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ARTIGO ARTICLE
Sobre a varíola e as práticas da vacinação em Minas Gerais
(Brasil) no século XIX

About smallpox and vaccination practices in Minas Gerais


(Brazil) in the 19th century

Anny Jackeline Torres Silveira 1


Rita de Cássia Marques 2

Abstract This article discusses the impact of small- Resumo Este artigo analisa o impacto da varíola
pox and vaccination practices used against the e da prática da vacinação antivariólica em Mi-
disease used in the province of Minas Gerais, in nas Gerais durante o período imperial brasileiro
Brazil, during the Imperial Period (1822-1889). (1822-1889). Apesar da presença de órgãos que
Despite the existence of services responsible for the visavam à organização e à propagação da vacina
organization and dissemination of the vaccine in no país desde o início do século XIX, identifica-se,
the country since the early 19th century, some pela documentação relativa à saúde pública pro-
administrative and cultural factors, as identified duzida pelas autoridades provinciais, uma série
in documents produced by the province’s public de fatores de natureza administrativa e cultural
health authorities at the time, had a negative im- que influenciaram negativamente na plena im-
pact upon the full implementation of both prac- plementação quer da vacina quer da estrutura
tice and organization of services aimed at the dis- organizada no período visando à sua difusão. Se-
semination of smallpox vaccination. Based upon guindo as proposições da historiografia dedicada
historiographic sources, it is argued that despite ao tema, discute-se que, apesar da tendência à
the trend towards centralization observed at dif- centralização observada em diferentes esferas da
ferent governmental spheres during the structur- administração no processo de estruturação do
ing of the Imperial State, in particular, in the pro- Estado Imperial, no âmbito da saúde e, particu-
vision of vaccination services, there was a pre- larmente, no âmbito do serviço de vacinação an-
vailing disharmony between the different agen- tivariólica, prevaleceu uma desarticulação entre
cies responsible for the implementation and man- os diferentes agentes responsáveis pela implemen-
agement of such services. A further contributor to tação e o controle desse serviço. Outro aspecto que
the difficulties in the service implementation was contribuiu para as dificuldades relativas à imple-
the resistance of the population to submit to the mentação desse serviço foi a grande resistência da
1
Colégio Técnico da vaccination, a phenomenon that can be best un- população em submeter-se à vacina e que pode ser
Universidade Federal de derstood through examination of the social con- entendida pela análise das percepções sociais cons-
Minas Gerais . Av.
struction of perceptions about diseases and the truídas sobre a doença e o método da vacinação.
Presidente Antônio Carlos
6.627, Pampulha. 31270- vaccination method used against the smallpox. Palavras-chave Varíola, Vacinação, Saúde Pú-
901 Belo Horizonte MG. Key words Smallpox, Vaccination, Public Health, blica, História de Minas Gerais, Brasil Império
anejack@terra.com.br
2
History of Minas Gerais, Brazil Empire
Escola de Enfermagem,
Universidade Federal de
Minas Gerais.
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Silveira AJT, Marques RC

Introdução século XVI no Brasil” 6. A doença teria feito cerca


de 30.000 vítimas na Bahia, propagando-se para
A ausência de vetores intermediários e a necessi- as capitanias de Pernambuco e de Piratininga,
dade da transmissão direta para que possa per- onde, em 1565, teria assumido uma grave forma
sistir fizeram da varíola uma doença característi- clínica, assemelhando-se, pela confluência e odor
ca das sociedades sedentárias. A origem da mo- das pústulas, à própria lepra7. Desse período em
léstia permanece um enigma. Alguns autores su- diante, o país conheceu epidemias devastadoras
gerem sua presença desde a Antiguidade, em as- e de funestas consequências8. A doença teria sido
sentamentos agrícolas dos vales fluviais no Egito, ainda objeto do primeiro livro escrito sobre a
na Índia e na China1. Entretanto, a falta de descri- medicina no país: o Tratado Único das Bexigas e
ções claras sobre os sintomas dessas afecções im- Sarampo, de Simão Pinheiro Mourão, publicado
põe limites para um diagnóstico confiável2. Acre- em Lisboa em 16837.
dita-se que, antes mesmo do final do primeiro Entre as diferentes doenças que incidiram so-
milênio, a varíola prevalecesse em sua forma epi- bre a província de Minas Gerais durante o século
dêmica em regiões de alta densidade populacio- XIX, nenhuma foi tão persistente e alcançou tanta
nal da Europa e da Ásia, atingindo áreas periféri- proeminência como a varíola. As chamadas “be-
cas como a África Subsaariana e o norte europeu. xigas” são uma referência constante nas corres-
Discutindo a história da doença, Dobson1 diz pondências encaminhadas ao governo mineiro
que durante o século XVI a varíola representava pelas câmaras municipais, assim como nos rela-
cerca de dez a quinze por cento da taxa de morta- tórios e mensagens produzidos pelas autoridades
lidade, atingindo indistintamente príncipes e cam- provinciais durante todo o período imperial, como
poneses. A maior parte de suas vítimas encon- mostra o relatório do presidente Pedro de Alcân-
trava-se entre crianças abaixo de dez anos, mas tara Cerqueira Leite, do ano de 1865: De todas as
os adultos não estavam imunes aos seus ataques. epidemias que costumam nos afligir, a da varíola é
Entre vinte a quarenta por cento dos infectados a que mais estragos faz, não só pela própria gravi-
morriam, e os sobreviventes, muitas vezes, car- dade, como ainda mais pelo terror que infunde na
regavam os sinais de sua passagem na cegueira população. Infelizmente temos todos os anos povoa-
ou nas cicatrizes que cobriam e desfiguravam o ções invadidas por este mal, que nos vem da Corte,
corpo, especialmente a face. Nos séculos seguin- ou de outros lugares da Província de São Paulo,
tes, a varíola se tornaria endêmica nas grandes onde ela reina quase endemicamente9.
