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Ijuí
2017
JÉSSICA LUANA CARLS
Ijuí
2017
JÉSSICA LUANA CARLS
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de
ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro
da banca examinadora.
BANCA EXAMINADORA
A construção civil é reconhecida como uma das atividades mais importantes para o
desenvolvimento econômico e social, entretanto, apresenta-se como grande geradora de
impactos ambientais, seja pela extração de recursos naturais não renováveis, pela geração de
Resíduos da Construção e Demolição (RCD) ou pela emissão de gases poluentes na atmosfera
durante o processo de fabricação do cimento, que é um dos insumos mais utilizados no ramo
da construção. Dessa forma, com a intenção de atenuar os impactos ambientais, a utilização do
Resíduo de Cerâmica Vermelha (RCV) como substituição parcial do cimento em concretos visa
propor uma solução de reutilização para uma parcela dos RDC gerados em obra, com o
propósito de amenizar o consumo de cimento. Para avaliar as propriedades do concreto
produziu-se um traço de referência e dois traços com o cimento substituído parcialmente por
RCV, recolhido em obra e posteriormente moído, nas proporções de 15% e 25%
respectivamente. Relacionado ao estudo das propriedades do concreto no estado fresco
realizaram-se ensaios de tempo de pega e a perda de consistência ao longo do tempo, enquanto
no estado endurecido desenvolveram-se ensaios de resistência a compressão simples e absorção
por capilaridade, além do índice de atividade pozolânica do resíduo cerâmico. O programa
experimental iniciou-se pela caracterização dos materiais, para que fosse possível obter a
dosagem ideal do concreto, então foram moldados os corpos de prova e posteriormente foram
sendo desenvolvidos os ensaios. Após a finalização dos experimentos laboratoriais, os
resultados obtidos foram analisados a fim de verificar a influência e a viabilidade técnica da
utilização do RCV como substituição parcial do cimento na produção de concreto.
CARLS, Jéssica Luana. Study of the properties of the concrete with the use of red ceramic
residue as partial replacement of the Portland cement. 2017.Completion of Course Work.
Civil Engineering Course, Regional University of the Northwest of the State of Rio Grande do
Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2017.
The civil construction is recognized as one of the most important activities for economic and
social development, however, it is a great generator of environmental impacts, either by the
extraction of nonrenewable natural resources, by the generation of Construction and Demolition
Waste (CDW) or the emission of polluting gases in the atmosphere during the cement
manufacturing process, which is one of the most used materials in the construction sector. This
way, with the purpose of decreasing environmental impacts, the use of the Red Ceramic Waste
(RCW) as a partial replacement of cement in concretes aims to propose a solution of reusing a
portion of the CDW in the construction site, in order to decrease the consumption of cement.
To evaluate the properties of the concrete, it will be produced a reference trace and two traces
with the cement partially replaced by RCW, collected on construction sites and then grinded,
in proportions of 15% and 25% respectively. Related to the study of properties of the concrete
in the fresh state were carried out tests of handle time and loss of consistency over time, while
in the hardened state, tests of resistance to simple compression and absorption by capillarity
were developed, besides the index of the pozzolanic activity of the ceramic residue. The
experimental program was started by the characterization of the materials, so that the ideal
dosage of the concrete could be obtained, then the samples were molded and the tests were later
developed. After the completion of the laboratory experiments, the results were analyzed in
order to verify the influence and technical feasibility of the use of RCW as partial replacement
of cement in concrete production.
a/c água/cimento
a/g água/aglomerante
CH4 Metano
cm Centímetro
CP Corpo de prova
g Grama
h Hora
J joule
kg Quilograma
L Litros
m³ Metro cúbico
min minuto
ml mililitros
mm milímetro
nº número
15% RCV Traço com substituição de 15% do cimento por resíduo cerâmico
25% RCV Traço com substituição de 25% do cimento por resíduo cerâmico
s segundo
ºC Grau Celsius
µm micro milímetro
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 18
1.1 CONTEXTO........................................................................................................................18
1.3 DELIMITAÇÃO................................................................................................................. 20
2.5.3 Influência da substituição do cimento Portland por RCV nas propriedades do estado fresco
do concreto 38
3 MÉTODO DE PESQUISA.................................................................................................. 41
4 RESULTADOS .................................................................................................................... 63
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 74
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 77
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTO
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Jéssica Luana Carls (jessica.carls@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí.
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Sokolovicz (2013) explica que os principais gases do efeito estufa são o dióxido de carbono
(CO₂), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), sendo que nos dias atuais o avanço da
industrialização favorece o acréscimo desses gases na atmosfera, dessa forma, ocorre uma
elevação na temperatura do planeta, conhecida como aquecimento global. Segundo o World
Business Council For Sustainable Development (WBCSD, 2012) a indústria de produção do
cimento Portland é responsável pela emissão de 6% de CO₂. Sendo assim, o autor afirma que é
importante reduzir a extração de matéria prima, reutilizar os recursos disponíveis e reduzir o
índice da emissão de gases poluentes, promovendo dessa forma a redução dos impactos
ambientais.
Além disso os resíduos da construção e demolição (RCD) são responsáveis por uma
fração significativa de entulhos depositados em lugares inapropriados, tais como em encostas
de rios, vias públicas, terrenos baldios, entre outros (KARPINSKI et al, 2009), uma vez que
não existem tecnologias para o reaproveitamento de todo o montante desse resíduo. Sendo
assim, Karpinski et al (2009) afirmam que essa prática prejudica a paisagem urbana, invade
pistas, entrava o tráfego de pedestres, veículos e drenagem urbana, além de propiciar a atração
de resíduos não inertes, que degradam áreas urbanas e multiplicam as chances de doenças,
afetando assim a qualidade de vida da sociedade.
1.2 PROBLEMA
▪ Objetivo Geral
Analisar o desempenho do concreto no estado fresco e endurecido com a utilização de
resíduos de cerâmica vermelha em substituição parcial ao cimento, realizando posteriormente
um comparativo entre os concretos produzidos com substituição do cimento e um concreto de
referência.
▪ Objetivos Específicos
Analisar a influência da adição mineral do resíduo de cerâmica vermelha como
substituição parcial do cimento Portland, quanto:
i. A resistência a compressão simples;
ii. A absorção por capilaridade;
iii. Ao tempo de pega;
iv. A perda de consistência ao longo do tempo;
1.3 DELIMITAÇÃO
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2 REVISÃO DA LITERATURA
Neste item será apresentado o embasamento teórico do presente trabalho, com conceitos
relacionados ao concreto e suas propriedades no estado fresco e endurecido, adições minerais e
resíduos da construção e demolição.
2.1 CONCRETO
Helene e Andrade (2010) definem o concreto como o material estrutural mais importante
existente na atualidade. Sendo comumente utilizado na construção de casas de alvenaria,
edifícios, rodovias, pontes, torres de resfriamento, usinas hidrelétricas e obras de saneamento
(PEDROSO, 2009). Santos (2013) revela que o concreto é o segundo material mais produzido
no mundo, perdendo apenas para a água potável.
