Aos vinte e dois dias do mês de maio de 2006, no Gabinete do Ministério Público de Valente (BA), presente o Promotor de Justiça desta Comarca, Millen Castro Medeiros de Moura, compareceu o Prefeito Ubaldino Amaral de Oliveira, acompanhado de seu advogado, representando o Município de Valente (BA), o qual, nos autos do inquérito civil tombado sob o n° 03/2005, instaurado nesta Promotoria de Justiça, relativo à contratação irregular de servidores públicos sem prévio concurso público, firmou o seguinte termo de ajustamento de conduta:
Cláusula Primeira – O Poder Executivo do Município de Valente
compromete-se a não mais efetuar, a partir desta data, qualquer contratação até que se realize o concurso público, inclusive como prestador de serviço autônomo, nem absorver mão-de-obra por empresa interposta (cooperativa de trabalho, empresa ou associação civil) nas suas atividades permanentes descritas no Plano de Cargos e Salários.
Cláusula Segunda – Os servidores que atualmente trabalhem na
administração pública municipal sem prévio concurso público serão exonerados até o último dia deste ano ou logo após a homologação do concurso público, a não ser que ocupem cargos em comissão nos termos do art. 37, caput, V, da Constituição Federal, não podendo serem renovados seus contratos devido a estes serem irregulares.
Cláusula Terceira – O Poder Executivo Municipal de Valente
encaminhará ao Legislativo, em trinta dias, projeto de lei que adapte a norma municipal n° 268/2004 ao disposto no art. 37, caput, V, da Constituição Federal, ou seja, que considere como cargos em comissão apenas os destinados a direção, chefia ou assessoramento, reservando-se percentual mínimo para os servidores ocupantes de cargos efetivos. Desta forma, em tal projeto, serão extintos os seguintes cargos citados nos anexos da lei supracitada: motorista, secretário de gabinete, agente de comunicação social, agente de serviço de digitação, agente de serviço público, auxiliar de gabinete, oficial de gabinete, fiscal de serviços públicos, fiscal de tributos, agente de serviços de saúde, assistente de unidade de saúde, assistente de serviços, assistente de saúde, assistente de serviços de iluminação pública, fiscal de obras, administrador de distrito, administrador de povoado, supervisor de fiscalização de obras, supervisor do mercado municipal, matadouros e feiras livres, coordenador de esportes, coordenador de programas culturais, assistente do estádio municipal, assistente do ginásio de esportes, tendo em vista que as atribuições de tais cargos não se referem a direção, chefia ou assessoramento, pois sequer existem divisões ou departamentos a eles relacionados.
Cláusula Quarta – Os cargos citados na cláusula terceira, se
considerados pelo Poder Executivo como de confiança, deverão destinar-se exclusivamente a servidores ocupantes de cargos efetivos, nos termos do art. 37, caput, V, da Constituição Federal, situação que deverá ser explicitada no projeto de PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE VALENTE – BAHIA
lei referido naquela cláusula.
Cláusula Quinta – Os atuais ocupantes dos cargos citados na
cláusula terceira serão exonerados até o último dia deste ano ou logo após a homologação do concurso público, o que ocorrer primeiro, não podendo suas vagas serem supridas a não ser por servidor ocupante de cargo efetivo.
Cláusula Sexta – O Poder Executivo se compromete a encaminhar
a esta Promotoria de Justiça todos os atos de exoneração ou admissão que dizem respeito às cláusulas deste termo de ajustamento de conduta, dentro de dez dias após a ocorrência.
Cláusula Sétima – O Poder Executivo realizará e concluirá, dentro
de cinco meses, concurso público para suprimento de todos os cargos cujas vagas atualmente são preenchidas por contratados temporariamente ou prestadores de serviço, obedecendo ao seguinte cronograma: a) O processo de licitação das empresas que irão concorrer à realização do certame será iniciado em dez dias; b) O edital de abertura das inscrições para o concurso público será publicado até 10 de julho deste ano; c) A primeira fase de referida seleção ocorrerá até 30 de agosto deste ano.
Cláusula Oitava – O Ministério Público participará, como fiscal,
de todas as fases do concurso público, devendo ser cientificado, oficialmente, de todas as ocorrências a ele relativas.
Cláusula Nona – O descumprimento de qualquer das cláusulas acima
acarretará multa diária de 10 (dez) salários mínimos, índice que servirá de correção, a ser revertida ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e, se inexistente este, as quantias serão depositadas em conta bancária judicial até que ele venha a ser implantado.
Cláusula Décima – Constatado o descumprimento citado na
cláusula anterior, o Ministério Público notificará o compromitente para apresentar justificativa em dez dias. Não sendo esta aceita, será executado judicialmente este termo de ajustamento de conduta, tanto no que se refere à multa quanto ao cumprimento específico da obrigação.
Nada mais havendo, encerro este termo de ajustamento de conduta,
que vai assinado por mim, Promotor de Justiça, pelo compromitente, pelo seu advogado e por duas testemunhas.
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições