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Ministério da Educação 

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica  

Instituto Federal Catarinense 

Campus Luzerna 

LETÍCIA BARETTA SAVARIS 

LEVANTAMENTO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DA BOMBA 
CENTRÍFUGA DE MÚLTIPLOS ESTÁGIOS MB8 OPERANDO EM ESCOAMENTO 
BIFÁSICO. 

LUZERNA 

2021   
 
 

LETÍCIA BARETTA SAVARIS 

LEVANTAMENTO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DA BOMBA 
CENTRÍFUGA DE MÚLTIPLOS ESTÁGIOS MB8 OPERANDO EM ESCOAMENTO 
BIFÁSICO. 

Trabalho  de  Conclusão  de  Curso apresentado  ao  Curso 


de  Engenharia  Mecânica  do  Instituto  Federal  de 
Educação, Ciência e Tecnologia  Catarinense  –  Campus 
Luzerna, como requisito parcial para obtenção do título 
de Bacharel em Engenharia Mecânica. 

Orientador: Prof. Msc. Eduardo Augusto Flesch 

LUZERNA 

2021   
 
 

LETÍCIA BARETTA SAVARIS 

 
 

LEVANTAMENTO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DA BOMBA 
CENTRÍFUGA DE MÚLTIPLOS ESTÁGIOS MB8 OPERANDO EM ESCOAMENTO 
BIFÁSICO. 

Este  Trabalho  de  Conclusão  de  Curso  foi  julgado 


adequado  para  a  obtenção  do  título  de  Bacharel  em 
Engenharia mecânica e aprovado em sua forma final pelo 
Curso  de  Engenharia  Mecânica  do  Instituto  Federal  de 
Educação,  Ciência  e Tecnologia  Catarinense  –  Campus 
Luzerna. 

 
Luzerna (SC), 03, janeiro de 2022 
 

___________________________________________ 

Prof. Orientador Msc. Eduardo Augusto Flesch 
IFC – Campus Luzerna 
 
BANCA EXAMINADORA 
 

___________________________________________ 

Prof. Msc. Tiago Junior de Bortoli 
IFC – Campus Luzerna 
 

___________________________________________ 

Prof. Msc. Giovani Pasetti 
IFC – Campus Luzerna 
 
   
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E 
FOLHA DE ASSINATURAS
CONTRATOS

Emitido em 03/01/2022

LISTA_ASSINATURAS Nº 1/2022 ­ CCEMEC/LUZ (11.01.11.01.03.07) 

(Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO)

(Assinado digitalmente em 03/01/2022 17:52 )  (Assinado digitalmente em 04/01/2022 19:06 ) 
EDUARDO AUGUSTO FLESCH GIOVANI PASETTI
PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO
CCEMEC/LUZ (11.01.11.01.03.07) CCECA/LUZ (11.01.11.01.03.06)
Matrícula: 2258292 Matrícula: 2275614

(Assinado digitalmente em 03/01/2022 18:34 ) 
TIAGO JUNIOR DE BORTOLI
PROF ENS BAS TEC TECNOLOGICO­SUBSTITUTO
CGE/LUZ (11.01.11.02)
Matrícula: 3208479

Para verificar a autenticidade deste documento entre em https://sig.ifc.edu.br/documentos/ informando seu número: 1
, ano: 2022, tipo: LISTA_ASSINATURAS, data de emissão: 03/01/2022 e o código de verificação: d6fd1abbd2
 
 

RESUMO 

Os flotadores por ar dissolvido são equipamentos presentes em estações de tratamento de água. 
O objetivo do flotador é separar o lodo flotado do clarificado, fazendo a retirada de grande parte 
dos  sólidos  contaminantes.  Para  realizar  a  flotação,  o  equipamento  utiliza  suporte  químico, 
dosando coagulantes e floculantes na linha de efluente. Estes químicos são responsáveis por 
formar os flocos de sólido. Entretanto, os flocos são mais densos que a água, promovendo a 
decantação do lodo formado. Para realizar a flotação, é adicionado microbolhas de ar no tanque 
do  flotador,  combinando­as  com  os  particulados  formados  e  promovendo  a  flutuação  dos 
mesmos.  Com  o  lodo  flotado,  basta  utilizar  um  sistema  de  pás  e  calhas  de  transbordo  para 
realizar a separação. Para adicionar as bolhas de ar ao flotador, utiliza­se um fluxo de água com 
ar  que,  ao  expandir  no  tanque,  sofre  cavitação  liberando  bolhas  em  escala  micrométrica.  O 
transporte do fluxo saturado é realizado por meio de bombas centrífugas, operando em fluxo 
bifásico. As bombas são selecionadas por meios de suas curvas características, apresentando a 
vazão, a eficiência e o Net Positive Suction Head required (NPSHr – Carga líquida positiva de 
sucção) que são fundamentais para a operação pretendida. As curvas são medidas com fluxo 
monofásico, sem a adição de ar. Deste modo, o presente trabalho se justifica na necessidade de 
levantar  as  curvas  características  com  um  fluxo  bifásico  da  Motobomba  MB­8  utilizada  em 
flotadores.  Para  realizar  a  medição,  utilizou­se  a  bancada  de  testes  fornecida  pela  empresa 
Gratt®, realizando dois experimentos, o primeiro sem ar e o segundo com adição de 0,3 Nm³/h 
de ar no fluxo. Como principais resultados apresentam­se as curvas de altura manométrica por 
vazão, rendimento por vazão, potência por vazão e a medida de NPSHr. Observou­se que ao 
adicionar ar na linha, todas as variáveis de medição reduziram em relação ao fluxo sem ar. 

Palavras­chave: Fluxo bifásico, NPSHr, curvas características. 
   
 
 

ABSTRACT 

Dissolved air flotators are equipment present in water treatment plants. The flotator's objective 
is  to  separate  the  flotation  sludge  from  the  clarified  sludge,  removing  a  large  part  of  the 
contaminant  solids.  To  perform  the  flotation,  the  equipment  uses  chemical  support,  dosing 
coagulants and flocculants in the effluent line. These chemicals are responsible for forming the 
solid  flocs.  However,  the flakes  are  denser  than  the  water,  promoting  the  decantation  of  the 
sludge  formed.  To  perform  the  flotation,  micro  air  bubbles  are  added  to  the  flotation  tank, 
combining  them  with  the  particles  formed  and  promoting  their  flotation.  With  the  floated 
sludge, a system of paddles and overflow chutes is used to perform the separation. To add the 
air bubbles to the floatator, a flow of water with air is used, which, when expanding in the tank, 
undergoes cavitation releasing bubbles on a micrometer scale. The saturated flow is transported 
by means of centrifugal pumps, operating in two­phase flow. The pumps are selected by means 
of their characteristic curves, showing the flow rate, efficiency, and Net Positive Suction Head 
required (NPSHr), which are fundamental for the intended operation. The curves are measured 
with single­phase flow, without the addition of air. Thus, the present work is justified by the 
need to get the characteristic curves with a two­phase flow of the MB­8 Motor Pump used in 
flotators. To perform the measurement, the test bench provided by Gratt® was used, performing 
two experiments, the first without air and the second with the addition of 0.3 Nm³/h of air in 
the flow. As main results, the curves of manometric height per flow rate, yield per flow rate, 
power  per  flow  rate  and  the  measurement  of  NPSHr  are  presented.  It  was  observed  that  by 
adding air in the line, all measurement variables reduced in relation to the flow without air. 

Keywords: Two­phase flow, NPSHr, characteristic curves. 

   
 
 

LISTA DE SÍMBOLOS 

𝑚
•  𝑐1 [ 𝑠 ] – Velocidade de entrada do fluxo. 
𝑚
•  𝑐2 [ 𝑠 ] ­ Velocidade de saída do fluxo. 

•  CV – Cavalo. 
𝑚
•  𝑔 [𝑠 2] – Aceleração da gravidade.  

•  ℎ𝑒 [𝑚] ­ Carga de trabalho do eixo. 
•  ℎ𝑙 [𝑚] ­ Perda de carga na bomba. 
•  ℎ𝑟 [𝑚] ­ Aumento líquido de carga no fluido. 
•  𝐼 [𝐴] ­ Corrente consumida. 
•  𝑘 é o coeficiente de redução da seção de entrada do rotor. 
•  K é o coeficiente adimensional. 
•  𝑘𝑊 – Quilowatts. 
•  𝑚 – Metros. 
•  𝑁 – Newton. 
•  𝑛 [𝑟𝑝𝑚] é a rotação da bomba. 
•  𝑝1 [𝑃𝑎] ­ Pressão antes do bocal de sucção. 
•  𝑝2 [𝑃𝑎] ­ Pressão após o bocal de recalque. 
•  𝑃𝑎 – Pascal. 
•  𝑃𝑓  – Potência transferida ao fluido. 
𝑚3
•  𝑄 [ ℎ ] ­ Vazão. 

•  𝑟𝑝𝑚 – Rotação por minuto. 
•  𝑉 [𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠] ­ Tensão consumida pelo motor. 
•  𝑊𝑒𝑖𝑥𝑜  – Trabalho do eixo. 
•  𝑍1 [𝑚] ­ Altura entre a linha de centro e o manômetro de sucção. 
•  𝑍2 [𝑚] ­ Altura entre a linha de centro e o manômetro de recalque. 
𝑁
•  𝛾 [𝑚3 ] ­ Peso específico do fluído. 

•  Δ𝑝 [𝑃𝑎] – Diferença de pressão. 
•  cos 𝜑 ­ Fator de potência do motor. 
•  𝜂 – Rendimento. 
•  𝜂𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜  ­ Eficiência do motor elétrico 
•  𝜎 [𝑃𝑎] – Tensão. 
•  𝜇𝑚 – Micrometros. 
 
