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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Campus de Rio Paranaı́ba


Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas
Rodovia MG-230 – Km 7 – Rio Paranaı́ba – MG – 38810-000 Telefone: +55(34)3855-9300

PROBLEMAS RESOLVIDOS

FRP 202 - FÍSICA II

Fluidos, Ondas e Termodinâmica


FRP 202 - Fı́sica II Prof. Dr. Marcos Paulo de O. Loureiro

Sumário
1 Mecânica dos Fluidos 2
1.1 Problema 20 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Problema 71 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2 Termparatura, Calor e Primeira Lei da Termodinâmica 9


2.1 Problema 21 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 Problema 30 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3 Problema 47 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3 Teoria Cinética dos Gases 17


3.1 Problema 17 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.2 Problema 43 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.3 Problema 63 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Edição 2023/I 1 mpoloureiro@ufv.br


FRP 202 - Fı́sica II Prof. Dr. Marcos Paulo de O. Loureiro

1 Mecânica dos Fluidos


1.1 Fundamentos de Fı́sica - D. Halliday et al - Problema 20, Capı́tulo 14, 9a ed.

O tanque em forma de L mostrado na figura está cheio de água e é aberto na parte


de cima. Se d = 5, 0 m, qual é a força exercida pela água (a) na face A e (b) na face
B?

———————– SOLUÇÃO ———————–

DADOS
Resolver problemas em Fı́sica exige que você siga alguns procedimentos sim-
ρ = ρÁGUA
ples. O primeiro deles é a coleta dos dados fornecidos no enunciado. Esta
aberto → p0 = patm
etapa é importante para deixar claro o que o problema exige. Além disso, a
d=5m
coleta dos dados pode te ajudar a encontrar a equação apropriada para solu-
FA = ?
cionar o prolema.
FB = ?
Uma vez entendido o enunciado, parta para a resolução do problema. Esta etapa precisa ser clara e objetiva.

a) Sabemos que a pressão absoluta é dada por a Inicie a resolução apresentando o fundamento
teórico. Em uma avaliação, o fundamento teórico
p = p0 + ρgh = patm + ρgh necessário para solucionar o problema estará dis-
ponı́vel no formulário.
e a força em uma superfı́cie de área A pode ser escrita
como
F = pA.

Na face A a altura da coluna d’água é contante, h = 2d, a Esta é a etapa de desenvolvimento da questão.
e a área da superfı́cie é A = d2 . Sendo assim Ela tem que ser feita de forma clara para que
você, ou qualquer outra pessoa, consiga entender
FA = pA d2 = patm + ρÁGUA g 2d d2

cada passo da resolução.

FA = patm d2 + 2 ρÁGUA g d3
A resposta deve ser sempre evidenciada de
alguma forma.

É fundamental que a resposta, literal ou numérica, seja apresentada da forma mais simplificada possı́vel.

Caso o problema forneça os valores das grandezas, você deve substituı́-los para obter a resposta numérica.
Um erro comum envolve as unidades de medidas das grandezas. Em respostas literais NÃO usamos colocar as
unidades. Isso porque a unidade de medida surgirá do resultado da operação entre as grandezas que compõe a
resposta. Por outro lado, respostas numéricas NECESSARIAMENTE devem ser expressas com suas respectivas
unidades. (LEMBRE-SE: p = 5 ̸= p = 5 m ̸= p = 5 s ̸= p = 5 Pa).

Substituindo os valores,
3 2
FA = 1, 013 × 105 (Pa) · 52 (m2 ) + 2 · 998 (Kg/m ) · 9, 8 (m/s ) · 53 (m3 )
2
= 25, 325 × 105 (Pa · m2 ) + 24, 451 × 105 (Kg · m/s )
| {z } | {z }
..........................(N) ....................................(N)
= 49, 776 × 105 (N)

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FA ≃ 5 × 106 N

Não é necessário escrever a unidade de cada grandeza da resposta (como foi feito aqui). Você pode omiti-las e
apresentar a unidade somente ao final.

Naturalmente, em uma avaliação onde não é permitido o uso de equipamentos eletrônicos, o que inclui a
calculadora, os valores fornecidos seriam mais simples para facilitar os cálculos. Por exemplo,
pa = 1, 013 × 105 (Pa) ≃ 1 × 105 (Pa)
3 3 3
ρÁGUA = 998 (Kg/m ) ≃ 1000 (Kg/m ) = 103 (Kg/m )
2 2
g = 9, 8 (m/s ) ≃ 10 (m/s )
Assim,

FA = 1 × 105 · 5 + 2 × 103 · 10 · 53
= 25 × 105 + 25 × 105
= 50 × 105

FA = 5 × 106 N

Não é incomum o estudante “esquecer” o que foi pedido durante a resolução do problema. Para evitar erros,
releia o enunciado e verifique se você respondeu exatamente o que foi pedido.

Agora partimos para o item b)

b) A força resultante na face B é a soma das forças ge- a Este é o inı́cio da resolução do problema e corres-
radas pelas diferentes pressões em toda coluna de fluido ponde à parte de fundamentação teórica.
mais a força resultante da pressão atmosférica. Um desenho ou esquema pode ser muito útil. Mui-
tas vezes por meio deles temos mais facilidade de
entender o que fazer. Mas atenção, ESQUEMA
NÃO É RASCUNHO!!! É fato que quando o estu-
dante desenha um esquema de maneira displicente
e incorreta ele é induzido ao erro.

Temos que a contribuição de força relativa à pressão do


fluido é dada por
Z Z
FBf = dF = p dA

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Sabemos que o elemento de área na face B é a Esta é a parte de desenvolvimento da questão. No-
dA = d dh. Sendo assim, vamente, é necessário que fique claro o que você
está fazendo. Não altere as letras (por exemplo, h
Z 3d
FBf = ρÁGUA g h (d dh) por y; d por x; etc) que correspondem às grande-
2d zas fornecidas no enunciado. Isso também induz
Z 3d ao erro pois você pode esquecer o que são e o que
= ρÁGUA g d h dh representam cada letra. Um desenvolvimento coe-
2d
3d
rente permite inclusive que eventuais erros, como
h2
 
= ρÁGUA g d o esquecimento de um termo ou um sinal, sejam
2 2d facilmente identificados.
9 d2 4 d2
 
= ρÁGUA g d −
2 2
5 d3
= ρÁGUA g
2
A contribuição de força relativa à pressão atmosférica
(constante) é dada por

FBatm = patm d2

Finalmente, a força total que atua na face B do recipi- a Esta é a resposta literal do problema. Ela deve
ente é a soma das forças devido ao fluido e à pressão conter, fora as contantes, apenas as grandezas que
atmosférica. Portanto, foram enunciadas.

