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Colorretal
SUMÁRIO
1. Introdução e epidemiologia.................................................................................3
2. Fisiopatologia......................................................................................................4
3. Clínica...............................................................................................................12
4. Diagnóstico.......................................................................................................14
Exames laboratoriais................................................................................................... 14
Colonoscopia .............................................................................................................. 15
Exames de imagem..................................................................................................... 15
5. Patogenia..........................................................................................................16
6. Estadiamento....................................................................................................17
7. Rastreamento....................................................................................................19
8. Tratamento........................................................................................................19
Referências ........................................................................................................................24
1. INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
O câncer colorretal (CCR) compreende uma gama de tumores malignos que
afetam o intestino grosso e o reto. No Brasil, de acordo com informações da
Organização Mundial de Saúde (OMS), o CCR é a terceira maior causa de câncer, sen-
do o terceiro tumor maligno mais frequente em homens e o segundo em mulheres.
Em relação à mortalidade, no Brasil o CCR é a quarta causa de morte por câncer
em homens, e à terceira causa em mulheres. Segundo o Instituto Nacional do Câncer
(INCA), no Brasil a incidência do CCR varia conforme a região analisada, com maior
proporção nas regiões sul e sudeste, com incidência de 19-21 casos/100.000 indiví-
duos, e menor nas regiões centro-oeste, nordeste e norte. Sabe-se que a incidência
de CCR aumenta com a idade, sobretudo em maiores de 50 anos, sendo 90% dos ca-
sos ocorrendo acima dessa faixa etária.
É possível dividir esse câncer em três tipos: esporádico, que representa 75% dos
casos, origem familiar que corresponde a 20% dos casos e os demais estão rela-
cionados com síndromes hereditárias e doença inflamatória intestinal. Nos casos
esporádicos, o CCR costuma se manifestar como lesão colônica ou retal isolada. A
principal etiologia nesses casos está relacionada aos pólipos adenomatosos que
apesar de ser uma doença benigna, podem se tornar malignos com o decorrer do
tempo.
Outros fatores de risco também estão implicados na gênese do CCR, como há-
bitos de alimentação, nutrição e atividade física. As síndromes hereditárias mais
frequentes no CCR são a Síndrome de Lynch (HNPCC) e a Polipose Adenomatosa
Familiar, além do histórico familiar, esses tumores geralmente acometem indivíduos
mais jovens e frequentemente se associam a outros tipos de tumores. O tipo histo-
patológico mais comum é o adenocarcinoma, chegando a ocupar, de acordo com
algumas literaturas, 90 a 95% dos casos de CCR. Esse tipo de câncer pode ser clas-
sificado de acordo com o seu grau de diferenciação em bem diferenciado (grau I),
moderadamente diferenciado (grau II) e mal diferenciado (grau III).
O CCR tem cura se detectado em estágios precoces da doença. Inicialmente a
maioria dos CCRs são assintomáticos, retardando o diagnóstico e tratamento. Por is-
so, o rastreio em pessoas maiores de 50 anos tem grande importância na detecção e
remoção de lesões precursoras ou até na detecção do câncer em uma fase precoce.
Quanto mais precoce o diagnóstico e tratamento, melhor a sobrevida do CCR.
Câncer Colorretal 3
2. FISIOPATOLOGIA
Uma série de estudos apontam que a junção de vários eventos moleculares está
implicada na gênese do carcinoma colorretal. Duas teorias estão relacionadas na
fisiopatologia desses cânceres. A primeira é a sequência adenoma-carcinoma que
explica os casos de adenocarcinoma e a segunda é a via de instabilidade de micros-
satélites, relacionada com a síndrome de câncer colorretal hereditário não polipose.
Câncer Colorretal 4
Figura 1: Sequencia adenoma- carcinoma.
Fonte: Autoria Própria
Câncer Colorretal 5
2. FATORES DE RISCO E SÍNDROMES
HEREDITÁRIAS
Como já foi dito, o CCR pode se diferenciar em três tipos de acordo com a sua
etiologia. Dessa forma, as síndromes de polipose adenomatosa familiar e a síndro-
me de câncer colorretal hereditário não polipose (síndrome de Lynch) são fatores
de risco importantes. No entanto, o CCR esporádico que corresponde a maioria de
todos os canceres colorretais, além de está intimamente relacionado ao pólipo ade-
nomatoso esporádico, também tem outros fatores relacionados com a sua gênese.
