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U N I V E R SI D A D E A B E R TA D O B R A SI L
LICENCIATURA EM
MATEMÁTICA
LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
Reinaldo de Marchi
2
Conteúdo
1 Conjuntos 6
1.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4 Função Afim 31
4.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5 Função Quadrática 34
5.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6 Função Modular 39
6.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
7 Função Exponencial 44
7.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
9 Função Logarı́tmica 53
9.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3
Introdução
Essas fascı́culo é referente à disciplina Fundamentos de Matemática III: Números e Funções, com
carga horária de 64 horas. A ementa da disciplina é a seguinte:
Observação: Embora não apareça na ementa, vamos estudar também funções polinomiais usando
o volume 6 do livro Fundamentos de Matemática Elementar referenciado abaixo.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
LIMA, Elon Lages . A matemática do ensino médio. Volume 1, 8ª Edição. Rio de Janeiro:
SBM, 2005.
SAFIER, Fred. Teoria e Problemas de pré-cálculo Trad. Adonai S. Sant’anna Editora Bookman
Porto Alegre – RS 2003.
SOUZA, Maria Helena Soares & SPINELLI, Walter – Vol. I – 2º Grau – Ed. Scipione.
MEDEIROS, Valéria Zuma. Pré-cálculo. 4. ed. São Paulo: Pioneira Thompson, 2006.
4
Porque estudar números e funções?
Ao longo dos anos a humanidade foi ampliando seus conhecimentos para uso direto em sua vida
cotidiana e promovendo várias ciências. A Matemática surge com esse desenvolvimento, e hoje
podemos usar muitas tecnologias devido esses avanços.
Quando contamos ou medimos, estamos usando números. Esses processos de contar e medir
fazem parte do cotidiano atual e de nossos antepassados, sendo muito necessário para nossa vida
em sociedade. De modo genérico, podemos afirmar que a Matemática estuda números e formas. As
formas fazem parte de Geometria e perceba que a origem da palavra geometria é geo que é terra,
e metria que significa medida. Desde antigamente o homem estava preocupado em medir a terra, e
por consequência, desenvolveu a Matemática.
Já o estudo de funções como conhecemos é mais moderno e é importante para relacionarmos
grandezas entre si. O Cálculo tem como objeto de estudo as funções reais e essa disciplina é, de certo
modo, um curso de pré-Cálculo. Dessa forma, estudar funções nos possibilita a ler livros, artigos e
publicações atuais em Matemática.
Esse fascı́culo não substitui os livros. Todo estudante precisa estudar as referências bibliográficas
para aprofundamento dos assuntos apresentados aqui. Em um curso de graduação se aprende a
estudar e cada pessoa escolhe a melhor forma para esse fim e o professor é um agente facilitador
nessa etapa.
Bons estudos!
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Capı́tulo 1
Conjuntos
Noções Básicas sobre Conjuntos: Conjunto, elemento e relação de pertinência são noções primi-
tivas em Matemática e portanto, não são definidos. Se A designa um conjunto e x é um elemento,
dizemos que x pertence a A, e descrevemos essa relação de pertinência por meio da simbologia ma-
temática x ∈ A. Quando o elemento x não está no conjunto A, escrevemos o sı́mbolo x ∈
/ A, lido
como x não pertence a A.
Exemplo 1.2. O conjunto dos números naturais N pode ser escrito como
Os três pontos · · · , chamado de reticências, significa que o padrão estabelecido antes dos pontos con-
tinua indefinidamente. Tal conjunto é o que nos possibilita a contagem de objetos e suas propriedades
serão estudadas mais adiante.
Definição 1.1. Em geral, dizemos que um conjunto com certos elementos está bem definido
quando:
ii) além disso, existe a possibilidade de verificar se um elemento qualquer, dado ao acaso,
pertence ou não ao conjunto.
Exemplo 1.3. O conjunto dos números naturais pares está bem definido, pois podemos classificar
os números naturais que são pares e os que não são. É claro também que qualquer outro objeto que
não seja um número natural não pode ser elemento desse conjunto. Esse conjunto pode ser listado
como
{2, 4, 6, 8, 10, · · · }
6
Exemplo 1.4. Nosso alfabeto é composto por 27 letras, classificadas como vogais e consoantes. O
conjunto das vogais está bem definido, sendo especificamente:
{a,e,i,o,u}.
{b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,y,z}.
Exemplo 1.5. O conjunto dos triângulos retângulos é um conjunto bem definido. Dado um objeto,
podemos dizer se ele é triângulo ou não e se esse objeto for triângulo, podemos verificar se algum
de seus ângulos internos é reto. Em caso positivo, o triângulo é retângulo, caso contrário, ou seja,
nenhum de seus ângulos internos é reto, então esse objeto não é um triângulo retângulo.
{x : x é um quadrado} ⊂ {x : x é um retângulo}.
Também, se denotarmos por A o conjunto dos números naturais pares, então segue que A ⊂ N.
P ⇒ Q é equivalente a A ⊂ B.
Exemplo 1.7. Suponha que A é o conjunto dos números naturais múltiplos de 4. A propriedade P
que caracteriza o conjunto A é a seguinte:
ou seja, o conjunto B é o conjunto dos números naturais pares e um número é par se é múltiplo de
2. Como 4n = 2(2n), concluı́mos que todo número múltiplo de 4 também é múltiplo de 2, em outras
palavras, P =⇒ Q. Portanto, temos a validade da inclusão
A ⊂ B.
Vale observar que B 6⊂ A pois existem elementos de B, por exemplo 6, satisfazendo 6 ∈ B mas 6 ∈
/ A.
7
Definição 1.3 (Igualdade de Conjuntos:). Dois conjuntos A e B são iguais se eles pos-
suem os mesmos elementos.
Definição 1.4 (Conjunto Vazio). Chama-se conjunto vazio aquele que não possui elemento
algum. O sı́mbolo usual para o conjunto vazio é ∅.
Por exemplo,
{x : x 6= x} = ∅, {x ∈ N : 2 · x = 1} = ∅.
Por exemplo, se considerarmos U = N o conjunto universo para buscarmos solução para a equação
2 · x = 1,
vamos concluir que essa equação não possui solução nesse conjunto universo. Entretanto, se conside-
1
rarmos o conjunto U = Q, ou seja, o conjunto dos números racionais, teremos a solução x = 2
para
a equação e poderemos escrever
1
{x ∈ Q : 2 · x = 1} =
2
Proposição 1.1 (Propriedades da Inclusão de Conjuntos). Temos que valem as seguintes proprie-
dades básicas:
c) Se A ⊂ B e B ⊂ A, então A = B
O item c) anterior é muito usado quando se deseja demonstrar que dois conjuntos são iguais.