5
FB = patm d2 + ρ g d3
2 ÁGUA

Substituindo os valores, temos


5 3 2
FA = 1, 013 × 105 (Pa) · 52 (m2 ) + · 998 (Kg/m ) · 9, 8 (m/s ) · 53 (m3 )
2
2
= 25, 325 × 105 (Pa · m2 ) + 30, 564 × 105 (Kg · m/s )
= 55, 889 × 105 (N)

FA ≃ 5, 6 × 106 N

Usando os valores aproximados das contantes, terı́amos a Em geral, existem mais de uma forma de se resol-
ver problemas de Fı́sica. Não importa como seja
5 resolvido, o importante é que o desenvolvimento
FA = 1 × 105 · 52 + · 103 · 10 · 53
2 seja claro, para que qualquer pessoa que venha a
625 ler sua resolução seja capaz de entender como você
= 25 × 105 + × 104
2 chegou ao resultado. Por exemplo, você seria ca-
500 625 paz de explicar por que o resultado da força da
= × 104 + × 104
2 2 coluna de fluido a uma profundidade h = 5d/2 é o
1125 mesmo do obtido pelo cálculo da integral?
= × 104
2
= 562, 5 × 104

FA ≃ 5, 6 × 106 N

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1.2 Fundamentos de Fı́sica - D. Halliday et al - Problema 71, Capı́tulo 14, 9a ed.

A figura mostra um jorro de água saindo por um furo a uma distância h = 10


cm da superfı́cie do tanque que contém H = 40 cm de água. (a) A que distância
x a água atinge o solo? (b) A que profundidade deve ser feito um segundo furo
para que o valor de x seja o mesmo? (c) A que profundidade deve ser feito um
furo para que o valor de x seja o maior possı́vel?

———————– SOLUÇÃO ———————–

DADOS
h = 10 cm = 10 × 10−2 m = 0,1 m
H = 40 cm = 10 × 40−2 m = 0,4 m

No item a) precisamos determinar o valor do alcance x.

a) x = ??? a O inı́cio da solução consiste em compreender o


problema e estabelecer a estratégia para resolvê-lo.
Uma vez que desprezamos o atrito da água com o
ar, sabemos que a velocidade da água na saı́da do furo Imediatamente após sair do furo, a água possui
é exclusivamente uma velocidade horizontal. À
⃗v = ⃗vx = CONSTANTE medida em que ela se desloca em x, devido a pre-
sença da aceleração da gravidade, a água adquire
Sendo assim, temos que
movimento de queda-livre. Note a semelhança do
dx ∆x movimento parabólico da água com os problemas
vx = → vx = → ∆x = x = vx ∆t que foram estudados em Fı́sica I.
dt ∆t
Portanto, para encontrar o alcance x precisamos
determinar vx e ∆t.

Como a aceleração vertical (gravidade) é constante, te- a Existindo uma aceleração constante, o movimento
mos que o deslocamento vertical é é uniformemente variado.
1
∆y = (H − h) = v0y ∆t + g ∆t2
| {z } 2
0
s Na trajetória parabólica os movimentos em
2(H − h) x e y são independentes mas o tempo ∆t é
→ ∆t = (I)
g comum.

Já encontramos o tempo, agora precisamos determinar a velocidade vx na saı́da do furo.

Analisando o problema, nos deparamos com duas situações distintas: uma onde o fluido encontra-se em re-
pouso; a outra refere-se ao fluido em movimento ao atravessar o furo.

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Analisando o esquema, vemos que a uma determi-


nada profundidade h
p1 = p2 = p3
| {z } |{z}
FLUIDO EM FLUIDO EM
REPOUSO MOVIMENTO

a
Sabemos que p1 = p2 = patm + ρ g h.
Considerando o ponto 3 no limite externo da pa-
rede do tanque, temos, da equação de Bernoulli,
que
1
p3 = patm + ρ vx2
2

Note que da forma como o referencial xy foi desenhado no esquema, o termo ρgh′ na equação de Bernoulli é
nulo pois h′ = 0.
Sendo assim, temos que
1 2 p
patm + ρ g h = patm + ρv → vx = 2gh (II)
2 x

Encontramos então a velocidade com que a água vaza pelo furo e o tempo que ela gasta até tocar o chão.
podemos então determinar o alcance x.
Finalmente, utilizando (I) e (II), encontramos
s
p 2(H − h)
x = 2gh
g
p
x = 2 h (H − h)

Substituindo os valores, temos


p p
x = 2 10 (cm) [40 (cm) − 10 (cm)] = 2 300 (cm2 )

x = 20 3 cm ≃ 34, 6 cm

Lembre-se que o uso das unidades durante a solução é dispensável. Ela foi apresentada aqui apenas para mostrar
que os cálculos foram feitos com as unidades em centı́metros.

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O item b) pede para determinar a posição de um segundo furo para que o alcance dos dois jatos de água sejam
o mesmo.

b) h2 = ???

Procuramos um ponto a uma profundidade h2 tal


que x1 = x2 . Mas sabemos que x = v ∆t, então

v1 ∆t1 = v2 ∆t2

Do item anterior, temos que


a s
p 2(H − h)
v = 2gh e ∆t =
g

Substituindo,
Substituindo, s s
p 2(H − h1 ) p 2(H − h2 )
s s 2 g h1 = 2 g h2
p 2(H − h1 ) p 2(H − h2 ) g g
2 g h1 = 2 g h2 O primeiro passo para solução do problema foi
g g
expressar matematicamente o que foi dito no
enunciado: x1 = x2 .
h1 (H − h1 ) = h2 (H − h2 )
Rescrevendo a equação, temos
a Em seguida, usamos alguns resultados obti-
h22 − h2 H + h1 (H − h1 ) = 0 dos no item anterior. Não é preciso demonstrar
e/ou explicar o uso de uma equação desde que
Chegamos então a uma equação de segundo grau cujas isso já tenha sido feito anteriormente.
raı́zes são
p
H ± H 2 − 4 h1 (H − h1 )
h2 =
2

Substituindo os valores encontramos


p
40 (cm) ± 402 (cm2 ) − 4 · 10 (cm) · [40 (cm) − 10 (cm)]
h2 =
p 2
40 (cm) ± 400 (cm2 )
=
2
40 (cm) ± 20 (cm)
=
2
Temos então que h2 = 10 cm ou h2 = 30 cm. Naturalmente, a primeira opção não é aceitável pois h1 = 10
cm. Portanto,

h2 = 30 cm

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No item c) procuramos um valor de h tal que x → xMÁXIMO .

c) xMÁXIMO = ???

Sabemos que o máximo (ou mı́nimo) de uma função pode ser obtido igualando a primeira derivada da função
à zero. Então, para que o alcance x seja máximo,
s !
dx d d p 2(H − h) d  p 
=0 → (v ∆t) = 2gh = 2 h (H − h) = 0
dh dh dh g dh
1 −1/2 H − 2h
→ 2 (h (H − h)) ((H − h) − h) = 1/2
= 0
2 (h (H − h))
→ H − 2h = 0

Portanto,
H
h =
2

Substituindo, temos que a profundidade h = 20 cm.

