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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

SERVIÇO SOCIAL

LUCIMAR TÓFANI

A RELAÇÃO DA LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS


(LGPD) E O CONTEXTO SOCIAL BRASILEIRO

BELO HORIZONTE
2021
LUCIMAR TÓFANI

A RELAÇÃO DA LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS


(LGPD) E O CONTEXTO SOCIAL BRASILEIRO

Produção Textual para o curso de Serviço Social da


Universidade Pitágoras Unopar, como requisito parcial
para a obtenção de média nas disciplinas norteadoras do
semestre.

Tutor(a) à Distância: Altair Ferraz Neto; José Adir Lins


Machado; Leonardo Antônio Silvano Ferreira; Mayra
Campos Francisca Dos Santos

Belo Horizonte
2021
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................3
2 DESENVOLVIMENTO...........................................................................................4
2.1 INTERFACES ENTRE ÉTICA, PRIVACIDADE E A LGPDT.............................4
2.2 LGPD, MERCADO E VISÃO DE HOMEM.........................................................6
2.3 A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA NO CENÁRIO DIGITAL..........................7
3 CONCLUSÃO........................................................................................................9
REFERÊNCIAS...........................................................................................................10
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1 INTRODUÇÃO

A Lei Geral de Proteção dos Dados Pessoais (LGPD), criada em 2018, possui
uma relevância na transformação do cenário social brasileiro. Realçando os direitos
da personalidade, a LGPD altera o modo com os dados de usuários são coletados
pelas empresas, públicas e privadas, tendo em vista proteger o cliente de possíveis
violações da sua privacidade.
A LGPD possui três pilares que regem sua constituição: liberdade,
privacidade e desenvolvimento da personalidade da pessoa. Graças a esse fator, é
possível observar uma característica especial em relação desta lei com a Ética.
Diante desse cenário, viu-se a necessidade de analisar a relação que a LGPD
apresenta com o contexto social brasileiro, no que compete aos princípios éticos, a
questão da privacidade e as novas tecnologias.
O presente trabalho tem como objetivo associar as interfaces entre a Lei
Geral de Proteção dos Dados, Ética, Novas tecnologias e o contexto social
brasileiro. Também relacionar essa temática aos conteúdos estudados nas grades
da "Filosofia", "Ética, política e cidadania", "Psicologia Social" e "Sociologia".
Esse trabalho se divide em três segmentos: Interfaces entre Ética,
Privacidade e a LGPD, no qual será discutida a LGPD, a partir da relação entre
ética, liberdade, privacidade e personalidade; LGPD, Mercado e Visão de Homem,
em que será apresentada a utilização dados pelas empresas em efeito da sua visão
de homem e o ponto de vista Kantiano como oposição; A importância da Sociologia
no mercado digital, o qual explicará a forma de atuação da ciência Sociologia no
entendimento das relações virtuais, as quais são tratadas na LGPD.
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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 INTERFACES ENTRE ÉTICA, PRIVACIDADE E A LGPDT

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), criada em 2018, mas em


vigor apenas a partir de agosto de 2021, exige a mudança da maneira de coletar,
armazenar e compartilhar os dados das pessoas por parte de empresas públicas e
privadas. Com isso, essa legislação garante mais segurança, privacidade e
transparência no uso de informações pessoais adquiridas na internet. Dessa forma, a
LGPD protege a liberdade e a privacidade de consumidores e cidadãos no mundo
virtual:
“Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios
digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado,
com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de
privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural”
(BRASIL, 2018).

A partir desse fragmento da Lei, é possível analisar três pilares que regem sua
constituição: liberdade, privacidade e desenvolvimento da personalidade da pessoa.
Esses três elementos, na sociedade atual, fazem parte do indivíduo e não dos
direitos que não podem ser violados. Por isso, a LGPD, por estabelecer um conjunto
de normas, conforme os princípios e valores da sociedade Brasileira estabelecidas
na Constituição Federal de 1988, possui uma intrínseca relação com um ponto da
Filosofia: a ética.
De acordo com Cabral (2006, apud GARNIER; PADILHA, 2019), as
transformações geradas em decorrência do valor adquirido por informações no
mundo virtual, acarretou a construção de um novo conceito de ética:
“Toda uma nova ética está se estruturando entre os jovens que têm acesso à
estrutura que viabiliza a cibernese e comungam entre si, por meio dessa
profusão de apps e dispositivos inteligentes. (...) Logo, a "ética" a que me refiro
é o conjunto de atitudes que está em exercício e funcionando na sociedade,
sem vínculo com aspectos morais, sendo apenas um compêndio descritivo da
práxis sociocultural” (CABRAL, 2006, apud GARNIER; PADILHA, 2019).

