalação definitiva desta tecnologia na área das
comunicações e seu ingresso no terreno do sensoreamento.

3 - Componentes dos enlaces ópticos


Os enlaces ópticos, como pode ser visto na figura 1.6, compõem-se, a grosso modo, de três
partes: os transmissores (que incluem as fontes ópticas), o guia óptico (que geralmente baseia-se em
cabos ópticos) e os receptores (que incluem os detectores ópticos).
Neste item descrevem-se resumidamente as principais características de cada um destes
componentes e suas associações para formar um enlace a fibras ópticas.
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3.1 - As fibras ópticas

Fibras ópticas são guias de onda dielétricos de simetria cilíndrica que confinam radiação
eletromagnética na região das freqüências ópticas, ou seja, são estruturas não metálicas que possuem
uma direção característica ao longo da qual uma onda óptica inserida se propaga com pequena perda.

3.1.1 - Princípios de funcionamento

Para explicar o princípio de funcionamento deste tipo de guia existem basicamente duas
abordagens teóricas possíveis: a da óptica geométrica (ou de raios) e a da óptica ondulatória (que se
utiliza do eletromagnetismo de Maxwell). Ambas as abordagens são consistentes e tem suas
vantagens e limitações, como ocorre com qualquer modelamento,. sendo, em muitos aspectos,
consideradas complementares.
A abordagem geométrica é mais simples e de compreensão mais imediata, porém permite
apenas o entendimento básico do fenômeno da guiagem. Para explicar o aparecimento dos modos de
propagação e de outras propriedades particulares das fibras é necessário lançar-se mão do formalismo
eletromagnético completo.
Segundo a óptica geométrica a guiagem de um feixe, ou raio, de luz se dá através do
fenômeno da reflexão total, decorrente da Lei de Snell. Para descrever este fenômeno utiliza-se
como primeira aproximação um guia de ondas plano e simétrico. A descrição pode depois ser
estendida para os guias cilíndricos sem muita dificuldade.
Tomemos como exemplo o guia plano mostrado na figura 3.1, chamado simétrico porque os
índices de refração dos dois meios que envolvem o meio central (núcleo) são iguais. Nele, como em
qualquer estrutura óptica, vale a Lei de Snell, segundo a qual os ângulos de incidência e de refração
(ou transmissão) das ondas ópticas se relacionam com os índices de refração dos meios envolvidos
por:
nx × sen(θ x ) = ny × sen(θ y ) (3.1)
onde os ângulos q são definidos em relação à normal da interface entre os meios e n indica o
índice de refração do meio, que pode ser dado por:

n= velocidade da luznovácuo (3.2)


velocidade da luzno meio

θ2 Modo de casca

θc Modo guiado
eixo óptico θy

θa θx θa'
n1 = n u c l e o

n2 =casca

n a = ar

Figura 3.1 - Guia óptico plano simétrico

Da lei de Snell percebe-se que a direção de propagação da luz afasta-se da normal da


interface quando passa de um meio mais refringente para um menos refringente. Neste caso existirá
um ângulo de incidência menor que 90o para o qual o ângulo de refração será igual ou maior que 90o .
Quando isto ocorre deixa de haver feixe transmitido e diz-se que se dá a reflexão total. O mínimo
valor de ângulo de incidência para que tal ocorra é chamado de ângulo crítico, (qc). Para confinar a
luz ao longo de um guia como o da figura 3.1 é necessário então que: n1 > n2 > na.
No guia da figura 3.1, aplicando-se a lei de Snell ao ângulo qa e qa', teremos:
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na × sen(θ a ) = n1 × sen(θ a’ ) = n1 × cos(θ c ) =n1 1 − sen 2 (θ c ) (3.3)

Quando q2 for igual a 90o teremos:


n
θ 2 = 90 o → sen(θ c ) = n2
1
(3.4)

Substituindo (3.4) em (3.3) veremos que:

n22
na × sen(θ a ) = n1 × 1 − sen (θ c ) =
2
n21 − n21 × = n21 − n22 (3.5)
n21
Como na = 1, finalmente acharemos que:
½
sen(qc) = (n1 2 - n2 2 ) = NA (3.6)

A abertura numérica, NA, é um adimensional característico do guia de onda (ou da fibra)


que indica o máximo ângulo de insersão de luz em que ainda se dá o confinamento e q a é chamado
ângulo de aceitação pelo mesmo motivo.
Somente por esta abordagem seríamos levados a crer que o fenômeno do confinamento é
contínuo, ou seja, que para qualquer ângulo de inserção menor que q a a luz seria guiada praticamente
sem perdas, o que de fato não ocorre.
O problema com a abordagem geométrica é que ela não considera as informações de fase e
de polarização para ondas ópticas monocromáticas.
Pode-se incluir essas grandezas da óptica ondulatória neste modelo associando o feixe, ou
raio, de luz ao vetor normal a uma frente de ondas plana monocromática, que é chamado vetor de
onda e definido por:
→ →
K = K0 n (3.7)

onde: K0 = 2p / l0 , é o número de onda no espaço livre.


As equações de onda para os campos elétrico e magnético são dadas por:

 2 →2  →  2 →2  →
∇ + K  E = 0 ∇ + K  H = 0 (3.8)
   
cuja solução para a região do núcleo do guia na direção transversal, x, é do tipo:
Ψ 1 = Bcos (Kx1 x)+C sen(Kx1 x) (3.9)
Como se pode ver por (3.9) a fase da onda óptica varia linearmente conforme a onda se
desloca pelo meio, de forma que o atraso de fase, F, entre dois pontos A e B do meio, em linha reta,
será dado por:
Φ AB = K × AB (3.10)
onde K é a constante de fase da onda óptica no meio dado.
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Adicionalmente pode-se demonstrar, como faz Marcuse , que a cada reflexão a onda óptica
sofre um desvio discreto de fase que depende do coeficiente de reflexão entre os dois meios, o qual
depende inclusive da direção de polarização da onda incidente.
A figura 3.2 mostra uma frente de ondas plana se acoplando a um guia de ondas planar e
sofrendo reflexão total em suas interfaces sucessivamente. Nela as linhas tracejadas indicam as
frentes de onda planas, evoluindo na direção normal ao vetor de onda.
As frentes de onda são definidas como o lugar geométrico dos pontos que se propagam com
a mesma fase.
10

φ12
C B

eixo óptico .

A θ1 n1
D n2
φ12 na
D/tg θ1

Figura 3.2 - Condição de fase em guia planar - Lei ABCD

Para que haja fluxo de energia no guia, como os pontos A e C pertencem a uma mesma
frente de onda e os pontos B e D a outra, é necessário que o atraso de fase de A até B seja igual ao
de C até D. Porém deve-se considerar os desvios sofridos nas reflexões nos pontos C e D. Esta é a
chamada condição de fase, ou de ressonância transversal se considerar-mos apenas a componente
transversal das frentes de onda, e pode ser expressa por:

FAB = F12 + FCD + F12 + 2pN (3.11)

Apenas um número finito de valores para q 1 satisfarão esta condição para um determinado
conjunto dos parâmetros: diâmetro do núcleo (d), comprimento de onda da luz (l) e relação entre os
índices de refração do núcleo (n1 ) e da casca (n2 ). Estes ângulos definem os modos de propagação do
guia.
Este modelo simplificado para os guias planares pode ser transposto para os guias cilíndricos,
e para as fibras ópticas, em princípio, para permitir o entendimento do aparecimento dos modos
guiados. Para determinar precisamente os modos e os perfis de campos de cada modo na fibra é
necessário desenvolver todos os cálculos utilizando o formalismo eletromagnético as equações de
Bessel para satisfazer a condição de fase.

