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CEMITÉRIOS
BENS PÚBLICOS MESMO QUE PRIVADOS
Questões jurídicas sobre permissão, concessão e tarifas
Rio de Janeiro
2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
FACULDADE INTEGRADA AVM
CEMITÉRIOS
BENS PÚBLICOS MESMO QUE PRIVADOS
Questões jurídicas sobre permissão, concessão e tarifas
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RESUMO
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METODOLOGIA
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SUMÁRIO
Introdução................................................................................................. 06
Conclusão..................................................................................................39
Referências bibliográficas..........................................................................40
Índice........................................................................................................ 42
Folha de avaliação.....................................................................................43
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INTRODUÇÃO
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CAPÍTULO 1
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http://www.sincep.com.br/?key=aeb3135b436aa55373822c010763dd54
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tarde, e durante esses horários diariamente as igrejas tocavam os sinos com o
dobre continuado e monótono de finados, o que provocava mal estar e reclamação
da população. (...) os mortos eram colocados em catacumbas dentro das igrejas,
as quais na maioria das vezes só era fechada dias depois. Não havia também,
prazo determinado para se ficar com o defunto em casa e assim era comum que os
mortos exalassem muito mau cheiro. Às vezes, os defuntos chegavam a tal estado
de decomposição que dos corpos "dos cadáveres escorriam líquidos corrompidos
que vão caindo por todo o caminho".”
8
(Campo Grande), Santa Cruz (Santa Cruz), Paquetá (Paquetá), Piabas (Recreio),
Guaratiba (Guaratiba), Cemitério dos Ingleses (Gamboa), Cemitério Parque Jardim
da Saudade (Sulacap), Cemitério do Catumbi (Catumbi), Cemitério Tradicional
(Caju), Memorial do Carmo (Caju), Ordem Terceira de São Francisco de Penitência
(Caju) e Cemitério Parque Jardim da Saudade (Paciência).
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exala ao exterior e ao mesmo tempo permite a adequada decomposição dos
corpos, pois faz-se necessário a existência de oxigênio para que os micróbios
aeróbicos se desenvolvam e ajam de forma destruidora na matéria cadavérica.
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http://jus.uol.com.br/revista/texto/9851/a-natureza-juridica-do-uso-de-sepultura
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um serviço público específico. O serviço funerário, por se tratar de interesse local,
é da competência municipal (art. 30 ,I, da CRFB/88)”.
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inerente, por prazo certo ou indeterminado, de acordo
com as cláusulas estabelecidas. Assim sendo, os
cemitérios estão submetidos ao regime jurídico de
direito público, que consagra a faculdade jurídica de
perpetuação da sepultura, não como direito real, mas
como concessão, figura contratual pela qual a
Administração direta ou delegada compromete-se a
manter o jazigo afetado à utilização que lhe é inerente,
resultando daí a impossibilidade de formalização de ato
de alienação de "jus sepulchri" à revelia do Serviço
Funerário, afigurando-se ainda essa espécie de bem
insuscetível de avaliação e inventário. Provimento do
apelo. (Apelação nº 0008091-90.2004.8.19.0210
(2005.001.31568), DES. EDSON VASCONCELOS -
Julgamento: 23/11/2005 - DECIMA SETIMA CAMARA
CIVEL).
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segunda metade do século XIX esses dois conceitos já significavam construções
diferentes.”
Nos cemitérios públicos, esclarece Felipe Ramos Campana, 2007, que “as
sepulturas têm regime jurídico de direito real de uso pelos titulares de direito, já que
a propriedade dos terrenos pertence ao município. Já nos cemitérios particulares, o
regime jurídico é de direito real de propriedade, observando a sua natureza jurídica
de bem extra comercium, ou seja, bem fora do comércio, regulados pela natureza
jurídica dos cemitérios, qual seja, de bem público de uso especial, o que inviabiliza
construções que saiam dos padrões de sepulturas nos terrenos do cemitério.”
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CAPÍTULO 2
³http://www.primeirosetor.com.br/blog/2010/02/nota-de-estudo-direito-administrativo-
bens-publicos/
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as pessoas de modo geral, os classificam de bens de uso comum do povo”, mas à
doutrina dominante não resta dúvidas quanto ao cemitério ser um bem público de
uso especial.