 

LISTA DE ABREVIATURAS 
•  ETA – Estação de Tratamento de Água; 
•  FAD – Flotação por Ar Dissolvido; 
•  NPSH – Net Position Suction Head  
•  NPSHd – NPSH disponível 
•  NPSHr – NPSH requerido 
   
 
 

LISTA DE FIGURAS 

Figura 1 ­ Esquema representativo do sistema de flotação .................................................... 17

Figura 2 ­ Curvas características........................................................................................... 18

Figura 3 ­ Ciclo hidrológico ................................................................................................. 20

Figura 4 ­ Sistema de clarificação e filtração ........................................................................ 23

Figura 5 ­ Esquema representativo de um sistema FAD ........................................................ 24

Figura 6 – Rotor cavitado. .................................................................................................... 25

Figura 7 – Exemplo da formação de bolhas de vapor de água. .............................................. 26

Figura 8 – Representação de uma bomba engrenagem .......................................................... 27

Figura 9 – Representação da bomba de palhetas ................................................................... 28

Figura 10 – Representação da bomba pistão ......................................................................... 29

Figura 11 – Representação da bomba diafragma ................................................................... 30

Figura 12 – Funcionamento da bomba peristáltica ................................................................ 30

Figura 13 – Vista da bomba helicoidal em corte ................................................................... 31

Figura 14 ­ Representação do funcionamento da bomba centrifuga ...................................... 33

Figura 15 ­ Diâmetros de sucção .......................................................................................... 37

Figura 16 ­ Representação da curva característica principal (HxQ) ....................................... 38

Figura 17 ­ Representação das diferentes apresentações de curvas características ................. 39

Figura 18 – Principais características da motobomba MB­8 ................................................. 44

Figura 19 – Instalação da motobomba na bancada de testes .................................................. 46

Figura 20 – Bancada de testes para motobombas. ................................................................. 46
 
 

Figura 21 – Motobomba MB8 .............................................................................................. 62

Figura 22 – Medidor de vazão Endress+Hauser® ................................................................. 63

Figura 23 – Folha de dados do rotâmetro .............................................................................. 64

 
   
 
 

LISTA DE TABELAS 

Tabela 1 ­ Coeficiente K ...................................................................................................... 36

Tabela 2 – Simbologia do P&ID .......................................................................................... 41

Tabela 3 – Dados do motor .................................................................................................. 45

Tabela 4 – Dados construtivos.............................................................................................. 47

Tabela 5 – Resultados experimentais sem ar ......................................................................... 47

Tabela 6 – Resultados teóricos sem ar .................................................................................. 48

Tabela 7 – Resultados experimentais com ar ........................................................................ 50

Tabela 8 – Resultados teóricos com ar.................................................................................. 51

Tabela 9 – Parâmetros da motobomba .................................................................................. 55

Tabela 10 – Resultados fluxo monofásico ............................................................................ 56

Tabela 11 – Resultados para o escoamento bifásico. ............................................................. 57

 
   
 
 

TABELA DE GRÁFICOS 

Gráfico 1 – Seleção da categoria da bomba para líquidos ..................................................... 32

Gráfico 2 – Altura manométrica versus vazão (Sem ar) ........................................................ 49

Gráfico 3 – Rendimento versus vazão (Sem ar) .................................................................... 49

Gráfico 4 – Potência versus vazão (Sem ar).......................................................................... 50

Gráfico 5 – Altura manométrica versus vazão (Com ar) ....................................................... 52

Gráfico 6 – Rendimento versus vazão (Com ar) ................................................................... 52

Gráfico 7 – Potência versus vazão (Com ar) ......................................................................... 53

Gráfico 8 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de altura manométrica versus 
vazão ................................................................................................................................... 53

Gráfico 9 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de rendimento versus vazão
 ............................................................................................................................................ 54

Gráfico 10 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de potência versus vazão
 ............................................................................................................................................ 55

Gráfico 11 – NPSHr versus vazão do escoamento monofásico ............................................. 56

Gráfico 12 – NPSHr versus vazão do escoamento bifásico ................................................... 57

 
   
 
 

LISTA DE FLUXOGRAMAS 

Fluxograma 1 – Diagrama representativo da bancada de testes ............................................. 41

   
 
 

SUMÁRIO 

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15

1.1. OBJETIVOS .........................................................................................................................15


1.1.1. Objetivo geral................................................................................................ 15
1.1.2. Objetivos específicos ..................................................................................... 15

2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 17

2.1. SISTEMA DE FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO (FAD)............................................................17


2.2. CURVAS CARACTERÍSTICAS DE MOTOBOMBAS ..................................................................18
2.3. PROPOSTA .........................................................................................................................18

3. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 20

3.1. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA ................................................................................20


3.1.1. Contexto histórico das ETAs ........................................................................ 21
3.1.2. Sistemas utilizados no tratamento ................................................................ 21
3.1.3. Sistema de flotação por ar dissolvido ........................................................... 23
3.2. SISTEMA DE BOMBEAMENTO ............................................................................................25
3.2.1. Fenômeno da cavitação ................................................................................. 25
3.2.2. Principais motobombas ................................................................................ 27
3.2.3. Motobomba centrífuga ................................................................................. 32
3.2.4. Equações utilizadas em um sistema de bombeamento ................................ 33
3.3. CURVAS CARACTERÍSTICAS ................................................................................................37

4. METODOLOGIA ......................................................................................... 40

4.1. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................................40


4.2. METODOLOGIA DE ENSAIO ................................................................................................40
4.3. CUIDADOS DE MEDIÇÃO ....................................................................................................42
4.3.1. Instalação do medidor de vazão ................................................................... 42
4.3.2. Medidores de pressão e vácuo ...................................................................... 42
4.3.3. Controle de injeção de ar .............................................................................. 43

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 44

5.1. EXPERIMENTO REALIZADO.................................................................................................44


5.2. RESULTADOS .....................................................................................................................47
5.2.1. Experimento sem ar ...................................................................................... 47
5.2.2. Experimento com ar ..................................................................................... 50
 
 

5.2.3. Comparação entre os dois experimentos...................................................... 53
5.2.4. Curvas NPSHr .............................................................................................. 55

6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 58

Referências   ....................................................................................................................... 60

 
15 
 

1.  INTRODUÇÃO 

As Estações de Tratamento de Água (ETAs) surgiram no Brasil no fim do século XIX. 
As  ETAs  surgem  como  solução  para  o  crescente  problema  de  contaminação  das  águas, 
principalmente  em  aplicações  industriais  ou  em  áreas  de  grande  densidade  populacional 
(RICHTER e NETTO, 1991). 

Existem várias tecnologias para realizar o tratamento de água e efluentes, destacando­
se o sistema de flotação por ar dissolvido para a separação de sólido­líquido. França, Andrade 
e Luz (2004) apresentam que neste processo, adicionam­se bolhas de ar no efluente, fazendo 
com que as partículas sólidas se mesclem à essas bolhas formando uma espuma. 

Para  realizar  a  pressurização  do  efluente  em  uma  ETA  se  utilizam  sistemas  de 
bombeamentos. Para cada finalidade é necessário identificar as motobombas mais eficientes e 
eficazes, de modo a vencer a perda de carga da linha e realizar a função especificada. No caso 
do  sistema  de  flotação,  a  motobomba  ainda  possui  a  função  de  criar  as  microbolhas 
supracitadas, como apresentado por Sarmento (2014a). 

Para  garantir  o  bom  funcionamento  do  sistema  de  flotação  é  necessário  escolher  a 
motobomba  correta,  evitando  maus  funcionamentos  ou  até  baixas  eficiências.  O  principal 
parâmetro de escolha de uma motobomba são suas curvas características. Essas curvas são de 
responsabilidade  do  fabricante,  o  qual  realiza  uma  série  de  testes  para  extrair  os  dados 
necessários (SARMENTO, 2014a). A medição das curvas características é realizada por meio 
de ensaios reais prescritos pela norma NBR 6400 (1989). 

1.1.  OBJETIVOS 

1.1.1.  Objetivo geral 

O presente trabalho tem como objetivo primário realizar o ensaio da bomba centrífuga 
de  múltiplos  estágios  MB8  em  escoamento  bifásico  de  modo  a  levantar  as  suas  curvas 
características, avaliando a eficácia da bomba em um sistema de flotação por ar dissolvido. 

1.1.2.  Objetivos específicos 

Para atingir o objetivo geral, foram elencados alguns objetivos específicos: 
16 
 

a)  Expor  os  principais  fatores  de  erro  de  medição,  de  modo  a  prevenir  ensaios  com 
medições não realistas. 
b)  Realizar o ensaio da bomba MB8, operando em dois regimes, apenas com água ou 
com água­ar. 
c)  Realizar o modelamento matemático para transformar os dados obtidos pelo ensaio 
em curvas características. 
d)  Comparar as curvas características obtidas da bomba em operação monofásica com 
as obtidas em operação bifásica. 

   
17 
 

2.  JUSTIFICATIVA 

2.1.  SISTEMA DE FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO (FAD) 

O sistema de flotação é um dos processos mais eficientes para a separação de sólidos e 
líquidos  em  ETAs.  Deste  modo,  os  sólidos  contaminantes  dispersos  no  efluente  podem  ser 
retirados da linha de água e descartados corretamente (FRANÇA, ANDRADE e LUZ, 2004). 

Para  realizar  a  separação,  aplicam­se  microbolhas  de  ar  no  efluente,  com  diâmetros 
médios  de  70  𝜇m.  Estas  bolhas  atraem  os  flocos  de  sólidos,  mesclando­se  em  uma  espuma 
flutuante  na  camada  superior  do  efluente.  Esta  espuma  pode  ser retirada  com  auxílio  de  pás 
mecânicas, realizando a separação total das partículas sólidas. França, Andrade e Luz (2004) 
ressaltam  que  no  processo  de  flotação  retiram­se  as  partículas  pequenas  e  leves,  que  não 
sedimentam com facilidade. Um esquema genérico de flotação é apresentado na Figura 1. 

Figura 1 ­ Esquema representativo do sistema de flotação 

Fonte: Adaptado de Rubim (2013). 

A eficácia do sistema de flotação depende diretamente da pressão da linha de efluente, 
sendo  necessário  escolher  a  motobomba  correta,  de  modo  a  garantir  as  condições  ideias  de 
pressão para a água e saturação de microbolhas (SARMENTO, 2014a). 

