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Mulher e a privação do direito de ser o que quer ser

Harley Pacheco de Sousa

Brasil

2012

As mulheres são vitimas de uma permanente e constante opressão ideológica


desde o dia do nascimento. Crescem inseridas num contexto social que as
subjuga e que tem seus moldes anteriores formados, mas que parece
disseminador de liberdade com os movimentos feministas.

Exemplo claro desta ambivalência são os contos em que o papel da mulher


geralmente aparece expresso como sexo frágil, donzela puritana e com
notórias habilidades culinárias em prol da serviçal atividade que precisarão
exercer ou as historias mais modernas com estilos pitorescos que coloca a
mulher em exacerbada posição de destaque diante dos homens.

É obvio que as mulheres são os organismos melhores adaptados, pois são os


únicos capazes de existir numa sociedade que as estigmatiza, rotula e
tiranicamente oprime, podemos ver isso na história da humanidade e da
sexualidade cuja descrição se encontra nos anais da civilização para
corroborar tal afirmação.

Exemplo claro e obvio são as maneiras como os escritores modernos


desenham o estereotipo feminino sempre delineando diversas frustrações ou
implicando a mulher uma visão cujos contornos despertam nos homens certas
vontades, mas isso apenas passa a mulher à impressão estigmatizada de
desacredibilidade de Goffman.

O estigma imposto explicita claramente uma perspectiva em que as


características das experiências femininas são previamente conhecidas e
evidentes rejeitando claramente a possibilidade de unicidade do organismo no
sentido de cada vida ser uma vida e que não necessariamente as experiências
são iguais, embora possam ser parecidas.

Recentemente avaliei uma obra de uma renomada autora moderna “Tati


Bernad” que escreve sobre a “feminilidade” podemos perceber que a literatura
é de fácil compreensão e de fluidez, mas também é um modelo abrupto de
literatura que coloca a mulher numa posição claramente solitária, frustrada,
desapegada e inserida num contexto mercadológico ideológico ou certas vezes
desenha a mulher como sexo notadamente mais forte e superior ao homem.

Muito me incomoda perceber que a mulher é colocada numa situação em que


deve ser uma ou outra coisa em relação ao que é, sendo que às vezes aparece
a contraditória dissonância que permite que seja ambas, mas geralmente lhe é
abdicado o direito de ser livre, ou seja, ser realmente o que quer ser sem
influencias significativas que lhes imponha o jeito de ser e como viver. Essa
categorização empobrece a mulher no quesito experiência porque além de
estigmatizá-las também estereotipa as experiências mostrando apenas aquelas
menos agradáveis e pior, coloca a mulher em estado perpetuo de vigília contra
a vida, pois as mesmas sempre esperam que o pior aconteça.

Nesse tipo de literatura as mulheres são expostas e tal exposição se resume


ao acumulo de espetáculos que serve como objeto de mera contemplação de
experiências negativas.

A ideologia feminina coloca a mulher como um objeto cujo deliciar se torna


possível por meio de espetáculos de sucesso. Atualmente está sendo
implantada uma adaptação em que a mulher seria capaz de ser o que quiser
ser, mas dentro de padrões pré-estabelecidos, portanto, só pode ser o que está
categorizado.

Isso não é o cerne da questão, o que de fato importa é que as mulheres


nascem, vivem e morrem numa sociedade extremamente preconceituosa que
as priva de viver a liberdade, ou seja, viver a possibilidade de um dia ser o que
quiser ser sem imposições ou influencias. Ser mulher é viver em um contexto
que não permite ser o que quer ser no momento em que quiser ser.

Um dado interessante é que há momentos posteriores em que aparece com


muita evidencia a reflexão, quando ocorre à reflexão e a mesma se mostra
capaz de operar contra todo o despotismo a qual as mulheres são submetidas
à própria sociedade atua fortemente como um caçador atroz capaz até de
eliminá-las impondo-lhes características que as inferiorizam.

Para viver em sociedade é necessário se submeter a diversos sacrifícios em


prol do próximo, mas apenas as mulheres são capazes de ceder de tal modo
que abnegam em certos casos da sua própria liberdade individual e a maior
parte dos homens por não ter autoconhecimento suficiente, não tem
“consciência” disso.

Ser mulher é mais importante do que ser mulher, se mulher é ser Mulher.

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