José Cretella Júnior e Maria Sylvia Zanella Di Pietro, apud Rogério José
Pereira Derbly em artigo online4, entendem que o cemitério é um bem público de
uso especial, especial porque não tem em nosso direito pátrio uma quarta espécie
de uso de bens públicos, isto porque, segundo esses doutrinadores ora serão
comuns ao povo - quando estes quiserem visitar seus mortos-; ora dominicais - ou
especial - quando for afetado pelo uso específico de cemitério (...) Já aqueles que
sustentam ser um bem de domínio de uso comum do povo, o fazem com base na
argumentação de que os cemitérios não têm a finalidade de produção de rendas
pára o Município, portanto, não poderia ser ele um bem dominical.”
4
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3
590
5
http://www.primeirosetor.com.br/blog/2010/02/nota-de-estudo-direito-administrativo-bens-
publicos/
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2.2. Transferência de domínio
2.2.1. Concessão
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apresenta como característica comum a existência de prazo certo e determinado, o
que impede seja ele desfeito, a qualquer momento, sem que se possa cogitar do
pagamento de indenização - ex.: concessão para o uso de uma área de um
aeroporto para um restaurante, lojas ou quiosques, para uma lanchonete ou um
quiosque de flores em um cemitério etc.
A jurisprudência esclarece:
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cemitérios públicos de Irajá, Campo Grande e
Guaratiba. No caso, o projeto básico (art. 6º, IX, da Lei
8.666/93) parece imprescindível para a realização do
procedimento licitatório. A atividade a ser desenvolvida
pela concessionária vencedora abrange uma série de
obras e serviços que, embora não se destaquem por
seus aspectos técnicos, geram gastos e investimentos
que precisam ser avaliados pelos interessados, visando,
sobretudo, o caráter competitivo da licitação. Além
disso, o edital da licitação é expresso quanto à
observância das Resoluções do CONAMA pela
concessionária vencedora, o que implica em adaptação
dos antigos cemitérios públicos (seculares, como afirma
a Administração) às novas regras ambientais. Para
tanto, seria necessário um estudo prévio que avaliasse
eventual existência de um passivo ambiental e o seu
custo, o que possibilitaria o real conhecimento do objeto
da licitação, atendendo, assim, aos princípios da
transparência e da isonomia. Provimento do recurso.
(Agravo de Instrumento nº 0006183-07.2008.8.19.0000
(2008.002.16012), DES. SERGIO CAVALIERI FILHO -
Julgamento: 10/09/2008 - DECIMA TERCEIRA
CAMARA CIVEL)
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http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/4093/Comentarios-sobre-cemiterios-publicos-
concessionados
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conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de
quaisquer obras de interesse público, delegada pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de
empresas que demonstre capacidade para a sua
realização, por sua conta e risco, de forma que o
investimento da concessionária seja remunerado e
amortizado mediante a exploração do serviço ou da
obra por prazo determinado;
(...)
Felipe Ramos Campana, 2007, vai mais além quando informa que “nos
cemitérios públicos a administração das necrópoles foi passada por contrato de
concessão de serviços públicos à Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro,
que já carrega a função funerária na cidade do Rio de Janeiro desde a era colonial,
passando pelo Império e se oficializando definitivamente com o advento da
República”.
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o que a fixação deste ficará a critério da pessoa federativa concedente do
serviço.7”
Sobre os tipos de extinção dos contratos, conforme lista o art. 35, incisos, da
Lei 8987/95, esta pode se dar pela forma mais natural, que ocorre quando o prazo
fixado em contrato chega ao seu término; a extinção por anulação é decretada
quando se identifica um vício de legalidade, produzindo efeitos ex tunc; a rescisão
se dá pelo fato do concessionário que argui descumprimento contratual pelo
concedente e sua forma contrária, a caducidade, que se dá quando o
concessionário descumpre o fixado.
A rescisão somente é concretizada por via judicial, pois o Poder Público nunca
reconheceria sua falha caso tivesse que fazê-la o concessionário pela via
administrativa.