cidades, e as povoações menores seriam alvo fre- Neste texto analisamos o impacto da varíola
quente de epidemias mais ou menos severas da e da prática da vacinação antivariólica em Minas
moléstia1. Gerais, durante o período imperial brasileiro.
Na América, a doença é considerada uma das Ainda que se considere a existência de órgãos que
piores heranças dos colonizadores. Estudioso do visavam à organização e à propagação da vacina
impacto do expansionismo europeu na época no país desde o início do século XIX, como a
moderna, Crosby2 afirma que a varíola teria cru- Junta Vacínica da Corte, criada em 181110, a do-
zado o Atlântico no final de 1518 ou início de cumentação relativa à saúde pública produzida
1519, e durante os quatro séculos seguintes desem- pelas autoridades provinciais permite identificar
penhou um papel tão essencial quanto a pólvora uma série de fatores de natureza administrativa e
no avanço do imperialismo branco do ultramar3. cultural que influenciaram negativamente na ple-
O isolamento do continente teria contribuído na implementação quer da vacina quer da estru-
para a ausência de imunidade à varíola entre os tura que foi organizada durante o período vi-
nativos, explicando assim a rapidez de sua ex- sando à sua difusão. No caso da varíola, nem
pansão e a alta taxa de mortalidade atribuída à mesmo a reorganização dos serviços de vacina-
doença tão logo iniciados os contatos com os ção através da criação do Instituto Vacínico
colonizadores1,4,5. Mais tarde a doença foi asso- (1846) conseguiu superar esses obstáculos. Vale
ciada ao tráfico de escravos, com o aumento de ressaltar que a extinção do Instituto Vacínico e a
epidemias após a entrada de africanos. incorporação de suas atribuições pela Inspetoria
No Brasil, as primeiras referências à varíola de Saúde – criada em 1886 em substituição à Jun-
remetem ao primeiro século da colonização. Em ta de Higiene Pública – levaram a uma desestru-
1561, a doença teria chegado à Bahia através de turação ainda maior dos “parcos” serviços de va-
uma nau que trazia bexiguentos a bordo e, dois cinação10. Seguindo as proposições de alguns es-
anos mais tarde, “toda a população litorânea foi tudiosos sobre o tema10,11, discutimos a ideia de
assolada pela mais impressionante epidemia do que, apesar da tendência à centralização obser-
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vada em diferentes esferas da administração no sapareceria13. Contrariando essa previsão, a va-
processo de estruturação do Estado Imperial, no ríola permaneceu nos meses seguintes, recrudes-
âmbito da saúde e, particularmente, no âmbito cendo em março e atingindo maior intensidade
do serviço de vacinação antivariólica prevaleceu em junho. Os casos da moléstia continuaram
uma desarticulação entre os diferentes agentes sendo registrados na capital até o início de mar-
responsáveis pela implementação e o controle ço de 1875, alcançando a cifra de 789 infectados e
desse serviço. Os problemas enfrentados pelo 204 mortos14.
serviço de vacinação podem ser entendidos ain- Essa manifestação da varíola avançou por
da pela análise das percepções sociais construí- outras localidades da província em 1874-1875. Em
das em torno da doença e da prática da vacina, Juiz de Fora, de setembro de 1874 a fevereiro de
resultando numa grande resistência da popula- 1875, a doença infectou cerca de mil pessoas, fa-
ção em submeter-se a esse método de prevenção zendo 135 mortos13. Em Mariana, as autoridades
contra a varíola. estimaram 537 infectados e, entre eles, 161 faleci-
dos14. Em alguns lugares a epidemia teve um im-
pacto mais expressivo, como no povoado do In-
A varíola em Minas Gerais ficcionado, cidade de Mariana, onde em uma po-
pulação pouco superior a trezentos indivíduos
A presença de um clima ameno e salubre, tão “aco- houve 125 infectados, dos quais vinte faleceram13.
modado à existência humana”, é retórica comum Em Lavras, a freguesia de Carmo da Cachoeira
nos relatórios e mensagens presidenciais envia- registrou duzentos mortos, cifra considerada pe-
dos Assembleia de Minas Gerais durante o Impé- las autoridades uma “mortalidade espantosa”, em
rio12. Entretanto, esses documentos também re- uma população calculada em 5.410 pessoas13. O
velam uma infinidade de moléstias que atacavam balanço da epidemia divulgado pelas autoridades
a população mineira, como sarampo, coquelu- da província dava conta de que entre os 71 muni-
che, escarlatina, beribéri, diarreias, gastralgias, cípios que integravam o território de Minas no
hidropsia, reumatismos, pleurisias, bócio, sífilis, período em exame, 31 haviam acusado a presen-
morfeia, opilação, tuberculose e diferentes quali- ça da doença ao Inspetor de Saúde Provincial15.
