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Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal Catarinense
Campus Luzerna
LETÍCIA BARETTA SAVARIS
LEVANTAMENTO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DA BOMBA
CENTRÍFUGA DE MÚLTIPLOS ESTÁGIOS MB8 OPERANDO EM ESCOAMENTO
BIFÁSICO.
LUZERNA
2021
LETÍCIA BARETTA SAVARIS
LEVANTAMENTO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DA BOMBA
CENTRÍFUGA DE MÚLTIPLOS ESTÁGIOS MB8 OPERANDO EM ESCOAMENTO
BIFÁSICO.
Orientador: Prof. Msc. Eduardo Augusto Flesch
LUZERNA
2021
LETÍCIA BARETTA SAVARIS
LEVANTAMENTO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DA BOMBA
CENTRÍFUGA DE MÚLTIPLOS ESTÁGIOS MB8 OPERANDO EM ESCOAMENTO
BIFÁSICO.
Luzerna (SC), 03, janeiro de 2022
___________________________________________
Prof. Orientador Msc. Eduardo Augusto Flesch
IFC – Campus Luzerna
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Msc. Tiago Junior de Bortoli
IFC – Campus Luzerna
___________________________________________
Prof. Msc. Giovani Pasetti
IFC – Campus Luzerna
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E
FOLHA DE ASSINATURAS
CONTRATOS
Emitido em 03/01/2022
LISTA_ASSINATURAS Nº 1/2022 CCEMEC/LUZ (11.01.11.01.03.07)
(Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO)
(Assinado digitalmente em 03/01/2022 17:52 ) (Assinado digitalmente em 04/01/2022 19:06 )
EDUARDO AUGUSTO FLESCH GIOVANI PASETTI
PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO
CCEMEC/LUZ (11.01.11.01.03.07) CCECA/LUZ (11.01.11.01.03.06)
Matrícula: 2258292 Matrícula: 2275614
(Assinado digitalmente em 03/01/2022 18:34 )
TIAGO JUNIOR DE BORTOLI
PROF ENS BAS TEC TECNOLOGICOSUBSTITUTO
CGE/LUZ (11.01.11.02)
Matrícula: 3208479
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, ano: 2022, tipo: LISTA_ASSINATURAS, data de emissão: 03/01/2022 e o código de verificação: d6fd1abbd2
RESUMO
Os flotadores por ar dissolvido são equipamentos presentes em estações de tratamento de água.
O objetivo do flotador é separar o lodo flotado do clarificado, fazendo a retirada de grande parte
dos sólidos contaminantes. Para realizar a flotação, o equipamento utiliza suporte químico,
dosando coagulantes e floculantes na linha de efluente. Estes químicos são responsáveis por
formar os flocos de sólido. Entretanto, os flocos são mais densos que a água, promovendo a
decantação do lodo formado. Para realizar a flotação, é adicionado microbolhas de ar no tanque
do flotador, combinandoas com os particulados formados e promovendo a flutuação dos
mesmos. Com o lodo flotado, basta utilizar um sistema de pás e calhas de transbordo para
realizar a separação. Para adicionar as bolhas de ar ao flotador, utilizase um fluxo de água com
ar que, ao expandir no tanque, sofre cavitação liberando bolhas em escala micrométrica. O
transporte do fluxo saturado é realizado por meio de bombas centrífugas, operando em fluxo
bifásico. As bombas são selecionadas por meios de suas curvas características, apresentando a
vazão, a eficiência e o Net Positive Suction Head required (NPSHr – Carga líquida positiva de
sucção) que são fundamentais para a operação pretendida. As curvas são medidas com fluxo
monofásico, sem a adição de ar. Deste modo, o presente trabalho se justifica na necessidade de
levantar as curvas características com um fluxo bifásico da Motobomba MB8 utilizada em
flotadores. Para realizar a medição, utilizouse a bancada de testes fornecida pela empresa
Gratt®, realizando dois experimentos, o primeiro sem ar e o segundo com adição de 0,3 Nm³/h
de ar no fluxo. Como principais resultados apresentamse as curvas de altura manométrica por
vazão, rendimento por vazão, potência por vazão e a medida de NPSHr. Observouse que ao
adicionar ar na linha, todas as variáveis de medição reduziram em relação ao fluxo sem ar.
Palavraschave: Fluxo bifásico, NPSHr, curvas características.
ABSTRACT
Dissolved air flotators are equipment present in water treatment plants. The flotator's objective
is to separate the flotation sludge from the clarified sludge, removing a large part of the
contaminant solids. To perform the flotation, the equipment uses chemical support, dosing
coagulants and flocculants in the effluent line. These chemicals are responsible for forming the
solid flocs. However, the flakes are denser than the water, promoting the decantation of the
sludge formed. To perform the flotation, micro air bubbles are added to the flotation tank,
combining them with the particles formed and promoting their flotation. With the floated
sludge, a system of paddles and overflow chutes is used to perform the separation. To add the
air bubbles to the floatator, a flow of water with air is used, which, when expanding in the tank,
undergoes cavitation releasing bubbles on a micrometer scale. The saturated flow is transported
by means of centrifugal pumps, operating in twophase flow. The pumps are selected by means
of their characteristic curves, showing the flow rate, efficiency, and Net Positive Suction Head
required (NPSHr), which are fundamental for the intended operation. The curves are measured
with singlephase flow, without the addition of air. Thus, the present work is justified by the
need to get the characteristic curves with a twophase flow of the MB8 Motor Pump used in
flotators. To perform the measurement, the test bench provided by Gratt® was used, performing
two experiments, the first without air and the second with the addition of 0.3 Nm³/h of air in
the flow. As main results, the curves of manometric height per flow rate, yield per flow rate,
power per flow rate and the measurement of NPSHr are presented. It was observed that by
adding air in the line, all measurement variables reduced in relation to the flow without air.
Keywords: Twophase flow, NPSHr, characteristic curves.
LISTA DE SÍMBOLOS
𝑚
• 𝑐1 [ 𝑠 ] – Velocidade de entrada do fluxo.
𝑚
• 𝑐2 [ 𝑠 ] Velocidade de saída do fluxo.
• CV – Cavalo.
𝑚
• 𝑔 [𝑠 2] – Aceleração da gravidade.
• ℎ𝑒 [𝑚] Carga de trabalho do eixo.
• ℎ𝑙 [𝑚] Perda de carga na bomba.
• ℎ𝑟 [𝑚] Aumento líquido de carga no fluido.
• 𝐼 [𝐴] Corrente consumida.
• 𝑘 é o coeficiente de redução da seção de entrada do rotor.
• K é o coeficiente adimensional.
• 𝑘𝑊 – Quilowatts.
• 𝑚 – Metros.
• 𝑁 – Newton.
• 𝑛 [𝑟𝑝𝑚] é a rotação da bomba.
• 𝑝1 [𝑃𝑎] Pressão antes do bocal de sucção.
• 𝑝2 [𝑃𝑎] Pressão após o bocal de recalque.
• 𝑃𝑎 – Pascal.
• 𝑃𝑓 – Potência transferida ao fluido.
𝑚3
• 𝑄 [ ℎ ] Vazão.
• 𝑟𝑝𝑚 – Rotação por minuto.
• 𝑉 [𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠] Tensão consumida pelo motor.
• 𝑊𝑒𝑖𝑥𝑜 – Trabalho do eixo.
• 𝑍1 [𝑚] Altura entre a linha de centro e o manômetro de sucção.
• 𝑍2 [𝑚] Altura entre a linha de centro e o manômetro de recalque.
𝑁
• 𝛾 [𝑚3 ] Peso específico do fluído.
• Δ𝑝 [𝑃𝑎] – Diferença de pressão.
• cos 𝜑 Fator de potência do motor.
• 𝜂 – Rendimento.
• 𝜂𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 Eficiência do motor elétrico
• 𝜎 [𝑃𝑎] – Tensão.
• 𝜇𝑚 – Micrometros.
LISTA DE ABREVIATURAS
• ETA – Estação de Tratamento de Água;
• FAD – Flotação por Ar Dissolvido;
• NPSH – Net Position Suction Head
• NPSHd – NPSH disponível
• NPSHr – NPSH requerido
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esquema representativo do sistema de flotação .................................................... 17
Figura 2 Curvas características........................................................................................... 18
Figura 3 Ciclo hidrológico ................................................................................................. 20
Figura 4 Sistema de clarificação e filtração ........................................................................ 23
Figura 5 Esquema representativo de um sistema FAD ........................................................ 24
Figura 6 – Rotor cavitado. .................................................................................................... 25
Figura 7 – Exemplo da formação de bolhas de vapor de água. .............................................. 26
Figura 8 – Representação de uma bomba engrenagem .......................................................... 27
Figura 9 – Representação da bomba de palhetas ................................................................... 28
Figura 10 – Representação da bomba pistão ......................................................................... 29
Figura 11 – Representação da bomba diafragma ................................................................... 30
Figura 12 – Funcionamento da bomba peristáltica ................................................................ 30
Figura 13 – Vista da bomba helicoidal em corte ................................................................... 31
Figura 14 Representação do funcionamento da bomba centrifuga ...................................... 33
Figura 15 Diâmetros de sucção .......................................................................................... 37
Figura 16 Representação da curva característica principal (HxQ) ....................................... 38
Figura 17 Representação das diferentes apresentações de curvas características ................. 39
Figura 18 – Principais características da motobomba MB8 ................................................. 44
Figura 19 – Instalação da motobomba na bancada de testes .................................................. 46
Figura 20 – Bancada de testes para motobombas. ................................................................. 46
Figura 21 – Motobomba MB8 .............................................................................................. 62
Figura 22 – Medidor de vazão Endress+Hauser® ................................................................. 63
Figura 23 – Folha de dados do rotâmetro .............................................................................. 64
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Coeficiente K ...................................................................................................... 36
Tabela 2 – Simbologia do P&ID .......................................................................................... 41
Tabela 3 – Dados do motor .................................................................................................. 45
Tabela 4 – Dados construtivos.............................................................................................. 47
Tabela 5 – Resultados experimentais sem ar ......................................................................... 47
Tabela 6 – Resultados teóricos sem ar .................................................................................. 48
Tabela 7 – Resultados experimentais com ar ........................................................................ 50
Tabela 8 – Resultados teóricos com ar.................................................................................. 51
Tabela 9 – Parâmetros da motobomba .................................................................................. 55
Tabela 10 – Resultados fluxo monofásico ............................................................................ 56
Tabela 11 – Resultados para o escoamento bifásico. ............................................................. 57
TABELA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Seleção da categoria da bomba para líquidos ..................................................... 32
Gráfico 2 – Altura manométrica versus vazão (Sem ar) ........................................................ 49
Gráfico 3 – Rendimento versus vazão (Sem ar) .................................................................... 49
Gráfico 4 – Potência versus vazão (Sem ar).......................................................................... 50
Gráfico 5 – Altura manométrica versus vazão (Com ar) ....................................................... 52
Gráfico 6 – Rendimento versus vazão (Com ar) ................................................................... 52
Gráfico 7 – Potência versus vazão (Com ar) ......................................................................... 53
Gráfico 8 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de altura manométrica versus
vazão ................................................................................................................................... 53
Gráfico 9 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de rendimento versus vazão
............................................................................................................................................ 54
Gráfico 10 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de potência versus vazão
............................................................................................................................................ 55
Gráfico 11 – NPSHr versus vazão do escoamento monofásico ............................................. 56
Gráfico 12 – NPSHr versus vazão do escoamento bifásico ................................................... 57
LISTA DE FLUXOGRAMAS
Fluxograma 1 – Diagrama representativo da bancada de testes ............................................. 41
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15
2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 17
3. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 20
4. METODOLOGIA ......................................................................................... 40
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 44
5.2.3. Comparação entre os dois experimentos...................................................... 53
5.2.4. Curvas NPSHr .............................................................................................. 55
6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 58
Referências ....................................................................................................................... 60
15
1. INTRODUÇÃO
As Estações de Tratamento de Água (ETAs) surgiram no Brasil no fim do século XIX.
As ETAs surgem como solução para o crescente problema de contaminação das águas,
principalmente em aplicações industriais ou em áreas de grande densidade populacional
(RICHTER e NETTO, 1991).
Existem várias tecnologias para realizar o tratamento de água e efluentes, destacando
se o sistema de flotação por ar dissolvido para a separação de sólidolíquido. França, Andrade
e Luz (2004) apresentam que neste processo, adicionamse bolhas de ar no efluente, fazendo
com que as partículas sólidas se mesclem à essas bolhas formando uma espuma.
Para realizar a pressurização do efluente em uma ETA se utilizam sistemas de
bombeamentos. Para cada finalidade é necessário identificar as motobombas mais eficientes e
eficazes, de modo a vencer a perda de carga da linha e realizar a função especificada. No caso
do sistema de flotação, a motobomba ainda possui a função de criar as microbolhas
supracitadas, como apresentado por Sarmento (2014a).
Para garantir o bom funcionamento do sistema de flotação é necessário escolher a
motobomba correta, evitando maus funcionamentos ou até baixas eficiências. O principal
parâmetro de escolha de uma motobomba são suas curvas características. Essas curvas são de
responsabilidade do fabricante, o qual realiza uma série de testes para extrair os dados
necessários (SARMENTO, 2014a). A medição das curvas características é realizada por meio
de ensaios reais prescritos pela norma NBR 6400 (1989).
1.1. OBJETIVOS
1.1.1. Objetivo geral
O presente trabalho tem como objetivo primário realizar o ensaio da bomba centrífuga
de múltiplos estágios MB8 em escoamento bifásico de modo a levantar as suas curvas
características, avaliando a eficácia da bomba em um sistema de flotação por ar dissolvido.
1.1.2. Objetivos específicos
Para atingir o objetivo geral, foram elencados alguns objetivos específicos:
16
a) Expor os principais fatores de erro de medição, de modo a prevenir ensaios com
medições não realistas.
b) Realizar o ensaio da bomba MB8, operando em dois regimes, apenas com água ou
com águaar.
c) Realizar o modelamento matemático para transformar os dados obtidos pelo ensaio
em curvas características.
d) Comparar as curvas características obtidas da bomba em operação monofásica com
as obtidas em operação bifásica.
17
2. JUSTIFICATIVA
2.1. SISTEMA DE FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO (FAD)
O sistema de flotação é um dos processos mais eficientes para a separação de sólidos e
líquidos em ETAs. Deste modo, os sólidos contaminantes dispersos no efluente podem ser
retirados da linha de água e descartados corretamente (FRANÇA, ANDRADE e LUZ, 2004).
Para realizar a separação, aplicamse microbolhas de ar no efluente, com diâmetros
médios de 70 𝜇m. Estas bolhas atraem os flocos de sólidos, mesclandose em uma espuma
flutuante na camada superior do efluente. Esta espuma pode ser retirada com auxílio de pás
mecânicas, realizando a separação total das partículas sólidas. França, Andrade e Luz (2004)
ressaltam que no processo de flotação retiramse as partículas pequenas e leves, que não
sedimentam com facilidade. Um esquema genérico de flotação é apresentado na Figura 1.
Figura 1 Esquema representativo do sistema de flotação
Fonte: Adaptado de Rubim (2013).
A eficácia do sistema de flotação depende diretamente da pressão da linha de efluente,
sendo necessário escolher a motobomba correta, de modo a garantir as condições ideias de
pressão para a água e saturação de microbolhas (SARMENTO, 2014a).
18
2.2. CURVAS CARACTERÍSTICAS DE MOTOBOMBAS
A seleção da motobomba ideal depende de inúmeros fatores, como a pressão necessária,
a perda de carga a ser vencida, a vazão pretendida, etc.... Para auxiliar na escolha oferecemse
as curvas características de cada bomba. Essas curvas são obtidas por meio de experimentos em
diversas situações, as quais simulam o funcionamento real à qual será submetida
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1989).
Neste ponto, identificase a necessidade de compreender como as curvas são obtidas e
quais as influências reais de cada operação. Sarmento (2014) aponta que a adição de ar no
sistema de bombeamento reduz o rendimento do sistema de bombeamento e a quantidade de ar
é diretamente proporcional ao aumento de perda de carga, como apresentado na Figura 2.
Figura 2 Curvas características
Fonte: Adaptado de Sarmento (2014)
2.3. PROPOSTA
Aliado à necessidade supracitada, identificase a relevância ambiental de garantir o bom
funcionamento das ETAs, principalmente em um país tão rico em recurso hidráulico como é o
caso do Brasil.
19
Motivados pelos fatos expostos, a proposta do presente trabalho é realizar um
levantamento real das curvas características de uma bomba centrífuga de múltiplos estágios
MB8 quando operada em escoamento bifásico. Com isso, possibilitando a identificação da
metodologia de medição e garantindo a utilização de equipamentos corretamente
dimensionados em sistemas de flotação por ar dissolvido.
20
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA
A água é essencial para a manutenção dos mais diversos sistemas biológicos, incluindo
a sobrevivência humana. Em percentual, a água corresponde a 70,8% da superfície do planeta,
sendo que desta apenas 2,6% é representado por rios, lagos e fontes subterrâneas. Entretanto, o
percentual para consumo decresce ainda mais, sendo que parte da água está congelada nas
geleiras e outra parte encontrase altamente poluída, restando cerca de 0,3% de água potável
(SOUZA, 2007).
A manutenção dos níveis de água no planeta se dá pelo ciclo hidrológico, que consiste
na precipitação da chuva e da evapotranspiração da água no meio, segundo Souza (2007). Isto
pode ser observado na Figura 3.
Figura 3 Ciclo hidrológico
Fonte: Adaptado de U.S. Department of the Interior (2006)
Pelo fato de a quantidade d’água consumível ser relativamente baixa e o consumo
aumentar gradativamente com a expansão da comunidade humana – incluindo a expansão
21
industrial – fica evidente a necessidade de reutilizar a água. Para que a água seja reutilizada,
precisase garantir a potabilidade dos recursos hídricos, por meio do tratamento da água
(RICHTER e NETTO, 1991).
Com isso, surgem as estações de tratamento de água, que são instalações com diversos
equipamentos que garantem a limpeza e purificação da água contaminada. De acordo com
Souza (2007), como existem diversas utilizações para água e diversos contaminantes, cada
estação deve ser projetada individualmente, considerando as particularidades de cada corpo
d’água.
3.1.1. Contexto histórico das ETAs
O tratamento de água é uma tecnologia que se tornou possível apenas com a descoberta
de alguns produtos químicos essenciais, como o cloro (1774) e a ozônio (1785). Porém foi
apenas no início do século XIX que surgiu o primeiro filtro lento, construído por John Gibb na
Escócia. Em 1865 M. C. Jeunnet publicou seu estudo, revelando a ação clarificante do sulfato
de alumínio, substância que é utilizada em estações atuais (NETTO, 1978).
No Brasil, segundo Netto (1978) a primeira instalação pública de filtros de pressão
ocorreu em 1880 em Campos RJ. Neste mesmo ano inventouse o decantador Dortmund que
também é utilizado até o presente.
Já em 1883 se registrou a patente de sistemas de lavagem de filtros utilizando
escoamentos bifásicos (águaar), na Inglaterra pela companhia Pulsometer. No início do século
XX se iniciou oficialmente a cloração da água pelo Sir. Alexander Houston em Londres,
considerado o pai da cloração. O Processo de cloração só foi introduzido no Brasil em 1925,
nas estações de São Paulo, como apresentado por Netto (1978).
Atualmente existem milhares de estações de tratamento brasileiras, algumas entre as
maiores do mundo. No último século observamse vários avanços, especialmente no
melhoramento de equipamentos utilizados nas estações, inclusive as bombas de escoamento
bifásico (RICHTER e NETTO, 1991).
3.1.2. Sistemas utilizados no tratamento
22
Existem inúmeros processos quimomecânicos que podem ser utilizados para realizar o
tratamento de água. Cada conjunto de processos é utilizado de acordo com o nível de
contaminação da água e o destino do fluxo tratado.
a) Aeração
A aeração consiste em adicionar ar ao reservatório de água de modo a transferir
substâncias voláteis da água para o ar. As principais finalidades nesse processo são a remoção
de gases em excesso (Gás sulfídrico H2 S e gás carbônico CO2 ), a remoção de substâncias
aromáticas voláteis (Metano CH4 e cloro Cl2 ) e a introdução de gases na água (oxigênio O2 e
nitrogênio dissolvido) (SOUZA, 2007).
b) Desinfecção
É neste processo que se utilizam as bombas dosadoras, de modo a controlar a
concentração de produtos químicos aplicados na desinfecção da água (RICHTER e NETTO,
1991).
c) Clarificação
Neste processo buscase diminuir a turbidez da água e corrigir sua coloração. O processo
de clarificação é subdividido em (i) mistura; (ii) coagulação; (iii) floculação; (iv) decantação
(SOUZA, 2007).
i.Mistura: Consiste na mistura da água com os produtos químicos e coagulantes aplicados no
fluxo, utilizando a energia hidráulica ou mecânica para tal.
ii.Coagulação: É o processo em que o agente coagulante, já misturado, age na água formando
coágulos de partículas por meio do equilíbrio eletroestático.
iii.Floculação: É o processo onde os coágulos do processo anterior se unem formando os flocos,
que podem ser removidos por diversos processos, como a decantação, flutuação ou filtragem.
23
iv.Decantação: A decantação consiste na formação de depósito de fundo das partículas em função
do seu peso.
d) Filtração
Ao final deste processo, algumas partículas ainda não foram removidas da água, sendo
necessário passar por um último processo de filtragem (SOUZA, 2007). Na Figura 4 observa
se um esquema de clarificação e filtração.
Figura 4 Sistema de clarificação e filtração
Fonte: Adaptado de Souza (2017)
Vale ressaltar que a quantidade de processos, e a ordem dos mesmos, deverá ser
planejada previamente, levando em consideração as condições hídricas e potáveis da água a ser
tratada.
3.1.3. Sistema de flotação por ar dissolvido
Dentre os processos supracitados, o presente trabalho tem especial interesse pela
flotação. Este interesse é motivado pelo sistema de bombeamento utilizado para fornecer um
fluxo bifásico de águaar em um processo conhecido como flotação por ar dissolvido (FAD).
24
A flotação, como exposto na seção anterior, é responsável pela separação de sólido
liquido por meio da formação de flocos coagulados. A utilização de ar dissolvido para facilitar
o processo de flotação ganhou força na década de 90, sendo considerado um dos processos mais
eficientes para realizar esta separação (FRANÇA, ANDRADE e LUZ, 2004).
No sistema de flotação, as microbolhas de ar se aderem às partículas fazendo com que
sua densidade diminua e flutuem (flotam). Um método para criar as microbolhas é utilizando
um tanque de saturação. O fluxo de água passa pelo tanque misturandose à água saturada com
ar. Ao aplicar o fluxo de água saturada, provocase uma súbita queda de pressão, causando a
cavitação e liberando inúmeras bolhas de ar provenientes da própria saturação (RICHTER,
2009).
A eficiência do FAD depende da concentração e tamanho das microbolhas no sistema.
Para criar o efeito de cavitação é necessário reduzir bruscamente a pressão. Isso ocorre ao
diminuir o diâmetro da tubulação do fluxo (RICHTER, 2009). Para calcular o diâmetro de
núcleo necessário, utilizase a Equação I.
𝜎 (I.)
𝑑𝑛𝑝 = 4 ⋅ ,
Δp
Onde:
• 𝜎 representa a tensão superficial.
• Δ𝑝 a diferença de pressão (RICHTER, 2009).
Figura 5 Esquema representativo de um sistema FAD
Fonte Adaptado de Sarmento (2014b)
25
Um esquema representativo do FAD é apresentado na Figura 5.
Observase a necessidade de uma bomba capaz de pressurizar um escoamento bifásico,
uma vez que o FAD garante sua eficácia por meio da saturação do fluxo (SARMENTO, 2014b).
3.2. SISTEMA DE BOMBEAMENTO
As bombas hidráulicas são máquinas com capacidade de mover líquidos por meio de
tubulações pressurizadas. Os sistemas compostos por bombas convertem a energia mecânica
em pressão e energia cinética. Deste modo, uma instalação elevatória é definida como o
conjunto formado pelas tubulações, bombas, motores e respectivas instalações elétricas
(GOMES e CARVALHO, 2012).
Para definir um sistema de bombeamento, o projetista deve considerar a energia
necessária para elevar um fluxo de um ponto até o seu destino. Além disso, de acordo com
Sarmento (2014b), para utilizações como a formação de microbolhas, é necessário garantir que
o fluxo contenha a pressão e velocidade correta ao fim da tubulação.
3.2.1. Fenômeno da cavitação
Figura 6 – Rotor cavitado.
Fonte: Adaptado de Camargo (2018)
A principal causa para estes danos em máquinas de fluxo é a cavitação. Este fenômeno
pode ser percebido pelo ruído característico e por outros sintomas, como redução de vazão,
redução de potência no eixo e queda no rendimento (HENN, 2006).
26
A cavitação ocorre com a formação de bolhas em um líquido em movimento,
comumente preenchidas com vapor do líquido. A formação das bolhas de vapor é dada pelas
diferenças de pressão na operação de uma máquina de fluxo. A pressão atinge, em alguns
pontos, o limite de vaporização da água. A pressão de vaporização é a pressão em que, para
uma mesma condição de temperatura, o fluido encontrase em fase de vapor. A Figura 7
exemplifica a formação das bolhas de vapor em relação à pressão da água.
Quando a pressão absoluta é inferior à pressão de vaporização (𝑝𝑣 ), formamse as bolhas
de vapor microscópicas. Estas bolhas podem conter vapor ou gases não dissolvidos,
dependendo da composição do líquido transportado. Ao transportar estas bolhas para regiões
com pressões mais elevadas, as bolhas vão aumentando de tamanho até atravessar o limiar do
ponto de vaporização. Após este ponto, o vapor interno da bolha é condensado quase que
instantaneamente, provocando um espaço vazio que é preenchido pela água em um fenômeno
conhecido como implosão das bolhas (HENN, 2006).
De acordo com Henn (2006), com a implosão das bolhas ocorre o choque entre as
partículas que ocupam o espaço vazio das bolhas, gerando uma onda de impacto de alta pressão,
semelhante ao golpe de aríete. Esses picos de pressão se propagam pelo líquido em todas as
direções com velocidades próximas da velocidade do som na água, com a intensidade reduzindo
gradativamente.
Figura 7 – Exemplo da formação de bolhas de vapor de água.
Fonte: Adaptado de Henn (2006)
Com a redução gradativa da intensidade, a energia se dissipa sem danos em um
reservatório grande o suficiente. Entretanto, as superfícies que se encontram próximas à zona
de colapso das bolhas sofre com golpes repetidos e concentrados, causando as erosões
características.
27
3.2.2. Principais motobombas
O transporte de fluidos é realizado desde os primórdios da humanidade, com conchas
ou baldes primitivos. Com o desenvolvimento das ferramentas e da sociedade primitiva,
desenvolveramse também as primeiras máquinas de fluxo, as rodas de conchas e as bombas
parafusos. Mais tarde, os romanos introduziram a roda de pás para captar energia hidráulica e
os moinhos de vento (BRASIL, 2006).
Hoje, alguns milênios depois, a humanidade detém grande controle sobre a natureza,
transportando, comprimindo, transformando e utilizando diferentes fluidos em diferentes
aplicações. Dentre as diversas máquinas de fluxo, destacamse as motobombas, as quais
possuem várias categorias construtivas.
a) Bombas de engrenagem
De acordo com Brasil (2006), as engrenagens são mecanismos utilizados para
transferência de força e movimento em inúmeras aplicações. Em uma bomba desta categoria,
as engrenagens se movem formando uma câmara virtual para o fluido. Ao realizar o movimento
de engrenamento, adicionase uma energia mecânica ao fluido, empurrandoo para a saída da
bomba com ganho de pressão. A Figura 8 apresenta um exemplo do funcionamento de uma
bomba de engrenagens.
Figura 8 – Representação de uma bomba engrenagem
Fonte: Adaptado de Brasil (2010)
28
Observase que o fluido, comumente óleo, é succionado devido ao vácuo formado pelas
engrenagens. Os dentes criam câmaras virtuais com a carcaça, enclausurando um volume de
fluido e forçandoo para a abertura de saída (BRASIL, 2010). As principais vantagens desta
bomba são:
• Projeto simples, com grande eficiência.
• Compacta e leve comparada à outras bombas de mesma capacidade.
• Eficiente à alta pressão.
• Resistente à cavitação.
• Alta tolerância à contaminação.
• Resistente em operações à baixas temperaturas
• Compatibilidade com diversos fluidos.
• Fluxo contínuo, sem pulsos.
Um exemplo prático do uso da bomba de engrenagem é a bomba de óleo utilizado em
veículos.
b) Bombas de palheta
As bombas de palhetas são construídas com um rotor, palhetas, anel e uma placa. O
rotor possui um atuador que expulsa as palhetas, fazendoas contornar o anel e criar uma
camada de vedação positiva, como explicado por Pacífico (2016).
Figura 9 – Representação da bomba de palhetas
Fonte: Adaptado de Brasil (2010)
Devido à descentralização do rotor, formase um volume crescente e decrescente dentro
do anel. Utilizamse placas para formar orifícios de entrada e saída, localizados no volume
crescente e decrescente, respectivamente (PACÍFICO, 2016). O método de funcionamento é
representado pela Figura 9.
29
As principais vantagens da bomba de palheta são:
• Baixo nível de ruído.
• Minimiza as oscilações nas linhas hidráulicas.
• Grande tolerância à contaminação do sistema.
c) Bombas de pistão
Estas bombas utilizam pistões em tambores cilíndricos criando movimentos de
bombeamento para pressurizar o fluido, semelhante a bombas manuais de ar. A Figura 10
apresenta uma vista explodida dos principais constituintes da bomba de pistão (BRASIL, 2010).
Figura 10 – Representação da bomba pistão
Fonte: Adaptado de Smith (2021)
O sistema possui uma sapata de deslizamento que possibilita o movimento do pistão.
Em recuo máximo, o pistão sai da câmara devido o ângulo da sapata, com isto, criase um
volume crescente na câmara. Após isso, o pistão entra na câmara “empurrando” o fluido,
promovendo um volume decrescente pressurizado (BARBOSA, 2010).
Entre as principais vantagens da bomba de pistão, destacamse as seguintes:
• Baixo nível de ruído.
• Compensação de pressão.
• Baixa pressão de alívio.
d) Bombas diafragmas e peristálticas
As bombas desta categoria são construídas com membranas ou diafragmas elásticos.
Estas paredes são empurradas realizando a pressurização do fluido. A Figura 11 representa o
funcionamento de um diafragma.
30
Figura 11 – Representação da bomba diafragma
Fonte: Adaptado de Technopump (2021)
Já as bombas peristálticas atuam com o esmagamento de um caminho de mangueira,
semelhante aos movimentos peristálticos desenvolvidos pelo sistema digestivo humano
(BRASIL, 2010).
Figura 12 – Funcionamento da bomba peristáltica
Fonte: Adaptado de Arozone (2021)
A Figura 12 apresenta o princípio de funcionamento de uma bomba peristáltica,
promovendo o esmagamento com um mecanismo rotacional.
31
e) Bombas helicoidais
As bombas helicoidais são formadas pelo rotor e pelo estator. O rotor é um transportador
helicoidal e o estator é uma cavidade que forma a câmara de transporte da bomba. A Figura 13
apresenta o helicoide e as câmaras de transporte (FOXBOMBAS, 2021).
Figura 13 – Vista da bomba helicoidal em corte
Fonte: Adaptado de FoxBombas (2021)
A precisão de encaixe entre o rotor e o estator criam câmaras virtuais de transporte de
fluido, sem a agitação ou esmagamento do fluido. A grande vantagem das bombas helicoidais
é a característica autoescorvante da bomba, ou seja, sem a necessidade de atuar afogada
(FOXBOMBAS, 2021).
f) Escolha da motobomba
A escolha da motobomba mais viável para uma aplicação depende da vazão e pressão
necessárias (PACÍFICO, 2016). Usualmente, utilizase o Gráfico 1.
32
Gráfico 1 – Seleção da categoria da bomba para líquidos
Fonte: Adaptado de Brasil (2006)
As bombas centrífugas, que serão melhor discutidas na Seção 3.2.3. apresenta uma
ampla faixa de vazão e pressão de operação, sendo indicadas para a maior parte das operações
industriais de média e alta vazão (BRASIL, 2006).
De acordo com Brasil (2006), as maiores pressões são obtidas das bombas alternativas,
porém não conseguem garantir altas vazões. Já as bombas axiais conseguem proporcionar
grandes vazões à baixas pressões.
Entretanto, como possuem áreas de superposição de categorias, a seleção da bomba
dependerá das propriedades do fluido a ser transportado, como a viscosidade, temperatura de
trabalho, tipo do fluido e aplicação da bomba (MACINTYRE, 1997).
3.2.3. Motobomba centrífuga
Dentre os diversos modelos de motobombas, a centrífuga é uma das mais utilizadas em
sistemas de tratamento e em sistemas de microbolhas. A motobomba centrífuga também é um
dos sistemas mais simples (MACINTYRE, 1997).
Estas bombas, segundo Macintyre (1997), precisam operar com escorva, ou seja, ao
iniciar o sistema a bomba deve estar cheia com o fluido a ser bombeado. Sistemas que não
necessitam iniciar cheios são conhecidos como autoescorvantes.
33
Figura 14 Representação do funcionamento da bomba centrifuga
Fonte: Adaptado de Loxam Dregaus (2019)
A bomba centrifuga possui um rotor que, ao girar suas pás, realiza uma rotação no
fluido, promovendo ganho de energia cinética e direcionando para a periferia da bomba. Pela
periferia, o fluido se direciona para o difusor e a energia cinética se converte em aumento de
pressão (DREGAUS, LOXAM, 2019). A Figura 14 apresenta uma representação do
funcionamento.
Além de ser um sistema relativamente simples, a motobomba centrífuga apresenta um
bom custobenefício, estabilização da pressão de recalque, durabilidade e alto rendimento
(SARMENTO, 2014b).
3.2.4. Equações utilizadas em um sistema de bombeamento
A Equação II representa o ganho de carga promovido pela bomba.
ℎ𝑟 = ℎ𝑒 − ℎ𝑙 , (II.)
Onde:
34
• ℎ𝑟 [𝑚] representa o aumento líquido de carga no fluido.
• ℎ𝑒 [𝑚] representa a carga de trabalho do eixo.
• ℎ𝑙 [𝑚] representa a perda de carga na bomba.
Reescrevendo a Equação II e explicitando os termos da direita, obtêmse a Equação III.
Onde:
• 𝑝1 [𝑃𝑎] é a quantidade que representa a pressão antes do bocal de sucção.
• 𝑝2 [𝑃𝑎] representa a pressão após o bocal de recalque.
𝑁
• 𝛾 [𝑚3 ] é o peso específico do fluído.
• 𝑍1 [𝑚] e 𝑍2 [𝑚] são as alturas entre a linha de centro e o manômetro de sucção e
recalque, respectivamente.
𝑚 𝑚
• 𝑐1 [ 𝑠 ] e 𝑐2 [ 𝑠 ] são as velocidades de entrada e saída do fluxo, respectivamente.
𝑚
• 𝑔 [𝑠 2] representa a aceleração da gravidade.
A Equação é comumente conhecida como Equação de Bernoulli. (MUNSON, YOUNG
e OKIISHI, 1997).
Deste modo, possibilitase o cálculo da potência transferida ao fluido por meio da
Equação IV.
𝑃𝑓 = 𝛾 ⋅ 𝑄 ⋅ ℎ𝑟 , (IV.)
Onde:
𝑚3
• 𝑄 [ ] é a vazão da bomba.
ℎ
Com a potência tornase possível calcular a eficiência da bomba, utilizando a Equação
V.
35
𝑃𝑓 V.
𝜂= .
𝑊𝑒𝑖𝑥𝑜
E o trabalho desenvolvido pelo eixo pela Equação VI.
Onde:
• 𝑉 [𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠] representa a tensão consumida pelo motor.
• 𝐼 [𝐴] é a corrente consumida.
• cos 𝜑 representa o fator de potência do motor.
• 𝜂𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 é a eficiência do motor elétrico (SARMENTO, 2014a).
Outra equação essencial para o levantamento das curvas é o Net Positive Suction Head
(NPSH). Segundo Macintyre (1997) o NPSH representa a máxima altura de aspiração,
promovendo a quantidade de energia disponível no fluido.
O NPSH possui forte relação com a possibilidade de cavitação. A cavitação é o processo
onde a pressão de sucção se torna tão baixo que chega à pressão de evaporação do fluido na
temperatura de trabalho, formando bolhas devido à mudança de fase do líquido para vapor.
Essas bolhas são transportadas, pelo movimento do rotor, à zona de alta pressão ocasionando o
colapso delas. Este colapso libera uma grande quantidade de energia pontual, causando danos
estruturais ao rotor, redução na eficiência da bomba, vibrações e ruídos, como apontado por
Sarmento (2014b).
Para garantir que não ocorra cavitação dentro da bomba, o NPSH disponível (NPSH d)
deve ser maior que o NPSH requerido (NPSHr). O NPSHd é a energia do fluido ao entrar na
bomba, considerando as perdas de carga da instalação de sucção. Já o NPSHr é a energia que a
bomba deverá fornecer para o fluido para o transporte da entrada de sucção até a entrada das
pás, compensando toda a perda de carga interna. Logo, a condição para não ocorrer a cavitação
é fornecida pela Inequação VII:
No presente trabalho será avaliado apenas o sistema de bombeamento, com isso o foco
será dado no cálculo do NPSHr, calculado pela Equação VIII.
2 (VIII.)
𝑛 2 𝑄 3
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 = [( ) ⋅ ] ,
100 𝑘⋅𝐾
Onde:
• 𝑛 [𝑟𝑝𝑚] é a rotação da bomba.
