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Sumário

2 Movimento em 1 dimensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

I Movimento em uma dimensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3


2.1 Descrição do movimento 3
2.1.1 Posição e deslocamento 4
2.1.2 Representação gráfica 4
2.2 Velocidade média e Velocidade escalar média 4
2.3 Posição, deslocamento e velocidade como vetores 7
2.3.1 Representação matemática - função 7
2.3.2 Posição, deslocamento e distância percorrida 8
2.3.3 Velocidade média e velocidade escalar média 8
2.4 Movimento com velocidade constante 9
2.5 Velocidade instantânea 9
2.6 Problema Inverso 10

II Aceleração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.7 Variação de velocidade 13
2.8 Variações na velocidade: aceleração 14
2.8.1 Movimento com aceleração constante 15
2.9 Questões de revisão 18
2.10 Problemas 19

Literature . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

1
2. Movimento em 1 dimensão

O ramo da fı́sica que lida com representações quantitativas do movimento é chamado de ci-
nemática. A cinemática não considera as causas e os efeitos do movimento; seu objetivo é
somente fornecer uma descrição matemática do movimento. Nesta aula, nós seguimos uma
abordagem cinemática; ou seja, nós representamos o movimento em um gráfico e quantifica-
mos o movimento sem nos preocuparmos com suas causas. Em aulas futuras começaremos
a olhar para as causas do movimento, mas por ora somente nos importaremos com o mo-
vimento enquanto ele está acontecendo. Ao descrever o movimento como representado em
um clip de vı́deo, começamos a desenvolver as qualidades mais básicas na fı́sica: construir
representações simplificadas de situações do mundo real. Você aprenderá como usar tabe-
las, gráficos e funções matemáticas para representar dados do movimento. Finalmente, você
aprenderá a fazer a distinção entre posição e deslocamento.

Referências para leitura: Mazur (capı́tulo 2 e 3), Feynman (capı́tulo 8), Nussenzveig (capı́tulo
2), Halliday (capı́tulo 2) e Bauer (capı́tulo 2).

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Parte I

Movimento em uma dimensão

CONCEITOS

2.1 Descrição do movimento

Para analisar o movimento de um objeto, nós temos que medir a posição do objeto em dife-
rentes instantes de tempo. Se a posição do objeto muda conforme o tempo passa, o objeto
está se movendo. Se a posição não está mudando, o objeto está em repouso.
Considere o movimento de uma pessoa
que anda em linha reta (Figura 2.1). Uma
forma de registrar o movimento desta pes-
soa é tirar fotos da posição desta pessoa em
relação a um ponto especı́fico (digamos, por
exemplo, o canto esquerdo da Figura 2.1),
e anotar todos estes dados numa tabela (Fi-
gura 2.2(A)). A mesma informação pode ser
mostrada graficamente, onde a posição em
relação ao canto esquerdo é graficada em Figura 2.1: Representação do movimento de uma
função do número da foto (Figura 2.2(B)). pessoa que caminha em linha reta.

Figura 2.2: (A) Tabela com a posição da pessoa em cada foto tirada. (B) Representação gráfica
dos dados da tabela.

3
4

2.1.1 Posição e deslocamento


O próximo passo é calibrarmos o deslocamento. Para isso, precisamos fazer uma estimativa
da distância e do intervalo entre as imagens. Uma forma de fazer a estimativa é utilizar a
altura da pessoa (no caso, tomemos o valor de 1,8 m). Para o tempo, temos a informação
que as imagens são obtidas em um intervalo de 1/30 s. Na figura estão apresentados apenas
uma imagem a cada 10. O resultado encontra-se na tabela 2.2. O gráfico está apresentado na
figura 2.3, onde chamamos a atenção a arbitrariedade da escolha da posição (e tempo) inicial
(lembre-se, nosso universo euclidiano é invariante por translações no espaço e deslocamento
no tempo!).

Figura 2.3: Posição versus tempo, com os pontos calibrados, em diferentes escolhas de ori-
gem.