dades de febres. Porém, à exceção do cólera, ne- As aparições da varíola são mencionadas em
nhuma doença mobilizou tantos esforços e aten- praticamente todos os relatórios anuais do go-
ção no correr do século XIX como a varíola. As verno provincial. A presença constante e difusa
manifestações da moléstia nesse período varia- da moléstia e as limitações das teorias médicas
ram bastante na sua intensidade. Várias das men- prevalentes no período faziam desses recrudesci-
ções feitas à varíola resumiam-se a uma pequena mentos um verdadeiro mistério. A alternância
notícia, dando conta de sua presença em determi- entre manifestações “benignas”, em geral mais
nada localidade, apontando ter a doença uma circunscritas e apresentando uma letalidade re-
propagação restrita, com poucas pessoas atingi- duzida, e as aparições mais violentas como a de
das e, às vezes, nenhuma vítima. Episódios dessa 1873-1874, então chamadas de “bexigas bravas”,
natureza são referidos na documentação como é explicada pelas proposições da virologia. Os
manifestações “benignas” da doença. Em outras estudos em torno da doença estabelecem a exis-
ocasiões, porém, a varíola assumia um caráter tência de dois tipos de varíola: a varíola major,
mais agressivo, expandindo-se por diversas re- que apresenta uma taxa de mortalidade elevada,
giões num mesmo período, como se observou atingindo de 25% a 30% dos infectados, e a varí-
nos anos de 1873-1874, quando a doença atingiu ola minor, com sintomas mais brandos e uma
várias cidades mineiras. taxa de mortalidade de 1% ou menos2.
A primeira notícia sobre essa epidemia, feita Benigna ou não, as manifestações da varíola
na cidade de Ouro Preto em setembro de 1873, despertavam verdadeiro pavor na sociedade mi-
informava que um soldado do corpo policial da neira. São inúmeros os relatos sobre o abando-
capital havia manifestado a doença, sendo então no das áreas infectadas tão logo reconhecida a
encaminhado para o isolamento. Apesar dessa presença da doença. No povoado do Inficciona-
medida, o contágio não pôde ser evitado, e em do, cerca de cinquenta pessoas haviam deixado a
outubro e novembro a varíola expandiu-se entre localidade durante a epidemia de 1873-1875, o
os moradores da capital. A doença pareceu não que perfazia um sexto de uma população de tre-
tomar “proporções assustadoras”, apresentan- zentas almas16. Algumas vezes a fuga antecipava-
do mesmo um declínio em dezembro, levando as se à própria instalação da doença, como ocorreu
autoridades ao julgamento de que em breve de- em Arassuaí no ano de 1878, de onde as autori-
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dades informavam sobre a tormenta provocada primeiras pústulas. Entre dois e cinco dias após
pela notícia da existência da varíola em um arrai- manifestados os primeiros sintomas, apareciam
al vizinho à cidade: reina a maior consternação e pequenas erupções, especialmente na face, mãos
o pânico é tal, que num só dia mais de 300 pessoas e pés, que se transformavam em bolhas puru-
abandonaram seus lares, espavoridas e aterradas à lentas. Em casos extremos, as feridas confluíam,
presença da medonha moléstia17. Em 1874, o ter- indicando uma infecção de caráter letal. No cur-
ror à doença afastou os deputados provinciais so normal da doença, cerca de oito dias depois as
das reuniões anuais da Assembleia realizadas em pústulas ressecavam, formando crostas que, mais
Ouro Preto13. Reações dessa natureza levavam a tarde, dariam lugar a cicatrizes características.
consequências mais funestas, afastando as pes- Outras sequelas possíveis eram a cegueira e a in-
soas dos doentes, impossibilitando os cuidados fertilidade masculina2.
exigidos pela recuperação, assim como das loca-
lidades contaminadas, interferindo no abasteci-
mento e no comércio, tão necessários em quadra O serviço de vacinação e os obstáculos
epidêmica. Em 1859, foram os fazendeiros e co- a sua propagação na província
merciantes que desaparecem da capital mineira,
fazendo recrudescer a carestia de gêneros, por Apesar do temor gerado por suas epidemias, a
causa dos boatos que circulavam sobre a pre- varíola era a única doença que contava com uma
sença da varíola na cidade18. prática de controle imunitário estabelecida – a
O temor despertado pela varíola admite dife- vacinação. Surgida em fins do século XVIII, a
rentes hipóteses. A proximidade da morte ou do vacina jenneriana, ou vacina humanizada, era
desamparo, a perda dos entes queridos e as de- propagada através de uma “verdadeira cadeia de
formidades repulsivas eram alguns dos fatores inoculações”, transferindo-se de pessoa a pessoa
que alimentavam o pavor despertado pela mo- a partir do cowpox da vaca10. Anterior à vacina,
léstia. A imposição do isolamento e da quarente- havia o método da variolização, que consistia na
na infligida aos doentes e aos lugares infectados remoção de material das pústulas ou de suas cros-
por doenças contagiosas era outra importante tas e sua inoculação em pessoas sãs1. No Brasil,
justificativa desse medo provocado pela varíola. essa prática, por muitos considerada herança dos
A possibilidade de ser privado de recursos bási- escravos africanos, parece ter sido bastante di-
cos para a sobrevivência ou da mobilidade ne- fundida entre a população11.
