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Capítulo 17

Instabilidade local em
painéis-sanduíche

Num painel-sanduíche, as faces podem ser vistas como placas sob compressão (ou tração) montadas
sobre apoios elásticos. Esse apoio é o núcleo do sanduíche, que pode ser homogêneo como nos casos de
núcleos de espuma, ou discreto como nos casos de núcleos de colméia ou de corrugados. Esse arranjo
pode levar a diversos tipos de falha no sanduíche associados à instabilidade local das faces, como
ilustrado qualitativamente no Capítulo 10. A quantificação aproximada de alguns desses modos de
falha foi sucintamente apresentada no Capítulo 15 para falha por wrinkling e dimpling de faces em
sanduíches de núcleo de colméia, e para falhas por wrinkling em casos de núcleo de espuma. Neste
capítulo, apresentaremos as análises que deram origem àquelas formulações, iniciando pelo caso do
núcleo isotrópico-homogêneo. Toda a análise que segue neste capítulo é baseada nos trabalhos de
Gough e Hoff [67] e de Hoff [86], também sumarizados por Allen [6] eVinson [178].

Figura 17.1: Modelo de viga sobre apoio elástico semi-infinito.

17.1 Flambagem de viga sobre apoio elástico


Consideramos inicialmente a análise de uma situação mais simples: uma viga, em lugar de uma
placa, apoiada sobre um núcleo homogêneo-isotrópico. Além disso, como um primeiro caso,
consideramos o núcleo como um meio semi-infinito, isto é, a extensão do núcleo é indefinida na direção
de sua espessura. O problema pode ser visualizado como na Figura 17.1. A equação diferencial da
viga é

d4 w d2 w
Dv + P = bσ z , (17.1)
dx4 dx2
541
Capítulo 17. Instabilidade local em painéis-sanduíche 549

Caso II Erro <


lw
ν n = 0, 25 = 1, 862ϑ − 0, 209ϑ2 7%
H
ϑ < 0, 45 B2 = 0, 607 − 0, 128 ν n 2%
ϑ > 0, 45 B2 = 0, 534 − 0, 189 ν n + 0, 150 ϑ
−0, 00347ϑ2 + 0, 181 ϑν n 2%
Caso III
lw
ϑ < 0, 2, qualquer ν n = 2, 25 ϑ, 1%
H
lw (17.32)
0, 2 < ϑ < 0, 422, ν n = 0, 25 = 3, 23 − 23, 7ϑ + 49, 17ϑ2 1%
∙ ¸ H
1 − ν n 1/3
0, 25 ≤ ϑ ≤ B2 = 0, 5 − 1, 09 ϑ − 0, 8 ϑ ν n
8(1 + ν n )
−2, 3 ϑ2 + 0, 425 ϑ4 2%
ϑ < 0, 25 B2 = 0, 63 − 0, 22 ν n + 0, 08 ν 2n , 0, 1%
Caso IV 1%
lw
ϑ > 0, ν n = 0 = 1, 79ϑ − 0, 342ϑ2
H
ϑ > 0, ν n = 0 B2 = 0, 63 − 0, 0884ϑ + 0, 481ϑ2 − 0, 169 ϑ3

Figura 17.5: Wrinkling para o caso II de flexão de sanduíche de núcleo homogêneo-isotrópico. B2 é


o fator a ser usado na eq.(17.31) para a determinação da tensão crítica na face. Os valores são obtidos
pelas funções aproximadas (17.32).
Capítulo 18