8
Definição 1.6. União de Conjuntos: A união dos conjuntos A e B, denotada por A ∪ B,
é o conjunto de todos os objetos que são membros de A, ou B, ou ambos.
A ∪ B = {x : x ∈ A ou x ∈ B}
Em um esquema conhecido por diagrama de Venn, podemos representar a união pelas regiões
sombreadas:
A B
A ∩ B = {x : x ∈ A e x ∈ B}
A B
A ∪ B = {2, 4, 5, 6, 7}
e
A ∩ B = {4, 6}
As operações de união e interseção de dois conjuntos têm algumas propriedades que são seme-
lhantes à adição e multiplicação de números. Por, vamos verificar que A ∪ B = B ∪ A:
A ∪ B = {x : x ∈ A ou x ∈ B}
= {x : x ∈ B ou x ∈ A}
=B∪A
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Proposição 1.2 (Propriedades da União e Interseção de Conjuntos). Sejam A, B e C conjuntos
quaisquer. Então:
S T
1) A ∪ ∅ = A 1) A ∩ ∅ = ∅
S T
2) A ∪ A = A 2) A ∩ A = A
S T
3) A ∪ B = B ∪ A 3) A ∩ B = B ∩ A
S T
4) (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C) 4) (A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C)
S T
5) A ⊂ B ⇒ A ∪ C ⊂ B ∪ C 5) A ⊂ B ⇒ A ∩ C ⊂ B ∩ C
S T
6) A ∪ B = A ⇔ B ⊂ A 6) A ∩ B = A ⇔ A ⊂ B
A − B = {x : x ∈ A e x ∈
/ B}
A B
Ac = U − A = {x ∈ U : x ∈
/ A}
U
A
O diagrama de Venn associado
ao complementar Ac é:
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Proposição 1.3. Propriedades Distributivas:
a) A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) b) A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)
a) A ⊂ B ⇔ B c ⊂ Ac d) (Ac )c = A
b) A ∪ Ac = U e) (A ∪ B)c = Ac ∩ B c
c) A ∩ Ac = ∅ f) (A ∩ B)c = Ac ∪ B c
A × B = {(x, y) : x ∈ A e y ∈ B}
Aqui cada elemento (x, y) representa um par ordenado. O termo ordenado é usado porque
(x, y) é para ser entendido como distinto de (y, x) se x 6= y. Pares ordenados (x, y) e (z, w)
são iguais quando x = z e y = w.
A × B = {(1, x), (1, y), (1, z), (2, x), (2, y), (2, z)}.
Definição 1.11. Definição de Função: Sejam X e Y dois conjuntos não vazios. Uma
função f : X → Y (lê-se função f de X em Y ) é definida por uma regra de associação entre
elementos de X e Y que a cada x ∈ X associa um único elemento f (x) em Y , dito imagem
de x por f . O conjunto X é o domı́nio de f enquanto que Y é o contradomı́nio de f .
Observação: Note que não pode haver exceção à regra: todo x ∈ X possui uma imagem f (x) ∈ Y .
Por outro lado, pode existir y ∈ Y que não seja imagem de nenhum x ∈ X. Note também que, dado
x ∈ X, não pode haver ambiguidade com respeito a f (x). Contudo, o mesmo elemento y ∈ Y pode
ser imagem de mais de um elemento de X, ou seja, pode ocorrer f (x1 ) = f (x2 ) com x1 6= x2 .
Exemplo 1.12. Sejam A = {x, y, z} e B = {1, 2, 3}. Então f definida por f (x) = 2, f (y) = 1 e
f (z) = 3 é uma função de A em B. Em um diagrama, temos a representação:
11
Podemos definir uma nova função g : A → B, dada por g(x) = 1, g(y) = 3 e g(z) = 1, esquematizada
pelo diagrama:
Já o diagrama seguinte não representa uma função de A em B por duas razões: primeiro, porque
associa dois valores diferentes para o elemento x e em segundo, não associa qualquer valor para o
elemento y.
12
Exemplo 1.13. Sejam f e g as funções do exemplo 1.12. Temos que
f ({x, z}) = {f (x), f (z)} = {2, 3} e g({x, z}) = {g(x), g(z)} = {1}
Exemplo 1.14. A função f : N → N definida por f (n) = 2n não é sobrejetora, pois o conjunto f (N)
consiste em todos os números pares:
Exemplo 1.15. A função f : Z → N ∪ {0} dada por f (x) = |x| é sobrejetora, onde |x| representa
o valor absoluto (também chamado de módulo) do número x. Temos que f (−1) = | − 1| = 1,
f (0) = |0| = 0, f (2) = 2. Em geral f (x) = x se x ≥ 0 e f (x) = −x se x < 0. Dessa forma, se d ∈ N,
então f (d) = |d| = d, comprovando que f é sobrejetora.
isto é, elementos diferentes no domı́nio devem ter imagens diferentes no contradomı́nio.
Exemplo 1.17. A função f : Z → N ∪ {0} dada por f (x) = |x| não é injetora, pois 1 6= −1 e
f (1) = f (−1) = 1.
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1.1 Exercı́cios
1. Considere os conjuntos A = {t, u, y}, B = {w, x} e C = {x, y, z}. Determine:
(a) A ∩ B (c) B ∪ C (e) A × B (g) A ∪ (B ∩ C)
(b) A ∩ C (d) A − B (f) C × B (h) (A ∪ B) ∩ C
3. Se A ⊂ B e C ⊂ D, demonstre que A ∪ B ⊂ B ∪ D.
6. Dos 1300 alunos de uma escola, 740 gostam de português, 598 gostam de matemática e 180
não gostam de português nem de matemática. Qual a quantidade de alunos que gostam de
português e de matemática? Qual a quantidade de alunos que gostam apenas de matemática?
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Capı́tulo 2
Aqui o sinal de reticências · · · dá a ideia que essa listagem de números continua indefinidamente.
Toda a teoria dos números naturais pode ser deduzida de três axiomas. É importante destacar
que foi devido ao matemático italiano Giuseppe Peano (1858-1932) a constatação de que é possı́vel
elaborar toda a teoria dos números naturais a partir de três fatos básicos, conhecidos atualmente
como os axiomas de Peano.
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Definição 2.1 (Axiomas de Peano:). São dados um conjunto, que se designa pela letra N,
cujos elementos são chamados números naturais, e uma função s : N → N. Para cada n ∈ N,
o número natural s(n) é chamado o sucessor de n. A função s satisfaz os seguintes axiomas:
(ii) N → s(N) consiste de um único elemento, isto é, existe um único número natural que
não é sucessor de outro número natural. Este número, chamado um, é representado
pelo sı́mbolo 1.
A ideia de Peano é que todos os demais números podem ser construı́dos a partir do número 1,
aquele que não é sucessor de qualquer outro número natural. Para isso, basta aplicar repetidamente
a função sucessor, obtendo
1
s(1) = 2
s(s(1)) = 3
s(s(s(1))) = 4
s(s(s(s(1)))) = 5
···
É claro que estamos já usando do lado direito os algarismos hindu-arábicos que é posicional.
Ao longo da história outros algarismos foram usados, com os algarismos romanos e os números
babilônicos com escrita cuneiforme.
Note que um número nesse contexto é a adjunção de unidades. E como se opera com esses
números? Para adicionar 2 e 5, tomamos a série de 5 palitos “depois” da série de 2 palitos (destaque
na ordem desses palitos):
|| + ||||| = |||||||
Na aritmética de Peano, para definir essa operação, nós a decompomos movendo cada palito da
segunda série para a primeira, um por um.
Isto está ligado a duas propriedades essenciais dos inteiros que são a definição por indução (de-
finimos aqui adição por indução no segundo argumento), e o raciocı́nio por indução , o que tornará
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possı́vel demonstrar as propriedades de adição que são mais usuais, como por exemplo, a comutati-
vidade ou associatividade. Contudo, a construção detalhada dos números naturais, suas operações e
propriedades não serão feitas aqui, necessitando de maior abstração.
Definição 2.2. A definição de soma e produto de números naturais é feita por indução
matemática apartir das equações:
m + 1 = s(m)
m·1=m
Adição: m + s(n) = s(m + n) Multiplicação: m · s(n) = s(m · n)
isto é, m + (n + 1) = (m + n) + 1
isto é, m · (n + 1) = m · n + m
Teorema 2.1. O conjunto dos números naturais N possui as operações de adição e multiplicação
que satisfazem as seguintes propriedades:
m+n=n+m e m·n=n·m
(m + n) + p = n + (m + p) e (m · n) · p = n · (m · p)
(m + n) · p = n · p + m · p
A propriedade comutativa nos permite trocar a ordem que efetuamos as operações, sem que o
resultado seja alterado. A propriedade associativa e a distributiva é usada para cálculos mentais.
Exemplo 2.1. Para somarmos (14+7)+23, podemos optar pelo cálculo 14+(7+23) = 14+30 = 44.
Ou, por exemplo, (27 · 5) · 2 = 27 · (5 · 2) = 27 · 10 = 270. Também usamos a distributiva assim:
19 · 11 = (10 + 9) · 11 = 10 · 11 + 9 · 11 = 110 + 99 = 209.
Vale a pena observar que a adição e a multiplicação de números naturais são operações binárias,
no sentido em que tomamos um par de elementos e associamos a um terceiro elemento. Assim, as
operações são representadas pelas funções
A propriedade associativa afirma que as duas possibilidades de operarmos 3 elementos sempre terão
o mesmo resultado. Portanto, podemos dispensar o uso dos parenteses nesses casos.
O Princı́pio da Indução nos permite validar fórmulas e nos possibilita dar definições que envolvam
números naturais. Por essa razão, vamos apresentar uma versão desse princı́pio para ser usado nessas
situações.
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Princı́pio da Indução Matemática: Seja P (n) uma proposição relacionada ao número
natural n. Suponha que
i) P (1) é verdadeira.
Exemplo 2.2. Prove que a seguinte igualdade é sempre válida para qualquer n ∈ N:
P (n) : 1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 1) = n2 .
Vamos usar indução. Para n = 1, P (1) se resume a afirmar que 1 = 12 . Supondo P (n) verdadeira
para um certo valor de n fixado, somamos 2n + 1 a ambos os membros da igualdade acima, obtendo
1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 1) + (2n + 1) = n2 + 2n − 1,
ou seja,
1 + 3 + 5 + · · · + [2(n + 1) − 1] = (n + 1)2 .
Mas esta última igualdade é P (n + 1). Com isso, provamos que P (n) =⇒ P (n + 1). Assim, P (n)
vale para todo n ∈ N. Podemos então afirmar que a soma dos n primeiros números ı́mpares é igual
ao quadrado de n.
Exemplo 2.3. O princı́pio da indução pode ser usado em definições. Por exemplo, para definirmos
a potenciação an com n ∈ N, basta definirmos para n = 1 como a1 = a e para an+1 = an · a. Por
indução, isso fica bem definido para todos os números naturais. Também se define fatorial n! por
indução: 1! = 1 e (n + 1)! = (n + 1) · n!.
Exemplo 2.4. Essa definição de relação de ordem pode parecer estranha, mas ela é bastante natural.
Por exemplo, temos que 4 < 10, pois temos que 10 = 4 + 6 e 6 ∈ N. Assim, 4 é menor que 10 porque
podemos somar um número natural ao 4 para ele completar sua soma em 10.
Os números naturais podem ser usados para contar elementos de um conjunto, dando a eles
caracterı́stica de cardinal.
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Definição 2.4. Denotamos In = {1, 2, · · · , n}. Dizemos que um conjunto X é finito quando
é vazio ou quando existe uma bijeção ϕ : In → X, para algum n ∈ N. No primeiro caso
dizemos que X tem zero elementos, e no segundo caso, dizemos que X tem n elementos e
escrevemos card(X) = n.
X = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97}
obtemos uma contagem que resulta em 25 elementos no conjunto X. Em sı́mbolos, podemos escrever
card(X) = 25.
Z = {· · · , −10, −9, −8, −7, −6, −5, −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, · · · }.
Assim como no conjunto dos números naturais estão definidas as operações de adição e multi-
plicação, além de uma relação de ordem, no conjunto dos inteiros Z também estão definidas adição
+, multiplicação · e relação de ordem < . No que segue, iremos listar nove propriedades básicas que
a adição e multiplicação de inteiros possuem.