cessária para provê-los e a suspensão de práticas A difusão da prática da vacinação no país re-
que ordenavam o cotidiano, fossem elas rituais monta ao início do século XIX, sendo feita através
ou não, eram certamente avaliadas de forma ne- da iniciativa de particulares11. Em Minas, o primei-
gativa pela população. Esse medo à doença pode ro relato sobre a vacina data de 1805. Em carta de
ainda ter sido amplificado pelos temores desper- 11 de novembro daquele ano, o governador da
tados pela prática da vacinação, avaliada de for- capitania mencionava a ordem régia solicitando
ma negativa quanto à sua eficácia e vista como às autoridades coloniais o empenho por todos os
meio de propagação da varíola e de outras mo- meios possíveis na familiarização da vacina entre
léstias, além de ser percebida como uma forma os habitantes das capitanias: Soube felizmente que
de ingerência e de controle sobre a vida privada a vacina tem sido transportada para a Bahia e que
da população1. pela vigilância e zelo do Vice-Rei do Estado a tinha
Segundo Fernandes, a varíola ocupou um “lu- feito conduzir para o Rio de Janeiro onde a mandei
gar de expressão no quadro epidemiológico buscar, e a pude introduzir felizmente nessa capita-
mundial”10 tanto pela forma indiscriminada e nia com o melhor sucesso, podendo segurar a V.
violenta de sua propagação como pelas marcas Excia. que o numerário de vacinados de toda a ida-
físicas indeléveis que deixava em suas vítimas. A de e sexo nas comarcas desta capitania excede o de 3
doença caracterizava-se por um estado infeccio- mil pessoas e que virá a ser muito maior, uma vez
so cuja incubação durava cerca de 12 dias. A par- que esse continue a aplicar19.
tir de então o indivíduo era abruptamente toma- Em 1811, o Príncipe Regente criava na capital
do por febre alta e fortes dores de cabeça, nas do Império a Junta Vacínica da Corte. O novo
costas e nos músculos; as crianças apresentavam órgão ficava encarregado da propagação e con-
vômitos e convulsões. Nas infecções mais seve- servação da vacina no Rio de Janeiro e nas de-
ras, o doente podia manifestar hemorragias na mais províncias. Fernandes10 observa que a cria-
pele, nos pulmões e em outros órgãos, que leva- ção de um órgão específico para a propagação
vam à morte antes mesmo do aparecimento das da vacina seguia a orientação verificada em ou-
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tros países, sendo justificada pela importância pério. Além da normatização e fiscalização da ati-
social e econômica assumida pela moléstia no vidade de propagação da vacina, o novo órgão
período. Entretanto, avalia que a atuação da Junta ficava responsável pela condução dos debates em
foi irregular e pouco expressiva, e a propagação torno da técnica e da distribuição da linfa. Nas
da vacina, muitas vezes, uma ação de caráter pri- províncias, a aplicação da vacina ficava a cargo
vado. Os dados levantados para Minas Gerais do comissário vacinador provincial e dos comis-
corroboram essa avaliação. As referências à va- sários vacinadores municipais e paroquiais22.
cina e à organização de sua propagação são mui- Segundo o regulamento do Instituto, o co-
to mais frequentes a partir da segunda metade missário vacinador provincial deveria ser prefe-
do século, após a criação do Instituto Vacínico rencialmente médico ou cirurgião, nomeado por
do Império (1846) e da Junta de Higiene Pública ato legislativo provincial. Além de indicar e fisca-
(1850). Vale ressaltar, porém, que o aumento de lizar a atuação dos vacinadores municipais e pa-
referências à saúde ou à organização do serviço roquiais, o comissário provincial ficava respon-
de vacinação na documentação oficial não pres- sável por encaminhar as solicitações da linfa ao
supõe que eles tenham se tornado mais eficazes. Instituto Vacínico e remetê-las aos municípios;
Pelo contrário, tais referências expunham de for- notificar às autoridades do Império a presença
ma mais clara as diversas dificuldades enfrenta- de qualquer epidemia de varíola; examinar a va-
das na administração da saúde na província. cina de recrutas; encaminhar semestralmente ao
Com a reformulação das câmaras munici- Instituto uma exposição sobre as ocorrências
pais pela Lei de 1o de outubro de 182820, as res- “notáveis” e um mapa de vacinados. Por fim,
ponsabilidades relativas à saúde pública, antes devia praticar a vacina todos os domingos, além
sob a jurisdição do provedor-mor e do físico- de em outro dia da semana, a todos que a bus-
mor, foram transferidas para esses órgãos ad- cassem, distribuindo certificados àqueles que ti-
ministrativos. Entre as atribuições sob a alçada vessem aproveitado a vacina.