Assim como em todo o mundo, no Brasil, a comercialização do concreto está em
constante ascensão, de 2005 a 2012 houve um aumento de 180% da produção de concreto em
centrais dosadoras, estimando-se que em 2012 o consumo tenha sido de 51 milhões de m³ de
concreto (Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, 2013). Mundialmente falando,
a Federacíon Iberoamericana de Hormigón Premezclado (FIHP) estimou que em 2009 foram
consumidos 11 bilhões de toneladas de concreto, totalizando uma média de 1,9 tonelada de
concreto por habitante (PEDROSO, 2009).
Constituído essencialmente por cimento, agregados e água (NAWY, 2008), o concreto
pode conter aditivos químicos, pigmentos, fibras, agregados especiais e adições minerais, desde
que sejam utilizados em proporções adequadas (HELENE E ANDRADE, 2010). Para Lima et
al (2013) o concreto é uma pedra artificial que se molda a qualquer forma no seu estado fresco,
sendo capaz de atingir elevada resistência no seu estado endurecido. Helene e Andrade (2010)
complementam que nas primeiras horas o concreto é capaz de se modelar a qualquer forma
geométrica, entretanto, ao passar do tempo sua rigidez se torna inconvertível.
Para melhor entendimento, a seguir serão apresentados todos os componentes
essenciais, ou dispensáveis que podem ser incorporados ao concreto, conforme mencionado por
Helene e Andrade (2010). Por serem fundamentais ao entendimento do trabalho, será redigido
sobre as adições minerais em item especifico (item 2.3) apresentando seguidamente.
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Estudo das propriedades do concreto com utilização de resíduo de cerâmica vermelha como substituição parcial
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2.1.2 Agregados
Compreende-se por agregado qualquer material que seja granular, sem formato e
volume determinados, comumente inerte, de tamanho e características para uso em obras de
engenharia (YAGIZI, 2014). Bauer (2000) explica que agregado é uma denominação usada
especificadamente para o uso disseminado na construção, sendo que em outras áreas esses
materiais são conhecidos pelo nome especifico (fíler, pedra britada, bica-corrica, etc.).
Segundo Helene e Andrade (2010) os agregados são indispensáveis para controlar o
volume do concreto rígido, já que ocupam em torno de 65% a 70% do seu volume total. Os
autores ainda destacam que para conseguir moldar concretos com elevadas resistências a
escolha dos agregados é imprescindível para alcançar os resultados desejados.
A função do agregado é proporcionar maior estabilidade e resistência ao desgaste ao
concreto (NAWY, 2008), por isso os agregados podem fixar limites para a resistência do
concreto, pois afetam significativamente na sua durabilidade e desempenho (NEVILLE, 2016).
Além disso, Nawy (2008) informa que os agregados motivam a produção de concretos
econômicos, já que são comercializados a um valor bem inferior comparado ao cimento
Portland.
Almeida e Luz (2009) explicam que os agregados se classificam quanto a origem, como
naturais e artificiais, sendo os naturais aqueles extraídos diretamente da natureza sem precisar
de modificação e os artificiais aqueles que necessitam de britagem ou moagem.
Yazigi (2014) nos traz que a classificação dos agregados também é feita de acordo com
o tamanho das partículas, recebendo a denominação de agregado miúdo (areias) os grãos
menores e agregado graúdo (pedregulho ou pedra brita) os grãos maiores.
A NBR 7211 (ABNT, 2009) determina que agregado graúdo é aquele cujos grãos
passam pela peneira de 75 mm (nº 3”) e ficam retidos na peneira de 4,75 mm (nº 4), enquanto
agregado miúdo é aquele cujos grãos passam pela peneira de 4,75 mm (nº 4) e ficam retidos na
peneira de 150 µm (nº 100).
Para a Associação Brasileira de Cimento Portland (1995) as características do agregado,
como dimensão e forma, interferem diretamente nas propriedades e dosagem dos demais
matérias constituintes do concreto, uma vez que concretos com excesso de agregado graúdo
proporcionam menor coesão e mobilidade, causando maior dificuldade para o lançamento e
adensamento do concreto.
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Estudo das propriedades do concreto com utilização de resíduo de cerâmica vermelha como substituição parcial
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2.1.3 Água
Petrucci (1998) diz que para a produção de concreto não é usual utilizar o termo água
potável, pois nem toda água ingerida pelos seres humanos pode ser utilizada na confecção do
concreto e nem toda água usada na fabricação do concreto pode ser consumida pelo homem. A
água deve ser livre de impurezas – ou conte-las em quantidades toleráveis – pois elas podem
prejudicar as reações entre a água e o cimento (PETRUCCI, 1998). O mesmo autor explica que
em decorrência da utilização de água contendo elevada concentração de impureza a resistência
do concreto pode ser afetada.
Segundo Helene e Andrade (2010) o concreto possui dois estágios distintos, o primeiro
estágio é denominado de concreto fresco, tem pouca duração, em torno de 1h a 5h e refere-se
ao intervalo de tempo necessário para que o concreto possa ser misturado, transportado, lançado
e adensado. Já o segundo estágio, chamado de concreto endurecido, inicia-se com a hidratação
do cimento, resultando na rigidez do concreto e perdurando por toda vida útil da estrutura
(HELENE e ANDRADE, 2010). A NBR 12655 (ABNT, 2015) simplifica esses dois conceitos
e denomina o concreto fresco como o material em estado plástico e concreto endurecido como
aquele que começa a desenvolver resistência.
Quanto as propriedades do concreto fresco, trataremos da trabalhabilidade (perda de
fluidez e perda de consistência) e tempo de pega. Relacionando as propriedades do concreto
endurecido será abordado a resistência e permeabilidade. Uma vez que estas são as propriedades
relacionas ao estudo.
Segundo Castro, Liborio e Pandolfelli (2011, p. 63) “Do ponto de vista reológico, o
concreto pode ser entendido como uma concentração de partículas sólidas em suspensão
(agregados) em um líquido (pasta de cimento)”. Dessa forma, o estudo de suas propriedades no
estado fresco deve estar propenso as deformações e escoamento de um fluido sob a influência
de tensões (CASTRO; LIBORIO; PANDOLFELLI, 2011). Os mesmos autores ainda
complementam que para a caracterização do comportamento reológico do concreto são
indispensáveis dois parâmetros: a tensão de escoamento e a viscosidade plástica.
Para Petrucci (1998) e Bauer (2000) a propriedade mais relevante do concreto fresco é
a trabalhabilidade. Petrucci (1998) afirma que, apesar de ser de difícil conceituação por
envolver uma série de outras características, a trabalhabilidade é a propriedade do concreto
fresco na qual os materiais são misturados e aplicados sem perder a homogeneidade. Para
Andolfato (2002) o que determina a trabalhabilidade de uma mistura é a sua consistência, uma
vez que essa propriedade relaciona-se diretamente com o estado de fluidez do composto.
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Estudo das propriedades do concreto com utilização de resíduo de cerâmica vermelha como substituição parcial
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a) Fatores internos:
• Consistência, que está relativamente ligada ao fator água/cimento ou ao teor de
água/materiais secos;
• Proporção entre cimento e agregado (traço);
• Proporção entre agregado miúdo e agregado graúdo (granulometria do
concreto);
• Formato dos grãos dos agregados;
• Uso ou não de aditivos.
b) Fatores externos:
• Tipo de mistura (manual/mecanizada);
• Tipo de transporte, lançamento e adensamento;
• Tamanho e armadura da peça a ser concretada.
