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S471a Seminário da Oficina de Paleografia (5.: 2019 : Mariana, MG).
Anais do V Seminário da Oficina de Paleografia [recurso eletrônico] /
Comissão Científica: Andressa Antunes... [et al.]. – Mariana, MG: Oficina de
Paleografia da UFOP/ICHS, 2020.
65 p.
Disponível em: https://paleografia.ufop.br/anais-paleografia
Seminário realizado nos dias 29 e 30 de agosto de 2019.
Eixos: Cultura escrita e circulação de ideias. Memória e ensino de história.
Historiografia das sedições: debates e novas perspectivas. Festas e sedições.
Temática livre.
ISSN 2595-8941
1. Brasil – História - Conjuração mineira, 1789 . 2. Brasil - História -
Conjuração dos Alfaiates, 1798 . 3. Paleografia. I. Oficina de Paleografia. II.
Universidade Federal de Ouro Preto – (UFOP). III. Título.
CDU: 94(81).034
Oficina de Paleografia
1ª Edição
Mariana
2020
Expediente
Responsável pela publicação: Oficina de Paleografia da UFOP
CEP: 35420-000
E-mail: oppufop@gmail.com
Comissão Científica
Andressa Antunes
Júlia Matos
Luis Maiolini
Monalisa Silva
Sumário
Apresentação 7
Realização do evento 8
Apoio 8
Monitores e Monitoras 8
Programação 9
Dia 29 de Agosto 9
Dia 30 de Agosto 11
Resumos 14
Eixo 1: Cultura escrita e circulação de ideias 14
Real Mesa Censória de Portugal e Ilustração setecentistas: tensionamentos entre
colonização e independência 14
Leitura e edição de documentos manuscritos setecentistas portugueses 15
Christiane Benones de Oliveira
O campo jurídico do Direito das Gentes em Tomás Antônio Gonzaga 16
Pedro Henrique de Mello Rabelo
Eixo 2: Memória e ensino de história 18
Do Arquivo Eclesiástico ao Museu da Música de Mariana: a música como meio de
memória e patrimônio local 18
Mayra Souza Marques
Eixo 3: Historiografia das sedições: debates e novas perspectivas 19
Cássio de Sá e Cabral
Projetos divergentes e inimigos comuns: o debate político entre Bernardo
Pereira de Vasconcelos e Marquês de Baependi 29
Daiane de Souza Alves
Artigos completos – Comunicações Livres 32
Morfologia da primitiva vila de Ilhéus (séculos XVI-XVII): análise documental
e georreferenciamento 32
Iuri Dantas da Silva Andrade
O manuscrito de André Álvares Almada: fonte cabo-verdiana para uma história
do comércio nos Rios da Guiné (século XVI) 49
Lucas Aleixo Pires dos Reis
Apresentação
A Oficina de Paleografia da UFOP é uma iniciativa discente, que conta com o apoio do
Departamento de História da UFOP e do Programa de Pós-Graduação em História da mesma
instituição. O objetivo desta oficina é promover um curso de caráter iniciante sobre transcrição
aulas teóricas e práticas sobre Paleografia, além de conferências que visam estabelecer diálogos
entre pesquisadores atuantes e alunos da Oficina. O público-alvo das atividades geralmente são os
alunos dos primeiros semestres do curso de História da UFOP, porém, mediante divulgação intensa
da Oficina, tem-se recebido inscrições da comunidade local e de demais estudantes, promovendo
Há seis anos, a Oficina promove um evento que objetiva divulgar pesquisas em andamento
sobre assuntos que tangenciam a prática da transcrição documental e sobre diversos temas. Além
do espaço das comunicações livres, os minicursos oferecidos visam o aprofundamento sobre
determinadas temáticas, e as conferências de abertura e de encerramento possibilitam o contato
Inconfidência Mineira e 220 anos da Conjuração Baiana. A partir destas datas comemorativas,
- contexto em que ocorreram estes importantes eventos. Os presentes Anais reúnem os resumos das
comunicações livres apresentadas e alguns textos completos, a fim de divulgar as discussões
Realização do Evento
Apoio
Monitores e Monitoras
Dezembro de 2020
Credenciamento
9h - 15h
Comunicações livres
10h - 12h
Eixos temáticos
Mini-cursos
13h - 16h
18h30 - 19h
Conferência de Abertura
19h - 21h
Credenciamento
9h - 15h
Comunicações livres
10h - 12h
Eixos temáticos
4. Festas e sedições
Douglas de Araújo Bernardes - “Entre Fúrias e Eumênides: Justiça e Vingança nos
processos criminais de Mariana, Minas Gerais, no século XVIII”
5. Temática livre
Iuri Andrade Dantas - “Morfologia da primitiva vila de Ilhéus (séculos XVI-XVII): análise
documental e georreferenciamento.”
Lucas Aleixo Pires dos Reis“O manuscrito de André Álvares Almada: fonte
cabo-verdiana para uma história do comércio nos Rios da Guiné (século XVI)”
Cássio de Sá e Cabral - “ Contabilidade colonial: as contas correntes da sociedade para
muares de João Rodrigues de Macedo (1777-1790).”
Daiane de Souza Alves - “Projetos divergentes e inimigos comuns: o debate político
entre Bernardo Pereira de Vasconcelos e Marquês de Baependi”
Mini-cursos
13h - 16h
16h - 18h
18h30 - 19h
Conferência de Encerramento
"Entre Conjurações, Repúblicas e Cidadanias: fontes e temas para a História da escravidão e do
Pós-abolição em Minas Gerais".
Resumos
Graduando em História
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O presente trabalho propõe a reflexão acerca do viver em sociedade e da organização do
mando português na América, enfocando as ordenações e os desvios, a partir de historiografias
consolidadas sobre o assunto. Diante do exposto, trataremos das razões pelas quais a Coroa
portuguesa criou a Mesa Real Censória de Portugal, na busca pela compreensão da importância de
imposição de uma doutrina determinada e, a esse fim, se promovia, por meio da censura, uma
mentalidade adequada ao Antigo Regime. Desenvolveremos, a partir dessa óptica, uma argumentação
1
Este trabalho foi realizado pelos alunos Amanda Marangoni Rodrigues, Ana Paula Saraiva Ferreira, André Gabriel Santos,
Douglas de Araújo Bernardes, Maria Clara Fada, Maria Luísa Miranda Costa, Mauro César de Castro, Mayara Pacces
Vicente, Milena Pereira Macêdo e Rafaela Oliveira Areal para disciplina de História do Brasil I, ministrada pelo Prof. Dr.