Análise de compostos por elementos


finitos — 1a ordem

Até a década de 1960, a única forma de resolver problemas de placas e cascas, isotrópicas ou não, era
através de soluções analíticas, geralmente em séries, por métodos como os de Ritz, de Galerkin, de
Navier e outros em centenas de formas e variações. Esses métodos são aplicados ou sobre a forma forte
ou sobre a forma fraca do problema e, em geral, permitem o tratamento de problemas relativamente
simples e simétricos em termos de geometria, carregamento e condições de contorno. Entre as décadas
de 1960 e 1980, com o advento dos computadores, os métodos de elementos finitos foram desenvolvidos
a partir do método dos resíduos ponderados, permitindo o tratamento de problemas de complexidade
mais próxima das situações reais. As soluções analíticas disponíveis passaram, então, a ser usadas
apenas em etapas preliminares de projeto, enquanto a análise de segurança de projetos passou a ser
executada mais intensamente por elementos finitos e não através de procedimentos experimentais,
como anteriormente.
A partir dos anos de 1990, os computadores pessoais passaram a ser disponíveis a custo baixo
o suficiente para sua disseminação a virtualmente qualquer engenheiro, deixando de ser acessíveis
apenas às grandes universidades e corporações. Ao mesmo tempo, as capacidades de processamento e
memória cresceram ao ponto de suportarem os programas comerciais de elementos finitos que haviam
sido desenvolvidos nas décadas anteriores para computadores de grande porte, principalmente main
frames. Não apenas isso, mas eles passaram a admitir os programas gráficos de interação com o usuário
nas etapas de pré e pós-processamento do modelo numérico.
De fato, o processo de projeto atual pode usar o método de elementos finitos em quase todas as
suas etapas. Tipicamente essas etapas são as seguintes:

a) Pré-dimensionamento. Ainda com a participação de pré-cálculos usando soluções analíticas e


formas algébricas aproximativas realizadas em paralelo ou logo em seguida ao projeto conceitual.
b) Análise de segurança. Definida uma configuração para o sistema, este pode ser modelado por
elementos finitos com riqueza de detalhes em sua geometria, materiais, carregamento e condições
de contorno, de forma a espelhar o sistema real com o grau de detalhamento julgado adequado.
Respostas para os deslocamentos e tensões são obtidas em todos os pontos da estrutura, per-
mitindo a análise de segurança. Diversos comportamentos físicos podem ser considerados, como
por exemplo os efeitos dinâmicos, a instabilidade, não-linearidades associadas a grandes deslo-
camentos ou a propriedades de material, como plasticidade e viscoplasticidade.
c) Melhoria ou otimização do projeto. A etapa de análise pode mostrar com clareza regiões
super-solicitadas e deficiências no comportamento da estrutura. Torna-se, então, relativamente

555
Capítulo 18. Análise de compostos por elementos finitos — 1a ordem 561

exemplo u(x, y, z) = uo (x, y) − zw,xx , isto é, κx = −w,xx . Nesse caso as funções base aqui usadas não
seriam satisfatórias, uma vez que elas têm primeira derivada descontínua e segunda derivada singular.
Isso faria com que a existência das integrais no PTV não mais fosse garantida. Formulações para
placa fina são geralmente mais complicadas, pois exigem funções base com continuidade C 1 (Ω), isto
é, com primeiras derivadas contínuas. Atualmente há uma tendência a evitar seu uso em lugar das
formulações C o (Ω) baseadas na teoria de Mindlin.
Por outro lado, da mesma forma como a função do elemento 2 na Figura 18.3a foi usada para
definir a função global vista na Figura 18.3b, a função local do elemento 1 pode definir uma função
global similar àquela da Figura 18.3b, que quando somada a esta, dará origem a uma função N3 (x)
global contínua associada ao nó 3, como visto na Figura 18.3c.

18.1.4 Matriz de rigidez e vetor força do elemento

Tomemos as deformações que aparecem na expressão do PTV em (18.1), em termos dos deslocamentos

⎧ ⎫

⎪ uo,x ⎪


⎪ o
v,x ⎪

½ ¾ ⎪
⎪ ⎪
⎪ ½ ¾ ½ ¾
⎨ ⎬
εo uo,y + v,x
o γ yz ψ y + w,y
= e = . (18.11)
κ ⎪
⎪ ψ x,x ⎪
⎪ γ xz ψ x + w,x

⎪ ⎪


⎪ ψ y,y ⎪

⎩ ⎭
ψ y,x + ψ x,y

Se usamos as aproximações (18.10) para os deslocamentos, temos as seguintes aproximações para


as deformações no elemento “e”:

⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ N1,x 0 0 0 0 ··· Nnne ,x 0 0 0 0 ⎥
⎢ ⎥
⎢ 0 N1,y 0 0 0 ··· 0 Nnne ,y 0 0 0 ⎥
½ o ¾e ⎢ ⎥
ε ⎢ N1,y N1,x 0 0 0 ··· Nnne ,y Nnne ,x 0 0 0 ⎥ e
=⎢
⎢ 0 ··· ⎥ {U }