Associatividade da Adição: A adição é uma operação associativa, isto é, para todo a, b, c ∈ Z
vale
(a + b) + c = a + (b + c)
Comutatividade da Adição: A adição é uma operação comutativa, ou seja, para quaisquer números
inteiros a e b, temos que
a+b=b+a
Elemento Neutro da Adição: Existe um elemento neutro da soma, denotado por 0. Isso significa
que para todos a ∈ Z, temos
a+0=0+a=a
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Elemento Inverso Aditivo: Todo número inteiro a ∈ Z possui um inverso aditivo x ∈ Z que
satisfaz a + x = x + a = 0. O inverso aditivo de a ∈ Z é denotado por −a. Assim,
a + (−a) = (−a) + a = 0
Associatividade da Multiplicação: A multiplicação é uma operação associativa, isto é, para todo
a, b, c ∈ Z vale
(a · b) · c = a · (b · c)
a·b=b·a
a·1=1·a=a
Não-existência de Divisores de Zero : No conjunto dos números inteiros não existem divisores
de zero. Isto significa que para todo a, b ∈ Z, temos que
a · b = 0 ⇔ a = 0 ou b = 0
a · (b + c) = a · b + a · c
Em Z também existe a operação de subtração, sendo definida por a − b = a + (−b). Já a operação
de divisão não pode ser feita entre quaisquer dois inteiros, tendo em vista que isso gera frações que
são números racionais. Entretanto, no conjunto dos números inteiros existe uma divisão que com
resto menor possı́vel, conhecida como divisão euclidiana. Por exemplo, 14 = 3 · 4 + 2 é uma divisão
de 14 por 3, que resulta em 4 com resto 2.
A relação de ordem em Z é definida assim: dados m, n ∈ Z, dizemos que m é menor do que n, e
escrevemos m < n, quando n − m ∈ N.
20
3. Monotonicidade: Se m < n então, para qualquer p, temos que m + p < n + p e supondo
p > 0, temos que mp < np.
Exemplo 2.6. Com essas propriedades, é possı́vel resolvermos equações do tipo x + n = m com
x, n, m ∈ Z, sendo a resposta a solução única x = m − n. Observe que o método para resolvermos
essa equação é a seguinte: Somamos (−n) em ambos os membros da equação x + n = m usando as
propriedades associativa, elemento inverso e elemento neutro, obtemos:
2.3 Exercı́cios
1. Demonstre que para quaisquer números naturais m, n vale sempre a igualdade m + n = n + m.
7. Seja a ∈ Z. Temos
21
Capı́tulo 3
22
Teorema 3.1. O conjunto numérico Q com a adição e multiplicação possui as seguintes propriedades:
(a) A adição em Q é associativa, comutativa, possui elemento neutro e existe o simétrico aditivo
para todos os elementos de Q.
(b) A multiplicação em Q é associativa, comutativa, possui elemento neutro e todo elemento não
nulo tem um inverso multiplicativo.
7
Todo número racional pode ser escrito em notação decimal. Por exemplo, 2
= 3, 5 tem uma
4
representação decimal finita. Já o número 3
também pode ser escrito em notação decimal, contudo
4
será uma representação infinita: 3
= 1, 333 · · · , aqui as reticências significando que esse padrão se
4
repete infinitamente. Outra possı́vel notação é 3
= 1, 3̄.
De maneira geral, uma representação decimal é uma expressão do tipo
r = a0 , a1 a2 a3 . . . ,
onde a0 é um número inteiro, e a1 , a2 , a3 , . . . são dı́gitos. Existem representações decimais que são
finitas, como por exemplo:
1 17 6641
= 0, 5 = 2, 125 = 5, 3128
2 8 1250
Existem representações decimais que são finitas e com repetição, chamadas de dı́zimas periódicas,
como por exemplo:
7 637 1
= 0, 7 = 6, 43 = 0, 142857
9 99 7
Proposição 3.1. Todo número racional pode ser representado por um número decimal exato ou
uma dı́zima periódica. Reciprocamente, números decimais exatos ou dı́zimas periódicas podem ser
representados por números racionais.
√
Existem números que não são racionais, por exemplo 2. Os números reais que não são racionais
√
são chamados de números irracionais. A representação de 2 não é periódica, sendo
√
2 = 1, 414213562373095048801688724209698078569671 . . .
√
Vale observar que 2 representa a medida da diagonal de um quadrado de lado 1. Logo, existem me-
didas que não são números racionais e que precisam ser considerado para podermos medir grandezas.
O conjunto R é o conjunto numérico que nos permite associar medidas em geral e ele é constituı́do
por duas classes de números: os racionais e os irracionais.
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3.2 Conjunto dos números reais
Axioma 3.1. R é um corpo ordenado. Dizer que R é um corpo significa que nele estão definidas duas
operações :adição (sı́mbolo +) e multiplicação (sı́mbolo ·, ou justaposição) satisfazendo as seguintes
propriedades:
Adição Multiplicação
A1 ) x + y = y + x, ∀x, y ∈ R M1 ) x · y = y · x, ∀x, y ∈ R
A2 ) (x + y) + z = x + (y + z) ∀x, y, z ∈ R M2 ) (x · y) · z = x · (y · z) ∀x, y, z ∈ R
Distributiva
D) x · (y + z) = x · y + x · z ∀x, y, z ∈ R
Vale observar que o conjunto dos números racionais Q também é um corpo ordenado. Entretanto,
em tal conjunto não é possı́vel definir uma importante operação chamada de radiciação, denotada
√
por n a, sendo possı́vel em R.
Proposição 3.3 (Produtos Notáveis:). Fazendo uso das propriedades dos números reais, e obser-
vando que x2 = x · x e x3 = x · x · x, obtemos as seguintes identidades:
24
Definição 3.2 (Potenciação com expoente em Z). Para definirmos a potenciação com
expoente inteiro, separamos em três casos:
Para m ∈ Z, com m < 0, podemos escrever m = −n, com n ∈ N. Daı́, definimos para
todo x ∈ R − {0}
1
x−n =
xn
Se x ∈ R − {0}, definimos x0 = 1. A expressão 00 não é definida.
(a) 34 = 3 · 3 · 3 · 3 = 81 (e) 17 = 1
3 0
1 1 1 1 1 2
(b) = · · = (f) =1
2 2 2 2 8 3
(c) (−1)10 = 1 (g) (−1)13 = −1
(d) 07 = 0
(e) (−2)1 = −2
4
1 (−1)4 1
(f) − = 4
=
3 3 81
3
3 (−3)3 −27 27
(g) − − = −1 · 3
= −1 · =
2 2 8 8
(h) (−4)0 = 1
25
Definição 3.3 (Potenciação com expoente em Q). Dados um número real a ≥ 0 e um
número natural n, é possı́vel demonstrar que existe sempre um número real b ≥ 0 tal que
√
bn = a. Esse número b é chamado raiz enésima de a e indicaremos pelo sı́mbolo n a, em que
a é chamado radicando e n é o ı́ndice.