Alvaro de Araujo Antunes, sob tutoria do douorando do PPGHIS UFOP Lucas Samuel Quadros.
voltada para a problemática da influência da Ilustração nos movimentos de independência e de
revoltas, analisando, também, as formas de burlar e resistir a tal lei escrita em 1787, atentando-se,
inclusive, para as práticas de leitura e a sociedade de pensamento das Minas setecentistas – tendo
portugueses
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compreensão de documentos manuscritos setecentistas. Por evidenciar um uso pretérito da língua
portuguesa, contribuindo para o avanço do conhecimento desses estados de língua, os textos antigos
assumem uma grande importância para os estudos diacrônicos. Tendo em vista essa riqueza, a maior
parte dos pesquisadores que utilizam documentos manuscritos como corpora de pesquisa devem dar
preferência aos textos fidedignos, criteriosamente armazenados segundo normas da edição crítica de
textos, conforme será discutido. Para tanto, serão apresentados dados paleográficos que foram
extraídos do manuscrito Testamento do rei Dom Pedro II, de Portugal, ano de 1704, que fez parte da
pesquisa de mestrado intitulada “Estudo comparativo das abreviaturas em documentos
politestemunhais do testamento do rei D. Pedro II, de Portugal”, do programa de pós-graduação em
a importância da edição fidedigna dos documentos históricos, na qual há um baixo grau de mediação
por parte do editor, conforme CAMBRAIA (2005). Apresentar estudos sobre os documentos de épocas
passadas nos permite conhecer mais a nossa língua e compreender alguns aspectos do seu uso.
Demonstraremos, ainda, alguns aspectos paleográficos existentes no documento que causaram
dificuldades no momento da edição. Desse modo o desenvolvimento desta pesquisa de mestrado
buscou contribuir para a criação de um corpus cientificamente preparado que venha a propiciar,
simultaneamente, corpora para estudos no âmbito da História da Língua e áreas afins, da Linguística e
Doutorando em História
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Para Kenneth Maxwell, o comércio externo e o reconhecimento exterior da “República das
Minas” não pareciam importantes a alguns dos principais partícipes da Inconfidência Mineira. Para
Oliveira Lopes e o próprio “Tiradentes”, uma aproximação entre Minas, São Paulo e Rio seria mais
da administração portuguesa em fins do século XVIII. As reformas pombalinas, por exemplo,
incentivaram uma profunda modificação das relações político-mercantis entre Portugal e Inglaterra.
feitorias inglesas, acometidas por uma queda considerável de seu comércio com o Império português. O
objetivo, nos dizeres de Maxwell, seria o de “nacionalizar o comércio português”, meta que apesar de
principais teóricos do Direito das Gentes, campo jurídico que originalmente muito próximo ao Direito
Natural, contava com uma série de preceitos que intensificavam as aproximações entre as nações e
rechaçava isolamentos como os que pareceram se colocar em execução pela administração
pombalina. Entre as obras do jesuíta espanhol, Francisco Suárez (1548-1617), e as do jurista de
Neuchâtel, Emer de Vattel (1714-1767), o Direito das Gentes migrou progressivamente de sua base
jusnaturalista rumo a um forte atrelamento ao Direito Positivo, o que compreendeu um aumento
significativo dos Tratados interestatais de paz, aliança e comércio enquanto fontes dos direitos e
No espaço luso-brasileiro, poucos anos antes de seu envolvimento com a Inconfidência
Mineira, Tomás A. Gonzaga (1744-1810) publicou um Tratado de Direito Natural, obra em que se afastou
consideravelmente das vertentes positivistas do Direito das Gentes. Gonzaga evitou autonomizar o
campo do Direito das Gentes em seu livro, que dedicado a Pombal, parecia encontrar-se em sintonia
com seu projeto de “nacionalização”. A obra, dentro do espectro do Direito das Gentes, pode trazer
novas compreensões a respeito dos conceitos políticos mobilizados em fins do XVIII, como soberania,
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Esta comunicação, baseada no segundo capítulo da dissertação de mestrado intitulada
“Trajetórias do Museu da Música de Mariana: mutação e pluralização dos meios da memória cultural”,
busca compreender como a música pode se tornar objeto de museu através da análise da
transformação de um acúmulo de partituras dos séculos XVIII e XIX encontradas na Catedral da Sé
O Museu da Música de Mariana (MMM) foi fundado nos anos 1970 por Dom Oscar de Oliveira,
atuante também na criação do Museu de Arte Sacra e no Museu do Livro (Biblioteca dos Bispos). Na
década de 1960, D. Oscar, então arcebispo de Mariana, encontrou alguns manuscritos musicais nos
porões do Arquivo Eclesiástico, durante a transferência do seu acervo da Igreja de São Pedro dos
parte desta instituição, uma preocupação em “fazer soar” a música que ali é preservada, mantendo uma
comunicação com os coros locais, afim de capacitá-los para a execução das obras ali guardadas. A
relação do MMM com a comunidade se dá também através do uso do espaço do museu para outros
Através da análise de documentos como artigos publicados no jornal O Arquidiocesano e de
correspondências de D. Oscar, preservados pelo Arquivo Eclesiástico, tentaremos compreender os
objetivos do arcebispo ao criar o MMM, a importância da preservação do patrimônio marianense (em
especial, a música) e as transformações ocorridas nesta instituição que nasceu como arquivo e se
transformou em museu.