Com isso, é possível afirmar que a Ética, enquanto parte da Filosofia, está
relacionada aos três aspectos citados anteriormente: liberdade, privacidade e
personalidade. Dessa forma, torna-se relevante analisar a LGPD, a partir da relação
entre ética, liberdade, privacidade e personalidade.
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Em seu artigo 2°, a Lei Geral de Proteção de Dados afirma: "Art. 2° A


disciplina da proteção de dados pessoais tem como fundamentos: I - o respeito à
privacidade".
Ter sua privacidade protegida significa, na cultura ocidental, possuir
autonomia (FUGAZZA; SALDANHA, 2017). Para Rainer Kuhlen, a privacidade é
entendida como a "autonomia informacional", que se configura como o poder de
escolha do indivíduo em relação à utilização de suas informações no meio virtual
(CAPURRO, 2005 apud FUGAZZA; SALDANHA, 2017)
Além disso, Rainer Kuhlen também afirma que "o indivíduo deve gozar de
liberdade no processo que abarca desde a busca, a seleção, até ao uso da
informação". Dessa forma, a partir do momento em que a autonomia dos indivíduos é
infringida, tem-se a violação de sua própria liberdade, a qual, por sua vez, tem sua
inviolabilidade assegurada pelo artigo 5° da Constituição Federal de 1988:

“XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,


de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal. ” (Brasil, 1998)

Com base nisso, é perceptível a necessidade da proteção dos direitos à


privacidade e inviolabilidade dos dados dos usuários. Diante disso, aliado ao uso das
novas tecnologias com ética, é o que caracteriza a base principiológica da LGPD
(GARNIER; PADILHA, 2019)
É importante realçar o terceiro tópico que rege a LGPD: personalidade. Os
dois direitos analisados anteriormente, a privacidade e a liberdade, se constituem
como direitos da personalidade, os quais se definem como o direito irrenunciável e
intransmissível que todo indivíduo tem de controlar o uso de qualquer aspecto
constitutivo de sua identidade. (LEMOS, 2017).
Para investigar a análise, é importante, na época atual diferenciar
personalidade e identidade. À luz da psicologia, a "personalidade é um processo
resultante da relação do indivíduo com o mundo, que engloba as particularidades
das funções psicológicas superiores e abarca as experiências vividas pelo indivíduo
na sociedade" (SILVA, 2009, p.176).
Identidade, por sua vez, "é a síntese pessoal sobre o si mesmo, incluindo
dados pessoais (cor, sexo, idade), biografia (trajetória pessoal), atributos que os
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outros lhe conferem, permitindo uma representação a respeito de si". (BOCK, 2002,
p. 190). De forma breve, em termos de comparação, a personalidade é um conjunto
de elementos psicológicos construídos socialmente, enquanto a identidade é algo
superior, que inclui a personalidade.
No que diz respeito desses conceitos e sua relação com a Lei Geral de
Proteção de Dados, pode-se recorrer a Floridi (1999 apud FUGAZZA; SALDANHA,
2017), a qual defende que a informação pessoal de cada pessoa está intimamente
associada à sua concepção de identidade e, assim, os dados seriam, dessa forma,
“um pedaço de nós mesmos”. Portanto, os direitos da personalidade, como a
privacidade, podem ser enquadrados na proteção dos dados pessoais, pois estes
dados se constituem como parte do ser.
Finalizando essa discussão no que se diz respeito as interfaces entre ética,
privacidade e LGPD, aponta-se, após os pontos abordados, que as invasões da
privacidade resultante do uso de tecnologias se configuram enquanto problemas
éticos.