m
Para um expoente racional r = n
, definimos para x ∈ R, x ≥ 0 a potência
m √
xr = x n = n
xm
3 3 3
(a) 9 2 = (32 ) 2 = 32 2 = 33 = 27
1
(b) 81−0,25 = (34 )−0,25 = 34(−0,25) = 3−1 =
3
4 √
3
√
(c) 8 3 = 84 = ( 3 8)4 = 24 = 16
5 5 5
(d) 256 4 = (28 ) 4 = 28· 4 = 210 = 1024
1 1 √ 1 1
(e) (343−2 ) 3 = (343 3 )−2 = ( 3 343)−2 = 7−2 = 2 =
7 49
2 2 2 1 1 1
(f) 64− 3 = (26 )− 3 = 26·(− 3 ) = 2−4 = 4
= 4 =
2 2 16
26
3.3 Exercı́cios
1. Classifique os itens em verdadeiro ou falso:
2 5 16 23 42
(a) (b) (c) (d) (e)
5 3 25 99 90
(a) 0,43 (b) 0,07 (c) 2,454 (d) 13,13 (e) 3,1415
(a) 0, 888 . . . (b) 0, 242424 . . . (c) 2, 555 . . . (d) 0, 7222 . . . (e) 0, 62555 . . .
5. Calcule:
(a) 20% de 400 (b) 32% de 500 (c) 220% de 80 (d) 7% de 300 (e) 55% de 650
2 1 1
3 1 3 2 1 12
(a) + · (e) − + − − +
5 7 5 4 2 4 4 12 5
( " 2 # )
1 2 2 2
2
1
1 1 5 1 1
(b) + − (f) + − − − − −
4 5 5 3 3 2 3 12 3 4
" 2 #
2
2 1 3 7 7 2 1 5 1
(c) + − 2+ − (g) − − − +
3 7 7 3 4 3 2 3 3
3 2 1 1 7 3 2 3 1 5
(d) + − − − (h) + + + −
4 5 2 5 10 5 4 7 7 7
Respostas
3 1 5 3 139 1 1 67
(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h)
7 4 7 20 60 4 6 70
27
(a) 32,7+1,743+3,7 (c) 37, 4213 + 92, 7 (e) 0, 054 + 0, 0001 (g) 32, 7 − 17, 43
(b) 57,34+0,753 (d) 473, 15 + 0, 32411 (f) 0, 32+0, 21+0, 15 (h) 57, 34 − 7, 35
9. Calcule:
2 3 i3 4 2
(a2 · b3 ) · (a3 · b4 )
h
(a) (a2 · b3 ) · (a3 · b2 ) (c) (a3 · b2 )
2
(e)
(a3 · b2 )3
3 5
(a4 · b2 ) a4 · b 3
(b) (d) a2 − b 2
(f)
(a · b2 )2 a2 · b a−b
11. Calcule:
28
3 5 2
(a) 9 2 (e) 256 4 (i) (243−2 ) 3
1 2
(b) 81−0,25 (f) (343−2 ) 3 (j) 64− 3
− 1 5 25
−0,4
(c) (322 ) (g) 14 2 (k) 16 4
4 1 1
(d) 8 3 (h) 1024 10 (l) (2162 ) 3
2 1
5
+ 2
14. Escreva a expressão 2 + 1 3 como quociente de dois inteiros.
10
+ 15
(a) −(3x + 23 )2 + 5
2
(b) −3(x − 21 )2 + 31
4
(c) −3(x + 12 )2 + 31
4
(d) −3(x + 1)2 + 10
(a) (2, 3] (b) [2, 4] (c) (1, 5) (d) [1, 5] (e) [2, 3)
5 x 5x + 10 2x + 10 2 1
(a) + (d) − (g) −
x−1 x−1 2x − 1 2x − 1 x+2 x−2
2x − 1 1 − x 4 3 x 1
(b) + (e) − 2 (h) 2 −
x+3 x+3 x x x +x−2 x+2
2x 1 − 3x 5 3 5 3
(c) 2 − 2 (f) + (i) +
x +2 x +2 x−1 x x−3 3−x
23
√
(a) [−3, 2] ∪ [1, 4] (c) (−4, 0) ∩ (−5, 1) (e) [1, 10 ) ∪ ( 75 , 2)
(b) [4, 6] ∪ [8, 11] (d) [2, 4) ∪ (4, 7) (f) (−∞, −1) ∪ (−3, +∞)
19. Classifique cada uma das sentenças abaixo como verdadeira ou falsa:
√ √
(a) |8| = 8 (c) | − 8| = 8 (e) | 5−2| = 5−2 (g) |π − 3, 14| = 0
√ √
(b) |0| = −0 (d) | 2−2| = 2−2 (f) |π − 3| = π − 3 (h) | − x| = x
(3 + h)2 − 9 x3 − 27 (x + 2)3 − 8
(a) (b) (c)
h x−3 x
29
(a) 5(x − 2) = 4x + 6 (d) −3x + 1 = −8 (g) −3(x + 2) = −6
(b) −4(4 − x) = 2(x − 1) (e) 3(x − 5) = 2 (h) 0, 1(x − 2) + 0, 5x = 0, 7
(c) −2x = −6 (f) 2(x + 1) = 2 (i) 0, 4(x + 3) − 0, 2x = 4
22. O lucro mensal de uma empresa é dado por L = 50x–2000, em que x é a quantidade mensal
vendida de seu produto. Qual a quantidade que deve ser vendida mensalmente para que o lucro
mensal seja igual a R$ 5000,00?
23. Um capital de R$600,00, aplicado à taxa de juros simples de 30% ao ano, gerou um montante
de R$1320,00, depois de certo tempo. O tempo de aplicação foi de quantos anos?
Observação: Para maiores detalhes sobre o conjunto dos números reais e sua representação geométrica,
veja o Capı́tulo 4 do livro ”A matemática do ensino médio”, Volume 1 do Prof. Elon Lages Lima.
30
Capı́tulo 4
Função Afim
Exemplo 4.1. Temos que f (x) = 3, ∀x ∈ R é uma função afim que é constante. A função
g(x) = 2x, ∀x ∈ R é uma função afim que é linear.
Proposição 4.1. O gráfico de uma função afim é uma reta. Mais precisamente, dada a função
f : R → R com f (x) = ax + b, temos que o subconjunto do plano cartesiano
é uma reta.
Exemplo 4.2. Temos que o gráfico da função f (x) = 2x + 1, x ∈ R, pode ser traçado com dois
pontos quaisquer, tendo em vista que por dois pontos distintos, passa uma única reta. Calculando
f (0) = 2 · 0 + 1 = 1 e f (1) = 2 · 1 + 1 = 3, temos os pontos (0, 1) e (1, 3) no gráfico de f . Daı́:
4 y
x
−1 −0.5 0.5 1 1.5
−1
31
Definição 4.2. O zero de uma função real f , ou também chamado a raı́z de uma função
real f é um número x do domı́nio de f tal que f (x) = 0. Assim, sendo f : D → R, temos
que x ∈ D é zero de f se f (x) = 0.
Exemplo 4.3. Para a função afim f : R → R, f (x) = ax + b com a 6= 0, temos que f tem um único
zero dado por x = −b/a.
Proposição 4.4. Para a função afim f : R → R, f (x) = ax + b com a 6= 0, temos que o seguinte
estudo de sinal:
4.1 Exercı́cios
1. Obtenha a equação da reta que passa pelos pontos:
3. Obtenha a equação da reta com coeficiente angular igual a −1/2 e passa pelo ponto (−3, 1).
a) f (x) = 2x + 3 4 g) f (x) = 5 + x
d) f (x) = 2x −
x 3 3 x
b) f (x) = + e) f (x) = 4 − x h) f (x) = 3 −
3 2 2
c) f (x) = −3x + 2 f) f (x) = −x i) f (x) = 3
32
5. Classifique as funções afins do exercı́cio anterior como crescente, decrescente ou constante.
a) y = (m − 2)x − 3
b) y = 4 − (m + 3)x
c) y = (4 − 3m)x + 2
d) y = m(x − 1) + 3 − x
a) f (x) = 2x + 3 4 g) f (x) = 5 + x
d) f (x) = 2x −
x 3 3 x
b) f (x) = + e) f (x) = 4 − x h) f (x) = 3 −
3 2 2
c) f (x) = −3x + 2 f) f (x) = −x i) f (x) = 3
9. Resolva as inequações em R:
33
Capı́tulo 5
Função Quadrática
b 4ac − b2
onde m = − ek= .
2a 4a
Vamos ver que o gráfico de uma função quadrática está intimamente ligado com uma curva conhe-
cida como parábola. Mas o que é uma parábola? A próxima definição estabelece isso precisamente.
34
Definição 5.3. Dados uma reta d e um ponto F ∈
/ d no plano, temos que a parábola de
foco F e reta diretriz d é o conjunto dos pontos no plano que são equidistantes a F e d.
Exemplo 5.2. O gráfico da função f (x) = x2 é uma parábola de reta diretriz d = −1/4 e foco no
ponto F = (1/4, 0). (Verifique.)
Proposição 5.1. O gráfico de uma função quadrática é uma parábola. Mais precisamente:
b 2
Usando a forma canônica do trinômio f (x) = ax2 + bx + c = a x + ∆
2a
− 4a
, temos que
2
b ∆
f (x) = 0 ⇔ x+ =
2a 4a2
35
a) Se ∆ < 0, então f (x) = ax2 + bx + c não tem raı́zes reais;
b
b) Se ∆ = 0, então f (x) = ax2 + bx + c tem uma raı́z dada por r = − 2a ;
c) Se ∆ > 0, então f (x) = ax2 + bx + c tem duas raı́zes reais dadas por:
√ √
−b − ∆ −b + ∆
r1 = e r2 =
2a 2a
e r1 + r2 = − ab e r1 r2 = ac .
d) Se a > 0, então o valor mı́nimo de f (x) é −∆/4a e ocorre quando x = −b/2a.
e) Se a > 0, então o valor máximo de f (x) é −∆/4a e ocorre quando x = −b/2a.
36
5.1 Exercı́cios
1. Determine os zeros reais das funções quadráticas abaixo, faça seus gráficos e determine os
vértices desses gráficos.
6. Determine o valor máximo ou o valor mı́nimo e o ponto de máximo ou o ponto de mı́nimo das
funções quadráticas f : R → R.
(a) f (x) = 2x2 + 5x (c) f (x) = −3x2 + 12x (e) f (x) = 4x2 − 8x + 4
2
(b) f (x) = x2 − 27 x + 5
2
(d) f (x) = −x2 + 5x − 7 (f) f (x) = − x2 + 43 x − 1
2
8. Dentre todos os números x e y de soma 6, determine aqueles cuja soma dos quadrados é mı́nima.
9. Determine o retângulo de área máxima localizado no primeiro quadrante, com dois lados nos
eixos cartesianos e um vértice na reta y = −4x + 5.
10. Num triângulo isósceles de base 6 cm e altura 4 cm está inscrito um retângulo. Determine o
retângulo de área máxima, sabendo que a base do retângulo está sobre a base do triângulo.
11. Encontre os valores mı́nimo e máximo da função f (x) = x2 − 4x + 3 nos intervalos abaixo:
37
(a) [1, 4] (b) [6, 10] (c) [−2, 1]
13. Sabendo que os pontos (1, 2), (−4, −3) e (4, 1) são pontos sobre o gráfico de uma função
quadrática, determine essa função.
14. Determine uma função quadrática tal que f (−1) = −4, f (1) = 2 e f (2) = −1.
4x2 + x − 5 x2 + 3x − 16 2x2 + 4x + 6 2
(a) >0 (b) >1 (c) < −
2x2 − 3x − 2 −x2 + 7x − 10 3x2 + 7x + 2 x+2
4 y 7 y
6
3
5
2 4
1 3
x 2
1 2 3 4 5 6 1
x
(a) −1
(c) −1.5 −1 −0.5 0.5
x
2 y y
−0.5 0.5 1 1.5 2 2.5
1 −1
x
−2
−2 −1 1
−1 −3
−2 −4
−3 −5
−4 −6
(b) −5 (d) −7
38
Capı́tulo 6
Função Modular
É claro que podemos ter mais que duas sentenças nesse tipo de construção de função.
x
−3 −2 −1 1 2 3
−1
−2
39
Observando que para cada subintervalo, temos uma regra diferente, obtemos o gráfico a seguir:
4 y
1
x
−2 −1 1 2 3 4 5
−1
x
−3 −2 −1 1 2 3
−1
−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5
−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5
|3 − (−2)| = |3 + 2| = |5| = 5.
40
−5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5
(ii) |x| = 0 ⇔ x = 0
|x| = d ⇔ x = ±d
|x|n = xn ⇔ n é par
Daı́,
3 y
x
−5 −4 −3 −2 −1 1
−1
Exemplo 6.4. Exemplos de gráficos Construa o gráfico da função f : R → R dada por f (x) =
|x − 1| + 2.
4 4
3 3
2 2
1 1
x x
−2 −1 1 2 3 4 −2 −1 1 2 3 4
41
Exemplo 6.5. Construa o gráfico da função f : R → R dada por f (x) = |x2 − 4|.