municipal, estava a propagação da vacina que O cargo de comissário vacinador municipal,
deveria ser conduzida pelo médico ou cirurgião nomeado por portaria ministerial, deveria ser exer-
do Partido da Câmara. A vacina era praticada cido pelo médico ou cirurgião de Partido da Câ-
nas igrejas, no edifício da Câmara ou nas fazen- mara ou por aqueles que fossem encarregados
das espalhadas pelos municípios. A aplicação era pela propagação da vacina por ato legislativo pro-
anunciada através de edital, como este, publica- vincial. Competia a ele as mesmas atribuições do
do pela câmara de Mariana, em junho de 1830: comissário provincial, a quem devia manter in-
Bernardo Pinto Monteiro, cidadão brasileiro e fis- formado sobre qualquer notícia relativa à varíola
cal da Câmara Municipal desta leal Cidade de e à vacina. A função não era remunerada, mas
Mariana [...] lhe(s) faço saber que a Ilma. Câmara previa-se essa possibilidade após dez anos de ser-
pôs em execução o artigo 69 da lei de 1o de outubro viços prestados com o reconhecido zelo. A pro-
de 1828, para que sejam vacinad(a)s todas as pes- pagação da vacina nas povoações e freguesias era
soas, tanto meninos como adultos, e assim devem atribuição do comissário paroquial, cargo que,
concorrer a essa casa da Câmara, principiando no na ausência de um facultativo, poderia ser ocupa-
dia 14 do corrente mês, desde ás 9 horas às 11, que do “por qualquer pessoa inteligente que se queira
onde achar pronto o cirurgião-mor, José Luiz de prestar a esse serviço”22. A possibilidade de remu-
Brito, presente o secretário para os tomar aval, neração seguia as determinações estabelecidas para
onde também o serei presente, e durará aqueles o comissário municipal, havendo a dispensa de
dias que forem precisos e nas horas já marcadas de serviço da Guarda Nacional enquanto desempe-
cada dia. A Ilma. Câmara espera que as operem nhasse as funções de vacinador. Apesar das pres-
para um ato tão útil para os brasileiros porque os crições da lei, a documentação revela que, diante
livra infalível do seu inimigo geral, qual é a bexiga do reduzido número de médicos e boticários exis-
maligna. E para que chegue à notícia de todos, este tentes na província durante o século XIX, frequen-
será publicado pelo porteiro do auditório e afixado temente o governo via-se forçado a recorrer aos
no lugar do costume21. filantropos, ilustrados ou curiosos, no provimen-
Em 1846, a Junta Vacínica foi substituída pelo to desses cargos.
Instituto Vacínico do Império, sendo incorpora- Como avalia Fernandes, a reforma efetuada
da neste como órgão consultor e responsável pela no serviço de vacinação em 1846 seguia os “parâ-
vacinação no município da Corte10. A criação do metros político-administrativos” estabelecidos no
Instituto redefinia o serviço de vacinação na corte período do Segundo Reinado, que determinavam
e organizava sua propagação no restante do Im- “a centralização dos serviços nas mãos do gover-
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no imperial e atribuindo às localidades a respon- Outro obstáculo na estruturação do serviço


sabilidade pela execução e financiamento desses de vacinação era a ausência ou o desinteresse dos
serviços”10. Porém, a intenção centralizadora ex- vacinadores designados para os municípios e
pressa na reformulação desse serviço não levou a paróquias. A documentação é farta em menções
uma atuação mais eficiente ou a um maior con- sobre a vacância de cargos por mudança ou fale-
trole em torno da prática. Ofícios e cartas troca- cimento dos indicados, há três, quatro, sete anos,
dos entre os comissários municipais e paroquiais como mostra essa carta enviada em 1869 da ci-
e o provedor de saúde provincial apontam a exis- dade de Curvelo informando às autoridades que
tência de enormes dificuldades na implementa- há seis anos o Dr. José Candido Coutinho da Fer-
ção das disposições relativas à vacina, que iam reira deixou de residir no termo, indo estabelecer-
dos problemas enfrentados na nomeação de co- se no Pará e que, apesar disso, o Comissário Pro-
missários paroquiais até a qualidade das remes- vincial ainda lhe envia correspondência destinada
sas da linfa encaminhadas pelo Instituto Vacíni- a ele, como se ainda fosse Vacinador Paroquial25.
co, comprometendo a credibilidade da vacina. Há também inúmeras solicitações de exoneração
As notícias sobre a aplicação da vacina anti- da função, justificadas por outros cargos já as-
variólica em Minas Gerais são escassas para o sumidos, os afazeres cotidianos, a mudança de
período anterior ao ano de 1840, o que corrobo- residência, a existência de médicos na cidade que
ra a sugestão de que a atuação da Junta Vacínica poderiam conduzir a atividade com mais pro-
foi pouco expressiva na propagação dela nos veito, problemas de saúde ou de ordem familiar,
mais de trinta anos de existência10. A partir da- entre outros. As dificuldades e a precariedade na
quela década, porém, as informações se avolu- organização do serviço de vacinação podem ser
mam – movimento que, como sugerimos, guar- avaliadas pelos informes oficiais dando conta que
da relação com as mudanças verificadas no pró- em 1869 havia na província 196 lugares designa-
prio serviço de vacinação (1846) como na reor- dos de comissários vacinadores, achando-se ain-
ganização dos serviços de saúde efetivada com a da 373 a serem preenchidos26.