Neville (2016) diz que para um concreto para ser considerado trabalhável, ele
necessitava ser adensado com facilidade, entretanto, explica que afirmar que trabalhabilidade
significa apenas facilidade de lançamento e resistência a segregação é transmitir uma definição
muito inconsistente a essa propriedade importante. Por essa razão, Neville (2016) expõe que é
necessário ponderar sobre o que sucede quando o concreto está sendo adensado, dessa forma,
o autor define a trabalhabilidade como a quantidade de energia necessária para realizar o
adensamento integralizado. Além disso, o autor relata que a consistência é um termo adicional
empregado para referir-se à condição de concreto fresco, sendo definida como à firmeza do
composto ou como a facilidade de fluir. Dinten (2000) afirma que os fatores que influenciam
na perda de trabalhabilidade são os seguintes:
Segregação – quando os ocorrer a separação dos componentes do concreto fresco, de
tal forma que a sua distribuição não seja mais homogênea.
Exsudação – logo após o concreto ser lançado, a água de amassamento sobe a superfície
formando uma lâmina.
Pega – é quando a pasta de cimento constituinte do concreto começa a se solidificar,
passando do estado plástico para rígido, ou seja, é a perda de consistência do concreto.
No processo de hidratação do cimento Portland inicialmente os grãos permanecem em
suspensão, entretanto, com o passar do tempo vão se aglutinando uns aos outros por efeito da
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Estudo das propriedades do concreto com utilização de resíduo de cerâmica vermelha como substituição parcial
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O concreto resiste bem aos esforços e de compressão e mal aos esforços de tração, sendo
que a resistência a tração corresponde a aproximadamente 10% da resistência a compressão
(PETRUCCI, 1998). O autor ainda indica que os principais fatores influentes da resistência são:
a) Relação água/cimento;
b) Idade do concreto;
c) Agregados (forma e graduação);
d) Cimento (tipo);
e) Forma e dimensão dos corpos de prova;
f) Velocidade de aplicação e duração da carga durante o ensaio.
Segundo Neville e Brooks (2013) para se obter um concreto durável é primordial que ele
seja capaz de resistir as condições para as quais foi projetado durante a vida da estrutura. O
autor enfatiza que a falta de durabilidade pode ser ocasionada por agentes externos ou internos
do concreto, podendo classificar as causas como físicas (congelamento), mecânicas (abração)
ou químicas. Entre as causas químicas englobam-se os ataques por sulfatos, ácidos, água do
mar e cloretos e devido a esses ataques ocorrerem no interior do volume de concreto, o agente
agressivo deve ser incapaz de penetrar no concreto.
De acordo com Petrucci (1998) o concreto é poroso, pois é impossível preencher todos
os vazios dos agregados com a pasta de cimento, sendo assim, isso o torna permeável a água.
O autor complementa que a absorção pode ser definida como a capacidade do concreto em reter
água nos poros e condutos capilares, enquanto a permeabilidade é compreendida como a
probabilidade de passagem da água através do concreto, sendo que essa passagem pode ocorrer
por filtração, difusão ou capilaridade.
Conforme Petronilho e Sígolo (2011) a maior parte das propriedades do concreto depende
da estrutura física resultante da hidratação, que constitui a rede porosa do concreto. Segundo os
mesmos autores, em termos de permeabilidade e durabilidade a estrutura porosa do concreto
endurecido na rede capilar é um fator determinante, uma vez que ela estabelece a facilidade
com que os fluídos penetrem e se movimentem adentro da rede porosa.
As adições minerais são utilizadas como substituição parcial do cimento Portland, devido
suas características se assemelharem (FONSECA, 2010), sendo que os aspectos econômicos e
ambientais influenciam intensamente no desenvolvimento dessa pratica (GARCIA et al, 2014).
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Rocha (2008) salienta que a eficiência de uma adição mineral pode mudar conforme a
quantidade utilizada, tal como sua composição química, mineralógica e granulométrica.
Segundo Garcial et al (2014) a incorporação de adições minerais na produção de
concretos tem o propósito de melhorar o desempenho e a durabilidade dos mesmos, além de
proporcionar benefícios de redução de custos e sustentabilidade, uma vez que possibilita a
reciclagem/reutilização de resíduos, o que por consequência reduz a emissão de CO₂ na
atmosfera e o consumo de recursos naturais não renováveis (matéria-prima).
Fonseca (2010) expõe que as adições minerais podem ser classificadas em três grupos:
material pozolânico, materiais cimentantes e fíler.
Materiais pozolânicos, de acordo com a NBR 12653 (ABNT, 2015), são silicosos ou
silicoaluminosos que apresentam pouca ou nenhuma propriedade aglomerante no meu estado
normal, entretanto, quando moídos, na presença de água e à temperatura ambiente, tem
capacidade de reagir quimicamente com hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), liberado na hidratação
do cimento, para formar silicato de cálcio hidratado (C-S-H) adicional. Gomes, Pinto e Pinto
(2013) complementam que o C-S-H formado confere ao composto propriedades aglomerantes
que contribuem para a resistência do concreto.
Segundo Fonseca (2010) as pozolanas podem ser classificadas como naturais ou
artificiais, sendo as naturais de origem vulcânica ou sedimentar e as artificiais oriundas de
argilas que passaram por tratamento térmico (calcinadas ou termicamente ativas) ou
subprodutos industriais com atividade pozolânica (cinzas volantes, cinzas de casca de arroz,
sílica ativa.). A NBR 12653 (ABNT, 2015) determina que para obter argila calcinada, o material
deve passar por processo de queima a uma temperatura entre 500ºC e 900ºC, para que seja
garantida a pozolanicidade e consequente reatividade com o hidróxido de cálcio. Entretanto,
para Alcantara (2012), as argilas que passam por processo de queima a temperaturas superiores
a 650ºC são capazes de desenvolver atividade pozolânica. Já em um estudo realizado por Garcia
et al (2014) os autores afirmam que a calcinação deve ocorrer entre 500ºC e 750ºC, sendo que
em temperaturas acima destas, inicia-se uma perda significativa de reatividade. Como exemplo
de argila calcinada capaz de atingir atividade pozolânica cita-se o material cerâmico
proveniente de tijolos e telhas, cujo resíduo foi utilizado na realização do presente estudo.
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Esse tipo de material tem capacidade de formar produtos cimentantes, como o C-S-H,
sem necessitar do Ca(OH)2 presente no cimento Portland. Sua hidratação ocorre de forma lenta,
entretanto, quando adicionado ou substituído parcialmente pelo cimento, sua hidratação acelera
devido a presença de Ca(OH) e gipsita (FONSECA, 2010). O autor cita como exemplo de
material cimentante a escória granulada de alto-forno.