O concessionário, segundo expõe José dos Santos Carvalho Filho, “não
pode valer-se da exceptio non adimpleti contractus (exceção do contrato não
cumprido), prevista no art. 476, CC, segundo o qual, nos contratos bilaterais,
nenhum dos pactuantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o
implemento da do outro. Dispõe o art. 39, p.ú., da Lei 8987/95 que os serviços a
cargo do concessionário não poderão ser interrompidos ou paralisados até a
decisão judicial transitada em julgado.”
7
O Estatuto dos Contratos e Licitações (Lei 8.666/93) estabelece um limite de cinco anos para os
contratos administrativos que tenham por objeto a prestação de serviços a serem executados de
forma contínua (art. 57, II). A norma somente se aplica aos contratos de serviços prestados
diretamente à Administração, mas não incide sobre as concessões, em cujo estatuto, dotado de
caráter especial, não há fixação de prazo máximo.
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Quando ocorre qualquer dos tipos de extinção contratual nos contratos de
concessão, os bens do concessionário são transferidos para o patrimônio do
concedente, mas bens, neste caso, dizem respeito a serviços prestados e não a
objetos materiais.
2.2.2. Permissão
De acordo com José dos Santos Carvalho Filho, “podem ser permissionários
ou concessionários entidades religiosas, assistenciais, educacionais ou
filantrópicas, sempre desprovidas de fins lucrativos.”
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DIREITO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
PREQUESTIONAMENTO. ACÓRDÃO DEVIDAMENTE
FUNDAMENTADO. DIREITO FUNERÁRIO. Ação civil
pública posta pelo Ministério Público em face de
associação religiosa e empresa sob o fundamento de
contratação afrontosa à legislação municipal, que não
permite sociedade de caráter econômico na exploração
de cemitério, e malferimento dos direitos dos
consumidores pela péssima prestação dos serviços.
Pedido de declaração de ineficácia do negócio jurídico.
Contratos de doação de terrenos pela empresa à
associação religiosa para a construção de cemitério,
transferindo esta àquela toda a gestão do serviço e os
ganhos auferidos remunerando a associação apenas
com 6% dos ganhos. Burla à lei municipal que exige a
situação legitimante de associação religiosa para a
permissão do serviço público municipal de cemitérios.
Demonstração fática da violação dos direitos dos
consumidores pela má gestão da prestação dos
serviços públicos de cemitério. Os declaratórios não se
prestam para questionamentos, mas para dirimir
omissões, obscuridades ou contradições, tampouco
servem para alterar a decisão, ressalvada a hipótese do
excepcional efeito infringente, que in casu não se
ostenta razoável. Rejeitar os embargos. (Embargos nº
0008235-80.2002.8.19.0001 (2006.001.23424), DES.
NAGIB SLAIBI - Julgamento: 09/07/2008 - SEXTA
CAMARA CIVEL)
8
http://jus.uol.com.br/revista/texto/9851/a-natureza-juridica-do-uso-de-sepultura.
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indigentes, a regulamentação de diversos municípios as obrigam a proceder
gratuitamente, como um ônus administrativo pela sujeição a uma atividade
permitida. Há ainda, as casas de artigos funerários, que estão sujeitas à licença
do poder público”
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princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.
(...)
A permissão pode se dar por prazo determinado, mas nada impede o ente
público de retomar o serviço delegado antes de seu término.
Como bem leciona José dos Santos Carvalho Filho, “estabelecido prazo
para o desempenho da atividade permitida, a permissão extingue-se pleno iure
com o advento do termo final, sem necessidade de qualquer aviso antecedente.”
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III - a concessionária paralisar o serviço ou
concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses
decorrentes de caso fortuito ou força maior;
IV - a concessionária perder as condições
econômicas, técnicas ou operacionais para manter a
adequada prestação do serviço concedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades
impostas por infrações, nos devidos prazos;
VI - a concessionária não atender a intimação do
poder concedente no sentido de regularizar a prestação
do serviço; e
VII - a concessionária for condenada em sentença
transitada em julgado por sonegação de tributos,
inclusive contribuições sociais.
§ 2o A declaração da caducidade da concessão
deverá ser precedida da verificação da inadimplência da
concessionária em processo administrativo, assegurado
o direito de ampla defesa.