2.2 LGPD, MERCADO E VISÃO DE HOMEM

Como citado em "Interfaces entre ética, privacidade e a LGPD", a lei tem


como objetivo delimitar, trazer mais segurança e transparência ao tratamento de
dados pessoais de clientes, realizado por empresas públicas e privadas. Ou seja, é
uma forma de proteger o consumidor da ausência de transparência das empresas.
Em seus artigos, a LGPD informa que busca proteger o consumidor da
violação da privacidade, do vazamento de dados, do processamento das
informações pessoais e outros tópicos relacionados aos dados fornecidos.
Essa proteção é necessária, pois, na perspectiva econômica, o usufruto de
dados pessoais adquire crescente valor. As empresas se apropriam do volume de
informações disponíveis na internet para prospectar mercados, realizando, dessa
forma, suas ações de marketing e vendas de acordo com características comuns, no
que se insere a importância dos dados pessoais.
Dessa forma, é evidente o lugar que o homem passa a assumir nesse modo
de mercado: o consumidor não deve mais ser atraído apenas pela publicidade, mas
deve identificar-se com os produtos, o que é realizado por meio dos dados
7

fornecidos, para assim haver a fidelização e, consequentemente, o lucro da empresa


(MIRAGEM, 2019).
Temos como exemplo, o caso da Target, uma grande empresa varejista norte-
americana que, mediante uso de dados, passou a inferir a chance de gravidez de
suas consumidoras. Deste modo utilizou-se a informação para direcionar produtos de
acordo com sua fase da gravidez, aumentando o número de vendas (MIRAGEM,
2019). Este exemplo permite observar o modo como o mercado consumista
compreende seu cliente: algo a ser alienado em favor de margem de lucro.
Por outro lado, essa visão capitalista e liberal do homem, é possível pensar na
visão de Immanuel Kant, que se enquadra em uma perspectiva mais sustentável.
Para Kant, ao homem não se pode atribuir valor, devendo ser considerado como um
fim em si mesmo e em função da sua autonomia enquanto ser racional. Como o
próprio Kant afirma:

“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na
pessoa de qualquer outro sempre e simultaneamente como fim e nunca
simplesmente como meio” (KANT, I. Fundamentação da metafísica dos
costumes. Trad. P. Quintela. Lisboa: Edições 70, 2007. p. 69).

O ponto de vista kantiano se configura como deontológica: as ações não


devem ser orientadas conforme os interesses e as inclinações (ROCHA, 2018). De
outro modo, as ações devem ser orientadas por ideologias posicionadas para além
dos interesses pessoais. Diferentemente do que é praticado pelo mercado, Kant
defende que as ações praticadas em relação a outro ser humano devem considerar
a humanidade na pessoa do agente como nas demais, sempre como fim e jamais
como meio (SORAYA, 2004).

2.3 A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA NO CENÁRIO DIGITAL

Uma das consequências relacionadas as novas tecnologias do século XXI que


causam um grande impacto na sociedade nos âmbitos educacionais, financeiros e
sociais, é que a cultura, as relações sociais e as instituições se alteraram
profundamente.
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Como a Sociologia é a Ciência Social que estuda a sociedade, padrões de


relações sociais, interação social e cultura da vida cotidiana, claramente essas
alterações sociais refletiram na ciência Sociologia:

“...na medida em que as tecnologias de informação e comunicação baseadas na


Internet transformaram a sociedade, elas transformaram, também, a disciplina
da sociologia. De forma mais geral, estas tecnologias alteraram a forma como
cientistas e acadêmicos de todas as áreas buscam e referenciam informação
relevante, inclusive a literatura acadêmica. Além disso, abordagens específicas
à pesquisa sociológica também se transformaram. ” (WITTE, 2012, p. 83 apud
NASCIMENTO, 2016)

No que diz respeito a essa nova forma de fazer Sociologia, ela surgiu em
virtude das transformações sociais geradas pelas novas tecnologias e seu uso.
Sendo assim, a Sociologia que se faz presente no âmbito virtual se preocupa com
questões relacionadas a mudanças provocadas pelas tecnologias, tais como:

"mudanças dos relacionamentos e nas comunidades, provocadas pelas redes


sociais digitais; as alterações na relação com o espaço; o crescimento e a
disseminação da vigilância; a desigualdade digital e o capitalismo da
informação; o sistema de ensino e o cuidado com a saúde na era digital"
(NASCIMENTO, 2016, p. 221).