2.3.3 Fíler
O fíler é constituído por material finamente moído, com partículas de finura similar aos
grãos de cimento que não possuem atividade química (DAL MOLIN, 2011). Segundo Moraes
(2001) são materiais geralmente inertes, entretanto, considerados benéficos pois podem
apresentar propriedades hidráulicas ou ativar a hidratação do cimento por meio de pontos de
nucleação sem ocasionar prejuízo algum. Além disso, o autor cita que o fíler é utilizado
primordialmente para efeito físico de enchimento. Wada (2010) complementa que devido a
finura das partículas do fíler, elas preenchem os vazios entre as partículas de cimento,
proporcionando maior compacidade ao composto.
Segundo Dal Molin (2011) o calcário, pó de quartzo e pó de pedra são exemplos de fíler,
sendo que esses materiais podem melhorar algumas propriedades do concreto quando
adicionados em pequenas quantidades (menos que 15% sobre a proporção do cimento).
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Estima-se que os resíduos da construção civil constituem até 70% do total de resíduos
gerados em áreas urbanas, dependendo de cada região, (PINTO, 2004) sendo que incorporado
a estes é possível encontrar materiais que podem ser utilizados como adições minerais para a
fabricação de concretos, entre eles o resíduo de cerâmica vermelha (RCV).
Os materiais cerâmicos estão entre os insumos mais utilizamos pela construção civil,
sendo possível encontra-los em diversas etapas de qualquer obra (PÉREZ et al, 2010).
Compreende-se por cerâmica vermelha todos aqueles materiais que tiverem coloração
avermelhada, constituindo-se por tijolos, telhas, blocos, elementos vazados, tubos, argila
expandia e também utensílios domésticos e de adorno (ABCERAM, 2017).
A atividade da cerâmica tem uma representatividade de aproximadamente 4,8% do total
de indústrias da construção civil, sendo que o setor de fabricação conta com aproximadamente
6.903 empresas (ANICER, 2008).
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produção de concretos contribui para a redução de impactos ambientais. O autor também cita
que a utilização dessas adições no concreto pode propiciar ganhos no seu desempenho, tanto
no estado fresco como no estado endurecido, melhorando suas propriedades mecânicas e
durabilidade.
A seguir serão apresentados alguns resultados obtidos em pesquisas e possíveis alterações
das propriedades do concreto, que são de interesse do objeto em estudo, envolvendo a
substituição do cimento Portland por resíduo de cerâmica vermelha.
Dentre as propriedades que são alteradas com a substituição parcial do cimento Portland
por RCV, destaca-se a resistência a compressão, neste sentido Viera (2005) avaliou a resistência
a compressão simples (RCS) de concretos contendo RCV em substituição parcial ao cimento
Portland, curados a temperatura ambiente, constatando redução da resistência que em concretos
com a adição de RCV aos 14 dias e aos 56 dias, conforme observa-se na figura 3, entretanto, a
autora enfatiza que essa redução não foi proporcional ao aumento do teor de RCV.
Em um estudo realizado por Brune (2017) a autora substituiu o cimento por RCV em
proporções de 15% e 25% em relação a massa do cimento e constatou que o aumento do teor
de substituição ocasionou a diminuição da resistência a compressão simples em períodos de 7
dias, 28 dias, 56 dias e 77 dias, conforme é possível observar na figura 4.
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Outra propriedade que é influenciada é a absorção por capilaridade, sendo assim, Viera
(2005) observou a absortividade de amostras contendo RCV em temperatura ambiente e a 55
ºC em proporções de 20% e 40% de substituição, sendo que constatados dois estágios diferentes
de absorção, denominados de A e B. Segundo Gonçalves (2005), o estágio A pode ser
caracterizado como o período de absorção, enquanto no estágio B ocorreu o período de
saturação. É possível verificar os resultados obtidos na figura 5.
Figura 5: Variação da absorção capilar em concretos com RCV a temperatura ambiente e 55ºC
A autora constatou que o nível de absorção por capilaridade do concreto contendo 40%
de substituição manteve-se muito semelhante ao concreto de referência (VIEIRA, 2005).
Brune (2017) também realizou o estudo do comportamento de concretos contendo 15%
e 25% de substituição do cimento por RCV, analisando a absorção por capilaridade aos 28 dias.
Os resultados obtidos pela autora podem ser observados na figura 6.
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Estudo das propriedades do concreto com utilização de resíduo de cerâmica vermelha como substituição parcial
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A autora contatou que quanto maior o teor de substituição, maior a absorção de água,
entretanto, esclarece que a diferença não é proporcional e altamente significativa (BRUNE,
2017).
Rebelo e Garcia (2013) avaliaram um concreto com adição de 25% de RCV parando-o
a um concreto referência. Os autores conseguiram a mesma consistência para ambas as
amostras, entretanto, concluíram que no concreto com substituição do cimento Portland por
RCV foi necessário aumentar a dosagem de água em 24 L/m³, conforme verifica-se na figura
8.
Figura 8: Consistência em concretos com substituição parcial de 25% do cimento por RCV
Brune (2017) analisou concretos com 15% e 25% de RCV em substituição parcial ao
cimento, comparando-os a um concreto de referência, a autora constatou que quanto maior era
o índice de substituição, maior era o consumo de água, sendo necessário fazer a correção do
fator água/cimento, conforme observa-se na figura 9.
Figura 9: Consistência em concretos com substituição parcial de 15% e 25% do cimento por RCV
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Estudo das propriedades do concreto com utilização de resíduo de cerâmica vermelha como substituição parcial
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Figura 10: Variação do tempo de pega com substituição parcial de cimento por RCV
Vieira (2005) observou que, tanto para o tempo de início de pega quanto para o tempo
para fim de pega houve uma menor influência do teor de substituição do RCV do que aumento
da finura, uma vez que, quanto maior for a superfície específica do resíduo, menor o tempo de
pega apurado.
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3 MÉTODO DE PESQUISA
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Estudo das propriedades do concreto com utilização de resíduo de cerâmica vermelha como substituição parcial
do cimento Portland
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3.2 DELINEAMENTO
A areia natural foi fornecida pelo Laboratório de Engenharia Civil (LEC) da Unijuí. A
fim de caracterizar esse material foram realizados os ensaios de composição granulométrica,
massa específica e massa unitária solta. Ressalta-se que antes da realização de qualquer ensaio
o agregado miúdo foi disposto em bandejas que foram levadas a estufa, onde permaneceram
por um período de 24 horas a uma temperatura de 100º C com o intuito de retirar a umidade
existente do material. O resfriamento ocorreu à temperatura ambiente e posteriormente
procedeu-se a realização dos ensaios de acordo com suas respectivas normativas.
A composição granulométrica do agregado foi realizada de acordo com a NBR 7217
(ABNT, 1987), onde determinou-se a porcentagem de material retida e acumulada em peneiras
da série normal e intermediária. Por meio desse ensaio, obteve-se módulo de finura de 1,62 e
diâmetro máximo de 1,2 mm.
A massa específica do agregado miúdo, foi realizada utilizando o frasco de Chapmann,
conforme prevê a norma NBR 9776 (ANBT, 1987). Obteve-se um resultado de 2,574 g/cm³.
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A massa unitária solta foi executada seguindo as diretrizes da NBR 7251 (ABNT, 1982),
onde realizou-se o preenchimento de um recipiente especifico com o agregado e posteriormente
verificou-se a diferença de peso entre o recipiente vazio e cheio. Obteve-se um resultado de 1,5
kg/dm³.
