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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CÍVEL REGIONAL

DA XXX

Processo nº xxxxxxxxxxxxxxxxxx

XXXXXXXX, já qualificado nos autos do processo que move em face de


MERCADOLIVRE.COM ATIVIDADES DE INTERNET LTDA e OUTRO, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por intermédio de sua procuradora infra
assinada, em atendimento ao r. despacho de fls. 223 v., apresentar
RÉPLICA À CONTESTAÇÃO
pelos motivos a seguir alinhados:
SOBRE A PRELIMINAR DE
ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM
A ilegitimidade passiva aventada pelas Rés nã o merece acolhida, adotando-se, para o
enfrentamento dessa questã o, a Teoria da Asserçã o, ante a evidente existência de relaçã o
de consumo entre as partes, pois as Rés mantêm site na rede mundial de computadores que
propicia contato eletrô nico entre partes desejosas de estabelecer os mais diversos negó cios
jurídicos e, ao manterem o referido site com tal finalidade, tornam-se garantidoras dos
negó cios que forem realizados, pois, aparentemente, nã o sã o pessoas jurídicas
filantró picas. De fato, a ré, ao intermediar a compra e venda, veiculando anú ncios de
terceiros, passou a integrar o negó cio jurídico, de modo que, tanto como o vendedor,
responde pela adequada concretizaçã o da avença.
Além do mais, se terceiros, por elas mesmas cadastrados como compradores, se utilizam
das falhas de seu sistema de segurança para cometer fraudes, a elas e a mais ninguém -
cabe a responsabilidade, notadamente porque somente elas sã o detentoras da tecnologia
respectiva e do dever de zelar para que tais falhas de segurança nã o ocorram. ASSIM
SENDO, REQUER O AUTOR, SEJA REJEITADA A PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA
AD CAUSAM
SOBRE O MÉRITO DA CONTESTAÇÃO
SOBRE O FUNCIONAMENTO DO SITE MERCADOLIVRE
A peça de oposiçã o mostra-se evidentemente evasiva em relaçã o à responsabilidade das
Rés, de responderem solidariamente pelo fato do produto ou do serviço, do que decorre a
narrativa utilizada em sua defesa, mediante as já conhecidas consideraçõ es de praxe,
procurando se esquivar da responsabilidade decorrente da sua atividade, as quais,
certamente, nã o contam com o apoio da legislaçã o consumerista, afrontando, inclusive, a
doutrina e a pacífica jurisprudência sobre o tema objeto da pretensã o autoral. Nesse
sentido, nunca é demais lembrar que a atividade precípua das Rés é a intermediaçã o de
negó cios, com base na lista de produtos e fornecedores por elas informados, de onde
decorre a Solidariedade pela reparaçã o dos danos.
Assim, nã o há como se negar que assiste razã o ao Autor, na medida em que a negociaçã o
objeto de exame, foi intermediada pela Empresa Ré, por meio do seu site de compras, o qual
avaliza e se sustenta auferindo seus lucros e vantagens para si, com a permanência dos
vendedores/fornecedores em seu site de compras coletivas exercendo uma atividade
empresarial de prestadora de serviço, a revelia do consumidor que é, sem dú vida,
espectador “passivo” e a PARTE MAIS VULNERÁVEL DESSA RELAÇÃO. Aliá s, nessa
condiçã o, as Rés sã o detentoras de uma das marcas mais conhecidas da internet brasileira.
Este é o entendimento da jurisprudência:
DIREITO DO CONSUMIDOR E RESPONSABILIDADE CIVIL – RECURSO ESPECIAL -
INDENIZAÇÃO - ART. 159 DO CC/16 E ARTS. 6º, VI, E 14, DA LEI Nº 8.078/90 -
DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO - SÚMULA 284/STF - PROVEDOR DA INTERNET -
DIVULGAÇÃO DE MATÉRIA NÃO AUTORIZADA - RESPONSABILIDADE DA EMPRESA
PRESTADORA DE SERVIÇO - RELAÇÃO DE CONSUMO – REMUNERAÇÃO INDIRETA -
DANOS MORAIS - QUANTUM RAZOÁVEL – VALOR MANTIDO. 1 - Nã o tendo a recorrente
explicitado de que forma o v. acó rdã o recorrido teria violado determinados dispositivos
legais (art. 159 do Có digo Civil de 1916 e arts. 6º, VI, e 14, ambos da Lei nº 8.078/90), nã o
se conhece do Recurso Especial, neste aspecto, porquanto, deficiente a sua fundamentaçã o.
Incidência da Sú mula 284/STF. 2 - para a caracterizaçã o da relaçã o de consumo, o serviço
pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraçã o obtida de forma indireta. 3 -
Quanto ao dissídio jurisprudencial, consideradas as peculiaridades do caso em questã o,
quais sejam, psicó loga, funcioná ria de empresa comercial de porte, inserida,
equivocadamente e sem sua autorizaçã o, em site de encontros na internet, pertencente à
empresa-recorrente, como "pessoa que se propõ e a participar de programas de cará ter
afetivo e sexual", inclusive com indicaçã o de seu nome completo e nú mero de telefone do
trabalho, o valor fixado pelo Tribunal a quo a título de danos morais mostra-se razoá vel,
limitando-se à compensaçã o do sofrimento advindo do evento danoso. Valor indenizató rio
mantido em 200 (duzentos) salá rios mínimos, passível de correçã o monetá ria a contar
desta data. 4 - Recurso nã o conhecido. (STJ, REsp 566.468/RJ, Rel. Ministro JORGE
SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, julgado em 23/11/2004, DJ 17/12/2004 p. 561)
De tal sorte, nã o há qualquer relevâ ncia quanto a informaçã o prestada pelas Rés, de que o
site MercadoLivre dispõ e de sistema de classificados, e que “o único valor pago pelo usuário
é o do anúncio propriamente dito, não sendo devida qualquer tarifa ou comissão em caso de
fechamento do negócio”, pois, ainda que fosse verdadeira tal assertiva, de fato, para a
caracterizaçã o da relaçã o de consumo, o serviço pode ser prestado pelo fornecedor
mediante remuneraçã o obtida de forma indireta, incluindo o valor pago pelos anú ncios,
bemo como, o lucro obtido em razã o da publicidade veiculada no site (v.decisão acima), ou
seja, entendimento contrá rio a hipó tese sustentada pelas Rés.
Todavia, em lugar de proceder com as cautelas devidas, procuram as Rés atribuir toda a
responsabilidade ao consumidor, CONFESSANDO, inclusive, que nã o promovem qualquer
investigaçã o com o intuito de verificar a veracidade das ofertas realizadas em seu site, o
que, constitui afronta aos direitos do consumidor.
Tal absurdo encontra-se consignado na contestaçã o, à s fls.120, no primeiro pará grafo,
verbis:

Além do mais, o que NÃO SE PODE EXIGIR, É QUE TAIS INICIATIVAS INVESTIGATIVAS
DE LESÃO AO DIREITO E DE RESPONSABILIZAÇÃO PARTAM DOS CONSUMIDORES,
tendo em vista a complexidade da cadeia distributiva a qual perpassam os seus pedidos,
sob pena de o direito de ação tornar-se inexequível, ante a gama de fases e
procedimentos adotados pelo comércio em geral, em especial o e-commerce, até que o
produto chegue ao seu destinatá rio final.
Os Réus, por sua vez, nã o trouxeram aos autos qualquer elemento substancial que
impedisse, modificasse ou extinguisse o direito do Autor, ao contrá rio, limitam-se a
sustentar a inexistência de responsabilidade sobre o evento e a ausência do dever
indenizató rio, contrariando a teoria do risco do negó cio, posto que, INTEGRAM A CADEIA
DISTRIBUTIVA DE FORNECEDORES.
Resta, portanto, caracterizada, na hipó tese presente, a responsabilidade do fornecedor de
serviços pelo dano causado ao consumidor, assim como a extensã o do dano material e
moral, pela prova dos autos.
A propó sito, sã o precedentes do Egrégio TJRJ:
APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. COMPRA DE PRODUTO VIA INTERNET. NÃO
RECEBIMENTO DO PRODUTO. Revelia da empresa vendedora. Sentença de parcial
procedência do pedido. Inconformismo do autor. Responsabilidade solidária do
Provedor de acesso. Provedor que mantém site de intermediação de negócios
aproximando, interessados na realização de negócios pela rede mundial de
computadores e não, simplesmente, a busca de informações. Intermediação de
negócios, com base na lista de produtos e fornecedores informados, levando em
conta a avaliação veiculada desses produtos e fornecedores, de onde decorre a
Solidariedade pela reparação dos danos (arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1º, da Lei
n.8078/9). Provimento do recurso. (TJRJ, 0200249-18.2007.8.19.0001 - APELACAO -
DES. KATYA MONNERAT - Julgamento: 30/03/2011 – SETIMA CÂMARA CIVEL)
0083558-10.2010.8.19.0002 - APELACAO - DES. CHERUBIN HELCIAS SCHWARTZ -
Julgamento: 16/02/2012 - DECIMA SEGUNDA CÂMARA CIVEL - APELAÇÃO CÍVEL.
RESPONSABILIDADE CIVIL. PROVEDOR DA INTERNET. SITE DE COMPRAS MERCADO
LIVRE. CONSUMIDOR. AQUISIÇÃO DE CELULAR. INTEGRAÇÃO DA CADEIA
DISTRIBUTIVA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DEVER DE INDENIZAR PELOS
PREJUIZOS DECORRENTES QUANTO AO RISCO DO EMPREENDIMENTO. DANO MORAL
E MATERIAL CONFIGURADOS. O fornecedor que oferta ao consumidor uma lista de
sites indicados para compra, no qual constam produtos que esse deseja adquirir,
integram a cadeia distributiva de fornecedores, os quais respondem solidariamente
pelo fato do produto ou do serviço. Revela-se abusiva a cláusula que exime de sua
responsabilidade por defeitos, nos termos do art. 25, § 1º do CDC. Recurso ao qual
conheço, dando-lhe provimento para reformar a sentença, nos termos do art. 557, §
1º do CPC.Decisão Monocrática - Data de Julgamento: 16/02/2012
A contestaçã o, menciona ainda:

