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SUMÁRIO
1 O QUE É O ESPIRITISMO
1. O QUE É O ESPIRITIS
ESPIRITISMO
1.1. PRECURSORES DO ESPI
ESPIRITISMO
dos desportos. Os que saíam deste mundo velhos e decrépitos, doentes ou deforma-
dos, recuperavam a mocidade e, gradativamente, o completo vigor. Os casais conti-
nuavam juntos, se os seus sentimentos recíprocos os atraíam. Caso contrário, era
desfeita a união.
Isto por volta de 1790, quase 100 anos antes de aparecer o Espiritismo, com Allan
Kardec.
trão, cal, cabelos, ossos, utensílios. Uma criada dos Bell, Lucretia Pulver, declara que
viu o vendedor e descreve-o; diz como ele chegara à casa e refere o seu misterioso
desaparecimento. Uma vez, descendo à adega, o seu pé enterrou-se num buraco, e
falando disto ao patrão, ele explicou que deviam ser ratos; e foi apressadamente
fazer os necessários reparos. Ela vira nas mãos dos patrões objectos da caixa do am-
bulante. (5)
Arthur Conan Doyle, no seu livro História do Espiritismo, relata que cinquenta
e seis anos depois foi descoberto que alguém fora enterrado na adega da casa dos
Fox. Ao ruir uma parede, crianças que por ali brincavam descobriram um esqueleto.
Os Bell, para maior segurança, haviam emparedado o corpo, na adega, onde inicial-
mente o haviam enterrado.
Em 23 de Novembro de 1904, o Boston Journal noticiava que o esqueleto do
homem que possivelmente produziu as batidas, ouvidas inicialmente pelas irmãs Fox,
em 1848, fora encontrado e as mesmas estavam, portanto, eximidas de qualquer
dúvida com respeito à sinceridade delas na descoberta da comunicação dos espíritos.
(7)
Diversas comissões se formaram na época dos acontecimentos, com a finalidade de
estudar os estranhos fenómenos e desmascarar a fraude atribuída às Fox. Verificou-
se que eles ocorriam na presença das meninas; atribui-se-lhes o poder da mediunida-
de. Nenhuma comissão, todavia, conseguiu demonstrar que se tratava de fraude. Os
factos eram absolutamente verídicos, embora tivessem submetido as meninas aos
mais rigorosos e severos exames, atingindo, às vezes, as raias da brutalidade.
As irmãs Fox foram, pressionadas. A Igreja excomungou-as, como pactuantes
com o demónio. Foram acusadas de embusteiras, e ameaçadas fisicamente muitas
vezes.
Em 1888, ao comemorar os 40 anos dos fenómenos de Hydesville, Margareth
Fox, iludida por promessas de favores pecuniários pelo cardeal Maning, fez publicar
uma reportagem no New York Herald em que afirmou que os fenómenos que reali-
zaram eram fraudulentos. Todavia, no ano seguinte, arrependida da sua falta de ho-
nestidade para com o Espiritismo, reuniu grande público no salão de música de Nova
Iorque e retracta-se das suas declarações anteriores, não só afirmando que os fenó-
menos de Hydesville eram reais, como provocando uma série de fenómenos de efei-
tos físicos no salão repleto.
A retractação foi publicada na época. Consta da Light e do jornal americano
New York Press, de 20 de Maio de 1889.
Como, porém, a lealdade e a sinceridade não são requisitos dos espíritos apaixona-
dos, ainda hoje, quando se quer denegrir a fonte do Espiritismo, vem à baila a con-
fissão das moças. Na retractação não se toca, ou quando se toca é para mostrar que
não há no que confiar. Os pormenores ficam de lado. (5)
Os fenómenos aqui narrados e as irmãs Fox, suas personagens principais, passaram para a
história do Espiritismo. No entanto, o Espiritismo não surge aqui, mas sim mais tarde, com a edição de
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, em 18 de Abril de 1857.
Alemanha, a Holanda e até a Turquia, nos meados do século XIX, tendo como mar-
co, especialmente, o ano de 1848, com os fenómenos de Hydesville já estudados,
envolvendo a família Fox.