2.1.2 Representação gráfica


A Figura 2.2(B) mostra a posição em ape-
nas alguns instantes de tempo. Mas se repe-
tirmos as medidas em intervalos de tempo
cada vez menores, a distância entre os pon-
tos se torna cada vez menor, e eventual-
mente o gráfico vai parecer mais uma curva
contı́nua do que um conjunto discreto de
pontos. Se assumirmos que o movimento
ocorre de forma suave de ponto a ponto no
tempo, podemos obter o mesmo resultado
interpolando os pontos da Figura 2.2. Em
outras palavras, desenhando uma curva su-
ave através dos pontos, como na Figura 2.4. Figura 2.4: Através da interpolação dos pontos
na Figura 2.2, podemos obter uma curva contı́nua
e suave que representa o movimento.
2.2 Velocidade média e Veloci-
dade escalar média
Obs.: em inglês essa distinção se faz com
duas palavras diferentes: average velocity e average speed.
A figura 2.5 exemplifica o que queremos dizer. A velocidade média refere-se a distância
percorrida no intervalo todo, ou seja a diferença entre a posição final e a inicial: : d =
2.2. VELOCIDADE MÉDIA E VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA 5

(4, 8m − 1, 0m) + (3, 4m − 4, 8m) = 2, 4m no intervalo de tempo t = 6s. Logo temos uma ve-
locidade média de vmedia = 4, 8m/6, 0s = 0, 40m/s. A velocidade escalar média refere-se a
distância total percorrida, isto é, d = (4, 8m − 1, 0m) + (4, 8m − 3, 4m) = 5, 2m. Temos então a
escalar
velocidade escalar média de vmedia = 5, 2m/6, 0s = 0, 87m/s.

Figura 2.5
6

Figura 2.6: Velocidade versus tempo para o movimento representado na figura 2.5.
2.3. POSIÇÃO, DESLOCAMENTO E VELOCIDADE COMO VETORES 7

FERRAMENTAS QUANTITATIVAS

2.3 Posição, deslocamento e velocidade como vetores


Algumas grandezas fı́sicas são totalmente especificadas por um número, que pode ser po-
sitivo ou negativo, e uma unidade de medida. Estas grandezas são chamadas de grandezas
escalares, e obedecem às regras da aritmética e da álgebra elementar. Exemplos de grande-
zas fı́sicas escalares são a temperatura e o tempo.
Outras grandezas, como a posição, o deslocamento e a velocidade, não são totalmente
descritas por um único valor numérico e unidade. Para especifica-las totalmente, é ne-
cessário também dar direção e o sentido destas grandezas (por exemplo, 5 m, direção vertical,
sentido para cima, ou 3 m/s, direção horizontal e sentido para a direita). Grandezas que são
especificadas por um número, uma direção, um sentido e a unidade são grandezas vetoriais,
e obedecem às regras da álgebra vetorial.
Vamos discutir melhor as regras da álgebra vetorial ao longo do curso, quando anali-
sarmos movimentos em mais de uma dimensão. Até lá, vamos analisar movimentos que
acontecem em uma única dimensão (não necessariamente na horizontal ou na vertical, mas
sempre para frente ou para trás ao longo de uma linha reta). Neste momento, a diferença en-
tre escalares e vetores não é um problema muito grande porque em uma dimensão o sentido
de qualquer vetor pode ser totalmente especificada por um sinal algébrico.
Tipicamente, distinguimos a representação de uma variável vetorial e escalar da forma

~
a vetor
(2.1)
b escalar
Para indicar vetores unitários referentes às coordenadas do espaço euclidiano podemos
utilizar a representação î, j, ˆ k̂ referente aos eixos x,y,z respectivamente ou ainda a representação
equivalente êx , êy , êz . Nesses casos, temos,

|î| ≡ 1
(2.2)
etc...
Muitas vezes utiliza-se a seguinte notação para distinguirmos os valores das componentes
ao longo de cada direção:

~b = bx î + by jˆ (2.3)
Em uma dimensão,

b ≡ |~b| = |bx î| = |bx ||î| = |bx | (2.4)

2.3.1 Representação matemática - função


A curva da Figura 2.4 é chamada de uma curva x(t) porque ela pode ser representada por
uma função matemática x(t). A curva e a função especificam onde o objeto está num dado
instante. Note que x(t) é um único sı́mbolo que significa “posição x no instante t”; não é o
produto de x por t, e também não deve ser confundido com a unidade em gráficos, x(m), que
significa “posição x em unidades de metros”.
8

Assim, para encontrar a posição de um objeto num instante de tempo especı́fico, pode-
mos ler a posição diretamente do gráfico ou substituir o instante de tempo numa função. Por
exemplo, x(t = 0, 2s) dá a posição do objeto em t = 0, 2s.