3.1.2 - Estrutura e características das fibras

A estrutura típica de uma fibra óptica pode ser vista na figura 3.3. Nela aparecem o núcleo,
que tem seu diâmetro na faixa dos 5 aos 50 mm, a casca, que o envolve imediatamente e tem
diâmetros na faixa dos 125 aos 250 mm, e o revestimento primário de material plástico ou silicone. As
dimensões citadas referem-se a fibras construídas com núcleo e casca de sílica, sendo que as de
material plástico tem diâmetros na faixa de 1 a 2 mm tipicamente.
As fibras ópticas classificam-se primeiramente quanto ao número de modos que comporta e
em seguida quanto ao perfil dos índices de refração do núcleo e da casca.
Quanto ao número de modos comportado as fibras dividem-se em monomodo, bimodais e
multimodo, sendo que as fibras bimodais não tem grande emprego em comunicações.
As fibras monomodo caracterizam-se por possuírem um núcleo com diâmetro reduzido, da
ordem de 5 mm (e por isto comportarem apenas um modo), e que apresenta índice de refração
constante ( o que caracteriza um fibra de índice em degrau).
Quanto ao perfil de índices, as fibras multimodo podem ser de índice degrau ou gradual. O
índice de refração da casca é sempre constante e ligeiramente inferior ao do núcleo. Nas de índice
degrau o índice de refração do núcleo é também constante sendo a diferença entre ele e o da casca
da ordem de 10-2 a 10-3.
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Núcleo

Casca

Revestimento Primário

Figura 3.3 - Estrutura típica de uma fibra óptica

Nas fibras de índice gradual o índice de refração do núcleo varia em função do raio da fibra
segundo a relação:
α
n(r) = n  1 −  ar  × ∆  (3.10)
 
onde: n é o índice de refração da casca, a é o diâmetro do núcleo, a é o chamado coeficiente
de otimização e D é a diferença entre o índice de refração da casca e o do centro da fibra. Em geral o
perfil obtido nas fibras comerciais é aproximadamente parabólico.
A figura 3.4 mostra os perfis de índice de refração para os principais tipos de fibra.
n

Índice em Degrau Índice Gradual Índice em Degrau


Multimodo Monomodo

~50 ~50 5~10 Ø (µm)


~125 ~125 ~125

Figura 3.4 - Perfis de índice de refração dos principais tipos de fibras

O perfil de índice gradual foi criado para diminuir a distorção dos pulsos luminosos por
dispersão modal presente nas fibras multimodo. Este efeito surge porque a energia de um pulso
luminoso quando acoplada à fibra se distribui entre os vários modos. Como cada modo propaga-se por
um percurso diferente ao longo da fibra a velocidade e o tempo de propagação da energia transmitida
em cada modo é diferente. Quando o pulso luminoso deixa a fibra as energias dos diversos modos se
combinam dando origem a um pulso mais "alongado".
A figura 3.5 mostra esquematicamente os percursos e as formas de onda dos pulsos nas
fibras multimodo.
Além da modal há mais dois tipos de dispersão que contribuem para a deformação dos pulsos
nas fibras ópticas: a cromática e a do material.
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Impulso Impulso
Luminoso Luminoso
de Entrada de Saída
a) Fibra Multimodo Índice Degrau

Impulso Impulso
Luminoso Luminoso
de Entrada de Saída
b) Fibra Multimodo Índice Gradual

Impulso Impulso
Luminoso Luminoso
de Entrada de Saída
c) Fibra Monomodo

Figura 3.5 - Espalhamento nas fibras multimodo e monomodo

A dispersão cromática deve-se à não monocromaticidade da fonte luminosa. Como nenhuma


fonte de luz real emite apenas uma única linha espectral, mas apresenta uma largura de faixa em
torno de um comprimento de onda central e como a velocidade de propagação da luz depende de seu
comprimento de onda, a energia de um pulso luminoso distribuída neste espectro de freqüências, ao
ingressar na fibra irá se espalhar no espaço e se deformar no tempo, mesmo que só haja um modo de
propagação.
A dispersão do material é devida à não linearidade do índice de refração do material do
núcleo em relação ao comprimento de onda da luz, gerada por microvariações na estrutura cristalina
deste material.
Estes dois últimos tipos de dispersão tornam-se particularmente importantes em fibras
monomodo, pois nas multimodo a dispersão modal costuma ser muito maior que ambas e mascara-las.
É possível obter fibras monomodo com dispersão total próxima de zero, para um determinado
comprimento de onda, atuando sobre a dispersão do material a fim de contrabalançar a dispersão
cromática. Tais fibras, chamadas fibras "shiftadas", vem se tornando importantes para as
comunicações por sua maior capacidade de transmissão de informações.
Outra característica importante das fibras ópticas é a atenuação, a, já citada anteriormente.
3
Os mecanismos que influem na atenuação, conforme exposto no material da Pirelli, , podem ser vistos
de forma esquemática, na figura 3.6.
As perdas de potência óptica na transmissão podem ser causadas basicamente por absorção
ou por espalhamento.
As perdas por absorção devem-se à presença de impurezas ou ions de OH- na composição do
vidro do núcleo.
As perdas por espalhamento podem ser causadas por microcurvaturas na superfície da fibra,
irregularidades na deposição dos materiais do núcleo ou da casca ou por flutuações na composição do
material do núcleo.
O comportamento da atenuação de uma fibra multimodo índice gradual típica em função do
comprimento de onda da luz transmitida pode ser visto na figura 3.7 a seguir, onde comparecem as
contribuições de cada mecanismo citado.
13

Figura 3.6 - Mecanismos que influenciam a atenuação nas fibras

O espalhamento de Rayleigh, causado por variações no índice de refração do material


ocorrendo em distâncias pequenas em relação ao comprimento de onda da luz guiada, é proporcional à
1/ l4 e é tido como sendo o limite mínimo para a atenuação do vidro.
As regiões desta curva em que se apresentam os mínimos de atenuação são chamadas
"janelas" das fibras e situam-se em torno de 850, 1300 e 1550 nm.
Além destes fatores geradores de perdas originados nos processos de fabricação das fibras há
outros oriundos do manuseio, tais como as macrocurvaturas, emendas e conexões.
As macrocurvaturas afetam principalmente as fibras multimodo ocasionando perda de energia
dos modos superiores de propagação.

Figura 3.7 - Curva de atenuação para fibra índice gradual típica

A figura 3.6 mostra também algumas das causas de desalinhamentos que contribuem para
perdas nas emendas e conexões, tais como: ovalização e excentricidade do núcleo, variação dos
diâmetros das fibras e inclinações nos cortes das terminações.
14
3.2 - Emissores e transmissores ópticos
Para a construção de um sistema de comunicações ópticas, como visto na figura 1.6, faz-se
necessária uma fonte luminosa, ou emissor, para excitar o enlace e um aparato eletrônico para
modular esta fonte, o transmissor.

3.2.1 - Os emissores ópticos


Resumidamente, as características desejadas para os emissores são:
- Potência óptica elevada;
- Alta direcionalidade (para aumentar a eficiência do acoplamento fonte-fibra);
- Comprimento de onda emitido nas "janelas" da fibra;
- Pequena largura de faixa espectral emitida (ou alta monocromaticidade);
- Elevada velocidade de resposta;
- Baixa sensibilidade à temperatura;
- Baixo custo;
- Tempo de vida longo.
Já nos primórdios das pesquisas com o desenvolvimento de sistemas a fibras ópticas dois
dispositivos semicondutores de estado sólido mostraram-se detentores da maioria dessas
características e fortes candidatos à seleção na maioria das aplicações: os diodos emissores de luz
(LED) e os diodos laser de injeção (LD). Mais recentemente surgiu uma nova opção com o
aparecimento dos lasers miniatura de Nd-YAG estimulados por LED, estes dispositivos no entanto
ainda são dispendiosos e apresentam dificuldades de modulação, o que remete para o futuro suas
possibilidades de aplicação corrente.
A figura 3.8 mostra a estrutura típica de um LED. O dispositivo consiste de um certo número
de camadas de material semicondutor algumas positivamente dopadas outras negativamente dopadas.

Figura 3.8 - Diagrama esquemático de um LED tipo Burrus

Onde uma camada positivamente dopada aparece junto a uma negativamente dopada tem-se
uma junção p-n. Quando eletrons e lacunas são injetados na junção, pela aplicação de corrente na
direção de polarização direta, eles se recombinam e oferecem ao meio uma energia igual à carga do
elétron multiplicada pela diferença de energia (em volts) entre as bandas de valência e de condução do
material. Esta energia pode ser liberada na forma de fótons (luz) ou de vibração mecânica do retículo
cristalino do material (calor).
15
Este processo de geração de fótons é aleatório, não coerente e não direcional, sendo portanto
de eficiência relativamente baixa. A figura 3.9 mostra as curvas de potência óptica total de saída
versus corrente aplicada num LED de GaAlAs típico.

Figura 3.9 - Potência óptica de saída versus corrente aplicada para um LED de GaAlAs típico

Tanto os LED quanto os LD podem ser fabricados a partir de vários sistemas de materiais
semicondutores, o que permite selecionar o comprimento de onda desejado para a emissão. Os
dispositivos baseados em Arseneto de Gálio e Alumínio por exemplo podem emitir na faixa de
comprimentos de onda entre 800 e 900 nm, já os fabricados com Fosfato Arseneto de Índio e Gálio
podem emitir na faixa de 1000 a 1600 nm. Ambos podem ser modulados pela corrente de alimentação
(modulação direta) em freqüências que podem chegar desde os 20 MHz a 1 GHz para os LEDs e dos
5 aos 10 GHz para os mais rápidos LDs.
A figura 3.10 mostra o esquema de um LD típico, cuja estrutura também é multicamadas mas
na forma de um guia canal. A luz produzida na região central (ativa) do dispositivo é guiada devido ao
seu índice de refração ser maior que o das regiões adjacentes, assim a emissão de luz se dá pelas
laterais do dispositivo.

Figura 3.10 - Diagrama esquemático de um LD típico


16
5
Como bem coloca Parsonick, , um laser é um oscilador, ao contrário de um LED que é uma
fonte de ruído óptico de faixa definida. Para se obter uma oscilação são necessários: ganho,
realimentação e saturação.
A natureza sempre provê saturação, o ganho é obtido injetando-se corrente suficientemente
alta na junção, de forma que a condição chamada inversão de população de portadores se
estabeleça na camada ativa.
Quando elétrons e lacunas se recombinam há um breve intervalo de tempo, chamado estado
meta-estável, em que o par está pronto para emitir um fóton mas em que ainda não o fez. Se durante
este período um fóton preexistente passar pelas imediações do par aquele pode estimulá-lo a emitir sua
energia somando-a sincronizadamente ao campo preexistente. Desta forma o campo elétrico
preexistente, que caracteriza o fóton, cresce em amplitude à medida que se propaga pelo meio.
O processo inverso também ocorre, quando um fóton trafegando pelo meio é absorvido
gerando um par elétron-lacuna que dará origem a uma corrente fotoelétrica. A realimentação torna-se
necessária para garantir que entre estes dois processos concorrentes predomine o da emissão
estimulada. Dois mecanismos são utilizados concomitantemente para prover esta realimentação: o
confinamento da luz gerada, já citado, e a reflexão parcial, desta luz confinada, nas extremidades do
guia. Para obter tal reflexão superfícies perpendiculares são cortadas (pelo processo de marcação e
quebra) em cada uma das extremidades do dispositivo, o que produz nestas interfaces entre o material
semicondutor e o ar um coeficiente de reflexão de aproximadamente 30%, suficiente para estabelecer
a realimentação necessária para o aparecimento do efeito laser.
A figura 3.11 mostra as curvas de resposta da potência óptica de saída em função da corrente
injetada para um diodo laser de GaAlAs típico. Pode-se ver que os LDs se comportam como LEDs
para baixas correntes e mostram uma inclinação acentuada quando atingem a região laser, entre os 40
e 50 mA.

Figura 3.11- Potência óptica de saída versus corrente injetada para um LD de GaAlAs típico.

Pelas curvas mostradas em 3.10 e 3.11 pode-se facilmente ver que a dependência com a
temperatura é muito mais acentuada nos LDs que nos LEDs, sendo que a potência óptica de saída dos
LDs pode variar mais de 10 vezes quando a temperatura oscila entre 0 e 70 o C, necessitando
geralmente de circuitos eletrônicos externos para estabilização de temperatura.
Com relação à velocidade de modulação os LEDs são mais lentos que os LDs porque neles a
vida média dos portadores no estado metaestável é usualmente maior e porque seu decaimento é livre.
17
Os LDs apresentam um tempo de resposta menor porque, entre outras coisas, todos os pares de
portadores excitados são estimulados a decair e emitir, de forma sincronizada, rapidamente.
A vida útil dos LEDs costuma ser maior que a dos LDs e seu custo muito mais reduzido, o
que aliado a suas outras características recomenda-o para aplicações que requerem baixas taxas de
comunicação e onde a economia é um fator limitante.
Quanto à direcionalidade da luz emitida os LDs apresentam uma característica muito superior
pela sua própria construção, proporcionando maior eficiência no acoplamento direto às fibras ópticas.
A figura 3.12 mostra esquematicamente os lóbulos de emissão para os dois dispositivos.

Figura 3.12 - Lóbulos de emissão para os LEDs e para os LDs

A tabela da figura 3.13, a seguir, resume de forma comparativa as características dos LEDs e
dos LDs.