Todavia, a História regista que ele remonta à mais alta antiguidade, tendo-se
produzido de formas estranhas, como ruídos insólitos, pancadas sem nenhuma causa
ostensiva.
“A princípio quase só encontrou incrédulos, porém, ao cabo de pouco tempo, a mul-
tiplicidade de experiências não mais permitiu que pusessem em dúvida a realidade”.
(8)
nos seus resultados. Deixaram o alfabeto pela ciência, tal o segredo desse aparente
abandono (...)
As mesas girantes representarão sempre o ponto de partida da Doutrina Espí-
rita e merecem, por isso, alguma explicação, para que, conhecendo-se as causas,
facilitada será a chave para a decifração dos efeitos mais complexos. (10)
Para que o fenómeno se realize há necessidade da intervenção de uma ou
mais pessoas dotadas de especial aptidão, designadas pelo nome de médiuns.
Muitas vezes, um poderoso médium produzirá sozinho mais do que vinte ou-
tros juntos. Basta colocar as mãos na mesa para que, no mesmo instante, ela se
mova, erga , revire, dê saltos, ou gire com violência.
A princípio, supôs-se que os efeitos poderiam explicar-se pela acção de uma
corrente magnética, ou eléctrica, ou ainda pela de um fluído qualquer. Outros factos,
entretanto, demonstraram ser esta explicação insuficiente. Estes factos são as provas
de inteligência que eles deram. Ora, como todo o efeito inteligente há-de, por força,
derivar de uma causa inteligente, ficou evidenciado que, mesmo admitindo-se, em
tais casos, a intervenção da electricidade, ou de qualquer outro fluido, outra causa se
achava a essa associada. Qual era? Qual a inteligência? (10)
As observações e as pesquisas espíritas realizadas por Allan Kardec e outros
sábios, demonstraram que a causa inteligente era determinada pelos espíritos que
podiam agir sobre a matéria, utilizando o fluido fornecido pelos médiuns, isto é,
meios ou intermediários entre os espíritos e os homens, gerando, assim, as manifes-
tações físicas e as manifestações inteligentes.
Aperfeiçoaram-se os processos. As comunicações dos espíritos não se detive-
ram nas manifestações das mesas girantes. Evoluíram para as cestas e pranchetas,
nas quais se adaptava um lápis e as comunicações passaram a ser escritas – era a
psicografia indirecta. Posteriormente, eliminaram-se os instrumentos e apêndices; o
médium, tomando directamente o lápis, passou a escrever por um impulso involuntá-
rio e quase febril – era a psicografia directa.
Antes de dedicar-se ao estudo dos fenómenos espíritas, quem era Allan Kar-
dec?
Ele nasceu na cidade de Lyon, na França, a 3 de Outubro de 1804, recebendo
o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail.
Os estudos de Kardec foram iniciados em Lyon, tendo-os completado em
Yverdun, na Suíça, sob a direcção do célebre e inesquecível professor Pestalozzi. Teve
uma sólida instrução, servida por uma robusta inteligência. Ele conhecia alemão, in-
glês, italiano, espanhol, holandês, sem falar na língua materna, e tinha grande cultu-
ra científica. (5)
O seu trabalho pedagógico é rico e extenso.
Produziu, em França, quase uma dezena de obras sobre
educação, no período de 1828 a 1849. Os seus livros
foram adoptados pela Universidade de França. Traduzia
para a língua alemã, que conhecia profundamente,
diferentes obras de educação e moral, dentre elas,
Telémaco, de Fénelon.
Foi bacharel em Ciências e Letras. Membro de
sociedades sábias da França, entre outras, da Real
Academia de Ciências Naturais. Emérito educador, criou
em Paris o Instituto Técnico, estabelecimento de ensino
com base no método Pestalozzi; foi professor no Liceu
Polimático. Fundou, em sua casa, cursos gratuitos de
Química, Física, Anatomia Comparada, Astronomia, etc.
Criou um método original, por processos mnemónicos,
que levava o estudante a aprender e compreender as lições com facilidade e rapidez.
No ano de 1832 casou-se com Amélie Gabrielle Boudet, professora com di-
ploma de primeira classe. A sua doce Gabi, como ele carinhosamente a chamava,
ajudou-o intensamente, tanto nas suas actividades pedagógicas quanto no seu fe-
cundo labor pela causa espírita.
Como homem, foi um homem de bem; carácter adamantino. As qualidades
morais marcavam a sua personalidade; na vida, a coragem nunca lhe faltou; nunca
desanimava; a calma foi um destaque do seu carácter; de temperamento jovial; de
inteligência brilhante, marcada pela lógica e pelo bom senso; não fugia à discussão,
quando a finalidade era esclarecer os assuntos.
Allan Kardec foi o escolhido para tão elevada missão – a de Codificador, jus-
tamente pela nobreza dos seus sentimentos e pela elevação do seu carácter, tudo
aliado a uma sólida inteligência. (5)
“Ele sujeitava os seus sentimentos, os seus pensamentos à reflexão. Tudo era
submetido ao poder da lógica. (...) Nada passava sem o rigor do método, sem o crivo
do raciocínio. Filósofo, benfeitor, idealista, dado às ideias sociais, possuía, ainda, um
coração digno do seu carácter e do seu valor intelectual”. (5)
A partir do instante em que se dedicou ao estudo dos fenómenos da inter-
venção dos espíritos, no ano de 1855, na casa da srª. Plainemaison, até ao ano de
1869, quando desencarnou vitimado pelo rompimento de um aneurisma, no dia 31
de Março, trabalhou intensa e incansavelmente, tendo produzido o maior acervo da
Doutrina Espírita.
Do seu trabalho gigantesco, destacamos:
O Livro dos Espíritos (1857),
O Livro dos Médiuns (1861),
O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864),
O Céu e o Inferno, ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo (1865),
A Génese, os Milagres e as Predições (1868).
1.2.2. CONSOLADOR
Allan Kardec, em Obras Póstumas, explica que nos seus estudos de Espiritismo
aplicou à nova ciência o método experimental (indutivo) (*), bem como o método
dedutivo (**) e jamais elaborou teorias preconcebidas; observava cuidadosamente,
comparava, deduzia consequências; dos efeitos procurava remontar à causa, por
dedução e pelo encadeamento lógico dos factos, não admitindo por válida uma ex-
plicação senão quando resolvia todas as dificuldades da questão. (4)
Ele diz que um dos primeiros resultados que colheu das suas observações foi
que os espíritos, nada mais sendo que as almas dos homens, não possuíam a plena
sabedoria, nem a ciência integral; que o saber de que dispunham se circunscrevia ao
grau de adiantamento que haviam alcançado. Que reconhecida desde o princípio,
esta verdade o preservou do grave escolho de crer na infalibilidade dos espíritos e o
impediu de formular teorias prematuras, tendo por base o que fora dito por um ou
alguns deles. (4)
O simples facto da comunicação com os espíritos, dissessem eles o que dis-
sessem, provava a existência do mundo invisível ambiente. Já era um ponto essencial,
um imenso campo aberto às nossas explorações, a chave de inúmeros fenómenos
até aqui inexplicados. O segundo ponto, não menos importante, era que aquela co-
municação permitia que se conhecesse o estado desse mundo, seus costumes, etc.
Cada espírito, em virtude da sua posição pessoal e dos seus conhecimentos, desven-
davam-lhe uma face daquele mundo, do mesmo modo que se chega a conhecer o
estado de um país interrogando habitantes seus de todas as classes, não podendo
um só, individualmente, informar-nos de tudo. Compete ao observador formar o con-
junto, por meio dos documentos colhidos de diferentes lados, coleccionados, coor-
denados e comparados uns com os outros. Conduzi-se, pois, com os espíritos, como
houvera feito com os homens. Para ele, eles foram, do menor ao maior, meios de o
informar e não reveladores predestinados. (4)
Tais as disposições com que empreendeu os seus estudos, e nelas prosseguiu
sempre. Observar, comparar e julgar, essa a regra que constantemente seguiu. (4)
E no seu livro O que é o Espiritismo o codificador explica, sumariamente:
“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutri-
na filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre
nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que
dimanam dessas mesmas relações”.
Tem por divisa: “Fora da caridade não há salvação.”
O Espírito da Verdade adverte: “Espíritas, amai-vos, este o primeiro ensina-
mento; instruí-vos, eis o segundo.”
E conclui: “Podemos defini-
defini- lo as
as sim: o Espiritismo é uma ciência que trata da
natureza, origem e destino dos Espíri
Espíritos, bem como de suas relações com o mundo
corpo
corpo ral”.
ral” (6)
(*) Raciocínio que parte dos efeitos para as causas, dos factos para as leis gerais.
Forma de raciocínio em que procura, a partir da verificação de alguns casos particulares, formular uma
lei que explique todos os casos da mesma espécie.
(**) Raciocínio em que se parte da causa para o efeito, do princípio para as consequências, do geral para o
particular.
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Curso Básico de Espiritismo O que é o Espiritismo
RESUMO
HYDSVILLE
HYDSVILLE – As irmãs Fox – O ano de 1848
AS MESAS GIRANTES
alfabeto, fosse proferida a letra que servia para o espírito formar palavras. Além dis-
so, a mesa movia-se em todos os sentidos, girava sob os dedos dos experimentado-
res, elevava-se no ar e, às vezes, respondia até a perguntas feitas mentalmente.
Supôs-se, em princípio, que esses efeitos fossem explicados pela acção magnética, ou
eléctrica, ou ainda pela de um fluido qualquer. Todavia, esta explicação tornou-se
insuficiente, quando os factos demonstraram inteligência. E, para um efeito inteli-
gente, faz-se necessário uma causa inteligente. Foram as pesquisas e estudos feitos
por Allan Kardec e outros sábios que demonstraram ser a causa inteligente determi-
nada pelos espíritos, os quais podiam agir sobre a matéria, utilizando-se de um fluido
fornecido por pessoas dotadas de uma aptidão especial, chamadas médiuns – meios
ou intermediários entre os espíritos e os homens, gerando, assim, as manifestações
inteligentes.
Na evolução do processo, passou-
passou- se das mesas girantes para as cestas e
pranchetas, nas quais se se adaptava um lápis e os espíritos escreviam – psicografia
indirecta, até à psicografia directa, quando os médiuns passaram a segurar directa-
directa-
mente o lápis e a escrever por um impulso involuntário e quase febril.
CONSOLADOR
O QUE É O ESPIRITISMO?
BIBLIOGRAFIA
(1) Allan Kardec, Obras Póstumas, 2.ª Parte, Projecto 1868, 13.ª Edição, 1973, Federa-
ção Espírita Brasileira.
(2) André Moreil, Vida e Obra de Allan Kardec, 1.ª Parte, A Vida Espírita de Allan
Kardec, Cap. III, 1.ª Edição, tradução de Miguel Maillet, Edicel – S.P.
(3) Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, Allan Kardec (Pesquisa Bibliográfica e Ensaios de
Interpretação), VOL. II, Cap. I, 1980, Federação Espírita Brasileira.
(4) Allan Kardec, Obras Póstumas, 2.ª Parte, Previsões, A minha primeira iniciação ao
Espiritismo, 13.ª Edição, 1973, Federação Espírita Brasileira.
(5) Carlos Imbassahy, A Missão de Allan Kardec, 1.ª Parte, Edição da Federação Espírita
do Paraná, 1957.
(6) Allan Kardec, O Que É o Espiritismo, Introdução, 14.ª Edição, Federação Espírita
Brasileira.
(7) Arthur Conan Doyle, História do Espiritismo, Cap. IV, O Episódio de Hydesville,
Editora Pensamento, São Paulo, tradução de Júlio Abreu Filho, 1978.
(8) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Introdução, Item III, 33.ª Edição, Federação
Espírita Brasileira.
(9) Zêus Wantuil, As Mesas Girantes e o Espiritismo, Caps. 1 e 2, 1.ª Edição, Federação
Espírita Brasileira.
(10) Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, Cap. II, 30.ª Edição, 1972, Federação
Espírita Brasileira.
(11) Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Caps. I e VI, 51.ª Edição, Federa-
ção Espírita Brasileira.