"Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil"
Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua
família vivem uma situação degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do protagonista não recebem nomes, sendo chamados apenas como o “mais velho” e o “mais novo”, recurso usado pelo autor para evidenciar a desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção, sem desconsiderar o contexto histórico da obra, nota-se que a problemática apresentada ainda percorre a atualidade: a não garantia de cidadania pela invisibilidade da falta de registro civil. A partir desse contexto, não se pode hesitar – é imprescindível compreender os impactos gerados pela falta de identificação oficial da população. Desse modo, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dú vida, na persistente falta de pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já estudado pelo historiador José Murilo de Carvalho, para que haja uma cidadania completa no Brasil é necessária a coexistência dos direitos sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se que, quando o pilar civil não é garantido – em outras palavras, a não efetivação do direito devido à falta do registro em cartório –, não é possível fazer com que a cidadania seja alcançada na sociedade. Dessa forma, da mesma maneira que o “mais novo” e o “mais velho” de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros continuam por ser invisibilizados: sem nome oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a dignidade de um cidadão. Além disso, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete, também, na manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão ocorre, pois, de acordo com a análise da antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a Independência do Brasil, não há a formação de um ideal de coletividade – ou seja, de uma “Nação” ao invés de, meramente, um “Estado”. Com isso, o caráter de desigualdade social e exclusão do diferente se mantém, sobretudo, no que diz respeito às pessoas que não tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequentemente, são obrigadas a lidar com situações humilhantes por parte do restante da sociedade: das mais diversas discriminações até o fato de não poderem ter qualquer outro documento se, antes, não tiverem sua identificação oficial. Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro está diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema. Assim, cabe ao Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer por meio da implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil, o qual irá articular, junto aos gestores dos municípios brasileiros, campanhas, divulgadas pela mídia socialmente engajada, que expliquem sobre a importância do registro oficial para garantia da cidadania, além de instruçõ es para realizar o processo, a fim de mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação. Afinal, assim como os meninos em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento do seu nome e identidade. "Democratização do acesso ao cinema no Brasil" A construção dos feudos, muros que delimitavam uma determinada área no período da Idade Média, segregou milhares de pessoas e impossibilitou o acesso a bens que somente a nobreza podia usufruir. Semelhante a essa época, no contexto brasileiro contemporâneo, o cinema é um dos inú meros meios de democratizar a cultura, mas ainda é "feudalizado", já que grande parte da população continua alheia a esse serviço . Então, tanto a concentração das salas de teledramaturgia em regiões mais desenvolvidas economicamente, quanto os exorbitantes preços dos ingressos e alimentos, vendidos com exclusividade pela empresa proprietária, mutilam a cidadania e consagram importantes simbologias de poder. Nessa perspectiva, a cultura é imprescindível para a identidade de um povo e, indubitavelmente, o cinema é uma fundamental ferramenta de inclusão e de propagação de valores sociais. Entretanto, de acordo com o geógrafo Milton Santos, no texto "Cidadanias Mutiladas", a democracia, extremamente necessária para a fundamentação cultural do indivíduo, só é efetiva quando atinge a totalidade do corpo social, ou seja, na medida em que os direitos são universais e desfrutados por todos os cidadãos. Dessa maneira, a concentração das salas de cinemas em áreas com alto desenvolvimento econômico e o alheamento de milhares de pessoas a esse serviço provam que não há democratização do acesso à cultura cinematográfica no Brasil, marginalizando grande parcela da sociedade desprovida de recursos financeiros. Outrossim, os preços abusivos de ingressos, a divisão das salas em categorias de conforto e a proibição de entrada de bebidas e alimentos, que não sejam vendidos no estabelecimento, dividem, ainda mais, a sociedade. Isso pode ser explicado pelo teó rico Pierre Bourdieu, o qual afirma que todas as minú cias de um indivíduo constituem simbologias que são constantemente analisadas pelo corpo social, isto é, o poder de compra, as características pessoais e o acesso a bens e serviços refletem quem é o homem para outrem. Dessa forma, o alto custo praticado pelas redes cinematográficas violenta simbolicamente aqueles que não conseguem contemplar as grandes telas e aumenta a desigualdade. Portanto, cabe à iniciativa privada, em parceria com os estados e municípios, promover a interiorização das salas de teledramaturgia, por meio da construção de novos empreendimentos em áreas distantes dos pólos econômicos e da redução dos custos para o consumidor de baixa renda, incentivando, então, a cultura mais democrática. Além disso, é responsabilidade da Ancine, Agência Nacional de Cinema, estabelecer um canal de comunicação mais efetivo com o telespectador, por intermédio de aplicativos e das redes sociais interativas, para que denú ncias e reclamações sobre preços abusivos possam ser realizadas. Como efeito social, a democratização do cinema no Brasil será uma realidade, destruindo, assim, barreiras e "feudos" sociais." PRINCIPAIS EEMENTOS COESIVOS
em primeiro lugar, antes de mais nada, antes
de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, Prioridade, relevância: primordialmente, sobretudo, a priori, a posteriori
entã o, enfim, logo, logo depois,
imediatamente, logo apó s, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente, agora, atualmente, hoje, frequentemente, constantemente, à s Tempo vezes, eventualmente, por vezes, (frequência, duração, ordem, sucessão, ocasionalmente, sempre, raramente, nã o raro, anterioridade, posterioridade): ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já , mal, nem bem
igualmente, da mesma forma, assim também,
do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de Semelhança, comparação, conformidade: conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como
se, caso, eventualmente, desde que, ainda que
Condição, hipótese: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda por cima, por outro lado, também, e, nem, nã o só ... mas também, nã o só ... como Adição, continuação: também, nã o apenas ... como também, nã o só ... bem como, com, ou (quando nã o for excludente)
Talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá ,
Dúvida: quem sabe, é prová vel, nã o é certo, se é que
de certo, por certo, certamente,
indubitavelmente, inquestionavelmente, sem Certeza, ênfase: dú vida, inegavelmente, com certeza
Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de sú bito,
subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente
por exemplo, só para ilustrar, só para
exemplificar, isto é, quer dizer, em outras Ilustração, esclarecimento: palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliá s
com o fim de, a fim de, com o propó sito de,
com a finalidade de, com o intuito de, para Propósito, intenção, finalidade: que, a fim de que, para, como
perto de, pró ximo a/ de, junto a/ de, dentro,
fora, mais adiante, aqui, além, acolá , lá , ali, Lugar, proximidade, distância: este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a
em suma, em síntese, em conclusã o, enfim, em
resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa Resumo, recapitulação, conclusão: maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo
por consequência, por conseguinte, como
resultado, por isso, por causa de, na medida em que, em virtude de, de fato, com efeito, tã o (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, já Causa e consequência. Explicação: que, uma vez que, visto que, como (= porque), logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista, pois (anteposto ao verbo)
pelo contrá rio, em contraste com, salvo,
exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto Ressalva: embora, apesar de, ainda que, Contraste, oposição, restrição, ressalva: mesmo que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo que