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1 - INTRODUÇÃO
A evolução dos Sistemas Elétricos de Potência nos últimos vinte anos, levou a aumentos
expressivos dos mesmos em termos de: número e extensão das interligações, complexidade das redes
e dos níveis de potência, tensão e corrente gerados e transportados.
Estes aumentos acarretaram novas exigências, em primeiro lugar, sobre os equipamentos e
sistemas de medição e proteção e, posteriormente, sobre os de comunicação e controle.
Os maiores níveis de tensão e corrente transportados vieram exigir dos transformadores de
medição ampliações na capacidade de isolação e na faixa dinâmica. Estes fatores, por si só, já
acarretam acréscimos no tamanho e no custo destes transformadores.
A elevação dos níveis de potência transportada pelas linhas implica a necessidade de um
aumento da confiabilidade das mesmas, pois quanto mais importante é um elo para o sistema, em
termos de potência, mais graves são as conseqüências de sua interrupção intempestiva. Por outro lado,
o aumento da complexidade do sistema interligado permitiu uma gama maior de configurações de
operação, para os quais a proteção tem que estar pronta para se adaptar.
Tais necessidades requerem dos equipamentos de proteção maior precisão, respostas mais
rápidas e características mais flexíveis, ou seja, mais facilmente adaptáveis às configurações do
sistema.
O crescimento dos sistemas elétricos exigiu também maior capacidade de transmissão dos
enlaces de comunicação intra e inter subestações e que estes se tornassem mais confiáveis e
insensíveis às interferências eletromagnéticas. Isto se deveu em parte ao fato de que para permitir
uma operação mais eficiente, foi necessário gerar sistemas de monitoração e supervisão mais
complexos e "inteligentes", ou seja, que incorporassem um número cada vez maior de funções
automáticas e orientativas para os operadores, e estes sistemas requerem grande volume e rapidez de
comunicação.
As relações entre a evolução dos sistemas elétricos e as demandas a partir dela geradas
podem ser indicadas, esquematicamente, como na figura 1.1.
Para atender a essas demandas novas tecnologias, provenientes de avanços no campo da
eletrônica, foram sucessivamente aproveitadas.
Em primeiro lugar o desenvolvimento da eletrônica analógica veio contribuir, entre outras
coisas, para a modernização da proteção, permitindo a construção de relés "estáticos" em substituição
aos eletromecânicos até então utilizados.
O desenvolvimento da eletrônica digital, em seguida, contribuiu profundamente de várias
formas. Primeiro, propiciou a automatização e sistematização da monitoração e do controle operativo
dos sistemas elétricos por meio de ferramentas e recursos computacionais diversos, de software e
hardware. Depois, o advento das técnicas de comunicação digital de dados permitiu desenvolver o
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conceito de supervisão em tempo real e, mais tarde, de esquemas de reconfiguração automática de
redes, baseados inclusive em sistemas especialistas.
A proteção também foi beneficiada com o desenvolvimento dos relés digitais. Estes relés são
mais flexíveis que os analógicos e capazes de se integrar diretamente a redes de comunicação digital
de dados, enviando informações sobre condições de operação e defeitos aos sistemas de monitoração
e supervisão e os seus parâmetros de atuação podem ser reprogramados à distância, proporcionando
assim uma característica adaptativa à proteção.
O aparecimento e o aperfeiçoamento de dispositivos eletroópticos, como fontes e detectores
de luz de estado sólido (LEDs, Laser Diodes, PINs e APDs) e das fibras ópticas nas décadas de 70 e
80, permitiram, num primeiro momento, a realização prática (comercial) de sistemas de comunicação
óptica e, posteriormente, o desenvolvimento de sensores a fibras ópticas.
As técnicas ópticas vieram melhorar a capacidade (rapidez), qualidade e imunidade à
interferência eletromagnética dos enlaces de comunicação e dos transdutores eletrônicos, sendo que
estes últimos têm sido propostos para substituir, com vantagens técnicas e econômicas, os
transformadores convencionais e sensores de outras grandezas nos Sistemas Elétricos de Potência,
como apontado no trabalho sobre "Sensores Ópticos Aplicados aos Sistemas Elétricos de Potência".
A figura 1.2 resume os progressos dessas tecnologias e os seus benefícios no atendimento às
demandas geradas pela evolução dos sistemas elétricos. Já a figura 1.3 mostra como elas se
distribuem e associam para este fim.
EVOLUÇÃO
DO SISTEMA
ELÉTRICO
Evolução da
Eletrônica
Ultravioleta 800 nm 15
10 Hz
Telefone
Visivel Fibras
-6 Ópticas Feixes de Dados
10 m Laser
2.55 µ m Vídeo
Infravermelho 14
10 Hz
Frequência
TV em UHF
Comprimento de Onda
1m
Frequências Móvel, Aeronáutica
Muito Altas TV em VHF e FM 100 MHz
(VHF) Ondas Curtas
10 m Cabos Rádio Móvel
Altas Coaxiais
Frequências Comercial
(HF) Rádio Amador 10 MHz
100 m Internacional
Frequências Faixa do Cidadão
Médias
(MF) Radiodifusão em AM 1 MHz
1 Km
Baixas Aeronáutica
Frequências Ondas Longas Cabos Submarinos
(LF) 100 KHz
10 Km Navegação
Muito Baixas Par Rádio Transoceânico
Frequências 10 KHz
(VLF) Trançado
100 Km Telefone
Áudio Telégrafo
A era das comunicações optoelétricas foi inaugurada por Graham Bell em 1880, quando este
patenteou o seu fotofone. Este interessante dispositivo "acústico-eletro-óptico", que podemos ver na
figura 2.2, concentrava a luz do Sol sobre um espelho móvel mecanicamente ligado a um diafragma
que recebia as vibrações sonoras a serem transmitidas. A luz refletida por este espelho, já modulada
em sua direção de propagação, era dirigida a um refletor parabólico, em cujo foco estava alojado um
fotodetector de Selênio. A corrente elétrica gerada por este componente era enviada a um fone
auricular de cristal (ou carvão).