2.3.2 Posição, deslocamento e distância percorrida


A posição x de uma partı́cula em um eixo x mostra a que distância a partı́cula se encontra
de um determinado ponto (que denominamos a origem, ou ponto zero) do eixo. Matemati-
camente, a posição pode ser positiva ou negativa, dependendo do lado em que se encontra a
partı́cula em relação à origem. O sentido positivo de um eixo é o sentido em que os números
que indicam a posição da partı́cula aumentam de valor; o sentido oposto é o sentido negativo.
Quando uma partı́cula se move ao longo
de um eixo, partindo de uma posição inicial
xi até uma posição final xf (Figura 2.7), o
deslocamento ∆x da partı́cula é dado por:

∆x = xf − xi .

A distância percorrida é a distância


acumulada por um objeto ao longo da tra-
jetória de movimento, independente do sen-
tido. Matematicamente, a distância percor-
rida d entre dois pontos x1 e x2 é dada por:
Figura 2.7: Representação do meu movimento, de
d = |x1 − x2 |.
um ponto inicial a um ponto final.
Rearranjando os termos da equação 2.3.2,

xf = xi + ∆x (2.5)
Em notação vetorial, escrevemos, para o movimento em uma dimensão,

~r ≡ xî (2.6)
e

∆~r = ~rf − ~ri (2.7)


e

~rf = ~ri + ∆~r (2.8)

2.3.3 Velocidade média e velocidade escalar média


Quando uma partı́cula se desloca de uma posição x1 para uma posição x2 durante um inter-
valo de tempo ∆t, a velocidade média da partı́cula durante esse intervalo é dada por:

∆x xf − xi
vmed ≡ =
∆t tf − ti
Na representação gráfica, a velocidade média em um intervalo de tempo ∆t é igual à inclinação
da curva que representa as duas extremidades do intervalo (Figura 2.8).
2.4. MOVIMENTO COM VELOCIDADE CONSTANTE 9

Figura 2.8: Representação gráfica do movimento em duas velocidades diferentes. Caminhar com
metade da velocidade leva o dobro do tempo para se deslocar na mesma distância.

A velocidade média não depende da distância que uma partı́cula percorre, mas apenas
escalar
das posições inicial e final. A velocidade escalar média vmed de uma partı́cula durante um
intervalo de tempo ∆t depende da distância total percorrida pela partı́cula nesse intervalo:

escalar d
vmed ≡
∆t

Em notação vetorial,

∆~r
v~med ≡= vx,med î =
∆t

2.4 Movimento com velocidade constante


Para um objeto que se move com velocidade constante, se tomarmos qualquer intervalo de
tempo ∆t a velocidade média será sempre a mesma. Logo, a velocidade em qualquer instante
de tempo t deste objeto será sempre igual à velocidade média, de forma que:

∆x xf − xi
vmed = v = = −→ xf = xi + v∆t
∆t ∆t

2.5 Velocidade instantânea


Frequentemente precisamos saber a velocidade de uma partı́cula num instante especı́fico no
tempo t, em vez da velocidade média por um intervalo de tempo finito ∆t. Podemos fazer isso
calculando a velocidade média em intervalos de tempo ∆t cada vez mais curtos (Figura 2.9).
Quando tomamos um intervalo de tempo ∆t muito curto, muito próximo de zero, estamos
calculando a velocidade média num intervalo tão pequeno que podemos aproxima-lo para a
velocidade no instante t, ao redor de ∆t.
Matematicamente, a velocidade instantânea, geralmente referida simplesmente como
velocidade, no tempo t é:
∆x dx
v ≡ lim = ,
∆t→0 ∆t dt
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d
onde a notação dt representa a derivada de uma função em relação ao tempo. Na representação
gráfica, a velocidade instantânea num tempo t é equivalente à curva tangente no ponto t.
Em forma vetorial
∆~r d~r
v~ ≡ lim = ,
∆t→0 ∆t dt

Figura 2.9: Velocidade instantânea como limite da razão entre deslocamento e intervalo de
tempo: (a) velocidade média sobre um intervalo de tempo longo; (b) velocidade média sobre
um intervalo de tempo mais curto; (c) velocidade instantânea em um tempo especı́fico, t3 .