§ 3o Não será instaurado processo administrativo
de inadimplência antes de comunicados à
concessionária, detalhadamente, os descumprimentos
contratuais referidos no § 1º deste artigo, dando-lhe um
prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas
e para o enquadramento, nos termos contratuais.
§ 4o Instaurado o processo administrativo e
comprovada a inadimplência, a caducidade será
declarada por decreto do poder concedente,
independentemente de indenização prévia, calculada no
decurso do processo.
§ 5o A indenização de que trata o parágrafo
anterior, será devida na forma do art. 36 desta Lei e do
contrato, descontado o valor das multas contratuais e
dos danos causados pela concessionária.
§ 6o Declarada a caducidade, não resultará para o
poder concedente qualquer espécie de responsabilidade
em relação aos encargos, ônus, obrigações ou
compromissos com terceiros ou com empregados da
concessionária.
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser
rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de
descumprimento das normas contratuais pelo poder
concedente, mediante ação judicial especialmente
intentada para esse fim.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput
deste artigo, os serviços prestados pela concessionária
não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a
decisão judicial transitada em julgado.
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Há, ainda, a rescisão, que é a forma de extinção do contrato por iniciativa do
permissionário quando ocorre descumprimento por parte do Poder Público,
realizada através da via judicial e de forma idêntica como ocorre com a concessão.
Já a caducidade é o oposto da rescisão, naquela o permissionário não cumpre as
normas legais e pertinentes à prestação do serviço.
Por força do artigo 40, p.ú., Lei 8987/95, aplicam-se à permissão as mesmas
regras da concessão.
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CAPÍTULO 3
O regime jurídico de que trata este capítulo é regulado pelo Decreto “E”
3.707/1970. A letra “E” significa que o decreto foi criado durante a existência do
Estado da Guanabara.
Antes de adentrar nas questões jurídicas reservadas para este capítulo, faz-
se necessário estabelecer definições sobre os institutos que serão tratados
adiante.
- Cadáver é a qualidade que o corpo humano adquire após a morte e prevalece
assim até terminada a mineralização do esqueleto, ou seja, até o fim da matéria
orgânica que envolve os ossos.
- Inumação significa o alocamento do cadáver em sepultura pelo prazo de 3 anos
(prazo aproximado para mineralização dos ossos).
- Exumação é a abertura da sepultura para qual finalidade for, como translado,
cremação, perícia, autópsia etc.
- Cremação é o processo que reduz à cinzas o cadáver ou ossada.
- Translado pode ser o transporte de um cadáver inumado ou ossada do local de
origem para outro com a finalidade de inumação, cremação ou alocação em
ossuário.
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Os serviços funerários citados neste capítulo podem ser requeridos tanto em
cemitérios particulares quanto públicos e são positivados pelo Decreto E 3.707/70.
Desta forma é que temos a figura do velório, que nada mais é do que a
espera pelas 24h que antecedem a inumação, que foi definida pelos dogmas
religiosos como a fase de espera pelo “último adeus” proporcionado pelos parentes
mais próximos aos familiares, amigos e correlatos mais distantes, visto que a morte
não tem hora marcada para ocorrer e o aviso do óbito é sempre imprevisível.
As inumações estão figuradas nos artigos 104 a 112 e estes dispõe que
caso não haja manifestação dos familiares em transladar, cremar ou alocar os
ossos em ossuário em até 30 dias após terminado o prazo de 3 anos de
arrendamento (art. 113, II), a administração do cemitério pode disponibilizar aquela
sepultura para outro corpo e, conforme art.125, §2º, incinerar ou doá-los para
instituições e estabelecimentos científicos de ensino ou pesquisa o esqueleto que
ali se encontrava, embora mediante convênios previamente aprovados pela
Diretoria de Controle Funerário da Prefeitura.
Primeiramente, estipula a regra que nenhum cadáver pode ser inumado antes
de decorridas 24h do óbito (art. 108, Decreto 3.707/70), pois, há época, era o prazo
concedido aos familiares para apresentar a certidão de óbito, levando-se em conta
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o trâmite burocrático dos cartórios, já que não é permitido que nenhum corpo seja
inumado sem certidão de óbito (artigo 104).