 
18 
 

2.2.  CURVAS CARACTERÍSTICAS DE MOTOBOMBAS 

A seleção da motobomba ideal depende de inúmeros fatores, como a pressão necessária, 
a perda de carga a ser vencida, a vazão pretendida, etc.... Para auxiliar na escolha oferecem­se 
as curvas características de cada bomba. Essas curvas são obtidas por meio de experimentos em 
diversas  situações,  as  quais  simulam  o  funcionamento  real  à  qual  será  submetida 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1989). 

Neste ponto, identifica­se a necessidade de compreender como as curvas são obtidas e 
quais  as  influências  reais  de  cada  operação.  Sarmento  (2014)  aponta  que  a  adição  de  ar  no 
sistema de bombeamento reduz o rendimento do sistema de bombeamento e a quantidade de ar 
é diretamente proporcional ao aumento de perda de carga, como apresentado na Figura 2. 

Figura 2 ­ Curvas características 

 
Fonte: Adaptado de Sarmento (2014) 

2.3.  PROPOSTA 

Garantir  a  eficiência  e  a  eficácia  de  qualquer  sistema  mecânico  é  essencial  para  o 


desenvolvimento de produtos. Sendo assim, observa­se a necessidade de identificar as curvas 
reais do sistema de bombeamento bifásico utilizado em sistemas de flotação. 

Aliado à necessidade supracitada, identifica­se a relevância ambiental de garantir o bom 
funcionamento das ETAs, principalmente em um país tão rico em recurso hidráulico como é o 
caso do Brasil. 
19 
 

Motivados  pelos  fatos  expostos,  a  proposta  do  presente  trabalho  é  realizar  um 
levantamento  real  das  curvas  características  de  uma  bomba  centrífuga  de  múltiplos  estágios 
MB8  quando  operada  em  escoamento  bifásico.  Com  isso,  possibilitando  a  identificação  da 
metodologia  de  medição  e  garantindo  a  utilização  de  equipamentos  corretamente 
dimensionados em sistemas de flotação por ar dissolvido. 

   
20 
 

3.  REFERENCIAL TEÓRICO 

Neste  capítulo  serão  abordados  os  fundamentos  teóricos  essenciais  para  o 


desenvolvimento do trabalho. Para informações mais específicas de cada tópico, recomenda­se 
a leitura das seguintes referências: Richter (1991), França (2004) e Sarmento (2014a). 

3.1.  ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA 

A água é essencial para a manutenção dos mais diversos sistemas biológicos, incluindo 
a sobrevivência humana. Em percentual, a água corresponde a 70,8% da superfície do planeta, 
sendo que desta apenas 2,6% é representado por rios, lagos e fontes subterrâneas. Entretanto, o 
percentual  para  consumo  decresce  ainda  mais,  sendo  que  parte  da  água  está  congelada  nas 
geleiras e outra parte encontra­se altamente poluída, restando cerca de 0,3% de água potável 
(SOUZA, 2007). 

A manutenção dos níveis de água no planeta se dá pelo ciclo hidrológico, que consiste 
na precipitação da chuva e da evapotranspiração da água no meio, segundo Souza (2007). Isto 
pode ser observado na Figura 3. 

Figura 3 ­ Ciclo hidrológico 

 
Fonte: Adaptado de U.S. Department of the Interior (2006) 

Pelo  fato  de  a  quantidade d’água consumível ser relativamente baixa e o consumo
aumentar  gradativamente  com  a  expansão  da  comunidade  humana  –  incluindo  a  expansão 
21 
 

industrial – fica evidente a necessidade de reutilizar a água. Para que a água seja reutilizada, 
precisa­se  garantir  a  potabilidade  dos  recursos  hídricos,  por  meio  do  tratamento  da  água 
(RICHTER e NETTO, 1991). 

Com isso, surgem as estações de tratamento de água, que são instalações com diversos 
equipamentos  que  garantem  a  limpeza  e  purificação  da  água  contaminada.  De  acordo  com 
Souza  (2007),  como  existem  diversas  utilizações  para  água  e  diversos  contaminantes,  cada 
estação  deve  ser  projetada  individualmente,  considerando  as  particularidades  de  cada  corpo 
d’água. 

3.1.1.  Contexto histórico das ETAs 

O tratamento de água é uma tecnologia que se tornou possível apenas com a descoberta 
de  alguns  produtos  químicos  essenciais,  como  o  cloro  (1774)  e  a  ozônio  (1785).  Porém  foi 
apenas no início do século XIX que surgiu o primeiro filtro lento, construído por John Gibb na 
Escócia. Em 1865 M. C. Jeunnet publicou seu estudo, revelando a ação clarificante do sulfato 
de alumínio, substância que é utilizada em estações atuais (NETTO, 1978). 

No  Brasil,  segundo  Netto  (1978)  a  primeira  instalação  pública  de  filtros  de  pressão 
ocorreu em 1880 em Campos ­RJ. Neste mesmo ano inventou­se o decantador Dortmund que 
também é utilizado até o presente. 

Já  em  1883  se  registrou  a  patente  de  sistemas  de  lavagem  de  filtros  utilizando 
escoamentos bifásicos (água­ar), na Inglaterra pela companhia Pulsometer. No início do século 
XX  se  iniciou  oficialmente  a  cloração  da  água  pelo  Sir.  Alexander  Houston  em  Londres, 
considerado o pai da cloração. O Processo de cloração só foi introduzido no Brasil em 1925, 
nas estações de São Paulo, como apresentado por Netto (1978). 

Atualmente  existem  milhares  de  estações  de  tratamento  brasileiras,  algumas  entre  as 
maiores  do  mundo.  No  último  século  observam­se  vários  avanços,  especialmente  no 
melhoramento  de  equipamentos  utilizados  nas  estações,  inclusive  as  bombas  de  escoamento 
bifásico (RICHTER e NETTO, 1991). 

3.1.2.  Sistemas utilizados no tratamento 
22 
 

Existem inúmeros processos quimo­mecânicos que podem ser utilizados para realizar o 
tratamento  de  água.  Cada  conjunto  de  processos  é  utilizado  de  acordo  com  o  nível  de 
contaminação da água e o destino do fluxo tratado. 

a)  Aeração 

A  aeração  consiste  em  adicionar  ar  ao  reservatório  de  água  de  modo  a  transferir 
substâncias voláteis da água para o ar. As principais finalidades nesse processo são a remoção 
de  gases  em  excesso  (Gás  sulfídrico  H2 S  e  gás  carbônico  CO2 ),  a  remoção  de  substâncias 
aromáticas voláteis (Metano CH4  e cloro Cl2 ) e a introdução de gases na água (oxigênio O2  e 
nitrogênio dissolvido) (SOUZA, 2007). 

b)  Desinfecção 

A  desinfecção  é  utilizada  para  eliminar  os  micro­organismos  patogênicos,  seja  para 


consumo  humano  ou  para  aplicações  industriais.  Para  realizar  a  desinfecção  são  utilizados, 
principalmente,  os  seguintes  agentes:  Calor,  irradiação,  luz  ultravioleta,  Ozônio  O3 , 
permanganato de potássio KMnO4  e compostos de cloro (SOUZA, 2007).  

É  neste  processo  que  se  utilizam  as  bombas  dosadoras,  de  modo  a  controlar  a 
concentração de produtos químicos aplicados na desinfecção da água  (RICHTER e NETTO, 
1991). 

c)  Clarificação 

Neste processo busca­se diminuir a turbidez da água e corrigir sua coloração. O processo 
de clarificação é subdividido em (i) mistura; (ii) coagulação; (iii) floculação; (iv) decantação 
(SOUZA, 2007). 

i.Mistura:  Consiste  na  mistura  da  água  com  os  produtos  químicos  e  coagulantes  aplicados  no 
fluxo, utilizando a energia hidráulica ou mecânica para tal. 

ii.Coagulação: É o processo em que o  agente coagulante, já misturado, age na água formando 
coágulos de partículas por meio do equilíbrio eletroestático.  

iii.Floculação: É o processo onde os coágulos do processo anterior se unem formando os flocos, 
que podem ser removidos por diversos processos, como a decantação, flutuação ou filtragem. 
23 
 

iv.Decantação: A decantação consiste na formação de depósito de fundo das partículas em função 
do seu peso. 

d)  Filtração 

Ao final deste processo, algumas partículas ainda não foram removidas da água, sendo 
necessário passar por um último processo de filtragem (SOUZA, 2007). Na Figura 4 observa­
se um esquema de clarificação e filtração. 

Figura 4 ­ Sistema de clarificação e filtração 

Fonte: Adaptado de Souza (2017) 

Vale  ressaltar  que  a  quantidade  de  processos,  e  a  ordem  dos  mesmos,  deverá  ser 
planejada previamente, levando em consideração as condições hídricas e potáveis da água a ser 
tratada.  

3.1.3.  Sistema de flotação por ar dissolvido 

Dentre  os  processos  supracitados,  o  presente  trabalho  tem  especial  interesse  pela 
flotação. Este interesse é motivado pelo sistema de bombeamento utilizado para fornecer um 
fluxo bifásico de água­ar em um processo conhecido como flotação por ar dissolvido (FAD). 
24 
 

A  flotação,  como  exposto  na  seção  anterior,  é  responsável  pela  separação  de  sólido­
liquido por meio da formação de flocos coagulados. A utilização de ar dissolvido para facilitar 
o processo de flotação ganhou força na década de 90, sendo considerado um dos processos mais 
eficientes para realizar esta separação (FRANÇA, ANDRADE e LUZ, 2004). 

No sistema de flotação, as microbolhas de ar se aderem às partículas fazendo com que 
sua densidade diminua e flutuem (flotam). Um método para criar as microbolhas é utilizando 
um tanque de saturação. O fluxo de água passa pelo tanque misturando­se à água saturada com 
ar. Ao aplicar o fluxo de água saturada, provoca­se uma súbita queda de pressão, causando a 
cavitação  e  liberando  inúmeras  bolhas  de  ar  provenientes  da  própria  saturação  (RICHTER, 
2009). 