Figura 2.10: Um pouco mais sobre a derivada (extraı́do do Nussenzveig).

2.6 Problema Inverso


Para encontramos a distância percorrida, uma vez conhecendo a velocidade em todos os
instantes, temos um problema inverso. No caso de uma velocidade constante, a solução é
fácil (ver figura 2.11, onde exemplificamos também o caso em que o movimento é em sentido
oposto):
x2 − x1 = v(t2 − t1 )
Para o caso de uma velocidade variável, podemos resolver o problema numericamente,
dividindo o movimento em pequenos intervalos para os quais podemos calcular aproxima-
2.6. PROBLEMA INVERSO 11

Figura 2.11: Espaço percorrido como área (extraı́do do Nussenzveig).

damente a área de forma simples (ver figure 2.12 (a)):


n
X
xf − xi = vi ∆ti
i=1

Nós podemos melhorar o cálculo, numericamente, diminuindo o intervalo de tempo que


estamos considerando para calcular a área efetiva. Eventualmente, podemos diminuir gra-
dativamente o intervalo (por simplicidade, consideramos um intervalo constante) e observar
a (possı́vel) convergência numérica do cálculo (fácil em um computador). Ou, em outras
palavras, fazendo o limite ∆t → 0 para o intervalo:

xf = xi + lim v(ti )∆ti


∆ti

Esse procedimento nada mais é do que a integração da função v(t) em t no intervalo [ti , tf ]
(ver figure 2.12 (b)):
Z tf
xf = xi + lim v(ti )∆ti = xi + v(t 0 )dt 0
∆ti ti

Questão 2.1 Exemplo: calcular aproximando a área por um trapézio no lugar de


retângulos. v(t) = 2at + b
12

Figura 2.12: (a) Cálculo da área dividindo a mesma em vários segmentos. (b) Área total.
Parte II

Aceleração

CONCEITOS

2.7 Variação de velocidade

Na parte anterior consideramos o movimento de objetos que se movem com velocidade cons-
tante, onde não há mudança nem do valor da velocidade nem da direção de movimento do
objeto. Introduzimos também, sem especificar, casos onde a velocidade varia. De fato, a
maioria dos movimentos acontecem mudando aumentando ou diminuindo o valor da velo-
cidade ou a direção e o sentido do movimento. Se a velocidade de um objeto está mudando,
o objeto está acelerando.

Como a velocidade é um vetor a aceleração também é. Considerando um movimento em


uma única direção, estamos restringindo a uma componente apenas do espaço euclidiano
(por exemplo, x). De forma similar a velocidade temos uma aceleração média: a compo-
nente x da aceleração média de um objeto é a variação da componente x da velocidade
dividida pelo intervalo de tempo no qual essa variação ocorreu.

Sendo um vetor, a aceleração (linear) pode ser positiva ou negativa: Sempre que os ve-
tores de velocidade e aceleração de um objeto apontam para o mesmo sentido, o objeto
aumenta sua velocidade. No caso de estarem em sentidos opostos, ele reduz sua velo-
cidade. Observe que em ambos os casos há uma aceleração. Deixaremos o caso em que as
direções não são co-lineares para mais tarde.

Questão 2.2 Analise a figura 2.13 para movimentos ao longo do sentido positivo de x
e discuta a natureza da aceleração em cada caso.

13
14

Figura 2.13: Gráficos de posição versus tempo para objetos acelerando ao longo do eixo
positivo x.

FERRAMENTAS QUANTITATIVAS

2.8 Variações na velocidade: aceleração


De forma similar ao que fizemos com a velocidade, definimos a aceleração média de uma
partı́cula durante um intervalo de tempo ∆t como a variação na velocidade, ∆v, durante este
intervalo:
∆v vf − vi
amed ≡ = .
∆t ∆t
Essa expressão é válida para o movimento em uma dimensão ou para uma única compo-
nente (x por exemplo) do movimento. Vetorialmente, temos,

v v~f − v~i
∆~
~
amed ≡ =
∆t ∆t
Também de forma similar, para determinar a aceleração de um objeto num dado instante
de tempo t, calculamos a aceleração média num intervalo de tempo ∆t muito curto, próximo
de zero. Desta forma, a aceleração instantânea (ou simplesmente aceleração) no tempo t é:
∆v dv
a ≡ lim =
∆t→0 ∆t dt
2.8. VARIAÇÕES NA VELOCIDADE: ACELERAÇÃO 15