criação da Junta de Higiene (1850), mas que não O controle e a sistematização da prática da
significou necessariamente maior eficiência no vacinação ainda eram prejudicados pela existên-
trato das autoridades com as questões relativas cia de comissários que, apesar de nomeados, não
à saúde. Entre a documentação surgem então desempenhavam a função. Chama a atenção a
incontáveis relatos afirmando não ter a vacina ingerência de autoridades municipais na organi-
produzido os efeitos esperados – qual seja, o sur- zação do serviço, como o caso do Juiz de Órfãos
gimento de pústulas das quais se retirava mate- de Ayuruoca, que dizia ter distribuído a linfa en-
rial para a propagação dela. Eram muitas as ex- tre outros cidadãos por não confiar nos vacina-
plicações para o fenômeno: a corrupção da linfa dores indicados27. No relatório encaminhado ao
pelos calores do trópico; a demora no transpor- Presidente da Província em 1869, o provedor de
te das amostras, fazendo com que a vacina ficas- saúde reclamava o fato de não ter aquela repar-
se fraca ou velha; a danificação do material enca- tição nenhuma força para fazer cumprir suas obri-
minhado – lâminas e tubos capilares – que che- gações àqueles que deviam prestar-lhe trimestral-
gava ao comissário em “estado verdadeiramente mente circunstanciadas informações de suas res-
inútil”23. pectivas localidades27. Quando enviados, os da-
Havia solicitações não respondidas pelas au- dos eram dúbios ou incompletos, classificando
toridades e localidades nas quais nunca houve como desanimador o quadro em que se encon-
um único vacinador. Situações como essas resul- trava o serviço de vacinação na província. Como
tavam na desarticulação e na descrença em rela- alternativa para reverter a situação, o provedor
ção à prática, como mostra correspondência as- fez ao presidente a seguinte sugestão: E para me-
sinada por um médico da cidade de Sabará, no lhorar essa sorte de cousas, julgo conveniente se-
ano de 1847: Dentro e fora desta a cidade quei- rem os professores públicos de primeiras letras obri-
xam-se alguns chefes de famílias, que vacinam os gados a título de qualquer recompensa a presta-
seus todas as ocasiões que por aqui aparece vacina, rem-se, ficando como inerente no cargo de sua
e raramente obtêm que uma ou outra pessoa tenha missão o trabalho relativo á vacinação. A vanta-
uma vesícula, e isto depois de reiteradas tentativas gem que daqui resulta é grande, serão todos os me-
Daí vem que muitos já deixaram de procurar este ninos vacinados, e ao governo poupa-se o inútil
meio, que único até hoje, tem salvado muitas vidas trabalho de nomeações, que ou recaem naqueles
e guardado, [...] destas deformidades repulsivas, que por inaptidão não podem bem servir, ou na-
milhares de semblantes24. queles que não se querem dar ao trabalho de tomar
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interesse sobre a causa pública28. Reclamações da mum que a aplicação da vacina não oferecesse
mesma natureza repetiam-se em 1873, quando o resultados práticos, como demonstram inúme-
novo comissário provincial dizia-se impossibili- ras cartas trocadas entre os comissários vacina-
tado de confeccionar os mapas de vacinação, dores e o provedor de saúde provincial. Algumas
uma vez não ter recebido as informações sobre a referências indicavam que a aplicação da vacina
aplicação da vacina solicitadas às câmaras29. desencadeava manifestações mais sérias da do-
As dificuldades impostas à promoção da va- ença, havendo relatos de vacinadores que afir-
cina pelas deficiências e pela precariedade exis- mavam a instalação de epidemias após a prática.
tentes na estrutura administrativa eram amplia- O modo pelo qual a vacina era propagada – de
das pela displicência e a resistência da população braço a braço – era por sua vez um facilitador na
em submeter-se a esse procedimento. Essa pos- transmissão de outras moléstias, o que não era
tura era avaliada pelas autoridades como decor- ignorado pelos responsáveis pela sua aplicação.
rência da ignorância popular, que impelia a ati- Por fim, a necessidade do retorno dos vacinados
tudes irracionais e absurdas, como a das mães para que se processasse a reinoculação também
da cidade de Leopoldina, que escondiam as fi- contribuía para que parte da população descar-
lhas debaixo da cama para escapar à vacina30. tasse o recurso a esse método preventivo11.
Em Pium-í, a câmara informava haver na cidade Mas se havia resistência à vacina, o mesmo
um grande prejuízo contra a vacina e que, por parecia não acontecer em relação à variolização.
mais que se esforçasse em apresentá-la como um A prática era frequentemente descrita pelos co-
dos grandes benefícios da Providência, a popula- missários, que sugeriam uma ligação direta des-
ção se recusava à inoculação, alegando que es- sa forma de inoculação com algumas ocorrênci-
tando sãos não hão de procurar doenças, que po- as epidêmicas, como revela o relato do médico
dem estar com os humores ruins ou que o pus pode responsável pela assistência às vítimas da epide-
ser falso repelindo assim o benefício e ameaçando mia de 1874 na povoação do Inficcionado, justi-
fugir para as roças31. Em 1869, o presidente da ficando o incremento da epidemia pela inocula-
província dizia que a fraca propagação da vacina ção de vírus varioloso “que geralmente se faz no
devia-se especialmente ao desleixo indesculpável povo”16. A mesma alegação foi feita sobre uma
do povo, que não procura e mesmo desdenha do epidemia na vila de Januária, em 1845, sendo a
preservativo da vacina, de que só se lembra na pro- doença explicada pela inoculação que se andou
ximidade do perigo, dizendo que nos sertões o fazendo de bexigentos para sãos, sem se examinar
povo confundia a vacina com a própria bexiga32. nem conhecer o estado das bexigas que se iam ino-
A aversão devotada ao método e a resistência cular e o dos pacientes. Os resultados tem sido tris-
em apresentar-se para a observação e retirada tíssimos e terríveis, estamos lutando contra uma
do pus vacínico mobilizava os responsáveis pelo verdadeira calamidade, que talvez nunca se espa-
serviço em torno de alternativas a fim de obrigar lhasse se não fosse o rude enxerto que preservam
o povo à prática da vacinação. As sugestões ti- em praticar33. Além de apontar a presença da
nham um caráter verdadeiramente policialesco, prática da variolização entre a população da pro-
como o estabelecimento de multas e prisão para víncia, tais relatos deixam deduzir que, pelo me-
quem se recusasse a apresentar-se ou a sua famí- nos para uma parte da população, o medo não
lia para a vacinação, a proibição de admissão estava na exposição à contaminação visando ad-
nas escolas e empregos públicos, a negação de quirir proteção contra as bexigas, mas sim à va-
provisões para casamentos ou de estabelecimen- cina propagada pelas autoridades. Uma forma
to de loja ou qualquer outro meio público de de entender esse terror à vacina seria encará-lo
vida para quem não se submetesse à vacina – o como expressão do horror que grande parte da
que, certamente, só haveria de aumentar o pavor população devotava aos próprios médicos e aos
da população diante da vacina. No entanto, ha- seus conhecimentos ainda bem pouco eficazes.