A eficiência do FAD depende da concentração e tamanho das microbolhas no sistema. 
Para  criar  o  efeito  de  cavitação  é  necessário  reduzir  bruscamente  a  pressão.  Isso  ocorre  ao 
diminuir  o  diâmetro  da  tubulação  do  fluxo  (RICHTER,  2009).  Para  calcular  o  diâmetro  de 
núcleo necessário, utiliza­se a Equação I. 

  𝜎 (I.) 
𝑑𝑛𝑝 = 4 ⋅ , 
Δp

Onde: 

•  𝜎 representa a tensão superficial. 
•  Δ𝑝  a diferença de pressão (RICHTER, 2009).  

Figura 5 ­ Esquema representativo de um sistema FAD 

Fonte Adaptado de Sarmento (2014b) 

 
25 
 

Um esquema representativo do FAD é apresentado na Figura 5. 

Observa­se a necessidade de uma bomba capaz de pressurizar um escoamento bifásico, 
uma vez que o FAD garante sua eficácia por meio da saturação do fluxo (SARMENTO, 2014b). 

3.2.  SISTEMA DE BOMBEAMENTO 

As bombas hidráulicas são máquinas com capacidade de mover  líquidos por meio de 
tubulações pressurizadas. Os sistemas compostos por bombas convertem a energia mecânica 
em  pressão  e  energia  cinética.  Deste  modo,  uma  instalação  elevatória  é  definida  como  o 
conjunto  formado  pelas  tubulações,  bombas,  motores  e  respectivas  instalações  elétricas 
(GOMES e CARVALHO, 2012). 

Para  definir  um  sistema  de  bombeamento,  o  projetista  deve  considerar  a  energia 
necessária  para  elevar  um  fluxo  de  um  ponto  até o  seu  destino.  Além  disso,  de  acordo  com 
Sarmento (2014b), para utilizações como a formação de microbolhas, é necessário garantir que 
o fluxo contenha a pressão e velocidade correta ao fim da tubulação. 

3.2.1.  Fenômeno da cavitação 

Segundo  Henn  (2006),  bombas  em  funcionamento  irregular  apresentam  pequenas 


crateras nas pás do rotor, e em alguns casos extremos, promovendo uma aparência porosa ao 
material. Um exemplo extremo pode ser identificado na Figura 6. 

Figura 6 – Rotor cavitado. 

 
Fonte: Adaptado de Camargo (2018) 

A principal causa para estes danos em máquinas de fluxo é a cavitação. Este fenômeno 
pode  ser  percebido  pelo  ruído  característico  e  por  outros  sintomas,  como  redução  de  vazão, 
redução de potência no eixo e queda no rendimento (HENN, 2006). 
26 
 

A  cavitação  ocorre  com  a  formação  de  bolhas  em  um  líquido  em  movimento, 
comumente preenchidas com vapor do líquido. A formação das bolhas de vapor é dada pelas 
diferenças  de  pressão  na  operação  de  uma  máquina  de  fluxo.  A  pressão  atinge,  em  alguns 
pontos, o limite de vaporização da água. A pressão de vaporização é a pressão em que, para 
uma  mesma  condição  de  temperatura,  o  fluido  encontra­se  em  fase  de  vapor.  A  Figura  7 
exemplifica a formação das bolhas de vapor em relação à pressão da água. 

Quando a pressão absoluta é inferior à pressão de vaporização (𝑝𝑣 ), formam­se as bolhas 
de  vapor  microscópicas.  Estas  bolhas  podem  conter  vapor  ou  gases  não  dissolvidos, 
dependendo da composição do líquido transportado. Ao transportar estas bolhas para regiões 
com pressões mais elevadas, as bolhas vão aumentando de tamanho até atravessar o limiar do 
ponto  de  vaporização.  Após  este  ponto,  o  vapor  interno  da  bolha  é  condensado  quase  que 
instantaneamente, provocando um espaço vazio que é preenchido pela água em um fenômeno 
conhecido como implosão das bolhas (HENN, 2006). 

De  acordo  com  Henn  (2006),  com  a  implosão  das  bolhas  ocorre  o  choque  entre  as 
partículas que ocupam o espaço vazio das bolhas, gerando uma onda de impacto de alta pressão, 
semelhante ao golpe de aríete. Esses picos de pressão se propagam pelo líquido em todas as 
direções com velocidades próximas da velocidade do som na água, com a intensidade reduzindo 
gradativamente. 

Figura 7 – Exemplo da formação de bolhas de vapor de água. 

 
Fonte: Adaptado de Henn (2006) 

Com  a  redução  gradativa  da  intensidade,  a  energia  se  dissipa  sem  danos  em  um 
reservatório grande o suficiente. Entretanto, as superfícies que se encontram próximas à zona 
de  colapso  das  bolhas  sofre  com  golpes  repetidos  e  concentrados,  causando  as  erosões 
características. 
27 
 

3.2.2.  Principais motobombas 

O transporte de fluidos é realizado desde os primórdios da humanidade, com conchas 
ou  baldes  primitivos.  Com  o  desenvolvimento  das  ferramentas  e  da  sociedade  primitiva, 
desenvolveram­se também as primeiras máquinas de fluxo, as rodas de conchas e as bombas 
parafusos. Mais tarde, os romanos introduziram a roda de pás para captar energia hidráulica e 
os moinhos de vento (BRASIL, 2006).  

Hoje, alguns milênios depois, a humanidade detém grande controle sobre a natureza, 
transportando,  comprimindo,  transformando  e  utilizando  diferentes  fluidos  em  diferentes 
aplicações.  Dentre  as  diversas  máquinas  de  fluxo,  destacam­se  as  motobombas,  as  quais 
possuem várias categorias construtivas. 

a)  Bombas de engrenagem 

De  acordo  com  Brasil  (2006),  as  engrenagens  são  mecanismos  utilizados  para 
transferência de força e movimento em inúmeras aplicações. Em uma bomba desta categoria, 
as engrenagens se movem formando uma câmara virtual para o fluido. Ao realizar o movimento 
de engrenamento, adiciona­se uma energia mecânica ao fluido, empurrando­o para a saída da 
bomba com ganho de pressão.  A Figura 8 apresenta um exemplo do funcionamento de uma 
bomba de engrenagens. 

Figura 8 – Representação de uma bomba engrenagem 

 
Fonte: Adaptado de Brasil (2010) 

 
28 
 

Observa­se que o fluido, comumente óleo, é succionado devido ao vácuo formado pelas 
engrenagens. Os dentes criam câmaras virtuais com a carcaça, enclausurando um volume de 
fluido e forçando­o para a abertura de saída (BRASIL, 2010). As principais vantagens desta 
bomba são: 

•  Projeto simples, com grande eficiência. 
•  Compacta e leve comparada à outras bombas de mesma capacidade. 
•  Eficiente à alta pressão. 
•  Resistente à cavitação. 
•  Alta tolerância à contaminação. 
•  Resistente em operações à baixas temperaturas 
•  Compatibilidade com diversos fluidos. 
•  Fluxo contínuo, sem pulsos. 

Um exemplo prático do uso da bomba de engrenagem é a bomba de óleo utilizado em 
veículos. 

b)  Bombas de palheta 

As  bombas  de  palhetas  são  construídas  com  um rotor,  palhetas,  anel  e  uma  placa.  O 
rotor  possui  um  atuador  que  expulsa  as  palhetas,  fazendo­as  contornar  o  anel  e  criar  uma 
camada de vedação positiva, como explicado por Pacífico (2016). 

Figura 9 – Representação da bomba de palhetas 

Fonte: Adaptado de Brasil (2010) 

Devido à descentralização do rotor, forma­se um volume crescente e decrescente dentro 
do  anel.  Utilizam­se  placas  para  formar  orifícios  de  entrada  e  saída,  localizados  no  volume 
crescente e decrescente, respectivamente (PACÍFICO, 2016). O método de funcionamento é 
representado pela Figura 9. 
29 
 

As principais vantagens da bomba de palheta são: 

•  Baixo nível de ruído. 
•  Minimiza as oscilações nas linhas hidráulicas. 
•  Grande tolerância à contaminação do sistema. 
c)  Bombas de pistão 

Estas  bombas  utilizam  pistões  em  tambores  cilíndricos  criando  movimentos  de 
bombeamento  para  pressurizar  o  fluido,  semelhante  a  bombas  manuais  de  ar.  A  Figura  10 
apresenta uma vista explodida dos principais constituintes da bomba de pistão (BRASIL, 2010). 

Figura 10 – Representação da bomba pistão 

Fonte: Adaptado de Smith (2021) 

O sistema possui uma sapata de deslizamento que possibilita o movimento do pistão. 
Em  recuo  máximo,  o  pistão  sai  da  câmara  devido  o  ângulo  da  sapata,  com  isto,  cria­se  um 
volume  crescente  na  câmara.  Após isso, o pistão entra na câmara “empurrando” o fluido,
promovendo um volume decrescente pressurizado (BARBOSA, 2010). 

Entre as principais vantagens da bomba de pistão, destacam­se as seguintes: 

•  Baixo nível de ruído. 
•  Compensação de pressão. 
•  Baixa pressão de alívio. 
d)  Bombas diafragmas e peristálticas 

As  bombas  desta  categoria  são  construídas  com  membranas  ou  diafragmas  elásticos. 
Estas paredes são empurradas realizando a pressurização do fluido. A  Figura 11 representa o 
funcionamento de um diafragma. 
30 
 

Figura 11 – Representação da bomba diafragma 

Fonte: Adaptado de Technopump (2021) 

Já as bombas peristálticas atuam com o esmagamento de um caminho de mangueira, 
semelhante  aos  movimentos  peristálticos  desenvolvidos  pelo  sistema  digestivo  humano 
(BRASIL, 2010).  

Figura 12 – Funcionamento da bomba peristáltica 

Fonte: Adaptado de Arozone (2021) 

A  Figura  12  apresenta  o  princípio  de  funcionamento  de  uma  bomba  peristáltica, 
promovendo o esmagamento com um mecanismo rotacional. 
31 
 

e)  Bombas helicoidais 

As bombas helicoidais são formadas pelo rotor e pelo estator. O rotor é um transportador 
helicoidal e o estator é uma cavidade que forma a câmara de transporte da bomba. A Figura 13 
apresenta o helicoide e as câmaras de transporte (FOXBOMBAS, 2021). 