Esse comunicador funcionava satisfatoriamente até uma distância de aproximadamente 200m,
em dias de sol. Justamente essa dependência das condições climáticas tornava-se o principal fator
limitante para o emprego das comunicações ópticas quando o meio propagante era o espaço livre.
A solução para esse problema somente surgiria em 1870, quando John Tyndall, citado em
1
tutorial do IEEE Power Engineering Society, observa em laboratório o fenômeno da guiagem de um
feixe de luz num fluxo laminar de água que escapava pelo orifício de um barril iluminado por cima,
como ilustrado na figura 2.3.
A possibilidade de se guiar uma onda óptica por um caminho determinado sugeriu
imediatamente sua aplicação em comunicações, o que estimulou a pesquisa teórica a respeito do
2
fenômeno. Hondros e Debye apud Keiser, desenvolveram e apresentaram em 1910 a teoria de guias
de onda dielétricos, que explicava a guiagem em termos da óptica geométrica e do eletromagnetismo.
Demonstrada a possibilidade de transmitir informações por um guia de onda, desenvolveu-se o
conceito de sistemas de comunicação ópticos, que têm a luz como portadora do sinal.
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Luz Solar
Transmissor Receptor
Espelho Refletor
Parabólico
Bocal
Fone
Diafragma Auricular
Modulador
200 m Foto-resistor
de Selênio
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Figura 2.2 : Fotofone de Graham Bell utilizando luz solar
Fluxo de agua
Transmissor Receptor
Fonte
Luminosa Guia Óptico Detector
Ampl. Ampl.
Sinal Sinal
a ser p/ o Sistema
medido Conectores de medição
Fibras ópticas são guias de onda dielétricos de simetria cilíndrica que confinam radiação
eletromagnética na região das freqüências ópticas, ou seja, são estruturas não metálicas que possuem
uma direção característica ao longo da qual uma onda óptica inserida se propaga com pequena perda.
Para explicar o princípio de funcionamento deste tipo de guia existem basicamente duas
abordagens teóricas possíveis: a da óptica geométrica (ou de raios) e a da óptica ondulatória (que se
utiliza do eletromagnetismo de Maxwell). Ambas as abordagens são consistentes e tem suas
vantagens e limitações, como ocorre com qualquer modelamento,. sendo, em muitos aspectos,
consideradas complementares.
A abordagem geométrica é mais simples e de compreensão mais imediata, porém permite
apenas o entendimento básico do fenômeno da guiagem. Para explicar o aparecimento dos modos de
propagação e de outras propriedades particulares das fibras é necessário lançar-se mão do formalismo
eletromagnético completo.
Segundo a óptica geométrica a guiagem de um feixe, ou raio, de luz se dá através do
fenômeno da reflexão total, decorrente da Lei de Snell. Para descrever este fenômeno utiliza-se
como primeira aproximação um guia de ondas plano e simétrico. A descrição pode depois ser
estendida para os guias cilíndricos sem muita dificuldade.
Tomemos como exemplo o guia plano mostrado na figura 3.1, chamado simétrico porque os
índices de refração dos dois meios que envolvem o meio central (núcleo) são iguais. Nele, como em
qualquer estrutura óptica, vale a Lei de Snell, segundo a qual os ângulos de incidência e de refração
(ou transmissão) das ondas ópticas se relacionam com os índices de refração dos meios envolvidos
por:
nx × sen(θ x ) = ny × sen(θ y ) (3.1)
onde os ângulos q são definidos em relação à normal da interface entre os meios e n indica o
índice de refração do meio, que pode ser dado por:
θ2 Modo de casca
θc Modo guiado
eixo óptico θy
θa θx θa'
n1 = n u c l e o
n2 =casca
n a = ar
n22
na × sen(θ a ) = n1 × 1 − sen (θ c ) =
2
n21 − n21 × = n21 − n22 (3.5)
n21
Como na = 1, finalmente acharemos que:
½
sen(qc) = (n1 2 - n2 2 ) = NA (3.6)
2 →2 → 2 →2 →
∇ + K E = 0 ∇ + K H = 0 (3.8)
cuja solução para a região do núcleo do guia na direção transversal, x, é do tipo:
Ψ 1 = Bcos (Kx1 x)+C sen(Kx1 x) (3.9)
Como se pode ver por (3.9) a fase da onda óptica varia linearmente conforme a onda se
desloca pelo meio, de forma que o atraso de fase, F, entre dois pontos A e B do meio, em linha reta,
será dado por:
Φ AB = K × AB (3.10)
onde K é a constante de fase da onda óptica no meio dado.
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Adicionalmente pode-se demonstrar, como faz Marcuse , que a cada reflexão a onda óptica
sofre um desvio discreto de fase que depende do coeficiente de reflexão entre os dois meios, o qual
depende inclusive da direção de polarização da onda incidente.
A figura 3.2 mostra uma frente de ondas plana se acoplando a um guia de ondas planar e
sofrendo reflexão total em suas interfaces sucessivamente. Nela as linhas tracejadas indicam as
frentes de onda planas, evoluindo na direção normal ao vetor de onda.
As frentes de onda são definidas como o lugar geométrico dos pontos que se propagam com
a mesma fase.
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φ12
C B
eixo óptico .
A θ1 n1
D n2
φ12 na
D/tg θ1
Para que haja fluxo de energia no guia, como os pontos A e C pertencem a uma mesma
frente de onda e os pontos B e D a outra, é necessário que o atraso de fase de A até B seja igual ao
de C até D. Porém deve-se considerar os desvios sofridos nas reflexões nos pontos C e D. Esta é a
chamada condição de fase, ou de ressonância transversal se considerar-mos apenas a componente
transversal das frentes de onda, e pode ser expressa por:
Apenas um número finito de valores para q 1 satisfarão esta condição para um determinado
conjunto dos parâmetros: diâmetro do núcleo (d), comprimento de onda da luz (l) e relação entre os
índices de refração do núcleo (n1 ) e da casca (n2 ). Estes ângulos definem os modos de propagação do
guia.
Este modelo simplificado para os guias planares pode ser transposto para os guias cilíndricos,
e para as fibras ópticas, em princípio, para permitir o entendimento do aparecimento dos modos
guiados. Para determinar precisamente os modos e os perfis de campos de cada modo na fibra é
necessário desenvolver todos os cálculos utilizando o formalismo eletromagnético as equações de
Bessel para satisfazer a condição de fase.
A estrutura típica de uma fibra óptica pode ser vista na figura 3.3. Nela aparecem o núcleo,
que tem seu diâmetro na faixa dos 5 aos 50 mm, a casca, que o envolve imediatamente e tem
diâmetros na faixa dos 125 aos 250 mm, e o revestimento primário de material plástico ou silicone. As
dimensões citadas referem-se a fibras construídas com núcleo e casca de sílica, sendo que as de
material plástico tem diâmetros na faixa de 1 a 2 mm tipicamente.
As fibras ópticas classificam-se primeiramente quanto ao número de modos que comporta e
em seguida quanto ao perfil dos índices de refração do núcleo e da casca.
Quanto ao número de modos comportado as fibras dividem-se em monomodo, bimodais e
multimodo, sendo que as fibras bimodais não tem grande emprego em comunicações.
As fibras monomodo caracterizam-se por possuírem um núcleo com diâmetro reduzido, da
ordem de 5 mm (e por isto comportarem apenas um modo), e que apresenta índice de refração
constante ( o que caracteriza um fibra de índice em degrau).
Quanto ao perfil de índices, as fibras multimodo podem ser de índice degrau ou gradual. O
índice de refração da casca é sempre constante e ligeiramente inferior ao do núcleo. Nas de índice
degrau o índice de refração do núcleo é também constante sendo a diferença entre ele e o da casca
da ordem de 10-2 a 10-3.
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Núcleo
Casca
Revestimento Primário
Nas fibras de índice gradual o índice de refração do núcleo varia em função do raio da fibra
segundo a relação:
α
n(r) = n 1 − ar × ∆ (3.10)
onde: n é o índice de refração da casca, a é o diâmetro do núcleo, a é o chamado coeficiente
de otimização e D é a diferença entre o índice de refração da casca e o do centro da fibra. Em geral o
perfil obtido nas fibras comerciais é aproximadamente parabólico.
A figura 3.4 mostra os perfis de índice de refração para os principais tipos de fibra.
n
O perfil de índice gradual foi criado para diminuir a distorção dos pulsos luminosos por
dispersão modal presente nas fibras multimodo. Este efeito surge porque a energia de um pulso
luminoso quando acoplada à fibra se distribui entre os vários modos. Como cada modo propaga-se por
um percurso diferente ao longo da fibra a velocidade e o tempo de propagação da energia transmitida
em cada modo é diferente. Quando o pulso luminoso deixa a fibra as energias dos diversos modos se
combinam dando origem a um pulso mais "alongado".
A figura 3.5 mostra esquematicamente os percursos e as formas de onda dos pulsos nas
fibras multimodo.
Além da modal há mais dois tipos de dispersão que contribuem para a deformação dos pulsos
nas fibras ópticas: a cromática e a do material.
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Impulso Impulso
Luminoso Luminoso
de Entrada de Saída
a) Fibra Multimodo Índice Degrau
Impulso Impulso
Luminoso Luminoso
de Entrada de Saída
b) Fibra Multimodo Índice Gradual
Impulso Impulso
Luminoso Luminoso
de Entrada de Saída
c) Fibra Monomodo
A figura 3.6 mostra também algumas das causas de desalinhamentos que contribuem para
perdas nas emendas e conexões, tais como: ovalização e excentricidade do núcleo, variação dos
diâmetros das fibras e inclinações nos cortes das terminações.
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3.2 - Emissores e transmissores ópticos
Para a construção de um sistema de comunicações ópticas, como visto na figura 1.6, faz-se
necessária uma fonte luminosa, ou emissor, para excitar o enlace e um aparato eletrônico para
modular esta fonte, o transmissor.
Onde uma camada positivamente dopada aparece junto a uma negativamente dopada tem-se
uma junção p-n. Quando eletrons e lacunas são injetados na junção, pela aplicação de corrente na
direção de polarização direta, eles se recombinam e oferecem ao meio uma energia igual à carga do
elétron multiplicada pela diferença de energia (em volts) entre as bandas de valência e de condução do
material. Esta energia pode ser liberada na forma de fótons (luz) ou de vibração mecânica do retículo
cristalino do material (calor).
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Este processo de geração de fótons é aleatório, não coerente e não direcional, sendo portanto
de eficiência relativamente baixa. A figura 3.9 mostra as curvas de potência óptica total de saída
versus corrente aplicada num LED de GaAlAs típico.
Figura 3.9 - Potência óptica de saída versus corrente aplicada para um LED de GaAlAs típico
Tanto os LED quanto os LD podem ser fabricados a partir de vários sistemas de materiais
semicondutores, o que permite selecionar o comprimento de onda desejado para a emissão. Os
dispositivos baseados em Arseneto de Gálio e Alumínio por exemplo podem emitir na faixa de
comprimentos de onda entre 800 e 900 nm, já os fabricados com Fosfato Arseneto de Índio e Gálio
podem emitir na faixa de 1000 a 1600 nm. Ambos podem ser modulados pela corrente de alimentação
(modulação direta) em freqüências que podem chegar desde os 20 MHz a 1 GHz para os LEDs e dos
5 aos 10 GHz para os mais rápidos LDs.
A figura 3.10 mostra o esquema de um LD típico, cuja estrutura também é multicamadas mas
na forma de um guia canal. A luz produzida na região central (ativa) do dispositivo é guiada devido ao
seu índice de refração ser maior que o das regiões adjacentes, assim a emissão de luz se dá pelas
laterais do dispositivo.
Figura 3.11- Potência óptica de saída versus corrente injetada para um LD de GaAlAs típico.
Pelas curvas mostradas em 3.10 e 3.11 pode-se facilmente ver que a dependência com a
temperatura é muito mais acentuada nos LDs que nos LEDs, sendo que a potência óptica de saída dos
LDs pode variar mais de 10 vezes quando a temperatura oscila entre 0 e 70 o C, necessitando
geralmente de circuitos eletrônicos externos para estabilização de temperatura.
Com relação à velocidade de modulação os LEDs são mais lentos que os LDs porque neles a
vida média dos portadores no estado metaestável é usualmente maior e porque seu decaimento é livre.
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Os LDs apresentam um tempo de resposta menor porque, entre outras coisas, todos os pares de
portadores excitados são estimulados a decair e emitir, de forma sincronizada, rapidamente.
A vida útil dos LEDs costuma ser maior que a dos LDs e seu custo muito mais reduzido, o
que aliado a suas outras características recomenda-o para aplicações que requerem baixas taxas de
comunicação e onde a economia é um fator limitante.
Quanto à direcionalidade da luz emitida os LDs apresentam uma característica muito superior
pela sua própria construção, proporcionando maior eficiência no acoplamento direto às fibras ópticas.
A figura 3.12 mostra esquematicamente os lóbulos de emissão para os dois dispositivos.
A tabela da figura 3.13, a seguir, resume de forma comparativa as características dos LEDs e
dos LDs.
LASER LED
> Potência óptica > Estabilidade térmica
> Velocidade de resposta > Maior vida útil
< Largura espectral < degradação
< Ruído < Custo
< Consumo < Complexidade de circuitos
Vc Vc Vc
50 Ω
LED LED
Porta
TTL
LED
500Ω
50Ω
Os circuitos utilizados para acionar os LDs são mais complexos do que os utilizados para os
LEDs não só por necessitarem de uma compensação de temperatura mas também por terem de
incluir alguma proteção contra transientes, já que os LDs são muito mais sensíveis que os LEDs a
eles, e por operarem em velocidades de modulação maiores.
Como pode-se ver pelas curvas de operação mostradas na figura 3.11, um LD necessita de
uma corrente de polarização ajustável que o mantenha emitindo a uma potência constante ainda que o
ponto de operação varie devido a mudanças de temperatura.
Este controle geralmente é feito por meio de um detector colocado na face posterior do LD (a
fibra é conectada à face anterior do dispositivo). A figura 3.15 mostra um exemplo de acionador típico
para LDs onde comparece o sistema de estabilização da potência óptica emitida por malha fechada.
Em alguns circuitos acionadores utilizam-se resfriadores termoelétricos por efeito Peltier para
ajustar o ponto de trabalho do laser.
Resfriando-se o LD consegue-se diminuir a corrente de polarização necessária para mante-lo
emitindo uma determinada potência.
CALCULADOR CALCULADOR
DE MÉDIA
+ DE MÉDIA
-
- + DETECTOR
REFERÊNCIA LOCAL
ACIONADOR
LASER PARA A
FIBRA
Figura 3.15 - Diagrama de blocos de um acionamento típico para LDs com realimentação.
Como terceiro elemento constituinte dos enlaces ópticos, os receptores ópticos são os
circuitos responsáveis pelo interfaceamento dos sistemas de comunicação ou sensoreamento óptico
com os equipamentos que utilizam ou processam as informações por eles transmitidas, dos quais os
detectores ópticos são parte integrante.