κ h ⎢ 0 0 N1,x ··· 0 0 0 Nnne ,x ⎥
⎢ 0 0 0 0 N1,y ··· 0 0 0 0 Nnne ,y ⎥
⎢ ⎥
⎢ 0 0 0 N1,y N1,x ··· 0 0 0 Nnne ,y Nnne ,x ⎥
⎣ ⎦
| {z }| {z } | {z }
Nó 1 Nó 2 Nó nne
(18.12)

⎡ ⎤
½ ¾e ⎢ ⎥
γ yz ⎢ 0 0 N1,y 0 N1 ··· 0 0 Nnne ,y 0 Nnne ⎥ e
=⎢ ··· ⎥ {U } .
γ xz ⎣ 0 0 N1,x N1 0 ··· 0 0 Nnne ,x Nnne 0 ⎦
| {z }| {z } | {z }
Nó 1 Nó 2 Nó nne
Capítulo 18. Análise de compostos por elementos finitos — 1a ordem 571

Um dos procedimentos mais clássicos e limpos é um método de suavização de tensões baseado


no método dos mínimos quadrados. O desenvolvimento desse método iniciou-se com os trabalhos
de Hinton e Campbell [84], em 1974, e Barlow [33], em 1976, entre outros: [84], [121], [40], [79].
Barlow mostrou que, num elemento isoparamétrico do tipo Serendipity, as tensões tinham precisão
máxima nos pontos de integração de Gauss. Baseado nesta informação desenvolveu-se a idéia óbvia de
que as tensões podiam ser calculadas em cada elemento nos pontos de integração e em seguida esses
valores podiam ser usados para determinar valores de tensões nos nós usando um método de mínimos
quadrados, isto é, obtém-se a distribuição que minimiza o erro quadrático em cada elemento ou no
modelo como um todo. Como conseqüência, a distribuição obtida seria contínua. O processo pode ser
visto com detalhes em Zienkewicz [196], [197].

18.3 Tensões higrotérmicas


Na equação (18.1) partimos da expressão do PTV prevendo como único tipo de carregamento a carga
distribuída q. Sem dúvida, outros tipos de carregamento podem ser facilmente incorporados com cargas
distribuídas aplicadas ao longo do contorno e cargas concentradas. Entretanto, um tipo importante
de carregamento em laminados que merece detalhamento é aquele proveniente dos efeitos térmicos
e higroscópicos. Trataremos aqui apenas dos efeitos térmicos para manter a leveza do texto. O
tratamento dos efeitos higroscópicos, pelo menos neste nível de análise, é feito de forma totalmente
análoga à análise térmica. Basta a duplicação de todos os termos térmicos vistos a seguir para
os correspondentes termos hirgroscópicos, iniciando pela transposição dos coeficientes de dilatação
térmica α’s por dilatação higrométrica β’s.
A análise de elementos finitos levando em conta as tensões térmicas pode partir da expressão do
PTV, com a inclusão dos esforços iniciais de origem térmica. Em lugar de (18.1), usamos

½ ¾t ∙ ¸½ ¾ ¾t ∙ ½ ¸½ ¾
R εo A B εo γ̂ yz R E44 E45 γ yz
Ω dΩ + Ω dΩ−
κ̂ B D κ γ̂ xz E45 E55 γ xz
Z ½ o ¾t ½ T ¾
R ε N (18.44)
b q dΩ −
Ωw T dΩ = 0.
Ω κ̂ M
| {z }
novo

{N T , M T }t são os esforços térmicos calculados conforme as eqs.(7.52)—(7.53), página 252. Tomando


as deformações peso {εo ; κ̂}t de (18.16), temos a expressão discretizada do PTV no elemento e de
forma similar a (18.19):
⎡ ⎤

n ot ⎢ ⎢
Z ∙
£ e ¤t A B £ e ¤
¸ Z ⎥
⎥ e
Û e ⎢ B B dxdy + [B e t
] [E e
] [B e
] dxdy ⎥ {U } −
⎢ e f B D f c c ⎥
⎣| Ω {z } | Ωe
{z }⎦
[Kfe ] [Kce ] (18.45)
n ot Z n ot Z £ ¤ ½ N T ¾
e t
Û e {Nw } q(x, y) dxdy − Û e Bfe dxdy = 0,
e e MT
|Ω {z } |Ω {z }
{F e } (novo) {F eT }

donde resulta
© ª
[K e ] {U e } = {F e } + F eT (18.46)
Capítulo 18. Análise de compostos por elementos finitos — 1a ordem 577