Deste modo, é através das observações e estudos desses fatores que a


Sociologia existe e atua no ambiente digital, mostrando-se como essencial nessa
esfera. No livro "Digital Sociology", da professora e pesquisadora Deborah Lupton,
essa importância da prática sociológica no meio digital é evidenciada:

“Eu argumentaria que a sociologia precisa fazer o estudo das tecnologias


digitais central às suas atribuições. Todos os tópicos que os sociólogos agora
pesquisam e ensinam estão inevitavelmente conectados às tecnologias digitais,
quer eles se concentrem na sociologia da família, da ciência, da saúde e
medicina, do conhecimento, da cultura, da economia, do emprego, da
educação, do trabalho, do gênero, do risco, do envelhecimento, da raça e
etnicidade. Estudar a sociedade digital é se concentrar em muitos aspectos que
contribui na análise das relações atuais no ambiente digital. ” (LUPTON, 2015,
p. 8 apud NASCIMENTO, 2016, p. 221).

A autora sugere como formas de fazer sociológico no âmbito digital: pesquisar


os impactos das mídias e redes sociais digitais para o comportamento dos atores
sociais; e realizar análises das mídias digitais com base nas teorias sociais
(NASCIMENTO, 2016). Deste modo, vale destacar a necessidade do papel da
Sociologia, na esfera digital, como uma ciência própria para analisar as relações
sociais.
9
10

3 CONCLUSÃO

Ao observar os impactos da Lei Geral de Proteção de Dados, no que diz


respeito ao âmbito social, compreendeu-se a importância da Ética em sua
constituição, sendo esta a ferramenta utilizada na Lei para coordenar os princípios
da privacidade, liberdade e desenvolvimento da personalidade.
De acordo com as definições abordadas, tais como os dados digitais se
configurando como privacidade e sua divulgação a consequente perda da liberdade,
nota-se a imprescindibilidade da proteção dos direitos à privacidade e inviolabilidade
dos dados dos usuários. Esse fato, aliado ao uso das novas tecnologias com ética, é
o que caracteriza a base principiológica da LGPD (GARNIER; PADILHA, 2019)
Em relação ao segundo tópico, que buscou apresentar a utilização dados
pelas empresas em decorrência da sua vida são de homem e o ponto de vista
Kantiano como oposição, foi perceptível um grande contraste entre as ideias
colocadas em prática no atual contexto da sociedade brasileira e os ideais
postulados por Kant. Enquanto a perspectiva kantiana se configura como
deontológica, isto é, as ações não devem ser orientadas conforme os interesses e as
inclinações (ROCHA, 2018), o mercado age de forma oporta: as ações devem ser
orientadas por princípios posicionados para seus interesses pessoais.
No que diz respeito ao terceiro tópico, acerca da importância da Sociologia,
notou-se, por meio de pensamentos da socióloga Deborah Lupton, que o fazer
sociológico no âmbito virtual encontra sua função na pesquisa dos impactos das
mídias e redes sociais digitais para o comportamento dos atores sociais; e nas
análises das mídias digitais com base nas teorias sociais (NASCIMENTO, 2016).
Portanto, destaca-se a necessidade do papel da Sociologia, na esfera digital, como
uma ciência própria para analisar as relações sociais
Em síntese, conclui-se que esta elaboração com um rico conhecimento
associado através das pesquisas realizadas e da pesquisa bibliográfica feita através
dos artigos disponibilizados nas orientações desta produção. Espera-se que ela
venha acrescentar a sociedade e ao campo do serviço social promovendo a
ampliação da compreensão acerca das reflexões geradas.
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REFERÊNCIAS

BOCK, A. M. B. et al. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13ª


edição. São Paulo: Saraiva, 2002.

BRASIL. Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados


pessoais e altera a Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da Internet).
Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm>. Acesso
em: 04 de ago. 2021.

FUGAZZA, G. Q.; SALDANHA, G. S. Privacidade, ética e informação: uma reflexão


filosófica sobre os dilemas no contexto das redes sociais. Encontros Bibli: revista
eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 22, n. 50, p. 91-101,
2017. Disponível em: <https://doi.org/10.5007/1518-2924.2017v22n50p91>. Acesso
em: 4 ago. 2021.