Tal serviço funerário é regido pela Lei Municipal nº 40/1977 que trata da
instalação dos fornos crematórios e pelo Decreto 24.986/2004 que versa sobre a
cremação em si.
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O art. 6º do Decreto 24.986/04 prevê a cremação para cadáveres que
tiveram morte natural ou violenta (acidente, suicídio ou homicídio).
Para a morte natural é necessária declaração de última vontade deixada
pelo defunto ainda em vida por meio particular (com firma reconhecida em Cartório
de Títulos e Documentos) ou público (através de documento próprio fornecido pela
Santa Casa da Misericórdia), conforme art. 6º, I, a e b.
Para os casos de morte violenta, reza o art. 6º, II, a e b, que para a
cremação ser realizada é necessária autorização judicial, mesmo que o de cujus
tenha manifestado vontade expressa, pois a violência pode ser objeto de ação
penal ou inquérito policial.
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Caso a ossada seja derivada de morte violenta, obedece-se aos dispositivos
do art. 6º, II, a, ou seja, os mesmos da morte violenta de cadáveres.
Como bem expõe Campana, 2007, pelo fato da cremação ser um serviço em
que uma vez prestado não se pode retornar ao status quo, os pedidos de
cremação de cadáveres ou partes anatômicas oriundos de morte violenta sofrem
um controle burocrático maior.
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Quando retirados do nitrogênio, os cadáveres ficariam quebradiços como o
vidro, sendo então facilmente reduzidos a pó.”
Campana lembra que “se é necessário recolher restos mortais para fins de
exame de DNA, não é necessário que se proceda ao translado do corpo para
realizar tal exame, já que uma pequena parte do cadáver já pode indicar com
precisão o resultado do teste. (...) Mas quando se é necessária uma autópsia, ou
se tem dúvida da causa da morte, o corpo cadavérico pode ser removido para local
específico por meio de determinação oriunda de autoridade. (...) Se o cadáver
contiver moléstia grave, as autoridades judiciais, policiais ou administrativas podem
proceder ao translado para cremar ou inumar o corpo em local seguro, evitando
quaisquer danos à população, ou até mesmo não permitir que sejam feitas
exumações de nenhuma natureza (art. 12, Decreto E 3.707/70).”
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CAPÍTULO 4
A tabela deve ser afixada em local visível ao público conter todos os serviços
oferecidos pelo cemitério, como aluguéis de capela, sepultura, ossuário etc,
translado, obras para aprofundamento de sepulturas, floreiras, lápides, cremações,
venda de urnas etc.
Tarifa é preço público pago pelo usuário do serviço cemiterial como contra-
prestação pela execução do serviço e sua fixação é de competência do
concedente.
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Art. 175 - Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
Parágrafo único - A lei disporá sobre:
(...)
III - política tarifária;
(...)
Com relação à base legal sobre política tarifária, a Lei 8.987/95 é responsável por
regular essa matéria propriamente dita, prezando pelo equilíbrio econômico
financeiro através da fixação de tarifas nos serviços cemiteriais e a Lei 9.074/95
reza que a estipulação de tarifas fica condicionada à previsão em lei sobre a
origem dos recursos, inibindo os administradores de praticarem benefício tarifário.
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O preço da tarifa deve abranger os gastos com manutenção e modernização
do serviço pr que não haja discrepância no tipo de serviço prestado e o preço pago
por ele.
Com relação aos serviços não tabelados, explica Campana, 2007, que há
“três serviços muito procurados pela população que não estão disponíveis na
tabela. São eles os serviços de transferência de titularidade de sepulturas, restrição
dos termos do direito de uso e a ampliação generalizada do direito de uso da
sepultura.”
35
Para os casos não tabelados de restrição dos direitos de uso das sepulturas,
que significa que o proprietário pode retirar do rol herdeiro constante da concessão
ou fazê-lo expressamente quando ainda não figurado pelo rol.