Os resultados obtidos nos ensaios de caracterização do agregado miúdo podem ser
verificados detalhadamente no apêndice B.
O agregado graúdo utilizado nos ensaios foi a brita 0, fornecida pela pedreira Tabille de
Ijuí/RS. A fim de caracterizar esse material foram realizados os ensaios de composição
granulométrica, massa específica e massa unitária solta. Ressalta-se que antes da realização de
qualquer ensaio o agregado graúdo foi disposto em bandejas que foram levadas a estufa, onde
permaneceram por um período de 24 horas a uma temperatura de 100º C com o intuito de retirar
a umidade existente do material. O resfriamento ocorreu à temperatura ambiente e
posteriormente procedeu-se a realização dos ensaios de acordo com suas respectivas
normativas.
A composição granulométrica do agregado foi realizada de acordo com a NBR 7217
(ABNT, 1987), onde determinou-se a porcentagem de material retida e acumulada em peneiras
da série normal e intermediária. Por meio desse ensaio, obteve-se módulo de finura de 5,94 e
diâmetro máximo de 9,5 mm.
A massa específica do agregado graúdo, foi realizada conforme prescrições da NM 53
(AMN,2009), onde obteve-se um resultado de 2,88 g/cm³.
A massa unitária solta foi executada seguindo as diretrizes da NBR 7251 (ABNT, 1982),
onde realizou-se o preenchimento de um recipiente especifico com o agregado e posteriormente
verificou-se a diferença de peso entre o recipiente vazio e cheio. Obteve-se um resultado de
1,49 kg/dm³.
Os resultados obtidos nos ensaios de caracterização do agregado miúdo podem ser
analisados detalhadamente no apêndice C.
75 µm (nº 200) e ter atingido um índice de pozolanicidade 59%, quando a NBR 12653 (ABNT,
2015) determina que essa relação deva ser de no mínimo 90%. Portanto, com diminuição da
granulometria espera-se alcançar resultados satisfatórios.
O resíduo de cerâmica vermelha empregado na presente pesquisa foi adquirido em
algumas obras da cidade de Ijuí/RS, conforme observa-se na figura 11.
Figura 11: Resíduo coletado em obra
Posteriormente a amostra foi posta em bandejas que foram levadas para a estufa, onde
permaneceram por um período de 24 horas a uma temperatura aproximada de 100 ºC para
eliminar a umidade do material. Após a retirada da estuda e o resfriamento natural do RCV
(Figura 13), iniciou-se o processo de peneiração do material.
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O RCV foi peneirado manualmente num conjunto composto pelas peneiras com
abertura de malha de 4,75 mm (nº 4), 2 mm (nº 10), 600 µm (nº 30), 355 µm (nº 50), 150 µm
(nº 100), 75 µm (nº 200), 38 µm (nº 400) e fundo, conforme mostra a figura 14.
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O jarro possui em seu entorno um suporte metálico e em seu interior são colocadas
esferas de alumina (Figura 16) com diâmetros de 13,5 mm, 22,5 mm e 24,5 mm que ocupam
cerca de 25% do volume do cilindro.
Figura 16: Esferas de alumina do moinho de bolas
Juntamente com as esferas coloca-se o material cerâmico. Após realizados testes para
verificar a melhor eficiência do equipamento, constatou-se que a quantidade de 1,5 kg de
material cerâmico, retido na peneira de nº 30, devia permanecer no moinho de bolas em
funcionamento por cerca de 1 hora. A escolha da granulometria a ser levada ao moinho se deve
ao fato do material retido na peneira nº 30 conter mais argila em sua composição, sendo
fracionado com maior facilidade, uma vez que a fragmentação ocorre por conta da colisão entre
o material e as esferas. Após a retirada do moinho, o material novamente passou pelo
procedimento de peneiração. O processo repetiu-se inúmeras vezes, até a obtenção de
aproximadamente 5kg de resíduo cerâmico passante na peneira nº 400.
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3.3.5 Água
Á água utilizada para a fabricação do concreto é oriunda de poço artesiano que abastece
o prédio do LEC da Unijuí.
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Todos os materiais foram separados em quantidades exatas de acordo com o que foi
estabelecido no cálculo de dosagem, conforme mostra o quadro 3.
Analisando o quadro 4, nota-se que quanto maior o teor de substituição, maior o fator
A/C. Conclui-se então, que o RC absorve mais água para atingir a trabalhabilidade necessária.
Após a correção do fator A/C (moldado), foi calculado o consumo dos materiais por m³,
conforme pode ser visto no quadro 5.
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A moldagem dos corpos de prova foi realizada de acordo com as especificações da NBR
5738 (ABNT, 2015), sendo utilizados moldes cilíndricos de dimensões de 5x10 cm e 10x20
cm. Destaca-se que a NBR 5738 (ABNT, 2015) estabelece que o tamanho básico dos CP’s
utilizados deve ser no mínimo três vezes maior que a dimensão nominal máxima do agregado
graúdo. No presente estudo, a dimensão máxima do agregado graúdo é de 9,5mm e o diâmetro
do menor CP cilíndrico é de 50mm, estando em conformidade com as exigências da norma.
Seguindo as especificações da NBR 5738 (ABNT, 2015), o preenchimento dos moldes
foi realizado em duas camadas adensadas manualmente com 12 golpes distribuídos em cada
camada. Depois os corpos de prova permaneceram por um período de 24h em temperatura
ambiente para cura inicial, sendo posteriormente desmoldados, devidamente identificados e
armazenados em câmara úmida à temperatura de 23±2aºC e umidade relativa do ar superior a
95%, permanecendo no local até as datas de ensaio. No total foram moldados 12 CP’s de
dimensão 5x10 cm e 3 CP’s de dimensão 10x20 cm para cada traço. Na figura 17 é possível
observá-los desmoldados.
Figura 17: Corpos de prova desmoldados
Para cada um dos três traços (REF, 15% RCV e 25% RCV) moldou-se 9 corpos de
prova cilíndricos de dimensão 5x10 cm para o ensaio de resistência a compressão, 3 corpos de
prova cilíndricos de dimensão 5x10 cm extras e 3 corpos de prova com dimensão de 10x20 cm
para o ensaio de absorção por capilaridade, conforme observa-se no quadro 6.
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Além disso, a NBR 5937 (ABNT, 2007) especifica que o carregamento seja uniforme
durante todo o ensaio, podendo ser interrompido apenas quando houver uma queda de força
que aponte a ruptura do corpo de prova.
A figura 18 ilustra o rompimento de um CP no ensaio de resistência a compressão
simples.
Figura 18: Ensaio de resistência a compressão simples
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capilaridade. De acordo com a referida norma foram seguidos os seguintes procedimentos para
a realização do ensaio:
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Segundo a NBR 9779 (ABNT, 2013) o resultado do ensaio é obtido a partir da seguinte
equação:
Equação 2: Obtenção da absorção
𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑠
𝐶=
𝑆
Fonte: ABNT NBR 9779 (2013)
Onde:
C = é a absorção por capilaridade, em g/cm²;
msat = massa saturada do corpo de prova do período de tempo especificado, em g;
ms = massa seca do corpo de prova, em g;
S = área da seção transversal do CP, em cm².
Destaca-se ainda que, embora a norma de absorção por capilaridade não exija os valores
resultantes da resistência à tração, a mesma foi calculada com base na NBR 7222 (ABNT, 2011)
pela seguinte equação:
Equação 3: Obtenção da resistência à tração por compressão diametral
2𝑥𝐹
𝐹𝑡,𝐷 =
𝜋𝑥𝑑𝑥𝐿
Fonte: ABNT NBR 7222 (2011)
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Onde:
F = resistência à tração por compressão diametral, em MPa;
d = diâmetro do CP, em mm;
L = altura do CP, em mm;
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Krug (2011) evidencia que o ensaio do funil de Marsh não permite a obtenção da
viscosidade plástica diretamente, mas sim o desempenho de fluidez de cada mistura.
Com o mesmo material utilizado para o ensaio do funil de Marsh realizou-se o ensaio
com o mini tronco de cone de Kantro. A primeira etapa para a execução do ensaio é a colocação
da pasta no interior do cone, seguido pelo espalhamento do material, realizando por fim a
medição do diâmetro de espalhamento da pasta de cimento (KRUG, 2011), conforme observa-
se na figura 25. O autor enfatiza que com este ensaio não é possível obter a tensão de
escoamento, mas sim conhecer o comportamento reológico do material ou espalhamento de
cada mistura.
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Figura 25: Sequência para realização do ensaio de mini tronco de cone de Kantro
C) Espalhamento D) Medição
Fonte: Autoria própria (2017)
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A consistência foi determinada de acordo com a NBR 7215 (ABNT, 1997) em mesa
apropriada. O preenchimento do molde procedeu-se em 3 camadas iguais, recendo cada uma
das camadas 15, 10 e 5 golpes respectivamente, uniformemente distribuídos. Posteriormente
nivelou-se a base da forma de tronco de cone e a mesma foi retirada. Em seguida moveu-se a
manivela da mesa de consistência, dando 30 golpes em 30 s, obtendo-se assim o abatimento do
tronco de cone da argamassa. Por fim verificou-se as medidas diagonais do espalhamento de
cada argamassa. A figura 26 ilustra a sequência de realização do ensaio.
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Após encontrada a consistência ideal produziu-se uma dosagem de cada argamassa para
moldagem dos corpos de prova. Para a moldagem foram seguidas as especificações da NBR
7215 (ABNT, 1997), dessa forma, após a mistura dos materiais realizou-se o enchimento dos
CP’s em 4 camadas, sendo realizado o adensamento manual com soquete aplicando 30 golpes
uniformes a cada camada. Foram moldados 6 CP’s para cada argamassa, conforme ilustra a
figura 27.
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Os CP’s permaneceram em repouso pelo período de 24 horas para cura inicial ao ar,
posteriormente foram desmoldados e levados ao tanque de água, onde permaneceram
submersos por 27 dias, até a data do ensaio de resistência a compressão.
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4 RESULTADOS
Neste item serão apresentados os resultados obtidos através dos ensaios de índice de
pozolanidade, resistência a compressão, absorção por capilaridade, tempo de pega e perda de
consistência ao longo do tempo.
Resistência a Compressão
Argmassa A (REF) Argamassa B (RCV)
Resistência em MPa
40,71
32,10
28 dias
Fonte: Autoria própria (2017)
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ensaios desde trabalho, ou seja, mais fina que a recomendada pela NBR 5752 (ABNT, 2014).
O material empregado foi o passante na peneira com abertura de malha de 38 µm (nº 400),
enquanto a NBR 5752 (ABNT, 2014) estabelece a utilização do passante na peneira de 45 µm
(nº 325). Com isso pressupõem-se que esse elevado índice de atividade pozolânica obtido se
deve ao fato de que possa ter ocorrido uma melhora do efeito fíler no concreto, além da
pozolanicidade propriamente dita. Pois como a granulometria do RCV utilizado é de ordem de
tamanho menor que a do cimento e menor que a NBR 5752 (ABNT, 2014) propõe para o ensaio,
pode ter havido um melhor empacotamento dos grãos, que proporcionou maior compacidade
ao composto.
Para o traço de referência, com 15% de substituição e 25% de substituição foi verificada
a resistência a compressão aos 7 dias, 28 dias e 56 dias de idade através do rompimento de 3
CP’s para cada traço, obtendo-se o resultado final por meio de média aritmética, sendo
desprezados os CP’s que não apresentaram coerência. A resistência alcançada por cada CP de
cada um dos três traços estudados pode ser averiguada no apêndice E.
No gráfico 2 constam os resultados obtidos através do ensaio de resistência a compressão
simples para os 3 traços analisados em suas respectivas idades.
48,63
Resistência em MPa
42,95 42,8
37,26 38,16
33,58
30,17
27,06
18,94
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de RCV. Na tabela 1 verifica-se o índice de resistência em porcentagem que cada um dos traços
com substituição atingiu e perdeu em relação ao traço de referência.
De acordo com a tabela 2, repara-se que quanto maior o teor de RCV contido no
concreto, maior é o aumento da resistência em idades avançadas. Enquanto aos 28 dias de idade
o traço REF obteve um aumento de resistência de 27,9% em relação aos 7 dias, o traço com
25% RCV apresentou um aumento de resistência de 59,3%, ou seja, obteve uma melhora no
desemprenho de 31,4% quando comparado ao traço de REF.
Ainda relacionado a tabela 2, observa-se que aos 56 dias os traços de REF, 15% RCV e
25% RCV apresentaram um acréscimo na resistência, quando comparados aos 28 dias, de
13,2%, 14,9%, e 26,5% respectivamente. Sendo possível constatar que no traço de 25% RCV
a resistência praticamente aumentou em dobro, quando confrontado ao traço de REF e 15%
RCV que tiveram um aumento de resistência aproximado entre eles.
Analisando em todos os aspectos os resultados obtidos, visto que o RCV possui
potencial para atividade pozolânica, existem três hipóteses para ter ocorrido uma redução da
resistência a compressão.
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Aos 56 dias de cada traço (REF, 15% RCV e 25% RCV) os corpos de prova foram
estabilizados para realização do ensaio de absorção por capilaridade. Após a estabilização os
CP’s foram postos em badejas e pesados após 3h, 6h, 24h, 48h e 72h de contato com a água,
conforme específica a NBR 9779 (ABNT, 2013).
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Salienta-se que para cada traço foram utilizados 3 CP’s de dimensão 10x20 cm. Sendo
possível avaliar o comportamento da absorção capilar para ambos traços através da média
aritmética da quantidade de água absorvida em cada CP, cujas são demonstradas no anexo F.
Mediante ao gráfico 3, é possível avaliar o comportamento da absorção de água para
cada traço estudado.