GARNIER, C. M.; PADILHA, T. M. Ética, privacidade e novas tecnologias: o impacto


da lei de proteção de dados na sociedade. Migalhas, 2019. Disponível em:
<https://www.migalhas.com.br/depeso/311142/etica--privacidade-e-novas-
tecnologias--o-impacto-da-lei-de-protecao-de-dados-na-sociedade>. Acesso em: 4
ago. 2021.

KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. P. Quintela. Lisboa:


Edições 70, 2007.

LEMOS, D. R. Direitos da personalidade: evolução histórica. JUS BRASIL, 2017.


Disponível em: <https://douglasrocha81.jusbrasil.com.br/artigos/472373910/direitos-
da-personalidade>. Acesso em: 4 ago. 2021.

MIRAGEM, B. A lei geral de proteção de dados (lei 13.709/2018) e o direito do


consumidor. Revista dos Tribunais, v. 1009, 2019. Disponível em:
<https://brunomiragem.com.br/wp-content/uploads/2020/06/002-LGPD-e-o-direito-do-
consumidor.pdf>. Acesso em: 4 ago. 2021.

NASCIMENTO, L. F. A sociologia digital: um desafio para o século XXI. Sociologias,


v. 18, p. 216-241, 2016. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/15174522-
018004111>. Acesso em: 4 ago. 2021.

NOUR, S. A paz perpétua de Kant: filosofia do direito internacional e das relações


internacionais. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

ROCHA, A. T. A concepção ANTROPOLÓGICA de Kant que subjaz a ideia de


construção da paz perpétua. JUS, 2018. Disponível em: <
12

https://jus.com.br/amp/artigos/69637/a-concepcao-antropologica-de-kant-que-subjaz-
a-ideia-de-construcao-da-paz-perpetua>. Acesso em: 4 ago.2021.

SILVA, F. G. Subjetividade, individualidade, personalidade e identidade: concepções


a partir da psicologia histórico-cultural. Psicologia da Educação. Programa de
Estudos Pós-Graduados em Educação: Psicologia da Educação. ISSN 2175-
3520, n. 28, 2009. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1414-69752009000100010>. Acesso em: 4 ago. 2021.
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INTRODUÇÃO

A internet a partir de 2018 deixou de ser um lugar sem regras. O numero de


usuários inclusive governos cresceu consideravelmente, na rede não existia
nenhuma lei ou dispositivo para o seu uso. Então no mundo todo, a internet passou
a ter uma lei que a regulamenta-se com princípios e deveres.

A lei General Data Protection Regulation (GDPR) criada na União Europeia


serviu como base para criação aqui no Brasil da Lei Geral de Proteção dos Dados
Pessoais (LGPD), criada em 2018, passando a valer em 2020.

Tem uma enorme importância na transformação do cenário social brasileiro,


porque as empresas sejam elas publicas e privadas. A LGPD altera o modo com os
dados de usuários são coletados pelas empresas, públicas e privadas, tendo em
vista proteger o cliente de possíveis violações da sua privacidade.
A LGPD possui alguns pilares que regem sua constituição sendo três deles:
liberdade, privacidade e desenvolvimento da personalidade da pessoa. Diante
desse cenário, viu-se a necessidade de analisar a relação que a LGPD apresenta no
que tange aos princípios éticos, na questão da privacidade e as novas tecnologias.
Importante destacar que cada usuário ao visitar um site deve responder se
aceita a ou não a coleta de dados, os cookies são a porta de entrada para esse
processo e o consentimento do internauta é a sua proteção.
O presente trabalho tem como objetivo associar as interfaces entre a Lei
Geral de Proteção dos Dados, Ética, Novas tecnologias e o contexto social
brasileiro. Também relacionar essa temática aos conteúdos estudados nas grades
da "Filosofia", "Ética, política e cidadania", "Psicologia Social" e "Sociologia".
Esse trabalho divide-se da seguinte forma: (i) Interfaces entre Ética,
Privacidade e a LGPD, no qual serão abordadas a LGPD, a partir da relação entre
ética, liberdade, privacidade e personalidade; (ii) LGPD, Mercado e Visão de
Homem, em que será apresentada a utilização dados pelas empresas em
decorrência da sua vida são de homem e o ponto de vista Kantiano como oposição;
(iii) A importância da Sociologia no necessário digital, o qual explicará a forma de
atuação da ciência Sociologia no entendimento das relações virtuais, as quais são
tratadas na Lei Geral de Proteção.
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4 CONCLUSÃO