Wederson Gomes
Doutorando em História
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A transição entre os séculos XVIII e XIX foi um espaço de profundas e significativas
experiências para o Império luso-brasileiro. Marcado por conflitos e transformações, o alvorecer do
século XIX foi acompanhado de um conjunto de experiências plurais em um curto espaço de tempo. Os
homens oitocentistas estiveram envolvidos em eventos relevantes e que demonstravam as mudanças
ISSN 2595-8941 Seminário da Oficina de Paleografia
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operadas ao longo do século XVIII e cada vez mais presentes nas primeiras do XIX. Esse é o caso das
inconfidências que aconteceram no decorrer da década de 1790 e que modificaram imaginário dessa
geração de políticos e intelectuais. Conceituadas como sedições a partir dos trabalhos produzidos por
István Jancsó, esses acontecimentos são representativos para o contexto porque explicitam a erosão
A análise acerca dessas sedições é relevante uma vez que permite compreender as
singularidades, imaginário e transformações decorrentes daquela experiência de tempo. Dessa forma, a
existência de uma substancial historiografia acerca das sedições que aconteceram no último quartel do
século XVIII, a análise das trajetórias de seus partícipes e os intentos em torno das sedições merece
uma análise pormenorizada, pois permite entender a pluralidade de interesses dos diferentes
Filho esteve envolvidos em marcos relevantes para a História do Império luso-brasileiro e,
posteriormente, no Império do Brasil. Chama atenção em sua trajetória seu envolvimento em duas
sedições; a Inconfidência Mineira (1788-1792) e mais tarde a sedição da Praça do Comércio (1821). O
envolvimento do burocrata em ambos os acontecimentos traz consigo informações acerca das
o curto espaço de experiência que eles tinham para absorver e assimilar tais fatos. Debater esses
Graduanda em História
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Graduanda em História
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Ainda em andamento, esta pesquisa compõe um esforço de compreensão da história da
frequência no Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana a partir da sistematização e análise
gráfica das consultas realizadas no mesmo entre os anos de 1999 a 2012. Para tal, utilizamos como
fontes os cadernos de frequência e relatórios digitais disponibilizados pela instituição. Os dados
possibilitam compreender em grande medida o alcance do Arquivo, já que constam: a data, o nome do
visitante, instituição, residência/cidade, material consultado, número do registro geral (RG) - a partir de
apenas com o número de registros dos visitantes Nesse sentido, é necessário ressaltar que a quantia
trabalhada até então inclui, também, consultas feitas por uma mesma pessoa, em um mesmo dia,
abarcar de forma individual as visitas realizadas ao AHCMM. Além disso, é importante salientar que os
números analisados não abrangem os projetos extensionistas realizados no Arquivo - à exemplo do
Arquivo Aberto, desenvolvido em 2009, e Cidade e Cidadania: 300 anos da Câmara Municipal de Mariana,
Dessa forma, esta Comunicação Livre, procura, além de apresentar gráficos que relacionam
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Contrariando a proibição do estabelecimento de clérigos regulares nas Minas, os ideais das
Ordens Mendicantes fizeram-se presentes nessa região, desde meados do século XVIII, quando
em uma associação de leigos católicos, que, agregados sob a devoção de um patrono, se reúnem em
cristã praticando sua religiosidade conforme os preceitos de um estatuto, todavia não professam os
votos solenes de obediência, castidade e pobreza, típicos de ordens primeiras e segundas – as Ordens
Regulares. Esses sodalícios cultivavam uma espiritualidade depurada e, por conseguinte, apresentavam
um repertório iconográfico bem específico, de acordo com valores defendidos por cada instituição
fraternal.
No caso das Ordens Terceiras do Carmo mineiras destacam-se imagens e símbolos que
místicos, para tecer sua história e transmitir sua mensagem de fé. O culto à Nossa Senhora do Carmo é
antigo e nessa região tornou-se uma devoção cara à sociedade, compartilhada por vários grupos
forma significativa, a história da Ordem, repleta de fatos lendários e fabulosos. Nessa oportunidade,
nas Minas Gerais, da segunda metade do século XVIII até meados do século XIX, a partir do calendário
erigidos em honra a Nossa Senhora do Carmo, a saber: São João Del Rei, Mariana, Ouro Preto,
Graduando em História
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O projeto trata da relação entre a vingança e a justiça manifesta nos processos criminais de
justiça remete a um momento fundamental e mítico que está narrado na tragédia Oréstia, de Ésquilo.
Nesta obra, as Fúrias, personagens que representam a vingança, tornam-se Eumênides pela influência
Fúrias, transformando-as em justiça (Eumênides). Assim, ao aludir a esse mito fundamental em seu
noções e as ações da justiça e da vingança. Seguindo estas considerações, o trabalho se inclina,
da justiça – principalmente nas Minas Gerais do século XVIII, estabelecendo as possíveis relações entre
O gerenciamento da punição de um crime revela o caráter da aplicação da justiça oficial e
formas de punir, associada à vingança que confere a cada qual o seu pelo preceito da violência. As
especificidades regionais de Minas Gerais, refletidas através de outros trabalhos, iluminaram as
considerações acerca da administração da justiça em um território amplo e, a priori, cheio de tensões
que estão presentes no Arquivo da Casa Setecentista de Mariana, outras obras foram exploradas como
apoio às reflexões propostas, como o "Epilogo jurídico " e "Pratica judicial ", do jurisconsulto Antonio
Vanguerve Cabral que compõem as obras investigadas e permitiram a identificação das aproximações
documental e georreferenciamento
Mestrando em História
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Nesta comunicação serão apresentados os objetivos, a metodologia e os resultados da
pesquisa que visou identificar, descrever e analisar a configuração da morfologia urbana da primeira
vila de São Jorge dos Ilhéus (a Vila Velha), instalada no alto do Outeiro de São Sebastião, e de seus
referenciais urbanísticos entre os séculos XVI a XVII. Objetivou-se reconstruir o traçado original de suas
ruas, assim como identificar e localizar seus principais edifícios. Almejou-se, também, compreender o
movimento de expansão da vila para a planície ao longo do tempo. Para a apreensão da gênese do
espaço urbano da primeira vila de Ilhéus considerou-se que sua origem esteve vinculada à tradição
a igreja matriz, a casa da câmara, a Misericórdia. O traçado dos quarteirões também obedecia a
assim como um banco de dados das escrituras da vila de Ilhéus do século XVIII. As informações
documentais permitiram a produção de mapas e infográficos com ferramentas de georreferenciamento,
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de maneira que os resultados da foram apresentados em forma de narrativa textual e de conjunto de
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Esta comunicação tem o intuito de discutir o contexto de produção dos relatos de viagem
cabo-verdianos e a utilização de tal tipologia documental para uma história do comércio nos Rios da
Guiné no final do século XVI. O arquipélago de Cabo Verde, na costa ocidental da África, foi um dos
com o arquipélago se deu no ano de 1456. Este logo se tornou um importante local, funcionando como
base de apoio ao comércio desenvolvido com a região dos Rios da Guiné, localizada na costa. O
estabelecimento da União Ibérica (1580-1640) representou um empecilho para o pretenso monopólio
comercial português sobre o trato da Guiné. Com a união das coroas, o interesse sobre a região se
arrefeceu e Cabo Verde deixou de ter um papel central como base de apoio, o que impactou
comerciais da região e reconquistar o apoio da Coroa, alguns relatos foram produzidos. Dentre estes,
podemos destacar o Tratado Breve dos Rios da Guiné do Cabo Verde do cabo-verdiano André Álvares
cavaleiro da Ordem de Cristo, Almada registrou informações pertinentes ao trato comercial. A análise
deste trabalho recairá sobre o relato de viagem produzido por Almada. As reflexões e conclusões que
esta exposição procura levantar englobam, em um primeiro momento, a análise do contexto de
Cássio de Sá e Cabral
Mestrando em História
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em História da Universidade Federal de Ouro Preto (PPGHIS-UFOP) - com ingresso em março de 2018 –
que foi reformulado, apresentado e aprovado pela banca no exame de qualificação ocorrido em março
deste ano. Trata-se, portando, de uma pesquisa em andamento com prazo de conclusão até junho de
2020.
