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Uma Cana de Pesca para o meu avô

O autor é Gao Xingjian nasceu em 1940, na China, cresceu sob domínio do


regime comunista. Entre 1966 e 1976 esteve preso num campo de
reeducação. Abandona a China em 1988 refugiando-se na França lá estuda
língua e literatura francesa e em 2000 ganhou o Prémio Nobel de Literatura.

A obra “Uma Cana de Pesca para o meu avô” é composta por 6 contos: O
Templo; O Acidente; A Cãibra; Num Parque; Uma Cana de Pesca para o meu
avô; Instantâneos. Ao longo desses contos o autor dá-nos a conhecer o
amor, a vida, a morte, a saudade e a indiferença.

O primeiro conto deste livro intitula-se “O Templo” narra um episódio


ocorrido durante a lua-de-mel de um casal, que decide visitar um templo
abandonado. A ação passa-se toda ali, mas o autor consegue criar um
cenário feliz com as belíssimas descrições do lugar e do estado de espírito
do casal.

O segundo conto passa-se num local bastante diferente: numa movimentada


rua onde um homem acabou de ser mortalmente atropelado por um
autocarro. A narrativa foca-se no pensamento das pessoas que param para
observar. Como em qualquer outra parte do mundo, as pessoas sentem-se
curiosas, especulam e rapidamente esquecem…foi apenas um homem que
morreu entre os milhões que vivem na cidade.

É um texto que nos leva a refletir sobre a brevidade da vida, mas sobretudo
na indiferença que as pessoas manifestam umas pelas outras num mundo
cada vez mais agitado. Esta indiferença também é expressa no terceiro
conto A Cãibra em que um homem quase morre afogado, mas ninguém dá
valor a essa experiência.

O sexto conto dá título ao livro e é também o mais extenso. Narra um


homem que decide comprar uma cana de pesca que lhe lembrava o avô e os
tempos felizes da infância. É um texto doloroso, pois esses momentos felizes
no campo com os avós foram substituídos por uma vida “robótica”, com
entretenimentos instantâneos e fúteis. Os cenários de infância foram
destruídos pelo crescimento da cidade e a cana de pesca faz uma relação
com aquele mundo perdido.
A escrita de Gao Xingjian é acessível e bastante lírica, e transmite uma
sensação de nostalgia e convida o leitor a refletir sobre a vida, a memória,
as relações familiares e a busca pela compreensão do mundo.

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