18.6 Elemento de casca degenerada laminada


Existem pelo menos duas grandes famílias de formulações de elementos finitos para cascas. Uma delas é
proveniente das teorias de casca, e uma outra é obtida a partir de uma adaptação simples dos elementos
sólidos de elasticidade tridimensional tradicional, denominada formulação de casca degenerada, como
ilustrado na Figura 18.5. Formulações do último tipo são relativamente simples, pois de fato lidam com
uma situação tridimensional adaptada, o que permite dispensar praticamente toda a complexidade da
geometria analítica e das milhares de teorias de cascas desenvolvidas desde o início do século XX. Um
levantamento recente de formulações de elementos finitos de cascas pode ser visto na referência [191].
A formulação de casca degenerada foi inicialmente apresentada por Ahmad, Irons e Zienkiewicz
[5], de onde tomamos a descrição que segue. Desenvolvimentos sobre subintegração seletiva são apre-
sentados por Zienkiewicz e Taylor [196] para cascas homogêneo-isotrópicas e detalhados para cascas
de materiais compostos laminados por Hughes [90]. Bathe [35] faz uso extensivo de uma das me-
lhores características dessa formulação de casca, que é a de permitir uma extensão direta a problemas
não-lineares.
A formulação parte da idéia um tanto óbvia de modelar a casca usando elementos sólidos, simples-
mente definindo adequademente as coordenadas nodais. Entretanto, fazendo isso observam-se alguns
problemas. Um deles, mais óbvio, é o excessivo número de nós, isto é, usar mais de dois nós ao longo
da espessura da casca torna-se computacionalmente caro, principalmente em cascas, que usualmente
possuem espessuras uniformes sobre grandes extensões, e podem, portanto, ser simuladas dentro de
certo nível de precisão, apenas pelo comportamento de sua superfície média.
O segundo aspecto que é apontado por Zienkiewicz, um aspecto não-óbvio, é que a colocação
de diversos nós alinhados bastante próximos ao longo da espessura, e outros relativamente bastante
distantes ao longo da superfície, pode gerar matrizes de rigidez mal condicionadas. Isso ocorre em
razão da presença de coeficientes demasiado diferentes dentro da matriz, uns representando a rigidez
entre dois nós próximos, ao longo da espessura, outros de nós distantes, ao longo da superfície. Uma
maneira de circunscrever essas dificuldades consiste em tomar a formulação sólida, tridimensional,
e impor as condições de casca, isto é, a inextensibilidade e a linearidade do segmento inicialmente
normal e reto, como detalhado a seguir.

Figura 18.5: Trecho de casca modelada por elementos sólidos triquadráticos de Serendipity em (a),
e por elementos bidimensionais apenas em sua superfície média em (b).

18.6.1 Geometria de um elemento quadrilateral de casca


Nesta etapa, o desafio consiste em converter a representação da geometria do segmento de casca das
coordenadas x-y-z de cada um dos nós das superfícies inferior e superior, e dos nós intermediários
do elemento sólido, em coordenadas apenas de um outro conjunto de nós, posicionados sobre uma
Capítulo 19

Teorias de ordem superior

Este capítulo e as teorias nele apresentadas e detalhadas dizem respeito à tentativa de se obter uma
teoria de placas que produza uma variação correta da solução dos deslocamentos e tensões ao longo da
espessura. A dificuldade nesta tarefa pode ser entendida observando as soluções de Pagano [129] obti-
das por elasticidade tridimensional. Neste ponto, o leitor pode se beneficiar de uma leitura da Seção
13.2.5. Na Figura 13.12, página 465, observa-se que, para laminados delgados a variação de desloca-
mentos coplanares ao longo da espessura pode ser bem aproximada por uma reta. Para laminados
mais espessos, a distribuição dos deslocamentos assume um comportamento cada vez mais diferente
do linear, à medida que a relação espessura/comprimento cresce. As teorias de Kirchhoff e Mindlin
prevêem apenas variação linear, e por isso são capazes de prover apenas resultados aproximados, com
erros às vezes acentuados nas tensões.
Uma outra observação útil dos resultados de Pagano refere-se à presença de tensões σ z , mais acen-
tuadas nos laminados espessos. Essa tensão é diretamente associada a εz , e esta por sua vez é associada
a uma dependência de w com z, isto é, w = w (x, y, z) . As teorias de Kirchhoff e Mindlin, usando
a hipótese de inextensibilidade, w = w(x, y), não podem detectar diretamente σ z , que, entretanto, é
importante no processo de delaminação de um composto laminado.

