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M IN ISTÉRIO D A ED U CA ÇÃ O

U N I V E R SI D A D E A B E R TA D O B R A SI L

LICENCIATURA EM
MATEMÁTICA

FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA III


- NÚMEROS E FUNÇÕES

2023 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO


SECRETARIA DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA III


- NÚMEROS E FUNÇÕES

Reinaldo de Marchi

2
Conteúdo

1 Conjuntos 6
1.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2 Números Naturais e Números Inteiros 15


2.1 Conjunto dos números naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 Aritmética dos números inteiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3 Números Racionais e Números Reais 22


3.1 Conjunto dos números racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.2 Conjunto dos números reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

4 Função Afim 31
4.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

5 Função Quadrática 34
5.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

6 Função Modular 39
6.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

7 Função Exponencial 44
7.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

8 Composição e Inversão de Funções 49


8.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

9 Função Logarı́tmica 53
9.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

3
Introdução

Essas fascı́culo é referente à disciplina Fundamentos de Matemática III: Números e Funções, com
carga horária de 64 horas. A ementa da disciplina é a seguinte:

EMENTA: Conjuntos; Relações; Funções do 1° grau; Funções do 2° grau; Funções Modulares;


Função Exponencial; Função Logarı́tmica; Funções Bijetoras e inversas.

Observação: Embora não apareça na ementa, vamos estudar também funções polinomiais usando
o volume 6 do livro Fundamentos de Matemática Elementar referenciado abaixo.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ˆ IEZZI, Gelson.; MURAKAMI, Carlos. Fundamentos de Matemática Elementar. Volume 1, 9ª


Edição. Editora Atual, São Paulo, 2013.

ˆ IEZZI, G; DOLCE, Oswaldo; MURAKAMI, Carlos. Fundamentos de Matemática Elementar.


Volume 2, 10ª Edição, Editora Atual, São Paulo, 2013.

ˆ IEZZI, Gelson. Fundamentos de Matemática Elementar. Volume 6, 8ª Edição. Editora Atual,


São Paulo, 2013.

ˆ LIMA, Elon Lages . A matemática do ensino médio. Volume 1, 8ª Edição. Rio de Janeiro:
SBM, 2005.

ˆ SAFIER, Fred. Teoria e Problemas de pré-cálculo Trad. Adonai S. Sant’anna Editora Bookman
Porto Alegre – RS 2003.

ˆ SOUZA, Maria Helena Soares & SPINELLI, Walter – Vol. I – 2º Grau – Ed. Scipione.

ˆ MEDEIROS, Valéria Zuma. Pré-cálculo. 4. ed. São Paulo: Pioneira Thompson, 2006.

4
Porque estudar números e funções?
Ao longo dos anos a humanidade foi ampliando seus conhecimentos para uso direto em sua vida
cotidiana e promovendo várias ciências. A Matemática surge com esse desenvolvimento, e hoje
podemos usar muitas tecnologias devido esses avanços.
Quando contamos ou medimos, estamos usando números. Esses processos de contar e medir
fazem parte do cotidiano atual e de nossos antepassados, sendo muito necessário para nossa vida
em sociedade. De modo genérico, podemos afirmar que a Matemática estuda números e formas. As
formas fazem parte de Geometria e perceba que a origem da palavra geometria é geo que é terra,
e metria que significa medida. Desde antigamente o homem estava preocupado em medir a terra, e
por consequência, desenvolveu a Matemática.
Já o estudo de funções como conhecemos é mais moderno e é importante para relacionarmos
grandezas entre si. O Cálculo tem como objeto de estudo as funções reais e essa disciplina é, de certo
modo, um curso de pré-Cálculo. Dessa forma, estudar funções nos possibilita a ler livros, artigos e
publicações atuais em Matemática.
Esse fascı́culo não substitui os livros. Todo estudante precisa estudar as referências bibliográficas
para aprofundamento dos assuntos apresentados aqui. Em um curso de graduação se aprende a
estudar e cada pessoa escolhe a melhor forma para esse fim e o professor é um agente facilitador
nessa etapa.
Bons estudos!

5
Capı́tulo 1

Conjuntos

Noções Básicas sobre Conjuntos: Conjunto, elemento e relação de pertinência são noções primi-
tivas em Matemática e portanto, não são definidos. Se A designa um conjunto e x é um elemento,
dizemos que x pertence a A, e descrevemos essa relação de pertinência por meio da simbologia ma-
temática x ∈ A. Quando o elemento x não está no conjunto A, escrevemos o sı́mbolo x ∈
/ A, lido
como x não pertence a A.

Exemplo 1.1. Escrevemos


A = {1, 2, 3, 4, 5}
para indicar que o conjunto A é formado pelos elementos 1, 2, 3, 4 e 5 e nenhum outro elemento.
Dessa forma, podemos dizer, por exemplo, que 2 ∈ A e que 7 ∈
/ A.

Exemplo 1.2. O conjunto dos números naturais N pode ser escrito como

N = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, · · · }.

Os três pontos · · · , chamado de reticências, significa que o padrão estabelecido antes dos pontos con-
tinua indefinidamente. Tal conjunto é o que nos possibilita a contagem de objetos e suas propriedades
serão estudadas mais adiante.

Definição 1.1. Em geral, dizemos que um conjunto com certos elementos está bem definido
quando:

i) seus elementos são entidades determinadas;

ii) além disso, existe a possibilidade de verificar se um elemento qualquer, dado ao acaso,
pertence ou não ao conjunto.

Exemplo 1.3. O conjunto dos números naturais pares está bem definido, pois podemos classificar
os números naturais que são pares e os que não são. É claro também que qualquer outro objeto que
não seja um número natural não pode ser elemento desse conjunto. Esse conjunto pode ser listado
como
{2, 4, 6, 8, 10, · · · }

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Exemplo 1.4. Nosso alfabeto é composto por 27 letras, classificadas como vogais e consoantes. O
conjunto das vogais está bem definido, sendo especificamente:

{a,e,i,o,u}.

Também está bem definido o conjunto das consoantes:

{b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,y,z}.

Exemplo 1.5. O conjunto dos triângulos retângulos é um conjunto bem definido. Dado um objeto,
podemos dizer se ele é triângulo ou não e se esse objeto for triângulo, podemos verificar se algum
de seus ângulos internos é reto. Em caso positivo, o triângulo é retângulo, caso contrário, ou seja,
nenhum de seus ângulos internos é reto, então esse objeto não é um triângulo retângulo.

Definição 1.2. Inclusão de Conjuntos: Sejam A e B dois conjuntos. Por definição,


dizemos que o conjunto A é subconjunto do conjunto B se todo elemento de A é também
elemento de B. Quando isto ocorre, escrevemos A ⊂ B, que é lido A é subconjunto de B
ou A está contido em B. A negação de A ⊂ B é indicada por A 6⊂ B e ocorre quando A
possuir pelo menos um elemento que não pertença a B.

Exemplo 1.6. Temos a validade das seguintes inclusões de conjuntos:

{a, c} ⊂ {a, b, c, d},

{x : x é um quadrado} ⊂ {x : x é um retângulo}.
Também, se denotarmos por A o conjunto dos números naturais pares, então segue que A ⊂ N.

Considere um conjunto A caracterizado por uma propriedade P e um conjunto B caracterizado


por uma propriedade Q. Então

P ⇒ Q é equivalente a A ⊂ B.

Exemplo 1.7. Suponha que A é o conjunto dos números naturais múltiplos de 4. A propriedade P
que caracteriza o conjunto A é a seguinte:

P : x ∈ N tal que x = 4n, para algum n ∈ N.

Agora considere o conjunto B dos números que caracterizado pela propriedade Q:

Q : x ∈ N tal que x = 2n, para algum n ∈ N,

ou seja, o conjunto B é o conjunto dos números naturais pares e um número é par se é múltiplo de
2. Como 4n = 2(2n), concluı́mos que todo número múltiplo de 4 também é múltiplo de 2, em outras
palavras, P =⇒ Q. Portanto, temos a validade da inclusão

A ⊂ B.

Vale observar que B 6⊂ A pois existem elementos de B, por exemplo 6, satisfazendo 6 ∈ B mas 6 ∈
/ A.

7
Definição 1.3 (Igualdade de Conjuntos:). Dois conjuntos A e B são iguais se eles pos-
suem os mesmos elementos.

Exemplo 1.8. Considere os conjuntos A = {x ∈ R : x3 − 6x2 + 11x − 6 = 0} e B = {1, 2, 3}. Temos


que
x3 − 6x2 + 11x − 6 = (x − 1) (x − 2) (x − 3) .

Dessa forma, verifica-se que A = B.

Em nosso estudo, é importante considerar os seguintes conjuntos:

Definição 1.4 (Conjunto Vazio). Chama-se conjunto vazio aquele que não possui elemento
algum. O sı́mbolo usual para o conjunto vazio é ∅.

Por exemplo,
{x : x 6= x} = ∅, {x ∈ N : 2 · x = 1} = ∅.

Definição 1.5 (Conjunto Universo). Quando vamos desenvolver um certo assunto de


Matemática, admitimos a existência de um conjunto U ao qual pertencem todos os elementos
utilizados no tal discussão. Esse conjunto U recebe o nome de conjunto universo.

Por exemplo, se considerarmos U = N o conjunto universo para buscarmos solução para a equação

2 · x = 1,

vamos concluir que essa equação não possui solução nesse conjunto universo. Entretanto, se conside-
1
rarmos o conjunto U = Q, ou seja, o conjunto dos números racionais, teremos a solução x = 2
para
a equação e poderemos escrever
 
1
{x ∈ Q : 2 · x = 1} =
2

Proposição 1.1 (Propriedades da Inclusão de Conjuntos). Temos que valem as seguintes proprie-
dades básicas:

a) ∅ ⊂ A e A ⊂ A, qualquer que seja o conjunto A.

b) Se A ⊂ B e B ⊂ C então A ⊂ C, quaisquer que sejam os conjuntos A, B e C.

c) Se A ⊂ B e B ⊂ A, então A = B

O item c) anterior é muito usado quando se deseja demonstrar que dois conjuntos são iguais.

8
Definição 1.6. União de Conjuntos: A união dos conjuntos A e B, denotada por A ∪ B,
é o conjunto de todos os objetos que são membros de A, ou B, ou ambos.

A ∪ B = {x : x ∈ A ou x ∈ B}

Em um esquema conhecido por diagrama de Venn, podemos representar a união pelas regiões
sombreadas:

A B

O retângulo representa o conjunto universo que contêm os conjuntos A e B.

Definição 1.7. Interseção de Conjuntos: A interseção dos conjuntos A e B, denotada


por A ∩ B, é o conjunto de todos os objetos que são membros de A, e B.

A ∩ B = {x : x ∈ A e x ∈ B}

O diagrama de Venn associado à operação de interseção é representado por:

A B

Exemplo 1.9. Suponha que A = {2, 4, 6} e B = {4, 5, 6, 7}. Então

A ∪ B = {2, 4, 5, 6, 7}

e
A ∩ B = {4, 6}

As operações de união e interseção de dois conjuntos têm algumas propriedades que são seme-
lhantes à adição e multiplicação de números. Por, vamos verificar que A ∪ B = B ∪ A:

A ∪ B = {x : x ∈ A ou x ∈ B}
= {x : x ∈ B ou x ∈ A}
=B∪A

Essa propriedade é chamada de comutativa e também é válida para interseção.


Apresentamos a seguir, algumas dessas propriedades dessas operações entre conjuntos.

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Proposição 1.2 (Propriedades da União e Interseção de Conjuntos). Sejam A, B e C conjuntos
quaisquer. Então:
S T
1) A ∪ ∅ = A 1) A ∩ ∅ = ∅
S T
2) A ∪ A = A 2) A ∩ A = A
S T
3) A ∪ B = B ∪ A 3) A ∩ B = B ∩ A
S T
4) (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C) 4) (A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C)
S T
5) A ⊂ B ⇒ A ∪ C ⊂ B ∪ C 5) A ⊂ B ⇒ A ∩ C ⊂ B ∩ C
S T
6) A ∪ B = A ⇔ B ⊂ A 6) A ∩ B = A ⇔ A ⊂ B

Definição 1.8. Diferença de Conjuntos: Sejam A e B conjuntos. O conjunto diferença


entre A e B (denotado por A − B ou A \ B) é constituı́do pelos elementos de A que não
pertencem a B. Em sı́mbolos,

A − B = {x : x ∈ A e x ∈
/ B}

A representação de A − B usando diagrama de Venn fica:

A B

Exemplo 1.10. Sendo A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {4, 5, 6, 7, 8, 9}, temos que

A − B = {1, 2, 3} e B − A = {6, 7, 8, 9}.

Definição 1.9. Complementar de um Conjunto: Quando trabalhamos apenas com


subconjuntos de um determinado conjunto universo U (subentendido no contexto) definimos
o complementar de A por U − A e denotamos por Ac . Em sı́mbolos,

Ac = U − A = {x ∈ U : x ∈
/ A}

U
A
O diagrama de Venn associado
ao complementar Ac é:

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Proposição 1.3. Propriedades Distributivas:

a) A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) b) A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)

Proposição 1.4. Propriedades do Complementar:

a) A ⊂ B ⇔ B c ⊂ Ac d) (Ac )c = A

b) A ∪ Ac = U e) (A ∪ B)c = Ac ∩ B c

c) A ∩ Ac = ∅ f) (A ∩ B)c = Ac ∪ B c

Definição 1.10. Produto Cartesiano: O produto cartesiano dos conjuntos A e B é


denotado por A × B e definido por

A × B = {(x, y) : x ∈ A e y ∈ B}

Aqui cada elemento (x, y) representa um par ordenado. O termo ordenado é usado porque
(x, y) é para ser entendido como distinto de (y, x) se x 6= y. Pares ordenados (x, y) e (z, w)
são iguais quando x = z e y = w.

É importante observar que A × B 6= B × A.

Exemplo 1.11. Considere os conjuntos A = {1, 2} e B = {x, y, z}. Então:

A × B = {(1, x), (1, y), (1, z), (2, x), (2, y), (2, z)}.

Definição 1.11. Definição de Função: Sejam X e Y dois conjuntos não vazios. Uma
função f : X → Y (lê-se função f de X em Y ) é definida por uma regra de associação entre
elementos de X e Y que a cada x ∈ X associa um único elemento f (x) em Y , dito imagem
de x por f . O conjunto X é o domı́nio de f enquanto que Y é o contradomı́nio de f .

Observação: Note que não pode haver exceção à regra: todo x ∈ X possui uma imagem f (x) ∈ Y .
Por outro lado, pode existir y ∈ Y que não seja imagem de nenhum x ∈ X. Note também que, dado
x ∈ X, não pode haver ambiguidade com respeito a f (x). Contudo, o mesmo elemento y ∈ Y pode
ser imagem de mais de um elemento de X, ou seja, pode ocorrer f (x1 ) = f (x2 ) com x1 6= x2 .

Exemplo 1.12. Sejam A = {x, y, z} e B = {1, 2, 3}. Então f definida por f (x) = 2, f (y) = 1 e
f (z) = 3 é uma função de A em B. Em um diagrama, temos a representação:

11
Podemos definir uma nova função g : A → B, dada por g(x) = 1, g(y) = 3 e g(z) = 1, esquematizada
pelo diagrama:

Já o diagrama seguinte não representa uma função de A em B por duas razões: primeiro, porque
associa dois valores diferentes para o elemento x e em segundo, não associa qualquer valor para o
elemento y.

Definição 1.12. Seja f : A → B uma função e X um subconjunto de A. O conjunto f (X) é


formado pelos elementos de B que são imagens dos elementos de X pela função f . Podemos
descrever esse conjunto em sı́mbolos por

f (X) = {f (x) : x ∈ X}.

O conjunto f (X) é chamado de imagem de A pela função f .

12
Exemplo 1.13. Sejam f e g as funções do exemplo 1.12. Temos que

f ({x, z}) = {f (x), f (z)} = {2, 3} e g({x, z}) = {g(x), g(z)} = {1}

Definição 1.13 (Função Sobrejetora). Uma função f : A → B é chamada de sobrejetora


se f (A) = B. Assim, f é sobrejetora se para cada y ∈ B, existe pelo menos um elemento
x ∈ A tal que y = f (x).

Exemplo 1.14. A função f : N → N definida por f (n) = 2n não é sobrejetora, pois o conjunto f (N)
consiste em todos os números pares:

f (N) = {2, 4, 6, 8, 10, 12, · · · }.

Dessa forma, temos que f (N) 6= N.

Exemplo 1.15. A função f : Z → N ∪ {0} dada por f (x) = |x| é sobrejetora, onde |x| representa
o valor absoluto (também chamado de módulo) do número x. Temos que f (−1) = | − 1| = 1,
f (0) = |0| = 0, f (2) = 2. Em geral f (x) = x se x ≥ 0 e f (x) = −x se x < 0. Dessa forma, se d ∈ N,
então f (d) = |d| = d, comprovando que f é sobrejetora.

Definição 1.14. Função Injetora: Uma função f : A → B é chamada de injetora se

x1 6= x2 implica em f (x1 ) 6= f (x2 ),

isto é, elementos diferentes no domı́nio devem ter imagens diferentes no contradomı́nio.

Exemplo 1.16. A função f : N → N definida por f (n) = 2n é injetora, pois

n1 6= n2 =⇒ 2n1 6= 2n2 =⇒ f (n1 ) 6= f (n2 ).

Exemplo 1.17. A função f : Z → N ∪ {0} dada por f (x) = |x| não é injetora, pois 1 6= −1 e
f (1) = f (−1) = 1.

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1.1 Exercı́cios
1. Considere os conjuntos A = {t, u, y}, B = {w, x} e C = {x, y, z}. Determine:
(a) A ∩ B (c) B ∪ C (e) A × B (g) A ∪ (B ∩ C)
(b) A ∩ C (d) A − B (f) C × B (h) (A ∪ B) ∩ C

2. Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 4, 6, 8, 10} subconjuntos do conjunto universo


U = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}. Determine:
(a) Ac (b) B c (c) (A ∪ B)c (d) (A ∩ B)c

3. Se A ⊂ B e C ⊂ D, demonstre que A ∪ B ⊂ B ∪ D.

4. Considerando A = {2, 7, 11} e B = {1, 2, 9, 10, 11}, marque as alternativas corretas.

2 2⊂A 2 {∅} ⊂ A 2 A⊂A×B


2 A∩B =2 2 {11, 2, 7} ⊂ A 2 A × B possui 8 elementos
2 A⊂B 2 {7, 11} ∈ A ∩ B
2 ∅⊂B 2 {7, 2, 11} = A 2 A possui 8 subconjuntos
5. Classifique em falso ou verdadeiro as sentenças e os casos falsos, dê um contraexemplo.
( ) Se A ∪ B = A ∪ C, então B = C.
( ) (Ac )c = A.
( ) Se A ∪ B = A ∪ C e A ∩ B = A ∩ C, então B = C.

6. Dos 1300 alunos de uma escola, 740 gostam de português, 598 gostam de matemática e 180
não gostam de português nem de matemática. Qual a quantidade de alunos que gostam de
português e de matemática? Qual a quantidade de alunos que gostam apenas de matemática?

7. Para os conjuntos A = {w, x, y, z} e B = {1, 2, 3, 4}, definimos a função f : A → B por


f (w) = 2, f (x) = 4, f (y) = 1, f (z) = 2 e a função g : A → B por g(w) = 4, g(x) = 2,
g(y) = 3, g(z) = 1.

(a) Quais dessas funções podem ser classificadas como injetoras?


(b) Quais dessas funções podem ser classificadas como sobrejetoras?
(c) Sejam X = {w, y} e Y = {x, y, z} subconjuntos de A. Determine cada um dos seguintes
subconjuntos de B:

i) f (X) ii) g(Y ) iii) f (X ∩ Y ) iv) g(X ∪ Y )

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Capı́tulo 2

Números Naturais e Números Inteiros

2.1 Conjunto dos números naturais


A ideia de número é fundamental em matemática. Um número pode ser expresso por um sı́mbolo
chamado de numeral, que em geral é universalmente conhecido. O número pode ser chamado por
uma palavra especı́fica, que depende do idioma considerado. Assim, o número 3 é representado pelo
numeral “3”é chamado de três na lı́ngua portuguesa.
Qualquer número usado na contagem é chamado de número natural, sendo a contagem um pro-
cedimento natural em que se faz uso dos dedos e que vai evoluindo ao longo do tempo. É interessante
observar que os sı́mbolos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 0 são chamados de dı́gitos, que têm origem de uma
palavra que em Latim significa dedo. Qualquer número natural do nosso sistema decimal pode ser
expresso usando apenas esses dez dı́gitos. Assim, os dı́gitos 1 e 7 são usados para expressar números
naturais e também podem representar as contagens 17 e 71. O sucessor de um número natural é o
maior número natural que está mais próximo, por exemplo, o sucessor de 99 é 100.
O conjunto dos números naturais é denotado pelo sı́mbolo N. É comum escrevermos esse conjunto
listando alguns de seus elementos da seguinte maneira:

N = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, · · · }.

Aqui o sinal de reticências · · · dá a ideia que essa listagem de números continua indefinidamente.
Toda a teoria dos números naturais pode ser deduzida de três axiomas. É importante destacar
que foi devido ao matemático italiano Giuseppe Peano (1858-1932) a constatação de que é possı́vel
elaborar toda a teoria dos números naturais a partir de três fatos básicos, conhecidos atualmente
como os axiomas de Peano.

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Definição 2.1 (Axiomas de Peano:). São dados um conjunto, que se designa pela letra N,
cujos elementos são chamados números naturais, e uma função s : N → N. Para cada n ∈ N,
o número natural s(n) é chamado o sucessor de n. A função s satisfaz os seguintes axiomas:

(i) s : N → N é injetiva, ou seja, se s(m) = s(n), então m = n.

(ii) N → s(N) consiste de um único elemento, isto é, existe um único número natural que
não é sucessor de outro número natural. Este número, chamado um, é representado
pelo sı́mbolo 1.

(iii) (Princı́pio de Indução) Se X ⊂ N é tal que 1 ∈ X e, para todo n ∈ X tem-se


s(n) ∈ X, então X = N.

A ideia de Peano é que todos os demais números podem ser construı́dos a partir do número 1,
aquele que não é sucessor de qualquer outro número natural. Para isso, basta aplicar repetidamente
a função sucessor, obtendo

1
s(1) = 2
s(s(1)) = 3
s(s(s(1))) = 4
s(s(s(s(1)))) = 5
···

É claro que estamos já usando do lado direito os algarismos hindu-arábicos que é posicional.
Ao longo da história outros algarismos foram usados, com os algarismos romanos e os números
babilônicos com escrita cuneiforme.
Note que um número nesse contexto é a adjunção de unidades. E como se opera com esses
números? Para adicionar 2 e 5, tomamos a série de 5 palitos “depois” da série de 2 palitos (destaque
na ordem desses palitos):

|| + ||||| = |||||||

Na aritmética de Peano, para definir essa operação, nós a decompomos movendo cada palito da
segunda série para a primeira, um por um.

|| + ||||| = ||| + |||| = |||| + ||| = ||||| + || = |||||| + | = |||||||

Isto está ligado a duas propriedades essenciais dos inteiros que são a definição por indução (de-
finimos aqui adição por indução no segundo argumento), e o raciocı́nio por indução , o que tornará

16
possı́vel demonstrar as propriedades de adição que são mais usuais, como por exemplo, a comutati-
vidade ou associatividade. Contudo, a construção detalhada dos números naturais, suas operações e
propriedades não serão feitas aqui, necessitando de maior abstração.