LASER LED
> Potência óptica > Estabilidade térmica
> Velocidade de resposta > Maior vida útil
< Largura espectral < degradação
< Ruído < Custo
< Consumo < Complexidade de circuitos

Figura 3.13 - Quadro comparativo das vantagens entre LEDs e LDs

3.2.2 - Os trans missores ópticos

O transmissor óptico é o circuito eletrônico, do qual o emissor é um elemento integrante, cuja


função é interfacear o sistema de comunicações ópticas com os equipamentos que produzem os sinais
a serem transmitidos.
As características mais importantes no projeto de transmissores ópticos são:
- Consumo de potência,
- Largura de banda de modulação;
- Tensões de alimentação disponíveis;
- Proteções contra sobretensões e transitórios;
- Casamento de impedâncias;
- Estabilização contra flutuações de temperatura.
Adicionalmente, no caso de modulação analógica, deve-se considerar quão plana e linear deve
ser a curva de resposta com a freqüência do transmissor.
Como já foi mencionado, os circuitos acionadores requeridos pelos LEDs são mais simples
devido à sua maior linearidade e estabilidade térmica.
Os dois tipos básicos normalmente utilizados são o série e o paralelo, que podem ser vistos na
figura 3.14 partes (a) e (b), enquanto que um exemplo de tipo shunt com circuito de aceleração é
mostrado na parte (c).
18

Vc Vc Vc

50 Ω
LED LED
Porta
TTL
LED
500Ω
50Ω

(a) (b) (c)


Figura 3.14 - Exemplos de circuitos simples para modulação de LEDs:
(a) tipo série, (b) tipo paralelo e (c) tipo série com circuito acelerador

Os circuitos utilizados para acionar os LDs são mais complexos do que os utilizados para os
LEDs não só por necessitarem de uma compensação de temperatura mas também por terem de
incluir alguma proteção contra transientes, já que os LDs são muito mais sensíveis que os LEDs a
eles, e por operarem em velocidades de modulação maiores.
Como pode-se ver pelas curvas de operação mostradas na figura 3.11, um LD necessita de
uma corrente de polarização ajustável que o mantenha emitindo a uma potência constante ainda que o
ponto de operação varie devido a mudanças de temperatura.
Este controle geralmente é feito por meio de um detector colocado na face posterior do LD (a
fibra é conectada à face anterior do dispositivo). A figura 3.15 mostra um exemplo de acionador típico
para LDs onde comparece o sistema de estabilização da potência óptica emitida por malha fechada.
Em alguns circuitos acionadores utilizam-se resfriadores termoelétricos por efeito Peltier para
ajustar o ponto de trabalho do laser.
Resfriando-se o LD consegue-se diminuir a corrente de polarização necessária para mante-lo
emitindo uma determinada potência.

CALCULADOR CALCULADOR
DE MÉDIA
+ DE MÉDIA

-
- + DETECTOR
REFERÊNCIA LOCAL

ACIONADOR
LASER PARA A
FIBRA

Figura 3.15 - Diagrama de blocos de um acionamento típico para LDs com realimentação.

3.3 - Os detectores e os receptores ópticos

Como terceiro elemento constituinte dos enlaces ópticos, os receptores ópticos são os
circuitos responsáveis pelo interfaceamento dos sistemas de comunicação ou sensoreamento óptico
com os equipamentos que utilizam ou processam as informações por eles transmitidas, dos quais os
detectores ópticos são parte integrante.
19
3.3.1 - Os detectores ópticos

Os detectores são dispositivos capazes de converter sinais ópticos em elétricos.


As características desejadas para os detectores ópticos são:
- Alta sensibilidade;
- Elevada responsitividade r = I s (A/W)  ;
 P0 i (λ) 
- Sensibilidade aos comprimentos de onda das janelas da fibra;
- Baixos ruídos ( branco e devido à corrente escura);
- Elevada velocidade de resposta;
- Baixo custo.
Há várias alternativas para se implementar dispositivos desta natureza, porém os que se
tornaram mais populares foram os fotodetectores semicondutores de estado sólido: os chamados
diodos PIN e os fotodiodos por efeito avalanche, ou APDs.
Ambos baseiam-se no processo de absorção de fótons por uma junção semicondutora com a
conseqüente geração de pares elétron - lacuna. Estes pares, na presença de um campo elétrico
aplicado, ou seja, com a junção reversamente polarizada, fluem produzindo uma corrente externamente
observável. Este processo pode dar origem a detectores com tempos de resposta da ordem de
dezenas de picosegundos.
A figura 3.16 mostra o princípio de funcionamento do dispositivo semicondutor mais simples
operando segundo esse processo: um fotodiodo p-n reversamente polarizado.
Na ausência de luz apenas uma pequena corrente de fuga flui através da junção, devida à
geração térmica de pares eletron-lacuna, sendo geralmente chamada corrente escura.
Quando iluminado por luz de comprimento de onda (l) adequado, ou seja, por fótons de energia
(hf) adequada, estes são absorvidos e pares elétron-lacuna são gerados, na relação de um par por
fóton absorvido. Estes pares são separados pelo campo de polarização reversa e dão origem à uma
corrente de condução observável num circuito de carga externo na proporção de uma carga de elétron
(e) por par.

+
Carga
-

Luz
p n
Incidente

Campo
Elétrico

Região de Região de
deplexão difusão

Região de
absorção

Figura 3.16 - Princípio de funcionamento de um fotodiodo p-n.

As três regiões identificáveis no fotodetector são: a região de absorção, que se estende desde
a face onde a luz é recebida até a profundidade em que sua maior parte já foi absorvida (digamos
99%); a região de deplexão, em que os portadores de carga estão imobilizados pelo campo de
polarização reversa (o qual também é responsável pela aceleração dos portadores criados nesta
região) e a região de difusão, em que não há campo elétrico apreciável.
Como características de projeto o que se deseja de um fotodetector é que a região de
absorção seja suficientemente profunda para absorver praticamente toda luz incidente mas que
também os pares criados produzam sua corrente de condução rapidamente, para que a resposta do
dispositivo seja rápida. Portanto requer-se que a região de deplexão, onde os portadores são
acelerados, se estenda por toda região de absorção.
A profundidade da região de deplexão cresce com a raiz quadrada da tensão de polarização
aplicada e com o inverso da raiz quadrada do nível de dopagem do material tipo n.
20
Como há limites práticos para a tensão de polarização da junção, que se situa em torno de
algumas centenas de volts, a solução para ampliar a região de deplexão é adicionar uma camada de
material levemente n-dopado logo à direita da junção, tão levemente dopado que se assemelha a um
material intrínseco (tipo i).
Devido à dificuldade de se fazer um bom contacto metálico não retificador com um material
levemente dopado, uma camada de material fortemente n-dopado é adicionada ao lado esquerdo da
estrutura, o que nos conduz, finalmente, a uma configuração p-i-n (p- dopado, intríseco, n-dopado),
como a mostrada na figura 3.17.
A performance de um fotodetector é medida pela eficiência com que ele converte potência
óptica em corrente elétrica e pela sua velocidade de resposta. A eficiência de conversão é
caracterizada por duas grandezas equivalentes: a eficiência quântica (h) e a reponsitividade (r).