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3.3.1 - Os detectores ópticos
+
Carga
-
Luz
p n
Incidente
Campo
Elétrico
Região de Região de
deplexão difusão
Região de
absorção
As três regiões identificáveis no fotodetector são: a região de absorção, que se estende desde
a face onde a luz é recebida até a profundidade em que sua maior parte já foi absorvida (digamos
99%); a região de deplexão, em que os portadores de carga estão imobilizados pelo campo de
polarização reversa (o qual também é responsável pela aceleração dos portadores criados nesta
região) e a região de difusão, em que não há campo elétrico apreciável.
Como características de projeto o que se deseja de um fotodetector é que a região de
absorção seja suficientemente profunda para absorver praticamente toda luz incidente mas que
também os pares criados produzam sua corrente de condução rapidamente, para que a resposta do
dispositivo seja rápida. Portanto requer-se que a região de deplexão, onde os portadores são
acelerados, se estenda por toda região de absorção.
A profundidade da região de deplexão cresce com a raiz quadrada da tensão de polarização
aplicada e com o inverso da raiz quadrada do nível de dopagem do material tipo n.
20
Como há limites práticos para a tensão de polarização da junção, que se situa em torno de
algumas centenas de volts, a solução para ampliar a região de deplexão é adicionar uma camada de
material levemente n-dopado logo à direita da junção, tão levemente dopado que se assemelha a um
material intrínseco (tipo i).
Devido à dificuldade de se fazer um bom contacto metálico não retificador com um material
levemente dopado, uma camada de material fortemente n-dopado é adicionada ao lado esquerdo da
estrutura, o que nos conduz, finalmente, a uma configuração p-i-n (p- dopado, intríseco, n-dopado),
como a mostrada na figura 3.17.
A performance de um fotodetector é medida pela eficiência com que ele converte potência
óptica em corrente elétrica e pela sua velocidade de resposta. A eficiência de conversão é
caracterizada por duas grandezas equivalentes: a eficiência quântica (h) e a reponsitividade (r).
+
Carga Saída
-
Luz
p i (levemente n-dopado) n
Incidente
Campo
Elétrico
R e g i ã o d e deplexão
R e g i ã o d e absorção
A primeira é dada pela fração de fótons incidentes que produz pares elétron-lacuna
aproveitáveis, isto é, que não se recombinam antes de gerar corrente de condução observável, sendo
portanto um número sempre não maior que a unidade.
A segunda é definida como a relação entre a corrente de deslocamento produzida pelo
detector e a potência óptica nele incidente. No sistema de unidades MKS sua unidade é
(amperes/watt).
A corrente de deslocamento é igual ao número de pares elétron-lacuna gerados no detector
multiplicado pela carga do elétron (e) e a potência óptica incidente é igual ao número de fótons por
segundo que atinge o detector multiplicado pela energia de cada fóton (hf). Assim a responsitividade
pode ser dada em função da eficiência quântica por: r = h e / hf.
Numericamente a eficiência quântica (adimensional) e a responsitividade (A/W) se
assemelham para comprimentos de onda próximos de 1 mm, pois a relação e / hf neste caso fica em
torno de 0,8. Por exemplo a uma eficiência quântica de 0,7 corresponde uma responsitividade de 0,56
A/W.
Os tempos de resposta típicos para fotodetectores PIN na faixa de comprimentos de onda de
0,8 a 0,9 mm estão em torno de 0,5 ns, enquanto que para a faixa dos 1,00 aos 1,55 mm podem ficar
abaixo dos 100 ps.
A diferença entre os fotodetectores PIN e os APDs está na utilização do efeito de
multiplicação dos pares de portadores pelos últimos.
A figura 3.18 mostra sua estrutura e princípio de funcionamento. Neste dispositivo os níveis de
dopagem das camadas próximas à junção são ajustados para formar uma região onde o campo elétrico
torna-se muito elevado sob polarização reversa.
Quando um fóton é absorvido na região tipo i o elétron resultante, ao atravessar a região de
campo elétrico intenso, é fortemente acelerado podendo por colisão gerar novos pares de portadores
que, também acelerados, poderão repetir o processo de ionização sucessivamente. A corrente de
deslocamento final, gerada pela multiplicação de pares a partir de um único fóton, é muito maior que a
que se geraria num fotodiodo tipo PIN.
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+
Carga Saída
-
Luz
n p i (levemente p-dopado) p
Incidente
Campo Região de
Elétrico campo R e g i ã o d e deplexão
elétrico
intenso
Figura 3.19 - Diagrama esquemático (a) e circuito eletrônico equivalente (b) de um receptor
óptico simples
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O processo de fotodetecção é representado pela responsitividade, R amperes/watt, do
detector.
Há basicamente dois tipos de ruídos que afetam a performance dos receptores: o ruído
quântico do detector e o ruído térmico do pré-amplificador. Nos fotodetectores tipo APD temos ainda
um fator de excesso de ruído devido à multiplicação de portadores pelo efeito avalanche.
O ruído quântico é devido à própria natureza estatística do processo de geração de pares na
junção, que obedece uma distribuição de Poison e o ruído térmico do pré-amplificador origina-se nos
componentes resistivos do mesmo.
A relação sinal-ruído na saída do pré-amplificador quando se utiliza um APD é dada então
por:
ruído na saída em r ms σ
Z= = υo (3.12)
e
reposta na saída a um par elétron-lacuna
Quando Z é menor que a unidade é possível observar um sinal de saída devido a um par
elétron-lacuna individual gerado na junção, caso contrário apenas o efeito cumulativo de um grupo de
pares gerados poderá ser percebido sobre o ruído de fundo do receptor.
Os pré-amplificadores mais simples são integrativos por utilizarem um capacitor para o
desacoplamento do nível dc do detector, como o tipo FET mostrado na figura 3.20 (a).
Pré-amplificadores projetados para minimizar o parâmetro Z geralmente apresentam uma
faixa dinâmica estreita. Para aumentar a faixa dinâmica do pré-amplificador várias abordagens tem
sido propostas, como por exemplo a configuração de transimpedância, cujo princípio pode ser visto na
figura 3.20 (b).
(a) (b)
Figura 3.20 - (a) Pré-amplificador tipo FET e (b) pré-amplificador de transimpedância.
Transmmissor Receptor
Emendas Fibras Ópticas
Conector Conector
Fonte
Óptica
... Foto-
α α α α detector
l f
lsp f
lsp l f
lsp f l
Terminação c c c Terminação
da Fibra da Fibra
Conector Opcional
Figura 4.1 - Modelo para perdas ópticas num enlace ponto-a-ponto. As perdas ocorrem nas
conexões (lc), nas emendas (lsp ) e na fibra (af).
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Adicionalmente a estas perdas considera-se uma margem de segurança para perdas futuras
por variações térmicas, envelhecimento, etc, na faixa de 6 a 8 dB.
O balanço de potência óptica considera simplesmente que a perda total no percurso PT é igual
à diferença entre a potência que emerge da fonte de luz para a fibra PS e a sensibilidade (em dB) do
detector PR, estando distribuída entre os elementos de perda e a margem de segurança, sendo dada
portanto por:
onde: lC é a perda em cada conector, lSP é a perda em cada emenda, af é a atenuação da fibra óptica e
L é o comprimento total do enlace.
A seguir, apresentamos um exemplo prático para ilustrar a forma de utilização do balanço de
perdas no projeto de um enlace. Pode-se começar especificando uma taxa de dados de 20 Mb/s e
uma taxa de erro de bit (BER) de 10-9 ( ou seja, no máximo pode ocorrer um erro a cada 109 bits
enviados). Para o receptor pode-se escolher um fotodiodo pin de silício operando a 850 nm. Da figura
4.2, que mostra as curvas típicas de sensibilidade de vários detectores (em dB) em função da taxa de
transmissão de dados (em Mb/s), obtém-se que o sinal de entrada requerido pelo receptor é -42 dB
(42 dB abaixo de 1 mW).
A seguir, seleciona-se um LED de GaAlAs que pode acoplar uma potência óptica média de
50 mW (-13 dBm) na face livre de uma fibra de 50 mm de diâmetro de núcleo. Tem-se então uma
perda de potência permissível de 29 dB. Assume-se também que uma perda de 1 dB ocorre quando a
fibra é conectada a um cabo e que mais 1 dB de perda devida a um conector ocorre na interface
cabo-fotodetector.
Incluindo-se uma margem de 6 dB para o sistema, a distância de transmissão possível para
um cabo com uma atenuação de af dB/km pode ser encontrada da equação 4.1:
P T = PS - PR = 29 dB = 2 (1 dB) + af L + 6 dB (4.2)
Figura 4.3 - Exemplo gráfico de balanço de potência óptica num enlace ponto-a-ponto.
c) configuração radial
Figura 4.5 - As três topologias básicas para LANs ópticas: (a) em linha, (b) em anel e (c) em estrela
A configuração em linha foi a primeira a ser adotada, por analogia com as redes construídas
com cabos coaxiais, onde a mesma apresenta grandes vantagens, como: a natureza totalmente passiva
do meio de transmissão e a facilidade de instalar conexões de baixa perturbação (alta-impedância) na
linha coaxial sem interrupção da rede.
Com o emprego das fibras ópticas, no entanto, estas vantagens desaparecem pois derivações
bidirecionais de baixa perturbação que se acoplem facilmente à fibra principal, sem interrompe-la, não
são possíveis de ser realizadas, pelas próprias características das fibras. O acesso a uma informação
óptica é obtido via um elemento de acoplamento, que pode ser ativo ou passivo, mas que sempre se
introduz seccionando o enlace original.
A figura 4.6 mostra o esquema de um acoplador ativo típico, também chamado acoplador tipo
T ativo. A vantagem em se utilizar acopladores ativos é a recomposição do nível do sinal em cada nó
da rede, de modo que os critérios de projeto para cada trecho do enlace, cada elo da cadeia, são os
mesmos que os usados nos enlaces ponto-a-ponto. Esta configuração possui as desvantagens de ser
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unidirecional e do fluxo do sinal depender do funcionamento de todos os acopladores, a qual se mostra
quando a falha de um acoplador divide a rede em duas.
Para minimizar os efeitos destas desvantagens pode-se adotar a configuração em anel, onde
se liga, por meio de um elo, a saída do último acoplador à entrada do primeiro. Desta forma as
informações circulam na rede e cada nó tem acesso a todas as informações todos os outros nós. O
efeito da falha de um dos acopladores no entanto continua afetando toda a rede, fazendo cessar a
circulação das informações.