Definição 2.2. A definição de soma e produto de números naturais é feita por indução
matemática apartir das equações: 
m + 1 = s(m)




 m·1=m
 
Adição: m + s(n) = s(m + n) Multiplicação: m · s(n) = s(m · n)

 


isto é, m + (n + 1) = (m + n) + 1 
isto é, m · (n + 1) = m · n + m

Com essa definição, é possı́vel provar o seguinte teorema:

Teorema 2.1. O conjunto dos números naturais N possui as operações de adição e multiplicação
que satisfazem as seguintes propriedades:

(a) Comutativa: Para quaisquer m, n ∈ N vale

m+n=n+m e m·n=n·m

(b) Associativa: Para quaisquer m, n, p ∈ N vale

(m + n) + p = n + (m + p) e (m · n) · p = n · (m · p)

(c) Distributiva: Para quaisquer m, n, p ∈ N vale

(m + n) · p = n · p + m · p

A propriedade comutativa nos permite trocar a ordem que efetuamos as operações, sem que o
resultado seja alterado. A propriedade associativa e a distributiva é usada para cálculos mentais.

Exemplo 2.1. Para somarmos (14+7)+23, podemos optar pelo cálculo 14+(7+23) = 14+30 = 44.
Ou, por exemplo, (27 · 5) · 2 = 27 · (5 · 2) = 27 · 10 = 270. Também usamos a distributiva assim:
19 · 11 = (10 + 9) · 11 = 10 · 11 + 9 · 11 = 110 + 99 = 209.

Vale a pena observar que a adição e a multiplicação de números naturais são operações binárias,
no sentido em que tomamos um par de elementos e associamos a um terceiro elemento. Assim, as
operações são representadas pelas funções

Soma: (m, n) 7→ m + n e Multiplicação: (m, n) 7→ m · n.

A propriedade associativa afirma que as duas possibilidades de operarmos 3 elementos sempre terão
o mesmo resultado. Portanto, podemos dispensar o uso dos parenteses nesses casos.
O Princı́pio da Indução nos permite validar fórmulas e nos possibilita dar definições que envolvam
números naturais. Por essa razão, vamos apresentar uma versão desse princı́pio para ser usado nessas
situações.

17
Princı́pio da Indução Matemática: Seja P (n) uma proposição relacionada ao número
natural n. Suponha que

i) P (1) é verdadeira.

ii) Se P (n) é verdadeira, então P (n + 1) é verdadeira para qualquer n fixado.

Então P (n) é verdadeira para todo n ∈ N.

Exemplo 2.2. Prove que a seguinte igualdade é sempre válida para qualquer n ∈ N:

P (n) : 1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 1) = n2 .

Vamos usar indução. Para n = 1, P (1) se resume a afirmar que 1 = 12 . Supondo P (n) verdadeira
para um certo valor de n fixado, somamos 2n + 1 a ambos os membros da igualdade acima, obtendo

1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 1) + (2n + 1) = n2 + 2n − 1,

ou seja,
1 + 3 + 5 + · · · + [2(n + 1) − 1] = (n + 1)2 .

Mas esta última igualdade é P (n + 1). Com isso, provamos que P (n) =⇒ P (n + 1). Assim, P (n)
vale para todo n ∈ N. Podemos então afirmar que a soma dos n primeiros números ı́mpares é igual
ao quadrado de n.

Exemplo 2.3. O princı́pio da indução pode ser usado em definições. Por exemplo, para definirmos
a potenciação an com n ∈ N, basta definirmos para n = 1 como a1 = a e para an+1 = an · a. Por
indução, isso fica bem definido para todos os números naturais. Também se define fatorial n! por
indução: 1! = 1 e (n + 1)! = (n + 1) · n!.

Definição 2.3. Dados m, n ∈ N, dizemos que m é menor do que n, e escrevemos m < n,


quando existe p ∈ N tal que n = m + p.

Exemplo 2.4. Essa definição de relação de ordem pode parecer estranha, mas ela é bastante natural.
Por exemplo, temos que 4 < 10, pois temos que 10 = 4 + 6 e 6 ∈ N. Assim, 4 é menor que 10 porque
podemos somar um número natural ao 4 para ele completar sua soma em 10.

Proposição 2.1 (Princı́pio da Boa Ordenação). Todo subconjunto não-vazio A ⊂ N possui um


menor elemento.

Os números naturais podem ser usados para contar elementos de um conjunto, dando a eles
caracterı́stica de cardinal.

18
Definição 2.4. Denotamos In = {1, 2, · · · , n}. Dizemos que um conjunto X é finito quando
é vazio ou quando existe uma bijeção ϕ : In → X, para algum n ∈ N. No primeiro caso
dizemos que X tem zero elementos, e no segundo caso, dizemos que X tem n elementos e
escrevemos card(X) = n.

Exemplo 2.5. Considere o conjunto X = {x ∈ N : x é um número primo menor do que 100}.


Podemos listar os elementos de X:

X = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97}

Considerando uma função contagem ϕ : I25 → X, usando a ordem crescente

ϕ(1) = 2, ϕ(2) = 3, ϕ(3) = 5, · · · , ϕ(25) = 97,

obtemos uma contagem que resulta em 25 elementos no conjunto X. Em sı́mbolos, podemos escrever
card(X) = 25.

2.2 Aritmética dos números inteiros


O conjunto dos números inteiros é denotado pelo sı́mbolo Z é obtido pela união dos naturais com o
elemento 0, chamado de zero e os números negativos −1, −2, −3, −4, · · · . Podemos representar esse
conjunto simbolicamente por

Z = {· · · , −10, −9, −8, −7, −6, −5, −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, · · · }.

Assim como no conjunto dos números naturais estão definidas as operações de adição e multi-
plicação, além de uma relação de ordem, no conjunto dos inteiros Z também estão definidas adição
+, multiplicação · e relação de ordem < . No que segue, iremos listar nove propriedades básicas que
a adição e multiplicação de inteiros possuem.

Associatividade da Adição: A adição é uma operação associativa, isto é, para todo a, b, c ∈ Z
vale
(a + b) + c = a + (b + c)

Comutatividade da Adição: A adição é uma operação comutativa, ou seja, para quaisquer números
inteiros a e b, temos que
a+b=b+a

Elemento Neutro da Adição: Existe um elemento neutro da soma, denotado por 0. Isso significa
que para todos a ∈ Z, temos
a+0=0+a=a

19
Elemento Inverso Aditivo: Todo número inteiro a ∈ Z possui um inverso aditivo x ∈ Z que
satisfaz a + x = x + a = 0. O inverso aditivo de a ∈ Z é denotado por −a. Assim,

a + (−a) = (−a) + a = 0

Associatividade da Multiplicação: A multiplicação é uma operação associativa, isto é, para todo
a, b, c ∈ Z vale
(a · b) · c = a · (b · c)

Comutatividade da Multiplicação: A multiplicação é uma operação comutativa, isto é, para


quaisquer números a, b ∈ Z, temos que

a·b=b·a

Elemento Neutro da Multiplicação: Existe um elemento neutro da multiplicação, denotado por


1. Isso significa que para todos a ∈ Z, temos

a·1=1·a=a

Não-existência de Divisores de Zero : No conjunto dos números inteiros não existem divisores
de zero. Isto significa que para todo a, b ∈ Z, temos que

a · b = 0 ⇔ a = 0 ou b = 0

Distributividade: Vale a propriedade distributiva da multiplicação em relação a adição, isto é,


para todo a, b, c ∈ Z, temos que

a · (b + c) = a · b + a · c

Em Z também existe a operação de subtração, sendo definida por a − b = a + (−b). Já a operação
de divisão não pode ser feita entre quaisquer dois inteiros, tendo em vista que isso gera frações que
são números racionais. Entretanto, no conjunto dos números inteiros existe uma divisão que com
resto menor possı́vel, conhecida como divisão euclidiana. Por exemplo, 14 = 3 · 4 + 2 é uma divisão
de 14 por 3, que resulta em 4 com resto 2.
A relação de ordem em Z é definida assim: dados m, n ∈ Z, dizemos que m é menor do que n, e
escrevemos m < n, quando n − m ∈ N.

Proposição 2.2. A relação de ordem m < n em Z tem as seguintes propriedades:

1. Transitividade: Se m < n e n < p então m < p

2. Tricotomia: Dados m, n ∈ Z, vale uma, e somente uma, das alternativas: m = n, m < n ou


n < m.

20
3. Monotonicidade: Se m < n então, para qualquer p, temos que m + p < n + p e supondo
p > 0, temos que mp < np.

Exemplo 2.6. Com essas propriedades, é possı́vel resolvermos equações do tipo x + n = m com
x, n, m ∈ Z, sendo a resposta a solução única x = m − n. Observe que o método para resolvermos
essa equação é a seguinte: Somamos (−n) em ambos os membros da equação x + n = m usando as
propriedades associativa, elemento inverso e elemento neutro, obtemos:

x+n = m =⇒ (x+n)+(−n) = m+(−n) =⇒ x+(n+(−n)) = m−n =⇒ x+0 = m−n =⇒ x = m−n.

2.3 Exercı́cios
1. Demonstre que para quaisquer números naturais m, n vale sempre a igualdade m + n = n + m.

2. Demonstre por indução que s(n) 6= n para todo n ∈ N

3. Demonstre a propriedade transitiva da relação de ordem < em N e também em Z: se m < n e


n < p, então m < p.

4. Sabendo que a < b e c < d, com a, b, c, d ∈ N, prove que ac < bd.

5. Usando indução, prove que


n(n + 1)(2n + 1)
12 + 22 + 32 + · · · + n2 =
6
6. Use indução para provar que n3 + 5n é divisı́vel por 6, qualquer que seja n ∈ N.

7. Seja a ∈ Z. Temos

a) Se a for ı́mpar, então a2 é ı́mpar;


b) Se a2 for par, então a é par.

8. Potenciação: Para a ∈ Z, definimos a potenciação com expoente natural indutivamente por:


a1 = a e an+1 = an a para todo n ∈ N. Prove que:

a) am an = am+n b) (am )n = amn c) (ab)n = an bn

9. Princı́pio Fundamental da Contagem: Se A e B são conjuntos finitos, então o produto


cartesiano A × B é um conjunto finito e vale a fórmula

card(A × B) = card(A) · card(B).