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2 Termparatura, Calor e Primeira Lei da Termodinâmica


2.1 Fundamentos de Fı́sica - D. Halliday et al - Problema 21, Capı́tulo 18, 9a ed.

Como resultado de um aumento de temperatura de 32 ◦ C, uma barra


com uma rachadura no centro dobra para cima (ver figura). Se a
distância fixa L0 é 3, 77 m e o coeficiente de dilatação linear da barra
é 25 × 10−6 /◦ C, determine a altura x do centro da barra.

———————– SOLUÇÃO ———————–

DADOS
Este é um problema simples que aborda o tema dilatação térmica. En-
∆T = 32 ◦ C
a tretanto, note que o livro texto considera este um problema com de alto
L0 = 3, 77 m
grau de dificuldade (• • •).
α = 25 × 10−6 /◦ C

a) x = ???

Sabemos que a variação da dimensão linear (comprimento) da barra é dado por ∆L = L0 α ∆T .


Como a barra está dividida ao meio, temos que a dilatação relativa à meia
barra é ∆L/2. Analisando o esquema ao lado, vemos que
 2  2
L L0 2
= + (x)
2 2

Note que esta equação corresponde à aplicação do teorema de Pitágoras no


triângulo retângulo da figura.
Mas sabemos que L = L0 + ∆L. Então,
2 2
L20 (∆L)2 L2
 
L0 + ∆L L0 2 L ∆L
= + (x) → + 0 + = 0 + x2
2 2 4 2 4 4

Portanto,
r
L0 ∆L (∆L)2
x= +
2 4

Substituindo os valores, temos


∆L = 3, 77 (m) · 25 × 10−6 (◦ C−1 ) · 32 (◦ C) = 3, 016 × 10−3 (m)
s
2
3, 77 (m) · 3, 016 × 10−3 (m) (3, 016 × 10−3 (m)) p
x = + ≃ 5, 685 × 10−3 (m) + 2, 274 × 10−6 (m)
2 4
p
x ≃ 5, 687 × 10−3 ≃ 0, 075 (m)

x ≃ 7, 5 × 10−2 m = 7, 5 cm

Esta forma como o problema foi resolvido é básica e envolveu apenas cálculos matemáticos. Agora, vamos
pensar na solução passo-a-passo e chegar a conclusão de que parte dela foi irrelevante.

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Quando calculamos a variação da dimensão linear, ∆L, encontramos um valor na ordem de 10−3 m. Após
analisar a figura, chegamos ao valor do deslocamento x dado por
v
(∆L)2
u
u L ∆L
x=t 0 +
2 } | {z
| {z 4 }
∼ 10−3 ∼ 10−6
Note que o segundo termo da expressão é aproximadamente 1000 vezes menor que o primeiro. Isto significa que
a contribuição do termo (∆L)2 é irrelevante, podendo ser desprezada neste caso. Assim,
r r
L0 ∆L (∆L)2 L0 ∆L
x= + ≃
2 4 2
Sendo L0 = 3, 77 m e ∆L ≃ 3 mm, temos
r r
L0 ∆L 3, 77 · 3 × 10−3 p
x ≃ ≃ = 5, 655 × 10−3 ≃ 0, 075 m = 7, 5 cm
2 2

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2.2 Fundamentos de Fı́sica - D. Halliday et al - Problema 30, Capı́tulo 18, 9a ed.

Uma amostra de 0, 400 kg de uma substância é colocada em um sis-


tema de resfriamento que remove o calor a uma taxa constante. A
figura mostra a temperatura T da amostra em função do tempo t; a
escala horizontal é definida por ts = 80, 0 min. A amostra congela
durante o processo. O calor especı́fico da substância no estado lı́quido
inicial é 3000 J/kg·K. Determine (a) o calor de fusão da substância e
(b) o calor especı́fico da substância na fase sólida.

———————– SOLUÇÃO ———————–

DADOS
m = 0, 400 kg = 4 × 10−1 kg
dQ
= CONSTANTE
dt
ts = 80 min = 80 · (60 s) = 4800 s
cL = 3000 J/kg·K

Este é um problema simples que trata do resfriamento de uma substância. A interpretação dos dados fornecidos
pelo gráfico é a chave para a solução do problema.

a) LF = ???

Sabemos que o fluxo de calor durante uma transição de fase


é dado por
Como sempre, devemos partir do fun-
Q = (±) m L
a damento teórico para iniciar a solução
Como o sistema está perdendo calor durante a transição liquido- do problema.
sólido temos que
QCEDIDO = − m LF
sendo LF o calor latente de fusão da substância.
Lembre-se que o sinal associado ao fluxo de calor durante a transição de fase depende do sentido do fluxo: se a
temperatura do sistema aumenta então o sistema está recebendo calor o que resulta em um fluxo positivo

QRECEBIDO = + m L ;

se a temperatura do sistema diminui então o sistema está perdendo calor o que resulta em um fluxo negativo

QCEDIDO = − m L .

De acordo com o problema, o processo de resfriamento e mudança de fase ocorre com a retirada de calor a uma
taxa constante. Isto implica que
dQLIQ dQT RAN S dQSOL
= =
dt dt dt
Em particular, na fase lı́quida
dQLIQ ∆QLIQ m cL ∆T
→ = .
dt ∆t ∆t

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Analisando o gráfico e substituindo os valores temos


∆QLIQ 0, 4 (kg) · 3000 (J/kg·K) · (270 (K) − 300 (K))
=
∆t 40 (min)
0, 4 (kg) · 3000 (J/kg·K) · (− 30 (K)) Observe que a unidade de medida de
= tempo fornecida pelo problema foi o
40 · 60 (s) a
minuto. Há então a necessidade de con-
36000 (J) verter a unidade para segundos.
= −
2400 (s)
= − 15 W

Lembre-se que o uso das unidades de medida durante a solução e desnecessário. Aqui elas são mostradas para
auxiliar o entendimento da origem da unidade ao final das contas.
Sendo a taxa de variação constante, temos
dQT RAN S ∆QT RAN S − m LF
→ = = − 15 W. Note a importância de ler com atenção
dt ∆t ∆tF
o enunciado do problema. A in-
Desta forma, podemos escrever a formação sobre a taxa constante de
transferência de calor é a chave para
15 ∆tF determinarmos o calor latente de fusão
LF =
m da substância.

Finalmente, substituindo

15 (W) · (70 (min) − 40 (min)) 15 (W) · (30 (min))


LF = =
0, 4 (kg) 0, 4 (kg)
15 (J/s) · (30 · 60 (s)) 15 (J/s) · (1800 (s))
= =
0, 4 (kg) 0, 4 (kg)
= 67500 (J/kg)

Portanto,
LF = 6, 75 × 104 J/kg

Da mesma forma que calculamos o calor latente de fusão na letra a) calcularemos o calor especı́fico da substância
na fase sólida neste item.

b) cS = ???