Aqui é importante lembrarmos (ou introduzirmos, de forma não rigorosa) o conceito de


operador derivada. O limite que calculamos até agora permitiu introduzir um diferencial
(número tão pequeno quanto necessário): lim∆t→0 ∆x → dx e o que chamamos de derivada
é o limite dos dois diferenciais. Essa operação é equivalente a realizarmos a operação de
derivada cujo operador é d/dt aplicado à função x(t):

∆x dx d
lim = ≡ x(t)
∆t→0 ∆t dt dt
Voltemos ao caso da aceleração. Nesse caso, temos:
∆x
∆v ∆( ∆t )
a = lim = lim
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t

Utilizando o operador de derivada, escrevemos

d d d d2 d 2x
a= v(t) = x(t) = 2 x(t) = 2
dt dt dt dt dt
onde a expressão à direita representa a segunda derivada (a derivada da derivada) da
posição x em relação ao tempo t.
Vetorialmente, escrevemos

d d d d2 d 2~r
a=
~ v~(t) = ~r(t) = 2 ~r(t) = 2
dt dt dt dt dt

2.8.1 Movimento com aceleração constante


Se um objeto se move com aceleração constante (isto é, a velocidade sempre varia a mesma
quantidade num intervalo de tempo ∆t), então em qualquer instante a = amed , de forma que:

∆v
amed = a = −→ vf = vi + a∆t.
∆t
A equação acima nos permite calcular a aceleração de um objeto a partir de sua posição.
No entanto, muitas vezes estamos interessados no procedimento inverso: qual é o deslo-
camento do objeto durante o intervalo de tempo entre ti e tf , quando a aceleração muda
conforme a Figura 2.14? Podemos responder a esta pergunta considerando intervalos de
tempo pequenos o suficiente para assumir que a aceleração é constante neste intervalo.
Começamos dividindo o intervalo de tempo entre ti e tf em intervalos de tempo menores
δt e aproximando a aceleração como constante em cada um destes intervalos δt, conforme
mostra a Figura 2.14(a). Em cada intervalo δt podemos escrever que:

(∆v)n = a(tn )δt,

onde n = 1, 2, ..., 7 e a(tn ) é a aceleração no instante tn . Conforme pode ser visto na Figura
2.14(b), o produto a(tn )δt é a área do retângulo escuro. Assim, a variação da velocidade
durante todo o intervalo entre ti e tf é aproximadamente igual à soma de (∆v)n para todos
os intervalos δt entre ti e tf :
X X
∆v ≈ (∆v)n = a(tn )δt,
n n
16

Figura 2.14: Determinação da variaçõa da velocidade para um objeto acelerado.


2.8. VARIAÇÕES NA VELOCIDADE: ACELERAÇÃO 17

P
onde n a(tn )δt representa a soma de todas as áreas dos retângulos entre ti e tf (toda a área
sombreada na Figura 2.14(b)).
O resultado exato é obtido fazendo δt ser um intervalo muito próximo de zero (de forma
que o número de intervalos tenda a infinito):
X
∆v = lim a(tn )δt,
δt→0
n

que é precisamente a definição da integral da aceleração em relação ao tempo, de ti até tf :


Z tf
∆v = a(t)dt.
ti

Graficamente, a integral representa a área sob a curva a(t) entre ti e tf na Figura 2.14(c).
Uma vez que temos a velocidade, podemos fazer a mesma abordagem para obter o des-
locamento a partir da velocidade. Matematicamente,
Z tf
∆x = v(t)dt.
ti

Geometricamente, o deslocamento do objeto no intervalo compreendido entre ti e tf é dado


pela área sob a curva v(t) entre ti e tf .

Questão 2.3 Resolver para o caso de aceleração constante. Encontrar x(t) e, partindo
de x(t), encontrar v(t).
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2.9 Questões de revisão

Questão 2.4 Descreva o movimento representado por cada um dos gráficos da figura
abaixo:

Questão 2.5 Suponha que você caminhe numa linha reta do ponto P ao ponto Q, a 2 m
de P, e depois retorne ao ponto P pela mesma trajetória. (a) Qual é a componente x do
seu deslocamento durante toda a caminhada? (b) Qual foi a distância percorrida du-
rante toda a caminhada? (c) A distância percorrida é a mesma coisa que a componente
x do deslocamento?

Questão 2.6 (a) Qual das linhas 1-8 nos gráficos da figura da questão 2.4 representa
a maior velocidade escalar média? (b) E para qual das linhas a velocidade média é
negativa?

Questão 2.7 Cada uma das fotografias estroboscópicas (a), (b) e (c) na figura abaixo
foi tirada de um disco único movimentando-se para a direita, que consideramos como
o sentido positivo. Para cada fotografia, o intervalo de tempo entre imagens é cons-
tante. (a) Qual fotografia mostra movimento com aceleração zero? (b) Qual fotografia
mostra movimento com aceleração positiva? (c) Qual fotografia mostra movimento
com aceleração negativa?
2.10. PROBLEMAS 19

2.10 Problemas

Worked Problem 2.1 Duas corredoras em uma corrida de 100 m partem do mesmo
lugar. A corredora A começa assim que a arma de partida é disparada e corre a uma
velocidade constante de 8, 00 m/s. A corredora B começa 2, 00 s depois e corre a uma
velocidade constante de 9, 30 m/s. (a) Quem ganha a corrida? (b) No instante em que
ela cruza a linha de chegada, quão longe a vencedora está à frente da outra corredora?
(Nos seus cálculos, tome o comprimento da corrida, 100 m, como um valor exato.)

A corredora A começa a correr antes, mas a corredora B tem velocidade maior. Como
ambas têm velocidade constante, suas curvas são linhas retas começando em xi = 0.
Note que, em determinado instante, as duas retas se cruzam, ou seja, as duas corredoras
estão na mesma posição naquele instante. Contudo, não sabemos se isso ocorre antes ou
depois de cruzarem a linha de chegada.
Vamos calcular o tempo que cada corredora leva para percorrer os 100 m:

∆S ∆S 100m
A: v= → ∆t = = = 12, 5s
∆t v 8, 30m/s

∆S 100m
B : ∆t = = = 10, 8s + 2, 00s = 12, 8s
v 9, 30m/s |{z}
até começar a correr

A corredora A leva menos tempo para cruzar a linha de chegada, portanto ela vence a
corrida.
Para saber quão longe a vencedora está a frente da outra corredora, precisamos saber sua
posição no instante (t = 12, 5 s) que a vencedora cruza a linha de chegada (x = 100 m)

∆S
v= → ∆S = v∆t = (9, 30m/s).(12, 5s) = 97, 6m
∆t
A distância entre as corredoras é então d = 100m − 97, 6m = 2, 40m

Atividade 2.1 Um ou mais dos gráficos da figura abaixo representam movimentos


impossı́veis. Identifique quais, e explique porque o movimento é impossı́vel.

Atividade 2.2 A velocidade de um impulso nervoso no corpo humano é de aproxi-


madamente 100 m/s. Se você está no escuro e por acidente bate seu dedão, calcule o
tempo que leva para o impulso nervoso chegar ao seu cérebro.
20

Atividade 2.3 Uma partı́cula se move ao longo do eixo x de acordo com o gráfico
abaixo. (a) Encontre a velocidade média no intervalo de tempo t = 1, 50 s a t = 4, 00 s.
(b) Determine a velocidade instantânea em t = 2, 00 s. (c) Em qual valor de t a partı́cula
para?

Atividade 2.4 As placas da crosta terrestre da América do Norte e da Europa estão


se afastando com velocidade relativa de aproximadamente 25 mm/ano. Considere a
velocidade como constante e descubra quando a fenda entre elas começou a se abrir
até chegar à largura atual de 2, 9 × 103 milhas.

Atividade 2.5 A figura abaixo mostra uma sequência de fotos (visto de cima) de um
objeto se movendo da esquerda para a direita ao longo de uma trilha. Os interva-
los de tempo entre as fotos são todos iguais. Durante que instantes do movimento o
objeto está (a) acelerando (aumentando o módulo de sua velocidade) e (b) freando (di-
minuindo o módulo de sua velocidade)? Explique como você chegou a esta conclusão.
(c) Como suas respostas mudariam se o objeto estivesse se movendo da direita para a
esquerda?