+
Carga Saída
-

Luz
p i (levemente n-dopado) n
Incidente

Campo
Elétrico

R e g i ã o d e deplexão
R e g i ã o d e absorção

Figura 3.17 - Princípio de funcionamento do fotodetector tipo PIN

A primeira é dada pela fração de fótons incidentes que produz pares elétron-lacuna
aproveitáveis, isto é, que não se recombinam antes de gerar corrente de condução observável, sendo
portanto um número sempre não maior que a unidade.
A segunda é definida como a relação entre a corrente de deslocamento produzida pelo
detector e a potência óptica nele incidente. No sistema de unidades MKS sua unidade é
(amperes/watt).
A corrente de deslocamento é igual ao número de pares elétron-lacuna gerados no detector
multiplicado pela carga do elétron (e) e a potência óptica incidente é igual ao número de fótons por
segundo que atinge o detector multiplicado pela energia de cada fóton (hf). Assim a responsitividade
pode ser dada em função da eficiência quântica por: r = h e / hf.
Numericamente a eficiência quântica (adimensional) e a responsitividade (A/W) se
assemelham para comprimentos de onda próximos de 1 mm, pois a relação e / hf neste caso fica em
torno de 0,8. Por exemplo a uma eficiência quântica de 0,7 corresponde uma responsitividade de 0,56
A/W.
Os tempos de resposta típicos para fotodetectores PIN na faixa de comprimentos de onda de
0,8 a 0,9 mm estão em torno de 0,5 ns, enquanto que para a faixa dos 1,00 aos 1,55 mm podem ficar
abaixo dos 100 ps.
A diferença entre os fotodetectores PIN e os APDs está na utilização do efeito de
multiplicação dos pares de portadores pelos últimos.
A figura 3.18 mostra sua estrutura e princípio de funcionamento. Neste dispositivo os níveis de
dopagem das camadas próximas à junção são ajustados para formar uma região onde o campo elétrico
torna-se muito elevado sob polarização reversa.
Quando um fóton é absorvido na região tipo i o elétron resultante, ao atravessar a região de
campo elétrico intenso, é fortemente acelerado podendo por colisão gerar novos pares de portadores
que, também acelerados, poderão repetir o processo de ionização sucessivamente. A corrente de
deslocamento final, gerada pela multiplicação de pares a partir de um único fóton, é muito maior que a
que se geraria num fotodiodo tipo PIN.
21

+
Carga Saída
-

Luz
n p i (levemente p-dopado) p
Incidente

Campo Região de
Elétrico campo R e g i ã o d e deplexão
elétrico
intenso

Figura 3.18 - Estrutura e princípio de funcionamento de um fotodetector tipo APD

Este processo de multiplicação de pares é estatístico e são necessários um cuidadoso projeto e


um rigoroso controle de processo de fabricação para produzir APDs com uma relação satisfatória
entre a taxa de multiplicação e o ruído característico associado à natureza estatística do processo de
multiplicação.
A taxa de multiplicação depende também, de forma não linear, diretamente da tensão de
polarização aplicada e inversamente da temperatura da junção. Altas temperaturas tornam pequeno o
livre caminho médio entre colisões de portadores de carga em movimento, reduzindo as chances de
ocorrem colisões ionizantes (multiplicação). Esta dependência com a temperatura torna difícil polarizar
o dispositivo para altas taxas de multiplicação de maneira estável, fazendo com que receptores que
utilizam APDs tenham que incorporar alguma correção de temperatura para compensá-la.
Os APDs são fabricados em silício, germânio e InGaAsP, tanto para comprimentos de onda
curtos quanto longos.
A velocidade de resposta dos APDs também depende fortemente da tensão de polarização.
Para baixos valores de tensão reversa o campo, responsável pela aceleração dos portadores, apenas
se estabelece na região de grande intensidade, permanecendo praticamente nulo na região tipo i, o que
torna o detector lento. A medida que se aumenta a tensão de polarização o campo se estende pela
região intrínseca e o dispositivo se torna rápido.

3.3.2 - Os receptores ópticos

Os receptores ópticos consistem numa combinação de um detector com um pré-amplificador


que possa interfacea-lo otimamente com a eletrônica convencional, de forma que o conjunto
apresente: alta sensibilidade (pequena potência óptica incidente requerida para uma dada
performance), adequada faixa dinâmica (capacidade de responder fielmente à toda faixa de
intensidades de potência óptica incidente esperada), adequada resposta em freqüência e adequado
interfaceamento ao circuito eletrônico adjacente (em Impedância, níveis de tensão, corrente, potência,
etc). Isto tudo o pré- amplificador deve ser capaz de fazer adicionando o menor nível de ruído
possível.
O esquema básico empregado nos receptores ópticos mais simples pode ser visto na figura
3.19 (a) e seu circuito eletrônico equivalente na figura 3.19 (b), onde Cd é a capacitância da junção, Rs
é a resistência série do diodo, RL é a resistência de carga e RA e CA são respectivamente a resistência
e a capacitância de entrada do amplificador.
R
S
fotodiodo Ganho
Tensão de
polarização
+
RA
amplificador R Cd RL CA
RL de baixo
-
ruído

Figura 3.19 - Diagrama esquemático (a) e circuito eletrônico equivalente (b) de um receptor
óptico simples
22
O processo de fotodetecção é representado pela responsitividade, R amperes/watt, do
detector.
Há basicamente dois tipos de ruídos que afetam a performance dos receptores: o ruído
quântico do detector e o ruído térmico do pré-amplificador. Nos fotodetectores tipo APD temos ainda
um fator de excesso de ruído devido à multiplicação de portadores pelo efeito avalanche.
O ruído quântico é devido à própria natureza estatística do processo de geração de pares na
junção, que obedece uma distribuição de Poison e o ruído térmico do pré-amplificador origina-se nos
componentes resistivos do mesmo.
A relação sinal-ruído na saída do pré-amplificador quando se utiliza um APD é dada então
por:

SNR = aP2r G 2 [N a + bPrG 2 F(G)] −1 (3.11)


onde: a e b são constantes, Pr é a potência óptica recebida (watts), G é o ganho médio de avalanche
do APD, F(G) é o fator de excesso de ruído devido ao efeito avalanche e Na é a variância do ruído do
pré-amplificador.
Pode-se definir o parâmetro Z para avaliar a figura de ruído do receptor por:

ruído na saída em r ms σ
Z= = υo (3.12)
e
reposta na saída a um par elétron-lacuna

Quando Z é menor que a unidade é possível observar um sinal de saída devido a um par
elétron-lacuna individual gerado na junção, caso contrário apenas o efeito cumulativo de um grupo de
pares gerados poderá ser percebido sobre o ruído de fundo do receptor.
Os pré-amplificadores mais simples são integrativos por utilizarem um capacitor para o
desacoplamento do nível dc do detector, como o tipo FET mostrado na figura 3.20 (a).
Pré-amplificadores projetados para minimizar o parâmetro Z geralmente apresentam uma
faixa dinâmica estreita. Para aumentar a faixa dinâmica do pré-amplificador várias abordagens tem
sido propostas, como por exemplo a configuração de transimpedância, cujo princípio pode ser visto na
figura 3.20 (b).

(a) (b)
Figura 3.20 - (a) Pré-amplificador tipo FET e (b) pré-amplificador de transimpedância.

Os pré-amplificadores de transimpedância em geral possuem nível de ruído maior que os


integrativos feitos com os mesmos componentes devido à resistência da malha de realimentação,
portanto há sempre um compromisso entre a faixa dinâmica desejada o nível de ruído tolerável a ser
respeitado.
No caso dos APDs os circuitos tornam-se mais complexos devido à malha de controle de
ganho requerida. A figura 3.21 mostra um exemplo deste tipo de circuito.
23

Figura 3.21 - Controle por realimentação do ganho de um APD.

A performance de um receptor é usualmente medida em termos de sua sensibilidade, ou seja,


da mínima potência óptica requerida para extrair com fidelidade uma informação contida num sinal
óptico modulado. Esta sensibilidade depende da freqüência de modulação, para os sistemas analógicos,
ou da taxa de informação transmitida para sistemas digitais e pode ser dada na forma de gráficos,
como o da figura 3.22.