19.1 Teorias de primeira ordem e de ordem superior


A forma genérica de produzir teorias que aproximem melhor a resposta ao longo da espessura, as
chamadas teorias de ordem superior, consiste em trabalhar sobre as hipóteses cinemáticas a partir das
quais todo o desenvolvimento subseqüente é feito. Como exemplo, consideremos a seguir a teoria de
Reddy [142], obtida por um ajuste na teoria proposta por Levinson [109] e Schmidt [156], e estendida
por Reddy em [136] e [144].
Nessa teoria, parte-se do seguinte campo de deslocamentos:
°
° u(x, y, z) = uo (x, y) + zψ x (x, y) + z 2 ξ x (x, y) + z 3 ζ x (x, y),
°
°
° v(x, y, z) = v o (x, y) + zψ y (x, y) + z 2 ξ y (x, y) + z 3 ζ y (x, y), (19.1)
°
° w (x, y, z) = w(x, y).

Em vez de se restringir a uma variação linear dos deslocamentos coplanares, toma-se uma variação
cúbica, o que explica o nome “teoria de ordem superior”. Note que ainda se mantém a inextensibilidade
da normal na última equação.
As funções uo , v o e w denotam os deslocamentos de um ponto de coordenada (x, y, 0) localizado
na superfície de referência e ψ x e ψ y são as rotações dos segmentos normais à superfície em relação
aos eixos y e x, respectivamente. As funções ζ x , ζ y , ξ x e ξ y são dependentes apenas do ponto (x, y) e

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Capítulo 19. Teorias de ordem superior 591

°
° u(x, y, z) = uo + zψ x + z 2 ψ 2x + z 3 ψ 3x + . . . + z n ψ nx ,
°
°
° v(x, y, z) = vo + zψ y + z 2 ψ 2y + z 3 ψ 3y + . . . + z n ψ ny , (19.15)
°
°
° w (x, y, z) = wo + zw1 + z 2 w2 + . . . + z m wm .

A cada quantidade de termos n e m corresponde uma diferente teoria de ordem n − m, e conforme


n e m crescem a solução aproxima-se da solução tridimensional da placa. Uma proposição é a de
modelar cada teoria de ordem n por elementos finitos, obter uma seqüência de soluções até que a
distribuição de erros seja satisfatória.
Embora exista pouca esperança de conseguir soluções analíticas para ordens maiores que m = 0,
n = 3, é possível obter o conjunto de equações do movimento com o respectivo conjunto de definições
de deformações e esforços generalizados de placa que correspondem a cada teoria.

Algumas dessas teorias são detalhadas nas seções seguintes, em conjunto com as respecticas teorias
de elementos finitos. Comparações entre as precisões obtidas por algumas dessas teorias são feitas na
Seção 19.6.

19.2 Equações do movimento da teoria de Reddy

Faremos aqui um detalhamento da teoria de Reddy conforme apresentado em [142], de forma a obter
as equações do movimento consistentes com as hipóteses cinemáticas (19.7). Esse desenvolvimento
é colocado aqui a título de exemplo. De fato, as equações de movimento, definição de esforços e
deformações de placa e condições de contorno variacionalmente consistentes serão distintas para cada
uma das formulações listadas na seção 19.1.1 e poderão ser deduzidas da forma padrão, como mostrado
a seguir. De qualquer forma, este procedimento é o mesmo já utilizado no Capítulo 11 para o caso da
placa laminada de Mindlin.
Parte-se, então, das eqs.(19.7) para os deslocamentos. As relações deformação-deslocamento li-
neares usadas são as relações lineares dadas em (11.37), página 392, de forma que se obtém:
° °
° εx (x, y, z, t) = εox + zκx + z 3 κ3x , ° γ xz (x, y, z, t) = γ oxz + z 2 κxz ,
° °
° °
° εy (x, y, z, t) = εoy + zκxy + z 3 κ3xy , ° γ yz (x, y, z, t) = γ oyz + z 2 κyz , (19.16)
° °
° °
° γ xy (x, y, z, t) = γ oxy + zκxy + z 3 κ3xy , ° εz (x, y, z, t) = 0,
onde as deformações de placa na superfície de referência z = 0 são:

⎧ o ⎫ ⎧ ⎫
⎨ εx (x, y, t) ⎬ ⎨ uo,x ⎬
membrana {εo } = εoy (x, y, t) ≡ o
v,y (19.17)
⎩ o ⎭ ⎩ o o ⎭
εxy (x, y, t) u,y + v,x

½ ¾ ½ ¾
γ oyz (x, y, t) ψ y + w,y
cisalhamento transversal {γ oc } = ≡ (19.18)
γ oxz (x, y, t) ψ x + w,x
602 Materiais Compostos e Estruturas-sanduíche — Projeto e Análise

Tabela 19.1: Deflexões e tensões para laminado quadrado [0o /90o /0o ] sob carga senoidal simplesmente
apoiado. Os valores entre parênteses são erros em relação à solução de elasticidade. Os resultados de
cisalhamento transversal são obtidos diretamente pelas relações constitutivas.
3a Ordem 1a Ordem [143]
a
Variável Elasticidade (1) [142] k=1 k = 5/6 k = 3/4 k = 1/2
H
w 2, 0059 1, 9218 1, 5681 1, 7763 1, 9122 2, 5769
4 σx 0, 7548 0, 7345 0, 4475 0, 4369 0, 4308 0, 4065
τ yz 0, 21717 0, 1835 0, 1227 0, 1562 0, 1793 0, 3030
w 0, 7530 0, 7125 0, 6306 0, 6693 0, 6449 0, 8210
10 σx 0, 590 0, 5684 0, 5172 0, 5134 0, 5109 0, 4993
τ yz 0, 12275 0, 1033 0, 0735 0, 0915 0, 1039 0, 1723
w 0, 4347 0, 4342 0, 4333 0, 4337 0, 4340 0, 4353
100 σx 0, 5392 0, 5390 0, 5385 0, 5384 0, 5384 0, 5382
τ yz 0, 08282 0, 0750 0, 0586 0, 0707 0, 0782 0, 1175
(1) Valores obtidos usando a formulação de Pagano [128], revista na seção 15.3.

A Tabela 19.1 mostra, além dos resultados da teoria de elasticidade obtidos por Pagano, resultados
da teoria de primeira ordem para diversos valores da constante de cisalhamento k, onde se usou
k1 = k2 = k. Observa-se que, não importa qual valor de k seja usado, os resultados da teoria de
terceira ordem são bem melhores que os de primeira ordem. O mesmo se confirma na Tabela 19.2. Na
Figura 19.2 aparecem distribuições de tensões cisalhantes transversais τ yz ao longo da espessura. Na
Figura 19.2a temos os valores obtidos diretamente das relações constitutivas. Nota-se que, mesmo que
a teoria seja de ordem superior, as tensões são incorretamente descontínuas, embora parabólicas ao
longo de cada lâmina. Na Figura 19.2b aparecem os valores como obtidos por um pós-processamento
pela integração das equações diferenciais de equilíbrio. Nota-se que também a teoria de terceira ordem,
tanto quanto as demais, se beneficia com o processo.
De forma geral, embora a teoria de terceira ordem aproxime muito melhor os resultados, é visível
que ela não é completamente satisfatória, o que explica as diversas propostas listadas na Seção 19.1.1,
e outras ainda sendo investigadas. Essas deficiências são visíveis na faixa de erros de τ yz e τ xz vistos
na Tabela 19.2, atingindo até 30% na teoria de terceira ordem e até 50% na teoria de primeira ordem.
Também as deficiências se manifestam na forma de descontinuidades nas interfaces como vistas na
Figura 19.2a. Diversas causas dessas deficiências podem ser identificadas, como por exemplo:

a) Embora as deformações verdadeiras possam ser aproximadamente parabólicas ao longo da espes-


sura de cada lâmina, elas não são parabólicas ao longo de toda a espessura do laminado, como
suposto na teoria.

b) A teoria ignora as deformações e tensões normais εz e σ z . A ausência desses valores afeta o


balanço de forças e impede a satisfação correta das equações diferenciais de equilíbrio, gerando
as descontinuidades em τ yz e τ xz , além de afetar os deslocamentos transversais.

19.4 Elemento finito C o de 3a ordem com normal inextensível


Detalhemos aqui uma formulação de elementos finitos baseada nas hipóteses cinemáticas (19.10).
Sivakumaran [162] apresenta formulações para esta teoria, porém restritas a laminados simétricos,

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