CONCRETO ARMADO II

FLEXÃO COMPOSTA E PILARES

Professor H. C. R. Pereira1
1
Engenharia Civil
Instituto Federal de Minas Gerais

2020

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ATENÇÃO

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aprendizagem. Seu uso, cópia e/ou divulgação em parte ou no
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Atenção

Estas notas de aula servem apenas como material de apoio, sendo

excessivamente resumidas. Não substituem a bibliografia recomendada
listada no Plano de Ensino, que é de leitura obrigatória. Embora o
material tenha sido revisado, ele pode conter erros. Confira sempre seu
conteúdo com o presente na bibliografia.

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Equações adimensionais

As equações apresentadas anteriormente para cada caso de flexão

composta, que nada mais são que equações de equilı́brio, faz com que o
desenvolvimento de um projeto estrutural se torne trabalhoso,
principalmente quando existe um grande número de elementos estruturais
a serem dimensionados.
Com a finalidade de otimizar o fluxo de dimensionamento, desenvolveu-se
ábacos constı́tuı́dos conforme as diversas configurações distintas de seção
transversal com a distribuição de armaduras.
Os dados de entrada nos ábacos são coeficientes adimensionais, calculados
da forma apresentada a seguir, para cada situação possı́vel de projeto, para
as armaduras As e A0s . As situações englobam os casos de duas armaduras
tracionadas, uma armadura tracionada e uma comprimida e as duas
armaduras comprimidas. (Obs. Acompanhe as deduções em Bastos
(2020))

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Equações adimensionais

DUAS ARMADURAS TRACIONADAS

Os coeficientes adimensionais que usaremos nos ábacos são µ e ν.
0
σsd
ν = ω + ω0
fyd
e
1 d0
! !
0
0 σsd
µ= ω−ω −
fyd 2 h
sendo,
As Fyd A0s Fyd
ω= ,e ω0 =
bhfcd bhfcd

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Equações adimensionais

UMA ARMADURA TRACIONADA E OUTRA COMPRIMIDA

!
d0 σsd σ0
ν = 0,68 1 − βx − ω + ω 0 sd
h fyd fyd
!2
1 d0
! ! !
d0 h 0
0 σsd σsd
µ = 0,34 1 − βx − 0,8βx + ω +ω −
h d fyd fyd 2 h

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Equações adimensionais

DUAS ARMADURAS COMPRIMIDAS

Para 0,8x < h :
!
d0 σsd σ0
ν = 0,68 1 − βx + ω + ω 0 sd
h fyd fyd
!2
1 d0
! ! !
d0 h σ0 σsd
µ = 0,34 1 − βx − 0,8βx + ω 0 sd − ω −
h d fyd fyd 2 h

Para 0,8x ≥ h :
σsd σ0
ν = 0,85 + ω + ω 0 sd
fyd fyd
1 d0
! !
0
0 σsd σsd
µ= ω −ω −
fyd fyd 2 h

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Equações adimensionais
ÁBACO COM ARMADURA BILATERAL SIMÉTRICA
Uma seção com armadura bilateral simétrica é a seção com armadura em
dois lados opostos cuja quantidade de armadura em cada lado e os
diâmetros são iguais (figura).

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Equações adimensionais

A armadura total As,tot é a soma das armaduras As e A0s .

As,tot /2 = As = A0s →
− ωtot /2 = ω = ω 0

As,tot fyd
ωtot =
Ac Fcd
e Ac = bh
Para um determinado tipo do aço e para uma relação d 0 /h, considerando a
posição relativa da linha neutra e taxa de armadura total, existe um único
par de ν, µ:
Nd
ν=
Ac fcd
Md e
µ= 2 =ν
bh fcd h

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Equações adimensionais

Acompanhe e reproduza o exemplo do item 3.5 de Bastos (2020).

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Equações adimensionais

CÁLCULO DAS ARMADURAS COM ÁBACOS

Como visto anteriormente o cálculo manual das diversas equações
demandam um tempo considerável. Pensando na solução do problema,
alguns estudiosos desenvolveram ábacos que são úteis e atendem a maioria
dos casos práticos. Um deles foi desenvolvido em 1987 pelo antigo
professor da USP, Wilson Sérgio Venturini (falecido em 2010 aos 61 anos
de idade), em conjunto com seu, então, aluno de pós-graduação Rogério
de Oliveira Rodrigues, hoje professor da UNESP. O ábaco desenvolvido por
ambos é usado para dimensionamento de estruturas na condição de flexão
composta normal.
Outro ábaco, este desenvolvido em 2009 pelo professor Libânio Miranda
Pinheiro, em conjunto com colaboradores, é usado para o
dimensionamento na condição de flexão composta obliqua.