Nas compras eletrô nicas o interessado nã o tem como ver o produto in loco, o site no qual o
produto é oferecido deve garantir o negó cio. Esta atividade de intermediaçã o gera lucro,
uma vez que o site cobra pelos serviços prestados, seja pelo anú ncio, seja com base em
percentual sobre a negociaçã o efetivamente concluída, ou mesmo em publicidade.
Sobre o tema, o Tribunal de Justiça de Sã o Paulo entendeu pela responsabilidade do site
Mercado Livre quanto a nã o entrega do produto vendido, por se tratar de um serviço
defeituoso prestado ao adquirente, CONSIDERANDO, INCLUSIVE, NULA A CLÁUSULA DE
EXONERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE IMPOSTA PELO MERCADOLIVRE EM
CONTRATO. Nas palavras do Desembargador Relator, "portanto, ainda que se aceite a
posição da ré de mera intermediária, é imperioso reconhecer que a sua atividade criou
ambiente e condições ao dano sofrido pela autora, aproximando o vendedor desonesto
do consumidor. Não fosse a atividade da ré a autora não teria estabelecido relações
com o vendedor do bem. O risco é da ré porque ela teria proveito desse negócio"
(Tribunal de Justiça de São Paulo, Apelação n.º 1221137-0/1, 26ª Câmara de Direito
Privado, Rel. Carlos Alberto Garbi, j. 04.02.2002.).