Pessoas com DM2 possuem altos níveis de insulina circulante. A insulina tem um
2. Diabetes mellitus
papel importante na proliferação celular, anabolismo, fazendo aumento das células
tipo 2 (DM2)
cancerígenas.
Acredita-se que essa associação está relacionada ao fato de que pacientes obesos
3. Obesidade apresentam maior incidência de hiperinsulinemia, aumentando assim o risco de
CCR
6. Radioterapia A radioterapia também foi apontada como fator que aumenta a incidência de CCR.
8. História familiar de Pacientes com história familiar de CCR esporádico tem chance 2-5 vezes maior de
CCR apresentar esse câncer do que a população em geral.
Câncer Colorretal 6
MAPA MENTAL FATORES DE RISCO
Síndrome de Lynch
Dieta rica em
Radioterapia
gordura e carboidrato
Câncer Colorretal 7
dá origem ao CCR. Geralmente há menos atipia celular nos adenomas tubula-
res e muita atipia ou displasia nos adenomas vilosos. Além disso, o tamanho
e o tipo histológico do pólipo que aumenta a incidência de carcinoma invasivo.
Por exemplo, 40% das lesões maiores que 4 cm de diâmetro contêm focos de
câncer.
Associado em 5% das
TUBULAR
vezes ao câncer
Câncer Colorretal 8
Figura 2: Adenoma colônico.
Fonte: a- Crevis/Shutterstock.com | b-David A Litman/Shutterstock.com
Câncer Colorretal 9
Se liga! Existem algumas variantes da PAF, as mais conhecidas são
a síndrome de Gardner e a síndrome de Turcot. Na síndrome de Gardner, além
de pólipos intestinais, também podem estar presentes osteomas, cistos epi-
dérmicos, tumores desmoides e da tireoide; e anormalidades dentárias. Já na
síndrome de Turcot ocorre adenomas intestinais e tumores do sistema nervoso
central.
Critérios de Amsterdã
Mesmos critérios de Amsterdã, exceto que o câncer deve ser associado com CCNPH (cólon, endométrio, in-
testino delgado, ureter e pelve renal) em vez de especificamente câncer de cólon.
Critérios de Bethesda
Sangramento retal
Dor abdominal
Anemia ferropriva
Massa retal
Massa abdominal
Além disso, o CCR pode se manifestar com sintomas referentes aos órgãos para
onde sofreu metástase. Desse modo, o paciente pode apresentar dor em hipocôndrio
direito, associada à plenitude prandial e saciedade precoce quando ocorre metásta-
se hepática. Nos casos de metástase peritoneal, o indivíduo pode se apresentar com
ascite, distensão e dor abdominal. Também é possível a presença de linfonomega-
lias inguinais, periumbilicais ou supraclaviculares nos casos de metástase linfonodal
ou até derrame pleural, dores ósseas e fraturas patológicas no caso de metástase
pulmonar e óssea respectivamente.
QUADRO
CLÍNICO
Fadiga
Obstrução intestinal
Palidez
Alteração do ritmo
Fraqueza intestinal
Constipação
Diarreia
Exames laboratoriais
No CCR podemos encontrar no hemograma anemia microcítica e hipocrômica
compatível com anemia ferropriva. Além disso, a pesquisa de sangue oculto nas
fezes apesar de ter baixa sensibilidade, pode ser utilizada como método de rastrea-
mento populacional, mas não como recurso diagnóstico. Existe outro exame chama-
do de Teste de DNA fecal que analisa a presença de alterações genéticas em células
encontradas nas fezes oriundas da descamação de um possível tumor. Os marcado-
res tumorais mais utilizados são: CEA e o CA 19.9.
Colonoscopia
A colonoscopia é o padrão-ouro para auxiliar no diagnóstico desses tumores, pois
fornece a localização e extensão do tumor. Além disso, fornece a possibilidade de
ser diagnóstico e terapêutico, pois é capaz de detectar e remover lesões pré-malig-
nas. Ademais, possibilita a realização de biópsias para a análise histopatológica da
lesão. Existe a possibilidade de realização de uma retossigmoidoscopia flexível em
pacientes com massa palpável ao toque retal que não permite a passagem do colo-
noscópio. No entanto, esse exame não substitui a colonoscopia, pois só consegue
chegar até 60 cm do ânus.
Exames de imagem
O Clister opaco é um exame radiológico que utiliza duplo contraste (bário e ar)
para avaliar o cólon. Porém, atualmente se encontra em em desuso devido ao apare-
cimento de métodos mais eficazes. Ademais, exames de imagem são necessários
para o estadiamento adequado do tumor. Nesses casos, o exame de escolha para o
estadiamento é a tomografia computadorizada que serve para avaliar o comprometi-
mento extramural no câncer do reto e para a detecção de metástases.
5. PATOGENIA
Existem várias vias para a disseminação do câncer, como via linfática, hematogê-
nica, por contiguidade e por continuidade. Sendo assim, o CCR pode infiltrar a cama-
da submucosa do cólon e invadir a cadeia linfática intramural. Também é possível
a infiltração de outras camadas da parede intestinal, atingindo por contiguidade,
estruturas vizinhas, como vasos colônicos. Caso o câncer chegue a veia porta, essa
estrutura pode conduzir células neoplásicas para o fígado, onde desenvolverá me-
tástases hepáticas. Através das veias lombares e vertebrais, ocorre a propagação
de células tumorais para os pulmões e cérebro, fazendo focos metastáticos nesses
locais. Enquanto isso, o câncer retal é disseminado pelas veias hipogástricas. A dis-
seminação mais frequente dos CCR é por meio do comprometimento linfonodal (dis-
seminação linfática). Por conta disso, nos procedimentos cirúrgicos, é necessária a
remoção dos linfonodos comprometidos. Além disso, células neoplásicas podem se
“soltar” da luz intestinal e se implantar na cavidade peritoneal, formando a carcino-
matose abdominal generalizada.
B1: extensão através da mucosa, mas dentro da parede intestinal, linfonodos negativos
B3: tumores que estão aderidos e/ou invadem estruturas adjacentes, submetidos ao espécime patológico;
linfonodos negativos
Classificação TNM
Designação / Descrição
Tumor
Linfonodos Regionais
Metástases a Distância
Em pacientes de alto risco para CCR (história familiar de CCR em parentes de pri-
meiro grau, história pessoal de CCR ou pólipo maior que 1 cm ou múltiplos pólipos
de qualquer tamanho e portadores de doença inflamatória), deverão iniciar a triagem
aos 40 anos ou 10 anos antes do diagnóstico do CCR no parente de primeiro grau.
Nesses casos, valerá o que iniciar primeiro e a triagem deverá ser realizada com co-
lonoscopia a cada 5 anos.
Em paciente com PAF, recomenda-se a realização de retossigmoidoscopia flexível
entre 10-12 anos que deve ser repetida entre 1-12 anos até a idade de 35 anos, quan-
do o rastreio deverá ser realizado a cada 3 anos.
Em pacientes com CCHNP, recomenda-se a realização de colonoscopia a partir de
20-25 anos repetindo a cada 2 anos. Após os 40 anos, o rastreamento deve ser anu-
al. Além disso, recomenda-se o rastreio especifico para os canceres extracolonicos
que podem ocorrer nessa síndrome.
8. TRATAMENTO
O tratamento padrão para o CCR é a ressecção tumoral, associada a retirada dos
linfonodos regionais. A quimioterapia e a radioterapia quando indicados apresentam
um papel importante para o sucesso do tratamento. A ressecção do tumor pode ser
feita por via aberta ou laparoscópica. Nesse último caso, há redução do tempo de
internação hospitalar e menor complicação pós-operatória. Para ser considerada
Margens livres e
Síndrome de
retirada de no mínimo COLECTOMIA TOTAL
Lynch + PAF
12 linfonodos
Radioterapia +
Colectomia direita
Quimioterapia
Sigmoidectomia
CEA
Quimioterapia Rastreio
Pesquisa de sangue
oculto nas fezes
Curativo
Tratamento Diagnóstico Tomografia computadorizada
Paliativo CÂNCER
COLORRETAL Anamnese + exame físico
Estadiamento Fatores de risco
TC de abdome, Tabagismo
tórax e pelve
Quadro clínico
Síndromes hereditárias
Dor abdominal
Sangramento intestinal
Sanar
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