Sabemos que, fora da transição de fase, o fluxo de calor está


relacionado com uma variação de temperatura da forma
Assim como o calor latente, o calor es-
Q = m c ∆T pecı́fico de uma substância varia nos
a diferentes estados (sólido, lı́quido, ga-
sendo ∆T ≡ (Tf − Ti ). Temos então que soso).

QSOL = m cS ∆T

com cS = calor especı́fico substância na fase sólida.

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Sabendo que a taxa de variação de calor é constante, do item an-


terior temos que
dQSOL ∆QSOL m cS ∆T
→ = = − 15 W Assim como o calor latente, o calor es-
dt ∆t ∆tS
pecı́fico de uma substância varia nos
Desta forma, podemos escrever a diferentes estados (sólido, lı́quido, ga-
soso).
− 15 ∆tS
cS =
m ∆T

Analisando o gráfico temos ∆T = (250 − 270) e ∆tS = (90 − 70). Substituindo,

− 15 (W) · (90 (min) − 70 (min)) − 15 (W) · (20 (min))


cS = =
0, 4 (kg) · (250 (K) − 270 (K)) 0, 4 (kg) · (− 20 (K))
15 (J/s) · (20 · 60 (s)) 15 (J/s) · (1200 (s))
= =
0, 4 (kg) · (20 (K)) 0, 4 (kg) · (20 (K))
= 2250 (J/kg · K)

Portanto,
cS = 2, 25 × 103 J/kg · K

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2.3 Fundamentos de Fı́sica - D. Halliday et al - Problema 47, Capı́tulo 18, 9a ed.

Quando um sistema passa do estado i para o estado f seguindo a tra-


jetória iaf da figura ao lado, Q = 50 cal e W = 20 cal. A longo da
trajetória ibf , Q = 36 cal. (a) Quanto vale W ao longo da trajetória
ibf ? (b) Se W = −13 cal na trajetória de retorno f i, quanto vale Q
nessa trajetória? (c) Se Eint,i = 10 cal, qual é o valor de Eint,f ? Se
Eint,b = 22 cal, qual é o valor de Q (d) na trajetória ib e (e) na trajetória
bf ?

———————– SOLUÇÃO ———————–

DADOS
Qiaf = 50 cal Este é um clássico problema em termodinâmica que envolve a primeira lei e a
Wiaf = 20 cal mudança de estados através de diferentes processos termodinâmicos.
Qibf = 36 cal
Wf i = −13 cal Os dados fornecem informações sobre processos especı́ficos. Um erro comum
Eint,i = 10 cal ocorre quando você não identifica corretamente a que (ou quais) processo(s) uma
Eint,b = 22 cal dada energia se refere.

a) Wibf = ???

Sabemos que a variação da energia interna entre dois esta-


dos termodinâmicos independe da sequência de processos que
levaram à mudança de estado. Sendo assim, Você pode considerar a energia interna
do sistema em um dado estado ter-
∆Eint,iaf = ∆Eint,ibf modinâmico como sendo a soma das
energias cinéticas de cada molécula de
Mas, de acordo com a 1a lei da termodinâmica, um fluido ideal. Macroscopicamente,
um estado termodinâmico é definido
∆Eint = Q − W através de parâmetros como pressão,
volume e temperatura. Uma mudança
Portanto, a
de estado se caracteriza pela variação
Qiaf − Wiaf = Qibf − Wibf
de um ou mais destes parâmetros. A
Wibf = Qibf − Qiaf + Wiaf forma como o estado varia não inter-
fere na sua energia interna final. É por
isso que independentemente do pro-
Substituindo os valores, temos
cesso que leva à mudança de estado, a
Wibf = 36 (cal) − 50 (cal) + 20 (cal) variação da energia interna entre os es-
tados é sempre a mesma.
Wibf = + 6 cal

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b) Qf i = ???

Novamente, sabemos que a variação da energia interna entre


dois estados termodinâmicos independe da sequência de processos O primeiro fato importante que você
que levaram à mudança de estado. Sendo assim, precisa atentar neste item corresponde
à mudança no sentido do processo. Sair
∆Eint,if = − ∆Eint,f i = ∆Eint,iaf = ∆Eint,ibf
do estado i e chegar ao estado f é dife-
Aplicando a 1a lei da termodinâmica, temos rente de sair de f e chegar a i. Con-
siderando que o volume final do sis-
− Qf i + Wf i = Qiaf − Wiaf tema é menor que o volume inicial, con-
cluı́mos, pela definição de trabalho, que
Portanto, a
o trabalho é negativo neste processo,
Qf i = Wf i − Qiaf + Wiaf como indicado no enunciado. Por outro
lado, para reduzir a pressão e o volume
do sistema é necessário retirar calor do
Substituindo os valores, temos
mesmo, o que matematicamente resulta
Qf i = − 13 (cal) − 50 (cal) + 20 (cal) num fluxo negativo de calor. Este é o
significado do sinal negativo associado
Qf i = − 43 cal à Qf i .

c) Eint,f = ???

Como discutimos nos itens anteriores, sabemos que,


Note que neste item a solução foi feita
∆Eint,if = ∆Eint,iaf = Qiaf − Wiaf
de forma mais direta. Isso porque
Eint,f − Eint,i = Qiaf − Wiaf todo o fundamento teórico já foi
apresentado nos itens anteriores.
Portanto,
Eint,f = Eint,i + Qiaf − Wiaf Aqui usamos os dados referentes
a
aos processos iaf . Entretanto você
Substituindo os valores, temos pode usar os dados relativos a quais-
quer outros processos que leve o
Eint,f = 10 (cal) + 50 (cal) − 20 (cal) sistema do estado i ao estado f , uma
vez que a variação da energia interna
Eint,f = + 40 cal independe da trajetória.

d) Qib = ???

Sabemos, de acordo com a 1a lei da termodinâmica, que

∆Eint,ib = Qib − Wib

Eint,b − Eint,i = Qib − Wib


O trabalho ao longo da trajetória ibf corresponde à soma dos trabalhos através dos processos ib e bf , então

Wibf = Wib + Wbf

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Analisando a figura vemos que o processo ib é isobárico e o processo bf é isocórico, portanto


Z V Z V
b f
Wibf = p dV + p dV
V V
i b
Z V
b
= p dV + 0
V
i

= p (Vb − Vi ) = Wib

Sendo assim, podemos escrever


Eint,b − Eint,i = Qib − Wibf
Portanto,
Qib = Eint,b − Eint,i + Wibf

Sabemos, do item a), que Wibf = + 6 cal. Substituindo os valores, temos

Qib = 22 (cal) − 10 (cal) + 6 (cal)

Qib = + 18 cal

e) Qbf = ???