0031102-20.2009.8.19.0002- APELACAO- DES. GABRIEL ZEFIRO - DECIMA TERCEIRA


CÂMARA CIVEL - RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO MOVIDA POR USUÁRIO DE SERVIÇO DE
COMÉRCIO ELETRÔNICO EM FACE DE EMPRESA INSERIDA NA ÁREA CONHECIDA COMO
E.COMMERCE. MERCADO LIVRE. FRAUDADOR QUE INVADE O CADASTRO ELETRÔNICO DO
DEMANDANTE E SE UTILIZA DOS SEUS DADOS PARA EFETUAR VENDAS FALSAS A
TERCEIROS QUE, APÓS O PAGAMENTO, NÃO RECEBEM OS PRODUTOS E INGRESSAM COM
AÇÕES JUDICIAIS CONTRA O USUÁRIO CADASTRADO NO SISTEMA. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA PARCIAL, COM A FIXAÇÃO DO DANO MORAL EM R$ 6.000,00 (SEIS MIL REAIS)
E DANO EMERGENTE NO VALOR DE R$ 5.092,64 (CINCO MIL NOVENTA E DOIS REAIS E
SESSENTA E QUATRO CENTAVOS). CONTROVÉRSIA ANALISADA À LUZ DAS REGRAS DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE PROVA DA OCORRÊNCIA DE
QUALQUER EXCLUDENTE DO DEVER DE INDENIZAR. FALHA NO SISTEMA DE SEGURANÇA
ELETRÔNICA DA EMPRESA DE TECNOLOGIA QUE PROPAGA E DIVULGA A MANUTENÇÃO DE
ALTA PERFORMANCE EM SEU SISTEMA OPERACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS.
INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA PREVISTO NO PARÁGRAFO PRIMEIRO DO
ARTIGO 14 DO CDC. FORTUITO INTERNO. APLICAÇÃO DA TEORIA DO RISCO-PROVEITO EM
DECORRÊNCIA DA ATIVIDADE NEGOCIAL EXERCIDA. DANO MORAL CORRETAMENTE
RECONHECIDO. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA, APENAS PARA MAJORAR O VALOR DA
INDENIZAÇÃO PARA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS), VALOR QUE MELHOR REFLETE OS
PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE, BEM COMO SE MOSTRA
SUFICIENTE PARA DESESTIMULAR A MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E PRESTIGIAR O
CARÁTER PUNITIVO-PEDAGÓGICO DA MEDIDA. DANO MATERIAL QUE NÃO MERECE
QUALQUER REPARO, POIS REPRESENTOU OS VALORES EFETIVAMENTE DESPENDIDOS
PELA VÍTIMA EM RELAÇÃO À LESÃO SOFRIDA. VERBA HONORÁRIA DE SUCUMBÊNCIA
ARBITRADA DE ACORDO COM A LEI E EM LIMITE RAZOÁVEL QUE NÃO MERECE A REFORMA
BUSCADA PELO VENCEDOR DA DEMANDA. PRIMEIRO RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. SEGUNDO RECURSO CONHECIDO E PROVIDO, EM PARTE, APENAS PARA
MAJORAR O QUANTUM INDENIZATÓRIO A TÍTULO DE DANO MORAL DE R$ 6.000,00 (SEIS
MIL REAIS) PARA 10.000,00 (DEZ MIL REAIS) - Data de Julgamento: 05/10/2011