O objeto da pesquisa é a figura do contratador de tributos e comerciante, João Rodrigues de
Macedo, homem de grande destaque econômico, social e político na capitania de Minas Gerais nas
décadas finais do século XVIII. Inicialmente, tratar-se-ia da sua atuação como contratador de tributos
Desde o exame de qualificação, ficou definido a pesquisa da participação de João Rodrigues de Macedo
Pretende-se elucidar qual a participação de João Rodrigues de Macedo no comércio de muares
de Estudos do Ciclo do Ouro da Casa dos Contos de Ouro Preto. A partir deste detalhado documento
possível identificar as origens dos animais transacionados e seus transportadores, para, ao final,
elucidar o objetivo central da pesquisa, que é de grande relevância historiográfica por seu impacto
econômico, uma vez, que por meio de animais, como muares e cavalos, se fazia a logística colonial.
Doutoranda em História
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revelou em seus amálgamas diversos projetos de construção para o Estado que se formava. Esta
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apresentação dedica-se a compreender a consolidação da Fazenda Pública imperial em meio a esses
projetos que possibilitaram a maior organização das finanças e que fomentaram, para isso, a
preocupação com legislações específicas para a administração financeira. Das propostas sobre a
fiscalidade defendidas pelos diversos segmentos políticos durante o Primeiro Reinado atemo-nos a
duas que consideramos fundamentais: a primeira, conduzida pelo ministro da fazenda Manuel Jacinto
Nogueira da Gama defendia um modelo de organização fiscal que presasse pela unidade territorial e
O espaço para discussões mais específicas sobre a organização e reestruturação do Estado
vão ocorrer apenas com abertura dos trabalhos legislativos em 1826, em que a oposição ao Imperador
fortaleceu-se e propôs pautas específicas para questões econômicas. Os liberais vão assumir
centralidade ao longo das sessões da Câmara dos Deputados, consolidar-se e possibilitar importantes
debates sobre as matérias financeiras, que proporcionaram a implementação de legislações
constituindo-se de forma orgânica nos jornais da época, essencialmente O Universal da província de
Rio de Janeiro onde foram publicadas uma série de defesas por parte de Manoel Jacinto Nogueira da
Gama. Ambos os estadistas representavam, em alguma medida, grupos proeminentes na política
imperial. Nossa análise nos levou a colocá-los em lados opostos, na medida em que defendiam
interesses de grupos distintos. Manoel Jacinto Nogueira da Gama – Marquês de Baependi, importante
Bernardo Pereira de Vasconcelos por ter se destacado como um dos principais líderes dos liberais
documental e georreferenciamento
Mestrando em História
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Resumo
Nesta comunicação serão apresentados os objetivos, a metodologia e os resultados da pesquisa que
visou identificar, descrever e analisar a configuração da morfologia urbana da primeira vila de São
Jorge dos Ilhéus (a Vila Velha), instalada no alto do Outeiro de São Sebastião, e de seus referenciais
de expansão da vila para a planície ao longo do tempo. Para a apreensão da gênese do espaço urbano
da primeira vila de Ilhéus considerou-se que sua origem esteve vinculada à tradição urbanística
portuguesa, na qual o traçado respeitava os relevos das elevações, tirando proveito deles e com um
matriz, a casa da câmara, a Misericórdia. O traçado dos quarteirões também obedecia a critérios
elementos de defesa. Fontes textuais e iconográficas forneceram pistas destas configurações, assim
que os resultados da foram apresentados em forma de narrativa textual e de conjunto de mapas
Este trabalho tem por objeto a antiga vila de São Jorge dos Ilhéus, atual bairro de São
Sebastião. Ao considerar os saberes que configuram as culturas territoriais que orientaram suas
formas entre os séculos XVI e XVII, bem como ao analisar os modelos e os modos de urbanização, ou
seja, o urbanismo de matriz lusa e suas manifestações na primeira rede urbana que se configurou no
litoral brasileiro, pretendeu analisar as expressões destes saberes na formação da morfologia urbana
importância da articulação entre o urbano e o rural como elementos estruturantes e decisivos deste
processo.
Sabe-se que o donatário da capitania de São Jorge dos Ilhéus, Jorge de Figueiredo Correia, fidalgo,
escrivão da Fazenda e historiador da Casa Real, nunca esteve nas terras doadas pelo rei D. João III.
Morro de São Paulo, na Ilha de Tinharé, no início do ano de 1536, onde postulava instalar a sede da
capitania, batizando-a com o nome de São Jorge, em honra ao nome do santo do proprietário1.
Contudo, uma nova inspeção da costa do continente indicaria um lugar mais apropriado para
fixação permanente da vila, no atual Outeiro de São Sebastião, no chamado sítio dos Ilhéus,
denominação que fazia referência às três pequenas ilhas situadas defronte à enseada, próximo à foz
fonte primária desta versão consiste no Tratado de Gabriel Soares de Sousa, escrito cinquenta anos
Não parece aceitável a ideia de que os navegadores que chegaram com o locotenente do donatário
desconhecessem aquela faixa do litoral, uma vez que, o próprio donatário, pela sua função de
escriturar todas as cargas advindas do além-mar, certamente conhecia, detalhes sobre as
características do território, dos recursos naturais e das gentes das novas conquistas. Não se
caracteriza como coincidência, portanto, o fato de ter escolhido um quinhão repleto de matas de
e condições naturais (hidrografia, topografia, fertilidade da terra etc.) propícias para a instalação de
sua capitania3. Assim, conhecido o potencial do sítio dos Ilhéus para o projeto colonial em curso, a
escolha do lugar para a instalação da vila levou em conta a necessidade de defesa.
Localizado em uma elevação costeira, à margem esquerda do estuário constituído pelos rios
Cachoeira, Fundão e Santana, o Outeiro de São Sebastião configurava-se em local protegido
naturalmente, tendo na contiguidade da planície os elementos naturais necessários às operações
cidade baixa”, bem característico nas primeiras vilas e cidades coloniais portuguesas.