via também a preocupação em estimular os res- Mas esse medo também pode ser revelador de
ponsáveis pela aplicação do preservativo, com o uma distância entre as concepções populares de
estabelecimento de prêmios aos facultativos na doença e cura e aquelas propaladas pela medici-
proporção de pessoas vacinadas ou a remunera- na oficial – como, por exemplo, as concepções de
ção deles para que propagassem a vacina pelas doença e cura partilhadas pelos descendentes de
freguesias sob as vistas dos juízes de paz. africanos, discutida por Chalhoub11.
Um exame detido sobre o histórico da vacina Entretanto, é curioso observar que apesar da
antivariólica durante o século XIX revela que os ênfase dada à indiferença popular à vacinação, a
receios do povo não eram injustificáveis. Era co- documentação analisada também sugere um for-
394
Silveira AJT, Marques RC

te movimento em direção à vacina quando da precário, contribuindo muitas vezes para aumen-
ameaça de epidemias. Ao mesmo tempo que os tar o temor diante da vacinação.
comissários vacinadores reclamavam que o povo A pesquisa documental sobre a história da
não se submetia à aplicação da vacina, a notícia varíola e da difusão da vacina em Minas Gerais
de um caso de varíola na cidade ou nos seus ar- mostrou como os órgãos e autoridades públicas
redores era motivo para que imediatamente en- responsáveis pela vacinação atuaram de forma
caminhassem solicitações da linfa, informando desarticulada e pouco sistemática. Assim, se é pos-
ser grande a concorrência dos que queriam ser sível identificar uma proposta centralizadora nas
vacinados. Exemplar é a carta encaminhada pelo determinações do governo imperial em torno da
comissário vacinador de Juiz de Fora, durante a prevenção e do controle da varíola, especialmen-
epidemia de 1874, na qual dizia ser impossível te após a criação do Instituto Vacínico (1846),
determinar a quantidade de pessoas que havia não havia por parte das autoridades das diver-
vacinado, pois tão grande era o número dos que sas esferas da administração imperial meios para
o haviam procurado, que apenas me restava trans- o cumprimento delas. Além da própria estrutu-
mitir a vacina, não me restando tempo para fazer ra administrativa, a difusão da vacina era preju-
assentamento, podendo, contudo, calcular-se te- dicada pela postura displicente daqueles encar-
rem sido vacinados para mais de mil, mil e quatro- regados por sua aplicação nas diferentes locali-
centos pessoas34. O que parece ser um comporta- dades da província e ainda pela relativa descren-
mento contraditório ganha lógica quando anali- ça que a população devotava ao método, expli-
sado no interior da crise epidêmica; afinal, o prin- cada pela desmoralização do próprio serviço
cipal objetivo nesses momentos era a sobrevi- como também pelas concepções de doença mui-
vência, independentemente dos meios utilizados. tas vezes distintas do que era propalado pelas
Qualquer sugestão que prometesse a cura ou a teorias médicas.
proteção contra o flagelo era bem-vinda, inde- Entretanto, a desarticulação e a ineficiência não
pendentemente do lugar de sua produção. foram uma prerrogativa exclusiva do serviço de
vacinação. Além dos comissários vacinadores, as
autoridades também desconheciam os dados so-
Considerações finais bre médicos, boticários, cirurgiões, barbeiros e
outros agentes de cura que atuavam na provín-
Durante todo o século XIX a varíola foi uma ame- cia. Do mesmo modo, não havia controle sobre
aça constante à população mineira e, mesmo sen- os diplomas e licenças que eram exigidos desses
do uma experiência relativamente frequente, as profissionais, revelando que a existência da lei não
aparições da doença não deixaram de causar es- pressupunha sua observação, inclusive pelo pró-
panto e alterar a vida cotidiana em diversas loca- prio poder público, que era responsável pela fis-
lidades da província. A existência de métodos que calização desses profissionais. Por fim, se na base
visavam à prevenção da moléstia desde o início do serviço montado pelo Estado a aplicação da
daquele século – como a variolização e a vacina – vacina dependia da boa vontade dos comissários
não resultou no abrandamento ou no controle paroquiais, o socorro e a atenção aos doentes e
mais eficaz dessas manifestações. Os serviços or- pobres da província durante o período imperial
ganizados pelo governo imperial visando à difu- também se apoiavam no concurso dos particula-
são da vacina antivariólica funcionaram de modo res e das almas humanitárias.