RESTABELECIMENTO DA VERDADE DOS FATOS


Conforme a doutrina contemporâ nea, o profissional interessado em intermediar operaçõ es
comerciais na Internet , o MercadoLivre, por exemplo, cria para si o dever de
desenvolver mecanismos de proteção aos usuários de seus serviços, de modo a
minimizar os riscos inerentes a tais operaçõ es.
Cláudia Lima Marques, ao cuidar do tema, afirma que aqueles que utilizam da publicidade
para tais tipos de intermediaçã o devem suportar riscos profissionais mais elevados, uma
vez que visam o lucro, de forma direta ou indireta.
Desta forma, decorre a responsabilidade civil dos sites de intermediação em relação
aos danos sofridos pelos usuários de seus serviços, em virtude desse dever de
proteção, restando, portanto, nulas as cláusulas contratuais estabelecidas por tais
sites que emanam sentido contrário.
Os referidos sites, GRAÇAS A INSEGURANÇA DOS CONSUMIDORES NA INTERNET, OBTÊM
PROVEITO ECONÔMICO, visto que estes, os consumidores, detêm a expectativa de que um
sistema desenvolvido por um profissional especialista em tal ambiente atenue os riscos
inerentes aos negó cios jurídicos celebrados em tal ambiente. Dessa forma, quando os
internautas, atraídos pela publicidade, recorrem a tais sites, caracteriza-se a existência de
um VÍNCULO DE CONFIANÇA, o que constitui elemento de integraçã o do site de
intermediaçã o na cadeia de distribuiçã o, e, com isso, sujeitá -lo a responder perante seus
consumidores em caso de frustraçã o do contrato.
Tal foi o que ocorreu no caso presente. O Autor com o sonho de adquirir o veículo
anunciado NO SÍTIO DAS EMPRESAS RÉ S, investiu todas as suas economias para o
pagamento da negociaçã o celebrada, baseada exatamente neste VÍNCULO DE CONFIANÇA,
que constituiu elemento de integraçã o entre o MercadoLivre e o Autor.
Ocorre, somente apó s efetuar o depó sito da quantia avençada com o vendedor cadastrado
no sítio dos Réus, percebeu tratar-se de um golpe executado SOB A GARANTIA DA MARCA
MERCADOLIVRE, fato que foi objeto do Registro de Ocorrência Nº xxxxxxxxx, junto à xx
Delegacia de Polícia do Estado do Rio de Janeiro e comunicado ao MercadoLivre, que nã o
tomou qualquer providência.
Lembre-se, neste particular, ser fato que o MercadoLivre divulga com orgulho suas
incomuns marcas estatísticas de negó cios intermediados, atraindo milhõ es de
consumidores, fundamentalmente por intermédio da afirmaçã o DA SEGURANÇA
EXISTENTES NA SUA PLATAFORMA DE E-COMMERCE. Os consumidores aos milhõ es
acorrem ao MercadoLivre para realizar seus negó cios, CONFIANTES NA SEGURANÇA QUE
O RÉU LHES PROMETE A TODO TEMPO.
A CONFIANÇA EM TAIS INFORMAÇÕES É QUE LEVA OS CONSUMIDORES DE BOA-FÉ A
PREFERIREM FAZER SUAS COMPRAS NO ÂMBITO DO PORTAL MERCADOLIVRE, EM
LUGAR DE BUSCAREM VENDEDORES QUE APRESENTAM SEUS PRODUTOS EM SITE
PRÓPRIO E INDEPENDENTE.
Nã o há como negar, que os sites de intermediaçã o sã o fundamentais para o
desenvolvimento do comércio eletrô nico, haja vista que, CONFORME O CASO DO AUTOR,
AS PESSOAS, EM SUA MAIORIA, NÃO SÃO EXPERTS EM OPERAÇÕES VIA INTERNET.
Exatamente por este motivo, como intermediário profissional e especializado em
Internet, o MercadoLivre deveria estabelecer critérios para identificar e aferir a
credibilidade dos vendedores que anuncia, com isso, viabilizar o ressarcimento pelos
prejuízos a serem enfrentados na exploraçã o econô mica do site, ou mesmo pulverizar de
forma equitativa tais custos na composiçã o de seu preço, objetivando ressarcir as vítimas
dos , anú ncios veiculados sob sua responsabilidade.
OS SÓ LIDOS E MÚ LTIPLOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS ABORDADOS NA PEÇA INICIAL
CONDUZEM À AFIRMAÇÃ O SEGURA DA EXISTÊ NCIA DA RELAÇÃ O DE CONSUMO
ESTABELECIDA ENTRE OS RÉ US E OS CONSUMIDORES USUÁ RIOS-COMPRADORES, BEM
ASSIM DA ABUSIVIDADE E NULIDADE DAS CLÁ USULAS DE NÃ O-INDENIZAR
ESTABELECIDAS PELOS RÉ US EM SEUS CONTRATOS PADRONIZADOS DE ADESÃ O.
TANTO PERMITE TAMBÉ M AFIRMAR A ILICITUDE DA CONDUTA COMERCIAL DOS RÉ US
QUE, INCLUSIVE MEDIANTE TAIS CLÁ USULAS ABUSIVAS, NÃ O APENAS SE FURTAM A
RESPONDER PERANTE OS CONSUMIDORES, MAS TAMBÉ M CHEGAM AO EXTREMO DE
NEGAR MESMO A RELAÇÃ O DE CONSUMO EXISTENTE.
ASSIM, NO CASO EM TELA, NÃO HÁ DÚVIDA DE QUE O SISTEMA DE INTERMEDIAÇÃO
DO MERCADOLIVRE NÃO OFERECEU A SEGURANÇA QUE LEGITIMAMENTE DELE
ESPERAVA O AUTOR, DANDO MARGEM À FRAUDE.

SOBRE O DEPÓSITO EFETUADO PELO AUTOR


Neste caso concreto, quando se estabelece um contrato de compra e venda, uma vez que o
pagamento é realizado, nasce a expectativa na outra parte de receber o produto. Embora o
Autor tenha cumprido com a sua obrigaçã o, pagar o preço, o vendedor nã o cumpriu com a
sua parte, que seria enviar a mercadoria.
Destaca-se que o MercadoLivre responde pelos riscos inerentes a sua atividade. Assim,
PERMITE A CONTRATAÇÃO COM O PAGAMENTO ANTECIPADO DO PREÇO (depósito
bancário), aumento o risco do negó cio. Aufere lucros com esta intermediaçã o. Portanto,
deve suportar os prejuízos advindos da sua atividade. É a Teria do Risco do
Empreendimento.
Ademais, o pró prio site, ao contrá rio do asseverado pelas Rés, disponibiliza as opçõ es de
pagamento, a saber:

• Dinheiro (depó sito na conta do vendedor)