Outra alternativa para contornar as desvantagens dos acopladores ativos é empregar
acopladores passivos, que na verdade são divisores de potência óptica. Estes acopladores podem ser
uni ou bidirecionais e podem ser construídos em óptica volumétrica, óptica integrada ou a fibras
ópticas, como é o exemplo mostrado na figura 4.6. Os acopladores passivos tem a vantagem de não
interromper nunca o fluxo de informação que os atravessa, porém impõem uma atenuação de 3 dB,
tipicamente, ao sinal transmitido, isto porque o sinal injetado em uma de suas entradas é dividido em
partes iguais para suas saídas.
O projeto de redes locais empregando acopladores passivos requer um pouco mais de cuidado
que as configurações anteriores no tocante à atenuação pois a potência óptica não varia de elo para
elo mas a informação contida no sinal óptico é atenuada em 3dB por nó a medida em que circula pela
rede.
Uma possibilidade de se construírem acopladores tipo T que não apresentem as desvantagens
dos ativos nem a atenuação dos passivos é pela utilização de chaves ópticas integradas de quatro
entradas. Estes dispositivos possuem duas entradas e duas saídas e, quando desenergizados,
endereçam os sinais ópticos presentes em cada uma das entradas para uma das saídas,
separadamente. Quando energizado o dispositivo inverte o endereçamento dos sinais. Utilizando-se
este dispositivo tanto o nível do sinal quanto o da informação nele contida poderia ser mantido
constante e quando o circuito eletrônico da derivação apresentasse uma falha a desenergização da
chave óptica o retiraria da rede, evitando sua interrupção.
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Na configuração radial todos os nós são conectados a um ponto comum chamado de nó
central, onde existe um acoplador bidirecional de múltiplas entradas, chamado acoplador estrela, o qual
pode ser ativo ou passivo. Os critérios de projeto para cada ligação radial é o mesmo de um enlace
ponto-a-ponto, cuidando-se sempre que para os acopladores estrela passivos o sinal de saída provindo
de um nó qualquer é atenuado por um fator de eficiência do acoplador e dividido pelo número total de
nós remotos.
A figura 4.8 mostra esquematicamente dois tipos de acopladores estrela passivos, os de
reflexão e os de transmissão.
(a) (b)
Figura - 4.8 - Acopladores tipo estrela: (a) por transmissão e (b) por reflexão.
Uma das maneiras de ampliar a capacidade dos enlaces por fibras ópticas é aumentar o
número de canais de informação por canal físico utilizando técnicas de multiplexação.
Há basicamente quatro técnicas de multiplexação utilizáveis em sistemas de comunicação a
fibras ópticas, são elas: por divisão no tempo; por divisão na freqüência; por comprimento de onda e
por divisão no espaço.
A técnica de multiplexação por divisão no tempo (TDM) pode ser utilizada para sinais
analógicos lentos ou para sinais digitais que podem ser comprimidos e enviados de tempos em tempos
pelo enlace. Nestas condições várias fontes de informação podem compartilhar o mesmo enlace físico
sendo endereçadas periodicamente numa das extremidades do sistema e amostradas
sincronizadamente na outra extremidade.
A técnica de multiplexação por divisão na freqüência (FDM) é geralmente utilizada para sinais
analógicos e consiste na aplicação de várias subportadoras de freqüências diferentes, cada uma
portando um sinal, ao sistema de modulação de intensidade da potência óptica.
A técnica de multiplexação por comprimento de onda (WDM) baseia-se no fato de que as
fibras ópticas podem comportar vários sinais ópticos de comprimentos de onda ligeiramente diferentes
sem que os mesmos se interfiram. A curva de atenuação de uma fibra óptica genérica mostra os
limites para esta utilização mas mostra também que sua performance pode ser muito boa mesmo fora
das chamadas janelas de mínima atenuação, como mostra a figura 5.1.
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Figura 5.1 - Curva de atenuação simplificada de uma fibra óptica, parte do espectro utilizada
por uma fonte de luz isolada e parte livre para outras fontes.
O que limita atualmente a utilização prática desta técnica é o número limitado de
comprimentos de onda em que os emissores são fabricados e a falta de dispositivos comerciais para a
discriminação dos diversos comprimentos de onda que se fariam presentes na saída dos enlaces que
empregassem esta técnica. A figura 5.2 mostra o esquema de um sistema WDM unidirecional e a
figura 5.3 uma possibilidade de dispositivo de discriminação WDM por dispersão angular.
Figura 5.2 - Sistema WDM unidirecional combinando N entradas sobre uma única fibra.
A técnica de multiplexão por divisão no espaço (SDM) consiste apenas numa técnica de
cabeamento de várias fibras ópticas num mesmo cabo. Ela se vale das características de pequeno
diâmetro e peso das fibras bem como de sua interferência mútua (intermodulação) virtualmente nula.
Um cabo óptico para vinte fibras, por exemplo, pode eventualmente ocupar o mesmo espaço de um
único cabo coaxial.
Nos sistemas que transmitem sinais analógicos várias técnicas são empregadas para
acondicionar os sinais. São eles: a modulação direta por intensidade da portadora óptica (D-IM); por
intensidade da subportadora (SCIM); por banda lateral dupla da subportadora (DSBSC); por
freqüência da subportadora (SCFM); e por fase da subportadora (PSCM).