Exercı́cio 2.1 A posição de uma partı́cula se movendo pelo eixo x varia com o tempo
segundo a expressão x = 4t 2 , onde x está em metros, e t está em segundos. Avalie a
posição da partı́cula
(a) em t = 2,00 s
(b) em 2,00 s + ∆t
(c) Avalie o limite de ∆x/∆t conforme ∆t se aproxima de zero, para encontrar a veloci-
dade em t = 2, 00 s.

Exercı́cio 2.2 Você tem que viajar de Campinas a Bauru, que fica a 300 km de
distância. Você precisa chegar em Bauru às 11:15. Você planeja dirigir a 100 km/h
e parte às 8:00 para ter algum tempo de sobra. Você dirige à velocidade planejada du-
rante os primeiros 100 km, mas, em seguida, um trecho em obras o obriga a reduzir a
velocidade para 40 km/h por 40 km. Qual é a menor velocidade que você deve manter
no resto da viagem para chegar a tempo?
2.10. PROBLEMAS 21

Exercı́cio 2.3 Você está dirigindo numa rua de Campinas a 60 km/h quando avista um
semáforo que acabou de ficar amarelo. A maior desaceleração que seu carro é capaz
é 5,18 m/s2 , e seu tempo de reação para começar a frear é de 750 ms. Para evitar
que a frente do carro invada o cruzamento depois que o sinal mudar para vermelho,
sua estratégia deve ser frear até parar ou prosseguir a 60 km/h se a distância até o
cruzamento e a duração da luz amarela forem, respectivamente, 40 m e 2,8 s? As
respostas podem ser frear, prosseguir, tanto faz (se as duas estratégias funcionarem),
ou não há jeito (se nenhuma das estratégias funcionar).

Exercı́cio 2.4 Uma motocicleta parte do repouso e acelera conforme mostra a figura.
Determine (a) a velocidade escalar da motocicleta em t = 4, 0 s e em t = 14, 0 s, e (b) a
distância percorrida nos primeiros 14,0 s.

Exercı́cio 2.5 A figura mostra a posição medida em metros em função do tempo, me-
dido em segundos, para um objeto movendo-se em uma dimensão. Para o movimento
entre t = 0 s e t = 2 s, (a) descreva o movimento do objeto. (b) Qual é a distância que o
objeto percorreu? (c) Qual o deslocamento do objeto?
22

Figura 2.15: Caption

Exercı́cio 2.6 Um helicóptero controlado remotamente está subindo verticalmente


quando procura-se fazê-lo pousar. Sua altura é representada por y(t) = p + qt − rt 2 ,
onde p = 20, 0 m, q = 5, 0 m/s, e r = 5, 0 m2 /s. (a) Faça um gráfico do movimento entre
t = 0 s e t = 2 s. (b) Qual a posição inicial do helicóptero? (c) Qual a altura máxima que
ele atinge antes de começar a descer? (d) Quanto (tempo) o helicóptero desce?

Exercı́cio 2.7 Uma bola é jogada para cima, próxima da superfı́cie da Terra. (a) É
possı́vel que a bola tenha velocidade zero mas com aceleração diferente de zero? (b)
É possı́vel a velocidade vetorial da bola ser a mesma em dois pontos quaisquer, onde
um é durante a trajetória para cima e o outro durante a trajetória para baixo? (c)
É possı́vel a velocidade escalar ser a mesma em dois pontos quaisquer, onde um é
durante a trajetória para cima e o outro durante a trajetória para baixo?

Problema 2.1 A posição de uma partı́cula como função do tempo é dada por

1
x(t) = x0 e3αt ,
4
onde α é uma constante positiva.
(a) Em que tempo a partı́cula está em 2x0 ?
(b) Qual é a velocidade escalar da partı́cula como função do tempo?
(c) Qual é a aceleração da partı́cula como função do tempo?
(d) Quais são as unidades do SI para α?

Problema 2.2 A prefeitura de São Paulo implementou em 2015 uma diminuição da


velocidade máxima em vias muito movimentadas como medida para melhorar o fluxo
de veı́culos. Analise quantitativamente esta ideia, a partir do seguinte roteiro:
2.10. PROBLEMAS 23

- Considere que a distância mı́nima que um veı́culo deve manter do veı́culo à frente é
a distância necessária para parar completamente o carro no caso de uma interrupção
instantânea do fluxo de veı́culos;
- que a desaceleração máxima de um veı́culo é de 3 m/s2 ;
- que o tempo de reação média de um condutor é de 0, 5 s;
- que o tamanho médio de um veı́culo é de 3 m;
Calcule a velocidade que maximiza o fluxo de veı́culos em uma via.
(dica: para encontrar o máximo de uma curva, utilize alguma ferramenta gráfica en-
contrável na internet, por exemplo, https://tinyurl.com/y3e7j9fm )

Problema 2.3 Seu irmão e você partem de uma casa no mesmo instante, dirigindo
carros separados ao longo de uma estrada reta, em direção a um lago próximo. Depois
de 10 minutos, vocês dois estão 3, 0 km distântes da casa. Você está agora dirigindo
a 100 km/h, e continua a essa velocidade constante. Seu irmão está dirigindo mais
rápido. Após mais 20 minutos, seu irmão chega ao lago, mas você ainda está 5, 0 km/h
distante do lago. (a) Qual é a distância da casa até o lago? (b) Qual é a velocidade
média da viagem do seu irmão? 9c) Seu irmão chegou ao lago com qual antecedência
(tempo) em relação a você?

Problema 2.4 Zeno (de Elea, nasceu c. 495 aEC e morreu c. 430 AEC), um filósofo e
matemático grego, era famoso pelos seus paradoxos, dos quais um podia se expressar
na forma: Um corredor tem que percorrer uma distância d. Após um intervalo inicial
de tempo de ∆t, ele percorreu a distância d/2 até a linha de chegada. Após um intervalo
de tempo adicional de ∆t/2 (tempo total ∆t + 21 ∆t) ele percorreu a distância de 34 d. Ele
está então a uma distância de d/4 da linha de chegada. Após ter se passado um tempo
de ∆t + 21 ∆t + 14 ∆t ele encontra-se a uma distância de d/8 da linha de chegada, e assim
por diante. A descrição do movimento é uma série infinita de deslocamentos cada vez
menores. O paradoxo é que essa análise sugere que o corredor nunca chegará na linha
de chegada. No entanto, sabemos que ele chega. (a) Qual é a velocidade do corredor?
(b) Qual o intervalo de tempo necessário para o percurso total? (c) Descreva a solução
desse paradoxo aparente.

Problema 2.5 Dois carros estão movendo-se a 97 km/h, um atrás do outro, em uma
estrada rural. Um cavalo pula na frente do carro da frente, e seu motorista pisa no
freio e para. Qual a distância inicial mı́nima entre a parte traseira do carro da frente
e a parte frontal do carro de trás para que o segundo carro pare antes de colidir com
o carro da frente? Assuma que a aceleração é a mesma para ambos os carros e que o
motorista do segundo carro começa a frear 0, 50 s depois que o primeiro carro começou
a frear.

Problema 2.6 Um balão de ar quente sobe do solo viajando verticalmente com uma
aceleração constante para cima de valor g = 4. Após um intervalo de tempo t, um
dos membros da equipe solta bolsas de areia que estão amarradas na cesta do balão.
Quantos segundos leva para uma bolsa de areia alcançar o solo?
24

Problema 2.7 Uma bola é lançada verticalmente para cima a partir de uma posição
inicial de 5, 0 m acima do solo (ver figura). No mesmo instante, um cubo é solto a partir
do repouso em um plano inclinado coberto de gelo, de uma altura não necessariamente
igual a 5, 0 m. Os dois objetos chegam ao solo no mesmo instante, e ambos têm a mesma
velocidade final de 15 m/s. Qual é o ângulo do plano inclinado?

Problema 2.8 Em uma demonstração em sala de aula uma pequena bola de aço quica
em uma placa de aço. A cada colisão a velocidade para baixo da bola é reduzida por
um fator e no repique, i.e., vup = evdown . Se a bola foi largada inicialmente de uma
altura de 50 cm acima da placa no tempo t = 0 s, e se passaram 30 segundos até que o
som em um microfone indique que o pique da bola terminou, qual é o valor de e?

Lista de problemas escolhidos para aula exploratória:

Atividade 2.3, Exercı́cio 2.1, Exercı́cio 2.2, Exercı́cio 2.3, Exercı́cio 2.4 e Problema 2.1
2.10. PROBLEMAS 25

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