Sabemos, de acordo com a 1a lei da termodinâmica, que

∆Eint,bf = Qbf − Wbf

Eint,f − Eint,b = Qib − Wbf


Mas, como vimos no item anterior, Wbf = 0 pois o processo bf é isocórico. Portanto

Qbf = Eint,f − Eint,b

Sabemos, dos itens anteriores, que Eint,f = + 40 cal e Eint,b = + 22 cal. Substituindo os valores, temos

Qbf = 40 (cal) − 22 (cal)

Qbf = + 18 cal

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3 Teoria Cinética dos Gases


3.1 Fundamentos de Fı́sica - D. Halliday et al - Problema 17, Capı́tulo 19, 9a ed.

O recipiente A da figura ao lado, que contém um gás ideal à pressão de


5, 0 × 105 Pa e à temperatura de 300 K, está ligado por um tubo fino
(e uma válvula fechada) a um recipiente B cujo volume é quatro vezes
maior que o de A. O recipiente B contém o mesmo gás ideal à pressão
de 1, 0 × 105 Pa e à temperatura de 400 K. A válvula é aberta para que
as pressões se igualem, mas a temperatura de cada recipiente é mantida.
Qual é a nova pressão nos dois recipientes?

———————– SOLUÇÃO ———————–

DADOS
pA = 5, 0 × 105 Pa



 
TA = 300 K p∗A = p∗B = p = ???



 


 
 ∗
ANTES VB = 4VA DEPOIS TA = TA = 300 K
 TB∗ = TB = 400 K
 
pB = 1, 0 × 105 Pa

 





 TB
 = 400 K

Este problema traz uma informação implı́cita muito importante, a de que o número total de moléculas no sistema não
varia estando ou não a válvula aberta.

p = ???

Sabemos que, por ser um gás ideal, a relação entre as grandezas termodinâmicas (p, V, T ) é dada pela equação
de estado
Como sempre, devemos partir do fundamento teórico para
pV = nRT iniciar a solução do problema.

Sabemos também que após abrir a válvula p∗A = p∗B = p. Temos então que
Note que conhecemos todos os termos desta equação, menos
n∗A R TA∗ n∗ R T ∗

= B ∗ B. o número de moléculas em cada câmara após a válvula ser
VA VB aberta, n∗A e n∗B .
Mas, de acordo com o enunciado, TA∗ = TA , TB∗ = TB = 4/3 TA , VA∗ = VA e VB∗ = VB = 4VA . Eliminando
a constante dos gases R e substituindo os termos temos

n∗A TA n∗ T
= B B
VA VB
n∗B 4/3 TA n∗ T
= = B A
4VA 3VA
Simplificando vemos que n∗A = n∗B /3 ou n∗B = 3 n∗A .
Note que, sendo o sistema fechado, o número total N de moléculas antes e depois de abrir a válvula permanece
constante. Assim,

NANTES = NDEPOIS Recapitulando, o problema pede o valor de p = p∗A , mas



nA + nB = nA + nB∗ n∗ R TA
p∗A = A .
VA
= n∗A + 3 n∗A = 4 n∗A Então nos resta determinar quanto vale n∗A .
Agora podemos determinar n∗A sabendo que antes de abrir a válvula
p V p V
nA = A A e nB = B B
R TA R TB

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Assim temos
 
1 pA VA p V
n∗A = + B B mas pB = 1/5 pA ,
4 R TA R TB
VB = 4VA ,
TB = 4/3 TA
 
1pA VA 1/5p4VA
A
= +
4 R TA R 4/3TA
 
1 pA VA 3 2 pA VA
= 1+ =
4 R TA 5 5 R TA

Finalmente, podemos determinar a pressão final p fazendo

R TA∗
 
p = p∗A = n∗A
VA∗
 
2 pA VA R TA
=
5 R TA VA
Portanto,
2
p = p
5 A

Substituindo, temos
2
p = · 5 × 105 Pa
5
p = 2 × 105 Pa

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3.2 Fundamentos de Fı́sica - D. Halliday et al - Problema 43, Capı́tulo 19, 9a ed.

A temperatura de 3,00 mols de um gás diatômico ideal é aumentada de 40, 0◦ C sem mudar a pressão do gás.
As moléculas do gás giram, mas não oscilam. (a) Qual é a energia transferida para o gás na forma de calor? (b)
Qual é a variação da energia interna do gás? (c) Qual é o trabalho realizado pelo gás? (d) Qual é o aumento
da energia cinética de rotação do gás?

———————– SOLUÇÃO ———————–

DADOS
n = 3, 00 mols
GÁS IDEAL DIATÔMICO
T = T0 + 40◦ C → ∆T = + 40◦ C = + 40 K
p = p0 → ∆p = 0 → Processo Isobárico

Este é um clássico problema de Termodinâmica. O primeiro passo para a


solução de um problema consiste SEMPRE em interpretar bem o enunciado,
retirando assim todas as informações relevantes.
Um esquema é a forma mais simples de se expor as informações do problema.
Sempre que possı́vel, tente montar um esquema do problema que estiver resol-
vendo. Mas atenção, ESQUEMA NÃO É RASCUNHO!!! Se você montar um
esquema de forma displicente, você será induzido ao erro.
No caso deste problema, o esquema se resume a um diagrama pV relacionando
o processo termodinâmico entre os estados inicial e final de acordo com as
informações do enunciado.

a) Q = ???

Sabemos, de acordo com o enunciado, que o processo que envolve a mudança de estados é um processo isobárico,
pois a mudança de estados ocorre à pressão contante.
Sabemos também que, sendo o gás ideal, o calor Q associado ao processo pode ser escrito em função do calor
especı́fico molar à pressão constante, Cp , da forma
Q = nCp ∆T.
A relação entre os calores especı́ficos molares à volume e à pressão constantes é dada por Cp = CV + R. Por
outro lado, o calor especı́fico molar à volume constante é definido de acordo com o número de graus de liberdade
f do sistema (gás) da forma  
f
CV = R.
2
A toda molécula diatômica é possı́vel associar pelo menos 5 graus de liberdade (3 graus de translação + 2 graus
de rotação). Temos então que
5 7
Cp = CV + R = R + R = R
2 2

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A figura acima exemplifica a questão dos graus de liberdade de uma molécula diatômica. Considere que as duas esferas
componham a molécula. Podemos analisar o movimento da molécula separadamente em relação à cada uma das direções
xyz. Por exemplo, na direção de z (perpendicular ao papel), tanto o movimento de translação quanto o de rotação podem
ser observados. O mesmo ocorre na direção de y. Por outro lado, apesar de ser possı́vel observar qualquer deslocamento
que a molécula tenha na direção de x, não podemos observar a rotação em torno deste eixo. Por isso, temos para a
molécula diatômica f = 5 graus de liberdade (3 associados ao movimento translacional nas direções xyz e 2 associados
ao movimento rotacional em torno dos eixos yz.
Um outro grau de liberdade que poderia ser associado à molécula diatômica é o de oscilação. Entretanto, o enunciado
do problema deixa claro que as moléculas podem girar mas não oscilar. Caso elas pudessem oscilar o número de graus
de liberdade aumentaria, pois terı́amos o movimento de translação, rotação e oscilação.
A cada grau de liberdade podemos associar pelo menos um tipo de energia. Para as translações temos energia cinética
translacional. Para as rotações temos energia cinética rotacional. Para as oscilações temos energia potencial elástica.
Por isso é importante identificar corretamente quais são os graus de liberdade (relevantes) em um problema!