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Equações adimensionais

Vale salientar que ambos os ábacos são usados para o concreto do Grupo I
de resistência (fck ≤ 50 MPa). As últimas atualizações da NBR 6118
trouxeram profundas modificações de considerações de projeto para
concretos do Grupo II. Portanto, tais ábacos não devem ser utilizados
neste último caso.
A aplicação dos ábacos será explicada em detalhes nas seções posteriores,
quando adentrarmos ao assunto de pilares propriamente dito.

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PILARES DE CONCRETO ARMADO
O estudo dos pilares de concreto armado nesta disciplina englobará apenas
os casos onde a esbeltez do pilar seja menor ou igual a 90. Essa premissa
abarca um grande número de casos práticos, principalmente quando se
pretende projetar um edifı́cio multifamiliar de pequeno ou médio porte ou
um edifı́cio comercial nessas mesmas condições dimensionais.
A NBR 6118/2014 não permite que os métodos que serão aqui
apresentados sejam utilizados para pilares com valores de esbeltez maior
que 90, por claros motivos de segurança, pois o comportamento real de
um pilar nessa condição se afasta muito das premissas de tais métodos.
Para o dimensionamento de pilares com esbeltez acima de 90
recomenda-se consultar o livro do professor Péricles Brasiliense Fusco:
Estruturas de concreto: Solicitações Normais, Editora Guanabara Dois.
Sua utilidade deve ser notada sendo que, cada vez mais, grandes
estruturas são projetadas e concretos mais resistentes são produzidos o
que, por consequência, acaba exigindo estruturas mais esbeltas.
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PILARES DE CONCRETO ARMADO

Recomenda-se efetuar a revisão na norma e na disciplina Concreto Armado

I nos seguintes quesitos:

Agressividade ambiental: item 6 da NBR 6118;

Cirtérios de projeto que visam a durabilidade: item 7 da NBR 6118.

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

DEFINIÇÃO
Conforme a NBR 6118, temos as seguintes definições:
Pilares: são elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na
vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes.
(item 14.4.1.2 da NBR 6118);

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Pilares de Concreto Armado

Pilares-parede:Elementos de superfı́cie plana ou casca cilı́ndrica,

usualmente dispostos na vertical e submetidos preponderantemente à
compressão. Podem ser compostos por uma ou mais superfı́cies associadas.
Para que se tenha um pilar-parede, em alguma dessas superfı́cies a menor
dimensão deve ser menor que 1/5 da maior, ambas consideradas na seção
transversal do elemento estrutural.(item 14.4.2.4 da norma).
Os pilares-parede não serão tratados nesta disciplina. Para o tratamento
deste assunto recomenda-se o livro Reinforced Concrete - Mechanics and
Design, James Macgregor, 3a Edição.

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

Flambagem
Flambagem é um fenômeno de instalibidade lateral que ocorre em peças
submetidas à compressão. A máxima força que pode atuar numa coluna
no limiar do efeito da flambagem é chamada de carga crı́tica, sendo que
qualquer carga superior à carga crı́tica provoca flambagem.
Nas estruturas, os efeito da flambagem é repentino e, no caso do concreto,
o leva ao Estado Limite Último (ELU).
É de conhecimento, do estudo da resistência dos materiais, que a
flambagem ocorre em torno do eixo de menor momento de inércia. O ideal
seria que tivessemos momentos de inércia aproximadamente iguais, o que
levaria a seções quadradas. Entretanto nossas estruturas devem se adequar
ao projeto arquitetônco, de modo que tal configuração é pouco prática, na
maioria dos casos.

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

Não linearidade fı́sica e geométrica

A palavra linearidade significa, grosseiramente, que a relação entre duas
grandezas formam uma reta num gráfico onde cada variável é plotada
sobre um eixo. A famosa equação da Lei de Hooke, por exemplo, σ = E 
tem a grandeza tensão proporcional à grandeza deformação.
Quando duas grandezas não são proporcionais, dizemos que elas
apresentam não-linearidade, ou seja, se plotadas em um gráfico, a função
obtida não será uma reta.
Existem dois tipos importantes de não-linearidades que governam o
comportamento das estruturas de concreto, a não linearidade fı́sica e a não
lienaridade geométrica.

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

Não linearidade fı́sica

Ela também é chamada de não-linearidade de material. No concreto, as
tensões não são proporcionais às deformações, logo ele apresenta uma não
linearidade fı́sica. Compare os dois gráficos seguintes. A imagem da
esquerda é de um material fisicamente linear. A da direita é o
comportamento do concreto.

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

Vale lembrar que elasticidade não está relacionado com linearidade. Um

material pode apresentar comportamento elástico-linear enquanto outro
pode apresentar comportamento elástico não linear nas mesmas condições
de exposição e carregamento. Sendo assim, elasticidade é, simplesmente, a
capacidade do material em voltar ao estado original indeformado quando o
carregamento é removido.