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A técnica de modulação direta por intensidade da portadora óptica (D-IM) é a mais simples e
é utilizada também sempre que um sinal analógico é codificado por pulsos, como veremos adiante. Ela
consiste em modular a potência óptica de saída do emissor de maneira diretamente proporcional à
amplitude do sinal elétrico que se deseja comunicar, de forma que a potência óptica do transmissor
P OT, será dada por:
P OT (t) = Pi [ 1 + m(t) ] (6.1)
onde Pi é a potência média de saída do transmissor e m(t) é o índice de modulação que é proporcional
à amplitude do sinal modulante.
As demais técnicas de modulação não serão aqui descritas por não diferirem substancialmente
daquelas de mesmo nome estudas em teoria de comunicações e pelo tratamento d este assunto fugir
ao escopo deste trabalho.
Os sinais analógicos podem ser codificados e transmitidos por meio de pulsos sem ser
digitalizados. Para isto as técnicas mais usualmente empregadas são as de codificação por: amplitude
de pulsos; por largura de pulsos; por freqüência de pulsos e por posição de pulsos.
A técnica de codificação por amplitude de pulsos (PAM) amostra o sinal analógico
periodicamente por um intervalo de tempo fixo e curto (a duração dos pulsos) e produz na saída do
transmissor um pulso cuja amplitude é proporcional à amplitude média do sinal amostrado naquele
intervalo. A figura 6.1 mostra as formas de onda produzidas por um sistema PAM em comparação
com um PCM de três dígitos.
Figura 6.1 - Sistema de codificação por amplitude de pulsos (PAM) e por PCM
A modulação por largura de pulsos (PWM) também amostra o sinal a intervalos regulares e
produz pulsos igualmente espaçados no tempo mas de duração proporcional à amplitude do sinal no
instante da amostragem. Esta técnica não é muito utilizada por ter baixa eficiência. Nela grande parte
da energia transmitida não contém informação.
A técnica de codificação por freqüência de pulsos (PFM) produz um trem de pulsos cuja
freqüência a cada instante tende a refletir a amplitude do sinal de entrada. Esta variação de freqüência
pode ser feita de duas maneiras: mantendo a largura dos pulsos fixa ou mantendo seu ciclo ativo
constante. Esta técnica guarda uma analogia com a de modulação por freqüência da subportadora.
A figura 6.2 mostra as formas de onda dos sinais gerados por estas duas técnicas.
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Figura 6.2 - Sinais gerados pelas técnicas de modulação por posição de pulsos (PPM) e por
largura de pulsos (PWM). (a) Sinal analógico e amostras, (b) formas de onda
PPM, (c) formas de onda PWM.
A codificação por posição de pulsos (PPM) emprega pulsos curtos de largura e freqüência
fixos mas cuja posição relativa reflete a amplitude do sinal transmitido. Este processo guarda uma
analogia com a técnica de modulação por fase da subportadora.
Para se transmitir opticamente sinais digitais normalmente se emprega a modulação direta por
intensidade da portadora óptica (D-IM) associada a uma técnica de codificação dos pulsos.
A técnica mais simples e imediata para empregada é a dos códigos NRZ, ou seja, não retorna
para zero, em que o nível 1 é representado pela presença da potência óptica máxima e o nível zero
pela ausência do mesmo.
No entanto, o problema da deriva dos sinais de saída dos receptores ópticos (ocasionado pela
parte integrativa dos filtros dos pré-amplificadores e pelos fenômenos de saturação nos APDs), pode
causar crescimento das taxas de erro de discriminação quando uma seqüência longa de "1" é recebida.
Este processo pode ser visto na figura 7.1.
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Figura 7.1 - Código NRZ e deriva nos receptores devido a grandes blocos de " 1".
Para minimizar este problema foram criados os sistemas de codificação de dados chamados
RZ, ou seja, com retorno para o zero. A figura 7.2 mostra as formas de onda de um código RZ.
Nestes códigos o sinal forçosamente retorna a zero a cada dado transmitido, seja ela zero ou
um. Isto evita o problema da deriva dos sinais de saída e minimiza a taxa de erro na transmissão.
8 - Sistemas coerentes
Para encerrar este estudo podemos citar os sistemas coerentes nos quais a modulação do
sinal a ser transmitido se dá sobre a freqüência da própria portadora óptica, o que confere a tal tipo de
sistema uma banda passante praticamente infinita, uma vez que a freqüência da onda óptica, como
citado no início deste texto, é da ordem dos 1015 Hz.
Um sistema coerente pode modular a portadora óptica em amplitude, freqüência ou fase e o
sistema de recepção baseia-se na detecção heterodina deste sinal, ou seja, é feita por comparação
com um oscilador local que, no caso, é uma fonte óptica auxiliar da mesma natureza daquela do
transmissor.
Para aproveitar ao máximo a capacidade de transmissão deste sistema o modulador deverá
ser colocado externamente ao emissor e implementado provavelmente com dispositivos eletro-ópticos,
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volumétricos ou integrados, pois estes apresentam tempos de resposta muitas vezes superiores aos dos
dispositivos opto-eletrônicos.
A figura 8.1 apresenta o diagrama esquemático de um sistema coerente empregando
detecção heterodina.
A disponibilidade de sistemas coerentes é esperada para um futuro próximo, quando os
moduladores eletro-ópticos integrados estiverem completamente desenvolvidos.
9 - Referências bibliográficas