Portanto,
7
Q = nR∆T
2

Substituindo, temos
7
Q = · 3 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · 40 (K)
2
= 3490, 20 (J)

Portanto,
Q ≃ 3, 5 × 103 J = 3, 5 kJ

b) ∆Eint = ∆U = ???

Sabemos que a energia interna U de um sistema depende “exclusivamente” da temperatura T em que ele
se encontra. Sendo assim, qualquer variação de energia interna está associada à uma variação de temperatura,
∆U ∝ ∆T , independente de qual processo (ou sucessão de processos) esteja relacionado com a variação de
temperatura.
Quando um gás é submetido a uma mudança de estado à volume constante, temos, de acordo com a Primeira
Lei da Termodinâmica, que ∆U = Q. Mas, o fluxo de calor Q em um processo isocórico pode ser determinado
em função do calor especı́fico molar à volume constante, CV , tal que

∆U = nCV ∆T

Sabemos que CV = f/2 R sendo f = 5 para um gás ideal diatômico. Temos, portanto, que

5
∆U = nR∆T
2

Substituindo, temos
5
∆U = · 3 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · 40 (K)
2
= 2493, 0 (J)

Portanto,
∆U ≃ 2, 5 × 103 J = 2, 5 kJ

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Fora do contexto do capı́tulo um problema como este pode levar o estudante a seguir um caminho onde não é possı́vel
obter a solução. Neste ponto dos estudos o aluno já tem conhecimento da Primeira Lei da Termodinâmica, que diz que

dU = dQ − dW.

Mas, o elemento infinitesimal de trabalho realizado pelo gás é dado por dW = p dV .


Temos então que, dU = dQ − p dV . Integrando ambos os lados desta equação, temos
Z U Z Q Z V Z V
dU = dQ − p dV → ∆U = Q − p dV
U0 0 V0 V0

Como o processo ao qual o problema se refere é isobárico, p é constante e portanto pode ser retirado da integral. Assim,
Z V
∆U = Q − p dV = Q − p ∆V
V0

Apesar de conhecer o valor de Q (item a), não foi dado no enunciado do problema qual é a pressão p e a variação de
volume ∆V . Sendo assim, não é possı́vel calcular a variação da energia interna ∆U desta forma!

c) W = ???

Sabemos, da Primeira Lei da Termodinâmica, que

dU = dQ − dW → ∆U = Q − W → W = Q − ∆U

Substituindo as equações para Q e ∆U obtidas nos itens anteriores, temos

W = Q − ∆U
7 5
= nR∆T − nR∆T
2  2 
7 5
= nR∆T −
2 2

Portanto,
W = nR∆T

Substituindo, temos

W = 3 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · 40 (K)


= 997, 20 (J)

Portanto,
W ≃ 1, 0 × 103 J = 1, 0 kJ

Naturalmente poderı́amos ter substituı́do os valores de Q e ∆U diretamente na equação da Primeira Lei da Termodinâmica
para obter o resultado numérico de forma imediata. A forma literal foi apresentada pois esta equação poderá ser utilizada
em problemas similares.

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d) KROTAÇÃO = ???

Nos sistemas termodinâmicos estudados até aqui, associamos a energia interna U do sistema exclusivamente
à energia cinética K das moléculas. Isto significa que quanto maior (menor) for a energia interna do sistema,
maior (menor) será a energia cinética média das moléculas. Temos então que

∆U = ∆KTOTAL = ∆KTRANSLAÇÃO + ∆KROTAÇÃO → ∆KROTAÇÃO = ∆U − ∆KTRANSLAÇÃO

Mas, sabemos que a energia cinética média de translação de uma molécula é da ordem de K = 3/2kT sendo
k = R/NA . Uma mostra de n mols de um gás diatômico contém nNA moléculas. Sendo assim,
3 R 3 3
KTRANSLAÇÃO = nNA T → KTRANSLAÇÃO = nRT → ∆KTRANSLAÇÃO = nR∆T
2 NA 2 2

Sabemos do item b) que ∆U = 5/2 nR∆T . Assim,


5 3
∆KROTAÇÃO = nR∆T − nR∆T
2 2

Portanto,
∆KROTAÇÃO = nR∆T

Substituindo, temos

∆KROTAÇÃO = 3 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · 40 (K)


= 997, 20 (J)

Portanto,
∆KROTAÇÃO ≃ 1, 0 × 103 J = 1, 0 kJ

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3.3 Fundamentos de Fı́sica - D. Halliday et al - Problema 63, Capı́tulo 19, 9a ed.

A figura ao lado mostra o ciclo a que é submetido 1,00 mol de um gás


ideal monoatômico. As temperaturas são T1 = 300 K, T2 = 600 K e
T3 = 455 K. Determine (a)o calor trocado Q, (b) a variação a energia
interna ∆Eint e (c) o trabalho realizado W para a trajetória 1 → 2.
Determine (d) Q, (e) ∆Eint e (f) W para a trajetória 2 → 3. Determine
(g) Q, (h) ∆Eint e (i) W para a trajetória 3 → 1. Determine (j) Q, (k)
∆Eint e (l) W para o ciclo completo. A pressão inicial no ponto 1 é 1,00
atm (= 1, 013 × 105 Pa). Determine (m) o volume e (n) a pressão no
ponto 2 e (o) o volume e (p) a pressão no ponto 3.

———————– SOLUÇÃO ———————–

DADOS
n = 1, 00 mols
GÁS IDEAL MONOATÔMICO
Este é um clássico problema em Termodinâmica. A alternância entre
T1 = 300 K diferentes estados termodinâmicos pode ocorrer de inúmeras maneiras.
T2 = 600 K Algumas delas são nomeadas de acordo com a caracterı́stica de uma ou
mais variáveis termodinâmicas durante o processo.
T3 = 455 K
p1 = 1 atm = 1, 013 × 105 Pa

a) Q1→2 = ???