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PILARES DE CONCRETO ARMADO
O gráfico abaixo compara os diagramas tensão-deformação do aço e do
concreto à compressão simples (corpos de prova não esbeltos). Apenas
nos carregamentos iniciais é que o comportamento pode ser considerado
elástico-linear.

Figura: Concreto e aço à compressão simples

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

NÃO-LINEARIDADE GEOMÉTRICA
O efeito da não-linearidade geométrica é particularmente importante no
estudo da estabilidade estrutural. Ela ocorre quando a relação entre um
carregamento aplicado e o deslocamento sofrido pela estrutura em função
dessa carga não é proporcional. A NBR 6118 usa o termo efeitos de 2ª
ordem quando se refere aos fenômenos causados pela não-linearidade
geométrica.
Observe o pilar representado na figura seguinte. Inicialmente ele se
encontra retilı́neo quando a carga é nula. Ao aumentar o valor da carga, o
pilar permanece na condição inicial enquanto não é atingida a carga crı́tica
de flambagem. Após a carga crı́tica ser atingida, o deslocamento aumenta
de zero para um grande valor. Nessa situação surge um efeito adicional de
momento fletor na base, dado por M = P · a, que não existia inicialmente
e que não existiria se a estrutura não tivesse se deformado.

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

Figura: Pilar e o efeito da não-linearidade geométrica

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

Acompanhe o desenvolvimento da equação da curvatura, dada no item 7.4

de Bastos (2020). Entender esta dedução é crucial para compreender o
comportamento dos pilares. Dedução semelhante pode ser encontrada em
livros de resistência dos materiais, nos assuntos relacionados à curvatura
de vigas. Será redundante reproduzir a dedução aqui.

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

PILAR PADRÃO COM CURVATURA APROXIMADA

Este método é um cálculo aproximado permitido pela Norma para
dimensionamento de pilares com esbeltez menor que 90. Nete caso, a não
linearidade geométrica é considerada de forma aproximada, supondo que a
deformação na barra seja senoidal. O método consiste de uma
simplificação do Método Geral onde, para todos os efeitos, os cálculos
fazem analogia a um pilar engastado na base e livre no topo, cujo
deslocamento do topo é dado por:
1
!
l2
a= e ·
10 r
base

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

Este valor é a excentricidade de segunda ordem. Esquematicamente

dizemos então que:
1
!
l2
e2 = e ·
10 r
base
sendo
! le o comprimento efetivo do pilar e r sua curvatura, dada por:
1 c + s
=
r d
base
ou, usando aço CA-50, γs = 1, 4 e c = 0, 0035:
1 0, 00557
!
=
r d

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

A NBR 6118 permite o uso da seguinte equação:

1 0, 005 0, 005
!
= ≤
r h(ν + 0, 5) h
onde,
Nd
ν=
Ac fcd
sendo Nd a força normal de cálculo, Ac a área de seção transversal do
concreto, h a altura da seção transversal na direção considerada e fcd a
resistência de cálculo do concreto.

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PILARES DE CONCRETO ARMADO

Os itens 8 e 9 de Bastos (2020) falam de contraventamento e esbeltez de

edificações, respecitvamente. Faça uma leitura cuidadosa desses assuntos,
pois são fundamentais para o correto dimensionamento estrutural.

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EXCENTRICIDADES

EXCENTRICIDADE DE 1ª ORDEM A excentricidade de 1ª odem (e1 )

é causada pelos esforços de 1ª ordem, ou seja, aqueles que ocorrem na
estrutura indeformada.
Elas surgem em situações onde o ponto teórico de aplicação da força não
coincide com o centróide da seção transversal. Veja a figura seguinte.

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EXCENTRICIDADES

Figura: Situações onde excentricidade de 1ª ordem

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EXCENTRICIDADES

Este assunto será continuado na próxima aula.

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Bibliografia

BASTOS, P. S. Flexão composta e pilares de concreto armado. Notas de

aula da disciplina Estruturas de Concreto II. UNESP, Bauru, São Paulo,
2020.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118. Rio de Janeiro,
ABNT, 2014.
PINHEIRO, L.M. ; BARALDI, L.T. ; POREM, M.E. Estruturas de
Concreto: Ábacos para Flexão Oblı́qua. São Carlos, Departamento de
Engenharia de Estruturas, USP, 2009.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Cargas para
cálculo de edificações, NBR 6120, Rio de Janeiro, ABNT, 1980.

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Bibliografia

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Cargas para

cálculo de estruturas de edificações, NBR 6120, Rio de Janeiro, ABNT,
1980.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Aços destinados a
armaduras para estruturas de concreto armado - Procedimento, NBR
7480, Rio de Janeiro, ABNT, 2008.

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