A partir da implementação, o insipiente local foi tomando forma de vila, acompanhando as
espécie de traçado, ligando pontos importantes da vila através da linha de cumeada, a linha natural
que, no caso do Outeiro de São Sebastião, relacionava os dois pontos mais elevados do morro. Esse
tipo de padrão urbanísticos, pensado no sítio e com o sítio, atende às características físicas do
Os primeiros lotes na parte alta da vila tiveram suas medidas, dimensões e proporções
condicionadas às circunstâncias da topografia. As estruturas do quarteirão e do loteamento
correspondiam ao tipo luso medieval apontado por Manuel Teixeira5. A frente do lote, onde se construía
desenhar o recorte das linhas de defesa que se completavam com muralhas e paliçadas, como foi
regra nas primeiras cidades coloniais brasileiras. Nesse tipo de modelo, os lotes estavam dispostos
paralelamente, de forma estreita e comprida. Consequentemente, as ruas transversais foram se
formando, dando acesso à rua principal (a exemplo da atual travessa de Nossa Senhora de Lourdes),
Gândavo6dá uma informação proveitosa sobre aspectos gerais da vila no século XVI: diz que era
longo de um rio onde entram os navios”. Atualmente tal ladeira ainda pode ser identificada como a
“ladeira da frente” (rua Nossa Senhora de Lourdes) a qual antigamente fazia ligação com a rua
Fernando Leite Mendes, saindo atrás da extinta capela de São Sebastião, na parte baixa da cidade.
Os acidentes naturais, os limites e a exiguidade do sítio de Ilhéus, onde a vila foi instalada, também
podem ter contribuído para se pensar melhor na localização das edificações, uma vez que os espaços
português, as linhas naturais e os pontos fulcrais do território serviam de lugares para a
implementação das principais funções institucionais da cidade, assumindo um caráter de poder
simbólico e estruturante.
A hierarquização do espaço urbano – no traçado urbano de origem vernácula ou no traçado urbano
os quais demandavam maior apuro arquitetônico do que o usual, servindo, também, como elementos
do poderio simbólico que deveria ser empregado. Nas cartas do padre Anchieta, se vê o empenho dos
jesuítas em ensinar os meninos portugueses a ler e escrever e em pregar na igreja matriz.9 Assim, a
partir do modelo de urbanização, tendo a topografia como aspecto dominante que irá influenciar o
traçado da vila, é provável que a Primitiva Igreja Matriz e o cemitério ocupassem o patamar mais
elevado do Outeiro, ou seja, estariam próximos à junção das atuais ruas Moniz Sodré e Nossa Senhora
de Lourdes.
Com a gradual deterioração da igreja ao longo dos anos, além do contínuo abandono da “vila
velha” no decorrer do século XVII, os oficiais decidiram desmanchá-la para fazer em lugar mais
conveniente10 ou seja, na parte baixa da vila, uma vez que ela representaria o acompanhamento da
Ilhéus atesta que o edifício da matriz velha ainda estava de pé na primeira década do século XVIII.11
A Santa Casa de Misericórdia também aparece como edifício singular do período colonial da vila de
tendo sua família sido recolhida no já existente hospital12. A Santa Casa de Misericórdia também
aparece nos relatos do padre Simão de Vasconcelos como sendo feita de grande cedro que sozinho
Considerando a topografia do Outeiro de São Sebastião e os exemplos das morfologias de outras vilas
coloniais, como a de Porto Seguro, da qual ainda se conserva o sítio colonial, a hipótese que nos parece
mais provável é de que a Santa Casa de Misericórdia tenha sido elevada no patamar mais baixo do
Soares de Araújo, na relação das povoações, lugares, rios e distâncias da Freguesia da Invenção de
Santa Cruz da Vila dos Ilhéus, em 1757, indicou uma “rua da cadeya”.14 Luiz dos Santos Vilhena, por sua
vez, disse que, no século XVI, havia na vila “boas Casas de Câmara e Misericórdia”.15 Com base nos
estudos morfológicos de cidades coloniais brasileiras, e seguindo o sentido das demais edificações
(igreja Matriz e igreja da Misericórdia), sugerimos que a Cadeia se encontrava onde hoje se localiza a
Praça do Cadete. Topograficamente, aquele local se configura como um intermédio natural para quem
sobe a ladeira, vindo da vila baixa. Também se adequava a função de feira, por onde tudo que subia
câmara (na parte intermediária) e a primitiva Igreja Matriz (no patamar mais elevado), formariam os
primeiros edifícios a reproduzirem a gênese do urbanismo lusitano na vila de Ilhéus: cadeia, igreja
Matriz e Santa Casa de Misericórdia normalmente despontaram nos primeiros núcleos urbanos do
Brasil.
nações rivais europeias ou dos povos nativos.16 O fator defesa foi colocado à prova na invasão dos
huguenotes franceses à vila, em 1595, e no ataque holandês, em 1637.17 As narrativas desses episódios
também revelam a presença de muralhas ou paliçadas resguardando a vila alta, assim como de uma
porta principal que, tudo indica, deveria se localizar na subida da ladeira da frente.
É necessário, também, pontuar o processo de expansão para a planície e mostrar como esse
crescimento afetou a morfologia da vila durante os séculos XVI e XVII. As características da planície
faziam parte do modelo urbanístico português. Nesse território as funções portuárias e comerciais se
fomentaram, bem como a necessidade de defesa que se apresentava através das trincheiras e dos
fortins.
A segunda metade do século XVI é compreendida como um período importante para a economia da
vila, uma vez que a produção de açúcar atinge seu auge. Por conta dessa pertinência comercial, a
alfândega foi construída nas imediações da atual rua Marquês de Paranaguá, antiga Rua do Porto.
Localizada na desembocadura dos rios que confluem para a baía do Pontal, a alfândega também
recebia pau-brasil que já despontava no século XVII como o “principal artigo econômico para a
população da vila de São Jorge, depois da estagnação da produção açucareira”.18 De lá, as mercadorias
Vila, localizado no mesmo local onde foi instalado o atual porto do Malhado, para, então, serem
exportadas.
praia aproximadamente onde hoje se localiza a Praça Castro Alves. Esse caminho até hoje se faz
ao Outeiro, ou seja, a rua General Câmara. O seu formato arqueado em direção à Praça Castro Alves,
pode explicitar uma necessidade colonial de contornar as restingas alagadas ou os brejos em direção
ao antigo desembarcadouro.
Uma construção também aparece no referido mapa de Albernaz, trata-se da Igreja de Nossa
Senhora da Vitória. No século XVI, uma igreja existia sob o nome de Nossa Senhora das Neves e se
havia servido como local de refúgio e proteção20, mas agora, no alto do morro. A igreja também serviu
localização da igreja de Nossa Senhora da Vitória remete ao caráter de dominação religiosa trazida
pelos colonos, bem como se firma como ponto de delimitação do crescimento da vila de São Jorge,
interessante para a estrutura da vila. A igreja foi citada no século XVII por Gaspar Barléu, quando da
invasão holandesa na vila de São Jorge, e incluída nos quatro templos que existiam na vila à época.21
Santa Maria diz que a ermida de São Sebastião se encontrava “extramuros da povoação”.22
da vila. Quando os holandeses invadiram a vila de São Jorge depararam-se com uma trincheira próxima
Barléu24. Um mapa francês, do início do século XIX, também evidencia a existência de trincheiras na
praia, na contiguidade da Pedra Grande, no atual porto do Malhado.25 Foi Diogo de Campos Moreno,
também, que ordenou que se fizesse uma trincheira “de mar a mar”, próximo ao Outeiro de São
Sebastião, com capacidade para recolher igrejas, gados e tudo mais, contra as investidas dos gentios
no início do século XVII. 26 Contudo, essa outra trincheira não foi feita, mas a intenção da sua
construção indicou a necessidade de proteção da parte alta da vila, da igreja de São Sebastião, bem
Gândavo27 e Gabriel Soares de Sousa28 demonstram que desde a segunda metade do século XVI os
jesuítas já estavam presentes na vila. Talvez os jesuítas tenham sido os precursores da instalação de
edifícios na parte baixa da vila, o que não seria estranho, uma vez que representavam um relevante
instalado no alto do Outeiro de São Sebastião, onde se localizava a Cadeia e, após a pacificação dos
XVII, tenham descido para a parte baixa da vila29, onde permanecerem até a expulsão da vila em 1760 no
Monges beneditinos também edificaram um mosteiro na vila de Ilhéus. Foi permitida à Ordem
Beneditina enviar monges ao Brasil em 1575 e, em 1584, o Mosteiro de Salvador já aparecia nas atas
monásticas30. Gabriel Soares de Sousa31 assevera sobre a construção do mosteiro dos beneditinos na
vila de Ilhéus e, num manuscrito de Antônio Simões para Dom João de Castro, de 6 de dezembro de
a gerra”32. O manuscrito ainda diz que “cazas de morada na vila Podemse fazer no sitio que foi dos
conservar ho tamque de pei xe vesinho aos Padres da Companhia”33. A construção do mosteiro deu-se
em torno das décadas de 80 e 90 do século XVI e se chamava Casa do Espírito Santo da Capitania de
Ilhéus.34
localização do mosteiro. Acredita-se, porém, que o mosteiro se localizava na subida da ladeira da
Vitória (talvez onde se encontrava a antiga igreja de Nossa Senhora das Neves) o que possibilitaria o
quintal.
NOTAS
BARROS, F. B. Memória sobre o município de Ilhéus. 2. ed. Ilhéus: Prefeitura
1
2006, p. 35.
3
DIAS, M. H. O pau-brasil na Bahia colonial: zonas de ocorrência, condições de exploração e impactos
ambientais. In: CABRAL, Diogo de Carvalho; BUSTAMANTE, Ana Goulart. Metamorfoses
florestais: culturas, ecologias e as transformações históricas da Mata Atlântica. Curitiba: Prismas,
2016, p. 156.
4
TEIXEIRA, M. C. A forma da cidade de origem portuguesa. São Paulo, Editora
que vulgarmente chamamos Brasil. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2008, p. 102.
7
REIS FILHO, N. G. Contribuição ao estudo da evolução urbana do Brasil (1500-
(1554-1594). Rio de Janeiro: Oficina Industrial Gráfica, 1933, p. 416. 10 BARROS,
op. cit. p. 42.
11
Livros de notas da vila de Ilhéus, 1703-1824, números 1-7, Arquivo Público do Estado da Bahia
(APEB), Seção Judiciário. Acessado a partir do Banco de Dados de Escrituras d o
Notariado da Vila de Ilhéus (séculos XVIII e XIX). Disponível em:
Braz do Amaral. ed. of. Do Estado da Bahia, Volume V, 1937, p. 376-377. 15 VILHENA, L. S. A Bahia no
Século XVIII. Salvador: Itapuã, 1969. v.2, p. 492. 16 REIS FILHO, op. cit., p. 166.
17
CAMPOS, op. cit., p. 178.
18
DIAS, M. H. Economia, Sociedade e Paisagens da Capitania e Comarca de
do Brasil e seus portos, barras e sondas delas. L isboa, 1627, fls. 46. Disponível em: <
F.A. S. M. Novo orbe serafico brasilico ou chronica dos frades menores da
recentemente praticados durante oito anos no Brasil (1647). Rio de Janeiro:
Serviço Gráfico do Ministério da Educação, 1940, p. 55. 22 CAMPOS, op. cit. p. 210.
23
MORENO, D. C. Livro que dá razão do Estado do Brasil (1612). Recife: Arquivo
http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart525802/cart525802.j p.
sargento-mor Diogo de Campos Moreno e aventuras do pau-brasil em Ilhéus
(com 4 documentos). Comunicação apresentada no IV Congresso de História Nacional, p or Eduardo
Dias, p. 15-16.
27
GÂNDAVO, op. cit. p. 39.
28
SOUSA, G. S. Tratado descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: Typographia
Espírito, Alma e Corpo. Porto: CITCEM/Edições Afrontamento, 2012, p. 232-236. 31 SOUSA, op.
cit.
32
RIHGB, volume 110 (2015) – A Capitania de Ilhéus em um manuscrito de 1626, por
Pablo Antonio Iglesias Magalhães e Rosara Durval Lopes de Brito, p. 68. 33 Ibidem, p. 72-73.