Equações Modulares
Resolva as seguintes equações modulares
(a) |x + 2| = −3
Essa equação não tem solução, uma vez que o módulo é sempre um valor maior ou igual a zero.
Logo, S = ∅
(b) |x + 2| = 3
Pelas propriedades de módulo, temos que
|x + 2| = 3 ⇔ x + 2 = 3 ou x + 2 = −3
⇔ x = 1 ou x = −5.
6.1 Exercı́cios
1. Classifique cada uma das sentenças abaixo como V ou F:
√ √
(a) |8| = 8 (d) | 2 − 2| = 2 − 2 (g) |π − 3, 14| = 0
√ √
(b) |0| = −0 (e) | 5 − 2| = 5 − 2 (h) |π − 3, 15| = 3, 15 − π
√ √
(c) | − 8| = 8 (f) |π − 3| = π − 3 (i) | 3 10 − 2, 3| = 2, 3 − 3 10
42
√ √ √
(a) || 3 − 1, 6| + 1, 6| (c) ||1 − 2| + |2 − 2||
√ √
(b) || 5 − 2, 4| + 5| (d) ||π − 3, 14| + |π − 3, 15||
3. Resolva em R as equações:
43
Capı́tulo 7
Função Exponencial
(a) f (0) = a0 = 1.
(c) Se 0 < a < 1, então f é uma função decrescente. Isso significa que
Exemplo 7.2. Um esboço do gráfico da função exponencial f (x) = 2x pode ser obtido pela escolha
de alguns pontos como na tabela abaixo:
y
8
6
x -2 -1 0 1 2 3
4 x
y=2 0,25 0,5 1 2 4 8
2
x
−2 −1 1 2 3
44
Gráfico de uma Função Exponencial: A forma do gráfico exponencial f (x) = ax depende
apenas do valor de a, conforme descrito abaixo:
x x
f (x + h) − f (x)
Exemplo 7.3. Para uma função exponencial f (x) = ax , podemos calcular um quociente
f (x)
quando y varia de f (x) para f (x + h). Esse quociente é conhecido como taxa de variação relativa.
Dessa forma, temos que
Aqui ocorre algo muito interessante, para funções exponenciais, a taxa de variação relativa não
depende de x, mas apenas do acréscimo h.
Para exemplificar, tomemos a = 2 e assim, f (x) = 2x . A taxa de variação relativa nesse caso será
denotada por g(h) = 2h − 1. Quando x varia de 0 a 4, temos que
f (0 + 4) − f (0)
g(4) = = 24 − 1 = 15.
f (0)
f (1000 + 4) − f (1000)
g(4) = = 24 − 1 = 15.
f (1000)
Dessa forma, não importa o valor de x em que se começa a medir o acréscimo h, a taxa de variação
relativa dependerá somente do valor de h para funções exponenciais.
Exemplo 7.4. Um número irracional muito importante em Cálculo é indicado pela letra e e definido
pelo limite:
1
e = lim (1 + x) x
x→0
1
O sentido desse limite é que a expressão (1 + x) x torna-se cada vez mais próxima desse número
e à medida que aproximamos o número x de 0. A tabela abaixo sugere um valor para e (com quatro
casas decimais): e ≈ 2, 7183.
45
7.1 Exercı́cios
1. Construa os gráficos cartesianos das seguintes funcōes exponenciais f : R → R (Pode ser usado
o Geogebra):
1 x
(b) f (x) = 10−x (d) f (x) = e−x
(a) f (x) = 3x (c) f (x) = 3
Solução: O princı́pio básico para resolver equações desse tipo é o fato de que a função expo-
nencial é injetora, e dessa forma temos que,
ax = ay ⇔ x = y.
Daı́,
1 1 3
⇔ (22 )x = 3 ⇔ 22x = 2−3 ⇔ 2x = −3 ⇔ x = − .
4x =
8 2 2
Assim, o conjunto solução dessa equação consiste em apenas um ponto: S = {− 32 }.
46
2
(b) 43x−2 = 4x
Resolução:
2
43x−2 = 4x ⇔ x2 − 3x + 2 = 0 ⇔ x = 1 ou x = 2.
1 2x+3
√
3 2 +1
(a) 53x−1 = 25
(d) 82x+1 = 4x−1 (g) 27x = 95x
2 −1
(b) 112x+5 = 1 (e) 4x = 8x (h) 811−3x = 27
2 −x−16 2 +3x−2 2 −x
(c) 2x = 16 (f) 52x =1 (i) 8x = 4x+1
(a) (2x )x−1 = 4 (b) (2x )x−4 = 32 (c) 32x−1 · 93x+4 = 27x+1
47
2x−1 + 2x + 2x+1 − 2x+2 + 2x+3 > 240 ⇔ 2x 2−1 + 2x + 2x 21 − 2x 22 + 2x 23 > 240
1
⇔ 2x ( + 1 + 2 − 4 + 8) > 240
2
x 15
⇔2 · > 240 ⇔ 2x > 64 = 26 ⇔ x > 6.
2
Logo, o conjunto solução desse inequação é S = (6, ∞).
(b) (0, 1)3−4x < 0, 0001
Temos que
1
(0, 1)3−4x < 0, 0001 ⇔ (0, 1)3−4x < (0, 1)4 ⇔ 3 − 4x > 4 ⇔ x < − .
4
E assim, o conjunto solução é S = (−∞, 14 ).
48
Capı́tulo 8
f g
g◦f
Definição 8.2. Seja A um conjunto não vazio. A função IA : A → A dada por IA (x) = x é
chamada de função identidade de A. Quando for possı́vel, podemos denotar IA simplesmente
por I.
√
Exemplo 8.1. A função f : [0, +∞) → [0, +∞) dada por f (x) = x é a função inversa de g :
[0, +∞) → [0, +∞) dada por g(x) = x2 .
49
Podemos ver que
√
(f ◦ g)(x) = f (g(x)) = f (x2 ) = x2 = x ∀x ∈ [0, +∞).
e
√ √
(g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g( x) = ( x)2 = x ∀x ∈ [0, +∞).