Gráfico 3: Absorção por capilaridade
Absorção Capilar
REF 15% RCV 25% RCV
1,50
Slump 130mm
Absorção (g/cm²)
1,30
Slump 120mm
1,10 e 125mm
0,90
0,70
0,50
0,30
0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72
Tempo de Saturação (h)
Analisando o gráfico 3, percebe-se que os traços 15% RCV e 25% RCV absorveram
uma maior quantidade de água quando comparados ao traço REF. Entretanto a diferença de
absorção entre os traços REF e 25% RCV não é significativa, pois ambos mantiveram-se
semelhantes durante todo período do ensaio. Já o traço 15% RCV foi o que mais absorveu água.
O resultado atingido não foi o esperado. Por esse motivo presume-se que tenha faltado
água durante a moldagem para o traço 25% RCV. Pois conforme já mencionado, foi realizada
a correção do fator água/aglomerante, considerando-se apto para moldagem o concreto que
atingisse o abatimento de tronco de cone entre 120 ± 10 mm. Conforme apontado no quadro 4,
os abatimentos obtidos foram de 125mm, 130mm e 120mm para os traços REF, 15% RCV e
25% RCV respectivamente.
Sendo assim, acredita-se que se abatimento tivesse sido especificado com precisão e
sem margem de erro ou se o traço com 25% RCV tivesse sido moldado com abatimento de
130mm as quantidades de água em todos os traços moldados teriam sido equivalentes e o
resultado atingido seria mais coerente, uma vez que havia quantidade suficiente de Ca(OH)2
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para a pozolana reagir e formar C-S-H no traço de 25% RCV, conforme explicado anteriormente
ao que se refere a tabela 2.
Dessa forma, supõe-se que parte do RCV do concreto com 25% de substituição tenha
também agido como fíler, pela possível falta de água para a reação pozolânica ocorrer.
Após a última pesagem de massa saturada foi realizado o rompimento de um CP de cada
traço através da resistência à tração por compressão diametral, conforme NBR 7222 (ABNT,
2011), com o intuito de analisar a anotação de água no interior do concreto.
Na figura 28 observa-se os corpos de prova rompidos e a anotação aproximada da altura
de absorção de água que cada traço atingiu.
Figura 28: Ruptura dos corpos de prova
Referente ao rompimento à tração por compressão diametral realizado com os CP’s após
o ensaio de absorção, com base nos resultados demonstrados na tabela 3, observou-se uma
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queda na resistência dos traços com substituição do cimento pelo RCV. Em relação ao traço
REF, a diminuição da resistência à tração foi na ordem de 28,22% e 32,36% para os traços de
25% RCV e 15% RCV, respectivamente.
Segundo Metha e Monteiro (2008) a relação entre a resistência à tração e compressão
de concretos é na ordem de 7% a 11%. No gráfico 4 foi realizada a comparação entre a
resistência à tração e compressão aos 56 dias, onde é possível visualizar que a resistência a
tração atinge níveis irrisórios quando comparada a resistência à compressão.
48,63 48,80
Resistência em MPa
38,16
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O ensaio foi realizado após a moldagem dos traços REF, 15% RCV e 25% RCV com a
argamassa do concreto, conforme orienta a NM 9 (AMN, 2003), com o intuito de analisar a
influência do RCV no tempo de pega. Os resultados obtidos podem ser verificados no gráfico
5, enquanto as tabelas utilizadas para o ensaio encontram-se no apêndice G.
Tensão de Penetração
30
25 REF
y = 0,0012e0,0209x
Tensão (MPa)
20
15 15% RCV
y = 0,0015e0,0182x
10
25% RCV
5
y = 0,0071e0,0154x
0
100 200 300 400 500 600
Tempo (min)
Fonte: Autoria própria
De acordo com Metha (1987) apud Netto (2006) quando adicionadas ao concreto, as
adições pozolânicas resultam no retardam o tempo de pega. Cuja afirmação é comprovada
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analisando o gráfico 5 e a tabela 5, onde constata-se que ambos os traços com substituição
tiveram seus tempos de início e fim de pega retardados, quando comparados ao concreto de
referência, conforme o esperado.
Contudo o concreto com 25% de RCV atingiu os tempos de início e fim de pega antes
do concreto com 15% RCV, apesar da diferença entre o intervalo de tempo transcorrido ser de
apenas 5 min.
Presume-se que esse resultado seja decorrente da falta de água no concreto com 25%
RCV devido a discreta diferença entre o abatimento de tronco de cone deste traço com os traços
REF e 15% RCV, conforme explicado anteriormente, e por esse motivo tenha-se atingido a
tensão de penetração precocemente.
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Perda de Fluidez
REF 15% RCV 25% RCV
19
Tempo de Escoamento (s)
17
15
13
11
9
7
15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
Idade da Mistura (min)
Analisando a tabela 6 juntamente com o gráfico 6, nota-se que dos 15 min aos 150 min
o escoamento para os traços REF e 25% RCV foram muito similares com uma diferença de
tempo de apenas 2,76%, sendo que apenas aos 180 minutos houve uma alteração considerável,
na ordem de 20,31%, em que a pasta REF atinge menor fluidez e demora mais tempo para
escoar. O traço 15% RCV manteve-se divergente aos traços REF e 15% RCV durante todo
período do ensaio.
O motivo para esse comportamento inesperado do traço com substituição de 25% do
cimento por RCV é mais uma vez pressuposto com relação a falta de água no traço, oriundo da
diferença entre o abatimento de tronco de cone dos concretos, conforme explicado
anteriormente. Sendo que isso pode ter acarretado na viscosidade prematura da pasta de cimento
deste traço.
Na tabela 7 verifica-se a perda de consistência ao longo do tempo pelo abatimento do
mini cone de Kantro, enquanto no gráfico 7 observa-se o comportamento da perda de coesão
ao longo do tempo.
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Perda de Coesão
REF 15% RCV 25% RCV
84
83
Espalhamento (cm)
82
81
80
79
78
15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
Idade da Mistura (min)
Analisando a tabela 7 e o gráfico 7, nota-se que ambas as pastas com RCV ficaram
abaixo do traço REF. Sendo que o traço que mais perdeu consistência ao longo do tempo foi o
25% RCV, seguido do 15% RCV e por último o REF. Esse comportamento se deve ao fato do
RCV consumir mais água, devido a sua granulometria ser menor que a do cimento, fazendo
com que os traços contendo RCV se mantenham mais coesos e compactos.
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5 CONCLUSÃO
Alcançou-se um elevado IAP de 126,82% quando a NBR 12653 (ABNT, 2014) estipula um
valor mínimo de 90%. Dessa forma, é possível concluir que o RCV é um material com potencial
pozolânico. Além disso, também considera-se que possa ter ocorrido uma melhora do efeito
fíler no ensaio do IAP, devido as partículas de RCV serem de ordem de tamanho menor que as
do cimento, causando assim uma melhor compacidade ao composto.
Embora tenha sido comprovado que o RCV possui potencial de atividade pozolânica, a
resistência a compressão diminuiu nos traços com substituição parcial do cimento pelo RCV
em todas as idades analisadas. Apesar de não ser proporcional, observou-se que quanto maior
o teor de substituição, maior foi a queda da resistência, contudo, quanto mais avançada a idade,
menor a diferença de resistência entre os traços contendo RCV e o traço de REF.