Sabemos que o processo 1 → 2 é um processo isocórico, pois ocorre à volume constante. O fluxo de calor
em um processo isocórico pode ser dado em termos do calor especı́fico molar à volume constante, CV , da forma

Q1→2 = n CV ∆T1→2 = n CV (T2 − T1 )

sendo CV = f/2 R, definido em termos da constante dos gases R e do número de graus de liberdade f da
molécula. No caso de um gás ideal monoatômico, os graus de liberdade da molécula estão relacionados exclusi-
vamente com o movimento translacional, sendo então f = 3.
Desta forma, podemos escrever
3
Q1→2 = nR (T2 − T1 )
2

Substituindo, temos
3
Q1→2 = · 1 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · (600 − 300) (K)
2
= + 3739, 50 (J)

Portanto,
Q1→2 ≃ 3, 74 × 103 J = 3, 74 kJ

b) ∆Eint1→2 = ∆U1→2 = ???

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Sabemos, de acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica, que dU = dQ−dW . Mas o elemento infinitesimal de
trabalho dW = p dV . Como em um processo isocórico não há variação do volume, então dV = 0 → dW = 0.
Assim,
Z U2 Z Q
dU = dQ → dU = dQ → (U2 − U1 ) = Q1→2
U1 0
Portanto,
∆U1→2 = Q1→2

Sabemos do item anterior que Q1→2 = + 3739, 50 J. Portanto,

∆U1→2 ≃ 3, 74 × 103 J = 3, 74 kJ

c) W1→2 = ???

Sabemos que Z Z
W = dW = p dV

O processo 1 → 2 é isocórico, pois não há variação do volume durante a mudança de estado. Portanto,

W1→2 = 0

d) Q2→3 = ???

Sabemos que o processo 2 → 3 é adiabático. Isso significa que durante a mudança de estados não haverá
fluxo de calor saindo ou entrando no sistema. Portanto,

Q2→3 = 0

e) ∆Eint2→3 = ∆U2→3 = ???

Sabemos que existe uma relação entre a energia interna U e a temperatura T de um gás. Em geral, pode-
mos afirmar que U ∝ T. Isso implica que qualquer variação da energia interna ∆U está associada à uma
variação de temperatura ∆T do gás (e vise-versa).

Podemos variar a temperatura de um gás de um valor inicial Ti até


um valor final Tf através de infinitos processos. Não importando
qual seja o processo, se a variação de temperatura for a mesma,
então temos a mesma variação da energia interna.
A figura ao lado mostra dois processos que levam à mesma
variação de temperatura. Sabemos, de acordo com a Primeira
Lei da Termodinâmica, que em um processo isocórico dU = dQ.
Mas neste caso o fluxo de calor dQ pode ser escrito em termos do
calor especı́fico molar à volume constante da forma, dQ = nCV dT .

Temos então que dU = nCV dT → ∆UP.ISOCÓRICO = nCV ∆T


A mesma figura mostra um processo adiabático. Sendo as temperaturas final e inicial nos dois processos
idênticas, podemos afirmar que ∆UP.ADIABÁTICO = ∆UP.ISOCÓRICO . Isto implica que,
∆UP.ADIABÁTICO = nCV ∆T

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Sabemos que o processo 2 → 3 é adiabático. Podemos então escrever ∆U2→3 = nCV (T3 − T2 ). Mas, o calor
especı́fico molar à volume constante CV depende do número de graus de liberdade f da molécula da forma,
CV = f/2 R . Como no problema o sistema é composto por um gás ideal monoatômico, temos que f = 3, pois
consideramos apenas o movimento translacional do átomo nas direções xyz.
Portanto,
3
∆U2→3 = nR(T3 − T2 )
2

Substituindo, temos
3
∆U2→3 = · 1 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · (455 − 600) (K)
2
= − 1807, 425 (J)

Portanto,
∆U2→3 ≃ − 1, 81 × 103 J = − 1, 81 kJ

f) W2→3 = ???

Como concluı́mos no item d), sendo o processo 2 → 3 adiabático o fluxo de calor é nulo. Temos então, de
acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica, que

dU = −dW → ∆U2→3 = − W2→3

Portanto, do item e) temos


3
W2→3 = − nR(T3 − T2 )
2

Substituindo, temos
3
W2→3 = − · 1 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · (455 − 600) (K)
2
= + 1807, 425 (J)

Portanto,
W2→3 ≃ 1, 81 × 103 J = 1, 81 kJ

g) Q3→1 = ???

Sabemos que o processo 3 → 1 é isobárico, pois ocorre à pressão constante. Assim como no processo isocórico, o
fluxo de calor em um processo isobárico pode ser dado em termos do calor especı́fico molar à pressão constante,
Cp , da forma
Q3→1 = n Cp ∆T3→1 = n Cp (T1 − T3 ) .
Mas, sabemos que a relação entre os calores especı́ficos molares é dada por Cp = CV + R sendo CV = f/2 R,
definido em termos da constante dos gases R e do número de graus de liberdade f da molécula. No caso de um
gás ideal monoatômico, associamos os graus de liberdade da molécula à possibilidade da mesma se movimentar
nas direções xyz. Sendo assim, temos que f = 3 graus de liberdade, o que determina
3 5
Cp = CV + R = R+R = R
2 2

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Podemos então escrever


5
Q3→1 = nR (T1 − T3 )
2

Substituindo, temos
5
Q3→1 = · 1 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · (300 − 455) (K)
2
= − 3220, 125 (J)

Portanto,
Q3→1 ≃ − 3, 22 × 103 J = − 3, 22 kJ

h) ∆Eint3→1 = ∆U3→1 = ???

Assim como no item e), sabemos que existe uma relação entre a energia interna U e a temperatura T de
um gás de modo que qualquer variação da energia interna ∆U está associada à uma variação de temperatura
∆T do gás (e vise-versa).

A figura ao lado mostra a mudança de estado pV através de dois


processos distintos, um isocórico e outro isobárico. Em ambos os
casos os estados iniciais estão à temperatura Ti . Cada processo leva
o sistema para um novo estado pV com mesma temperatura final
Tf . Como a variação de temperatura é a mesma nos dois processo,
temos que
∆UP.ISOBÁRICO = ∆UP.ISOCÓRICO
Sabemos que o processo 3 → 1 é isobárico. Sabemos também, do
item e), que em um processo isocórico

∆UP.ISOCÓRICO = nCV ∆T

sendo CV = f/2 R com f = 3 para o gás ideal monoatômico clássico. Portanto,

3
∆U3→1 = nR(T1 − T3 )
2

Substituindo, temos
3
∆U3→1 = · 1 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · (300 − 455) (K)
2
= − 1932, 075 (J)

Portanto,
∆U3→1 ≃ − 1, 93 × 103 J = − 1, 93 kJ

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i) W3→1 = ???

Sabemos, da Primeira Lei da Termodinâmica, que dU = dQ − dW . Temos então, para o processo 3 → 1,


que
∆U3→1 = Q3→1 − W3→1 → W3→1 = Q3→1 − ∆U3→1
Mas, usando os resultados dos itens g) e h), podemos escrever
5 3
W3→1 = nR (T1 − T3 ) − nR(T1 − T3 )
2 2

5 3
W3→1 = nR (T1 − T3 ) − nR(T1 − T3 )
2
  2
5 3
= − nR (T1 − T3 )
2 2
2
= nR (T1 − T3 )
2
Portanto,
W3→1 = nR (T1 − T3 )

Substituindo, temos
W3→1 = 1 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · (300 − 455) (K)
= − 1288, 05 (J)
Portanto,
∆W3→1 ≃ − 1, 29 × 103 J = − 1, 29 kJ

A solução deste item mantém o padrão de resposta literal e numérica. Existem diferentes formas de resolver um problema
em Fı́sica. No caso deste item, por exemplo, a solução poderia ser apresentada de forma mais direta, da forma:
Sabemos, da Primeira Lei da Termodinâmica, que dU = dQ − dW . Temos então, para o processo 3 → 1, que
∆U3→1 = Q3→1 − W3→1 → W3→1 = Q3→1 − ∆U3→1
Mas, usando os resultados dos itens g) e h), podemos escrever
W3→1 = − 3220, 125 (J) − (− 1932, 075 (J))
= − 3220, 125 (J) + 1932, 075 (J)
= − 1288, 05 (J)
Portanto,
∆W3→1 ≃ − 1, 29 × 103 J = − 1, 29 kJ

j) QCICLO = ???

Sabemos que o fluxo de calor no ciclo é a soma do calor cedido ou recebido em cada processo. Sendo as-
sim,
QCICLO = Q1→2 + Q2→3 + Q3→1
De acordo com os resultados dos itens a), d) e g), podemos escrever
3 5
QCICLO = nR (T2 − T1 ) + 0 + nR (T1 − T3 )
2 2
nR
= (3 (T2 − T1 ) + 5 (T1 − T3 ))
2
nR
= (3 T2 − 3 T1 + 5 T1 − 5 T3 )
2

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Portanto,
nR  
QCICLO = 2 T1 + 3 T2 − 5 T3
2

Substituindo, temos
1 (mol) · 8, 31 (J/mol·K)  
QCICLO = · 2 · 300 + 3 · 600 − 5 · 455 (K)
2
8, 31 (J/K)  
= · 600 + 1800 − 2275 (K)
2
8, 31 (J/K)  
= · 125 (K)
2
= 519, 375 (J)

Portanto,
QCICLO ≃ 520 J

Novamente, podemos resolver este item de forma imediata uma vez que conhecemos os valores numéricos dos calores
relacionados a cada processo do ciclo. Desta forma, podemos apresentar a solução como segue:
Sabemos que o fluxo de calor no ciclo é a soma do calor cedido ou recebido em cada processo. Sendo assim,

QCICLO = Q1→2 + Q2→3 + Q3→1

De acordo com os resultados dos itens a), d) e g), podemos escrever

QCICLO = + 3739, 50 (J) + 0 + (− 3220, 125 (J))


= (3739, 50 − 3220, 125) (J)
= 519, 375 (J)

Portanto,
QCICLO ≃ 520 J

k) ∆Eint = ∆UCICLO = ???

Sabemos que a energia interna do gás está relacionada com a temperatura do estado em que ele se encon-
tra. Um ciclo é definido por um número qualquer de processos que mudam o estado do gás sucessivamente até
retornar exatamente ao mesmo estado inicial. Sendo assim, a variação de temperatura em um ciclo e nula, pois
Ti = Tf . Portanto,
∆UCICLO = 0

A afirmação acima é facilmente provada se somarmos a variação da energia interna de cada processo do ciclo.
Sabemos que a variação da energia interna no ciclo é a soma das variações de energia em cada processo. Sendo assim,

∆UCICLO = ∆U1→2 + ∆U2→3 + ∆U3→1

De acordo com os resultados dos itens b), e) e h), podemos escrever

∆UCICLO = + 3739, 50 (J) + (− 1807, 425 (J)) + (− 1932, 075 (J))


= (3739, 50 − 3739, 50) (J)

Portanto,
∆UCICLO = 0

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l) WCICLO = ???

Sabemos que o trabalho total no ciclo é a soma dos trabalhos relativos a cada processo. Temos então que

WCICLO = W1→2 + W2→3 + W3→1

De acordo com os resultados dos itens c), f) e i), podemos escrever


 
3
WCICLO = 0 + − nR(T3 − T2 ) + nR (T1 − T3 )
2
nR
= (− 3 (T3 − T2 ) + 2 (T1 − T3 ))
2
nR
= (− 3 T3 + 3 T2 + 2 T1 − 2 T3 )
2
Portanto,
nR  
WCICLO = 2 T1 + 3 T2 − 5 T3 = QCICLO
2

Sendo WCICLO = QCICLO , temos analogamente ao item j) que

WCICLO = QCICLO ≃ 520 J

Sabemos que em um ciclo a variação da energia interna do gás e nula. Temos então, da Primeira Lei da Termodinâmica,
que
0 = dQ − dW → dQ = dW
Portanto,
WCICLO = QCICLO

m) V2 = ???

Sabemos que, sendo o processo 1 → 2 isocórico, o volume V2 = V1 . De acordo com a equação de estado
do gás ideal, pV = nRT . Temos então que

nRT1
V2 = V1 =
p1

Substituindo, temos

1 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · 300 (K)


V2 = V1 =
1, 013 × 105 (Pa)
2493 (J)
=
1, 013 × 105 (Pa)
≃ 0, 02461 (m3 )

Portanto,
V2 ≃ 2, 5 × 10−2 m3

n) p2 = ???

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Sabemos, de acordo com a equação de estado do gás ideal, que p2 = nRT2 /V2 . Mas, V2 = V1 = nRT1 /p1 .
Temos então que,
nRT2 nRT2
p2 = = nRT1
V2 p 1

Portanto,
T2
p2 = p1
T1

Substituindo, temos

600 (K)
p2 = · 1, 013 × 105 (Pa)
300 (K)
= 2 · 1, 013 × 105 (Pa)
= 2, 026 × 105 (Pa)

Portanto,
p2 = 2, 026 × 105 Pa = 2 atm

o) V3 = ???

Sabemos, de acordo com a equação de estado do gás ideal, que V3 = nRT3 /p3 . Mas, p3 = p1 = 1, 013×105 Pa.
Portanto,
nRT3
V3 =
p1

Substituindo, temos

1 (mol) · 8, 31 (J/mol·K) · 455 (K)


V3 =
1, 013 × 105 (Pa)
3781, 05 (J)
=
1, 013 × 105 (Pa)
≃ 0, 03733 (m3 )

Portanto,
V3 ≃ 3, 7 × 10−2 m3

p) p3 = ???

Sabemos que o processo 3 → 1 é isobárico. Portanto,

p3 = p1 = 1, 013 × 105 Pa = 1 atm

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