10. Usando a questão anterior, determine o número de divisores de 600.

11. Seja X um conjunto com n elementos. Determine o número de funções injetivas f : Ip → X.


! !
1 1 1 n
12. Considere a matrix A = . Usando indução prove que An = para todo n ∈ N.
0 1 0 1

21
Capı́tulo 3

Números Racionais e Números Reais

3.1 Conjunto dos números racionais

Definição 3.1. O conjunto dos números racionais é definido por


na o
Q= : a, b ∈ Z , b 6= 0 .
b
a1 a2
Um elemento do conjunto Q também é chamado de fração. Duas frações b1
e b2
são iguais,
a1 a2
isto é, b1
= b2
quando a1 · b2 = a2 · b1 . A soma e o produto em Q são definidos, respecti-
vamente, por:
a c ad + bc a c ac
+ = e · =
b d bd b d bd

Exemplo 3.1. Efetuando as operações com frações, temos que


1 2 1·3+2·2 3+4 7
(a) + = = = .
2 3 2·3 6 6
1 5 1·6+5·3 6 + 15 21 7
(b) + = = = = .
3 6 3·6 18 18 6
Em muitos casos a soma de frações pode ser feita de modo mais fácil, bastando ter o denominador
das frações iguais e efetuando a soma apenas entre os numeradores. Segue alguns exemplos.
11 7 11 + 7 18 9
(c) + = = = .
16 16 16 16 8
Quando os denominadores não são iguais, podemos substituir a fração por outra que seja equi-
valente.
1 5 2 5 2+5 7
(d) + = + = = .
3 6 6 6 6 6
Para multiplicação, temos por exemplo:
1 7 1·7 7
(e) · = = .
3 8 3·8 24
2 2. · 5 10
(f) ·5= =
7 7 7

22
Teorema 3.1. O conjunto numérico Q com a adição e multiplicação possui as seguintes propriedades:

(a) A adição em Q é associativa, comutativa, possui elemento neutro e existe o simétrico aditivo
para todos os elementos de Q.

(b) A multiplicação em Q é associativa, comutativa, possui elemento neutro e todo elemento não
nulo tem um inverso multiplicativo.

(c) Em Q vale também a propriedade de distributiva que relaciona a multiplicação e a soma.

7
Todo número racional pode ser escrito em notação decimal. Por exemplo, 2
= 3, 5 tem uma
4
representação decimal finita. Já o número 3
também pode ser escrito em notação decimal, contudo
4
será uma representação infinita: 3
= 1, 333 · · · , aqui as reticências significando que esse padrão se
4
repete infinitamente. Outra possı́vel notação é 3
= 1, 3̄.
De maneira geral, uma representação decimal é uma expressão do tipo

r = a0 , a1 a2 a3 . . . ,

onde a0 é um número inteiro, e a1 , a2 , a3 , . . . são dı́gitos. Existem representações decimais que são
finitas, como por exemplo:
1 17 6641
= 0, 5 = 2, 125 = 5, 3128
2 8 1250
Existem representações decimais que são finitas e com repetição, chamadas de dı́zimas periódicas,
como por exemplo:
7 637 1
= 0, 7 = 6, 43 = 0, 142857
9 99 7
Proposição 3.1. Todo número racional pode ser representado por um número decimal exato ou
uma dı́zima periódica. Reciprocamente, números decimais exatos ou dı́zimas periódicas podem ser
representados por números racionais.

Existem números que não são racionais, por exemplo 2. Os números reais que não são racionais

são chamados de números irracionais. A representação de 2 não é periódica, sendo

2 = 1, 414213562373095048801688724209698078569671 . . .

Vale observar que 2 representa a medida da diagonal de um quadrado de lado 1. Logo, existem me-
didas que não são números racionais e que precisam ser considerado para podermos medir grandezas.
O conjunto R é o conjunto numérico que nos permite associar medidas em geral e ele é constituı́do
por duas classes de números: os racionais e os irracionais.

23
3.2 Conjunto dos números reais
Axioma 3.1. R é um corpo ordenado. Dizer que R é um corpo significa que nele estão definidas duas
operações :adição (sı́mbolo +) e multiplicação (sı́mbolo ·, ou justaposição) satisfazendo as seguintes
propriedades:

Adição Multiplicação

A1 ) x + y = y + x, ∀x, y ∈ R M1 ) x · y = y · x, ∀x, y ∈ R

A2 ) (x + y) + z = x + (y + z) ∀x, y, z ∈ R M2 ) (x · y) · z = x · (y · z) ∀x, y, z ∈ R

A3 ) ∃ 0 ∈ R tal que x + 0 = x para todo x ∈ R M3 ) ∃ 1 ∈ R tal que x · 1 = x para todo x ∈ R

A4 ) ∀x ∈ R, ∃ − x ∈ R tal que x + (−x) = 0 M4 ) ∀x ∈ R \ {0}, ∃x−1 ∈ R tal que x · x−1 = 1

Distributiva

D) x · (y + z) = x · y + x · z ∀x, y, z ∈ R

A operação de subtração é definida por x − y = x + (−y). Também podemos definir a divisão de


números reais x, y com y 6= 0 por x
y
= x · y −1 . A divisão também pode ser representada por x/y.

Proposição 3.2. A relação de ordem em R satisfaz as seguintes propriedades:

O1) x < y e y < z ⇒ x < z

O2) Para x, y ∈ R, temos que x < y ou x = y ou x > y, exclusivamente.

O3) x < y ⇒ x + z < y + z

O4) Sendo x < y, temos que xz < yz se z > 0 e xz > yz se z < 0

Vale observar que o conjunto dos números racionais Q também é um corpo ordenado. Entretanto,
em tal conjunto não é possı́vel definir uma importante operação chamada de radiciação, denotada

por n a, sendo possı́vel em R.

Proposição 3.3 (Produtos Notáveis:). Fazendo uso das propriedades dos números reais, e obser-
vando que x2 = x · x e x3 = x · x · x, obtemos as seguintes identidades:

I. (a + b)2 = a2 + 2.a.b + b2 V. (a − b)(a2 + a.b + b2 ) = a3 − b3

II. (a − b)2 = a2 − 2.a.b + b2


VI. (a + b)3 = a3 + 3.a2 .b + 3.a.b2 + b3
2 2
III. (a + b).(a − b) = a − b

IV. (a + b)(a2 − a.b + b2 ) = a3 + b3 VII. (a − b)3 = a3 − 3.a2 .b + 3.a.b2 − b3

24
Definição 3.2 (Potenciação com expoente em Z). Para definirmos a potenciação com
expoente inteiro, separamos em três casos:

ˆ Para expoente natural, definimos por indução: x1 = x e xn+1 = xn · x para todo x ∈ R.


Assim, obtemos para n ∈ N
xn = xx · · · x}
| {z
n fatores

ˆ Para m ∈ Z, com m < 0, podemos escrever m = −n, com n ∈ N. Daı́, definimos para
todo x ∈ R − {0}
1
x−n =
xn
ˆ Se x ∈ R − {0}, definimos x0 = 1. A expressão 00 não é definida.

Exemplo 3.2. Temos que:

(a) 34 = 3 · 3 · 3 · 3 = 81 (e) 17 = 1
 3  0
1 1 1 1 1 2
(b) = · · = (f) =1
2 2 2 2 8 3
(c) (−1)10 = 1 (g) (−1)13 = −1

(d) −50 = −1 · 50 = −1 · 1 = −1 (h) −(−1)15 = −1 · (−1)15 = −1 · (−1) = 1

Exemplo 3.3. Usando as definições e propriedades da potênciação, temos que:

(a) (−3)3 = (−3) · (−3) · (−3) = −27


 3
2 23 8
(b) = 3 =
3 3 27
(c) −22 = −1 · 22 = −1 · 4 = −4

(d) 07 = 0

(e) (−2)1 = −2
 4
1 (−1)4 1
(f) − = 4
=
3 3 81
 3
3 (−3)3 −27 27
(g) − − = −1 · 3
= −1 · =
2 2 8 8
(h) (−4)0 = 1

25
Definição 3.3 (Potenciação com expoente em Q). Dados um número real a ≥ 0 e um
número natural n, é possı́vel demonstrar que existe sempre um número real b ≥ 0 tal que

bn = a. Esse número b é chamado raiz enésima de a e indicaremos pelo sı́mbolo n a, em que
a é chamado radicando e n é o ı́ndice.
m
Para um expoente racional r = n
, definimos para x ∈ R, x ≥ 0 a potência
m √
xr = x n = n
xm

Proposição 3.4. Regras da Potenciação:

1. am .an = am+n 4. (a.b)n = an .bn


am
2. = am−n (a 6= 0)
an  a n an
m n
3. (a ) = a m.n 5. = (b 6= 0)
b bn

Proposição 3.5 (Regras de Radiciação:). Valem as seguintes propriedades:


√ √ √ √ m
1. n
a. n b = n a.b 3. n
am = a n
√ r
n
a a √ √
2. √
n
= n (b 6= 0) 4.
p
m n
a= mn
a
b b

Exemplo 3.4. Simplifique os radicais


√ √
(a) 144 = 122 = 12
√ √
3
(b) 3
729 = 36 = 36/3 = 32 = 9

4

4
(c) 625 = 54 = 5
√ √ √ √ √ √ √ √
(d) 128 = 27 = 26 · 2 = 26 · 2 = 26/2 · 2 = 23 · 2 = 8 2

Exemplo 3.5. Simplifique as expressões

3 3 3
(a) 9 2 = (32 ) 2 = 32 2 = 33 = 27
1
(b) 81−0,25 = (34 )−0,25 = 34(−0,25) = 3−1 =
3
4 √
3

(c) 8 3 = 84 = ( 3 8)4 = 24 = 16
5 5 5
(d) 256 4 = (28 ) 4 = 28· 4 = 210 = 1024
1 1 √ 1 1
(e) (343−2 ) 3 = (343 3 )−2 = ( 3 343)−2 = 7−2 = 2 =
7 49
2 2 2 1 1 1
(f) 64− 3 = (26 )− 3 = 26·(− 3 ) = 2−4 = 4
= 4 =
2 2 16

26
3.3 Exercı́cios
1. Classifique os itens em verdadeiro ou falso:

(a) π ∈ Q (e) −3 ∈ Z (i) 2π ∈ Q


√ √
(b) 5 ∈ N (f) 2 é racional (j) 2, 444 . . . é irracional
2
(c) é inteiro
3
(g) π é irracional

(d) 11 ∈ R (h) 0, 43 ∈ Q

2. Escreva na forma decimal (exata ou dı́zima periódica) os seguintes números racionais:

2 5 16 23 42
(a) (b) (c) (d) (e)
5 3 25 99 90

3. Escreva os seguintes números racionais na forma de fração:

(a) 0,43 (b) 0,07 (c) 2,454 (d) 13,13 (e) 3,1415

4. Escreva as seguintes dı́zimas periódicas na forma de fração:

(a) 0, 888 . . . (b) 0, 242424 . . . (c) 2, 555 . . . (d) 0, 7222 . . . (e) 0, 62555 . . .