Portanto, a conclusão que este trabalho apresenta por meio uma analise da
Lei Geral de Proteção dos Dados Pessoais do Brasil que ela esta em consonância
com as de outros países. As informações de seus internautas devem ser protegidas
como um todo. E no que diz respeito ao âmbito social, notou-se a importância da
Ética em sua constituição, sendo esta a ferramenta utilizada na Lei para coordenar
os princípios da privacidade, liberdade e desenvolvimento da personalidade.
De acordo com as definições abordadas, tais como os dados digitais se
configurando como privacidade e sua divulgação a consequente perda da liberdade,
nota-se a imprescindibilidade da proteção dos direitos à privacidade e inviolabilidade
dos dados dos usuários. Esse fato, aliado ao uso das novas tecnologias com ética, é
o que caracteriza a base principiológica da LGPD (GARNIER; PADILHA, 2019)
Em relação ao segundo tópico, que buscou apresentar a utilização dados
pelas empresas em decorrência da sua vida são de homem e o ponto de vista
Kantiano como oposição, foi perceptível um grande contraste entre as ideias
colocadas em prática no atual contexto da sociedade brasileira e os ideais
postulados por Kant. Enquanto a perspectiva kantiana se configura como
deontológica, isto é, as ações não devem ser orientadas conforme os interesses e as
inclinações (ROCHA, 2018), o Mercado age de forma contrária: as ações devem ser
orientadas por princípios posicionados para seus interesses pessoais.
No que diz respeito ao terceiro tópico, acerca da importância da Sociologia,
notou-se, por meio de pensamentos da socióloga Deborah Lupton, que o fazer
sociológico no âmbito virtual encontra sua função na pesquisa dos impactos das
mídias e redes sociais digitais para o comportamento dos atores sociais; e nas
análises das mídias digitais com base nas teorias sociais (NASCIMENTO, 2016).
Dessa forma, salienta-se a imprescindibilidade do papel da Sociologia, na esfera
digital, como uma ciência própria para analisar as relações sociais.
Conclui-se que este trabalho venha somar e orientar através das pesquisas
realizadas e da bibliográfica citada através dos artigos disponibilizados que serviram
nas orientações desta produção.
Também se espera que ela venha acrescentar ao leitor e a sociedade e ao
campo do serviço social promover a expansão da compreensão acerca das reflexões
geradas sobre privacidade e ética na rede e nas mídias sociais.
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Depois de muitas discussões, a LGPD (Lei Geral de Proteção aos Dados) entrou em
vigor em 2020. Na prática, isso significa que todos os negócios que estão na internet
estão ou serão impactados.

Independentemente de qual seja o tamanho da sua empresa, é importante estar por


dentro das novas regras. Neste artigo, você entenderá sobre os aspectos principais
da LGPD. Veja só!

4.1 O QUE É A LGPD E PARA QUE ELA SERVE?


Durante muitos anos, a internet reinou sem regras específicas. Porém, conforme o
número de internautas aumentou, governos de todo o mundo perceberam que era
necessário criar dispositivos para o uso da rede.

Na União Europeia, os países passaram a adotar a General Data Protection


Regulation (GDPR) — regulamento que inspirou a LGPD do Brasil. Aqui, as
discussões começaram há anos, porém, a regulamentação foi sancionada em 2018
e começou a valer em 2020.

De forma resumida, pode-se dizer que a lei foi criada para proteger os dados dos
usuários. Como as empresas costumam coletar diversas informações, agora, é
necessário que os clientes aceitem isso.

Por causa dessas mudanças, quem tem negócios online precisa ter uma atenção
redobrada. As estratégias devem ser focadas cada vez mais em gerar valor aos
consumidores para que eles queiram disponibilizar os dados e manter contato com a
empresa.