Para justificar esse efeito prejudicial a resistência nos traços contendo RCV apresentam-se
os seguintes prognósticos pressupondo que:
1. A resistência tenha sido afetada pelo aumento do fator água/cimento, quando realizada
a correção para atingir o abatimento do tronco de cone estipulado. No ensaio do IAP a
consistência foi corrigida com o uso de aditivo superplastificante, conforme prescreve
a NBR 5752 (ABNT, 2014), evidenciado que o aumento do teor de água no concreto
tenha afetado negativamente no desenvolvimento da resistência.
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2. A formação de C-S-H tenha sido comprometida por não haver quantidade de Ca(OH)2
suficiente no composto, devido a remoção parcial do cimento nos traços com
substituição, fazendo com que parte do RCV incorporado agisse como fíler, ser reagir,
causando assim diminuição da resistência.
3. Aos 56 dias toda a pozolana ainda não tivesse reagido com todo o Ca(OH)2 presente no
composto para formação de C-S-H. Visto que, aos 56 dias os traços com substituição
tiveram uma maior percentagem de aumento na resistência quando comparados ao traço
de REF.
Os traços REF e 25% RCV mantiveram-se análogos, sendo o traço com 15% RCV o que
mais absorveu água. Com isso indica-se que tenha faltado água na produção do concreto com
25% de RCV, devido a discreta diferença entre o abatimento de tronco de cone dos traços,
impossibilitando o material pozolânico de reagir. Dessa forma, parte do RCV passou a atuar
apenas como efeito de preenchimento, conhecido como fíler.
Relacionado a resistência à tração por compressão diametral realizada para complementar
o ensaio de absorção, verificou-se que a anotação de água na parte interna dos CP’s foi coerente
aos resultados obtidos no ensaio. Sendo mais elevada no CP 15% RCV, seguido do 25% RCV,
encontrando-se logo abaixo o REF.
Quanto a resistência a tração propriamente dita, diminuiu para os traços com substituição
em aproximadamente 31%.
✓ Tempo de pega
No tempo de pega constatou-se que a adição mineral de RCV causou retardo nos concretos
com substituição. O traço de REF atingiu um tempo de início e fim de pega menor, entretanto,
a diferença de tempo transcorrida entre os tempos de início e fim de pega não foi altamente
significativa, sendo de 30 min para o traço 15% RCV e 25 min para o traço 25% RCV. Entre
os traços com substituição, houve uma diferença de apenas 5 min entre o tempo transcorrido de
início e fim de pega, sendo o concreto com 25% RCV o que obteve menor tempo, indicando
mais uma vez de que houve falta de água no concreto com 25% de RCV.
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Estudo das propriedades do concreto com utilização de resíduo de cerâmica vermelha como substituição parcial
do cimento Portland
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No ensaio realizado com o Funil de Marsh observou-se que os traços REF e 25% RCV
mantiveram fluidez similar durante praticamente todo período de ensaio, diferenciando-se um
do outro apenas nos últimos 30 min, onde o traço REF atingiu maior viscosidade e por isso
demorou mais para escoar. O traço RCV 15% manteve-se divergente e relativamente distante
dos outros traços, em relação ao tempo de escoamento, durante todo o período do ensaio, sendo
condecorado o traço com maior fluidez.
Pressupõe-se que o que tenha causado a viscosidade prematura no traço 25% RCV tenha
sido a falta de água oriunda da diferença entre os abatimentos de tronco de cone, conforme já
explicado.
Referente ao ensaio do mini cone de Kantro constatou-se que o traço que mais perdeu
consistência ao longo do tempo foi o de 25% RCV, seguido do 15% RCV e REF,
respectivamente. Entretanto, essa diferença de consistência não foi largamente significativa,
haja visto que em determinados tempos de ensaio, como por exemplo aos 90 min, todos traços
tiveram espalhamentos similares.
O fato dos traços com substituição terem atingido menor consistência ao longo do tempo
em relação ao REF é explicado pela capacidade do RCV manter a mistura da pasta mais coesa,
pelo maior consumo de água pelo resíduo.
Diante dos resultados obtidos e das análises efetuadas conclui-se, de forma geral, que é
admissível a utilização do RCV em substituição parcial ao cimento Portland para produção de
concretos, entretanto é fundamental o aprofundamento dos estudos acerca do tema.
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MASSA ESPECÍFICA -
MASSA UNITÁRIA SOLTA - NBR 7251
Chapman
Leitura M. E.
Leitura Peso bruto Peso Líquido Massa Unitária
Final A
Média g/cm3 Kg Médio Média - Kg/dm3
cm3 500/(L-
cm3 38,44 29,8
200)
30,04 1,50
394,00 38,64 30
394,25 2,574
394,5 38,955 30,315
TARA: 8,64 Kg VOLUME: 20 dm3
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LEC - LABORATÓRIO DE
Material n°:
ENGENHARIA CIVIL
Certificado n°:
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do cimento Portland
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REFERÊNCIA
Id. Lab. 7 dias (MPa) 28 dias(MPa) 56 dias (MPa)
3333 31,76 43,1 48,83
3334 33,55 42,79 48,43
3335 35,44 desprezado desprezado
Média 33,58 42,95 48,63
15% RCV
Id. Lab. 7 dias (MPa) 28 dias (MPa) 56 dias (MPa)
3350 26,85 37,11 desprezado
3351 27,28 37,41 43,97
3352 desprezado desprezado 41,63
Média 27,07 37,26 42,80
25% RCV
Id. Lab. 7 dias (MPa) 28 dias (MPa) 56 dias (MPa)
3469 18,30 desprezado desprezado
3470 20,08 29,93 39,05
3471 18,45 30,41 37,26
Média 18,94 30,17 38,16
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Identificação Seção
Seca
do CP Transversal 3h 6h 24h 48h 72h
(g)
do CP (cm²)
3330 78,030 3630 3655 3665 3694 3712 3723
3331 77,717 3645 3669 3679 3708 3725 3737
3332 78,814 3617 3644 3652 3685 3703 3714
REF
Média
78,187 3630,67 3656,00 3665,33 3695,67 3713,33 3724,67
Aritmética
Absorção (g/cm²) --- 0,324 0,443 0,831 1,057 1,202
3347 79,524 3548 3578 3588 3624 3647 3662
3348 78,422 3538 3570 3580 3615 3634 3649
RCV 15%
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REF - 07/11/2017
Hora da Mistura: 09:17
Quantidade de material utilizado: 1,5 kg cimento + 705 ml de água
Quantidade de material escoado no funil: 500 ml
MINI CONE FUNIL DE
Idade da
Hora do Espalhamento KANTRO MARSH
Mistura
Ensaio (cm) Média Tempo de
(min)
Espalhamento (cm) Escoamento (s)
83,39
09:32 15 83,46 83,45 9,41
83,49
83,60
09:47 30 84,75 83,33 9,50
81,64
82,04
10:17 60 83,07 82,26 10,25
81,68
81,12
10:47 90 80,18 80,96 11,40
81,58
81,47
11:17 120 80,51 80,57 12,82
79,72
80,37
11:47 150 80,88 80,37 14,66
79,86
77,30
12:17 180 81,33 79,48 21,17
79,82
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