5. Calcule:

(a) 20% de 400 (b) 32% de 500 (c) 220% de 80 (d) 7% de 300 (e) 55% de 650

6. Resolver as seguintes expressões:

2 1 1
    
3 1 3 2 1 12
(a) + · (e) − + − − +
5 7 5 4 2 4 4 12 5
  (  " 2 # ) 
1 2 2 2
2
1

1 1 5 1 1

(b) + − (f) + − − − − −
4 5 5 3 3 2 3 12 3 4
" 2 #  
     2
2 1 3 7 7 2 1 5 1
(c) + − 2+ − (g) − − − +
3 7 7 3 4 3 2 3 3
       
3 2 1 1 7 3 2 3 1 5
(d) + − − − (h) + + + −
4 5 2 5 10 5 4 7 7 7

Respostas

3 1 5 3 139 1 1 67
(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h)
7 4 7 20 60 4 6 70

7. Efetuar as seguintes operações:

27
(a) 32,7+1,743+3,7 (c) 37, 4213 + 92, 7 (e) 0, 054 + 0, 0001 (g) 32, 7 − 17, 43
(b) 57,34+0,753 (d) 473, 15 + 0, 32411 (f) 0, 32+0, 21+0, 15 (h) 57, 34 − 7, 35

8. Usando uma calculadora, obtenha as raı́zes, com aproximação de 4 casas decimais


√ √ √ √
3

3
(a) 12 (b) 30 (c) 78 (d) 10 (e) 2

9. Calcule:

(a) (−3)3 (e) (−2)1 (i) 34 (m) 17


3 4 1 3 2 0
(b) 23 (f) − 13
 
(j) 2
(n) 3
3
(c) −22 (g) − − 32 (k) (−1)10 (o) (−1)13
(d) 07 (h) (−4)0 (l) −50 (p) −(−1)15

10. Simplifique as expressões:

2 3 i3 4 2
(a2 · b3 ) · (a3 · b4 )
h
(a) (a2 · b3 ) · (a3 · b2 ) (c) (a3 · b2 )
2
(e)
(a3 · b2 )3
3 5
(a4 · b2 ) a4 · b 3

(b) (d) a2 − b 2
(f)
(a · b2 )2 a2 · b a−b

11. Calcule:

(a) 3−1 (f) −5−2 (k) (0, 1)−2 1


(p)
 −3 (−3)−3
2 1
(b) (−3)−2 (g) − − (l) (q) 2−2
3 (0, 2)−2
 −2  −3
2 1 (m) −(−3)−1 3
(c) − (h) −3 (r) −
5 2  −1 2
(i) −3−1 2
(d) (0, 75)−2 (n) (s) (−0, 5)−3
 −2 3
1 1
(e) (−2)−1 (j) (o) (0, 25)−3 (t)
3 (0, 01)−2

12. Simplifique os radicais:


√ √ √
(a) 144 (d) 128 (g) 196
√ √ √
(b) 3 729 (e) 4 512 (h) 18
√ √ √
(c) 4 625 (f) 324 (i) 3 72

13. Simplifique os radicais:

28
3 5 2
(a) 9 2 (e) 256 4 (i) (243−2 ) 3
1 2
(b) 81−0,25 (f) (343−2 ) 3 (j) 64− 3
− 1  5  25
−0,4
(c) (322 ) (g) 14 2 (k) 16 4
4 1 1
(d) 8 3 (h) 1024 10 (l) (2162 ) 3
2 1
5
+ 2
14. Escreva a expressão 2 + 1 3 como quociente de dois inteiros.
10
+ 15

15. Qual das expressões abaixo é equivalente a −3x2 − 3x + 7?

(a) −(3x + 23 )2 + 5
2
(b) −3(x − 21 )2 + 31
4
(c) −3(x + 12 )2 + 31
4
(d) −3(x + 1)2 + 10

16. Qual outro modo de descrever o conjunto A = {x ∈ R : |x − 3| < 2}?

(a) (2, 3] (b) [2, 4] (c) (1, 5) (d) [1, 5] (e) [2, 3)

17. Efetue as operações indicadas.

5 x 5x + 10 2x + 10 2 1
(a) + (d) − (g) −
x−1 x−1 2x − 1 2x − 1 x+2 x−2
2x − 1 1 − x 4 3 x 1
(b) + (e) − 2 (h) 2 −
x+3 x+3 x x x +x−2 x+2
2x 1 − 3x 5 3 5 3
(c) 2 − 2 (f) + (i) +
x +2 x +2 x−1 x x−3 3−x

18. Em cada item, represente graficamente o conjunto no eixo real.

23

(a) [−3, 2] ∪ [1, 4] (c) (−4, 0) ∩ (−5, 1) (e) [1, 10 ) ∪ ( 75 , 2)
(b) [4, 6] ∪ [8, 11] (d) [2, 4) ∪ (4, 7) (f) (−∞, −1) ∪ (−3, +∞)

19. Classifique cada uma das sentenças abaixo como verdadeira ou falsa:
√ √
(a) |8| = 8 (c) | − 8| = 8 (e) | 5−2| = 5−2 (g) |π − 3, 14| = 0
√ √
(b) |0| = −0 (d) | 2−2| = 2−2 (f) |π − 3| = π − 3 (h) | − x| = x

20. Simplifique as expressões

(3 + h)2 − 9 x3 − 27 (x + 2)3 − 8
(a) (b) (c)
h x−3 x

21. Resolva as equações do primeiro grau:

29
(a) 5(x − 2) = 4x + 6 (d) −3x + 1 = −8 (g) −3(x + 2) = −6
(b) −4(4 − x) = 2(x − 1) (e) 3(x − 5) = 2 (h) 0, 1(x − 2) + 0, 5x = 0, 7
(c) −2x = −6 (f) 2(x + 1) = 2 (i) 0, 4(x + 3) − 0, 2x = 4

22. O lucro mensal de uma empresa é dado por L = 50x–2000, em que x é a quantidade mensal
vendida de seu produto. Qual a quantidade que deve ser vendida mensalmente para que o lucro
mensal seja igual a R$ 5000,00?

23. Um capital de R$600,00, aplicado à taxa de juros simples de 30% ao ano, gerou um montante
de R$1320,00, depois de certo tempo. O tempo de aplicação foi de quantos anos?

Observação: Para maiores detalhes sobre o conjunto dos números reais e sua representação geométrica,
veja o Capı́tulo 4 do livro ”A matemática do ensino médio”, Volume 1 do Prof. Elon Lages Lima.

30
Capı́tulo 4

Função Afim

Definição 4.1. Uma função f : R → R é chamada de função afim se existirem números


reais a, b ∈ R tais que f (x) = ax + b para todo x ∈ R. Nomeclarutas particulares

a) Quando a = 0, f (x) = b é chamada de função constante.

b) Quando b = 0, f (x) = ax é chamada de função linear.

c) Quando b = 0, a = 1, f (x) = x é chamada de função identidade.

Exemplo 4.1. Temos que f (x) = 3, ∀x ∈ R é uma função afim que é constante. A função
g(x) = 2x, ∀x ∈ R é uma função afim que é linear.
Proposição 4.1. O gráfico de uma função afim é uma reta. Mais precisamente, dada a função
f : R → R com f (x) = ax + b, temos que o subconjunto do plano cartesiano

Gráfico de f = Gf = {(x, y) ∈ R2 : y = ax + b} = {(x, ax + b) : x ∈ R}

é uma reta.
Exemplo 4.2. Temos que o gráfico da função f (x) = 2x + 1, x ∈ R, pode ser traçado com dois
pontos quaisquer, tendo em vista que por dois pontos distintos, passa uma única reta. Calculando
f (0) = 2 · 0 + 1 = 1 e f (1) = 2 · 1 + 1 = 3, temos os pontos (0, 1) e (1, 3) no gráfico de f . Daı́:
4 y

x
−1 −0.5 0.5 1 1.5
−1

31
Definição 4.2. O zero de uma função real f , ou também chamado a raı́z de uma função
real f é um número x do domı́nio de f tal que f (x) = 0. Assim, sendo f : D → R, temos
que x ∈ D é zero de f se f (x) = 0.

Exemplo 4.3. Para a função afim f : R → R, f (x) = ax + b com a 6= 0, temos que f tem um único
zero dado por x = −b/a.

Proposição 4.2. Toda função afim f : R → R, f (x) = ax + b com a 6= 0 é sobrejetora e injetora.

Proposição 4.3. Para a função afim f : R → R, f (x) = ax + b com a 6= 0, temos que

i) se a > 0, então f é crescente.

ii) se a < 0, então f é decrescente.

Proposição 4.4. Para a função afim f : R → R, f (x) = ax + b com a 6= 0, temos que o seguinte
estudo de sinal:

4.1 Exercı́cios
1. Obtenha a equação da reta que passa pelos pontos:

a) (2, 3) e (3, 5) c) (1, −1) e (−1, 2)


b) (3, −2) e (2, −3) d) (1, 2) e (2, 2)

2. Sabe-se que f é afim, f (−1) = 3 e f (1) = 1. Determine o valor de f (3).

3. Obtenha a equação da reta com coeficiente angular igual a −1/2 e passa pelo ponto (−3, 1).

4. Faça o gráfico das seguintes funções afins:

a) f (x) = 2x + 3 4 g) f (x) = 5 + x
d) f (x) = 2x −
x 3 3 x
b) f (x) = + e) f (x) = 4 − x h) f (x) = 3 −
3 2 2
c) f (x) = −3x + 2 f) f (x) = −x i) f (x) = 3

32
5. Classifique as funções afins do exercı́cio anterior como crescente, decrescente ou constante.

6. Determine as funções afins que tem os seguintes gráficos:

7. Estude, segundo os valores do parâmetro m, a variação (crescente, decrescente ou constante)


das funções abaixo.

a) y = (m − 2)x − 3
b) y = 4 − (m + 3)x
c) y = (4 − 3m)x + 2
d) y = m(x − 1) + 3 − x

8. Estude o sinal das seguintes funções afins:

a) f (x) = 2x + 3 4 g) f (x) = 5 + x
d) f (x) = 2x −
x 3 3 x
b) f (x) = + e) f (x) = 4 − x h) f (x) = 3 −
3 2 2
c) f (x) = −3x + 2 f) f (x) = −x i) f (x) = 3

9. Resolva as inequações em R:

a) (x + 6)7 (6x − 2)4 (4x + 5)11 < 0 4 3 1


c) − + ≥ −
x 2 x
4
(1 − x)(4 − x)3

5x + 2 5x − 1 d) ≥0
b) >
4x − 1 4x + 5 1 + x2

33
Capı́tulo 5

Função Quadrática

Definição 5.1. Uma função f : R → R é chamada de função quadrática se existirem


números reais a, b e c, com a 6= 0, tais que f (x) = ax2 + bx + c para todo x ∈ R.

Exemplo 5.1. São exemplos de funções quadráticas:

i) f (x) = 2(x − 3)2 − 4 ∀x ∈ R


Não é imediato ver que a expressão de f é uma função quadrática. No entanto, desenvolvendo
as operações envolvidas, obtemos

f (x) = 2(x2 − 6x + 9) − 4 = 2x2 − 12x + 14.

Assim, a = 2, b = −12 e c = 14.

ii) g(x) = −3(x − 2)(x + 1) ∀x ∈ R Basta observar que g(x) = −3x2 + 3x + 6.


3x3 + 3x − x4 − x2
iii) h(x) = ∀x ∈ R Observe que
1 + x2
3x(x2 + 1) − x2 (x2 + 1) (3x − x2 )(x2 + 1)
h(x) = = = 3x − x2
1 + x2 1 + x2
Pelo exemplo anterior, vimos que uma função quadrática pode ser expressa de outras formas além
da clássica f (x) = ax2 + bx + c. Uma importante maneira de se escrever uma função quadrática é
dada pela definição a seguir.

Definição 5.2. Forma canônica de um trinômio. Sendo a 6= 0, temos que podemos


reescrever o trinômio ax2 + bx + c da seguinte forma:

f (x) = ax2 + bx + c = a(x − m)2 + k,

b 4ac − b2
onde m = − ek= .
2a 4a

Vamos ver que o gráfico de uma função quadrática está intimamente ligado com uma curva conhe-
cida como parábola. Mas o que é uma parábola? A próxima definição estabelece isso precisamente.

34
Definição 5.3. Dados uma reta d e um ponto F ∈
/ d no plano, temos que a parábola de
foco F e reta diretriz d é o conjunto dos pontos no plano que são equidistantes a F e d.

Exemplo 5.2. O gráfico da função f (x) = x2 é uma parábola de reta diretriz d = −1/4 e foco no
ponto F = (1/4, 0). (Verifique.)

Proposição 5.1. O gráfico de uma função quadrática é uma parábola. Mais precisamente:

a) O gráfico de f : R → R, f (x) = ax2 , a 6= 0, é a parábola de foco F = (0, 1/4a) e reta diretriz


y = −1/4a.

b) O gráfico de f : R → R, f (x) = a(x − m)2 , a 6= 0, é a parábola de foco F = (m, 1/4a) e reta


diretriz y = −1/4a.

c) O gráfico de f : R → R, f (x) = a(x − m)2 + k, a 6= 0, é a parábola de foco F = (m, k + 1/4a) e


reta diretriz y = k − 1/4a.

ˆ A parábola que é gráfico da função quadrática f : R → R, f (x) = ax2 + bx + c = a(x − m)2 + k,


a 6= 0 tem como vértice o ponto
 
b ∆
V = (m, k) = − ,− sendo ∆ = b2 − 4ac.
2a 4a

b 2
ˆ Usando a forma canônica do trinômio f (x) = ax2 + bx + c = a x + ∆

2a
− 4a
, temos que
 2
b ∆
f (x) = 0 ⇔ x+ =
2a 4a2

Logo, podemos concluir que:

35
a) Se ∆ < 0, então f (x) = ax2 + bx + c não tem raı́zes reais;
b
b) Se ∆ = 0, então f (x) = ax2 + bx + c tem uma raı́z dada por r = − 2a ;
c) Se ∆ > 0, então f (x) = ax2 + bx + c tem duas raı́zes reais dadas por:
√ √
−b − ∆ −b + ∆
r1 = e r2 =
2a 2a
e r1 + r2 = − ab e r1 r2 = ac .
d) Se a > 0, então o valor mı́nimo de f (x) é −∆/4a e ocorre quando x = −b/2a.
e) Se a > 0, então o valor máximo de f (x) é −∆/4a e ocorre quando x = −b/2a.

ˆ Existem seis possibilidades para o gráfico de uma função quadrática f : R → R, f (x) =


ax2 + bx + c, dependendo do sinal de a e de ∆:

36
5.1 Exercı́cios
1. Determine os zeros reais das funções quadráticas abaixo, faça seus gráficos e determine os
vértices desses gráficos.

(a) f (x) = x2 − 3x + 2 (d) f (x) = (x − 1)2 − 2x + 1 (g) f (x) = −x2 + 23 x + 1


(b) f (x) = −x2 + 7x − 12 (e) f (x) = (x + 2)2 (h) f (x) = −3x2 + 6

(c) f (x) = x2 − 2x + 12 (f) f (x) = 2x2 − 4x (i) f (x) = − 25 (x − 4)(3 − x)

1 + 1 = 7

2. Resolva o sistema x y 12
xy = 12

3. Determine os valores de m para que a função quadrática f : R → R,

f (x) = (m − 1)x2 + (2m + 3)x + m

tenha dois zeros reais e distintos.

4. Determine os valores de m para que a função quadrática f : R → R,

f (x) = (m + 1)x2 + (2m + 3)x + (m − 1)

não tenha zeros reais.

5. Sejam r1 e r2 raı́zes não nulas da equação ax2 + bx + c = 0 com a 6= 0. Determine, em função


dos coeficientes a, b e c, o valor das expressões

1 1 (b) r12 + r22 (c) r13 + r23


(a) +
r1 r2

6. Determine o valor máximo ou o valor mı́nimo e o ponto de máximo ou o ponto de mı́nimo das
funções quadráticas f : R → R.

(a) f (x) = 2x2 + 5x (c) f (x) = −3x2 + 12x (e) f (x) = 4x2 − 8x + 4
2
(b) f (x) = x2 − 27 x + 5
2
(d) f (x) = −x2 + 5x − 7 (f) f (x) = − x2 + 43 x − 1
2

7. Determine o valor de m na função quadrática f : R → R, f (x) = mx2 + (m − 1)x + (m + 2)


para que o valor máximo de f (x) seja 2.

8. Dentre todos os números x e y de soma 6, determine aqueles cuja soma dos quadrados é mı́nima.

9. Determine o retângulo de área máxima localizado no primeiro quadrante, com dois lados nos
eixos cartesianos e um vértice na reta y = −4x + 5.

10. Num triângulo isósceles de base 6 cm e altura 4 cm está inscrito um retângulo. Determine o
retângulo de área máxima, sabendo que a base do retângulo está sobre a base do triângulo.

11. Encontre os valores mı́nimo e máximo da função f (x) = x2 − 4x + 3 nos intervalos abaixo:

37
(a) [1, 4] (b) [6, 10] (c) [−2, 1]

12. Determine a imagem das funções definidas em R.

(a) f (x) = x(x − 3) (b) f (x) = −4x2 + 8x + 12 x2


(c) f (x) = +x+1
2

13. Sabendo que os pontos (1, 2), (−4, −3) e (4, 1) são pontos sobre o gráfico de uma função
quadrática, determine essa função.

14. Determine uma função quadrática tal que f (−1) = −4, f (1) = 2 e f (2) = −1.

15. Resolva em R as seguintes inequações

4x2 + x − 5 x2 + 3x − 16 2x2 + 4x + 6 2
(a) >0 (b) >1 (c) < −
2x2 − 3x − 2 −x2 + 7x − 10 3x2 + 7x + 2 x+2

16. Determine a função quadrática cujo gráfico é dado abaixo:

4 y 7 y
6
3
5
2 4

1 3

x 2

1 2 3 4 5 6 1
x
(a) −1
(c) −1.5 −1 −0.5 0.5
x
2 y y
−0.5 0.5 1 1.5 2 2.5
1 −1
x
−2
−2 −1 1
−1 −3
−2 −4
−3 −5
−4 −6

(b) −5 (d) −7

38
Capı́tulo 6

Função Modular

Definição 6.1 (Função Definida por Sentenças). Dado um conjunto X = X1 ∪ X2 , podemos


definir uma função f : X → Y por duas sentenças que dependam do subconjunto em que x
está. Assim, se x ∈ X1 , então f (x) será dada por uma regra e se x ∈ X2 , então f (x) terá
outra regra, e nos pontos x ∈ X1 ∩ X2 , essas regras devem prover o mesmo resultado para
f (x). Esquematicamente, podemos escrever

Regra 1 se x ∈ X1
f (x) =
Regra 2 se x ∈ X
2

É claro que podemos ter mais que duas sentenças nesse tipo de construção de função.

Exemplo 6.1. Considere a função



1 se x ≥ 0
f (x) = |x| =
−1 se x < 0

Assim, podemos obter o gráfico dessa função como


2 y

x
−3 −2 −1 1 2 3
−1

−2

Exemplo 6.2. Considere a função





 1 se x < 0

f (x) = |x| = x + 1 se 0 ≤ x < 2



3 se x ≥ 2

39
Observando que para cada subintervalo, temos uma regra diferente, obtemos o gráfico a seguir:
4 y

1
x
−2 −1 1 2 3 4 5
−1

Definição 6.2. A função modular f : R → R é dada por



x se x ≥ 0
f (x) = |x| =
−x se x < 0

O gráfico da função modular é:


3 y

x
−3 −2 −1 1 2 3
−1

Interpretação do módulo de um número


O módulo de um número real x, denotado pelo sı́mbolo |x|, representa a distância do número x ao
número zero. Por exemplo, temos que |2| = 2 e pode ser representado pelo segmento em destaque:

−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5

A representação de | − 3| = 3 é dada pela figura a seguir:

−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5

Distância entre pontos quaisquer


A distância entre dois pontos x e y na reta é dada pelo módulo |x − y|. Por exemplo, a distância
entre os pontos 3 e −2 é dada por

|3 − (−2)| = |3 + 2| = |5| = 5.

A representação geométrica desta distância está ilustrada pela figura:

40
−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5

Proposição 6.1. Propriedades do Módulo

(i) Para qualquer número real x, temos que |x| ≥ 0

(ii) |x| = 0 ⇔ x = 0

(iii) Sendo d um número real positivo, temos que

|x| = d ⇔ x = ±d

(iv) |x · y| = |x| · |y|

(v) Dados x ∈ R e n ∈ N, temos que

|x|n = xn ⇔ n é par

Exemplo 6.3. Construa o gráfico da função f : R → R dada por f (x) = |x + 2|.

Temos que f é uma função de duas sentenças:



x + 2 se x ≥ −2
f (x) = |x + 2| =
−x − 2 se x < −2

Daı́,
3 y

x
−5 −4 −3 −2 −1 1
−1

Exemplo 6.4. Exemplos de gráficos Construa o gráfico da função f : R → R dada por f (x) =
|x − 1| + 2.

Primeiro fazemos o gráfico de g(x) = |x − 1| destacado em vermelho. Depois transladamos o


gráfico de g(x) em 2 unidades para cima, obtendo o gráfico de f (x) destacado em azul.
5 y 5 y

4 4

3 3

2 2

1 1

x x
−2 −1 1 2 3 4 −2 −1 1 2 3 4

41
Exemplo 6.5. Construa o gráfico da função f : R → R dada por f (x) = |x2 − 4|.

Primeiro fazemos o gráfico de g(x) = x2 − 4 destacado em vermelho. Depois transladamos o


gráfico de g(x) em 2 unidades para cima, obtendo o gráfico de f (x) destacado em azul.
5 y 5 y
4 4
3 3
2 2
1 1
x x
−3−2−1
−1 1 2 3 −3−2−1
−1 1 2 3
−2 −2
−3 −3
−4 −4
−5 −5

Equações Modulares
Resolva as seguintes equações modulares

(a) |x + 2| = −3
Essa equação não tem solução, uma vez que o módulo é sempre um valor maior ou igual a zero.
Logo, S = ∅

(b) |x + 2| = 3
Pelas propriedades de módulo, temos que

|x + 2| = 3 ⇔ x + 2 = 3 ou x + 2 = −3
⇔ x = 1 ou x = −5.

Logo S = {1, −5}.

6.1 Exercı́cios
1. Classifique cada uma das sentenças abaixo como V ou F:
√ √
(a) |8| = 8 (d) | 2 − 2| = 2 − 2 (g) |π − 3, 14| = 0
√ √
(b) |0| = −0 (e) | 5 − 2| = 5 − 2 (h) |π − 3, 15| = 3, 15 − π
√ √
(c) | − 8| = 8 (f) |π − 3| = π − 3 (i) | 3 10 − 2, 3| = 2, 3 − 3 10

2. Calcule os valores dos módulos:

42
√ √ √
(a) || 3 − 1, 6| + 1, 6| (c) ||1 − 2| + |2 − 2||
√ √
(b) || 5 − 2, 4| + 5| (d) ||π − 3, 14| + |π − 3, 15||

3. Resolva em R as equações:

(a) |x − 8| = 3 (c) |x2 − 2x| = 1


(b) |2x − 1| = 7 (d) |x2 − 5x| = 6

4. Construa o gráfico das funções f : R → R abaixo:

(a) f (x) = |x| − 3 (c) f (x) = |x − 3| + x + 2


(b) f (x) = |2x − 1| + 2 (d) f (x) = |x + 1| + |x − 1|

43
Capı́tulo 7

Função Exponencial

Definição 7.1. Considere um número real a > 0 e a 6= 1. Uma função f : R → R definida


por f (x) = ax é chamada de função exponencial.

Exemplo 7.1. São exemplos de funções exponenciais:

(a) f (x) = 2x (b) g(x) = π x (c) h(x) = 0, 25x

Proposição 7.1. Seja f : R → R uma função exponencial f (x) = ax . Então:

(a) f (0) = a0 = 1.

(b) Se a > 0, então f é uma função crescente. Isso significa que

x1 < x2 =⇒ f (x1 ) < f (x2 ).

(c) Se 0 < a < 1, então f é uma função decrescente. Isso significa que

x1 < x2 =⇒ f (x1 ) > f (x2 ).


y = 2x
(d) Uma função exponencial sempre é injetora.

(e) A imagem de uma função exponencial é o intervalo (0, +∞).

Exemplo 7.2. Um esboço do gráfico da função exponencial f (x) = 2x pode ser obtido pela escolha
de alguns pontos como na tabela abaixo:
y
8

6
x -2 -1 0 1 2 3
4 x
y=2 0,25 0,5 1 2 4 8
2
x
−2 −1 1 2 3

44
Gráfico de uma Função Exponencial: A forma do gráfico exponencial f (x) = ax depende
apenas do valor de a, conforme descrito abaixo:

Para a > 1: Para a < 1:


y y

x x

f (x + h) − f (x)
Exemplo 7.3. Para uma função exponencial f (x) = ax , podemos calcular um quociente
f (x)
quando y varia de f (x) para f (x + h). Esse quociente é conhecido como taxa de variação relativa.
Dessa forma, temos que

f (x + h) − f (x) ax+h − ax ax · ah − ax ax (ah − 1)


= x
= x
= x
= ah − 1.
f (x) a a a

Aqui ocorre algo muito interessante, para funções exponenciais, a taxa de variação relativa não
depende de x, mas apenas do acréscimo h.
Para exemplificar, tomemos a = 2 e assim, f (x) = 2x . A taxa de variação relativa nesse caso será
denotada por g(h) = 2h − 1. Quando x varia de 0 a 4, temos que

f (0 + 4) − f (0)
g(4) = = 24 − 1 = 15.
f (0)

Já quando x varia de 1000 a 1004, temos que

f (1000 + 4) − f (1000)
g(4) = = 24 − 1 = 15.
f (1000)

Dessa forma, não importa o valor de x em que se começa a medir o acréscimo h, a taxa de variação
relativa dependerá somente do valor de h para funções exponenciais.

Exemplo 7.4. Um número irracional muito importante em Cálculo é indicado pela letra e e definido
pelo limite:
1
e = lim (1 + x) x
x→0
1
O sentido desse limite é que a expressão (1 + x) x torna-se cada vez mais próxima desse número
e à medida que aproximamos o número x de 0. A tabela abaixo sugere um valor para e (com quatro
casas decimais): e ≈ 2, 7183.

45
7.1 Exercı́cios
1. Construa os gráficos cartesianos das seguintes funcōes exponenciais f : R → R (Pode ser usado
o Geogebra):

1 x
(b) f (x) = 10−x (d) f (x) = e−x

(a) f (x) = 3x (c) f (x) = 3

2. Com uso do Geogebra, produza os gráficos das funcōes em R definidas por:

(a) f (x) = 21−x 1 |x| (e) f (x) = e−x


2
(g) f (x) = 2x + 2−x

(c) f (x) = 2
2
(b) f (x) = 2|x| (d) f (x) = ex (f) f (x) = 2x + 1 (h) f (x) = 2x − 2−x

3. Exercı́cio Resolvido: Resolva a equação exponencial:


1
4x =
8

Solução: O princı́pio básico para resolver equações desse tipo é o fato de que a função expo-
nencial é injetora, e dessa forma temos que,

ax = ay ⇔ x = y.

Daı́,
1 1 3
⇔ (22 )x = 3 ⇔ 22x = 2−3 ⇔ 2x = −3 ⇔ x = − .
4x =
8 2 2
Assim, o conjunto solução dessa equação consiste em apenas um ponto: S = {− 32 }.

4. Resolva as seguintes equações exponenciais:



(a) 2x = 128 (d) ( 7 4)x = √1 (g) 8x = 0, 25 (j) 9x = 27
8
1 x
 √ √ x
(b) 125 = 25 (e) 100x = 0, 001 (h) ( 4 3)x = 3 9 (k) 32 = 2, 25
1

(c) 2x = 16
(f) ( 3 2)x = 8 (i) 125x = 0, 04

5. Exercı́cio Resolvido: Resolva as equações:

(a) 73x+4 = 492x−3


Resolução:

73x+4 = 492x−3 ⇔ 73x+4 = 72(2x−3) ⇔ 3x + 4 = 4x − 6 ⇔ 4 + 6 = 4x − 3x ⇔ x = 10.

Portanto, o conjunto solução dessa equação é S = {10}.

46
2
(b) 43x−2 = 4x
Resolução:
2
43x−2 = 4x ⇔ x2 − 3x + 2 = 0 ⇔ x = 1 ou x = 2.

Dessa forma, o conjunto solução dessa equação é S = {1, 2}.

6. Resolva as seguintes equaçōes exponenciais:

1 2x+3
 √
3 2 +1
(a) 53x−1 = 25
(d) 82x+1 = 4x−1 (g) 27x = 95x
2 −1
(b) 112x+5 = 1 (e) 4x = 8x (h) 811−3x = 27
2 −x−16 2 +3x−2 2 −x
(c) 2x = 16 (f) 52x =1 (i) 8x = 4x+1

7. Resolva as equaçōes exponenciais abaixo:

(a) (2x )x−1 = 4 (b) (2x )x−4 = 32 (c) 32x−1 · 93x+4 = 27x+1

8. Resolva as seguintes equações exponenciais:

(a) 3x−1 − 3x + 3x+1 + 3x+2 = 306 (e) 9x + 3x = 90


(b) 5x−2 − 5x + 5x+1 = 505 (f) 52x + 5x + 6 = 0
(c) 23x + 23x+1 + 23x+2 + 23x+3 = 240 (g) 22x + 2x+1 = 80
(d) 4x − 2x − 2 = 0 (h) 102x−1 − 11 · 10x−1 + 1 = 0

9. Classifique em verdadeira (V) ou falsa (F) as seguintes sentenças:


√ √ √ √
(a) 32,7 > 1 (g) (0, 11)−3,4 < (0, 11)4,2 (m) ( 2) 3 < ( 2) 2
 − 35  − 57
(b) 0, 30,2 > 1 (h) (0, 5)1,4 > (0, 5)1,3 (n) √32 < √32

2
(c) π >1 (i) e2,7 > e2,4 (o) 20,4 > 40,3
4 −1·5
−2,3 −1,7 √
(j) 23 > 32

(d) 5
>1 (p) ( 3 3)−0,5 = 27−0,1
7 −0,32
4,3 −1,5
(k) π1 < π1

(e) 5
<1 (q) 81,2 > 41,5

− 3
√ 3 √ 2 √ √
(f) e >1 (l) ( 3 3) 4 > ( 3 3) 3 (r) ( 8)−1,2 > ( 3 4)2,1

10. Exercı́cio Resolvido: Resolva as inequações:

(a) 2x−1 + 2x + 2x+1 − 2x+2 + 2x+3 > 240


Para reolver uma inequação desse tipo, devemos reduzir a uma inequação do tipo ax > ay ,
o que implica em x > y se a > 1 e x < y se 0 < a < 1. Daı́,

47
2x−1 + 2x + 2x+1 − 2x+2 + 2x+3 > 240 ⇔ 2x 2−1 + 2x + 2x 21 − 2x 22 + 2x 23 > 240
1
⇔ 2x ( + 1 + 2 − 4 + 8) > 240
2
x 15
⇔2 · > 240 ⇔ 2x > 64 = 26 ⇔ x > 6.
2
Logo, o conjunto solução desse inequação é S = (6, ∞).
(b) (0, 1)3−4x < 0, 0001
Temos que

1
(0, 1)3−4x < 0, 0001 ⇔ (0, 1)3−4x < (0, 1)4 ⇔ 3 − 4x > 4 ⇔ x < − .
4
E assim, o conjunto solução é S = (−∞, 14 ).

11. Resolva as seguintes inequações exponenciais:


2 −3
(a) 4x > 8 (d) 27x >9 (g) 32x+2 − 3x+3 > 3x − 3
x
(b) 13 > 811
(e) 75x+6 < 1 (h) 4x − 6 + 2x + 8 < 0
x 2 +1
(c) 19 = 243 (f) (0, 01)2x > (0, 001)3x (i) 25x + 6 + 5x + 5 > 0

48
Capı́tulo 8

Composição e Inversão de Funções

Definição 8.1. Dados os conjuntos A, B e C e as funções f : A → B definida por y = f (x)


e g : B → C definida por z = g(y), chama-se função composta de g com f a função
h = (g ◦ f ) : A → C, definida por: z = (g ◦ f )(x) = g(f (x))

Esquematicamente, temos o seguinte diagrama para composição:

f g

x f (x) g(f (x))

g◦f

Proposição 8.1. A composição de funções injetoras é uma função injetora.

Proposição 8.2. A composição de funções sobrejetoras é uma função sobrejetora.

Definição 8.2. Seja A um conjunto não vazio. A função IA : A → A dada por IA (x) = x é
chamada de função identidade de A. Quando for possı́vel, podemos denotar IA simplesmente
por I.

Definição 8.3. Uma função f : A → B é a função inversa de g : B → A se f ◦ g = IB e


g ◦ f = IA .


Exemplo 8.1. A função f : [0, +∞) → [0, +∞) dada por f (x) = x é a função inversa de g :
[0, +∞) → [0, +∞) dada por g(x) = x2 .

49
Podemos ver que

(f ◦ g)(x) = f (g(x)) = f (x2 ) = x2 = x ∀x ∈ [0, +∞).

e
√ √
(g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g( x) = ( x)2 = x ∀x ∈ [0, +∞).

Teorema 8.1. Uma função f : A → B possui inversa se, e somente se é bijetora.

8.1 Exercı́cios
1. Sejam as funções reais f e g definidas por f (x) = x2 − x − 2 e g(x) = 1 − 2x.

(a) Obtenha as leis que definem f ◦ g e g ◦ f .


f (1 − 2x) = (1 − 2x)2 − (1 − 2x) − 2 = 4x2 − 2x − 2
g(x2 − x − 2) = 1 − 2(x2 − x − 2) = −2x2 + 2x + 5
(b) Calcule (f ◦ g)(−2) e g ◦ f )(−2).
(f ◦ g)(−2) = 4(−2)2 − 2(−2) − 2
(g ◦ f )(−2) = −2(−2)2 + 2(−2) + 5 = −7
(c) Determine os valores do domı́nio da função f ◦ g que produzem imagem 10.
(f ◦ g)(x) = 10 ⇔ 4x2 − 2x − 2 = 10 ⇔ 4x2 − 2x − 12 = 0 ⇔ x = 2 ou x = − 23

2. Sejam as funções reais f e g definidas por f (x) = x2 − 4x + 1 e g(x) = x2 − 1. Obtenha as leis


que definem f ◦ g e g ◦ f .
(f ◦ g)(x) = f (g(x)) = f (x2 − 1) = (x2 − 1)2 − 4(x2 − 1) + 1 = x4 − 6x2 + 6
(g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(x2 − 4x + 1) = (x2 − 4x + 1)2 − 1 = x4 − 8x3 + 18x2 − 8x

3. Sejam as funções reais f e g, definidas por f (x) = 2 e g(x) = 3x − 1. Obtenha as leis que
definem f ◦ g e g ◦ f

(a) f ◦ g (b) g ◦ f (c) f ◦ f (d) g ◦ g

a) (f ◦ g)(x) = f (g(x)) = 2 pois f é constante


b) (g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(2) = 3 · 2 − 1 = 5
c) (f ◦ f )(x) = f (f (x)) = 2 pois f é constante
d) (g ◦ g)(x) = g(g(x)) = g(3x − 1) = 3(3x − 1) − 1 = 9x − 4

4. Considere a função definida por f (x) = x3 − 3x2 + 2x − 1. Determine a lei que define:

1

(a) f1 (x) = f (−x) (b) f2 (x) = f x
(c) f3 (x) = f (x − 1)

(a) f1 (x) = f (−x) = (−x)3 − 3 (−x)2 − 2x − 1 = −x3 − 3x2 − 2x − 1

50
1 1 3 1 2 1 1 3 2
  
(b) f2 (x) = f x
= x
−3 x
+2· x
−1= x3
− x2
+ x
−1
(c) f3 (x) = f (x − 1) = (x − 1)3 − 3 (x − 1)2 + 2 (x − 1) − 1 = x3 − 6x2 + 11x − 7

5. Dadas as funções reais definidas por f (x) = 3x + 2 e g(x) = 2x + a, determine o valor de a de


modo que se tenha f ◦ g = g ◦ f .
(f ◦ g)(x) = f (g(x)) = f (2x + a) = 3(2x + a) + 2 = 6x + 3a + 2
(g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(3x + 2) = 2(3x + 2) + a = 6x + 4 + a
(f ◦ g)(x) = (g ◦ f )(x) ⇔ 
6x
 + 3a + 2 =  + 4 + a ⇔ 3a − a = 4 − 2 ⇔ a = 1
6x

6. Sejam f (x) = x − 1 e g(x) = 2x2 − 5x + 3. Determine os domı́nios das funções f ◦ g e g ◦ f .

(f ◦ g)(x) = 2x2 − 5x + 2, x ∈ (−∞, 12 ] ∪ [2, ∞)

(g ◦ f )(x) = 2x − 5 x − 1 + 1, x ≥ 1

x+1
7. Sejam as funções f (x) = x−2
, definida para todo x real e x 6= 2, e g(x) = 2x + 3, definida para
todo x real. Forneça:

2x+4
(a) o domı́nio e a lei que define f ◦ g; (f ◦ g)(x) = 2x+1
,x 6= − 12
5x−4
(b) 0 domı́nio e a lei que define g ◦ f . (g ◦ f )(x) = x−2
,x 6= 2

8. Sejam as funções reais f (x) = 2x + 1, g(x) = x2 − 1 e h(x) = 3x + 2. Obtenha a lei que define
(h ◦ g) ◦ f . g(f (x)) = 4x2 + 4x
((h ◦ g) ◦ f )(x) = h(g(f (x))) = h(4x2 + 4x) = 3 (4x2 + 4x) + 2 = 12x2 + 12x + 2

9. Sejam as funções reais f (x) = 1 − x, g(x) = x2 − x + 2 e h(x) = 2x + 3. Obtenha a lei que


define h ◦ (g ◦ f ).
g(f (x)) = x2 − x + 2
((h ◦ g) ◦ f )(x) = h(g(f (x))) = h(x2 − x + 2) = 2x2 − 2x + 7

10. Dadas as funções reais definidas por f (x) = 2x + 7 e (f ◦ g)(x) = x2 − 2x + 3, determine a


expressão de g(x). (f ◦g)(x) = x2 −2x+3 ⇔ f (g(x)) = x2 −2x+3 ⇔ 2g(x)+7 = x2 −2x+3 ⇔
x2 − 2x − 4
g(x) =
2
11. Determine se as funções abaixo são injetoras:

(a) f (x) = 4 − 2x (c) f (x) = 1 − x2


√ 1
(b) f (x) = x (d) f (x) =
x

12. Determine as funções inversas, bem como o domı́nio e a imagem dessas funções.

3
(a) f (x) = 3x − 2 (d) f (x) = x + 4.

(b) f (x) = 9 − x

(c) f (x) = x + 1 (e) f (x) = 1/x2 , para x > 0 .

51
x−5 x+1
(f) f (x) = . (h) f (x) =
3 x−2
5
(g) f (x) = (i) f (x) = 1 + x2 , para x ≥ 0.
x+1

13. Uma piscina com 10m de comprimento, 5m de largura e 2 m de profundidade contém apenas
10m3 de água. Uma bomba com vazão de 2,5m3 /h é usada para encher a piscina.

(a) Escreva a função v(h) que fornece o volume da piscina (em m3 ), em relação à altura do
nı́vel d’água (em m).
(b) Escreva a inversa da função do item anterior, ou seja, a função h(v) que fornece a altura
do nı́vel d’água em relação ao volume de água da piscina, v (em m3 ).
(c) Escreva a função v(t) que fornece o volume da piscina em relação ao tempo, em horas,
contado a partir do momento em que a bomba é ligada.
(d) Escreva a função h(t) que fornece o nı́vel d’água da piscina em relação ao tempo.
(e) Determine o instante em que a piscina estará suficientemente cheia, o que ocorrerá quando
seu nı́vel d’água atingir 1,8m.

14. Como empregado de uma loja de roupas, você ganha R$ 50,00 por dia, além de uma comissão
de cinco centavos para cada real que consegue vender. Assim, seu rendimento diário é dado
pela função f (x) = 50 + 0, 05x.

(a) Determine a inversa de e descreva o que a inversa representa.


(b) Determine quantos reais você deve vender em um único dia para receber R$ 80,00 de
remuneração pelo trabalho desse dia.

15. Use a propriedade das funções inversas para mostrar que g é a inversa de f e vice-versa.

3x − 1 5y + 1 1 1
(a) f (x) = e g(y) = . (c) f (x) = e g(y) = .
5 3 x y
√ √
(b) f (x) = 3 x e g(y) = y 3 . (d) f (x) = 2 − x5 e g(y) = 5
2 − y.

52
Capı́tulo 9

Função Logarı́tmica

Logarı́tmo é um expoente. Mais precisamente, suponha que queremos saber a solução da equação
exponencial 2x = 3. Sabemos que 21 = 2 e 22 = 4 e sendo a função exponencial x 7→ 2x crescente,
segue que x é um expoente que deve estar entre 1 e 2. Ocorre que esse número é escrito como sendo
x = log2 3, significando que log2 3 é o expoente que devemos elevar ao número 2 para resultar em 3.
Usando uma calculadora cientı́fica, temos que

x = log2 3 = 1, 584962 · · ·

Tomando x pelo seu valor aproximado 1, 58496, obtemos 21,58496 = 2.9999947999.

Definição 9.1. Sendo a e b números reais e positivos, com a 6=1, o logaritmo de b na base
a é o expoente que se deve dar à base a de modo que a potência obtida seja igual a b. Em
sı́mbolos, temos que
loga b = x ⇔ ax = b.

Exemplo 9.1. Segue da definição acima que:

ˆ log2 16 = 4, pois 24 = 16.

ˆ log5 1
25
= −2, pois 5−2 = 1
25
.
1 √
ˆ log81 3 = 14 , pois 81 4 = 4
81 = 3.

Proposição 9.1. Segue da definição de logarı́tmo que:

(a) loga 1 = 0. (c) aloga b = b.

(b) loga a = 1. (d) loga ab = b.

Observação: Na definição de logarı́tmo, a base a pode assumir diferentes valores. Entretato, ao


longo da história da Matemática, duas bases de logarı́tmos ganharam destaque:

53
Sistema de logaritmos decimais: É o sistema de base 10, também chamado sistema de logaritmos
de Briggs, referência a Henry Briggs, matemático inglês (1556-1630), quem primeiro destacou a
vantagem dos logaritmos de base 10, tendo publicado a primeira tábua (tabela) dos logaritmos
de 1 a 1 000 em 1617. É importante esclarecer que as tábuas de logarı́tmos eram usadas como
“calculadoras’ da época, sendo usado em astronomia e navegação. Indicaremos o logaritmo
decimal pela notação log10 x ou simplesmente log x, como aparecem nas calculadoras cientı́ficas.

Sistema de logaritmos neperianos É o sistema de base e(e = 2, 71828... é um número irracio-


nal), também chamado de sistema de logaritmos naturais. O nome neperiano vem de John
Napier, matemático escocês (1550-1617), autor do primeiro trabalho publicado sobre a teoria
dos logaritmos. O nome “natural” se deve ao fato de que no estudo dos fenômenos naturais
geralmente aparece uma lei exponencial de base e. O logaritmo neperiano é denotado atual-
mente como ln para abreviar a notação loge . Esse logaritmo e também o número e aparecem
nas calculadoras cientı́ficas e é largamente usado nas ciências.

As calculadoras trazem os logaritmos decimal e o natural. Então podemos nos perguntar, como
podemos calcular logaritmos que estejam em outras bases? A resposta é, mude de base, conforme o
que se estabelece na próxima proposição.

Proposição 9.2. Sejam a, b, c números positivos e a e c diferentes de 1. Então:


logc b
loga b = .
logc a

Para c = 10 ou c = e, essa proposição fica:


log b ln b
loga b = e loga b = .
log a ln a
Assim, usando logaritmo na base 10 e a calculadora, temos que
log 3
log2 3 = ≈ 1, 5849625,
log 2

com 7 casas decimais. Observe que 21,5849625 = 2.9999999985 ≈ 3

Definição 9.2. Considere um número real a > 0 e a 6= 1. Uma função logarı́tmica é uma
função f : (0, +∞) → R definida por f (x) = loga x.

Observe que o domı́nio da função logarı́tmica é o conjunto dos números reais positivos, ou seja
x > 0. Não se calcula logaritmo de números negativos e nem de 0.
Lembre-se que loga x = y equivale a equação exponencial ay = x.

54
Exemplo 9.2. São funções logarı́tmicas:

1. f (x) = log2 x 2. g(x) = log0 , 5x 3. h(x) = ln x

Proposição 9.3. Valem as seguintes propriedades:

(a) A função f : (0, +∞) → R dada por f (x) = loga x e a função g : R → (0, +∞) dada por
g(x) = ax são funções inversas. Assim

f (g(x)) = loga (ax ) = x e g(f (x)) = aloga x = x.

(b) A função logarı́tmica f : (0, +∞) → R, f (x) = loga x, é crescente se a > 1 e decrescente se
0 < a < 1.

(c) O gráfico de f (x) = loga x pode ser obtido do gráfico de g(x) = ax através de uma reflexão em
torno da reta y = x, assumindo uma das seguintes formas:

Proposição 9.4. Sejam x, y e a números reais positivos, com a 6= 1. Então as seguintes propriedes
são válidas:

(a) loga (x) + loga (y) = loga (xy).


 
(b) loga (x) − loga (y) = loga xy .

(c) loga (xk ) = k loga (x), onde k é qualquer número real.

(d) x = y ⇔ loga (x) = loga (y)

55
9.1 Exercı́cios
1. Calcule o valor dos seguintes logaritmos:

(a) log4 16 (d) log0,25 8 (g) log25 0, 008 (j) log2 2
1

(b) log7 7
(e) log81 3 (h) log 1 32 (k) log√8 32
4

1 1
(c) log9 27
(f) log125 25 (i) log0,01 0, 001 (l) log √
4
3

3
3

2. Usando as propriedades de logaritmos, calcule:

(a) 3log3 2 (d) 8log4 5 (g) 81+log2 3



(b) 4log2 3 (e) 21+log2 5 (h) 92−log3 2

(c) 5log25 2 (f) 32−log3 6 (i) e5 ln 3

3. Desenvolva, aplicando as propriedades dos logaritmos (a, b e c são números reais positivos)
 5a   ab2   a2 √b 
(a) log5 (b) log3 (c) log2 √
bc c 3
c

4. Se log 2 = a e log 3 = b, coloque em função de a e b os seguintes logaritmos decimais

(a) log 6 (c) log 12 (e) log 0, 5 (g) log 5



(b) log 4 (d) log 2 (f) log 20 (h) log 15

5. Esboce o gráfico de cada uma das funções:


a) f (x) = log3 x b) f (x) = log 1 x
3

6. Determine o domı́nio da função f (x) = log5 (3x − 6).

7. Resolva as seguintes equações:

(a) 5x = 4 (e) 32x+1 = 2


(b) 52x−3 = 3 (f) 2x = 3x+2
1
(c) 3x = 2
(g) log4 (3x + 2) = log4 (2x + 5)

x
(d) 7 =2 (h) log0,5 (5x − 6) = log0,5 (3x − 5)

8. Resolva as seguintes inequações logarı́tmicas.

(a) log5 (3x − 1) > 1 (c) log8 (2x − 4) ≤ 0


(b) log2 (x − 10) < 2 (d) log(x2 + 1) > log(2x)

56

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