Figura 3.22 - Performance típica de um receptor x taxa de transmissão (Bit Rate)

4 - Tipos, características e critérios de projeto dos sistemas de comunicação a fibras ópticas

Os sistemas de comunicação a fibras ópticas dividem-se primeiramente em analógicos e


digitais. Os critérios ao projeto, especificação e avaliação destes sistemas, no entanto, estão ligados às
características das fibras, dos transmissores e dos receptores e valem para ambos. Neste sentido as
principais características de interesse são a atenuação e a dispersão.
Essas características limitantes influem na análise dos requisitos de um enlace óptico qualquer,
que são:
- A distância desejada (ou possível) de transmissão);
- A taxa de transmissão de dados ou largura de banda do canal;
- A taxa de erro na comunicação ( bit error rate - BER- para sistemas digitais)
Há duas configuração básicas de enlace, tanto para sistemas analógicos quanto para os digitais: os
dedicados ponto-a-ponto e os conectados em redes (locais ou remotas).
No próximo item abordam-se primeiramente os critérios para análise de desempenho dos
enlaces ponto-a-ponto pois estes são aplicáveis, com adaptações , às redes.
Vários sistemas de multiplexação são empregados para aumentar o número de canais de
comunicação num mesmo canal físico. Estes também podem ser empregados tanto em sistemas
analógicos como em digitais, e serão descritos em seguida, no item 5.
24
Nos sistemas analógicos são empregadas várias técnicas de modulação dos sinais. Estas
serão apresentadas no item 6. Já para os sistemas digitais normalmente emprega-se apenas a
modulação direta por intensidade óptica associada a variados sistemas de codificação de dados, os
quais serão abordados no item 7.
Ao final serão citados os sistemas de transmissão coerentes pois esta técnica ainda
experimental promete representar um acréscimo substancial à capacidade de comunicação dos
enlaces ópticos.

4.1 - Enlaces ponto-a-ponto

4.1.1 - Parâmetros para análise dos sistemas

Para satisfazer os requisitos de um enlace ópticos as seguintes características de cada um de


seus componentes devem ser analisadas:
1- Fibra óptica (multimodo ou monomodo):
(a) Diâmetro do núcleo;
(b) Perfil de índice do núcleo;
(c) Dispersão;
(d) Atenuação;
(e) Abertura numérica
2- Fonte óptica (LED ou LD):
(a) Comprimento de onda de emissão;
(b) Largura da linha espectral;
(c) Potência óptica emitida;
(d) perda no acoplamento com a fibra
3- Fotodetector (PIN ou APD):
(a) Responsitividade;
(b) Comprimento de onda de operação;
(c) Velocidade de resposta;
(d) Sensibilidade

A forma de considerar estes parâmetros, já vistos anteriormente, é balisada normalmente por


dois tipos de análise: a do balanço de potência dos enlace, que avalia as perdas envolvidas no mesmo,
e o balanço dos tempos de resposta (ou subida), que avalia sua capacidade de transmissão.

4.1.2 - Balanço de potência

Um modelo para considerar as perdas de potência óptica num enlace ponto-a-ponto é


mostrado na figura 4.1. Nela se considera que a perda total ao longo do percurso deriva de
contribuições parciais da fibra, das emendas dos acoplamentos e dos conectores. Cada um destes
elementos de perda é expresso em decibéis (dB) por : Perda = 10 log Pout / Pin .

Transmmissor Receptor
Emendas Fibras Ópticas
Conector Conector

Fonte
Óptica
... Foto-
α α α α detector
l f
lsp f
lsp l f
lsp f l
Terminação c c c Terminação
da Fibra da Fibra
Conector Opcional

Figura 4.1 - Modelo para perdas ópticas num enlace ponto-a-ponto. As perdas ocorrem nas
conexões (lc), nas emendas (lsp ) e na fibra (af).
25
Adicionalmente a estas perdas considera-se uma margem de segurança para perdas futuras
por variações térmicas, envelhecimento, etc, na faixa de 6 a 8 dB.
O balanço de potência óptica considera simplesmente que a perda total no percurso PT é igual
à diferença entre a potência que emerge da fonte de luz para a fibra PS e a sensibilidade (em dB) do
detector PR, estando distribuída entre os elementos de perda e a margem de segurança, sendo dada
portanto por:

P T = PS - PR = 2 lc + n lSP + af L + margem do sistema (4.1)

onde: lC é a perda em cada conector, lSP é a perda em cada emenda, af é a atenuação da fibra óptica e
L é o comprimento total do enlace.
A seguir, apresentamos um exemplo prático para ilustrar a forma de utilização do balanço de
perdas no projeto de um enlace. Pode-se começar especificando uma taxa de dados de 20 Mb/s e
uma taxa de erro de bit (BER) de 10-9 ( ou seja, no máximo pode ocorrer um erro a cada 109 bits
enviados). Para o receptor pode-se escolher um fotodiodo pin de silício operando a 850 nm. Da figura
4.2, que mostra as curvas típicas de sensibilidade de vários detectores (em dB) em função da taxa de
transmissão de dados (em Mb/s), obtém-se que o sinal de entrada requerido pelo receptor é -42 dB
(42 dB abaixo de 1 mW).
A seguir, seleciona-se um LED de GaAlAs que pode acoplar uma potência óptica média de
50 mW (-13 dBm) na face livre de uma fibra de 50 mm de diâmetro de núcleo. Tem-se então uma
perda de potência permissível de 29 dB. Assume-se também que uma perda de 1 dB ocorre quando a
fibra é conectada a um cabo e que mais 1 dB de perda devida a um conector ocorre na interface
cabo-fotodetector.
Incluindo-se uma margem de 6 dB para o sistema, a distância de transmissão possível para
um cabo com uma atenuação de af dB/km pode ser encontrada da equação 4.1:

P T = PS - PR = 29 dB = 2 (1 dB) + af L + 6 dB (4.2)

Figura 4.2 - Sensibilidade de um detector em função da taxa de transmissão.

Se af = 3,5 dB/km, então é possivel construir-se um caminho de transmissão de no máximo 6


km de comprimento.
O balanço de potência óptica no enlace pode ser representado graficamente como mostra a
figura 4.3 para o exemplo calculado acima.
26

Figura 4.3 - Exemplo gráfico de balanço de potência óptica num enlace ponto-a-ponto.

4.1.3 - Balanço dos tempos de resposta (ou subida) do enlace

O balanço dos tempos de resposta do sistema, muito simplificadamente, considera que o


tempo de resposta total do sistema será a raiz da soma quadrática dos tempos de resposta individuais
de cada um de seus componentes. Assim o mesmo será dado por:
 N 2
1/2
t SYS = Σ t i (4.2)
 i =1 
Para o somatório descrito por (4.2) contribuem, assumindo a variável ti , os seguintes termos:
tTX - tempo de subida do transmissor;
tMAT - tempo de subida da dispersão cromática e do material da fibra;
tMOD - tempo de subida da dispersão modal da fibra;
tRX - tempo de subida do receptor
350
Para o tempo de subida do receptor pode-se utilizar a expressão empírica: tRX = BRX
, em que
BRX é a banda passante do receptor.
Dependendo da taxa de comunicação pretendida para o enlace um dos fatores será limitante
para a distância máxima do enlace. A figura 4.4 mostra um exemplo das curvas limite de distância de
enlace para um sistema operando com uma fibra de 400 MHz . Km, com um LED como fonte de luz
emitindo em 800 nm e um fotodetector tipo PIN de silício.

Figura 4.4 - Exemplo de limite de distância de enlace em função de transmissão.