36
postulando o ressarcimento das despesas com o
sepultamento e indenização por danos morais. Questão
bem situada dentro do Direito do Consumidor. Constitui
característica das relações consumeristas a boa-fé
objetiva, da qual deriva o dever de informação,
oportunização e redação clara. E' razoavelmente
esperável dos contratos comutativos de efeitos
prolongados que, integralizado o preço, esteja
disponível a contraprestação. Clausulas contratuais que
se limitam a ditar orientações para o sepultamento,
mencionando expressamente todos os pagamentos
futuros a serem feitos pelos cessionários ou sucessores,
não estando neles incluídos a abertura ou fechamento
do jazigo, providência ínsita ao serviço prestado pelo
cemitério. Aplicação do artigo 47 do Código de Defesa
do Consumidor (Lei n. 8.078/90), que dispõe que as
clausulas contratuais serão interpretadas de maneira
mais favorável ao consumidor, bem como do par. 4. do
artigo 54, do mesmo Código, que preceitua que, nos
contratos de Adesão, as clausulas que implicarem
limitação do direito do consumidor deverão ser redigidos
com destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão. Falha no dever objetivo de informação.
Taxa de manutenção ainda não vencida à época do
sepultamento, não podendo assim ser exigido seu
pagamento. Inadimplemento contratual da Cedente
caracterizado, justificando o acolhimento do pedido de
rescisão contratual. Dano moral caracterizado, uma vez
que a atitude da Ré, além de ter frustrado a justa
expectativa da viúva sobre o serviço a que tinha direito,
contrariou a vontade do "de cujus", pela qual a mesma
havia de nutrir os mais dignos sentimentos, terminando
por potencializar seu estado de angustia original
decorrente do falecimento de seu marido. Indenização
por dano moral corretamente arbitrada, no equivalente a
50 (cinquenta) salários mínimos. Conhecimento dos
recursos, dando-se provimento ao do Primeiro Autor e
negando-se provimento aos demais. (Apelação nº
0087914-32.2002.8.19.0001 (2004.001.09556), DES.
MARIO ROBERT MANNHEIMER - Julgamento:
01/03/2005 - DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL)
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competência residual da concessionária (cemitérios públicos) e dos
permissionários (cemitérios particulares) para regularem tarifas que o poder
concedente não regula.”
38
CONCLUSÃO
39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DERBLY, Rogério José Pereira. Natureza jurídica dos cemitérios. In: Âmbito
Jurídico, Rio Grande, 13, 31/05/2003 [Internet].
Disponível em http://www.ambito
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3590.
Acesso em 02/01/2011.
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. 20ª ed. Rio
de Janeiro: Editora Lúmen Iuris, 2008.
http://jus.uol.com.br/revista/texto/9851/a-natureza-juridica-do-uso-de-sepultura,
Almir Morgado
40
http://www.primeirosetor.com.br/blog/2010/02/nota-de-estudo-direito-
administrativo-bens-publicos/
http://www.sincep.com.br/?key=aeb3135b436aa55373822c010763dd54
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ÍNDICE
Folha de rosto......................................................................................02
Resumo................................................................................................03
Metodologia..........................................................................................04
Sumário................................................................................................05
Introdução............................................................................................06
Capítulo 1. Aspectos históricos, as aparições do tema nas constituições e
conceitos pertinentes...........................................................................07
1.1. Desde o sepultamento familiar e individual até a criação dos
cemitérios atuais...............................................................................07
1.2. A abordagem dos cemitérios nas Constituições..............10
1.3. Definição de sepultura, a natureza jurídica desta e de cemitério e o
ius sepuncri......................................................................11
Capítulo 2. Domínio público e sua transferência................................14
2.1. O cemitério quanto a sua classificação no Direito Administrativo e as
divergências doutrinárias acerca do tema..................................14
2.2. Transferência de domínio................................................16
2.2.1. Permissão........................................................................16
2.2.2. Concessão.......................................................................21
Capítulo 3. Transladação, inumação, exumação e cremação: questões
jurídicas..............................................................................................27
Capítulo 4. Administração dos cemitérios, política tarifária e taxas de execução
dos serviços tabelados e não tabelados............................................33
Conclusão..........................................................................................39
Referências bibliográficas..................................................................40
42
FOLHA DE AVALIAÇÃO
43