𝑚3
• 𝑄 [ ] é a vazão.
𝑠
• 𝑘 é o coeficiente de redução da seção de entrada do rotor.
• K é o coeficiente adimensional, representado pela Tabela 1.
Tabela 1 Coeficiente K
K – COEFICIENTE TIPO DE BOMBA
2,6 Bombas Radiais
2,9 Bombas helicoidais
2,4 Bombas axiais
Fonte Adaptado de Macintyre (1997)
Já o coeficiente de redução da seção é calculado pela Equação IX.
𝑑𝑚𝑙 2 (IX.)
𝑘=( ) ,
𝑑𝑒
Figura 15 Diâmetros de sucção
Fonte: Adaptado de Sarmento (2014b)
3.3. CURVAS CARACTERÍSTICAS
Segundo Gomes e Carvalho (2012), uma bomba é caracterizada pela altura manométrica
e a vazão correspondente. Ao organizar esses dados em forma de gráfico formase a curva
característica principal. Além da curva principal, ainda são levantadas as curvas de potência,
rendimento e NPSHr.
A curva principal pode se apresentar em quatro formas distintas,
• Plana: Pouca variação de altura manométrica com a vazão. Geralmente são bombas com
rotores largos, com muitas pás e grandes ângulos de saída;
• Com muita inclinação: Grande variação da altura com a vazão.
• Padrão: São aquelas que possuem comportamento intermediário entre a curva plana e a
curva com muita inclinação.
• Instável: Formada por uma parábola e pode apresentar duas vazões para uma mesma
altura manométrica, causando a instabilidade, sendo que se recomenda utilizar essa
bomba apenas na região de descida.
As curvas são exemplificadas na Figura 16.
38
Figura 16 Representação da curva característica principal (HxQ)
H Instável
Plana
Padrão
Com muita inclinação
Q
Fonte: Autor
O conjunto de curvas características, como explicado por Gomes e Carvalho (2012)
podem ser apresentados em diversas configurações. As mais comuns são apresentadas na Figura
17.
• Curvas características esquemáticas: Apresentação das curvas em função da vazão para
uma mesma rotação (Figura 17.a).
• Curvas de cobertura hidráulica: Utilizado na préseleção da bomba, os dados de entrada
são a vazão e a altura e escolhese o modelo mais eficaz (Figura 17.b).
• Curvas do fabricante: Apresentamse várias características construtivas, como rotação,
diâmetros e etc. (Figura 17.c).
39
Figura 17 Representação das diferentes apresentações de curvas características
Curvas esquemáticas
Curvas de cobertura
Curvas do fabricante
Fonte: Adaptado de Gomes e Carvalho (2012)
40
4. METODOLOGIA
4.1. METODOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa é classificada em quatro categorias por Gerhardt e Silveira (2009). Quanto
à abordagem, à natureza, aos objetivos ou aos procedimentos.
A presente pesquisa se classifica como quantitativa segundo a abordagem, já que visa
coletar dados experimentais para estudar um fenômeno físico. De acordo com Gerhardt e
Silveira (2009), esta pesquisa é aplicada, sendo que o objeto de estudo possui uma aplicação
prática. Já de acordo com os objetivos, a pesquisa se categoriza como pesquisa exploratória,
pois desenvolve o conhecimento por meio da fundamentação teórica.
4.2. METODOLOGIA DE ENSAIO
O ensaio para medição das curvas da bomba é realizado por meio de uma bancada de
testes. A empresa Gratt® possui uma bancada, representada pelo Fluxograma 01.
41
Fluxograma 1 – Diagrama representativo da bancada de testes
Fonte: Autor
As simbologias são identificadas pela Tabela 2.
Tabela 2 – Simbologia do P&ID
Simbologia Descrição
V1 Válvula Gaveta 1
V2 Válvula Gaveta 2
V3 Válvula Globo 3
BC1 Bomba Centrífuga 1
R1 Rotâmetro 1
VIT Medidor de vácuo (Vacuômetro)
PIT Medidor de pressão (Manômetro)
FIT Medidor de vazão
Fonte: Autor
Os testes são realizados em duas etapas, de modo a avaliar a influência do fluxo com
adição de ar em comparação ao fluxo sem ar.
42
O primeiro teste consiste em avaliar a vazão obtida sem adição de ar, controlando a
pressão de recalque. O segundo teste utiliza os mesmos valores de pressão, porém adiciona
quantidades de ar controladas.
Para representar o resultado obtido, serão desenvolvidas as curvas de (i) Altura
manométrica versus vazão, (ii) Potência versus vazão, (iii) Rendimento versus vazão e (iv)
NPSH requerido versus vazão.
4.3. CUIDADOS DE MEDIÇÃO
Ao realizar um experimento, o ensaio necessita de vários parâmetros para garantir sua
qualidade e repetibilidade. Além disso, existem alguns cuidados que devem ser tomados para
realizar medições com maior confiabilidade.
4.3.1. Instalação do medidor de vazão
O medidor de vazão é um dispositivo eletrônico que, ao receber um fluxo, calcula sua
vazão em relação à velocidade e área transversal, pela Equação X:
𝑄 = 𝑐 ⋅ 𝐴𝑡 (X.)
Entretanto, existem alguns erros comuns que inviabilizam a medição, acumulando erros
e distorcendo os resultados. Os principais erros são,
• Instalação incorreta: Ao passar por curvas, válvulas e elementos de tubulação, o fluxo
acumula perdas de cargas pontuais, podendo gerar turbulências que dificultam a leitura
do medidor de vazão. Deste modo, a recomendação do fabricante é posicionar o medidor
com tubulação reta de cinco vezes o diâmetro na entrada e duas vezes na saída.
• Medição não afogada: O cálculo da vazão, geralmente, é realizado em função da área
transversal fixa do medidor. Caso a tubulação não esteja completamente cheia
(afogada), o medidor pode distorcer o resultado.
• Medidores não exatos: Tubulações maiores tendem a apresentar maior vazão,
necessitando de medidores com maior capacidade e menor escala. Entretanto, um erro
comum é utilizar um medidor de alta vazão para um fluxo de baixa vazão.
4.3.2. Medidores de pressão e vácuo
43
Outro ponto importante a se considerar em um ensaio são os vacuômetros e
manômetros. O manômetro instalado na linha de recalque é a variável de controle do ensaio,
sendo necessário possuir escala compatível com a pressão a ser medida.
Em alguns casos, os manômetros e vacuômetros possuem escala muito grande,
inviabilizando a obtenção de resultados variados ou exatos.
4.3.3. Controle de injeção de ar
Em fluxos bifásicos, a sucção da bomba injeta ar no fluxo com auxílio de um rotâmetro
para medição da vazão de ar na linha. A quantidade de ar injetada influencia na saturação do
fluxo, provocando uma maior ou menor concentração de microbolhas liberadas na expansão do
flotador.
Entretanto, algumas bancadas não possuem rotâmetros exatos ou elementos de controle
que possibilitem a injeção correta de ar no fluxo. Com isso, os resultados podem ser mal
interpretados e provocar curvas irreais.
44
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta seção apresentará os resultados coletados com suas respectivas discussões.
5.1. EXPERIMENTO REALIZADO
Realizouse o experimento na bancada de testes fornecida pela empresa Gratt®. A
bancada era formada pelo conjunto motobomba MB8, um tanque reservatório, um tanque de
saturação e o sistema de medição.
A Figura 18 apresenta as principais características da motobomba MB8.
Figura 18 – Principais características da motobomba MB8
Fonte: Autor
O conjunto é composto, primordialmente, por um motor elétrico de 6cv de potência e
uma bomba MB8 fabricada pela Gratt®. As informações do motor são apresentadas na Tabela
3.
45
Tabela 3 – Dados do motor
POTÊNCIA 6 CV
TENSÃO 220/380/440
ROTAÇÃO 3500
RENDIMENTO 88,5%
FATOR DE SERVIÇO 1,25
FREQUÊNCIA 60Hz
Fonte: Autor
A instalação da motobomba na bancada de testes é apresentada nas Figura 19 e 21. Na
Figura 21 observase a instalação da bomba interligada ao tanque de flotação (Retangular) e ao
tanque de saturação (Cilindrico).
46
Figura 19 – Instalação da motobomba na bancada de testes
Fonte: Autor
Figura 20 – Bancada de testes para motobombas.
Fonte: Autor e Gratt®.
47
Os principais dados construtivos são apresentados na Tabela 4.
Tabela 4 – Dados construtivos
5.2. RESULTADOS
Realizaramse dois experimentos, o primeiro sem presença de ar, de modo a avaliar as
curvas características da motobomba em regime monofásico. Para o segundo experimento,
saturouse a linha de água com ar, de modo a avaliar o impacto do ar nas curvas características
da motobomba.
Para controlar a curva, utilizouse o conjunto de válvulas, controlando a pressão no
recalque.
5.2.1. Experimento sem ar
O primeiro experimento foi realizado variando a pressão de recalque, em uma escala de
0,25 kgf/cm². Os resultados são apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 – Resultados experimentais sem ar
VAZÃO VAZÃO
P1 P2 CORRENTE ROTAÇÃO
TOTAL % AR DE AR
(KGF/CM²) (MMHG) (A) (RPM)
(M³/H) (M³/H)
Tabela 6 – Resultados teóricos sem ar
P1(KGF/C ENERGI ENERGIA ENERGI HR POTF WEIXO RENDIMEN
M²) A DE POTÊNCI A (M) (W) (W) TO (%)
PRESSÃ AL (M) CINÉTIC
O (M) A (M)
1 13,46 0,355 0,926 14,74 447,81 2670,65 16,77
1,25 15,83 0,355 0,912 17,10 515,85 2695,99 19,13
1,5 18,34 0,355 0,908 19,60 589,86 2711,19 21,76
1,75 20,78 0,355 0,891 22,03 656,89 2782,14 23,61
2 23,23 0,355 0,886 24,47 727,59 2898,70 25,10
2,25 25,60 0,355 0,875 26,83 792,76 2969,64 26,70
2,5 27,97 0,355 0,867 29,20 858,72 3040,59 28,24
2,75 30,49 0,355 0,839 31,68 916,26 3050,73 30,03
3 32,86 0,355 0,800 34,01 960,73 3015,25 31,86
3,25 35,37 0,355 0,735 36,46 987,29 2974,71 33,19
3,5 37,74 0,355 0,669 38,77 1001,40 2934,17 34,13
3,75 40,05 0,355 0,603 41,01 1005,86 2898,70 34,70
4 42,36 0,355 0,516 43,23 980,53 2858,16 34,31
4,25 44,05 0,355 0,452 44,86 952,96 2792,28 34,13
4,5 46,01 0,355 0,383 46,75 913,31 2741,60 33,31
4,75 47,98 0,355 0,293 48,63 831,20 2619,98 31,73
5 50,22 0,355 0,000 50,57 0,00 1773,68 0,00
Fonte: Autor
Com a correlação entre os dados experimentais e os dados teóricos, apresentamse as
curvas características. O Gráfico apresenta a curva de altura manométrica pela vazão. Para
calcular os parâmetros utilizouse a Equação I apresentada na seção de fundamentação teórica.
A curva pode ser relacionada com as curvas encontradas na literatura, como apresentado no
Gráfico 2.
49
Gráfico 2 – Altura manométrica versus vazão (Sem ar)
Gráfico Hman versus Vazão
Hman (Kgf/cm²) 5,5
5
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Vazão (m³/h)
Fonte: Autor
Observase um platô de estabilização da altura manométrica para vazões até 5m³/h. Ao
passar por este ponto, a bomba consegue entregar mais vazão, chegando ao máximo de 11,2
m³/h, entretanto perde em energia disponível, chegando à pressão disponível de 1,5 Kgf/cm². O
Gráfico 3 apresenta o rendimento da bomba.
Gráfico 3 – Rendimento versus vazão (Sem ar)
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Vazão (m³/h)
Fonte: Autor
O formato da curva gerada se assemelha ao encontrado na literatura, entretanto os
valores são abaixo do esperado. Apresentando como ponto de rendimento máximo a vazão de
9 m³/h com rendimento de 35%. A baixa eficiência pode ter sido causada pelas condições
50
inapropriadas de ensaio, sendo indicado novas medições para confirmar o rendimento real. O
Gráfico 4 apresenta a potência consumida.
Gráfico 4 – Potência versus vazão (Sem ar)
0,5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Vazão (m³/h)
Fonte: Autor
Observase que o maior consumo é no ponto de vazão de 9 m³/h, consumindo 1 Kw de
potência. Este resultado também é compatível com a literatura.
5.2.2. Experimento com ar
O segundo experimento foi realizado variando a pressão de recalque, em uma escala de
0,25 kgf/cm² com adição de ar à uma vazão de 0,3m³/h, controlado pelos rotâmetros instalados.
Os resultados são apresentados na Tabela 7.
Tabela 7 – Resultados experimentais com ar
VAZÃO
P2 CORRENTE ROTAÇÃO VAZÃO DE
P1 (KGF/CM²) TOTAL
(MMHG) (A) (RPM) AR (M³/H)
(M³/H)
Tabela 8 – Resultados teóricos com ar
P1 ENERG ENERGIA ENERGI HR POTF WEIXO RENDIMEN
(KGF/CM²) IA DE POTÊNCI A (MCA) (W) (W) TO
PRESSÃ AL (M) CINÉTI ( %)
O (M) CA (M)
1 13,175 0,355 0,7276 14,25 372,43 2305,78 16,15
1,25 15,47 0,355 0,7247 16,55 431,77 2402,07 17,98
1,5 17,93 0,355 0,7159 19,00 492,38 2467,95 19,95
1,75 20,38 0,355 0,7087 21,44 552,82 2493,28 22,17
2 22,84 0,355 0,6914 23,88 607,97 2559,16 23,76
2,25 25,16 0,355 0,6730 26,18 657,31 2630,11 24,99
2,5 27,49 0,355 0,6423 28,48 698,05 2721,33 25,65
2,75 29,83 0,355 0,6070 30,79 732,81 2726,40 26,88
3 32,33 0,355 0,5611 33,24 759,62 2777,07 27,35
3,25 34,83 0,355 0,5219 35,71 785,91 2751,73 28,56
3,5 37,35 0,355 0,4818 38,19 806,25 2792,28 28,87
3,75 40,03 0,355 0,4409 40,82 823,13 2873,36 28,65
4 42,58 0,355 0,3997 43,34 830,33 2731,46 30,40
4,25 45,40 0,355 0,3273 46,09 795,42 2685,86 29,62
4,5 48,05 0,355 0,2864 48,69 783,50 2604,77 30,08
4,75 50,57 0,355 0,2508 51,18 768,03 2523,69 30,43
Fonte: Autor
Com a correlação entre os dados experimentais e os dados teóricos, apresentamse as
curvas características. O Gráfico 5 apresenta a altura manométrica com adição de ar.
52
Gráfico 5 – Altura manométrica versus vazão (Com ar)
Fonte: Autor
Observase que, com o ar na linha, a vazão máxima alcançada é de 10m³/h com altura
manométrica equivalente à pressão de 1,5 Kgf/cm². Também se observa um maior gradiente na
curva, o que representa uma curva inclinada, porém ainda se assemelhando à curva padrão. O
Gráfico 6 apresenta o rendimento obtido, atingindo o ponto máximo de 30%.