27
4.2 - Topologias das redes de comunicação óptica
Os grandes sistemas de comunicação se constroem normalmente pela interligação de sistemas
locais via enlaces ponto-a-ponto. Este é um princípio básico da telefonia que se estende naturalmente
para os sistemas ópticos.
Independentemente do meio do meio de transmissão, a crescente demanda por capacidade de
troca de informação em ambientes restritos, tem incentivado a disseminação da instalação de fibras
ópticas em redes de comunicação locais, as chamadas LANs (local area networks).
A maneira como os nós de uma rede são geometricamente arranjados e conectados é
conhecida como sendo a topologia da rede e as duas áreas de estudo de maior interesse com respeito
às LANs em fibras ópticas são a das topologias das LANs e a das arquiteturas resistentes a falhas
(fail-safe) para estas topologias.
Há três topologias básicas para LANs a fibra: a configuração em linha (ou tipo barramento, ou
T-acoplada), a configuração em anel e a configuração radial (ou em estrela). A figura 4.5 mostra
estas três configurações de topologia.

a) configuração em linha b) configuração em anel

c) configuração radial

Figura 4.5 - As três topologias básicas para LANs ópticas: (a) em linha, (b) em anel e (c) em estrela

A configuração em linha foi a primeira a ser adotada, por analogia com as redes construídas
com cabos coaxiais, onde a mesma apresenta grandes vantagens, como: a natureza totalmente passiva
do meio de transmissão e a facilidade de instalar conexões de baixa perturbação (alta-impedância) na
linha coaxial sem interrupção da rede.
Com o emprego das fibras ópticas, no entanto, estas vantagens desaparecem pois derivações
bidirecionais de baixa perturbação que se acoplem facilmente à fibra principal, sem interrompe-la, não
são possíveis de ser realizadas, pelas próprias características das fibras. O acesso a uma informação
óptica é obtido via um elemento de acoplamento, que pode ser ativo ou passivo, mas que sempre se
introduz seccionando o enlace original.
A figura 4.6 mostra o esquema de um acoplador ativo típico, também chamado acoplador tipo
T ativo. A vantagem em se utilizar acopladores ativos é a recomposição do nível do sinal em cada nó
da rede, de modo que os critérios de projeto para cada trecho do enlace, cada elo da cadeia, são os
mesmos que os usados nos enlaces ponto-a-ponto. Esta configuração possui as desvantagens de ser
28
unidirecional e do fluxo do sinal depender do funcionamento de todos os acopladores, a qual se mostra
quando a falha de um acoplador divide a rede em duas.
Para minimizar os efeitos destas desvantagens pode-se adotar a configuração em anel, onde
se liga, por meio de um elo, a saída do último acoplador à entrada do primeiro. Desta forma as
informações circulam na rede e cada nó tem acesso a todas as informações todos os outros nós. O
efeito da falha de um dos acopladores no entanto continua afetando toda a rede, fazendo cessar a
circulação das informações.
Outra alternativa para contornar as desvantagens dos acopladores ativos é empregar
acopladores passivos, que na verdade são divisores de potência óptica. Estes acopladores podem ser
uni ou bidirecionais e podem ser construídos em óptica volumétrica, óptica integrada ou a fibras
ópticas, como é o exemplo mostrado na figura 4.6. Os acopladores passivos tem a vantagem de não
interromper nunca o fluxo de informação que os atravessa, porém impõem uma atenuação de 3 dB,
tipicamente, ao sinal transmitido, isto porque o sinal injetado em uma de suas entradas é dividido em
partes iguais para suas saídas.

Figura 4.6 - Esquema de um acoplador óptico ativo típico.

A figura 4.7 mostra um exemplo de derivação tipo T unidirecional construída com um


acoplador óptico passivo.

Figura 4.7 - Exemplo de derivação tipo T com acoplador passivo.

O projeto de redes locais empregando acopladores passivos requer um pouco mais de cuidado
que as configurações anteriores no tocante à atenuação pois a potência óptica não varia de elo para
elo mas a informação contida no sinal óptico é atenuada em 3dB por nó a medida em que circula pela
rede.
Uma possibilidade de se construírem acopladores tipo T que não apresentem as desvantagens
dos ativos nem a atenuação dos passivos é pela utilização de chaves ópticas integradas de quatro
entradas. Estes dispositivos possuem duas entradas e duas saídas e, quando desenergizados,
endereçam os sinais ópticos presentes em cada uma das entradas para uma das saídas,
separadamente. Quando energizado o dispositivo inverte o endereçamento dos sinais. Utilizando-se
este dispositivo tanto o nível do sinal quanto o da informação nele contida poderia ser mantido
constante e quando o circuito eletrônico da derivação apresentasse uma falha a desenergização da
chave óptica o retiraria da rede, evitando sua interrupção.
29
Na configuração radial todos os nós são conectados a um ponto comum chamado de nó
central, onde existe um acoplador bidirecional de múltiplas entradas, chamado acoplador estrela, o qual
pode ser ativo ou passivo. Os critérios de projeto para cada ligação radial é o mesmo de um enlace
ponto-a-ponto, cuidando-se sempre que para os acopladores estrela passivos o sinal de saída provindo
de um nó qualquer é atenuado por um fator de eficiência do acoplador e dividido pelo número total de
nós remotos.
A figura 4.8 mostra esquematicamente dois tipos de acopladores estrela passivos, os de
reflexão e os de transmissão.

(a) (b)

Figura - 4.8 - Acopladores tipo estrela: (a) por transmissão e (b) por reflexão.

5 - Técnicas de multiplexação de sinais ópticos

Uma das maneiras de ampliar a capacidade dos enlaces por fibras ópticas é aumentar o
número de canais de informação por canal físico utilizando técnicas de multiplexação.
Há basicamente quatro técnicas de multiplexação utilizáveis em sistemas de comunicação a
fibras ópticas, são elas: por divisão no tempo; por divisão na freqüência; por comprimento de onda e
por divisão no espaço.
A técnica de multiplexação por divisão no tempo (TDM) pode ser utilizada para sinais
analógicos lentos ou para sinais digitais que podem ser comprimidos e enviados de tempos em tempos
pelo enlace. Nestas condições várias fontes de informação podem compartilhar o mesmo enlace físico
sendo endereçadas periodicamente numa das extremidades do sistema e amostradas
sincronizadamente na outra extremidade.
A técnica de multiplexação por divisão na freqüência (FDM) é geralmente utilizada para sinais
analógicos e consiste na aplicação de várias subportadoras de freqüências diferentes, cada uma
portando um sinal, ao sistema de modulação de intensidade da potência óptica.
A técnica de multiplexação por comprimento de onda (WDM) baseia-se no fato de que as
fibras ópticas podem comportar vários sinais ópticos de comprimentos de onda ligeiramente diferentes
sem que os mesmos se interfiram. A curva de atenuação de uma fibra óptica genérica mostra os
limites para esta utilização mas mostra também que sua performance pode ser muito boa mesmo fora
das chamadas janelas de mínima atenuação, como mostra a figura 5.1.
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Figura 5.1 - Curva de atenuação simplificada de uma fibra óptica, parte do espectro utilizada
por uma fonte de luz isolada e parte livre para outras fontes.
O que limita atualmente a utilização prática desta técnica é o número limitado de
comprimentos de onda em que os emissores são fabricados e a falta de dispositivos comerciais para a
discriminação dos diversos comprimentos de onda que se fariam presentes na saída dos enlaces que
empregassem esta técnica. A figura 5.2 mostra o esquema de um sistema WDM unidirecional e a
figura 5.3 uma possibilidade de dispositivo de discriminação WDM por dispersão angular.

Figura 5.2 - Sistema WDM unidirecional combinando N entradas sobre uma única fibra.

A técnica de multiplexão por divisão no espaço (SDM) consiste apenas numa técnica de
cabeamento de várias fibras ópticas num mesmo cabo. Ela se vale das características de pequeno
diâmetro e peso das fibras bem como de sua interferência mútua (intermodulação) virtualmente nula.
Um cabo óptico para vinte fibras, por exemplo, pode eventualmente ocupar o mesmo espaço de um
único cabo coaxial.

Figura 5.3 - Dispositivo discriminador WDM por dispersão angular.

6 - Técnicas de modulação e codificação analógicas

Nos sistemas que transmitem sinais analógicos várias técnicas são empregadas para
acondicionar os sinais. São eles: a modulação direta por intensidade da portadora óptica (D-IM); por
intensidade da subportadora (SCIM); por banda lateral dupla da subportadora (DSBSC); por
freqüência da subportadora (SCFM); e por fase da subportadora (PSCM).
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A técnica de modulação direta por intensidade da portadora óptica (D-IM) é a mais simples e
é utilizada também sempre que um sinal analógico é codificado por pulsos, como veremos adiante. Ela
consiste em modular a potência óptica de saída do emissor de maneira diretamente proporcional à
amplitude do sinal elétrico que se deseja comunicar, de forma que a potência óptica do transmissor
P OT, será dada por:
P OT (t) = Pi [ 1 + m(t) ] (6.1)
onde Pi é a potência média de saída do transmissor e m(t) é o índice de modulação que é proporcional
à amplitude do sinal modulante.
As demais técnicas de modulação não serão aqui descritas por não diferirem substancialmente
daquelas de mesmo nome estudas em teoria de comunicações e pelo tratamento d este assunto fugir
ao escopo deste trabalho.
Os sinais analógicos podem ser codificados e transmitidos por meio de pulsos sem ser
digitalizados. Para isto as técnicas mais usualmente empregadas são as de codificação por: amplitude
de pulsos; por largura de pulsos; por freqüência de pulsos e por posição de pulsos.
A técnica de codificação por amplitude de pulsos (PAM) amostra o sinal analógico
periodicamente por um intervalo de tempo fixo e curto (a duração dos pulsos) e produz na saída do
transmissor um pulso cuja amplitude é proporcional à amplitude média do sinal amostrado naquele
intervalo. A figura 6.1 mostra as formas de onda produzidas por um sistema PAM em comparação
com um PCM de três dígitos.

Figura 6.1 - Sistema de codificação por amplitude de pulsos (PAM) e por PCM

A modulação por largura de pulsos (PWM) também amostra o sinal a intervalos regulares e
produz pulsos igualmente espaçados no tempo mas de duração proporcional à amplitude do sinal no
instante da amostragem. Esta técnica não é muito utilizada por ter baixa eficiência. Nela grande parte
da energia transmitida não contém informação.
A técnica de codificação por freqüência de pulsos (PFM) produz um trem de pulsos cuja
freqüência a cada instante tende a refletir a amplitude do sinal de entrada. Esta variação de freqüência
pode ser feita de duas maneiras: mantendo a largura dos pulsos fixa ou mantendo seu ciclo ativo
constante. Esta técnica guarda uma analogia com a de modulação por freqüência da subportadora.
A figura 6.2 mostra as formas de onda dos sinais gerados por estas duas técnicas.
32

Figura 6.2 - Sinais gerados pelas técnicas de modulação por posição de pulsos (PPM) e por
largura de pulsos (PWM). (a) Sinal analógico e amostras, (b) formas de onda
PPM, (c) formas de onda PWM.

A codificação por posição de pulsos (PPM) emprega pulsos curtos de largura e freqüência
fixos mas cuja posição relativa reflete a amplitude do sinal transmitido. Este processo guarda uma
analogia com a técnica de modulação por fase da subportadora.

7 - Sistemas de codificação de dados

Para se transmitir opticamente sinais digitais normalmente se emprega a modulação direta por
intensidade da portadora óptica (D-IM) associada a uma técnica de codificação dos pulsos.
A técnica mais simples e imediata para empregada é a dos códigos NRZ, ou seja, não retorna
para zero, em que o nível 1 é representado pela presença da potência óptica máxima e o nível zero
pela ausência do mesmo.
No entanto, o problema da deriva dos sinais de saída dos receptores ópticos (ocasionado pela
parte integrativa dos filtros dos pré-amplificadores e pelos fenômenos de saturação nos APDs), pode
causar crescimento das taxas de erro de discriminação quando uma seqüência longa de "1" é recebida.
Este processo pode ser visto na figura 7.1.
33

Figura 7.1 - Código NRZ e deriva nos receptores devido a grandes blocos de " 1".

Para minimizar este problema foram criados os sistemas de codificação de dados chamados
RZ, ou seja, com retorno para o zero. A figura 7.2 mostra as formas de onda de um código RZ.

Figura 7.2 - Formas de onda de um código RZ.

Nestes códigos o sinal forçosamente retorna a zero a cada dado transmitido, seja ela zero ou
um. Isto evita o problema da deriva dos sinais de saída e minimiza a taxa de erro na transmissão.

8 - Sistemas coerentes

Para encerrar este estudo podemos citar os sistemas coerentes nos quais a modulação do
sinal a ser transmitido se dá sobre a freqüência da própria portadora óptica, o que confere a tal tipo de
sistema uma banda passante praticamente infinita, uma vez que a freqüência da onda óptica, como
citado no início deste texto, é da ordem dos 1015 Hz.
Um sistema coerente pode modular a portadora óptica em amplitude, freqüência ou fase e o
sistema de recepção baseia-se na detecção heterodina deste sinal, ou seja, é feita por comparação
com um oscilador local que, no caso, é uma fonte óptica auxiliar da mesma natureza daquela do
transmissor.
Para aproveitar ao máximo a capacidade de transmissão deste sistema o modulador deverá
ser colocado externamente ao emissor e implementado provavelmente com dispositivos eletro-ópticos,
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volumétricos ou integrados, pois estes apresentam tempos de resposta muitas vezes superiores aos dos
dispositivos opto-eletrônicos.
A figura 8.1 apresenta o diagrama esquemático de um sistema coerente empregando
detecção heterodina.
A disponibilidade de sistemas coerentes é esperada para um futuro próximo, quando os
moduladores eletro-ópticos integrados estiverem completamente desenvolvidos.

Figura 8.1 - Sistema óptico coerente empregando detecção heterodina.

9 - Referências bibliográficas

[1] IEEE POWER ENGINEERING SOCIETY. Power Systems Communications Committee.


Fiber optic applications in electrical substations. New York, 1983.
[2] KEISER, G. Optical fiber communications . New York, McGraw-Hill, 1983. (McGraw-Hill
series in electrical engineering. Communications and information theory)
[3] PIRELLI DIVISÃO CABOS. Centro de Pesquisas e Desenvolvimento. Gerência de
Engenharia de Telecomunicações. Transmissão por fibras óticas . s.n.t.
[4] MARCUSE, D. Theory of dielectric optical waveguides. New York and London, Academic
Press, 1974.
[5] PERSONICK, S. D. Fiber óptics. New York, Plenum Press, 1985.
[6] ZANGER, H; ZANGER, C., Fiber optics. New York, Macmillan Publishing Company, 1991.

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