Figura 13 – Vista da bomba helicoidal em corte 

Fonte: Adaptado de FoxBombas (2021) 

A precisão de encaixe entre o rotor e o estator criam câmaras virtuais de transporte de 
fluido, sem a agitação ou esmagamento do fluido. A grande vantagem das bombas helicoidais 
é  a  característica  autoescorvante  da  bomba,  ou  seja,  sem  a  necessidade  de  atuar  afogada 
(FOXBOMBAS, 2021). 

f)  Escolha da motobomba 

A escolha da motobomba mais viável para uma aplicação depende da vazão e pressão 
necessárias (PACÍFICO, 2016). Usualmente, utiliza­se o Gráfico 1. 
32 
 

Gráfico 1 – Seleção da categoria da bomba para líquidos 

 
Fonte: Adaptado de Brasil (2006) 

As  bombas  centrífugas,  que  serão  melhor  discutidas  na  Seção  3.2.3.  apresenta  uma 
ampla faixa de vazão e pressão de operação, sendo indicadas para a maior parte das operações 
industriais de média e alta vazão (BRASIL, 2006). 

De acordo com Brasil (2006), as maiores pressões são obtidas das bombas alternativas, 
porém  não  conseguem  garantir  altas  vazões.  Já  as  bombas  axiais  conseguem  proporcionar 
grandes vazões à baixas pressões. 

Entretanto,  como  possuem  áreas  de  superposição  de  categorias,  a  seleção  da  bomba 
dependerá das propriedades do fluido a ser transportado, como a viscosidade, temperatura de 
trabalho, tipo do fluido e aplicação da bomba (MACINTYRE, 1997). 

3.2.3.  Motobomba centrífuga 

Dentre os diversos modelos de motobombas, a centrífuga é uma das mais utilizadas em 
sistemas de tratamento e em sistemas de microbolhas. A motobomba centrífuga também é um 
dos sistemas mais simples (MACINTYRE, 1997). 

Estas  bombas,  segundo  Macintyre  (1997),  precisam  operar  com  escorva,  ou  seja,  ao 
iniciar  o  sistema  a  bomba  deve  estar  cheia  com o  fluido  a  ser  bombeado.  Sistemas  que  não 
necessitam iniciar cheios são conhecidos como auto­escorvantes.  
33 
 

Figura 14 ­ Representação do funcionamento da bomba centrifuga 

 
Fonte: Adaptado de Loxam Dregaus (2019) 

A  bomba  centrifuga  possui  um  rotor  que,  ao  girar  suas  pás,  realiza  uma  rotação  no 
fluido, promovendo ganho de energia cinética e direcionando para a periferia da bomba. Pela 
periferia, o fluido se direciona para o difusor e a energia cinética se converte em aumento de 
pressão  (DREGAUS,  LOXAM,  2019).  A  Figura  14  apresenta  uma  representação  do 
funcionamento. 

Além de ser um sistema relativamente simples, a motobomba centrífuga apresenta um 
bom  custo­benefício,  estabilização  da  pressão  de  recalque,  durabilidade  e  alto  rendimento 
(SARMENTO, 2014b). 

3.2.4.  Equações utilizadas em um sistema de bombeamento 

Para  realizar  o  levantamento  das  curvas  características  é  necessário  definir  algumas 


equações.  Nesta  seção  serão  apresentadas  as  principais  equações  utilizadas  em  bombas 
hidráulicas. Para maiores informações, sugere­se consultar Gomes e Carvalho (2012), Munson, 
Young e Okiishi (1997) e Macintyre (1997). 

A Equação II representa o ganho de carga promovido pela bomba. 

  ℎ𝑟 = ℎ𝑒 − ℎ𝑙 ,  (II.) 

Onde: 
34 
 

•  ℎ𝑟 [𝑚] representa o aumento líquido de carga no fluido. 
•  ℎ𝑒 [𝑚] representa a carga de trabalho do eixo. 
•  ℎ𝑙 [𝑚] representa a perda de carga na bomba. 

Reescrevendo a Equação II e explicitando os termos da direita, obtêm­se a Equação III. 

  𝑝2 − 𝑝1 𝑐22 − 𝑐12 (III.) 


ℎ𝑟 = + 𝑍2 − 𝑍1 + . 
𝛾 2𝑔

Onde: 

•  𝑝1 [𝑃𝑎] é a quantidade que representa a pressão antes do bocal de sucção. 
•  𝑝2 [𝑃𝑎] representa a pressão após o bocal de recalque. 
𝑁
•  𝛾 [𝑚3 ] é o peso específico do fluído. 

•  𝑍1 [𝑚]  e  𝑍2 [𝑚]  são  as  alturas  entre  a  linha  de  centro  e  o  manômetro  de  sucção  e 
recalque, respectivamente. 
𝑚 𝑚
•  𝑐1 [ 𝑠 ] e 𝑐2 [ 𝑠 ] são as velocidades de entrada e saída do fluxo, respectivamente. 
𝑚
•  𝑔 [𝑠 2] representa a aceleração da gravidade.  

A Equação é comumente conhecida como Equação de Bernoulli. (MUNSON, YOUNG 
e OKIISHI, 1997). 

Deste  modo,  possibilita­se  o  cálculo  da  potência  transferida  ao  fluido  por  meio  da 
Equação IV. 

  𝑃𝑓 = 𝛾 ⋅ 𝑄 ⋅ ℎ𝑟 ,  (IV.) 

Onde: 

𝑚3
•  𝑄 [ ] é a vazão da bomba.  

Com a potência torna­se possível calcular a eficiência da bomba, utilizando a Equação 
V. 
35 
 

  𝑃𝑓 V. 
𝜂= . 
𝑊𝑒𝑖𝑥𝑜

E o trabalho desenvolvido pelo eixo pela Equação VI. 

  𝑊𝑒𝑖𝑥𝑜 = √3 ⋅ 𝑉𝐼 cos 𝜑 ⋅ 𝜂𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 ,  VI. 

Onde: 

•  𝑉 [𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠] representa a tensão consumida pelo motor. 
•  𝐼 [𝐴] é a corrente consumida. 
•  cos 𝜑 representa o fator de potência do motor. 
•  𝜂𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜  é a eficiência do motor elétrico (SARMENTO, 2014a). 

Outra equação essencial para o levantamento das curvas é o Net Positive Suction Head 
(NPSH).  Segundo  Macintyre  (1997)  o  NPSH  representa  a  máxima  altura  de  aspiração, 
promovendo a quantidade de energia disponível no fluido. 

O NPSH possui forte relação com a possibilidade de cavitação. A cavitação é o processo 
onde a pressão de sucção se torna tão baixo que chega à pressão de evaporação do fluido na 
temperatura  de  trabalho, formando  bolhas  devido  à  mudança  de  fase  do  líquido  para  vapor. 
Essas bolhas são transportadas, pelo movimento do rotor, à zona de alta pressão ocasionando o 
colapso delas. Este colapso libera uma grande quantidade de energia pontual, causando danos 
estruturais ao rotor, redução na eficiência da bomba, vibrações e ruídos, como apontado por 
Sarmento (2014b). 

Para garantir que não ocorra cavitação dentro da bomba, o NPSH disponível (NPSH d) 
deve ser maior que o NPSH requerido (NPSHr). O NPSHd é a energia do fluido ao entrar na 
bomba, considerando as perdas de carga da instalação de sucção. Já o NPSHr é a energia que a 
bomba deverá fornecer para o fluido para o transporte da entrada de sucção até a entrada das 
pás, compensando toda a perda de carga interna. Logo, a condição para não ocorrer a cavitação 
é fornecida pela Inequação VII: 

  𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 > 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 .  (VII.) 


36 
 

No presente trabalho será avaliado apenas o sistema de bombeamento, com isso o foco 
será dado no cálculo do NPSHr, calculado pela Equação VIII. 

  2 (VIII.) 
𝑛 2 𝑄 3
𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 = [( ) ⋅ ] , 
100 𝑘⋅𝐾

Onde: 

•  𝑛 [𝑟𝑝𝑚] é a rotação da bomba. 
𝑚3
•  𝑄 [ ] é a vazão. 
𝑠

•  𝑘 é o coeficiente de redução da seção de entrada do rotor. 
•  K é o coeficiente adimensional, representado pela Tabela 1. 

Tabela 1 ­ Coeficiente K 

K – COEFICIENTE  TIPO DE BOMBA 

2,6  Bombas Radiais 

2,9  Bombas helicoidais 

2,4  Bombas axiais 
Fonte Adaptado de Macintyre (1997) 

Já o coeficiente de redução da seção é calculado pela Equação IX. 

  𝑑𝑚𝑙 2 (IX.) 
𝑘=( ) , 
𝑑𝑒

onde, 𝑑𝑚𝑙  representa o diâmetro menor de entrada no rotor e 𝑑𝑒  representa o diâmetro maior de 


entrada no rotor, como apresentado na Figura 15. 
37 
 

Figura 15 ­ Diâmetros de sucção 

Fonte: Adaptado de Sarmento (2014b) 

3.3.  CURVAS CARACTERÍSTICAS 

Segundo Gomes e Carvalho (2012), uma bomba é caracterizada pela altura manométrica 
e  a  vazão  correspondente.  Ao  organizar  esses  dados  em  forma  de  gráfico  forma­se  a  curva 
característica principal. Além da curva principal, ainda são levantadas as curvas de potência, 
rendimento e NPSHr. 

A curva principal pode se apresentar em quatro formas distintas, 

•  Plana: Pouca variação de altura manométrica com a vazão. Geralmente são bombas com 
rotores largos, com muitas pás e grandes ângulos de saída; 
•  Com muita inclinação: Grande variação da altura com a vazão. 
•  Padrão: São aquelas que possuem comportamento intermediário entre a curva plana e a 
curva com muita inclinação. 
•  Instável: Formada por uma parábola e pode apresentar duas vazões  para uma mesma 
altura  manométrica,  causando  a  instabilidade,  sendo  que  se  recomenda  utilizar  essa 
bomba apenas na região de descida. 

As curvas são exemplificadas na Figura 16. 
38 
 

Figura 16 ­ Representação da curva característica principal (HxQ) 

H  Instável 

Plana 

Padrão 

Com muita inclinação 

 

Fonte: Autor 

O  conjunto  de  curvas  características,  como  explicado  por  Gomes  e  Carvalho  (2012) 
podem ser apresentados em diversas configurações. As mais comuns são apresentadas na Figura 
17. 

•  Curvas características esquemáticas: Apresentação das curvas em função da vazão para 
uma mesma rotação (Figura 17.a). 
•  Curvas de cobertura hidráulica: Utilizado na pré­seleção da bomba, os dados de entrada 
são a vazão e a altura e escolhe­se o modelo mais eficaz (Figura 17.b). 
•  Curvas do fabricante: Apresentam­se várias características construtivas, como rotação, 
diâmetros e etc. (Figura 17.c). 
39 
 

Figura 17 ­ Representação das diferentes apresentações de curvas características

Curvas esquemáticas 
Curvas de cobertura 

Curvas do fabricante 

Fonte: Adaptado de Gomes e Carvalho (2012) 

   
40 
 

4.  METODOLOGIA 

4.1.  METODOLOGIA DA PESQUISA 

A pesquisa é classificada em quatro categorias por Gerhardt e Silveira (2009). Quanto 
à abordagem, à natureza, aos objetivos ou aos procedimentos.  

A presente pesquisa se classifica como quantitativa segundo a abordagem, já que visa 
coletar  dados  experimentais  para  estudar  um  fenômeno  físico.  De  acordo  com  Gerhardt  e 
Silveira (2009), esta pesquisa é aplicada, sendo que o objeto de estudo possui uma aplicação 
prática. Já de acordo com os objetivos, a pesquisa se categoriza como pesquisa exploratória, 
pois desenvolve o conhecimento por meio da fundamentação teórica. 

Gerhardt  e  Silveira  (2009)  também  possibilitam  classificar  a  pesquisa  segundo  os 


procedimentos. Neste caso, a monografia é justificada pela investigação de algo, correlacionado 
com uma problemática observada, classificando­se como pesquisa­ação. Ou seja, a pesquisa se 
classifica como quantitativa, de natureza aplicada, com objetivos exploratórios e procedimento 
de pesquisa­ação. 

4.2.  METODOLOGIA DE ENSAIO 

O ensaio para medição das curvas da bomba é realizado por meio de uma bancada de 
testes. A empresa Gratt® possui uma bancada, representada pelo Fluxograma 01. 
41 
 

Fluxograma 1 – Diagrama representativo da bancada de testes 

 
Fonte: Autor 

As simbologias são identificadas pela Tabela 2. 

Tabela 2 – Simbologia do P&ID 

Simbologia  Descrição 

V1  Válvula Gaveta 1 

V2  Válvula Gaveta 2 

V3  Válvula Globo 3 

BC1  Bomba Centrífuga 1 

R1  Rotâmetro 1 

VIT  Medidor de vácuo (Vacuômetro) 

PIT  Medidor de pressão (Manômetro) 

FIT  Medidor de vazão 
Fonte: Autor 

Os testes são realizados em duas etapas, de modo a avaliar a influência do fluxo com 
adição de ar em comparação ao fluxo sem ar. 
42 
 

O  primeiro  teste  consiste  em  avaliar  a  vazão  obtida  sem  adição  de  ar,  controlando  a 
pressão  de  recalque.  O  segundo  teste  utiliza  os  mesmos  valores  de  pressão,  porém  adiciona 
quantidades de ar controladas. 

Para  representar  o  resultado  obtido,  serão  desenvolvidas  as  curvas  de  (i)  Altura 
manométrica  versus  vazão,  (ii)  Potência  versus  vazão,  (iii)  Rendimento  versus  vazão  e  (iv) 
NPSH requerido versus vazão. 

4.3.  CUIDADOS DE MEDIÇÃO 

Ao realizar um experimento, o ensaio necessita de vários parâmetros para garantir sua 
qualidade e repetibilidade. Além disso, existem alguns cuidados que devem ser tomados para 
realizar medições com maior confiabilidade. 

4.3.1.  Instalação do medidor de vazão 

O medidor de vazão é um dispositivo eletrônico que, ao receber um fluxo, calcula sua 
vazão em relação à velocidade e área transversal, pela Equação X: 

  𝑄 = 𝑐 ⋅ 𝐴𝑡   (X.) 

Entretanto, existem alguns erros comuns que inviabilizam a medição, acumulando erros 
e distorcendo os resultados. Os principais erros são, 

•  Instalação incorreta: Ao passar por curvas, válvulas e elementos de tubulação, o fluxo 
acumula perdas de cargas pontuais, podendo gerar turbulências que dificultam a leitura 
do medidor de vazão. Deste modo, a recomendação do fabricante é posicionar o medidor 
com tubulação reta de cinco vezes o diâmetro na entrada e duas vezes na saída.  
•  Medição não afogada: O cálculo da vazão, geralmente, é realizado em função da área 
transversal  fixa  do  medidor.  Caso  a  tubulação  não  esteja  completamente  cheia 
(afogada), o medidor pode distorcer o resultado. 
•  Medidores  não  exatos:  Tubulações  maiores  tendem  a  apresentar  maior  vazão, 
necessitando de medidores com maior capacidade e menor escala. Entretanto, um erro 
comum é utilizar um medidor de alta vazão para um fluxo de baixa vazão. 

4.3.2.  Medidores de pressão e vácuo 
43 
 

Outro  ponto  importante  a  se  considerar  em  um  ensaio  são  os  vacuômetros  e 
manômetros. O manômetro instalado na linha de recalque é a variável de controle do ensaio, 
sendo necessário possuir escala compatível com a pressão a ser medida.  

Em  alguns  casos,  os  manômetros  e  vacuômetros  possuem  escala  muito  grande, 
inviabilizando a obtenção de resultados variados ou exatos. 

4.3.3.  Controle de injeção de ar 

Em fluxos bifásicos, a sucção da bomba injeta ar no fluxo com auxílio de um rotâmetro 
para medição da vazão de ar na linha. A quantidade de ar injetada influencia na saturação do 
fluxo, provocando uma maior ou menor concentração de microbolhas liberadas na expansão do 
flotador. 

Entretanto, algumas bancadas não possuem rotâmetros exatos ou elementos de controle 
que  possibilitem  a  injeção  correta  de  ar  no  fluxo.  Com  isso,  os  resultados  podem  ser  mal 
interpretados e provocar curvas irreais. 

   
44 
 

5.  RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Esta seção apresentará os resultados coletados com suas respectivas discussões. 

5.1.  EXPERIMENTO REALIZADO 

Realizou­se  o  experimento  na  bancada  de  testes  fornecida  pela  empresa  Gratt®.  A 
bancada era formada pelo conjunto motobomba MB8, um tanque reservatório, um tanque de 
saturação e o sistema de medição. 

A Figura 18 apresenta as principais características da motobomba MB­8. 

Figura 18 – Principais características da motobomba MB­8 

Fonte: Autor 

O conjunto é composto, primordialmente, por um motor elétrico de 6cv de potência e 
uma bomba MB­8 fabricada pela Gratt®. As informações do motor são apresentadas na Tabela 
3. 
45 
 

Tabela 3 – Dados do motor 

POTÊNCIA  6 CV 

TENSÃO  220/380/440 

ROTAÇÃO  3500 

RENDIMENTO  88,5% 

FATOR DE SERVIÇO  1,25 

FREQUÊNCIA  60Hz 
Fonte: Autor 

A instalação da motobomba na bancada de testes é apresentada nas Figura 19 e 21. Na 
Figura 21 observa­se a instalação da bomba interligada ao tanque de flotação (Retangular) e ao 
tanque de saturação (Cilindrico). 
46 
 

Figura 19 – Instalação da motobomba na bancada de testes 

Fonte: Autor 
Figura 20 – Bancada de testes para motobombas. 

Fonte: Autor e Gratt®. 
47 
 

Os principais dados construtivos são apresentados na Tabela 4. 

Tabela 4 – Dados construtivos 

DIÂMETRO DE SUCÇÃO  Ø2” (60,3MM) 

DIÂMETRO DE RECALQUE  Ø2” (60,3mm) 

DISTÂNCIA  DO  CENTRO  ATÉ  O  70mm 


MANÔMETRO 

DISTÂNCIA  DO  CENTRO  ATÉ  O  425mm 


VACUÔMETRO 
Fonte: Autor 

5.2.  RESULTADOS 

Realizaram­se dois experimentos, o primeiro sem presença de ar, de modo a avaliar as 
curvas  características  da  motobomba  em  regime  monofásico.  Para  o  segundo  experimento, 
saturou­se a linha de água com ar, de modo a avaliar o impacto do ar nas curvas características 
da motobomba. 

Para  controlar  a  curva,  utilizou­se  o  conjunto  de  válvulas,  controlando  a  pressão  no 
recalque. 

5.2.1.  Experimento sem ar 

O primeiro experimento foi realizado variando a pressão de recalque, em uma escala de 
0,25 kgf/cm². Os resultados são apresentados na Tabela 5. 

Tabela 5 – Resultados experimentais sem ar 

VAZÃO  VAZÃO 
P1  P2  CORRENTE  ROTAÇÃO 
TOTAL  % AR  DE AR 
(KGF/CM²)  (MMHG)  (A)  (RPM) 
(M³/H)  (M³/H) 

1 -250 11,2 5,27 3500 0 0


1,25 -240 11,12 5,32 3500 0 0
1,5 -240 11,09 5,35 3500 0 0
1,75 -235 10,99 5,49 3500 0 0
2 -230 10,96 5,72 3500 0 0
2,25 -220 10,89 5,86 3500 0 0
48 
 

2,5 -210 10,84 6 3500 0 0


2,75 -210 10,66 6,02 3500 0 0
3 -200 10,41 5,95 3500 0 0
3,25 -200 9,98 5,87 3500 0 0
3,5 -190 9,52 5,79 3500 0 0
3,75 -175 9,04 5,72 3500 0 0
4 -160 8,36 5,64 3500 0 0
4,25 -100 7,83 5,51 3500 0 0
4,5 -60 7,2 5,41 3500 0 0
4,75 -20 6,3 5,17 3500 0 0
5 0 0 3,5 3500 0 0
Fonte: Autor 

Com  estes  dados,  e  utilizando  o  equacionamento  apresentado  na  seção  anterior, 


calculam­se os valores teóricos, apresentados na Tabela 6. 

Tabela 6 – Resultados teóricos sem ar 
P1(KGF/C ENERGI ENERGIA  ENERGI HR  POTF  WEIXO  RENDIMEN
M²)  A DE  POTÊNCI A  (M)  (W)  (W)  TO (%) 
PRESSÃ AL (M)  CINÉTIC
O (M)  A (M) 
1 13,46 0,355 0,926 14,74 447,81 2670,65 16,77
1,25 15,83 0,355 0,912 17,10 515,85 2695,99 19,13
1,5 18,34 0,355 0,908 19,60 589,86 2711,19 21,76
1,75 20,78 0,355 0,891 22,03 656,89 2782,14 23,61
2 23,23 0,355 0,886 24,47 727,59 2898,70 25,10
2,25 25,60 0,355 0,875 26,83 792,76 2969,64 26,70
2,5 27,97 0,355 0,867 29,20 858,72 3040,59 28,24
2,75 30,49 0,355 0,839 31,68 916,26 3050,73 30,03
3 32,86 0,355 0,800 34,01 960,73 3015,25 31,86
3,25 35,37 0,355 0,735 36,46 987,29 2974,71 33,19
3,5 37,74 0,355 0,669 38,77 1001,40 2934,17 34,13
3,75 40,05 0,355 0,603 41,01 1005,86 2898,70 34,70
4 42,36 0,355 0,516 43,23 980,53 2858,16 34,31
4,25 44,05 0,355 0,452 44,86 952,96 2792,28 34,13
4,5 46,01 0,355 0,383 46,75 913,31 2741,60 33,31
4,75 47,98 0,355 0,293 48,63 831,20 2619,98 31,73
5 50,22 0,355 0,000 50,57 0,00 1773,68 0,00
Fonte: Autor 

Com a correlação entre os dados experimentais e os dados teóricos, apresentam­se as 
curvas  características.  O  Gráfico  apresenta  a  curva  de  altura  manométrica  pela  vazão.  Para 
calcular os parâmetros utilizou­se a Equação I apresentada na seção de fundamentação teórica. 
A curva pode ser relacionada com as curvas  encontradas na literatura, como apresentado no 
Gráfico 2. 
49 
 

Gráfico 2 – Altura manométrica versus vazão (Sem ar) 

Gráfico Hman versus Vazão
Hman (Kgf/cm²) 5,5
5
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Vazão (m³/h)
 
Fonte: Autor 

Observa­se um platô de estabilização da altura manométrica para vazões até 5m³/h. Ao 
passar por este ponto, a bomba consegue entregar mais vazão, chegando ao máximo de 11,2 
m³/h, entretanto perde em energia disponível, chegando à pressão disponível de 1,5 Kgf/cm². O 
Gráfico 3 apresenta o rendimento da bomba. 

Gráfico 3 – Rendimento versus vazão (Sem ar) 

Gráfico Rendimento versus Vazão


0,4
0,35
0,3
Rendimento

0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Vazão (m³/h)
 
Fonte: Autor 

O  formato  da  curva  gerada  se  assemelha  ao  encontrado  na  literatura,  entretanto  os 
valores são abaixo do esperado. Apresentando como ponto de rendimento máximo a vazão de 
9  m³/h  com  rendimento  de  35%.  A  baixa  eficiência  pode  ter  sido  causada  pelas  condições 
50 
 

inapropriadas de ensaio, sendo indicado novas medições para confirmar o rendimento real. O 
Gráfico 4 apresenta a potência consumida. 

Gráfico 4 – Potência versus vazão (Sem ar) 

Gráfico Potência versus Vazão


1,5
Potência (Kw)

0,5

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Vazão (m³/h)
 

Fonte: Autor 

Observa­se que o maior consumo é no ponto de vazão de 9 m³/h, consumindo 1 Kw de 
potência. Este resultado também é compatível com a literatura. 

5.2.2.  Experimento com ar 

O segundo experimento foi realizado variando a pressão de recalque, em uma escala de 
0,25 kgf/cm² com adição de ar à uma vazão de 0,3m³/h, controlado pelos rotâmetros instalados. 
Os resultados são apresentados na Tabela 7. 

Tabela 7 – Resultados experimentais com ar 

VAZÃO 
P2   CORRENTE  ROTAÇÃO   VAZÃO DE  
P1 (KGF/CM²)  TOTAL 
(MMHG)   (A)  (RPM)  AR (M³/H) 
 (M³/H) 

1  ­200  9,93  4,55  3500  0,3 


1,25  ­180  9,91  4,74  3500  0,3 
1,5  ­170  9,85  4,87  3500  0,3 
1,75  ­160  9,8  4,92  3500  0,3 
2  ­150  9,68  5,05  3500  0,3 
2,25  ­130  9,55  5,19  3500  0,3 
2,5  ­110  9,33  5,37  3500  0,3 
2,75  ­90  9,07  5,38  3500  0,3 
51 
 

3  ­80  8,72  5,48  3500  0,3 


3,25  ­70  8,41  5,43  3500  0,3 
3,5  ­60  8,08  5,51  3500  0,3 
3,75  ­60  7,73  5,67  3500  0,3 
4  ­50  7,36  5,39  3500  0,3 
4,25  ­50  6,66  5,3  3500  0,3 
4,5  ­40  6,23  5,14  3500  0,3 
4,75  ­20  5,83  4,98  3500  0,3 
Fonte: Autor 

Com  estes  dados,  e  utilizando  o  equacionamento  apresentado  na  fundamentação, 


calculam­se os valores teóricos, apresentados na Tabela 8. 

Tabela 8 – Resultados teóricos com ar 
P1  ENERG ENERGIA   ENERGI HR  POTF  WEIXO  RENDIMEN
(KGF/CM²)  IA DE   POTÊNCI A   (MCA)  (W)  (W)  TO 
PRESSÃ AL (M)  CINÉTI ( %) 
O (M)  CA (M) 
1  13,175  0,355  0,7276  14,25  372,43  2305,78  16,15 
1,25  15,47  0,355  0,7247  16,55  431,77  2402,07  17,98 
1,5  17,93  0,355  0,7159  19,00  492,38  2467,95  19,95 
1,75  20,38  0,355  0,7087  21,44  552,82  2493,28  22,17 
2  22,84  0,355  0,6914  23,88  607,97  2559,16  23,76 
2,25  25,16  0,355  0,6730  26,18  657,31  2630,11  24,99 
2,5  27,49  0,355  0,6423  28,48  698,05  2721,33  25,65 
2,75  29,83  0,355  0,6070  30,79  732,81  2726,40  26,88 
3  32,33  0,355  0,5611  33,24  759,62  2777,07  27,35 
3,25  34,83  0,355  0,5219  35,71  785,91  2751,73  28,56 
3,5  37,35  0,355  0,4818  38,19  806,25  2792,28  28,87 
3,75  40,03  0,355  0,4409  40,82  823,13  2873,36  28,65 
4  42,58  0,355  0,3997  43,34  830,33  2731,46  30,40 
4,25  45,40  0,355  0,3273  46,09  795,42  2685,86  29,62 
4,5  48,05  0,355  0,2864  48,69  783,50  2604,77  30,08 
4,75  50,57  0,355  0,2508  51,18  768,03  2523,69  30,43 
Fonte: Autor 

Com a correlação entre os dados experimentais e os dados teóricos, apresentam­se as 
curvas características. O Gráfico 5 apresenta a altura manométrica com adição de ar.  
52 
 

Gráfico 5 – Altura manométrica versus vazão (Com ar) 

Gráfico Hman versus Vazão


Hman (Kgf/cm²)
5,5
5
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10
Vazão (m³/h)
 

Fonte: Autor 

Observa­se que, com o ar na linha, a vazão máxima alcançada é de 10m³/h com altura 
manométrica equivalente à pressão de 1,5 Kgf/cm². Também se observa um maior gradiente na 
curva, o que representa uma curva inclinada, porém ainda se assemelhando à curva padrão. O 
Gráfico 6 apresenta o rendimento obtido, atingindo o ponto máximo de 30%. 

Gráfico 6 – Rendimento versus vazão (Com ar) 

Gráfico Rendimento versus Vazão


0,35
0,3
0,25
Rendimento

0,2
0,15
0,1
0,05
0
5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10
Vazão (m³/h)
 

Fonte: Autor 

A curva apresenta mais distorções ao comparar com o mesmo gráfico da linha sem ar. 
Isso pode ser causado pelo aumento de turbulência ao adicionar o ar no fluxo. 
53 
 

Gráfico 7 – Potência versus vazão (Com ar) 

Gráfico Potência versus Vazão


0,9
0,8
0,7
Potência (Kw)

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10
Vazão (m³/h)
 

Fonte: Autor 

Por  fim,  apresenta­se  o  Gráfico  7  da  potência  consumida  pela  bomba,  chegando  ao 
máximo de 0,85 Kw, significativamente menor que o caso anterior. 

5.2.3.  Comparação entre os dois experimentos 

Nesta seção realiza­se a comparação entre os dois conjuntos de curvas. 

Gráfico 8 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de altura manométrica 
versus vazão 

Gráfico Hman versus Vazão


Hman (Kgf/cm²)
5,5
5
4,5
4
3,5
3
2,5 Sem ar
2
1,5 Com ar
1
0,5
0
5 6 7 8 9 10 11 12
Vazão (m³/h)
 

Fonte: Autor 

O  Gráfico  8  apresenta  a  comparação  entre  as  duas  alturas  manométricas.  Observa­se 


uma  maior  inclinação  da  linha  com  ar  dissolvido,  apresentando  uma  vazão  máxima  12,5% 
54 
 

menor  em  relação  à  vazão  máxima  da  linha  sem  ar.  Ou  seja,  sem  ar  dissolvido,  a  bomba 
consegue obter uma vazão de 11,2 m³/h, enquanto que com ar, consegue apenas 9,8 m³/h com 
a mesma energia.  

Gráfico 9 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de rendimento versus 
vazão 

Gráfico Rendimento versus Vazão


0,4
0,35
0,3
Rendimento

0,25
0,2
Sem ar
0,15
0,1 Com ar

0,05
0
5 6 7 8 9 10 11 12
Vazão (m³/h)
 

Fonte: Autor 

No  Gráfico  9  os  resultados  de  rendimento  são  apresentados.  É  possível  observar  o 
impacto que a adição de ar possui no rendimento da bomba, reduzindo o rendimento máximo 
em aproximadamente 14% em relação aos pontos máximos de cada linha. Ao comparar o ponto 
de 9 m³/h (Maior rendimento sem ar), a redução chega a 23%. Entretanto, ressalta­se que as 
condições de ensaio não foram ideais, podendo gerar curvas de rendimento quantitativamente 
não apropriadas. 
55 
 

Gráfico 10 – Comparação entre linha monofásica e bifásica, gráfico de potência versus vazão 

Gráfico Potência versus Vazão


1,1
1
0,9
0,8
Potência (Kw)

0,7
0,6
0,5 Sem ar
0,4
0,3 Com ar
0,2
0,1
0
5 6 7 8 9 10 11 12
Vazão (m³/h)
 

Fonte: Autor 

Ao  avaliar  a  potência  no  Gráfico  10,  observa­se  uma  redução  de  60%  na  potência 
consumida no ponto de vazão de 9,8 m³/h ao adicionar ar na linha. Já comparando os pontos 
máximos, observa­se uma redução de 20% na linha com ar. 

5.2.4.  Curvas NPSHr 

Para calcular o NPSHr utilizou­se a Equação VIII. Os parâmetros utilizados apresentam­
se na Tabela 9. 

Tabela 9 – Parâmetros da motobomba 

DESCRIÇÃO  DADOS 

ROTAÇÃO [RPM]  3500 

COEFICIENTE  DE  REDUÇÃO  DA  0,78 


SEÇÃO DE ENTRADA DO ROTOR 

COEFICIENTE K  2,6 
Fonte: Autor 

E a Tabela 10 apresenta os valores obtidos para o escoamento monofásico. 

 
56 
 

Tabela 10 – Resultados fluxo monofásico 
VAZÃO (M³/H) NPSHR
11,2 1,52
11,12 1,51
11,09 1,51
10,99 1,50
10,96 1,50
10,89 1,49
10,84 1,49
10,66 1,47
10,41 1,45
9,98 1,41
9,52 1,37
9,04 1,32
8,36 1,25
7,83 1,20
7,2 1,13
6,3 1,04
0 0
Fonte: Autor 

Com estes dados, realiza­se o Gráfico 11 do NPSHr para o escoamento monofásico. 

Gráfico 11 – NPSHr versus vazão do escoamento monofásico 

NPSHr versus Vazão


1,6
1,5
1,4
NPSHr (m)

1,3
1,2
1,1
1
0,9
6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10 10,5 11 11,5
Vazão (m³/h)
 

Fonte: Autor 

Na Tabela 11 são apresentados os valores obtidos com a linha bifásica.  

 
57 
 

Tabela 11 – Resultados para o escoamento bifásico. 
VAZÃO (M³/H) NPSHR
9,93 1,40
9,91 1,40
9,85 1,40
9,8 1,39
9,68 1,38
9,55 1,37
9,33 1,35
9,07 1,32
8,72 1,29
8,41 1,26
8,08 1,22
7,73 1,19
7,36 1,15
6,66 1,08
6,23 1,03
5,83 0,98
Fonte: Autor 

E por fim, o Gráfico 12 apresenta a curva característica. 

Gráfico 12 – NPSHr versus vazão do escoamento bifásico 

NPSHr versus Vazão


1,6
1,5
1,4
NPSHr (m)

1,3
1,2
1,1
1
0,9
5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10
Vazão (m³/h)
 

Fonte: Autor 

Observa­se  que  ambos  os  comportamentos  são  semelhantes,  o  que  confirma  a  base 
teórica de que as principais variáveis para o NPSHr são as relações de diâmetro da bomba e a 
rotação da mesma. 

   
58 
 

6.  CONCLUSÃO 

O presente trabalho possuía como objetivo principal o estudo das curvas características 
de  uma  bomba  modelo  MB­8  para  fluxo  bifásico.  Estas  bombas  são  utilizadas  para  o 
escoamento de água saturada com ar em flotadores de ar dissolvido, possibilitando a formação 
de microbolhas e, consequentemente, flotando o lodo. 

O principal objetivo do trabalho era obter as curvas características da motobomba MB8. 
Este objetivo foi alcançado ao realizar o experimento em uma bancada de testes fornecida pela 
empresa  Gratt®.  Em  relação  aos  resultados  todas  as  curvas  apresentam  consonância  com  a 
teoria, entretanto as limitações de testes podem ter contribuído para condições não ideais. 

Dentre  as  limitações  encontradas,  destacam­se:  (i)  a  escassez  de  recursos  para 
repetibilidade dos ensaios; (ii) a falta de adaptabilidade da bancada de testes para ensaios com 
bombas  pequenas;  (iii)  a  falta  de  calibração  e  conferência  dos  instrumentos  de  medição 
eletrônica; (iv) a escassez de instrumentos funcionais como manômetros e vacuômetros para 
testes, entre outros. 

Em relação aos objetivos específicos, o objetivo (a) expor os principais cuidados e boas 
práticas  de  medição,  de  modo  a  evitar  medições  errôneas.  Tal  objetivo  atingiu­se  com  o 
Capítulo  4  ao  descrever  a  metodologia  utilizada  e  os  principais  cuidados  de  medição. 
Entretanto,  percebe­se  a  necessidade  de  realizar  uma  análise  de  erros  de  medição,  com 
ferramentas  estatísticas  de  modo  a  mitigar  o  máximo  de  incertezas  observadas,  inclusive 
realizando repetições do mesmo ensaio, de modo a reduzir a ocorrência de erros de medição. 

O  objetivo  (b)  dedicava­se  ao  ensaio  da  bomba,  o  que  foi  atingido  e  apresentado  na 
seção de Resultados. Já o objetivo (c) consistia em realizar o modelamento matemático para a 
construção das curvas características. O objetivo foi alcançado ao longo de todo trabalho, ao 
definir  o  equacionamento  necessário  para  transformar  os  dados  experimentais  medidos  em 
curvas características. 

Por  fim,  o  objetivo  (d)  buscava  comparar  as  curvas  características  avaliando  duas 
operações  distintas,  em  escoamento  monofásico  e  bifásico.  Este  foi  alcançado  com  a  seção 
comparativa  dos  resultados,  onde  observou­se  uma  redução  relevante  ao  adicionar  ar  no 
escoamento, tanto na vazão como no rendimento da bomba. 
59 
 

Ao enfrentar as limitações de pesquisa é usual pensar em soluções ou, ao menos, ideias 
para os próximos pesquisadores. Com isto em mente, sugerem­se os seguintes trabalhos futuros: 

•  Desenvolver uma bancada de testes para bombas de baixa vazão. 
•  Realizar  um  estudo  de  incerteza  de  medição  para  aumentar  a  confiabilidade  do 
experimento. 
•  Testar novos conjuntos de bombas atuando em paralelo.   
60 
 

Referências 

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CAVITAÇÃO. ABNT. [S.l.]. 1989. 

BARBOSA, J. R. Máquinas de fluxo. [S.l.]: ITA, 2010. 

BRASIL, A. Máquinas de fluxo. Paraná: UFPR, 2006. 

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RICHTER, C. A.; NETTO, J. M. D. A. Tratamento de água: Tecnologia atualizada. 
1ª. ed. [S.l.]: Editora Blucher, 1991. 

RUBIM,  C.  O  Trabalho  Da  Flotação  E  Aeração.  Revista  TAE:  Especializada  em 
Tratamento  de  água  &  efluentes,  2013.  Disponivel  em: 
<https://www.revistatae.com.br/Artigo/352/o­trabalho­da­flotacao­e­aeracao>. Acesso em: 04 
Julho 2021. 

SARMENTO,  E.  V.  LEVANTAMENTO  DAS  CURVAS  CARACTERÍSTICAS  DE 


BOMBAS  CENTRÍFUGAS  DE  MÚLTIPLOS  ESTÁGIOS  OPERANDO  EM 
ESCOAMENTO  BI­  FÁSICO,  Joaçaba,  p.  15,  2014a.  Disponivel  em: 
<http://pergamum.unoesc.edu.br/pergamumweb/vinculos/000007/000007bb.pdf>. Acesso em: 
04 Julho 2021. 

SARMENTO, E. V. LEVANTAMENTO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DE 
BOMBAS  CENTRÍFUGAS  DE  MULTIPLOS  ESTÁGIOS  PARA  GERAÇÃO  DE 
MICRO­BOLHAS,  ATRAVÉS  DE  BANCADA  EXPERIMENTAL.  Universidade  do 
Oeste de Santa Catarina. Joaçaba, p. 60. 2014b. 

SOUZA, W. A. D. Tratamento de água. Natal: CEFET­RN Editora, 2007. 

   
62 
 

ANEXO A – FOLHA DE DADOS MOTOBOMBA MB8 
Figura 21 – Motobomba MB8 

 
Fonte: Adaptado de Gratt®. 
   
63 
 

ANEXO B – FOLHA DE DADOS MEDIDOR DE VAZÃO 

Figura 22 – Medidor de vazão Endress+Hauser® 

Fonte: Adaptado de Endress+Hauser® (2021) 
   
64 
 

ANEXO C – FOLHA DE DADOS ROTÂMETRO 

Figura 23 – Folha de dados do rotâmetro 

Fonte: Adaptado de Omega® (2021) 

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