34
DIAS, op. cit., p. 237.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Documento manuscrito:
Livros de notas da vila de Ilhéus, 1703-1824, números 1-7, Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB),
Seção Judiciário. Acessado a partir do Banco de Dados de Escrituras do N
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do Brasil e seus portos, barras e sondas delas. L isboa, 1627, fls. 46. Disponível em: <
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TEIXEIRA, M. C. A forma da cidade de origem portuguesa. São Paulo, Editora
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Graduando em História
UFMG
Resumo
Esta comunicação tem o intuito de discutir o contexto de produção dos relatos de viagem cabo
no final do século XVI. O arquipélago de Cabo Verde, na costa ocidental da África, foi um dos
primeiros pontos de estabelecimento permanente dos portugueses. O primeiro contato de
navegadores com o arquipélago se deu no ano de 1456. Este logo se tornou um importante local,
funcionando como base de apoio ao comércio desenvolvido com a região dos Rios da Guiné,
localizada na costa. O estabelecimento da União Ibérica (1580-1640) representou um empecilho para
o pretenso monopólio comercial português sobre o trato da Guiné. Com a união das coroas, o
interesse sobre a região se arrefeceu e Cabo Verde deixou de ter um papel central como base de
produzidos. Dentre estes, podemos destacar o T ratado Breve dos Rios da Guiné do Cabo Verde do
cabo-verdiano André Álvares Almada, produzido no ano de 1594. Morador da cidade portuária de
Ribeira Grande, membro da Câmara e cavaleiro da Ordem de Cristo, Almada registrou informações
pertinentes ao trato comercial. A análise deste trabalho recairá sobre o relato de viagem produzido
por Almada. As reflexões e conclusões que esta exposição procura levantar englobam, em um
primeiro momento, a análise do contexto de produção da fonte e sua relação com a construção
discursiva apresentada por Almada. Em um segundo momento, procura-se estabelecer
Introdução
Relatos sobre a Guiné já tinham sido feitos muito antes do estabelecimento dos portugueses
nas ilhas de Cabo Verde. Conhecida anteriormente como Ethiopia, várias lendas e estórias eram
do Saara. Boa parte das informações sobre Ethiopia c hagavam aos ouvidos europeus devido ao
contato ao norte da África com os berberes, que, anterior ao estabelecimento de rotas comerciais
pelo atlântico, conectavam a margem norte do deserto do Saara com a região do Sahel ao sul – quase
chegando as grandes florestas.1 Por meio do contato com as rotas de comércio transaarianas,
europeus tinham informações sobre o interior da África e relatos sobre ouro no Mali.
O arquipélago de Cabo Verde, na costa ocidental da África, foi um dos primeiros pontos de
estabelecimento dos portugueses. O primeiro contato de navegadores portugueses com o
arquipélago foi no ano de 1456. Aparentemente, as ilhas sempre foram desabitadas e logo se
comercial no atlântico, junto da ilha da Madeira, mas Cabo Verde era um caso especial, pois a partir
delas era possível estabelecer um entreposto comercial que conseguisse estabelecer comércio de
Ainda sobre as transformações ocorridas em Cabo Verde devido a sua posição geográfica,
par, de
Ao longo dos anos, a região da costa ocidental africana localizada próxima as Ilhas
atlânticas de Cabo Verde foi denominada de várias formas. De acordo com Walter Rodney, “os
roteiros ou mapas portugueses dos séculos XV e XVI, apesar de seus objetivos limitados, são
introduções extremamente úteis à geografia e à história da Costa da Alta Guiné” (RODNEY, 1970, p.
1).²
Nas fontes estabelecidas para o século XV, o Rio Senegal, no norte do atual Senegal, marca o
Depois que passámos o Cabo branco, navegámos á vista delle por nossas
jornadas até ao rio chamado do Senegal, que he o primeiro rio tia terra
dos
he o deserto
Outro exemplo pode ser retirado de um relato do final do século XVI. No relato intitulado
Almada nos informa que: “Quis escrever algumas coisas dos Rios de Guiné Cabo Verde, começando
construção historiográfica realizada pelo historiador português José da Silva Horta, essa mesma
Os marcadores geográficos mais utilizados nas fontes para denominar a região são pontos
físicos ao longo da costa – em sua predominância rios, cabos e ilhas. Além de serem os principais
ISSN 2595-8941 Seminário da Oficina de Paleografia
54
o interno dos povos ou aquele originário do atlântico devido à presença europeia. Formam
Mapa 1 – Arquipélago de Cabo Verde e Costa da Senegâmbia e Rios da Guiné.
Dos contatos e relações estabelecidos na costa ocidental da África, vários relatos de viagem
foram produzidos por europeus e, no caso deste trabalho, por cabo-verdianos interessados em
Por muitos anos, tal tipologia documental teve o seu uso desencorajado para se realizar
uma História da África, pois se argumentava que a partir de fontes europeias, só seria possível uma
história do europeu na África ou da visão europeia sobre a África. Os documentos começaram a
serem utilizados a parir da tomada de consciência acerca do “olhar e visão de mundo empregado
pelo autor ao registrar aquilo que viu, ou seja, o desconhecido. Para tanto, utilizamos o relato de
viagem enquanto representação de uma realidade traduzida pelo observador para a sua cultura”
(REIS, 2019, p. 302), ou seja, ao lidar com tal tipologia documental, deve-se considerar a
Sobre a representação, José da Silva Horta nos diz que deve ser considerada como a
tradução mental de uma realidade exterior que se percepcionou e que,
Dando-se natural primazia ao que mais interesse, poderá despertar no
aquilo que aos seus olhos é novo, estranho à sua realidade vivencial –a
tarefa de transmitir torna-se difícil. (...) Realiza-se, desde logo, pelo ato
de classificar, cujo
acesso à documentação produzida por africanos. O cuidado da perspectiva metodológica da
Guiné
Os moradores das ilhas de Cabo Verde, nos primeiros anos composta por uma maioria de
de
diplomáticos, ações
ilhas de Cabo Verde deixassem de ter um papel central e foco de preocupação da Corte portuguesa.
movimentações postas por Lutero e Calvino causaram rupturas no tecido político europeu, pois, “a
partir dela, o poder do Papado, enquanto instância de legitimação dos direitos internacionais,
torna-se substancialmente diminuído e com ele o exclusivo ibérico sobre o Atlântico que, como
Além da ruptura religiosa, a complicada relação da dinastia dos Habsburgo com o restante
da Europa e as relações de Espanha com o restante da Europa - marcada por conflitos com
Por último, o estabelecimento da União Ibérica foi o responsável pelo acirramento da
Verde ao seu pior estado, pois as demais potências europeias não respeitavam seu alegado
Os documentos utilizados para a nossa análise se encontram em uma coleção intitulada
Monumenta Missionário Africana. Tal compilação foi organizada pelo padre Antônio Brásio.
Para a análise dos primeiros anos após a conformação da União Ibérica, ou seja, ainda no
reinado de Filipe II de Espanha, I de Portugal, foram utilizados dois relatos de viagem. Os relatos
foram produzidos por dois cabo-verdianos: André Alvares Almada e André Donelha. Ambos eram
moradores da cidade portuária de Ribeira Grande, localidade da ilha de Santiago, e ocupavam
posições importantes naquela sociedade. André Álvares Almada fazia parte da Câmara, tornou-se
rio Sanagá até aos baixos de Sant’Ana, publicado no ano de 1594, onde registrou, a pedido do
Por sua vez, André Donelha era um capitão de navio e realizava trato na região conhecida
como Rios da Guiné. A pedido do governador de Cabo Vede, Francisco de Vasconcelos da Cunha,
região denominado D escrição da Serra Leoa e dos Rios de Guiné do Cabo Verde.
Para a análise dos anos seguintes ao reinado de Filipe II, ou seja, nos primeiros anos do
Ao falar sobre o contexto vivido por Cabo Verde durante a União Ibérica, devemos lembrar
como essa união entre as duas Coroas se iniciou. Com a crise de sucessão de 15803, Filipe II de
Espanha se torna também Rei de Portugal e, através das Cortes de Tomar (1581)4, fica estabelecido as
condições para a entrada de Portugal na monarquia compósita (ELLIOT, 1992, p. 48-71) dos
Habsburgo.
As P atentes das mercês, graças, e privilégios, de que elrei Dom Philippe nosso senhor fez é o
obediência que pesava na consciência quer dos vassalos que do rei. (CARDIM,
2001, p. 279).
No capítulo VII da P atente das mercês, graças, e privilégios, de que elrei Dom Philippe nosso
assi descubertas, como por descobrir, não se tirem deles, nem aja mudança do
qao presente se usa. E q os officiaes, que andarem nos ditos tratos, e nauios
dos moradores das ilhas de Cabo Verde, teria seu monopólio assegurado para o reino de Portugal, ou
seja, teoricamente, apenas navios portugueses deveriam se estabelecer na costa da Guiné e, além
disso, deveriam respeitar o papel de entreposto comercial estabelecido por Cabo Verde.
O respeito a este “monopólio” não foi concretizado nos anos seguintes a unificação das
“a união ibérica, ao colocar, em 1580, as coroas portuguesas e espanholas sob a autoridade do
A Inglaterra estava em guerra aberta com a Espanha. O conflito com os “holandeses”
advinha da situação em que se encontravam as Províncias Unidas na luta contra a dominação dos
Habsburgo. Já o conflito com a França, vinha da disputa criada nos anos anteriores pelo Carlos V,
portugueses como área de domínio político (repara-se que desde o século XV
A brecha criada entre atuação política e econômica é que permite a entrada dos ingleses
franceses e holandeses no espaço guineense. Tal presença é apontada pelos relatos de viagem de
Almada e Donelha.
para este terra do Budumel5, no tempo que nela reinava um rei chamado
neste
Reino o Rei chamado Budumel, Bixirim, o qual não bebia vinho nem
comia carne de porco; este residia na sua corte am Lambaia, longe do
mar, e fazia
folgava com eles. E por essa causa deixaram os moradores da Ilha este
regate; o qual está ocupado hoje mais de Ingleses que de Franceses
251).
Como os portugueses não detinham o controle político da costa, o comércio era
estabelecido em comum acordo com as lideranças locais africanas. Os chefes da costa escolhiam
A União Ibérica representou a intensificação das violações do “monopólio” comercial dos
cabo-verdianos na região da Guiné. Através do relato de Almada, somos informados sobre a
presença dos lançados e de gente oriunda das nações inimigas da coroa de Espanha. Relata que
andam estes nossos Portugueses lançados muito mimosos destes imigos. E o
dia de eles receberem as pagas e entregarem as suas mercadorias, lhes dao os
Ingleses em terra banquetes, com muita música de violas de arco e
outros instrumentos músicos. E por esta causa estão estes resgates de
toda esta costa do Cabo Verde até o Rio de Gâmbia perdidos (ALMADA,
1841, p. 251).
Ao descrever sobre a região de Serra Leoa, localizada ao sul da Guiné, André Donelha diz que
“ho primsipal lugar e que se pode pouar hé e duas a saber, na augoada omde auerá muj groso trato
por mar he terra, mas hé nesesarjo fortaleza por causa dos ymjgos ho pirotas hollamdezes”
Ainda sobre o sul da região, especificamente o rio Cacheu, Almada escreve que
resgate que todos; fazia-se nele com cinco e seis cousas diferentes um
escravo, que não saía comprado por cinco cruzados de bom dinheiro.
Hoje está perdido, devassado dos lançados, que andam adquirindo os
Vemos então a violação do pretendido exclusivo português de norte a sul da Guiné. Como
lançados, que fazem comercio com quaisquer agentes europeus que ali se estabeleceram -
Considerações finais
Esta comunicação teve o objetivo de tecer considerações inicias acerca da dinâmica
análise da situação enfrentada pelos habitantes do arquipélago de Cabo Verde, perceberam-se as
preocupações que levaram a produção do relato de viagem escrito por André Álvares de Almada.
Ao ler as fontes a contrapelo, o ponto chave da análise está no fato de percebermos quem
controlava o comércio da região. A dinâmica comercial explorada no trabalho evidência a
competição estabelecida entre os europeus para conseguir o melhor ponto de comércio na região
dos Rios da Guiné. Perde-se a ideia de um monopólio da Coroa ibérica na região. A competição só é
possível se partirmos do fato de que quem realmente controla as opções comerciais na costa são a
lideranças africanas locais, que escolhiam com que iriam comerciar. A principal evidência é o
próprio objetivo de concepção do relato de Almada. O fim do relato é a proposta de colonização da
região de Serra Leoa, onde, segundo o relato, não iriam enfrentar a concorrência pela preferência
Notas
BOVILL, E. W. The Golden Trade of the Moors. Oxford: Oxford University Press, 1978. ² Tradução nossa:
1
“Fifteenth- and sixteenth-century Portuguese roteiros, or charts, in spite of their limited objectives,
are extremely useful introductions to the geography and the history of the Upper Guinea Coast”
3
A morte de D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir em 1578 resultou numa crise sucessória em
Portugal. Seu tio, Cardeal Henrique, assumiu o trono, mas acabou morrendo por causa da idade
avançada em 1580. Via-se então o fim da Dinastia de Avis. Como D. Sebastião não deixou herdeiros,
representantes dos três cortes do Reino de Portugal: povo, clero e nobreza. Nessas cortes foram
conhecimento mais profundo das lógicas políticas internas, Almada não consegue perceber bem as
Fontes
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2019 [recurso eletrônico] - História em Tempos Sombrios: estudar, pesquisar, ensinar. /
Organizadores: Álvaro Augusto Lourenço et al. -Belo Horizonte: UFMG, 2019, p. 301-
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