• Cartã o de Crédito
• Mercado Pago
• Boleto Bancá rio

R$
Exemplos
Ao se associar a outras empresas para oferecer produtos, se coloca em situaçã o de
solidariedade com estas, na forma do pará grafo ú nico do art. 7º do C.D.C.
Insta salientar que embora o AUTOR tenha liberado o pagamento antes da entrega da
mercadoria, a RESPONSABILIDADE DAS RÉ S se mantém pela hipossuficiência do Autor, ora
consumidor, e pelo fato de que o site possibilita que o vendedor somente entregue a
mercadoria apó s a liberaçã o do pagamento, o que se presume ser de conhecimento e
concordâ ncia do “Site”, Mercado Livre.
Assim, não houve fato exclusivo do consumidor e/ou de terceiro, posto que o
MERCADOLIVRE ao se associar a este terceiro e permitir a contratação, tal como se
deu aumentou os riscos inerentes ao negócio, que participa e aufere lucros. Assim,
trata-se de fortuito interno, devendo arcar com os riscos do empreendimento. Em se
tratando de relação consumerista, a cadeia de fornecedores responde
solidariamente pelo inadimplemento contratual.
De outra banda, ainda que levando em consideraçã o a hipó tese ventilada pelas Rés,
segundo a qual, o depó sito efetuado pelo Autor, teria contrariado a recomendaçã o do "Site"
corroborando para a realizaçã o do dano, ainda assim, nã o seria de forma exclusiva, haja
vista que o MercadoLivre deu meios para a celebraçã o da avença, criando o risco para o
consumidor. Senã o vejamos:

0001098-38.2007.8.19.0206 (2009.001.07498)- APELACAO DES. TERESA CASTRO NEVES -


Julgamento: 31/03/2009 - QUINTA CÂ MARA CIVEL - APELAÇÃ O CÍVEL. RELAÇÃ O DE
CONSUMO. CONTRATO DE COMPRA E VENDA REALIZADO POR INTERMÉ DIO DE "SITE"
MERCADOLIVRE.COM. DANO MORAL. PROCEDÊ NCIA.1Relaçã o de consumo.2-Contrato de
compra e venda celebrado por intermédio do "Site" MercadoLivre.com. Mercadoria nã o
recebida. Pagamento realizado, embora contrariando recomendaçã o do pró prio "Site". Fato
que gera contribuiçã o do consumidor para a realizaçã o do dano, porém, nã o de forma
exclusiva. O fornecedor de serviço deu meios para a celebraçã o da avença, tal como se deu,
criando o risco para o consumidor. Assim, afastado o fato exclusivo do consumidor e de
terceiro. Art. 14, § 3º, II do C.D.C. Fortuito interno. Risco do
empreendimento.3Hipossuficiência do consumidor. Dano material reconhecido.4- Alegaçã o
de que mero Inadimplemento contratual nã o configura dano moral. Entretanto, nã o se trata
de mero inadimplemento, posto que feito o pagamento e nã o havendo a entrega do produto
por período superior a 02 (dois) anos, tal fato gera frustraçã o indenizá vel, tendo o
consumidor ficado privado do valor pago e do lazer que o produto lhe proporcionaria
(MP4). Art. 6º VI do C.D.C. Dano moral fixado em R$ 500,00 (quinhentos reais).5- Recurso
parcialmente provido.