4.2 QUAIS SÃO OS PONTOS PRINCIPAIS DA LEI


GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS?
A LGPD tem diversos pontos que precisam ser entendidos. Para facilitar, você pode
conferi-los abaixo:

4.2.1 Para que se aplica a lei?


A Lei Geral de Proteção de Dados será aplicada para todas as empresas, sejam
elas públicas, privadas, pequenas, médias ou grandes. As normas valem
para negócios que oferecem serviços ou produtos na internet e que, portanto, lidam
com dados dos cidadãos brasileiros.

4.2.2 Quais são os dados?


Quando se fala em dados, é normal ter algumas dúvidas. Afinal, do que exatamente
a lei está tratando? A LGPD trata dos dados pessoais e sensíveis. Os primeiros se
referem às informações que podem identificar uma pessoa.
16

Já os dados sensíveis incluem registros relacionados com crenças, opiniões


políticas, condições de saúde, entre outros.

4.2.3 Como a empresa é responsável pelos dados?


As empresas são responsáveis pelo acesso e armazenamento dos dados dos
clientes. Caso haja o vazamento das informações, as pessoas envolvidas deverão
ser comunicadas, assim como o órgão competente.

4.2.4 Há infrações para o caso de não cumprimento?


Sim, a LGPD prevê que as empresas podem receber advertências e pagar multa de
até 2% do faturamento, se não cumprirem as normas. Devido a isso, é necessário
tomar bastante cuidado.

4.2.5 Quais são os direitos dos usuários?


Por sua vez, a lei também estipula quais são os direitos dos usuários, isso é, dos
donos daqueles dados. Eles podem:

 solicitar as informações que as empresas têm dele;


 pedir a correção de um dado incorreto;
 requerer a eliminação de uma informação;
 permitir a portabilidade de acesso a outro provedor;
 ter a ciência da finalidade para qual a informação será usada.

4.3 QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS DA LGPD?


A LGPD possui uma série de princípios, ou seja, de condutas que devem ser
adotadas por todas as empresas. Saiba quais são:

4.3.1 Finalidade
É a regra mais importante. De acordo com o princípio da finalidade, nenhuma
organização pode usar os dados como quiser. A empresa deve ter um motivo.

4.3.2 Necessidade
Será que a empresa precisa mesmo das informações? O ideal é que o uso de dados
seja o menor possível e sempre com uma justificativa plausível.

4.3.3 Transparência
A empresa precisa ser a mais transparente possível para o público sobre o
tratamento das informações. Uma forma de ajudar nisso é mantendo uma política de
privacidade atualizada no site.
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4.3.4 Consentimento
A partir de agora, os internautas precisam autorizar que uma empresa use ou não os
dados deles. Esse é o caso dos cookies. Muitos sites já estão perguntando aos
usuários se podem usar as informações dos cookies para fornecer propagandas.

O consentimento precisa ser claro. Ou seja, é necessário realmente perguntar para


a pessoa sobre o uso das informações. Caso contrário, a empresa estará infringindo
a lei.

4.3.5 Legítimo interesse


O princípio do legítimo interesse anda ao lado do consentimento, embora seja muito
diferente. Imagine que uma empresa interaja com um grupo de consumidores, por
exemplo. Ela costuma enviar e-mails marketing com novos produtos.

Um dia, ela se planeja para divulgar algo diferente que começará a vender. A
finalidade do dado será a mesma, certo? Ou seja, passar informações ao público.
Nesse caso, não será necessário solicitar o consentimento das pessoas para o envio
de uma nova publicidade. O legítimo interesse, que já existe por conta do
relacionamento, dará conta do recado.

Porém, caso a empresa queira usar os dados para algo diferente, então, apenas
este princípio não servirá. Afinal, o público poderá se queixar de receber algo que
não esperava, ou ter os dados usados de uma maneira que não foi autorizada.

4.3.6 Contratos
Outro cuidado que as empresas precisam ter é com o uso de informações dos
contratos. Ninguém pode usar ou repassar os dados de um documento, sem que
haja a autorização de todas as partes.

Por exemplo: um cliente assinou um serviço e, consequentemente, informou


endereço, telefone, e-mail, etc. Essas informações são para a utilização exclusiva do
negócio com quem fechou o acordo. Sem contar que para um novo uso será
necessário informar o consumidor – atendendo ao princípio da transparência.

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