8.1 Exercı́cios
1. Sejam as funções reais f e g definidas por f (x) = x2 − x − 2 e g(x) = 1 − 2x.
3. Sejam as funções reais f e g, definidas por f (x) = 2 e g(x) = 3x − 1. Obtenha as leis que
definem f ◦ g e g ◦ f
4. Considere a função definida por f (x) = x3 − 3x2 + 2x − 1. Determine a lei que define:
1
(a) f1 (x) = f (−x) (b) f2 (x) = f x
(c) f3 (x) = f (x − 1)
50
1 1 3 1 2 1 1 3 2
(b) f2 (x) = f x
= x
−3 x
+2· x
−1= x3
− x2
+ x
−1
(c) f3 (x) = f (x − 1) = (x − 1)3 − 3 (x − 1)2 + 2 (x − 1) − 1 = x3 − 6x2 + 11x − 7
x+1
7. Sejam as funções f (x) = x−2
, definida para todo x real e x 6= 2, e g(x) = 2x + 3, definida para
todo x real. Forneça:
2x+4
(a) o domı́nio e a lei que define f ◦ g; (f ◦ g)(x) = 2x+1
,x 6= − 12
5x−4
(b) 0 domı́nio e a lei que define g ◦ f . (g ◦ f )(x) = x−2
,x 6= 2
8. Sejam as funções reais f (x) = 2x + 1, g(x) = x2 − 1 e h(x) = 3x + 2. Obtenha a lei que define
(h ◦ g) ◦ f . g(f (x)) = 4x2 + 4x
((h ◦ g) ◦ f )(x) = h(g(f (x))) = h(4x2 + 4x) = 3 (4x2 + 4x) + 2 = 12x2 + 12x + 2
12. Determine as funções inversas, bem como o domı́nio e a imagem dessas funções.
√
3
(a) f (x) = 3x − 2 (d) f (x) = x + 4.
√
(b) f (x) = 9 − x
√
(c) f (x) = x + 1 (e) f (x) = 1/x2 , para x > 0 .
51
x−5 x+1
(f) f (x) = . (h) f (x) =
3 x−2
5
(g) f (x) = (i) f (x) = 1 + x2 , para x ≥ 0.
x+1
13. Uma piscina com 10m de comprimento, 5m de largura e 2 m de profundidade contém apenas
10m3 de água. Uma bomba com vazão de 2,5m3 /h é usada para encher a piscina.
(a) Escreva a função v(h) que fornece o volume da piscina (em m3 ), em relação à altura do
nı́vel d’água (em m).
(b) Escreva a inversa da função do item anterior, ou seja, a função h(v) que fornece a altura
do nı́vel d’água em relação ao volume de água da piscina, v (em m3 ).
(c) Escreva a função v(t) que fornece o volume da piscina em relação ao tempo, em horas,
contado a partir do momento em que a bomba é ligada.
(d) Escreva a função h(t) que fornece o nı́vel d’água da piscina em relação ao tempo.
(e) Determine o instante em que a piscina estará suficientemente cheia, o que ocorrerá quando
seu nı́vel d’água atingir 1,8m.
14. Como empregado de uma loja de roupas, você ganha R$ 50,00 por dia, além de uma comissão
de cinco centavos para cada real que consegue vender. Assim, seu rendimento diário é dado
pela função f (x) = 50 + 0, 05x.
15. Use a propriedade das funções inversas para mostrar que g é a inversa de f e vice-versa.
3x − 1 5y + 1 1 1
(a) f (x) = e g(y) = . (c) f (x) = e g(y) = .
5 3 x y
√ √
(b) f (x) = 3 x e g(y) = y 3 . (d) f (x) = 2 − x5 e g(y) = 5
2 − y.
52
Capı́tulo 9
Função Logarı́tmica
Logarı́tmo é um expoente. Mais precisamente, suponha que queremos saber a solução da equação
exponencial 2x = 3. Sabemos que 21 = 2 e 22 = 4 e sendo a função exponencial x 7→ 2x crescente,
segue que x é um expoente que deve estar entre 1 e 2. Ocorre que esse número é escrito como sendo
x = log2 3, significando que log2 3 é o expoente que devemos elevar ao número 2 para resultar em 3.
Usando uma calculadora cientı́fica, temos que
x = log2 3 = 1, 584962 · · ·
Definição 9.1. Sendo a e b números reais e positivos, com a 6=1, o logaritmo de b na base
a é o expoente que se deve dar à base a de modo que a potência obtida seja igual a b. Em
sı́mbolos, temos que
loga b = x ⇔ ax = b.
log5 1
25
= −2, pois 5−2 = 1
25
.
1 √
log81 3 = 14 , pois 81 4 = 4
81 = 3.
53
Sistema de logaritmos decimais: É o sistema de base 10, também chamado sistema de logaritmos
de Briggs, referência a Henry Briggs, matemático inglês (1556-1630), quem primeiro destacou a
vantagem dos logaritmos de base 10, tendo publicado a primeira tábua (tabela) dos logaritmos
de 1 a 1 000 em 1617. É importante esclarecer que as tábuas de logarı́tmos eram usadas como
“calculadoras’ da época, sendo usado em astronomia e navegação. Indicaremos o logaritmo
decimal pela notação log10 x ou simplesmente log x, como aparecem nas calculadoras cientı́ficas.
As calculadoras trazem os logaritmos decimal e o natural. Então podemos nos perguntar, como
podemos calcular logaritmos que estejam em outras bases? A resposta é, mude de base, conforme o
que se estabelece na próxima proposição.
Definição 9.2. Considere um número real a > 0 e a 6= 1. Uma função logarı́tmica é uma
função f : (0, +∞) → R definida por f (x) = loga x.
Observe que o domı́nio da função logarı́tmica é o conjunto dos números reais positivos, ou seja
x > 0. Não se calcula logaritmo de números negativos e nem de 0.
Lembre-se que loga x = y equivale a equação exponencial ay = x.
54
Exemplo 9.2. São funções logarı́tmicas:
(a) A função f : (0, +∞) → R dada por f (x) = loga x e a função g : R → (0, +∞) dada por
g(x) = ax são funções inversas. Assim
(b) A função logarı́tmica f : (0, +∞) → R, f (x) = loga x, é crescente se a > 1 e decrescente se
0 < a < 1.
(c) O gráfico de f (x) = loga x pode ser obtido do gráfico de g(x) = ax através de uma reflexão em
torno da reta y = x, assumindo uma das seguintes formas:
Proposição 9.4. Sejam x, y e a números reais positivos, com a 6= 1. Então as seguintes propriedes
são válidas:
55
9.1 Exercı́cios
1. Calcule o valor dos seguintes logaritmos:
√
(a) log4 16 (d) log0,25 8 (g) log25 0, 008 (j) log2 2
1
√
(b) log7 7
(e) log81 3 (h) log 1 32 (k) log√8 32
4
1 1
(c) log9 27
(f) log125 25 (i) log0,01 0, 001 (l) log √
4
3
√
3
3
3. Desenvolva, aplicando as propriedades dos logaritmos (a, b e c são números reais positivos)
5a ab2 a2 √b
(a) log5 (b) log3 (c) log2 √
bc c 3
c
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