SOBRE O DANO MORAL


Com relaçã o ao objeto do recurso, a existência ou nã o de dano moral, este de fato restou
configurado nã o apenas pelo pagamento realizado e pelo nã o recebimento do produto, mas
pelo descaso com o consumidor que ficou até a presente data, sem receber qualquer
resposta ou tentativa de soluçã o para o seu problema.
Nã o se pode considerar que todo este tempo de espera para receber um produto já pago ou
o ressarcimento do valor, bem como a necessidade de se recorrer ao judiciá rio para
resolver a questã o, seja um mero inadimplemento contratual. Ademais, o consumidor é
pessoa de de padrã o médio, e que, sem dú vida, teve que fazer sacrifícios para comprar o
produto e ao deixar de recebê-lo, nã o possui lastro financeiro para simplesmente comprar
outro.
Assim, ficou privado do lazer que o produto lhe proporcionaria por este período, tendo a
ausência de entrega atingido seu direito de personalidade e sua tranqü ilidade íntima,
configurando a hipó tese do art. 6º, VI do C.D.C. Acrescente-se que a indenizaçã o deve
refletir o aspecto educativo preventivo, visando coibir a reiteraçã o da prá tica.
APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
RESPONSABILIDADE DO MERCADO LIVRE
DANOS MATERIAIS
Em consonâ ncia com o exposto acerca da responsabilizaçã o civil dos sites de intermediaçã o
em virtude dos negó cios jurídicos, mormente os contratos celebrados sob sua
intermediaçã o, o Mercado Livre, é fornecedor de serviços ao mercado consumidor,
inserindo-se, com isso, em relaçã o jurídica sobre a qual incidem as normas pró prias de
defesa do consumidor, em virtude do mesmo organizar, manter e disponibilizar na
Internet, site direcionado ao comércio eletrô nico, no qual realiza cadastro de clientes que
pretendem vender produtos ou serviços, bem como efetua a divulgaçã o dos anú ncios
respectivos com as propostas, cobrando pela prestaçã o de serviço.
A relaçã o jurídica que se estabelece no comércio eletrô nico, ou ainda entre os chamados
sites de leilã o e as pessoas que eles aproximam para a celebraçã o do negó cio (comprador e
vendedor), É RELAÇÃ O DE CONSUMO, regida pelo Có digo de Defesa do Consumidor.
Dessa forma, por se tratar de intermediaçã o na qual se insere tal site como partícipe de
relaçã o de consumo, deve o MercadoLivre responder objetivamente pelos defeitos e vícios
incorridos, bem como para a hipó tese de inexecuçã o contratual por parte do usuá rio-
vendedor, porquanto todos os que integram a cadeia de fornecimento sejam
solidariamente responsá veis de modo objetivo.
Tal responsabilizaçã o pela intermediaçã o dos negó cios jurídicos celebrados é objetiva,
assim como previsto nos arts. 12 e 14 do Có digo de Defesa do Consumidor, haja vista, ser o
MercadoLivre integrante da cadeia de fornecimento de consumo.
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparaçã o dos danos causados
aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricaçã o, construçã o, montagem,
fó rmulas, manipulaçã o, apresentaçã o ou acondicionamento de seus produtos, bem como
por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua utilizaçã o e riscos. (sublinhamos)
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos
serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e
riscos.
Em todas essas situaçõ es, conquanto rotineiramente as Rés recusem sua responsabilidade,
o certo é que elas sã o verdadeiramente responsá veis pela reparaçã o devida ao consumidor
usuá rio-comprador, seja de que â ngulo se examine a questã o:
• Os réus respondem perante o consumidor usuá rio-comprador, porque caracterizado o
fato de seu pró prio serviço;
• Os réus respondem perante o consumidor usuá rio-comprador, porque caracterizado
vício de qualidade de seu pró prio serviço;
• Os réus respondem perante o usuá rio-comprador, em virtude de inexecuçã o
contratual, defeitos danosos ou vícios relacionados ao usuá rio-vendedor, tendo em
vista que, como fornecedores integrantes da cadeia de fornecimento, sã o objetiva e
solidariamente responsá veis.
Por tais prejuízos deve responder o MercadoLivre na forma do art. 6º, inc. VI, art. 12, caput
e § 1º, art. 14, caput e § 1º, art. 17, art. 18, art. 19, art. 20, art. 30 e art. 35, do CDC.

SOBRE OS DOCUMENTOS JUNTADO PELAS RÉS


DAS CLÁUSULAS DE NÃO-INDENIZAR E SUA ABUSIVIDADE
Evidenciada a ampla responsabilidade do réu MercadoLivre pelos prejuízos aos usuá rios-
compradores — seja como consumidores típicos, seja como consumidores-equiparados —
padecem de abusividade e, conseqü entemente, de nulidade pleno jure as clá usulas que,
estabelecidas unilateralmente nos “Termos e Condiçõ es” do MercadoLivre, o isentam de
responsabilidade, ficando, nesse sentido, desde já , impugnados os documentos
apresentados pelas Rés.
O Có digo de Defesa do Consumidor nã o franqueia espaço para a subsistência de clá usulas
contratuais que visem sequer o arrefecimento da responsabilidade do fornecedor. Tã o mais
defesas sã o aquelas que objetivem o peremptó rio expurgo de tal responsabilidade (CDC,
arts. 25 e 51, incs. I e IV, e § 1º, inc. II):
Art. 25. É vedada a estipulaçã o contratual de clá usula que impossibilite, exonere ou atenue
a obrigaçã o de indenizar prevista nesta e nas seçõ es anteriores.
Art. 51. Sã o nulas de pleno direito, entre outras, as clá usulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renú ncia ou disposiçã o de
direitos. Nas relaçõ es de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
indenizaçã o poderá ser limitada, em situaçõ es justificá veis;
(...)
IV - estabeleçam obrigaçõ es consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqü idade;
(...)
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
(...)
II - restringe direitos ou obrigaçõ es fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal
modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
O MercadoLivre espalha no texto referente aos seus Termos e Condiçõ es Gerais de uso,
vá rios alertas dirigidos aos usuá rios de que nã o se responsabiliza por eventuais danos
decorrentes das atividades exercidas nas fronteiras do site.
Tendo em vista os regulamentos previstos no Có digo de Defesa do Consumidor e
encarando tais termos de uso como sendo um contrato ao qual todos os usuá rios estã o
vinculados, pode se encarar tais “clá usulas” como nulas, pois o Có digo acima citado pontua,
em seu artigo vinte e cinco, que “é vedada a estipulação de cláusula contratual impossibilite,
exonere ou atenue a obrigação de indenizar”. Dessa forma, tais avisos nã o vinculam os
usuá rios do site e, assim, estes podem pleitear açã o junto ao poder competente para serem
ressarcidos de eventuais lesõ es sofridas através do MercadoLivre.
O pró prio TAC, em sua inteireza, trata apenas da veiculaçã o da informaçã o no site, sendo
que um deles pertence a EBAZAR e nã o ao MERCADOLIVRE, além do que, nã o representa
consentimento para atuaçã o irrestrita no comércio virtual, isento de responsabilidade,
como pretendem fazer crer as Rés.
Em atendimento à contrapor as alegaçõ es das Rés, junta-se com a presente, as negociaçõ es
efetuadas pelo mesmo vendedor que atendeu ao Autor, comprovando que os negó cios
eram celebrados no site MercadoLivre, ou seja, com seu pleno conhecimento, inclusive no
que concerne à possibilidade de pagamento através de depó sito bancá rio.
Por derradeiro, vale informar, que o layout da pá gina de veículos atual, ainda que nã o
tenha o condã o de eximir a responsabilidade das Rés, encontra-se modificada em relaçã o
ao tempo do cometimento do ilícito em face do Autor, nã o servindo sequer de supedâ neo
para justificar o que pretendem as Rés provar. Por exemplo, na época da contrataçã o, nã o
existia a observaçã o: “MercadoLivre não vende este item e não participa em qualquer
negociação, venda ou operações. Apenas limita-se a publicar anúncios de seus usuários”,
ainda que tal observaçã o, caso existente, nã o fosse suficiente para elidir a responsabilidade
das Rés.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista todas as informaçõ es expostas, incluindo aquelas minuciosamente
descritas na peça inicial, nã o resta qualquer dú vida que, no tocante à responsabilidade civil,
o MercadoLivre encontra-se sujeito as regras disciplinadas no Có digo Brasileiro de Defesa
do Consumidor, pois o site é figurado como fornecedor dos produtos comercializados
através de sua plataforma de e-commerce. Dessa forma, qualquer pessoa lesada, ao
adquirir bens através do MercadoLivre, tem amparo legal para ajuizar açã o cível diante do
poder judiciá rio e pedir ao site o ressarcimento pelos danos sofridos.
Esta posiçã o que situa o MercadoLivre como fornecedor encontra sustento na Teoria do
risco e nas qualidades do consumidor ante as relaçõ es de consumo, sejam estas a
vulnerabilidade e a hipossuficiência pois, ao analisar estes tó picos em conjunto, o Có digo de
Defesa do Consumidor define que, numa relaçã o de comércio, quem se coloca em posiçã o
de risco é o fornecedor, logo, é este quem deve privar pela efetiva concretizaçã o da venda,
sem prejuízo a nenhuma das partes.
ISTO POSTO,
Verifica-se que os argumentos expendidos pelas Contestantes sã o carentes de amparo legal
e desprovidos de fundamentos jurídicos, ficando impugnada, desde logo, a prova
documental, que nã o guarda fundamento com os preceitos legais, em especial, com o
Có digo Consumerista, sendo fato alheio e inoportuno, com intuito de protelar o andamento
do presente feito.
Ante ao exposto, reiterando os termos da inicial, deve a presente contestaçã o ser repelida
"in totum", por nã o trazer a realidade dos fatos, o que, no mais, será suprido pelo notá vel
saber jurídico de V. Exa.
Considerando que a controvérsia abarca matéria exclusivamente de direito, e que a matéria
de fato, encontra-se comprovada pelos documentos apresentados, nã o dependendo de
produçã o de outras provas em audiência, requer o JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE.
Espera o Autor pela procedência do feito, com a condenaçã o dos Requeridos ao ô nus da
sucumbência.
Termos em que
Pede Deferimento
OAB/RJ

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