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banalização da recuperação estrutural | ECivil
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Sem duvida a infiltração é a causa ou o meio necessário para a grande maioria das patologias em Construção ao lado de muro de divisa
edificações. Dentre as diversas, podemos destacar o ataque as estruturas de concreto armado. Por davi rodrigues beijamin, 17/05/2017
Nas regiões em que o concreto não é adequado, não recobre ou recobre deficientemente a armadura,
há a formação de óxi‐hidróxidos de ferro, que passam a ocupar volumes de três a dez vezes
superiores ao volume original do aço da armadura, podendo causar pressões de expansão superiores a
15 Mpa.
É sabido que o concreto armado só funciona como um sólido composto (ou seja, como é calculado)
quando há perfeita aderência entre o concreto e o aço. É comum encontrarmos condomínios com a
filosofia – Isso pode esperar mais um pouco, não vai cair etc!. Esperando o momento "certo" para
intervir, deixando muitas vezes os condôminos sem sono. Mas devemos alertar, que em geral, os
problemas patológicos são evolutivos e tendem a se agravar com o passar do tempo, além de
acarretarem outros problemas associados ao inicial.
Pode‐se afirmar que as correções serão mais duráveis, mais efetivas, mais fáceis de executar e muito
mais baratas quanto mais cedo forem executadas. A demonstração mais expressiva dessa afirmação é
a chamada "lei de Sitter" que mostra os custos crescendo segundo uma progressão geométrica.
Segundo SITTER, colaborador do CEB – Comitê Euro‐international du Béton – formulador dessa lei de
custos amplamente citada em bibliografias especificas da área, adiar uma intervenção significa
aumentar os custos diretos em progressão geométrica de razão 5, o que torna ainda mais atual o
conhecido ditado popular "não deixes para amanhã o que se pode fazer hoje", por cinco vezes menos.
Síndico precavido, econômico, há anos mantendo uma administração enxuta. Um belo dia se depara
com as lajes e vigas de suas garagens em processo de corrosão e desplacamento. Certamente, já sabe
o que fazer. Deixa recado com o porteiro para encontrar o Sr. Das obras, que há anos ronda o
condomínio e adjacências. "Profissional" barato, de confiança, muito bom por sinal. Entretanto,
esquece que o Sr. Das obras é um bom executor, mas não detém conhecimentos técnicos que os
diversos serviços de engenharia requer. Continuando, lá vão, síndico e Sr. Das obras a loja de
materiais de construção mais próxima. O resultado? Compram os mais diversos materiais. Aquele do
comercial Dr, diz o Sr. Das obras. Satisfeito com a "economia" e com a orientação sugerida pelo
balconista da loja, seguem para a execução da "maquiagem estrutural".
Remoção do concreto danificado pela corrosão, remoção das carepas de corrosão, pintura inibidora
polimérica ou anticorrosiva, aplicação da argamassa de reparo. Pronto !!! agora é só pintar Dr.
Bem Sr. Síndico, devemos lhe informar que o termo "recuperação estrutural" aplicado em uma
estrutura, motivado por processo de corrosão em suas armaduras significa a restituição da sua
integridade em todos os sentidos, seja o físico e químico, sempre considerando‐se que um processo é
uma série de fenômenos sucessivos com nexo de causa e efeito. A restituição das seções do aço e do
concreto, danificados por processos de corrosão nas armaduras, representa nada mais nada menos do
que o efeito. E a causa ? Bem, a causa da corrosão nem todos sabem, mas, é de origem
eletroquímica, somente neutralizada por processo eletroquímico. Por que apenas tratar os efeitos?
Evidentemente, esta forma de recuperação estrutural conduz ao aceleramento da deterioração da
estrutura.
Todo problema patológico, chamado em linguagem jurídica de vício oculto ou vício de construção,
deve ser acompanhado ou executado por um profissional devidamente habilitado.
http://www.ecivilnet.com/artigos/recuperacao_estrutural.htm 2/4
2017528 A banalização da recuperação estrutural | ECivil
Voltando dias depois para ver o serviço do Sr. Das obras e do Síndico econômico, nos deparamos com
o seguinte quadro: Utilização de argamassa com altíssima resistência a compressão, invariavelmente
duas a três vezes superior ao do concreto original. Em outras palavras, sua relação tensão –
deformação (módulo de elasticidade) é totalmente diferente da base, dando como resultado uma
transmissão de carga mais intensa e sujeitando‐a a um descolamento prematuro. Bem mais
impermeável que o concreto da base, possui uma rede de vazios bem inferior. O resultado é um
comportamento dimensional (coeficiente de dilatação térmica‐relaxação‐fluência) anômalo, não tão
importante para espessuras correspondentes ao recobrimento, mas extremamente prejudicial para
espessuras mais profundas, onde o volume de cargas é mais intenso. Na verdade, o que se deseja é
uma boa aderência, uma massa similar á original, uma cura adequada (retração por secagem) e a
efetiva neutralização da corrosão através de um processo eletroquímico. Tudo a mais influencia o
comportamento dimensional da peça estrutural, devido a falta de cuidado em tentar compatibilizar a
recuperação.
Mas este será o nosso próximo assunto, não recupere antes do próximo artigo.
Leonardo Zapla é especialista em Patologias da Construção, Consultor técnico de algumas empresas e diretor da Zapla
Serviços Especiais para Engenharia.
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