Gráfico 6 – Rendimento versus vazão (Com ar)
0,2
0,15
0,1
0,05
0
5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10
Vazão (m³/h)
Fonte: Autor
A curva apresenta mais distorções ao comparar com o mesmo gráfico da linha sem ar.
Isso pode ser causado pelo aumento de turbulência ao adicionar o ar no fluxo.
53
Gráfico 7 – Potência versus vazão (Com ar)
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10
Vazão (m³/h)
Fonte: Autor
Por fim, apresentase o Gráfico 7 da potência consumida pela bomba, chegando ao
máximo de 0,85 Kw, significativamente menor que o caso anterior.
5.2.3. Comparação entre os dois experimentos
Nesta seção realizase a comparação entre os dois conjuntos de curvas.
Gráfico 8 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de altura manométrica
versus vazão
Fonte: Autor
menor em relação à vazão máxima da linha sem ar. Ou seja, sem ar dissolvido, a bomba
consegue obter uma vazão de 11,2 m³/h, enquanto que com ar, consegue apenas 9,8 m³/h com
a mesma energia.
Gráfico 9 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de rendimento versus
vazão
0,25
0,2
Sem ar
0,15
0,1 Com ar
0,05
0
5 6 7 8 9 10 11 12
Vazão (m³/h)
Fonte: Autor
No Gráfico 9 os resultados de rendimento são apresentados. É possível observar o
impacto que a adição de ar possui no rendimento da bomba, reduzindo o rendimento máximo
em aproximadamente 14% em relação aos pontos máximos de cada linha. Ao comparar o ponto
de 9 m³/h (Maior rendimento sem ar), a redução chega a 23%. Entretanto, ressaltase que as
condições de ensaio não foram ideais, podendo gerar curvas de rendimento quantitativamente
não apropriadas.
55
Gráfico 10 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de potência versus vazão
0,7
0,6
0,5 Sem ar
0,4
0,3 Com ar
0,2
0,1
0
5 6 7 8 9 10 11 12
Vazão (m³/h)
Fonte: Autor
Ao avaliar a potência no Gráfico 10, observase uma redução de 60% na potência
consumida no ponto de vazão de 9,8 m³/h ao adicionar ar na linha. Já comparando os pontos
máximos, observase uma redução de 20% na linha com ar.
5.2.4. Curvas NPSHr
Para calcular o NPSHr utilizouse a Equação VIII. Os parâmetros utilizados apresentam
se na Tabela 9.
Tabela 9 – Parâmetros da motobomba
DESCRIÇÃO DADOS
ROTAÇÃO [RPM] 3500
COEFICIENTE K 2,6
Fonte: Autor
E a Tabela 10 apresenta os valores obtidos para o escoamento monofásico.
56
Tabela 10 – Resultados fluxo monofásico
VAZÃO (M³/H) NPSHR
11,2 1,52
11,12 1,51
11,09 1,51
10,99 1,50
10,96 1,50
10,89 1,49
10,84 1,49
10,66 1,47
10,41 1,45
9,98 1,41
9,52 1,37
9,04 1,32
8,36 1,25
7,83 1,20
7,2 1,13
6,3 1,04
0 0
Fonte: Autor
Com estes dados, realizase o Gráfico 11 do NPSHr para o escoamento monofásico.
Gráfico 11 – NPSHr versus vazão do escoamento monofásico
1,3
1,2
1,1
1
0,9
6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10 10,5 11 11,5
Vazão (m³/h)
Fonte: Autor
Na Tabela 11 são apresentados os valores obtidos com a linha bifásica.
57
Tabela 11 – Resultados para o escoamento bifásico.
VAZÃO (M³/H) NPSHR
9,93 1,40
9,91 1,40
9,85 1,40
9,8 1,39
9,68 1,38
9,55 1,37
9,33 1,35
9,07 1,32
8,72 1,29
8,41 1,26
8,08 1,22
7,73 1,19
7,36 1,15
6,66 1,08
6,23 1,03
5,83 0,98
Fonte: Autor
E por fim, o Gráfico 12 apresenta a curva característica.
Gráfico 12 – NPSHr versus vazão do escoamento bifásico
1,3
1,2
1,1
1
0,9
5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10
Vazão (m³/h)
Fonte: Autor
Observase que ambos os comportamentos são semelhantes, o que confirma a base
teórica de que as principais variáveis para o NPSHr são as relações de diâmetro da bomba e a
rotação da mesma.
58
6. CONCLUSÃO
O presente trabalho possuía como objetivo principal o estudo das curvas características
de uma bomba modelo MB8 para fluxo bifásico. Estas bombas são utilizadas para o
escoamento de água saturada com ar em flotadores de ar dissolvido, possibilitando a formação
de microbolhas e, consequentemente, flotando o lodo.
O principal objetivo do trabalho era obter as curvas características da motobomba MB8.
Este objetivo foi alcançado ao realizar o experimento em uma bancada de testes fornecida pela
empresa Gratt®. Em relação aos resultados todas as curvas apresentam consonância com a
teoria, entretanto as limitações de testes podem ter contribuído para condições não ideais.
Dentre as limitações encontradas, destacamse: (i) a escassez de recursos para
repetibilidade dos ensaios; (ii) a falta de adaptabilidade da bancada de testes para ensaios com
bombas pequenas; (iii) a falta de calibração e conferência dos instrumentos de medição
eletrônica; (iv) a escassez de instrumentos funcionais como manômetros e vacuômetros para
testes, entre outros.
Em relação aos objetivos específicos, o objetivo (a) expor os principais cuidados e boas
práticas de medição, de modo a evitar medições errôneas. Tal objetivo atingiuse com o
Capítulo 4 ao descrever a metodologia utilizada e os principais cuidados de medição.
Entretanto, percebese a necessidade de realizar uma análise de erros de medição, com
ferramentas estatísticas de modo a mitigar o máximo de incertezas observadas, inclusive
realizando repetições do mesmo ensaio, de modo a reduzir a ocorrência de erros de medição.
O objetivo (b) dedicavase ao ensaio da bomba, o que foi atingido e apresentado na
seção de Resultados. Já o objetivo (c) consistia em realizar o modelamento matemático para a
construção das curvas características. O objetivo foi alcançado ao longo de todo trabalho, ao
definir o equacionamento necessário para transformar os dados experimentais medidos em
curvas características.
Por fim, o objetivo (d) buscava comparar as curvas características avaliando duas
operações distintas, em escoamento monofásico e bifásico. Este foi alcançado com a seção
comparativa dos resultados, onde observouse uma redução relevante ao adicionar ar no
escoamento, tanto na vazão como no rendimento da bomba.
59
Ao enfrentar as limitações de pesquisa é usual pensar em soluções ou, ao menos, ideias
para os próximos pesquisadores. Com isto em mente, sugeremse os seguintes trabalhos futuros:
• Desenvolver uma bancada de testes para bombas de baixa vazão.
• Realizar um estudo de incerteza de medição para aumentar a confiabilidade do
experimento.
• Testar novos conjuntos de bombas atuando em paralelo.
60
Referências
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61
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SARMENTO, E. V. LEVANTAMENTO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DE
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SOUZA, W. A. D. Tratamento de água. Natal: CEFETRN Editora, 2007.
62
ANEXO A – FOLHA DE DADOS MOTOBOMBA MB8
Figura 21 – Motobomba MB8
Fonte: Adaptado de Gratt®.
63
ANEXO B – FOLHA DE DADOS MEDIDOR DE VAZÃO
Figura 22 – Medidor de vazão Endress+Hauser®
Fonte: Adaptado de Endress+Hauser® (2021)
64
ANEXO C – FOLHA DE DADOS ROTÂMETRO
Figura 23 – Folha de dados do rotâmetro
Fonte: Adaptado de Omega® (2021)