395

Ciência & Saúde Coletiva, 16(2):387-396, 2011


Colaboradores Referências

AJT Silveira e RC Marques participaram igual- 1. Dobson M. Disease: the extraordinary stories behind
mente de todas as etapas da elaboração do artigo. history’s deadliest killers. London: Quercus; 2007.
2. Crosby AW. Smallpox. In: Kenneth K, editor. The
Cambridge world history of human disease. Cambridge:
Cambrige University Press; 1999. p. 1009-1010.
Agradecimentos 3. Crosby AW. Imperialismo ecológico: a expansão bio-
lógica da Europa: 900-1900. São Paulo: Companhia
Este artigo é resultado parcial do trabalho de das Letras; 2000.
4. Sournia JC, Rufie J. As epidemias na história do ho-
pesquisa desenvolvido pelo projeto A História mem. Lisboa: Edições 70; 1976.
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XIX, apoiado pelo Conselho Nacional de Pesqui- chor Books; 1971.
sa (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesqui- 6. Ribeiro L. Medicina no Brasil Colonial. Rio de Ja-
sa de Minas Gerais (Fapemig). Os relatórios e neiro: s.l.; 1971.
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poníveis em http://www.crl.edu/pt-br/brazil/pro- ra. v. 2. São Paulo: Hucitec/EdUSP; 1991.
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rais apresentou no ato da abertura da seção ordinária
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queira Leite, presidente da mesma província. Ouro
Preto: Tipografia de Minas Gerais; 1865.
10. Fernandes TM. A vacina antivariólica: ciência, téc-
nica e o poder dos homens – 1808-1920. Rio de Janei-
ro: Editora Fiocruz; 1999.
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corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras;
1996.
12. Fala dirigida á Assembléia Legislativa Provincial de
Minas Gerais na sessão ordinária do ano de 1847 pelo
presidente da Província, Quintiliano José da Silva.
Ouro Preto: Tipografia Imparcial de B. X. Pinto de
Sousa; 1847.
13. Relatório que à Assembléia Legislativa Provincial de
Minas Gerais apresentou no ato de abertura da Seção
Ordinária de 1874 o Vice-Presidente Francisco Leite
da Costa Belém. Ouro Preto: Tipografia de J. F. de
Paula Castro; 1874.
14. Relatório que o Ilm., Exm. Sr. Dr. Francisco Leite da
Costa Belém, 2 Vice-Presidente da Província de Minas
Gerais apresentou, no ato de passar-lhe a Administra-
ção da mesma Província, ao Exm Sr Desembargador
João Antonio de Araújo Freitas Henriques, a 6 de
março de 1875. Ouro Preto: Tipografia de J. F. de
Paula Castro; 1875.
15. Minas Gerais. Arquivo Público Mineiro, Seção Pro-
vincial, Fundo Secretaria do Governo, SP. SG.259,
doc.257.
16. Minas Gerais. Arquivo Público Mineiro, Seção Pro-
vincial, Fundo Presidência da Província, SP. PP.26,
cx.04, doc.03.
17. Minas Gerais. Arquivo Público Mineiro, Seção Pro-
vincial, Fundo Presidência da Província, SP. PP26,
cx.06, doc.42.
18. Relatório que o Ilm., Exm. Sr. Dr. Joaquim Delfino
Ribeiro da Luz, Vice-Presidente da Província entregou
ao Ilm., Sr. Conselheiro Carlos Carneiro de Campos
em o dia 6 de abril de 1859 no momento de seguir para
a Vila de Lavras a fim de assistir às arrematações da
Estrada do Passa Vinte. Ouro Preto: Tipografia Pro-
vincial; 1859.
396
Silveira AJT, Marques RC

19. Arquivo Histórico Ultramarino, cx.178, doc.14, rolo 27. Minas Gerais. Arquivo Público Mineiro, Seção Pro-
164, gav. F4. vincial, Fundo Presidência da Província, SP.PP.26,
20. Brasil. Lei do 1o de outubro de 1828. Dá nova forma cx.02, doc.45.
às Câmaras Municipais, marca suas atribuições e o 28. Relatório que á Assembléia Legislativa Provincial de
processo para a sua eleição e dos Juizes de Paz. Co- Minas Gerais apresentou no ato da abertura da Sessão
leção de Leis do Império do Brasil de 1828. Rio de Janei- Ordinária de 1870 o Vice-Presidente, Dr. Agostinho
ro: Tipografia Nacional; 1878 [acesso 2010 mar 05]. José Ferreira Bretas. Ouro Preto: Tip. Provincial;
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Oliveira RP, organizadores. Termo de Mariana: his- 30. Minas Gerais. Arquivo Público Mineiro, Seção Pro-
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23. Minas Gerais. Arquivo Público Mineiro, Seção Pro- Castro; 1869.
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26. Relatório apresentado à Assembléia Legislativa Pro-
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pelo Presidente da mesma Província, Dr. José Maria Artigo apresentado em 5/4/2010
Corrêa de Sá e Benevides. Rio de Janeiro: Tip. Uni- Aprovado em 24/6/2010
versal de Laemmert; 1870 (Anexo 1). Versão final apresentada em 7/7/2010

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